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Dados recentes do Monitor do Fogo do MapBiomas mostram que as áreas queimadas no Brasil cresceram quase 80% em 2024, superando os 30 milhões de hectares, um território maior do que o da Itália. Esse recorde coloca o país em uma situação ainda mais crítica em relação à destruição ambiental. Mas o que está por trás desse aumento expressivo? Quais são as principais consequências para o meio ambiente, economia e a vida das pessoas? E o que pode ser feito para combater esse problema? Luiz Fara Monteiro e a repórter Marília Argollo conversam com a diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar.
No 'TV Elas Por Elas Formação' desta segunda-feira (18/11), acompanhe a apresentação da aula “Movimento Negro em defesa do Brasil”, ministrada pela Dulce Maria Pereira, coordenadora do Laboratório de Educação e Pesquisa Ambiental da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), ativista do Movimento Negro Unificado do Brasil, professora visitante e pesquisadora do Instituto Humanidades para a África na Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, e primeira autoridade a emitir títulos de posse aos quilombos quando presidenta da Fundação Cultural Palmares. O programa 'TV Elas Por Elas' aborda os desafios enfrentados pelas mulheres no mundo contemporâneo, focando na preparação e formação das mulheres para a disputa política.
No primeiro ano em que o planeta ficou 1,5 °C mais quente do que na média pré-industrial, de 1850 a 1900 – um recorde de temperatura já registrado –, o presidente que tirou os Estados Unidos do Acordo de Paris foi eleito novamente. No acordo assinado em 2015, 195 países se comprometeram com esforços coletivos para reduzir o ritmo do aquecimento global. Não foi o suficiente. Agora, que os EUA devem novamente se retirar, a meta fica ainda mais distante. A vitória do republicano coloca mais dúvidas para a pauta ambiental global, tema central da COP-29, que se inicia nesta segunda-feira (11) no Azerbaijão – evento já esvaziado pela ausência dos líderes americano, chinês, brasileiro e da União Europeia. Para analisar o impacto da eleição de Trump na agenda climática, Natuza Nery entrevista André Guimarães, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e membro da Coalização Brasil Clima, Florestas e Agricultura. E para alertar sobre os riscos que o afrouxamento na regulamentação ambiental pode impor sobre a Amazônia, participa também Marcos Colón, professor da Universidade Estadual do Arizona (EUA) e autor do livro “A Amazônia em tempos de guerra”.
A área de vegetação atingida pelas queimadas no Brasil foi de 22,38 milhões de hectares de janeiro a setembro deste ano, o que representa um crescimento de 150% em relação ao mesmo período de 2023 e equivale ao território do Estado de Roraima. O levantamento, feito pelo Monitor do Fogo, do MapBiomas, mostra que mais da metade da área queimada no Brasil fica na Amazônia. Mato Grosso, Pará e Tocantins são os Estados que concentram a maior parte das queimadas. Em entrevista à Rádio Eldorado, a coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar, que também é diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, disse que setembro foi o pior mês e apontou como principais causas a seca extrema e o uso do fogo na agropecuária. “O fogo é colocado por pessoas, não é de origem natural”, afirmou.See omnystudio.com/listener for privacy information.
As savanas do Cerrado registraram um aumento de 221% nas áreas queimadas em agosto de 2024, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (18) pelo Monitor do Fogo, uma iniciativa da rede MapBiomas, coordenada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).O Giro de Notícias mantém você por dentro das principais informações do Brasil e do mundo. Confira mais atualizações na próxima edição.
O desmatamento registrado no Cerrado foi responsável pela emissão de mais de 135 milhões de toneladas de gás carbônico entre janeiro de 2023 e julho de 2024. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado, o SAD Cerrado, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.
Qual a situação do Brasil em relação ao fogo e por que está se agravando ano após ano? Neste episódio do Vozes do Planeta Podcast, Paulina Chamorro entrevista Ane Alencar, especialista em fogo e Diretora de Ciências do IPAM Amazônia (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) sobre os casos de incêndio no interior de São Paulo, a grave seca que atinge mais da metade dos estados brasileiros e a emergência na Amazônia, Cerrado e Pantanal. Entenda as relações com mudanças climáticas neste episódio!
No interior paulista, foram 3 dias de terror. O céu escureceu cedo, colunas imensas de fumaça tomaram o horizonte de cidades inteiras e labaredas de até 6 metros de altura queimavam lavouras e casas. Foram mais de 2.300 focos de queimadas – é o mês de agosto mais incendiário desde o início das medições do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), há quase três décadas. São incêndios que que já deixam 48 municípios de São Paulo em alerta máximo, mas que alcançam também outros estados. Resultado de uma combinação entre tempo muito seco e ondas de calor. Mas que levantam suspeitas de ação coordenada criminosa - já são pelo menos 4 pessoas presas em flagrante e já há inquéritos da Polícia Civil e da Polícia Federal para investigá-las. Neste episódio, Natuza Nery conversa com duas especialistas para analisar os indícios de uma versão paulista do “Dia do Fogo” – orquestrado para queimar partes da Amazônia em 2019 – e apontar a impunidade que ainda impera no Brasil para este tipo de crime: Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e coordenadora do MapBiomas Fogo, e Thaís Bannwart, porta-voz do Greenpeace Brasil.
