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50 anos depois das primeiras eleições livres, os portugueses voltam às urnas no próximo domingo para escolherem quem querem no Parlamento. Nestas eleições legislativas antecipadas os líderes dos oito partidos com assento parlamentar são os mesmos de há um ano atrás mas, apesar da inexistência de mudanças políticas significativas, um facto é que o voto em liberdade continua a ser essencial para que os portugueses se manifestem.O período de campanha eleitoral termina esta sexta-feira e, sendo o voto a arma do povo, será que esta campanha contribuiu para o esclarecimento dos eleitores?A RFI ouviu a opinião de Luzia Moniz. A socióloga, jornalista e ativista angolana considera que a campanha eleitoral foi “decepcionante”, deixou de fora “temas centrais”."Eu tenho um olhar decepcionante. Primeiro, eu esperava mais da campanha e acontece que a campanha está centrada em questões laterais, alguns fait-divers. É verdade que as eleições são convocadas como uma forma de aferir a ética ou não do ainda primeiro-ministro, mas eu pensava, por exemplo, que a educação fosse um tema central nessa campanha. Campanha é pobre e não aborda uma questão essencial que é a educação. No momento em que nós estamos quase no final do ano letivo e há milhares, centenas de milhares, de alunos sem professores, pelo menos a uma disciplina. Agora, como é que perante um drama desse tamanho, que é um drama que atinge toda a sociedade, as famílias, os miúdos, os menos miúdos, porque os miúdos têm pais, os professores têm filhos, atinge toda a sociedade, essa questão não entrou na campanha. A educação está ausente do discurso político, do discurso de campanha.Outra questão também que está ausente é a questão internacional, a questão europeia. Não existe Portugal fora do contexto internacional. Não é possível hoje Portugal equacionar a construção do país, o desenvolvimento de políticas inclusivas num país sem ter em conta o contexto internacional. Nós temos Trump nos Estados Unidos, que declarou uma guerra comercial ao mundo, e em todo o programa, toda a ação de campanha dos partidos, todos, da esquerda à direita, essa questão não é abordada.Outra questão que também devia estar no centro da campanha é a questão que tem a ver com o projeto de defesa comum europeu. Nós vimos que Trump entrou a matar e nessa sua entrada de leão a primeira vítima foi a Europa. A Europa foi, como eu costumo dizer, qualquerizada pelos Estados Unidos. Aquele que tem sido o aliado histórico dos Estados Unidos. De repente, Trump chega à Casa Branca e qualqueriza a Europa. E a Europa ficou, nos primeiros tempos, hesitante porque não tinha um plano, apesar de Trump ter avisado, ao longo da sua campanha, o que ia fazer. Porque o Trump não está a fazer nada que nos surpreenda desse ponto de vista. A Europa é que não tomou as medidas certas para, eu não digo resolver, mas atenuar o efeito do embate. Não fez isso. Esta é uma questão que também está ausente da campanha. E creio, pelas mesmas razões, está ausente a questão da educação, porque os dois partidos do arco da governação, o PSD e o PS, têm as suas responsabilidades nessa questão.Mas há uma questão também ausente nessa campanha, que é a questão da igualdade racial. Isto não é um problema de somenos, nenhum dos partidos, nem a esquerda, nem a direita, aborda essa questão e tinham muitas razões para trazer esse problema. Porque tivemos há bem pouco tempo o assassinato do Odair Muniz, um jovem cabo-verdiano, que foi assassinado pela polícia sem nenhuma razão e justificação. Aliás, os autores do crime ainda não foram constituídos arguidos, mas já há um inquérito que os responsabiliza. Perante isto, é preciso que os partidos que não estão na extrema-direita, por exemplo, coloquem freio a isto. Porque uma sociedade com desigualdade racial é uma sociedade com dificuldade de cumprir a democracia. Não há democracia com desigualdade, seja ela qual for, e a desigualdade racial é isso, é um empecilho ao cumprimento da democracia. É verdade que nós vamos notando, por exemplo, a forma como a questão da imigração está a ser discutida nessa campanha, tem por mote o posicionamento da extrema-direita.Eu tenho mesmo muita pena que até a esquerda, não toda a esquerda, mas estou a pensar numa esquerda como Partido Socialista, de certa forma, vai atrás daquilo que é a agenda da extrema-direita, o posicionamento da extrema-direita em relação à questão da imigração. E o PSD, já não se fala, claramente aproveitou o tema para ganhar votos, para retirar votos à extrema-direita".RFI: Há uma verdadeira preocupação da sociedade portuguesa ou está a ser exacerbado o peso dos imigrantes?Lúzia Moniz: "Eu acho que está a ser exacerbado. Porque nós temos que olhar o que é que a extrema-direita em Portugal representa em termos de votos. Nas últimas eleições teve 18%. Quer dizer que há mais de 80% do eleitorado português que não quer aquela linha política. Então, o que era preciso é que os partidos que não são do extremo, mas hoje é muito difícil olhar para o PSD, para o partido com o título de social-democrático, e não ver ali um extremismo ou uma tendência para aderir à agenda da extrema-direita. É visível, sobretudo nessa questão dos imigrantes, mas também nas questões económicas. Também há ali um radicalismo, que me faz lembrar um pouco o Milei da Argentina. Eu estou com algum medo que depois das eleições nós não tenhamos aqui em Portugal um Milei dois. Já nos basta ter um Milei e um Trump daquele lado da América, e já temos um Orbán aqui na Hungria.Termos um Milei dois aqui em Portugal será uma catástrofe do ponto de vista social, até porque nós estamos a falar de um país que na Europa é um país considerado pobre. Portugal não faz parte das grandes economias europeias e, como tal, um país desta natureza tem de ter um Estado Social forte.Portugal hoje tem, mais ou menos, dois milhões de pobres. Se não fosse esse Estado Social, nós teríamos uma população com quase 50% de pobres. É preciso olhar para estas questões do ponto de vista da justiça social. E eu não sinto isso nos programas. Eu li os programas. Eu não vejo esta preocupação do ponto de vista da justiça social de priorizar e priorizar e priorizar aqueles que estão na base da pirâmide social. Porque só assim é que se constrói uma sociedade de igualdade".RFI: Como mulher africana, sentiu-se representada durante esta campanha?Luzia Moniz: "Não! Nem nessa campanha, nem nos espaços de poder.Nós vivemos numa sociedade que é estruturalmente racista. Esse racismo estrutural nós temos, inclusive, dentro dos partidos. Provavelmente como está naturalizado isso, eles nem sequer se apercebem, dentro do partido, esse racismo estrutural. Nós não encontramos, por exemplo, em nenhum desses partidos do poder, estou a falar do PSD ou do PS, e dos outros partidos também, nas suas lideranças, não há negros. Não é porque não haja negros, porque eu conheço muitos negros (dentro dos partidos).Eu não sou militante de coisa nenhuma, eu sou militante das causas em que acredito e não de partidos e instituições como tal. Mas eu tenho amigos, tenho pessoas das minhas relações que fazem parte desses partidos, pessoas com bons currículos políticos, mas eles não têm a visibilidade. Não têm nos seus partidos, o que lhes impede de ter visibilidade nos grandes mídias. Estou a falar, por exemplo, da televisão. O que é política? Essencialmente é comunicação e é visibilidade. É muito difícil alguém ter uma ascensão política se não passa nos mídias de referência como as televisões. E se não tem visibilidade, não existe. E esta naturalização desse racismo, que muitas vezes é de forma subreptícia, é que leva que não nos sintamos, nós os negros e afrodescendentes, não nos sintamos representados por esses e nesses partidos. Aliás, nós vimos agora, quando foi da constituição das listas dos partidos, neste caso do PS, como a inclusão de uma jovem negra, que é do rap, uma miúda até muito bonita e muito inteligente, a Eva, foi notícia. O facto disto ser notícia mostra o tipo de sociedade que nós temos. Isto não devia ser notícia. Nos outros países, estou a pensar numa Inglaterra, estou a pensar de França, por exemplo, ou mesmo dos Estados Unidos, que só tem 13% de negros, a inclusão de negros no Partido Republicano ou no Partido Democrático Americano não é notícia. Aliás, a não inclusão é que é notícia. Mas aqui não existe e ainda é notícia. E isto eu não vejo nenhum partido, nenhum, da extrema-esquerda, da extrema-direita, a olhar para este problema e dizer, nós temos aqui um segmento da nossa população para qual o Estado investiu formando essas pessoas. Porque nós estamos a falar de gente muito bem formada e eu conheço muito dessa gente. O Estado investiu, mas nós não estamos a retirar o retorno daquilo que foi o investimento do Estado. E ninguém ainda se lembrou, e era muito interessante que os investigadores fizessem isso, quanto custa em termos económicos o desaproveitamento de um segmento da população portuguesa que são os negros e os afrodescendentes. Porque isso tem um custo. Se eu tenho uma formação para ser bióloga e se em vez de ser bióloga ando a lavar escadas, em termos económicos há aqui uma perda para o Estado. Era interessante ter esse trabalho. Talvez isso assustasse um pouco os políticos e mudem a sua atitude e pensem em encontrar formas políticas. Porque o racismo estrutural é um problema político. Os problemas políticos têm que ter soluções políticas, não há outra forma de resolver isso".