A nova sequência de queimadas recordes no Pantanal, na esteira de uma seca prolongada e escassez hídrica, lançam um alerta: as ações humanas associadas às mudanças do clima aproximam os biomas brasileiros do colapso. Nos últimos anos, os cientistas têm advertido sobre o chamado ponto de não retorno da Amazônia, mas os outros ecossistemas do país também correm o risco de não conseguirem mais se regenerar. O desmatamento acentuado nos vizinhos Amazônia e Cerrado contribui para a seca que impacta no Pantanal. O nível do rio Paraguai, cujas cheias são cruciais para os ciclos da vida no bioma, está quase 70% mais baixo do que seria esperado para o período – e a tendência é piorar nos próximos meses. A atual crise hídrica deve ser a mais grave já registrada, alerta a organização WWF Brasil. Uma nota técnica da ONG em parceria com a ArcPlan, especializada em geoprocessamento de dados, verificou que as inundações de 2024 simplesmente não aconteceram. A análise dos últimos anos não deixa dúvidas: a maior área continental úmida do planeta está cada vez mais seca.“Isso acontece devido aos eventos e impactos sucessivos em pouco tempo, que comprometem a biodiversidade e as populações. Elas têm pouco para se recuperar de um evento extremo para o outro, e com isso comprometemos a capacidade que esse ecossistema tem de funcionar”, explica a bióloga Helga Correa, uma das autoras do estudo.“Um ecossistema precisa das espécies presentes na sua área, senão as plantas, os animais, perdem a capacidade de continuarem existindo como a gente conhece. Este é o ponto de não retorno: ele deixa de ser o bioma tal como a gente conhece”, alerta. Este ano, os incêndios no Pantanal começaram mais cedo e já consomem a região há cem dias, sem previsão de serem controlados, em meio a condições climáticas adversas. A estiagem e o aumento das temperaturas criam condições mais propensas ao fogo.Uso do fogo pela agropecuáriaO governo federal garante que 85% dos focos de incêndio ocorrem em terras privadas, o que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, classificou como “uma das piores situações da história” do Pantanal. O bioma é habituado às queimadas, que fazem parte do sistema natural da região há milênios. O fogo pode ser provocado por fenômenos climáticos como raios em contato com matéria orgânica inflamável durante a estação seca que vai de maio a outubro.Entretanto, o abuso do fogo como técnica de manejo agrícola tem feito as chamas se tornarem incontroláveis. Um relatório do MapBiomas indica que 9% da vegetação do bioma pode ter sido degradada pelas queimadas dos últimos cinco anos.“O Cerrado, o Pantanal e até o Pampa são dominados por uma vegetação mais graminha, arbustiva, que têm às vezes até uma dependência do fogo, e uma adaptação a ele. Entretanto, as atividades humanas têm mudado o regime do fogo e a forma como ele acontece”, salienta Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora do MapBiomas Fogo.“O fator climático contribui e muito área a extensão da área queimada. Para que os incêndios não fiquem cada vez maiores, a gente precisa reduzir o uso do fogo nas práticas agropecuárias”, adverte a diretora. O uso da terra para a agricultura também está comprometendo a vegetação das margens dos rios. Uma das consequências é que as enchentes se espalham menos e têm duração mais curta – o que gera ainda mais estiagem nos meses seguintes. “A água que tem no Pantanal não é só explicada pela quantidade de chuva que cai lá. Tem uma contribuição, para os seus rios, da faixa que está localizada no planalto que circunda o Pantanal. As cabeceiras da bacia do Alto Paraguai já ficam no bioma Cerrado”, afirma Helga Correa. “Na hora em que a gente modifica a cobertura e o uso desse planalto, a gente compromete a quantidade de água que vai para o Pantanal e que consegue permanecer nele, penetrando no solo e abastecendo as nascentes”, A extensão das queimadasEm junho, o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul registraram a maior média de área queimada desde 2012, conforme levantamento por satélites da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pelo menos 411 mil hectares viraram fumaça – ou seja, 51 vezes mais do que a média histórica para o período.Além dos danos à biodiversidade singular da região, as queimadas também contaminam as águas dos rios com cinzas, que matam peixes e poluem o sistema hídrico das comunidades locais.A tragédia ambiental se repete quatro anos após 30% do Pantanal ter sido atingido pelos mais devastadores incêndios já registrados no bioma e que mataram 17 milhões de animais vertebrados, conforme estimativas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Quase um quarto do território brasileiro já foi queimado pelo menos uma vez nas últimas quatro décadas. Desta área, mais de 68% era de vegetação nativa, principalmente na Amazônia e no Cerrado. A nova Coleção do MapBiomas Fogo, divulgada nesta terça-feira (18) pela iniciativa, também revela que, proporcionalmente, o Pantanal – atualmente consumido pelas chamas – é o bioma mais atingido. O relatório inclui dados de 1985 a 2023 sobre as queimadas em todo o Brasil, apoiados por imagens de satélite e inteligência artificial. No total, 199,1 milhões de hectares foram queimados no país, ou 23% do território nacional, afirma o estudo. O Mapbiomas reúne acadêmicos, organizações não-governamentais e empresas de tecnologia. Os três Estados brasileiros com maior avanço da agropecuária no período, Mato Grosso, Pará e Maranhão, concentram 46% dos registros históricos de fogo. Além disso, 65% da área afetada no país foi queimada mais de uma vez em 39 anos, sendo o Cerrado o bioma com a maior área queimada recorrente."As atividades humanas tem mudado o regime do fogo, a forma como ele acontece. O fogo não está mais acontecendo naturalmente na época em que deveria acontecer, nem na frequência em que deveria”, explica Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora do Mapbiomas Fogo."Em um cenário em que as mudanças climáticas têm impactado os eventos climáticos extremos, como El Niño, em sua intensidade e frequência, isso vai gerar condições em que os incêndios aumentem. Para que os incêndios não fiquem cada vez maiores, a gente precisa reduzir o uso do fogo nas práticas agropecuárias, seja para o desmatamento como para o manejo da terra”, afirma.Proporcionalmente, Pantanal é o mais queimadoEmbora o Cerrado (44% do total queimado no país) e a Amazônia (19,6%) sejam os biomas mais atingidos, o Pantanal é o que teve maior área afetada em relação ao seu tamanho total: 9 milhões de hectares, ou 59,2% do bioma, já viraram fumaça pelo menos uma vez.O relatório é divulgado no momento em que as chamas consomem a região, em meio a uma seca prolongada, que facilita a ocorrência e a propagação do fogo, em um ritmo preocupante. O rio Paraguai encontra-se nos menores níveis históricos."O Pantanal vem secando ao longo das últimas décadas. O que a gente tem visto na série histórica, nos últimos 38 anos, é que a seca tem ficado cada vez mais evidente. O Pantanal já perdeu mais de 29% da sua superfície de água”, aponta biólogo Gustavo Figueiroa, diretor de comunicação da SOS Pantanal.A temporada de queimadas este ano chegou dois meses mais cedo do que o esperado, durante a estação seca (de junho a outubro). O período que vem pela frente tem tudo para ser dramático: o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) aponta que todo o bioma está em estado de alerta e há “alta probabilidade de fogo” principalmente no Mato Grosso do Sul.Panorama atual é pior do que recordes de 2020Na comparação com as piores queimadas da história no Pantanal, em 2020, este ano já registra uma área 54% maior de fogo, mostrou um levantamento por satélite da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). A SOS Pantanal alerta que as condições estão similares às de quatro anos atrás, e lamenta a falta de investimentos na prevenção contra os incêndios desde então.Figueiroa esteve há poucos dias ajudando a combater o fogo na região: "O acesso é muito difícil, a logística é complicada para chegar. Vamos precisar do apoio de aeronaves, de helicópteros para transportar as equipes até o local de combate e aviões para soltar água na linha do fogo”, indica.“Eu estou bem preocupado porque é possível que a gente reviva este ano o inferno que foi 2020. A gente imaginou que o poder público, em todas as suas instâncias, iria aprender com isso, mas o que a gente viu é que esse aprendizado está muito devagar perto do avanço da seca, dos incêndios e das mudanças climáticas como um todo", observa o pesquisador.Em todo o país, o número de queimadas nos primeiros quatros meses do ano, até 1° de maio, é o maior da história das medições do Inpe (Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais), iniciadas em 1998. A chegada do fenômeno La Niña, esperada para o segundo semestre, poderá atenuar este cenário, ao trazer chuvas para o norte do país.
O relatório anual da MapBiomas, apresentado nesta terça-feira, 28, revelou uma redução de 12% no desmatamento no Brasil em 2023, a primeira diminuição desde 2019. Durante o mandato de Bolsonaro, entre 2019 e 2022, a área desmatada alcançou 35 mil quilômetros quadrados, um aumento de quase 150% comparado aos quatro anos anteriores. Sob a gestão de Marina Silva na pasta do Meio Ambiente e Mudança do Clima, houve redução no desmatamento na Amazônia, Mata Atlântica e no Pampa, segundo o relatório da MapBiomas. No entanto, houve aumento na devastação de outros biomas como Cerrado, Pantanal e Caatinga. Pela primeira vez em cinco anos, o Cerrado superou a Amazônia em área desmatada, com 1 milhão e 110 mil hectares destruídos, um aumento de 68%. Em contraste, a Amazônia teve uma redução de 62% na perda de vegetação, com 454 mil hectares desmatados. Quase metade da perda de vegetação nativa ocorreu na região de Matopiba, que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, devido ao avanço da agropecuária. A área desmatada nessa região aumentou 59% de 2022 para 2023. No entanto, o relatório trouxe um dado positivo: a redução da perda de vegetação nativa em Unidades de Conservação e Terras Indígenas. O governo planeja lançar novos planos de proteção para os biomas até setembro, expandindo ações bem-sucedidas da Amazônia para outras regiões. Afinal, como reverter o aumento desenfreado do desmatamento no Cerrado? É possível mirar o desmatamento zero na Amazônia? Para falar sobre a pesquisa e as principais mudanças no cenário de desmatamento no país, convidamos Ane Alencar, coordenadora da equipe Cerrado e Diretora de Ciência do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). O ‘Estadão Notícias' está disponível no Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google podcasts, ou no agregador de podcasts de sua preferência. Apresentação: Emanuel Bomfim Produção/Edição: Gustavo Lopes, Jefferson Perleberg e Gabriela Forte Sonorização/Montagem: Moacir BiasiSee omnystudio.com/listener for privacy information.
A área queimada em 2024 em todo o Brasil já chega a 1,98 milhão de hectares. Entre fevereiro de 2023 e 2024 houve aumento de 410%, segundo o Monitor do Fogo, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
Imóveis rurais com Cadastro Ambiental Rural (CAR) concentraram 75% de todo o alerta de desmatamento detectado no Cerrado em 2023. Isso equivale a uma perda de 879 mil hectares de vegetação nativa, ou quase seis vezes a cidade de São Paulo, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
Uma onda densa de fumaça cobre Manaus e deixa o ar praticamente irrespirável. Uma crise ambiental provocada pelas queimadas – cuja temporada começa em agosto – e agravada pela seca histórica que atingiu o Rio Negro nos últimos meses. Tudo somado ao calor intenso provocado pelo El Niño. A situação só não é pior porque os níveis de desmatamento estão em queda. Para entender as causas do problema, e como as queimadas e os incêndios florestais aceleram as mudanças climáticas, Natuza Nery conversa com Alexandre Hisayasu, repórter da Globo em Manaus, e com Ane Alencar, diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Neste episódio: - Alexandre descreve o que mudou na paisagem manauara, região onde o número de focos de queimadas mais que dobrou em 2023 em relação ao ano passado: “Nós conseguíamos visualizar o Rio Negro e cidades da região metropolitana. Hoje, só vemos uma nuvem cinza”; - Ane explica por que, embora o desmatamento na Amazônia tenha caído mais de 40% em 2023, o número de focos de incêndios subiu. “Depende de três fatores: clima favorável, material combustível e fonte de ignição”, resume. “Agora, imagine se casássemos as condições climáticas desse ano com o desmatamento do ano passado. Seria muito mais catastrófico”; - Ela aponta dois caminhos para reduzir o fogo na Amazônia: o combate ao desmatamento ilegal e os incentivos para o não uso do fogo na pecuária. “Principalmente nas áreas que já foram desmatadas”, conclui.
As imagens de rios icônicos e lagos da Amazônia quase desaparecendo, de botos-cor-de-rosa mortos nas margens e de comunidades ribeirinhas angustiadas pelo desabastecimento soam mais um alerta sobre os riscos de colapso da maior floresta tropical do planeta. O quanto esse episódio está relacionado com o chamado 'ponto de não retorno' do bioma amazônico? Já faz mais de 30 anos que cientistas brasileiros e estrangeiros alertam que o avanço do desmatamento e as mudanças climáticas afetariam a tal ponto a dinâmica da floresta que ela não conseguiria mais se regenerar e ‘morreria'. No lugar, uma vegetação empobrecida de tipo savana emergiria. A morte em massa de árvores gigantescas ainda geraria uma verdadeira bomba de emissões de carbono, o que agravaria o aquecimento do planeta.A cientista Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, é uma das maiores especialistas do Brasil sobre o tema. Ela explica que a floresta tropical úmida opera 'como um grande air bag climático', um desacelerador da mudança do clima."É difícil. Mesmo a gente sabendo que chegaria numa situação de colapso como a gente está assistindo hoje, nunca estamos preparados o suficiente”, lamenta. "A gente vem alertando que isso que se chama de progresso, não é. Chamam de desenvolvimento econômico destruir a floresta e substituir por pastagens, plantações de milho e soja, extração de madeira, enquanto que isso causa um prejuízo para toda a coletividade, todos que vivem no Brasil e nesse planeta”, constata. Desmatamento é o principal causadorO desmatamento acelerado tem levado menos vapor de água para a atmosfera – do lado oeste da Amazônia, o mais preservado, a perda de precipitações na estação seca, que ocorre agora, já chega a 20%. Para evitar o colapso, ressalta Luciana Gatti, a promessa de fim do desmatamento da Amazônia em 2023 não é mais suficiente."Uma vez que uma região chega no ponto de não retorno, ela vai contaminando as demais”, explica. "A gente precisa de uma ação urgente, decretar calamidade na Amazônia, principalmente na região sudeste, que é a mais próxima do ponto de não retorno, e a segunda é a nordeste. O lado leste emite oito vezes mais carbono, porque a floresta já está numa condição de extremo estresse." Nestas áreas mais suscetíveis, a devastação da região oscila entre 30 e 40%, e mais de 2 milhões de quilômetros quadrados do bioma estariam muito próximos do ponto de não retorno. O aumento das temperaturas só torna esse coquetel mais perigoso – e é por isso que o fenômeno El Niño desempenha um papel importante no que ocorre agora, aponta Ane Alencar, especialista do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) em degradação florestal."Normalmente ele causa uma seca mais severa na Amazônia. Entretanto, o que a gente tem visto é que esse El Niño é muito forte. O aquecimento das águas do Pacífico, na região do Equador, tem sido muito intenso”, afirma. "Isso causa efeitos sinérgicos com outros fenômenos, como o aquecimento das águas do Atlântico, que também impacta na seca na Amazônia. E o que tem acontecido é que as mudanças climáticas têm intensificado esse fenômeno e às vezes aumentado a sua frequência também”, salienta a geógrafa.Efeito das queimadasOs fenômenos El Niño costumam durar entre um e dois anos, o que leva os especialistas a esperarem por uma agravação ainda maior do estresse hídrico na Amazônia em 2024. Alencar ressalta que a floresta tem resiliência para suportar períodos de seca, mas essa capacidade acaba limitada quando o clima está desestabilizado e também pelas intervenções humanas – em especial as queimadas, que deixam a floresta inflamável em caso de estiagem.“Quando a gente fala de ponto de não retorno, a gente fala de uma mortalidade tão intensa e de condições que não deixem as árvores retornarem. O fogo é um elemento muito transformador e, com certeza, na equação que pode levar a um ponto de não retorno, ele é um elemento fundamental: ele pode vir a inibir o retorno de um certo tipo de vegetação que não resiste ao às chamas”, aponta Alencar."As árvores da Amazônia não são como as do Cerrado, que tem a casca grossa, adaptada ao fogo. Os incêndios levam a uma alta mortalidade na Amazônia”, adverte.No Amazonas, milhares de focos de queimadas na última semana deixaram Manaus sob uma espessa camada de fumaça, que chegou a paralisar o transporte fluvial do porto Bertolini. A Polícia Federal realiza operações para combater o fogo ilegal.