No rescaldo do Debate da Rádio, a coordenadora do Bloco de Esquerda garante que o objetivo do partido é tentar passar uma mensagem de esperança contra os extremos.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Links das Pesquisas:
António Mendonça Mendes (PS) não fecha a porta a uma nova geringonça, mas diz que só é possivel se o PS ganhar as eleições. Já Catarina Martins (BE) critica PNS por ter afastado soluções à esquerda.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Há o dentro e o fora. As pequenas causas e as grandes cousas. Nestas últimas, enfrentamos o “blitzTrump”: um mês de presidência por decreto em que a Casa Branca até já publicou uma fotografia do Presidente com uma coroa de monarca. O mundo mudou e na Europa, por entre calafrios, não há dúvidas de que terá mudado para pior. Trump, ao mesmo tempo que chama ditador a Zelensky, combina visitar Moscovo para um abraço a Putin. Enquanto estas cousas se passam no mundo, o parlamento português debate a primeira moção de censura a Montenegro. Com ela, durante uns dias não se falou de malas roubadas nem de prostituição de menores por 20 euros. Ao mesmo tempo, Marques Mendes revela as suas causas presidenciais e Gouveia e Melo põe por escrito o seu programa de uma candidatura que é o segredo mais mal guardado da política portuguesa.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Nestas duas semanas que antecedem os Óscares estreiam os dois filmes de animação nomeados que ainda faltavam: "Flow - À Deriva" e "Memórias de um Caracol".
No episodio inaugural do 2025 acompáñanos a Marta Veiga, xornalista e mestra, sospeitosa habitual nas Womansplainers. Nestas datas natalicias é moi común xogar á lotería, intercambiar décimos e mercar rifas. Mais que opinamos da publicidade e cobertura informativa que se lle dá nos medios a este xogo de azar estatal? Causa isto problemas de ludopatía? Que probabilidades hai de gañar? Falamos de supersticións e tradicións arredor da lotería, deteorías da conspiración e de métodos matemáticos que xogan coas reglas do xogo para gañar. Ademais, tamén descubriremos que tipo de sorteos son habituais noutros países e unha lotería mexicana moi especial. Agardamos que desfrutedes do primeiro episodio do ano e que escoitar as Womansplainers siga sendo tradición no 2025!
Nestas férias escolares, o Sesc Palladium recebe, do dia 31 de janeiro a 2 de fevereiro, a montagem infantil 'Disney Princesa, o espetáculo', que reúne músicas de mais de 20 produções clássicas da Disney.
A cultura hoje é essa espelunca onde o espírito entra e sai como e quando quer, ficando sempre incólume. É mais um dos tantos instrumentos de prostituição ao dispor. Mas cada vez fica mais difícil ir da medida à desmesura, ou do cálculo ao delírio. A coragem, naquele sentido de uma forte declinação do nosso nome, há muito que se perdeu. Ninguém exige novas formas de sentir, novas formas de pensar, e não podíamos estar mais longe de cumprir o projecto de Nietzsche, que passava por fazer da cultura (fosse só isto de ler, ou mesmo escrever, tocar, cantar, pintar, desenhar, viver) uma experiência radical. Já ninguém toma por porcos esses que abdicaram do esforço de dizer o essencial, sem hesitações, sem desculpas. Cada um para seu lado busca patentear algum drama insosso que lhe sirva de ingresso. Mais valia que aparecesse por aí uma geração sem esta ganância de delimitar fosse o que fosse, antes preferisse servir-se da escrita para misturar tudo, focando-se nesse labor contínuo de nos misturarmos mais e mais, criando um caos pela primeira vez sem medo, como propôs alguém. Edmond Jabès admite que qualquer palavra dita em voz alta se mostra subversiva em relação àquelas que são silenciadas. A nossa época pouco mais tem inventado além de ruídos, sendo que só na gestão dos seus silêncios se mostra verdadeiramente estratégica. Em vez de uma recusa, apenas cautelosas retiradas. Incapaz de fazer verdadeiras escolhas, limita-se a resignar-se face ao estado de coisas, tentando tirar dali algum proveito. è um tempo de algemas, em que a toda a hora nos cruzamos com seres que morreram prematuramente. Tudo são mostradores, folhas de calendários, ampulhetas, medidores de toda a espécie. O relógio é quem dá aulas de música e ritma o sangue. A ter uma especialidade, aquilo que este tempo sabe como fazer melhor que qualquer outro é criar ausências, como notou Ailton Krenak, alimenta as ilusões apenas para desgastar e mastigar cada um, para depois vir pregar o fim do mundo. Mesmo entre os que insistem em falar de poesia, há sempre aquele esforço de degradar o elemento de paixão que esta comporta. Pronunciam-se e escrevem sobre poesia como se esta fosse uma tarefa, vinca Borges. "Todas as vezes que mergulhei em livros de estética tive a sensação desconfortável de ter estado a ler livros de astrónomos que nunca olharam para as estrelas." Se em tempos os poetas lembravam que deve esperar-se de tudo por parte do futuro, hoje, há um género particularmente sinistro de tipos que, em vez de repudiar esses entusiasmos, se dedica a escrever versos, numa espécie de excreção que, de tanto se publicitar como poesia, dá uma péssima ideia da coisa. Também uma certa ideia de juventude que se empenhava em realizar uma redenção da cultura moderna, e tinha uma aspiração anarquista e romântica, se vê por estes dias alvo de constantes campanhas de desmoralização e de bloqueio por parte dessa mesma categoria de usurpadores. Nestas figuras ilustradas, tudo é adiposidade, que lhes dá aquela convicção daqueles que se limitam a prever o pior. Ora, nada é mais fácil, como assinala Canetti, pois quanto mais terrível for a previsão, tanto mais será verdadeira. Mas admirável seria prever algo positivo, uma vez que só isso é que se mostra improvável. Nada pior do que dar por si em minoria face a este tipo de canalhas. A partir de um certo ponto, nem são realistas nem sequer pessimistas, tendo começado a apostar no pior resultado com uma convicção tal que o seu orgulho passa a depender disso. Rapidamente se colocam ao serviço desses cenários paranóicos, e tudo fazem no sentido de impossibilitar a alternativa. Imaginam-se dotados de uma frieza que lhes permite desmascarar todos esses subversores que ameaçam levar mais fundo a infecção delirante, e, no entanto, eles é que impõem um final para o qual não há saída. Querem extirpar e perseguir até ao último cada um dos mitos românticos de outros tempos, esta gente que morreu velha sem alguma vez ter beijado nos lábios qualquer reflexo da sua juventude, e, assim, servem-nos os velhos trastes do costume, como para justificar o seu reinado de múmias. Depois de uma certa idade, para eles ler Rimbaud é como saltar um muro ao fim-de-semana para cheirar linhas de coca nos lavabos do nosso antigo liceu. Já Artaud é simplesmente uma tremenda falta de educação, como quem coça a alma com a mesma mão com que pouco antes coçara o rabo. Nem se vê como possa a literatura ser mais que uma justificação airosa para passar a vida sentado, e só um louco para colocar em cima do escritor, do poeta, algum tipo de dever. Pois Artaud garantia que não lhe cabe ir encerrar-se cobardemente num texto, num livro, numa revista de onde nunca mais sairá, mas, pelo contrário, deve sair, andar cá fora, para agitar, para atacar o espírito público... Mas os nossos intelectuais que só saem de casa para ir ao restaurante ou aos festivais, nem estão bem a ver o que possa querer dizer isso de "cá fora". Neste episódio, quisemos confrontar os modos dessa ideologia reactiva e atávica que tem dominado os processos culturais, e para este exercício contámos com o navio fantasma do nosso Oh-captain-my-captain, António Guerreiro, durante décadas crítico de plantão nas urgências literárias, e uma referência de todos os que saíram à rua empunhando uma caneta e desejosos de realizar cirurgias estéticas com os pacientes deitados em cima das páginas de jornais, e hoje controlador áereo numa torre com vista para as zonas de baixa pressão, onde vai traçando diagnósticos selvagens sem perder de vista as patologias principais da época.