O alto desmatamento visto no cerrado é resultado de maior parte da área ser propriedade privada. A confirmação é da coordenadora do MapBiomas Cerrado e Diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, o IPAM, Ane Alencar. Na última quinta-feira, um estudo do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real mostrou que a destruição no bioma contou recorde. De acordo com dados do Insituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe foram mais de 6.350 km de área derrubada entre agosto de 2022 e 31 de julho deste ano.
Os números de combate ao desmatamento na Amazônia, apresentados na última semana pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais), provam que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “está entregando o que prometeu”, defende a pesquisadora Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Houve uma redução de 33,6% no primeiro […] O post Chegada do El Niño será grande teste de combate ao desmatamento para governo, diz pesquisadora apareceu primeiro em Rádio Brasil de Fato.
Nos primeiros quatro meses de 2023, o desmatamento no Cerrado atingiu o equivalente a duas vezes a área do Rio de Janeiro. Os dados são do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e foram divulgados nesta segunda-feira (15).
O MST invadiu uma área de preservação ambiental e de pesquisas da Embrapa, órgão científico do governo federal, no domingo (16). O terreno fica em Pernambuco, palco de outras sete invasões do movimento neste Abril vermelho. Desse montante, quatro, incluindo a da Embrapa, ocorreram apenas no último final de semana. O órgão federal divulgou uma nota chamando a invasão de “inaceitável”, mas retirou a palavra do texto em edição horas após a publicação original. Inscreva-se e receba a newsletter: https://bit.ly/2Gl9AdL Confira mais notícias em nosso site: https://oantagonista.uol.com.br/ https://crusoe.uol.com.br/ Acompanhe nossas redes sociais: https://www.fb.com/oantagonista https://www.twitter.com/o_antagonista https://www.instagram.com/o_antagonista https://www.tiktok.com/@oantagonista_oficial No Youtube deixe seu like e se inscreva no canal: https://www.youtube.com/c/OAntagonista
A revelação de que o último mês de fevereiro foi o que mais registrou alertas de desmatamento da Amazônia desde 2015 agitou os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro – afinal, os números negativos ocorrem no segundo mês do novo governo, que prometeu zerar a devastação da floresta até o fim desta década. Entretanto, especialistas no tema advertem que os resultados do novo plano para combater o problema podem demorar meses, ou até anos, para aparecer. Conforme os dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), alertas de desmatamento foram verificados em 322 km² da Amazônia, número 62% superior ao recorde anterior, de 2022 (198 km²). Ao comentar os números, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima ressaltou que, neste período do ano, "há grande concentração de nuvens” na região, o que dificulta a visualização dos satélites ópticos que identificam a queda da cobertura florestal.O período de chuvas na Amazônia ocorre de novembro a abril. Uma hipótese para explicar o elevado número de alertas de devastação em fevereiro é que, na realidade, a derrubada de árvores tenha ocorrido antes, em janeiro ou dezembro, porém só tenha sido possível identificá-la agora. O fato de o Deter ter verificado um índice muito mais baixo de alertas de desmatamento em janeiro, em 166 km², corrobora essa tese.Calendário do desmatamentoRômulo Batista, porta-voz do Greenpeace Brasil, salienta que, no balanço do ano comparado com o mesmo período de 2022, houve uma queda de 22%. Para ele, o desempenho do atual governo só poderá ser avaliado a partir do segundo semestre, uma vez que os índices anuais são medidos de agosto a julho."A taxa desse ano, a ser publicada por setembro ou outubro, ainda virá com dados do outro governo. Não existe uma bala de prata para fazer com que um desmatamento crescente como o dos últimos anos, ultrapassando 10 mil km² – algo que não era visto havia mais de uma década –, diminua de uma vez. Vai ser preciso tempo”, afirma. "O Ibama, o ICMBio e a Funai, que são os órgãos de fiscalização, estão desaparelhados. O número de funcionários está muito abaixo do que seria necessário.”Batista lembra ainda que "a Amazônia de hoje não é mais a mesma que a de 10 anos atrás”, já que as redes de desmatadores, grileiros e madeireiros ilegais se profissionalizaram e expandiram as atividades pela floresta.No segundo semestre de 2022, na expectativa da derrota de Bolsonaro nas eleições, a ocorrência de crimes ambientais nos biomas brasileiros disparou, num movimento que a mera troca de governo seria incapaz de conter, observa Ane Alencar, pesquisadora do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora da equipe MapBiomas Fogo.“A gente espera que quando o governo estiver realmente todo estruturado, com os cargos preenchidos e o plano, desenvolvido, as ações governamentais fiquem mais publicizadas, para que a sociedade se sinta cada vez mais confiante que o crime não vai compensar na Amazônia”, aponta.Presença no terrenoAté o momento, a única grande operação realizada pelo governo federal no terreno foi para socorrer o povo indígena yanomani em Roraima, em meados de janeiro. Como resultado da atuação, os registros de queimadas no Estado caíram 44% na comparação com o ano passado, aponta a pesquisadora."Eu acho que esse governo tem de tudo para debelar e reduzir esse desmatamento de uma forma contundente, mas isso não vai acontecer de uma hora para a outra”, reitera.A Amazônia ocupa uma área continental, em que a fiscalização dos crimes ambientais sempre representou um desafio importante. No primeiro mandato de Lula, iniciado em 2003, os dados do desmatamento começaram a baixar apenas no segundo ano de gestão. É por isso que a reativação do PPCDAM (Plano de Prevenção Controle do Desmatamento da Amazônia) e do Fundo Amazônia, com R$ 5 bilhões em caixa, são apontados como duas medidas cruciais da atual gestão para controlar o desmatamento.Rômulo Batista, do Greenpeace, frisa ainda que deve ser reforçado o combate ao financiamento tanto nacional, como internacional das ilegalidades cometidas nos biomas brasileiros. A Europa adotou uma regulamentação para impedir a importação de produtos oriundos do desmatamento, mas outros passos nesse sentido deveriam ser visados."A gente tem o Plano Safra que injeta bilhões de reais e bancos emprestam dinheiro sem sequer cobrar qualquer tipo de garantia ambiental de que o dinheiro não vai ser utilizado em atividades que desmatam. Temos até mesmo os grandes fundos de investimentos e fluxos financeiros internacionais financiando empresas que não têm nenhum tipo de compromisso de cuidar da sua cadeia produtiva no Brasil”, sinaliza.
A área queimada na Amazônia entre janeiro e fevereiro de 2023 foi 25% menor em relação ao primeiro bimestre de 2022. Segundo o Monitor do Fogo, divulgado nesta semana pelo MapBiomas em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, foram 487 mil hectares atingidos pelo fogo.
O desmatamento do Cerrado nos estados da Bahia e do Piauí aumentou 88% em janeiro de 2023 em relação ao mesmo período em 2022. Os dados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Ipam. No Piauí, foram desmatados mais de 9 mil hectares do Cerrado e na Bahia, mais de 4 mil. Quem explica os detalhes é a pesquisadora do Ipam, Fernanda Ribeiro.
O desmatamento no Cerrado em 2022 aumentou 20% em comparação com 2021. Ao todo, o bioma teve mais 800 mil hectares de área devastada no ano passado, uma área maior que o Distrito Federal. Os dados foram apresentados pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, nesta semana.
As terras indígenas com a presença de povos isolados são as mais ameaçadas da Amazônia. É o que aponta um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) em conjunto com a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia. Foram consideradas ameaças como grilagem de terras públicas, queimadas, desmatamento ilegal, além de insegurança jurídica.
Afinal, é possível colocar em prática o desmatamento zero? Como incentivá-lo do ponto de vista econômico, em que uma área preservada gere mais valor e renda do que a conversão para determinada atividade? É sobre isso que a repórter Mariana Grilli conversa com o Paulo Moutinho, pesquisador sênior do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Com base científica, o Conserv já está em fase de experimentação de pagamentos e é sugerido como uma política pública de recompensa a quem mantém áreas preservadas, mesmo que passíveis de desmatamento pelo Código Florestal. E quem tem este excedente verde ainda poderia ter linhas de crédito facilitadas e juros reduzidos exatamente por manter floresta em pé. Esse episódio faz parte de Um Só Planeta, maior movimento editorial do Brasil em prol da sustentabilidade.
O sexto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, o IPCC foi lançado no primeiro semestre deste ano. Conhecido por AR6 (Assessment Report 6, na sigla em inglês) ele foi produzido por cientistas de destaque do mundo inteiro, divididos em três Grupos de Trabalho (GTs). No final de 2022 ou início de 2023 está prevista a publicação de uma síntese dos principais destaques de todo o relatório. Leandro Magrini entrevistou dois pesquisadores brasileiros que participaram da elaboração do relatório, que são a Patrícia Pinho, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, o IPAM e o David Lapola, pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura, o Cepagri, da Unicamp. Os dois apresentaram para o Oxigênio algumas constatações do documento e já sugerem algumas medidas para mitigação das causas das mudanças climáticas, quanto de adaptação. Este episódio foi dividido em duas partes. ROTEIRO Leandro Magrini: “É pior, muito pior do que você imagina. A lentidão da mudança climática é um conto de fadas, talvez tão pernicioso quanto aquele que afirma que ela não existe, e chega a nós em um pacote de ilusões reconfortantes: a de que o aquecimento global é uma saga ártica, que se desenrola num lugar remoto; de que é estritamente uma questão de nível do mar e de litorais, não uma crise abrangente que afeta cada canto do globo, cada ser vivo; de que se trata de uma crise do mundo natural, não do humano; de que vivemos hoje de algum modo acima ou no mínimo protegidos da natureza, não inescapavelmente dentro dela e literalmente sujeitados a ela; de que a riqueza pode ser um escudo contra as devastações do aquecimento; de que a queima de combustíveis fósseis é o preço do crescimento econômico contínuo; de que o crescimento e a tecnologia que ele gera nos propiciarão a engenharia necessária para escapar do desastre ambiental; de que há algum análogo dessa ameaça, no longo arco da história humana, capaz de nos deixar confiantes de que sairemos vitoriosos dessa nossa medição de forças com ela. Nada disso é verdade!” Leandro Magrini: Esse é um trecho da abertura do livro “A Terra Inabitável: uma história do futuro”, de autoria do jornalista David Wallace-Wells, publicado originalmente em inglês em 2019, e traduzido para o português no mesmo ano. De 2019 para cá, apesar de estarmos falando de apenas 3 anos, podemos observar com nossos próprios olhos e também tomar conhecimento das constatações inequívocas da ciência, de que as consequências do aquecimento global e das mudanças climáticas - mais adequadamente nomeada como Crise ou Emergência Climática - estão ficando mais severas a cada ano. Nos últimos anos tivemos recordes sucessivos de eventos climáticos extremos e catástrofes por todo o planeta... Fernanda Capuvilla: Em meados de 2021, e neste ano, no final de fevereiro e na primeira semana de abril, tivemos a publicação, respectivamente, das três partes (ou volumes) do Sexto Relatório do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU. Esse relatório, também conhecido como AR6 (Assessment Report 6, na sigla em inglês) é produzido por cientistas de destaque do mundo inteiro, divididos em três Grupos de Trabalho (GTs). O 1º grupo se dedica às bases físicas das mudanças climáticas, ou seja, a parte de meteorologia e de modelagem da mudança do clima; o 2º grupo estuda a adaptação e as vulnerabilidades às mudanças climáticas; e o grupo 3 trata da mitigação das causas das mudanças climáticas, ou seja, da redução das emissões de gases de efeito estufa. Leandro Magrini: Ao longo de dois episódios conversaremos com dois dos autores brasileiros do novo relatório do IPCC sobre as mensagens principais do relatório e suas implicações para o Brasil, com maior atenção para a Floresta Amazônica e para o mundo. Os convidados são Patricia Pinho, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, o IPAM; e David Lapola,
O futuro da Amazônia é o tema do terceiro episódio da série especial do Ilustríssima Conversa que discute o que vem pela frente em questões importantes da conjuntura atual. A convidada deste episódio, Ane Alencar, é geografa pela UFPA (Universidade Federal do Pará), doutora em recursos florestais e conservação pela Universidade da Flórida e diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Na conversa, a pesquisadora ressalta que o desmatamento, hoje impulsionado pelo crime organizado, vem se aproximando cada vez mais do coração da Amazônia e diz que a possibilidade de Jair Bolsonaro (PL) perder as eleições e um novo governo voltar a coibir a destruição da floresta pode estar levando os criminosos a partirem para o tudo ou nada. Para Alencar, é preciso que um eventual novo presidente promova um choque de governança logo de imediato, retirando invasores de terras públicas e dando um sinal de que a grilagem não será mais tolerada. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli Para se aprofundar Eduardo Sombini indica "Tempo Quente", podcast da Rádio Novelo comandado pela jornalista Giovana Girardi sobre o que o Brasil tem feito em tempos de emergência climática "A Terra É Redonda (Mesmo)", podcast da revista piauí apresentado por Bernardo Esteves e, nesta segunda temporada, por Natalie Unterstell, que trata de temas relacionados à política ambiental e à crise climática que o Brasil vai ter que enfrentar O futuro da política ambiental do Brasil, com Suely Araújo, segundo episódio da série especial do Ilustríssima Conversa sobre o futuro que discute as 'boiadas' de Bolsonaro e as principais medidas para uma nova agenda climática para o país. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Abrindo a pior fase da temporada seca, o mês não registrava número tão alto havia mais de uma década: 33 mil focos de incêndio, muitas deles na divisa ente os Estados do Amazonas e de Rondônia. O repórter Alexandre Hisayasu, da TV Amazônica, afiliada da Globo, foi até lá e registrou “vários flagrantes de desmatamento”. Em conversa com Renata Lo Prete, ele relata o que viu: pelo alto, “áreas imensas destruídas, consumidas pelas chamas”; por terra, “na beira da rodovia, inúmeras queimadas”. O objetivo, afirma, é abrir caminho para pasto e cultivo de soja. Três anos depois do infame “Dia do Fogo” (superado em destruição no último 22 de agosto), Alexandre conta sua surpresa diante da atividade criminosa exercida “sem qualquer preocupação” por grileiros -comportamento diferente do observado em 2019, quando ainda havia algum “medo dos órgãos de fiscalização”. A geógrafa Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), explica que o “fogo representa a última etapa no processo de desmatamento”. Do total de floresta devastada, mais da metade estava dentro de terras públicas -caso das reservas indígenas, unidades de conservação e florestas públicas não destinadas. E pode ser ainda pior em setembro: “se o clima estivesse mais seco, seria um inferno”.