Os franceses e o mundo católico acompanharam este fim-de-semana a reabertura a catedral de Notre Dame de Paris, cinco anos após o incêndio que a destruiu quase totalmente. As celebrações da reabertura da catedral de Notre Dame de Paris prosseguiram este domingo, 8 de Dezembro, com duas missas. Pela primeira vez desde 2019, a Sé de Paris celebrou uma missa com público.O Presidente Macron esteve presente, reafirmando o compromisso pessoal com a restauração do edifício histórico. A cerimónia religiosa contou com mais de 170 bispos de todo o mundo, bem como representantes das paróquias da diocese de Paris.No sábado à noite, o arcebispo de Paris, Laurent Ulrich, abriu as portas da catedral para uma cerimónia em dois tempos: político e litúrgica. O arcebispo de Paris bateu três vezes com a sua cruz nas portas, abrindo-as novamente ao público.No seu discurso, dentro da catedral, devido ao mau tempo, o Presidente francês, Emmanuel Macron, expressou a "gratidão da nação francesa a todos os que salvaram, ajudaram e reconstruíram" a catedral de Paris.Foram ainda homenageados os bombeiros e artesãos que ajudaram a salvar a catedral gótica do século XII.O monumento histórico voltou a abrir perante caras bem conhecidas: o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Joe Biden estive ausente, mas representado pela esposa, Jill Biden, o príncipe William, em nome do Reino Unido, bem como o empresário norte-americano Elon Musk. O Presidente guineense, Umaro Sisocco Embaló, o primeiro-ministro são-tomense e a secretária de Estado da Cultura portuguesa marcaram presença.Patrice Trovoada recordou o dia 15 de Abril de 2019 e descreveu um choque emocional. "Todas as televisões estavam viradas para o incêndio. O primeiro choque emocional fez-me pensar no 11 de Setembro, ao ver o edifício a ser consumido pelo incêndio e cair aos pedaços. Tendo vivido uma parte da minha juventude em Paris, é evidente que ficamos com uma grande tristeza, mas o facto de o governo francês, dos franceses terem, em cinco anos, recuperado o edifício mostrou uma forma de resiliência, de engajamento, de patriotismo, é positivo", descreveu.O chefe de governo são-tomense reconhece a reatividade da França e dos franceses para restaurar em cinco anos o monumento histórico. "Há muitas coisas positivas: a tecnologia, mas também a preservação de métodos antigos, criativos. Não só o património, mas as pessoas, os artesãos que conseguiram salvaguardar o monumento", acrescentou Patrice Trovoada, sublinhando a importância deste ter havido um dialogo inter-religioso."Estive ainda há uns meses com a Sua Santidade, o Papa Francisco, e estou convencido de que a Igreja Católica está aberta ao diálogo inter-religioso. O mundo precisa de tolerância e precisa de paz e é por isso que estamos todos aqui, católicos, muçulmanos, laicos e outras religiões", concluiu.Em Abril de 2019, na altura do incêndio, o arquitecto português Amadeu Magalhães, chefe de projeto no atelier parisiense PCA-STREAM, acreditava que era tempo de repensar a Catedral de Paris. Passados cincos anos, o debate em torno da estética inicial passou para segundo plano: "Aquando do incêndio, tenho memória de ter dito que seria provavelmente uma oportunidade para repensar a Notre-Dame. A estratégia que foi definida foi claramente outra; foi a de reconstruir. Mas também essa parte de reconstruir teve o seu interesse porque foi reconstruído, utilizando métodos diferentes, introduzindo elementos diferentes em relação ao que existia. Não podemos esquecer que estamos a trabalhar num edifício que é património mundial, que tem a sua autenticidade histórica. Houve bastantes pressões internacionais para se manter esta identidade da Catedral. Era uma estrutura que estava em perigo, o incêndio afectou muito a estabilidade do edifício, então foi necessário utilizar métodos que deixassem proteger de certa forma a estrutura existente e que permitissem receber, de novo, as estruturas dos elementos que tinham caído", descreve o arquitecto.O Papa Francisco enviou uma mensagem lida pelo arcebispo de Paris, Laurent Ultrich, durante a cerimónia oficial de reabertura da catedral. Na mensagem, o Papa pediu às autoridades francesas que acolham "generosa e gratuitamente" a "enorme multidão" de pessoas que vão querer visitar a reconstruída catedral de Notre-Dame, em Paris.A mensagem do Papa, que não esteve fisicamente na cerimónia, surge na altura em que o ministério francês da Cultura levantou um debate, propondo que seja cobrada a entrada aos visitantes de Notre-Dame.São esperados 15 milhões de visitas anuais, Notre-Dame de Paris vai voltar a ocupar o lugar como um dos marcos culturais e espirituais mais importantes do mundo. "Rever de novo a Notre-Dame é muito bom. Vamos perceber que não foi feita da mesma forma, mas se calhar até foi enriquecida com as técnicas como foi reconstruída. Vai voltar a trazer todas aquelas pessoas que se deslocavam, que ouviam falar de Notre-Dame, que vinham a Paris", acredita Amadeu Magalhães.A catedral gótica do século XII nasceu num tempo em que se construía uma nova relação entre o Homem e Deus. Assume-se, hoje, como um pilar de valores, sobretudo num mundo de fragilidades, defende a secretária de Estado da Cultura portuguesa, Maria de Lurdes Craveiro.A catedral de Notre Dame "congrega valores simbólicos importantíssimos. Não é por acaso que ela nasce num tempo em que se começa a construir outra relação do Homem com Deus. Não é muito em função de toda uma prática filosófica de matriz religiosa, e com São Tomás de Aquino, à mistura, que apela a outra participação do homem, como destinatário e construtor do seu destino. Os modelos artísticos que se propagam decorrem muito a partir, não exatamente em primeira mão da Catedral, mas a partir do trabalho laborioso do abade Suger, que, exactamente às portas de Paris, projecta este modelo de construção e de articulação entre o Homem e Deus. Portanto, é uma nova relação que se constrói e que se projecta, tanto que a partir daqui", explica-nos.Maria de Lurdes Craveiro lembra o carácter cíclico destas tragédias: "As igrejas, de maior ou menor dimensão, são organismos que têm a sua própria vida, organismos que se desgastam, organismos que são construídos a partir de materiais perecíveis e, portanto, estão, de alguma forma, também condenados a uma vida que tem princípio, meio e fim. Os incêndios fazem parte da trajectória normal das construções porque são construídas por vários materiais, obviamente, onde consta a madeira, que não deixa de ser um material frágil e portanto, a determinada altura, ocorrem estas situações. Nestas ocorrências, na medida do possível, tentamos essa recuperação, como se verificou neste caso concreto aqui em Notre-Dame".A estrutura de madeira destruída depois do incêndio foi reconstruída a 32 metros de altura, utilizando ferramentas do século XIII. Foram precisas 20.000 horas de estudo para conceber esta nova estrutura, 100.000 horas de trabalho nos ateliers e 40.000 horas de montagem. A limpeza minuciosa dos vitrais, uma tarefa considerada impossível dentro dos prazos temporais, foi bem sucedida e resultou numa catedral que nunca esteve tão iluminada. O custo da restauração ultrapassou os 700 milhões de euros, financiados por 340.000 doadores.
O mundo tornou-se novamente exterior, absurdamente exterior, ao ponto de nos causar arrepios, mas a nós, hoje, tudo nos faz mossa. Nestas transfusões de sangue amarelo recebidas dos sistemas digitais, estamos cada vez mais uns bichos de aviário. E dividimos tudo em categorias, e temos infinitos protocolos de segurança, de desinfecção. Cá dentro, aquilo que nos provoca cócegas são as luzes, os sons, todas essas cores a pintalgar o cenário, e os ecrãs com as suas informações habituais. "Superfícies, superfícies, não há perigo se as atravessarmos, se estivermos nelas ou elas em vós. Fazei por continuardes superficiais, com as vossas emissões superficiais para receptores superficiais", aconselha Michaux. Lá fora chove, bátegas d'água, e tudo isso perturba o sinal. Nós mesmos somos afectados, o ambiente torna-se malsão. O espírito, o mecanismo cerebral tropeça, manobrando com dificuldade. Mas o que se há-de fazer? São cada vez mais constantes os temporais. Às vezes acordamos com a sensação de ter engolido uns baldes, e tudo isso nos subiu à cabeça. Esta, meio vacilante, começa a pregar-nos partidas, às vezes dolorosas. Estas nossas consciências subornadas pelo consumo até à letargia têm-se revelado bastante frágeis, escondemo-nos nessas superfícies, e as nossas ideias foram-se adaptando a meros reflexos, sem verdadeira profundidade. Quando falha a luz é uma autêntica catástrofe. E o pior é que sem essas meditações guiadas pela fiada de projectores, o vazio com o seu rumor de penas coloca-se a nosso lado e põe-se a devorar-nos o fígado. De resto, a companhia é terrível. Estamos cercados de toda a espécie de canalhas cuja obra são as suas infindáveis justificações. “Há muitos que, deixando cair um amigo, um amor ou o peso de um dever, se desculpam, a seus próprios olhos, evocando a obrigação de fidelidade para consigo mesmos — que é, muitas vezes, apenas o modo mais cómodo e cobarde de se enganarem a si mesmos. Pois quantas pessoas existirão capazes de conhecer tão exactamente as leis da sua própria evolução para poderem saber se essa infidelidade em relação a uma pessoa ou a uma coisa não era, ao mesmo tempo, o pior que cometeram em relação a si próprios?” Assim o viu Arthur Schnitzler. Vivemos cobardemente encerrados nas mais podres fantasias, sendo evidente como as crenças actuais se mostram cada vez mais débeis. "Aqui o limbo além o paraíso além o inferno/ que cheiro a despegado meu general". Tivemos a ambição de sair a investigar o nunca visto, derrotando cada um dos nossos caprichos, até sentirmos de novo algo que se pareça com um ímpeto famélico, fazendo desabrochar em nós um vício urgente, que nos sustente para o resto dos dias, confiando-nos à desgraça mais certa. Mas nisto tudo, de tanto nos tirarmos o pulso, levarmos em conta os indicadores deste evidente desgaste, que diagnóstico se pode fazer? Alguém ali levantou a mão... Talvez uma pergunta nos pudesse transportar noutra direcção. Mas esse é um dos dramas do nosso tempo. Quem é que ainda formula perguntas com real empenho em que lhe respondam? Descontando as crianças, quase ninguém. De tanto nos cuspirem em cima essa música que faz as vezes da consciência, já não sabemos exactamente onde começa ou acaba a nossa própria cabeça. Desfizeram o nosso juízo de tanto o mexerem com a colher de pau do senso comum. Seria terrível se falhasse a luz, mas talvez, passados uns meses, os pensamentos autónomos ressuscitassem. Estou outra vez a tremer, e sinto a falta de um braço que possa apertar. Deixa-me ler-te uma coisa do avô Teodoro: “Num dos seus ensaios, Aldous Huxley levantou a questão de quem, num lugar de diversão, estará realmente a divertir-se. Com a mesma justiça, pode perguntar-se quem é que a música para entretenimento ainda entretém. Na verdade, parece complementar a redução das pessoas ao silêncio, o desaparecimento da fala como expressão, a incapacidade de se comunicar de todo. Habita as bolsas de silêncio que se desenvolvem entre pessoas moldadas pela ansiedade, pelo trabalho e por uma docilidade pouco exigente. Por todo o lado, assume, sem dar nas vistas, o papel mortalmente triste que lhe coube no tempo e na situação específica dos filmes mudos. É apercebida apenas como música de fundo. Se já ninguém consegue falar, certamente já ninguém consegue ouvir." Já era muito tarde, desta vez. Esta tendência de formarmos bandas de três, andando à chuva, cobrindo distâncias com o vento a soprar e encher as velas do improviso é o que ainda assegura esta noivadiagem. Desta feita, foi o Bruno Peixe Dias quem exumou a estrela sextavada que há no corpo do rio, e trouxe o seu embalo profano habituado a carregar aos ombros filósofos completamente derramados e a soluçar dos prostíbulos até às moradas familiares, inventando pelo caminho as aventuras mais cativantes, de tal modo que as mulheres os acolhem como heróis épicos nesta Ulisseia à deriva. Hoje, não houve festa. Estivemos ali debaixo do telheiro a ouvir o piano ronceiro da chuva, e lá fomos do gargarejo para aclarar a garganta até à serenata que, se não serve para pagar as contas, pelo menos acalora.