A crise climática está mais ligada às injustiças sociais do que a gente pensa. Por isso, é importante falar de racismo ambiental e de justiça climática, incluindo as populações historicamente vulneráveis nas decisões que afetam diretamente suas vidas. Convidados: - Patrícia Pinho, bióloga especializada em ecologia humana e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia; - Natalie Unterstell, especialista em políticas públicas ambientais e presidente do Instituto Talanoa; - Dulce Pereira, arquiteta e ambientalista, professora da Universidade Federal de Ouro Preto, foi presidente da Fundação Cultural Palmares e integra o Movimento Negro Unificado; - Alessandra Korap, ativista indígena do povo Munduruku; - Txai Suruí, ativista indígena do povo Paiter-Suruí; - Marcia Castro, professora da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos Estados Unidos; - Andréa Santos, bióloga, engenheira de transportes e pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, secretária-executiva do Painel Brasileira de Mudanças Climáticas;
A crise climática está mais ligada às injustiças sociais do que a gente pensa. Por isso, é importante falar de racismo ambiental e de justiça climática, incluindo as populações historicamente vulneráveis nas decisões que afetam diretamente suas vidas. Convidados: - Patrícia Pinho, bióloga especializada em ecologia humana e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia; - Natalie Unterstell, especialista em políticas públicas ambientais e presidente do Instituto Talanoa; - Dulce Pereira, arquiteta e ambientalista, professora da Universidade Federal de Ouro Preto, foi presidente da Fundação Cultural Palmares e integra o Movimento Negro Unificado; - Alessandra Korap, ativista indígena do povo Munduruku; - Txai Suruí, ativista indígena do povo Paiter-Suruí; - Marcia Castro, professora da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos Estados Unidos; - Andréa Santos, bióloga, engenheira de transportes e pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, secretária-executiva do Painel Brasileira de Mudanças Climáticas;
Cobertura do desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Araújo. André Guimarães, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia fala sobre as denúncias de desmatamento, garimpo ilegal e tráfico de drogas na região.
O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) apontou em nota técnica a explosão do desmatamento em terras públicas federais na Amazônia desde o início do governo Jair Bolsonaro. De acordo com os pesquisadores, a destruição atingiu um patamar alarmante.Os cientistas do instituto, uma organização não governamental, mostraram que a média anual de perda de floresta amazônica foi 56,6% maior, de 2019 a 2021, em relação ao período anterior ao governo Bolsonaro, de 2016 a 2018.
Um levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, divulgado nesta semana, mostra que o desmatamento no bioma foi 57% maior entre agosto de 2018 e julho de 2021 em relação ao mesmo período entre 2015 e 2018.
O balanço anual do Inpe indica, pela quarta vez seguida, avanço do desmatamento na região. No comparativo com o período anterior, a alta foi de 22%, correspondente a mais 13 mil km². Números não apenas assombrosos como ocultados pelo governo desde outubro, para que só viessem à luz depois da Cúpula do Clima da ONU. De posse das informações, o agrônomo André Guimarães, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazonia (Ipam), dimensiona o estrago: uma perda anual equivalente a quatro vezes o tamanho do Distrito Federal, 90% em operações ilegais e mais da metade em terras públicas, griladas para especulação fundiária. “Ao perder floresta, perdemos biodiversidade, serviços ambientais e ciclos hídricos que ela mantém”, explica. Esse longo período de desmatamento em patamares elevados coincide com o protagonismo dos militares no Conselho da Amazônia, contextualiza a jornalista Marta Salomon, colaboradora da revista Piauí e doutora em Desenvolvimento Sustentável. Ela se baseia em documentos públicos para afirmar que a atual estratégia oficial para o bioma remonta à época da ditadura. “É uma visão de que não se trata de um território estratégico para mudanças climáticas, mas sim de uma fronteira de recursos naturais a ser explorada”. Marta explica também que as Forças Armadas assumiram não só o comando estratégico, mas também o das verbas públicas: em 2020, geriram R$ 370 milhões para a Amazônia, o dobro do que os órgãos ambientais tiveram no período. E os resultados vemos agora.
Frio intenso no sul e sudeste brasileiros, queimadas no centro-oeste e na Califórnia, fortes pancadas de chuvas na Europa e na China, cidades ameaçadas pelo aumento do nível dos rios. Os desastres climáticos pelo mundo trazem de novo as perguntas: o que os países podem fazer no curto prazo para frear o aquecimento global? Existe a possibilidade de um pacto mundial para redução do efeito estufa? E qual o papel da Amazônia no âmbito internacional do meio ambiente? Celso Freitas e a repórter Mariana Bispo conversam com a pesquisadora climática e diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Ane Alencar.
Em outubro de 2020, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) lançaram o aplicativo "Tô no Mapa", ferramenta destinada ao cadastramento de comunidades tradicionais. Com a facilidade no cadastramento, comunidades - até então sem reconhecimento oficial - ganham visibilidade. Reportagem: Flávia Camarano O boletim informativo Cultura Notícias é uma produção da Rádio Cultura FM. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/cultura-fm-braslia/message
Neste episódio do E Tem Mais, Monalisa Perrone fala sobre os riscos ambientais e econômicos trazidos pelo avanço do desmatamento na Amazônia. Durante o último mês, a Amazônia perdeu uma área de 778 Km² de floresta, o que, segundo o Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON), torna este o pior abril em dez anos. Na primeira parte do episódio, Monalisa fala com Argemiro Teixeira Filho, um dos autores responsáveis pela publicação de um estudo que aponta um "agrossuicídio" em curso no Brasil. De acordo com o artigo publicado pelos pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais na revista Nature Communications, o desmatamento da Amazônia e seus impactos no ciclo de chuvas podem custar R$ 5,7 bilhões por ano até 2050 ao agronegócio. Também participa da conversa Paulo Moutinho, cofundador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e doutor em ecologia. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Há muito tempo, as licenças ambientais fazem parte da rotina de empreendedores, produtores rurais, órgãos ambientais e da Justiça. Elas são obrigatórias sempre que se trata de uma obra com significativo impacto ao meio ambiente, e seguem uma legislação redigida ainda em 1981. Em 1986, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) criou os relatórios de impacto ambiental, que são estudos detalhados sobre a área de influência do projeto, e de que forma ele interage com o solo e altera a vida das comunidades locais. Em 1997, as etapas do licenciamento foram definidas. De lá pra cá, os empreendimentos se transformaram, os órgãos ambientais se estruturaram e a disputa em torno das regras só aumentou. A polêmica começou antes mesmo da Constituição de 1988, e o debate no Congresso sobre o aperfeiçoamento das regras do licenciamento teve início em 2004, quando houve uma primeira versão de proposta. Depois de passar por várias comissões, nenhum consenso foi alcançado. Porém, na semana passada, estimulado pelo Palácio do Planalto, o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) pôs o projeto em votação, que foi aprovado pelo plenário. O relatório do deputado Neri Geller (PP-MT) flexibiliza a emissão de licenças, e dispensa de fiscalização uma série de propriedades. O relator afirma que o texto torna o licenciamento mais rigoroso, simples e eficiente, tese refutada por ambientalistas e por nove ex-ministros do Meio Ambiente, de diferentes governos. No Ao Ponto desta terça-feira, o diretor de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Eugênio Pantoja, explica de que forma o projeto aprovado pela Câmara abre caminho para a degradação de áreas protegidas e quais são as alternativas para melhorar o sistema de licenciamento.