1. Contubernio electoral: Documentos evidencian irregularidades en la CEE. Cartas y declaraciones juradas evidencian aparentes esquemas que siguen saliendo con el voto adelantado en Cidra, pero hay silencio para que la gente olvide2. Movimiento Victoria Ciudadana solicitó al PIP dividir escaños legislativos si se activa la Ley de Minorías3. Mientras, se unen los partidos para ocultar los votos por nominación de directa de Eliezer Molina. Siguen las irregularidades4. Denuncian misteriosos sonidos que quitan el sueño a vecinos de Guayanilla5. Roy Brown ante demanda federal: “Tengo derecho a recuperar lo que es mío”. El cantautor de la música patriótica pro-independencia, acudió a la corte federal para denunciar a la corporación Latin American Music Co. por una aparente violación de derechos de propiedad6. Comité federal aborda los efectos económicos de los Casos Insulares7. Comité de transición descubre ahora lo que la prensa independiente viene denunciando hace casi 3 años: el caos en Corrección. Gobierno de JGO cuestiona decisiones en Corrección: “Este Departamento necesita cambios dramáticos”8. Hoy se negocia un posible alto al fuego entre Israel y Líbano, 9. Trump amenaza con imponer tarifas a México, Canadá y China;10. ¿Criminal o caudillo? Lo pintan como incitador del caos pero él dice que exige agua y comida para el pueblo. Conocido como “Barbecue”, el revolucionario expolicía haitiano, líder de las gangas, ofrece una entrevista en YouTube mientras las fuerzas internacionales quieren silenciar sus denuncias de corrupciónEstas son algunas de las noticias que tenemos hoy En Blanco y Negro con Sandra.AUDIO: Este es un programa independiente y sindicalizado. Esto significa que se transmite simultáneamente por una serie de emisoras de radio y medios que son los más fuertes en sus respectivas regiones, por sus plataformas digitales, aplicaciones para dispositivos móviles y redes sociales. Estos medios son:1. Cadena WIAC - WYAC 930 AM Cabo Rojo- Mayagüez2. Cadena WIAC – WISA 1390 AM Isabela3. Cadena WIAC – WIAC 740 AM Área norte y zona metropolitana4. WLRP 1460 AM Radio Raíces La voz del Pepino en San Sebastián5. X61 – 610 AM en Patillas6. X61 – 94.3 FM Patillas y todo el sureste7. WPAB 550 AM - Ponce8. ECO 93.1 FM – En todo Puerto Rico9. Mundo Latino PR.comPodcast disponible en Spotify, Soundcloud, Apple Podcasts, Google Podcasts y otras plataformas https://anchor.fm/sandrarodriguezcotto --- Support this podcast: https://podcasters.spotify.com/pod/show/sandrarodriguezcotto/support
O sábado 16 de novembro de 2024 a partir das 19.30 horas na S.C.R.D. Agarimo de Sillobre, a Banda de Gaitas Tradicional Airiños de Fene celebrará a súa XXXVI Xuntanza de Gaiteiros, actividade que se organiza todos os anos desde 1988. Nestas xuntanzas, ademais da participación de distintas bandas, grupos ou músicos, realizan unha homenaxe a algunha persoa, grupo ou entidade que se caracterizou por gardar, recoller, recuperar e dar a coñecer a música tradicional galega. Nesta XXXVI Xuntanza homenaxearase a Luar na Lubre. O grupo, constituído na Coruña no ano 1985, editou vinte discos, con vendas que superan as 350.000 unidades, e actuou en máis de corenta países de Europa, América e Asia.
Nestas eleições nos Estados Unidos, Nuno Rogeiro e Germano Almeida comentam no Jornal da Noite de 5 de novembro antes do fecho das urnas. Vamos ter Trump presidente e o congresso dominado pelos democratas? Ou o contrário? E o que será mais decisivo nestas eleições? Podemos avaliar o voto das mulheres como um todo? Oiça aqui as análises dos comentadores da SIC. See omnystudio.com/listener for privacy information.
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela divulgou nesta quarta-feira (30) um comunicado criticando a postura do assessor especial para a presidência do Brasil, o diplomata Celso Amorim. O texto, de quatro páginas, começa com Jorge Rodríguez afirmando que Amorim “sempre pareceu mais um enviado de Jake Sullivan que do presidente Lula”, em referência ao principal conselheiro de segurança nacional da Casa Branca. Elianah Jorge, correspondente da RFI em CaracasO presidente da Assembleia Nacional reforçou que antes das eleições de 28 de julho manteve contato telefônico com Amorim. Nestas conversas, Rodríguez disse que o brasileiro repetia com constância o nome de Jake. E reforçou: “Amorim veio em nome de Sullivan para buscar danificar o normal desenvolvimento da eleição presidencial na Venezuela”.O encarregado de negócios do Brasil na Venezuela foi convocado a comparecer na chancelaria venezuelana. A embaixadora do Brasil, Glivânia Oliveira, está de férias, por isso ela não foi convocada. O governo venezuelano também chamou Manuel Vattel, embaixador da Venezuela no Brasil, a vir a Caracas.É esperado que a Assembleia Nacional vote para declarar Celso Amorim persona non grata na Venezuela. O assessor especial esteve na capital venezuelana durante as polêmicas eleições de 28 de julho, quando Nicolás Maduro foi declarado presidente eleito sem, no entanto, o Conselho Nacional Eleitoral ter divulgado as atas da votação.Na ocasião, o Brasil questionou a ausência de transparência na votação. O clima entre Brasília e Caracas ficou ainda mais tenso após o Brasil vetar a entrada da Venezuela no bloco econômico dos Brics, cuja reunião aconteceu semana passada na cidade russa de Kazan.A decisão de Jorge Rodríguez foi motivada pelo comparecimento de Celso Amorim na comissão de relações exteriores da Câmara dos Deputados para explicar a posição do Brasil em relação ao processo eleitoral venezuelano. Amorim destacou que “o princípio da transparência não foi respeitado” e que, portanto, não reconhece esse resultado nem a vitória que a oposição atribui a Edmundo González.