Mais um estudo internacional comprova o que os cientistas brasileiros já advertem há alguns anos. Na última década, a floresta amazônica emitiu mais CO2 do que absorveu, uma nova realidade que, se persistir, trará efeitos nefastos não só para o país, como para o planeta. Lúcia Müzell, da RFI As florestas absorvem cerca de 30% dos gases de efeito estufa despejados na atmosfera. A Amazônia, maior floresta tropical do mundo, representa um ator essencial neste mecanismo. “Na bacia como um todo, não só no Brasil, a Amazônia guarda uma década de emissões globais de gases de efeito estufa na sua vegetação. Imagine você emitindo, ao longo dos anos, 10 anos de emissão global”, explica o pesquisador Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). "É muita coisa, e isso sem falar na perda da biodiversidade, culturas, e do ar condicionado do planeta, muito relacionado à absorção que a floresta faz do CO2. Ela age como um grande ar condicionado." Esse “serviço" é uma consequência do ciclo de precipitações gerado na área pela floresta e sua interação com a atmosfera. A destruição da mata leva a mais emissões de CO2 e diminui a evapotranspiração, que “resfria" o ar. "Se existe um ponto que podemos chamar de positivo de termos mais CO2 na atmosfera, é que isso estimula a vegetação a fazer mais fotossíntese. Se por um lado, estamos sujando mais a atmosfera, a natureza está tentando compensar o estrago que estamos fazendo retirando esse CO2”, complementa a pesquisadora Luciana Gatti, coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). "O problema é que o estrago que a humanidade está causando é tremendamente maior do que a pobrezinha da natureza está conseguindo compensar da sujeira que nós estamos fazendo no planeta”, resume. Primeiros alertas já têm 10 anos O primeiro estudo sinalizando a diminuição da capacidade de absorção de gás carbônico pela Amazônia foi publicado em 2010, baseado em dados das três décadas anteriores. Desde 2014, Luciana alerta sobre o desequilíbrio acelerado do ciclo do carbono na região – causado pela interação entre as mudanças climáticas e a alta das queimadas e o desmatamento. "Temos essa região do lado leste da Amazônia, que está cerca de 30% desmatada, emitindo 10 vezes mais carbono do que a oeste, que é 11% desmatada. A nossa descoberta é até mais sombria do que a comunidade científica tem ciência. A Amazônia já é fonte de carbono – e eu não sei se isso é reversível”, lamenta a especialista em mudanças climáticas. “A primeira medida, se quiséssemos resolver o problema, seria proibir totalmente queimada a partir de agosto, quando começa a estação seca. Nós temos leis de proteção ambiental, Código Florestal, que não estão seguidas e estamos vendo as consequências disso. Eu gostaria de ver a CPI do meio ambiente, a CPI da Amazônia, do Pantanal", completa. Paulo Moutinho também insiste neste ponto. Segundo ele, a única esperança para restaurar a capacidade de captação CO2 pela floresta é o fim do desmatamento, legal como ilegal, associado ao reflorestamento nas áreas mais degradadas. "É preciso entender que isso pode ser o início de uma degradação, que precisa ser alertado. Podemos estar chegando mais rápido a um ponto sem retorno, o tiping point, não só pelo desmatamento, mas por uma degradação muito avançada em que você tem mortalidades de grandes árvores”, observa o ecólogo, um dos fundadores do Ipam. “Elas acabam morrendo emitindo muito, abrindo grandes clareiras, que facilitam a entrada do fogo. Num cenário inflamável e de mudança do clima amazônico, pode gerar, na região, uma situação muito diferente em termos de de vegetação do que a gente tem agora." Condições climáticas e região mais inflamável antecipam mortes das árvores Luciana Gatti e sua equipe têm investigado as causas da morte precoce de grandes árvores amazônicas, que necessitam de solo úmido o ano inteiro para sobreviverem. “A seca está mais seca, mais quente e mais prolongada. A estação chuvosa está sendo empurrada para frente. Estamos tendo os impactos negativos da mudança no clima, que nós estamos promovendo também, com o desmatamento. Jogamos mais CO2 na atmosfera e a condição de estresse da floresta está se intensificando”, frisa a doutora em ciências. "Isso leva a aumento da mortalidade das árvores e, sob estresse, várias árvores paralisam a fotossíntese e continuam respirando. Ou seja, mais emissão de CO2 do que absorção." A pesquisadora ressalta que os dados de referência de emissões do Brasil desconsideram o impacto das queimadas e dessas mudanças na Amazônia – tema de um novo artigo que deve ser publicado em breve na revista Nature. “Se incluir isso, a situação será tremendamente pior do que os cálculos e emissões preveem hoje”, destaca.
Neste episódio do E Tem Mais, Carol Nogueira fala sobre a promessa de zerar o desmatamento do Brasil em nove anos e analisa até onde discurso e prática tem se encontrado no governo Bolsonaro quando a pauta é o meio ambiente. Quem participa da conversa é Paulo Moutinho, pesquisador sênior do IPAM, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. Moutinho fala dos erros e acertos do Plano Amazônia, o novo projeto do governo federal para proteção do bioma. Por fim, o pesquisador bate o martelo: a promessa na carta a Biden é ambiciosa ou poderíamos zerar o desmatamento muito antes disso? See omnystudio.com/listener for privacy information.
O Governo Federal anunciou o calendário oficial do auxílio emergencial 2021 e o monitor Caio Mello (do curso de Jornalismo) explica quando e como funcionarão os pagamentos. Por outro lado, o novo relatório do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) apontou que a área registrada irregularmente dentro das terras indígenas na Amazônia aumentou 55% entre 2016 e 2020, indicando um aumento da pressão sobre essas terras com ocupações ilegais e grilagem. Saiba mais detalhes sobre o estudo em questão.
O oitavo episódio do Momento Envolverde aborda a questão do desmatamento no Brasil, junto do convidado André Guimarães, diretor executivo do IPAM, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, e representante da Coalizão Clima, Florestas e Agricultura. Locução e edição: Vinicius de Oliveira Trabalhos técnicos: Leonardo Engelmann Orientação: Eloiza de Oliveira Frederico
Diante de todo o mundo, na Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro responsabilizou índios e caboclos pelos incêndios que consomem a floresta amazônica. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que o número de focos de calor registrados na Amazônia entre 1º de janeiro e 9 de setembro deste ano é o maior para este período desde 2010. Antes do fogo vem a derrubada da floresta. Segundo o Inpe, o desmatamento na floresta amazônica cresceu 34% entre agosto de 2019 e julho de 2020 em comparação com o ano anterior. De onde vêm os desmatadores? E quem é responsável pelos incêndios florestais? Qual o impacto da prática tradicional de comunidades nativas de atear fogo para limpar os roçados? Como a degradação da floresta contribui para o alastramento dos incêndios? E em que pé estão as investigações da Polícia Federal a respeito das queimadas? No Ao Ponto desta quinta-feira conversamos com a diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Ane Alencar, considerada uma das maiores especialistas em incêndios na floresta amazônica, e com o repórter Leandro Prazeres.