O artista português Márcio Carvalho participou pela primeira vez na mais importante feira de arte contemporânea africana europeia, AKAA - Also Know as Africa, em Paris. Márcio Carvalho apresentou os projectos "Falling Thrones" e "Memories for 14 busts", sobre memória e espaço público em torno de temáticas pós-coloniais. RFI: Participa pela primeira vez na feira de arte e design africanos AKAA - Also Know as Africa. Que obras apresenta?Márcio Carvalho: Eu estou a apresentar trabalhos em desenho de duas séries que eu tenho estado desenvolver desde 2021. Uma delas chama se Falling Thrones e a outra chama se Memories for 14 busts. Ambos os trabalhos têm que ver com memória e espaço público. Como é que nós recordamos enquanto corpos biológicos, mas também como nos recordamos enquanto corpos colectivos? Tipo um hipocampo colectivo social e como é que nos recordamos do nosso passado em comum.Já esteve em exposição em Marselha, no sul de França, na exposição Europa Oxalá, uma exposição que percorreu vários países. Uma exposição que falava desta temática que o acompanha, que é a questão da memória.Foi uma exposição incrível na qual participei, tive todo o orgulho de trabalhar com esta série de artistas incríveis, com os curadores também incríveis António Pinto Ribeiro, Aimé Mpane, Katia Kameli. Foi muito interessante não só expor, mas também ter a oportunidade de debater com eles este tipo de temáticas pós-coloniais, não só na ideia de trazer de volta as teorias pós-coloniais, mas da prática pós colonial. A arte como um veículo de prática pós colonial e de descolonização, seja do território, seja da linguagem de várias frontes. Mas como é que se faz isso na prática?A questão é essa como é, como é que se faz isso na prática? Como é que se faz isso na arte?Por exemplo, existe a possibilidade, em Lisboa, de fazer uma contextualização de alguns objectos coloniais que estão num espaço público. E a contextualização nunca pode ser uma coisa feita à porta fechada. Se for feita à porta fechada, o que acontece? Não existe participação da sociedade civil. A arte pode fazer essas pontes com a sociedade civil. Tu não precisas ser literário em arte, tu não precisas ser um expert em arte para poderes interagir com a arte, para poderes participar em projectos artísticos. É esta coisa que a arte pode fazer que é muito interessante, que é trazer esses públicos para dentro, não só do discurso artístico, mas também do discurso político, social, cultural, contextual e dos contextos de onde está a operar.Por que motivo ainda é tão difícil e se fala de forma tão tímida, de descolonização?É uma muito boa pergunta. Eu acho que todo o processo de colonização foi um processo que levou centenas de anos a consolidar. No caso de Portugal, através do Estado Novo, houve uma consolidação do colonialismo ainda maior. Houve um género de um forjar da identidade portuguesa indissociável do colonialismo. É uma coisa que perdura até os tempos de hoje. Vivi na Alemanha muito tempo, apresentei trabalho em cinco continentes diferentes e vejo que há muitas frontes, muitos países, muitos contextos que já falam destas coisas há muito tempo.Portugal ainda está muito atrasado. Porquê? Talvez por isso, porque tivemos uma ditadura durante muitos anos e foi uma ditadura que forjou. Foi propositado criar uma cultura colonial para que o português sinta que sem as ditas descobertas não tem história. Eu não tenho história se não tiver esta parte, o que é errado, porque existe muita história no continente e existe dentro da parte colonial. Existem histórias de interacções entre povos e essas são as histórias que podem ser interessantes, onde portugueses se encontraram com nigerianos, onde portugueses encontraram muçulmanos e se entre-ajudaram para ir ao encontro de espaços que nunca estiveram e ao encontro de culturas que nunca tiveram acesso. Essa poderá ser a história interessante, mas não podemos saltar para essa história antes de descolonizar a história. A história como está nos manuais escolares que as crianças, desde a primária até ao ciclo até ao secundário, andam a aprender ainda hoje.Tudo começa por ir, pela educação?Claro, tudo começa por aí. Existem uns projectos interessantes que estão a acontecer em Lisboa e nos quais estou envolvido, com Plano Nacional das Artes, onde existe a ideia de começar exactamente pelos manuais escolares. Estamos a fazer um update. Estamos no século XXI, a Europa está toda engajada nesta ideia de descolonizar, mas na prática e com certeza que temos que começar com os manuais escolares. Eu fiz projectos com crianças, o último projecto que fiz foi com a Gulbenkian, chama-se Lugares. Trabalhámos com 164 crianças de cinco escolas diferentes, fomos a escolas durante nove meses, trabalhámos com estas crianças sobre a ideia de poder, o lugar do poder. Quem é que tem poder, quem é que não tem poder.O que é que representa o poder?O que é que representa o poder... Quem é que tem direito ao poder. Estas crianças que são crianças que vêm de montes de sítios diferentes e são descendentes de diferentes culturas, necessitam deste tipo de exercício de pensar no poder, porque eles não se vêem representados na sociedade. Porque a sociedade, o dito português, é um português e uma pessoa de classe média alta, branco que não condiz com a realidade que nós temos hoje, especialmente em Lisboa. Todos os meus amigos que vêm da Alemanha, que vêm da França, chegam a Portugal e dizem 'Uau, isto é incrível! Isto é, parece mesmo uma cidade multicultural'.Como encontramos aqui em Paris, por exemplo...Como encontramos aqui em Paris também, claro, e noutras cidades europeias. Como diz António Sousa Ribeiro; 'temos que confrontar a história e temos que mudar a história', mas não se trata apenas de um processo de substituição. Agora substitui-se uma história por outra, não. Temos é que criar uma história nova com estes novos intervenientes que existem hoje, que são tanto pessoas que lutaram nas guerras coloniais, como jovens de 15 a 20 anos de idade que têm coisas a dizer sobre a nossa sociedade.Propõe uma nova visão da história através da sua arte?O que proponho é questionar essa arte. Para propor temos de tomar uma posição de quase expertise e o que eu proponho são reflexões através de questões. O que leva logo a um sistema participativo. Não é uma coisa que eu faço sozinho, é uma coisa que tem que ser feito pela sociedade civil. A arte pode ser uma catapulta para isso mesmo. Este projecto que eu tenho, o Falling Throne é sobre como lidar com o espaço público, como lidar com memória no espaço público, como lidar com estas estátuas, estes monumentos e memoriais de cariz colonial. Porque eu lembro-me que em 2010 eu já andava a fazer projectos destes e a tentar fazer qualquer coisa em Lisboa e os meus colegas diziam 'Márcio, porque é que te preocupas com isto?' e respondia que 'porque isto é invisível'. Ninguém olha para isto e aí está o problema. A estrutura colonial está tão enraizada que tu já não a vês, já faz parte. Essa parte que temos de descolonizar, essa parte que temos que renomear, reavaliar, revisitar.Quais são as propostas presentes nestas obras?Eu faço uma brincadeira com os Jogos Olímpicos porque o desporto é uma coisa particular e interessante para mim. Nas guerras tu tens inimigos, não é? Mas no desporto tens oponentes, tu lutas, defendes a tua posição e no final cumprimentas o teu adversário. Que percas ou ganhes cumprimentas sempre o teu adversário. É essa a ideia que eu trago com o meu trabalho. São desportistas olímpicos que tentam disputar novas histórias. Muitas vezes dou-lhes biografias, que são biografias, por exemplo, de Patrice Lumumba, de Josina Muthemba, Dandara dos Palmares. São pessoas que lutaram contra a colonização, especialmente portuguesa, mas também do Congo e são os novos intervenientes da história. Nós temos que saber também as histórias deles para também podermos fazer um género de 'agora vou substituir o herói Vasco da Gama pelo herói Patrice Lumumba' - não é propriamente isso. É mais: vou adicionar as histórias que tenho vindo a aprender desde que sou pequenito e com histórias de pessoas que lutaram pela liberdade dos seus países.É um facto hoje que nós tivemos liberdade em Portugal porque as guerras de libertação dos povos colonizados, nomeadamente Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, essas pessoas já andavam a lutar para a liberdade dos seus povos. Isso fez com que os nossos tropas entendessem o que era a guerra. O que o Amílcar Cabral disse e muito bem é: "se a empresa colonial portuguesa cai nestes territórios, com certeza que cai também em Portugal". Foi o que aconteceu. Houve aqui um aspecto de colaboração que temos que salientar, hoje, como uma forma também de descolonizar as mentalidades na sociedade.No outro projecto usa o conhecido tecido africano, a capulana em Moçambique?Tenho andado a estudar mais o tecido. Este tecido africano em Moçambique que se chama capulana. Eu tenho andado a investigar porque estou a acabar o meu doutoramento em Artes na Faculdade de Belas Artes. Este tecido é uma tecnologia de arquivar. Por exemplo, em Moçambique pode ser uma coisa tanto individual, autobiográfica como colectiva. A mãe que tem uma criança que carrega no tecido e quando a criança tem 18 anos, a mãe volta a dar lhe a capulana como um gesto que tem a ver com uma autobiografia da criança. Os políticos fazem campanhas políticas, imprimem as suas próprias caras na capulana. Pessoas que lutaram contra o colonialismo também são impressas na capulana. Ou seja, a capulana é um veículo de histórias. Como a minha família de Angola, nós somos de uma família que é multirracial, e sempre tive contacto com estes objectos sem saber sequer o que eles representavam. Estas formas abstractas de toda a arte fascinavam-me. Na Europa havia muita coisa do figurativismo e quando olhávamos para estes objectos, pelo menos quando criança, não percebia. Eu sempre tive uma relação com elas sem saber que tinha uma relação.Da mesma forma, como falámos há pouco, em relação a dados adquiridos que nos dão a conhecer e não são questionáveis?Isso, exactamente. A capulana está a ser uma relação mais recente. Este projecto chama-se Memórias para 14 Bustos, que são 14 bustos que foram produzidos pelo Leopoldo de Almeida para a Exposição Universal do Mundo Português de 1940, para adornar um zoom humano. Quando eles trouxeram pessoas para exibir como se fosse um zoológico em 1940, isto é muito recente. E estes bustos ainda estão no jardim tropical de Belém. Hoje em dia têm uma contextualização que é mínima. Eu não considero ser uma contextualização porque é uma obstrução dos sentidos. É um género de uma placa que tem um pequeno texto que na verdade não diz nada.Neste momento estou em contacto com os directores do museu e estamos a preparar, talvez para 2025, uma contextualização séria destes 14 bustos. Este é um início desse projecto que são estes 14 bustos desenhados nestes panos africanos, nas capulanas, onde depois existem memórias; sejam memórias que não são faladas. Nestas duas figuras brincam um pouco com a ideia de naufrágio porque o azul cobalto, iconograficamente, é sinónimo de história. Nós olhamos para estas imagens de azul cobalto dos azulejos nas nossas ruas [em Portugal], e de repente é história, isto é a nossa história. Fala-se muito dos barcos que lá chegaram, mas não se fala dos barcos que afundaram nos naufrágios. E este naufrágio não é só um naufrágio que está ligado à relação do barco ao mar. É o naufrágio da história. Porque a nossa história é um grande naufrágio, onde temos que ir para debaixo da água, metaforicamente, fazer mergulho para encontrarmos os despojos da nossa história.Se formos aos arquivos que temos, tanto em Lisboa, nas instituições, conseguimos encontrar muita coisa, mas o acesso a esses arquivos ainda é negado. Estes trabalhos, estes desenhos nas capulanas tentam trazer exactamente essas memórias da nossa história.De onde vem a sua relação com África?A minha família vem de lá desde 1888. Houve pessoas que nomearam a minha família de retornados. No final dos casos, eles eram exilados. Eles exilaram-se em Portugal por causa das regras das guerras anti-coloniais. O que aconteceu comigo foi que, de repente, eu nasci num território que é o território português, mas toda a música que eu ouço em casa é angolana, toda a comida que eu como em casa é angolana, as vestimentas, o léxico que faz de mim uma pessoa que está desterritorializada porque a nível de memória, nesta ideia que está ligada a pós memória, as memórias que eu tenho são de um território que não é o de Portugal. Mas eu nasci em Portugal, sou português, nunca fui a Angola. Fui ao Senegal, fui aos Camarões e está programado para ir a Angola, claro, trabalhar lá também.As memórias que eu tenho, que me foram passadas de território, de contexto, de luta, de vida são de outro território, foram memórias emprestadas. Essa ligação faz-me querer saber um pouco mais e faz-me querer participar nesta luta que é uma luta por um género de igualdade. Usar a descolonização ou esta ideia de descolonizar não só o território, mas como um mote para trazer outro tipo de dignidade aos povos colonizados, à minha parte da família que ainda vive em Angola, a ligação é grande e não consigo contabilizar. Acho que preciso de mais anos de maturidade para tentar entender como é que o território e a memória podme trabalhar um corpo biológico, no sentido em que tu és português mas não reconheces o território onde tu vives, na tua condição de memória, de pós-memória.
Brazil UFO Talks O editor do canal Brazil UFO Clayton Feltran, trará para um bate-papo descontraído convidados amigos do canal que têm a ufologia em seu DNA. Últimas notícias Notícias sobre avistamentos e fenômenos anômalos ocorridos no Brasil e no mundo. TORNE-SE MEMBRO DO CANAL https://www.youtube.com/channel/UCwMxydYVs-AujXvxpjwgC9Q/join ___________________ Envie seu áudio, fotos e vídeos para: WhatsApp Brazil UFO +55 11 98436-3637 _________________ Doação ao canal Brazil UFO https://streamelements.com/brazilufo/tip PESQUISAS DE CAMPO NO NORDESTE DO BRASIL Neste programa de domingo receberemos o pesquisador e ufólogo Flávio Tobler para falarmos sobre suas pesquisas ufológicas no nordeste do Brasil. A Ufologia Piauiense passa por um momento bastante enriquecedor, os casos vêm aumentando e as pessoas envolvidas estão sentido a necessidade de exteriorizar as suas experiências. Nestas perspectivas, não só ufológicas, mas de mundo, foram lapidadas por terem contato com as mais diferentes visões do universo, pluralizando e destruindo a ideia da “Verdade” como algo monolítico sem condições de ser questionada. Um trabalho de pesquisas que vem sendo desenvolvido no estado do Piauí e parte do Maranhão. E pra você, os casos ufológicos no nordeste aumentaram? Você não pode perder o programa! Ao Vivo a partir das 20h15. Canal do Flávio Tobler / @upupi2009 Brazil UFO Talks Com Clayton Feltran, Marcello Santos, Eder Pereira e Flávio Tobler. ::: LOJA BRAZIL UFO - PRODUTOS ORIGINAIS BRAZIL UFO ::: https://lojabrazilufo.com/ Faça parte do Eu apoio o Brazil UFO Seja um apoiador do Brazil UFO e nos ajude a trazer conteúdos de qualidade a todos os amigos do canal. Sua ajuda fará toda a diferença. Acesse o site: https://apoia.se/brazilufo e seja um apoiador do canal. Se preferir você pode ajudar via PIX: brazil.ufo.sp@gmail.com https://brazilufo.com #brazilufo #brazilufotalks
As tecnologias assistidas, como cadeiras de rodas e próteses, desempenham um papel fundamental nos Jogos Paralímpicos de Paris, permitem que atletas com deficiência possam competir a alto nível. Vamos perceber de que forma é que estas tecnologias são utilizadas e qual o impacto que elas têm tanto na vida dos atletas como nos resultados das competições com o doutorado em Ciências do Desporto, com especialidade em Biomecânica, Tiago Barbosa, do Instituto Politécnico de Bragança. RFI: De que forma é que o uso destas tecnologias assistidas, como é o caso de próteses de cadeiras de rodas adaptadas, influenciam o desempenho dos atletas paralímpicos nas competições?Tiago Barbosa: Nós estamos numa fase em que muita gente tem interesse em ver estes atletas e estes super atletas nos Jogos Paralímpicos e nós vemos algumas diferenças, comparativamente com os outros, os outros jogos que são os Jogos Olímpicos. Aqui nos Jogos Paralímpicos vemos os nossos atletas utilizarem um conjunto de equipamentos de tecnologias que são um pouco diferentes dos outros colegas e que habitualmente chamamos de tecnologias assistidas. A tecnologia assistida é uma tecnologia, uma aplicação de conhecimento com objectivo prático, se for numa pessoa com deficiência em contexto normal, natural, antes da competição propriamente dita, vai proporcionar acessibilidade e autonomia a essa pessoa ter uma cadeira de rodas normal para poder, por exemplo, deslocar.Mas depois, quando falamos nessa mesma pessoa, praticar desporto e praticar desporto de alto rendimento, como neste caso nos Jogos Paralímpicos, nós entramos num nível muito mais complexo e com tecnologias bastante mais avançadas. Nestas tecnologias, as mais conhecidas e mais icónicas sejam talvez as cadeiras de rodas e as próteses.Em que medida é que estas inovações tecnológicas nas áreas, por exemplo, do monitoramento e análise de desempenho ajudam os atletas paralímpicos a melhorar as habilidades e as estratégias de competição?Há muitas coisas que não podemos fazer quando estamos a falar em monitorar estamos a falar em sensores. Nós tentarmos colocar, por exemplo, sensores em alguns equipamentos da respectiva modalidade de desporto permitirem para nós obtermos um conjunto de dados que possamos fazer a respectiva análise do desempenho desportivo do nosso atleta. Mas isto é uma área que é muito interessante, que, por um lado, permite o acesso à prática desportiva da pessoa com deficiência, mas é uma faca de dois gumes porque por outro lado, estas tecnologias são de tal forma avançadas que dão uma vantagem desproporcional a países desenvolvidos.Só para termos uma ideia, o valor de uma cadeira de rodas que nós vemos numa prova de atletismo pode-se aproximar de quase que um carro utilitário. O preço de próteses que vemos utilizar também no atletismo são valores bastante elevados. O que cria aqui uma desproporção de acessibilidade a estas tecnologias de atletas que vem de países bastante mais desenvolvidos, de países menos desenvolvidos e, portanto, depois reflecte se também no respectivo desempenho na quantidade de medalhas de que cada país percebe.Estas tecnologias assistidas, por um lado, facilitam o acesso à prática desportiva, mas por outro lado, pois queria aquilo um telhado de vidro que, às vezes, é difícil compreender porque é que alguns países têm maior dificuldade do que outras. Estas tecnologias estão de tal forma de ponta, de tal forma elaboradas e que envolvem custos e pessoal que criam estes níveis de assimetria.Existe algum tipo de regulamentação do ponto de vista ético quanto ao uso destas tecnologias avançadas que podem, como dizia, dar vantagem a alguns atletas paralímpicos sobre outros?Não existe regulamentação, mas existe a discussão e às vezes esta discussão começa por uma discussão bastante mais filosófica. Por exemplo, este tipo de atleta que tem este tipo de produtos, que tem uma atitude bastante biónica, de biologia e electrónica, a ideia que normalmente muitos de nós temos daquela mão biónica é que ela não parece quase robótica. Curiosamente, isto é um parênteses na cerimónia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Tóquio ao momento, que é transmissão da passagem de testemunho para os próximos jogos. E neste caso, foram os de Paris de 2024. E há uma coreografia que foi desenhada preparada por um coreógrafo francês espectacular. Esta coreografia, feita exclusivamente com os membros superiores, a primeira imagem que surge é de um jovem, de um adolescente, em que surge com esta mesma mão biónica e, portanto, esta extinção, esta fusão do organismo do ser humano com a tecnologia. Há pessoas que colocam estas questões porque é uma perspectiva de super-humanos, não é uma perspectiva de super humano. Será que afinal, estes atletas têm mais vantagem competitiva do que com os ditos normais. Portanto, há muitas questões deste domínio e da perspectiva da ética.Regulamentar isto é sempre muito difícil e muito difícil, porque há sempre opiniões diversas. É difícil chegarmos a opiniões consensuais. Por exemplo, há uns anos atrás havia a questão daquelas próteses em forma de J que um atleta utilizou um atleta sul-africano chamado Oscar Pistorius porque liderou durante muito tempo as provas de atletismo nos Jogos Paralímpicos e quis ir competir nas provas ditas normais dos Jogos Olímpicos e do Campeonato do Mundo.À época, houve algumas reticências em permitir este atleta ir fazer as provas de atletismo em detrimento das de para atletismo. O argumento que estava a ser utilizado na altura e que por um lado, era a segurança do próprio. Em segundo lugar, é que estas provas que eu utilizaria poderiam dar-lhe uma vantagem comparativamente com os outros sujeitos. Bom, a partir daí surgiu uma grande discussão sobre esta matéria relevante. Realizam-se vários estudos: Há quem diga que há vantagem, há quem diga que dá desvantagem e, portanto, continuamos numa eterna discussão sobre este assunto.De que forma é que a tecnologia de análise de movimento e monitoramento fisiológico contribui para o treino e a prestação, o desempenho dos atletas? Que características é que são mais importantes quando estamos a falar destas tecnologias assistidas: o peso, a dimensão?Depende muito da modalidade. A primeira coisa que temos que saber e qual é o objectivo da modalidade e em função deste objectivo, quais são os factores que vão condicionar atingir esse mesmo objectivo se não existir factores determinantes do rendimento. Ora, os factores determinantes de rendimento variam bastante em função da modalidade e do próprio evento dentro da modalidade. Por exemplo, os 100 metros de atletismo e natação são diferentes, por exemplo, fazer 1500 metros na natação ou atletismo, nós temos que terminar em provas mais longas, a caracterização fisiológica é bastante importante. Por exemplo, o consumo de oxigénio, se o sujeito é eficiente, se não é eficiente numa prova mais curta. A fisiologia é relativamente potente, mas há factores mais importantes do ponto de vista biomecânico. Só para dar um exemplo, novamente do atletismo e destas próteses, estávamos a falar de correr com próteses. Há dois tipos de prótese duas formas de próteses que as pessoas vão verificar a uma prótese, como a forma em J. e é uma prótese como a forma em C. Nas provas mais longas, tipicamente os atletas utilizam as próteses com a forma em C. Porque? Porque eles conseguem ser mais eficientes e gastar menos energia numa prova que é bastante longa e que demora bastante tempo.Como por exemplo numa maratona...Exactamente uma prova assim tão longa. Se for uma prova bastante curta. 