Enquanto os olhos do mundo estão voltados para a pandemia de coronavírus, o desmatamento da Amazônia avança. Só em abril, as queimadas cresceram 64% em relação ao ano passado, de acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). No acumulado do ano, a alta já chega a 55%. "Há uma forte evidência de que o combate ao coronavírus abra uma ocasião ideal para as atividades ilegais na Amazônia aumentarem”, adverte Paulo Moutinho, pesquisador-sênior do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e um dos maiores especialistas do Brasil sobre o tema. “E o pior: existem duas pandemias que estão começando a se combinar: a de Covid-19 e a de desmatamento na região amazônica. Elas se entrelaçam." Moutinho lembra que os períodos de seca, entre junho e outubro, favorecem as queimadas e, historicamente, resultam em mais procura nos hospitais da região por pacientes com problemas respiratórios, acentuados pela fumaça. Neste contexto, a chegada do coronavírus se transforma num coquetel ainda mais perigoso. "Um desastre sanitário se anuncia na região. É uma situação muito grave ver essas duas pandemias conversando, diz Moutinho. “Desmatador não faz home office” A ex-presidente do Ibama (2016-2018) Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima, relata que, no começo da pandemia, chegou-se a pensar que as atividades ilegais na Amazônia cairiam nos meses seguintes - mas o que se viu foi o contrário. “Desmatador não faz home office”, ironiza. Com cada vez menos fiscais para controlar a ação dos desmatadores, a curva das queimadas entrou em uma trajetória exponencial nos últimos anos. Atualmente, segundo Araújo, pouco menos de 500 fiscais estão em campo – em 2010, eram 1.300. Nesta semana, o governo federal deu início a uma operação de emergênia das Forças Armadas para tentar controlar as queimadas – uma medida com eficácia localizada e por um período curto, criticam os ambientalistas. “No ano passado, essa operação ajudou, mas não derrubou o desmatamento. Agora, é possível que tenha algum efeito, mas é insuficiente. Precisamos voltar a ter um plano de médio a longo prazo na região”, ressalta Moutinho. Ele destaca que o Brasil "já provou” ser capaz de combater a destruição da floresta ao mesmo tempo em que o agronegócio avançou. "De 2005 a 2012, o desmatamento caiu 80% e a produção de soja quase dobrou neste período." Operação militar pagaria um ano de salário de fiscais O elevado custo da operação militar, de R$ 60 milhões por mês, também é questionado. “Estimamos que dois meses de operação pagariam o salário básico de um ano de mais 1.000 fiscais, que corresponde justamente ao déficit de fiscais que temos atualmente”, observa a analista do Observatório do Clima. O desmonte das estruturas de controle, aliado a novos projetos de lei que favorecem atividades irregulares como o garimpo, enviam "um sinal muito negativo” para os infratores, salienta a especialista em legislação ambiental. “Para o controle do desmatamento, o primeiro passo é as autoridades pararem de criticar a fiscalização ambiental e estimular a grilagem. Você tem no discurso e na prática medidas que vão na contramão da proteção da floresta”, constata Araújo. MP da Grilagem sob análise remota do Congresso O exemplo mais recente é a MP-910, apelidada de MP da Grilagem. A Medida Provisório enviada pelo governo ao Congresso visa promover a regularização fundiária de áreas na Amazônia, sob o pretexto de beneficiar pequenos produtores. No entanto, na prática, o texto estimularia a ocupação ilegal da floresta. "Essa MP propõe incluir grileiros que atuaram para usurpar o patrimônio público, inclusive em grandes áreas”, frisa Moutinho. “Essa regularização seria baseada em procedimentos declaratórios, em que o requerente afirma, sem provar, que nunca realizou atividades ilegais como ocupação forçada ou uso de trabalho escravo”, afirma Araújo. "O país não precisa dessa lei, ainda mais neste momento em que o Congresso está votando de forma remota e sem a fase de comissões, que é justamente quando os especialistas são convidados para explicar o assunto.”
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em abril as queimadas cresceram 64% em relação ao ano passado na região amazônica. Paulo Moutinho, pesquisador sênior Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), aborda a questão do desmatamento ilegal durante a pandemia. Uma parceria da Agência Radioweb com a Rádio França Internacional.
Divino Silvério, biólogo e pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), fala sobre as queimadas na Amazônia. Aperte o play e entenda as causas do fogo, sua relação com o desmatamento, seus impactos no ecossistema amazônico e o desmantelamento da política ambiental brasileira. The post Amazônia em chamas appeared first on Chutando a Escada.
Divino Silvério, biólogo e pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), fala sobre as queimadas na Amazônia. Aperte o play e entenda as causas do fogo, sua relação com o desmatamento, seus impactos no ecossistema amazônico e o desmantelamento da política ambiental brasileira.
Episódio de estreia discute as queimadas na Floresta Amazônica. Por que o mundo voltou os olhos para o Brasil agora? Participam o repórter do Fantástico Álvaro Pereira Júnior e Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.
Ciclo #8MCiencia Entrevista a Christine Lucas (Estación Experimental Mario Cassinoni - Paysandú): "Tengo mucho más apoyo acá del que tendría en Estados Unidos para crear una familia y trabajar como profesional en la ciencia" La científica Christine Lucas se desempeña como coordinadora del Polo de Ecología Fluvial, un Polo de Desarrollo Universitario del Centro Universitario (Cenur) Litoral Norte de la Universidad de la República (Udelar). Fue creado para profundizar el estudio de los ecosistemas fluviales de nuestro país y conocer los efectos que los grandes cambios ambientales ocasionan en la calidad del agua y los ecosistemas. Lucas, que trabaja e investiga en nuestro país, nació en Salem, Massachusett, Estados Unidos. Debido a su interés en la ecología de ecosistemas tropicales se doctoró en la Universidad de Florida y realizó pasantías en el Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Belém, Pará, Brasil.
Panel 2 - Social Movements and Chico Mendes' Legacy for the Sustainable Development of the Amazon: Mary Allegretti, Antropóloga, Consultora Independente, Curitiba, PR Ane Alencar, Geógrafa, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Brasilia, DF Marianne Schmink, Professor, Director of the Tropical Conservation and Development Program, University of Florida, Gainesville, FL Ricardo Paes de Barros, Economista, Pesquisador do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Brasilia, DF Respondent: Mauro Barbosa de Almeida, Antropólogo, Professor da Universidade de Campinas, São Paulo, SP
Panel 2 - Social Movements and Chico Mendes' Legacy for the Sustainable Development of the Amazon: Mary Allegretti, Antropóloga, Consultora Independente, Curitiba, PR Ane Alencar, Geógrafa, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Brasilia, DF Marianne Schmink, Professor, Director of the Tropical Conservation and Development Program, University of Florida, Gainesville, FL Ricardo Paes de Barros, Economista, Pesquisador do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Brasilia, DF Respondent: Mauro Barbosa de Almeida, Antropólogo, Professor da Universidade de Campinas, São Paulo, SP