100 metros, 200 metros, 400 metros. Tipicamente eles vão utilizar uma prótese com uma forma em J, porque o que é importante já não é tanto a eficiência, mas a capacidade de produzir potência e reutilizar a mesma potência ou essa mesma energia.Quanto às tecnologias de comunicação, elas são adaptadas para ajudar atletas com deficiência visual e auditiva durante as competições. Isto já é possível? Depende muito dos regulamentos do desporto para desporto. Há desportos em que depois, por exemplo, o atleta tem um guia que é uma outra pessoa que vai fazer o respectivo apoio do atleta. Portanto, isso varia bastante de modalidade para modalidade. Tecnologicamente é possível. Muitas dessas tecnologias são criadas, são desenvolvidas e depois há uma tentativa de as introduzir na perspectiva do desporto, mas que está dependente da autorização do organismo desportivo que supervisiona a respectiva modalidade.Estas tecnologias são adaptadas sempre junto de atletas que vão acompanhando e testando as tecnologias passo a passo.Sim, exactamente. Os atletas são sempre parte integrante e muitas destas tecnologias e muitas vezes estas adaptações são feitas de forma individualizada em função das características do respectivo atleta. No meu caso particular, e durante muito tempo trabalhei como um sprinter de cadeira de rodas e o que nós andávamos a fazer constantemente era ver como melhorar o design no desenho da respectiva cadeira de rodas, no sentido de maximizar o seu rendimento. Há um vasto conjunto de detalhes que, do ponto de vista tecnológico, cujo objectivo se é para melhorar o rendimento daquele atleta, têm que ser customizados e individualizados em função do respectivo atleta. E ele próprio, esse atleta, também que vai ter que dar o seu contributo.As tecnologias assistidas são essenciais para os atletas proporcionam mobilidade, segurança, eficiência. Estas tecnologias têm um impacto também na qualidade de vida e na independência dos atletas paralímpicos?Existe um outro vasto conjunto também de tecnologias que são utilizadas no dia-a-dia. O melhor exemplo é dizer que em vez de utilizar a cadeira que custa milhares de euros na prova de atletismo, há uma cadeira de rodas que se calhar algumas componentes tecnológicas estão inspiradas na tal cadeira de ponta, mas que o sujeito vai utilizar, esta pessoa com deficiência e vai utilizar no seu dia-a-dia. Quem fala da cadeira de rodas pode falar de muitos outros elementos para falar nas próteses. Pode falar nos elementos que facilitam a audição ou visão e por aí fora.
O romance “O parque da irmãs magníficas” é um rito deiniciação, um conto de fadas ou uma história de terror, o retratode uma identidade de grupo, um manifesto explosivo, uma visitaguiada à imaginação da autora argentina Camila Sosa Villada.Nestas páginas convergem duas facetas da comunidade trans, asquais fascinam e repelem sociedades no mundo inteiro: a fúriatravesti e a festa que há em ser travesti. Venha conferir nossaanálise!Junte-se à comunidade Didosseia no Hotmart e tenha acesso aum conteúdo exclusivo, que vai além das páginas do livro.Convidamos você a participar desse diálogo acerca da arte e daliteratura, com resenhas ainda mais detalhadas de todo oconteúdo, mas atenção, alerta de spoiler e muito maispolêmicas.Link para a comunidade Didosseia:https://hotmart.com/pt-br/communities/u/DidosseiaInstagram: @didosseia.helissaYoutube: https://www.youtube.com/@DidosseiaHotmart: https://go.hotmart.com/H74285407S?dp=1Roteiro e apresentação: @didosseia.helissaGravação e edição: @tapumelab#literaturacontemporanea#literaturalgbt#camilasosavillada
Nestas próximas semanas vamos tratar desta nossa VIDA ETERNA, como uma corrida que sempre terá uma LARGADA e uma CHEGADA, momentos de exclusiva Soberania e Amor de Deus, que nos Salvou e nos Salvará, mas, o percurso, a trajetória toda vai requerer a nossa TOTAL DEPENDÊNCIA de Cristo e da Obra do Espírito Santo em nós que há de a cada dia nos fazer mais parecidos com Cristo e mais distantes do nosso "velho-homem". Falamos já sobre isso, a SANTIFICAÇÃO - A Separação para Deus, que naturalmente vai importar numa separação de qualquer coisa que queira nos distrair, fazer tropeçar, parar ou tomar algum desvio que nos leve para longe para a Linha de Chegada. A Santificação aí vai se identificar totalmente com um corredor de longas distâncias, que vai se concentrar, dosar as energias, exercitar sua resiliência, para o prêmio que lhe está reservado. Já começamos a corrida, saímos no grupo da frente, e cremos que vamos chegar no fim, mas, não podemos nos distrair e temos de saber que as paisagens vão mudar, haverá momentos que algumas pessoas queridas estarão correndo ao nosso lado e outros que estaremos sozinhos sem imaginar, porque alguns desistiram e de onde surgiram outros que muitas vezes passam por nós com tanta força, justamente quando estávamos pensando que não íamos conseguir. Por um lado nos assustamos e noutro nos animamos de novo e em todos os momentos Deus está nos dando o ar, a força, o incentivo, as palavras para podermos seguir até o fim. I Co. 6: 11 - "Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus." Como começamos? Nos lavamos - Imagem que nos remete à decisão de nos batizarmos nas águas do arrependimento, correspondendo ao que Cristo fez por nós na Cruz do Calvário. Em outras Palavras, todos são chamados à esta corrida, mas, só vão de fato participar dela quem quiser e se LAVAR no Sangue do Cordeiro e nas Águas Purificadoras, símbolo do nosso Novo Nascimento. Fomos Santificados - Se nos lavar depende de nossa decisão, sermos SANTIFICADOS é uma OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM NÓS. O SANTO, nos SANTIFICA - Nos separa, nos consagra a Deus. Fomos Justificados - Da mesma forma, a Justificação é uma obra que seria impossível para nós realizarmos, pois, a JUSTIÇA nos condenava à Morte, por causa do PECADO. Quando no entanto, JESUS, sem nunca ter Pecado, se entregou por nós na Cruz do Calvário, e se lançou contra a Morte, esta INJUSTIÇA, cobriu a multidão de pecados que nos condenava, e então, por crermos no que Jesus fez por nós, mediante a Graça de Deus que nos foi dada, a JUSTIÇA DE DEUS nos cobriu, nos Justificando através de JESUS CRISTO. SANTFICAOS E CHAMADOS PARA SER SANTOS... (CONTINUA) https://partindoopao.blogspot.com/2024/08/viver-para-eternidade-corrida-da-vida.html
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The Court of Dreams welcomes Nesta to dinner, but Nesta just Nestas. The crew decides to plan to hold a meeting with all the high lords to see who is on their side, and Feyre wants to train to fly. Chapters 17-19 in ACOWAR. Hosted on Acast. See acast.com/privacy for more information.
O filósofo André Barata anda há muito a refletir sobre a importância de desacelerarmos. Em 2018 lançou o livro “E se Parássemos de Sobreviver? — Pequeno Livro para Pensar e Agir contra a Ditadura do Tempo”, editado pela Documenta. Este professor catedrático na Universidade da Beira Interior (UBI), a dirigir atualmente a Faculdade de Artes e Letras, defende que há uma aceleração artificial do tempo que vem desde a Revolução Industrial e que ganhou ainda mais força na era digital. Nestas suas reflexões considera que a sociedade deve “sair da armadilha da sobrevivência", que o rendimento das pessoas não deve depender do trabalho e que ainda há muito para descolonizar sobre o passado português. Ouçam-no aqui nesta primeira parte da conversa com Bernardo Mendonça.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Em 2023, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima apoiou mais de 16 mil vítimas e foram 22 as mortes em contextos de violência doméstica. Com estes números crescentes, é importante percebermos o que podemos fazer para os combater. Para falar sobre o panorama atual e o que pode fazer uma vítimas ou testemunha deste crime, neste episódio de Consulta Aberta conversamos com Inês Rogeiro, advogada com pós-graduação em Direito da Saúde e vasta experiência na área. Se estás numa situação de violência doméstica ou foste testemunha de um caso, podes ligar gratuitamente para a linha de apoio à vítima 116 006 ou aceder a outros contactos a partir deste link. Vemo-nos no próximo Consulta Aberta!See omnystudio.com/listener for privacy information.
No recapitulativo desta semana em África, os destaques vão para o acordo alcançado entre Moçambique e instituições bancárias no caso das "dívidas ocultas", vai para a queixa apresentada pela plataforma da Frente Popular contra o Estado e contra o governo da Guiné-Bissau, e vai também para a África do Sul, onde na passada quarta-feira tomou posse o novo governo. O novo executivo que resulta de uma coligação entre o ANC e uns quantos partidos de oposição, incluindo o principal, a Aliança Democrática, é decorrente das negociações encaminhadas depois de o partido de Mandela ter perdido a maioria absoluta nas eleições gerais de 29 de Maio. Apesar disso, o ANC conversa pelouros importantes como as Finanças e os Negócios Estrangeiros.Na Mauritânia, o Presidente Mohamed Ould Ghazouani conseguiu a sua reeleição no sábado, de acordo com resultados oficiais provisórios divulgados na segunda-feira que lhe deram um pouco mais de 56% dos votos logo na primeira volta. Estes resultados -entretanto confirmados pelo Conselho Constitucional nesta sexta-feira- foram contestados pela oposição, tendo havido igualmente motins durante os quais pelo menos três pessoas morreram.No Quénia, a tensão também continuou patente nestes últimos dias, especialmente na passada terça-feira, dia em que foram detidas umas 270 pessoas durante marchas que decorreram nomeadamente em Nairobi, a capital, para homenagear os 39 mortos da repressão da manifestação antigovernamental ocorrida no passado dia 25 de Junho.Entretanto, na actualidade moçambicana, na passada segunda-feira, o governo anunciou mais um acordo extrajudicial com três bancos, incluindo o português BCP no caso das chamadas "dívidas ocultas" no centro de um litígio em Londres. O acordo prevê a redução da designada "exposição do Estado" de 1,4 mil milhões para 220 milhões de dólares e prevê igualmente um corte de 84% do total da reivindicação dos bancos e de 66% do capital, segundo informações do Ministro da Economia e Finanças, Max Tonela.Noutro quadrante, o Presidente Filipe Nyusi deslocou-se à vizinha Tanzânia, no intuito de evocar com a sua homóloga questões de cooperação económica mas igualmente a luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, no norte, que faz fronteira com a a Tanzânia. Estas discussões acontecem numa altura em que as tropas regionais presentes desde 2021 na província estão prestes a concluir a sua retirada.Em Angola, as autoridades estão de sobreaviso perante um surto de varíola do macaco na RDC e no Congo, tendo sido activado um plano de prevenção. Nestas últimas semanas, a RDC registou cerca de mil casos, especialistas da doença referindo que ela é mortal em 5% dos casos na população adulta e em 10% quando se trata de crianças.Na Guiné-Bissau, no passado fim-de-semana, as duas alas do PRS elegeram respectivamente o seu presidente. Depois de no sábado 29 de Junho, uma ala eleger o jurista Fernando Dias presidente, no dia a seguir, uma outra ala, "os Inconformados", elegeu Félix Nandungue também presidente do partido.Noutra actualidade, a Liga Guineense dos Direitos Humanos, em nome da Frente Popular que abrange várias organizações da sociedade civil, apresentou queixa na terça-feira contra o Estado e contra membros do executivo guineense pelo sequestro e actos de tortura contra membros dessa plataforma detidos na sequência de um protesto contra o governo no passado 18 de Maio. A repressão desta manifestação resultou em quase uma centena de detenções. A Liga também informou que tenciona apresentar queixas junto de entidades internacionais e que, neste sentido, tem recorrido aos serviços de uma equipa de advogados franceses.Em Cabo Verde, a actualidade foi dominada pela questão dos transportes aéreos, com a oposição a acusar o executivo de ser incapaz de resolver o problema das ligações interilhas, depois de um novo cancelamento de voo.
Em França, esta sexta-feira marca o fim da campanha para a primeira volta das legislativas antecipadas de domingo 30 de Junho, na sequência da dissolução do parlamento decidida há três semanas pelo Presidente da República, em resposta à pesada derrota do seu campo nas eleições europeias. Durante esta campanha extremamente curta, surgiu o retrato de uma França profundamente dividida, uma França que assusta os seus vizinhos na Europa, uma França descrente nas políticas até agora conduzida pelos tradicionais partidos de governação e com uma fracção significativa da sua população tentada pelo discurso da extrema-direita.Nestas três semanas de campanha, também se dramatizaram e se agudizaram as oposições, nomeadamente no campo de Macron que agitou inclusivamente o risco de guerra civil. Por outro lado, à medida que se foram normalizando as ideias e agendas da extrema-direita, diabolizou-se ainda mais a esquerda e algumas das suas figuras, como Jean-Luc Mélenchon.Estes foram alguns dos fenómenos que analisámos com Álvaro Vasconcelos, antigo director do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia.RFI: Em paralelo com uma banalização da extrema-direita, tem-se assistido a uma diabolização da esquerda. Qual é a base disso ?Álvaro Vasconcelos: Creio que, como em muitos sítios do mundo, há duas esquerdas. Há uma esquerda que é representada pelo Partido Socialista e pelos ecologistas, que é uma esquerda alinhada com os valores da integração europeia, alinhada com a ideia de que é preciso criar consensos na sociedade para que exista democracia, porque a democracia baseia-se na criação de um espaço público com alguns consensos essenciais. Depois, há uma esquerda de certa forma representada por um sector da França Insubmissa, muito particularmente por Mélenchon, que olha para esta questão dos consensos nacionais, de criar o quadro da convivência democrática entre diferentes forças, como algo contrário aos seus objectivos e, evidentemente, isto esteve presente na campanha. Por outro lado, nós temos uma particularidade em França hoje, que é, para além de existir uma frente de esquerda, a Nova Frente Popular, e um partido fortíssimo da extrema-direita. Temos ainda um centro, um partido que foi criado por Macron, que alguém chama de "partido do extremo-centro" -o próprio Macron usou essa expressão- e que, encontrando se numa situação extremamente difícil do ponto de vista político, procura chegar mais perto de objectivos que são pouco claros. Qual é o objectivo? Não é certamente de maioria absoluta, porque isso é absolutamente impossível. Mas procura chegar perto desses objectivos dizendo que "somos nós ou o caos". Isto é uma estratégia que já o general De Gaulle tem utilizado noutras circunstâncias e que é uma estratégia também condenada ao fracasso, porque é uma estratégia que radicaliza também a política francesa. Por exemplo, a declaração de Macron que estávamos "perto de uma guerra civil" é uma declaração extremamente grave, porque contribui para essa radicalização da sociedade e para a ideia que há fracturas na sociedade que são irreconciliáveis. Essa estratégia não tem tido sucesso, não terá sucesso e vai, de certa forma, contra os valores com que Macron tinha sido eleito pela primeira vez em 2017, quando apareceu como alternativa aos partidos políticos tradicionais, partidos que estavam desgastados por anos de governação sem resultado e apresentou-se como uma terceira força, o que tem acontecido várias vezes em França. E essa terceira força, para crescer e para existir, vai destruindo os partidos tradicionais e vai radicalizando sectores dos partidos tradicionais. Esse é um dos problemas. Outro problema que eu vejo, que é extremamente grave, é que as ideias da extrema-direita e, por exemplo, a ideia de há uma ameaça à identidade francesa, de que os imigrantes são uma ameaça que os valores e as conquistas como direitos para as comunidades homossexuais e LGBTQ, para os direitos das mulheres, etc, destroem a sociedade. Essas ideias extremamente reaccionárias e conservadoras que dividem profundamente os franceses, foram banalizando-se e aí a responsabilidade é de muita gente. Essa banalização ela dá-se, por um lado, porque a direita tradicional, em perda de velocidade e de eleitorado, sobretudo, foi pensando que teria mais sucesso, se assumisse as ideias da extrema-direita, porque iria retirar eleitorado à extrema-direita. Mas, como dizia o pai (Jean-Marie) Le Pen, as pessoas ao terem que escolher entre o original e a cópia, escolhem o original. O original é o racismo, mas eu acho que há muito mais sectores da sociedade francesa que contribuíram para essa banalização da extrema-direita.RFI: Nomeadamente a comunicação social, por exemplo. Há órgãos de comunicação social que partem do princípio de que a extrema-direita vai ganhar. Há também, inclusivamente canais de televisão que fazem campanha de forma assumida pela extrema-direita. Isto, no fundo, não vai contribuir também para orientar o voto dos franceses?Álvaro Vasconcelos: Sem dúvida que houve um papel importante e muito significativo daquilo que podemos dizer o "marketing da sociedade do espectáculo", em que um político radical, um político de certa forma "Bouffon", um político que cria controvérsia e que diz coisas violentas, aumentaria as audiências. E aí, evidentemente, nós sabemos que há canais de televisão francesa, como a CNews, que foram, digamos, empoderados por essa corrente e que hoje estão ao serviço claramente da Frente Nacional. Mas há outros sectores. Por exemplo, há uma série de intelectuais franceses que ainda gostam de se chamar de intelectuais. Eu dou o exemplo de Alain Finkelkraut que escreveu há já vários anos um livro que se chamava "L'identité malheureuse" (a identidade triste) em que ele dizia, apesar de ele ser filho de imigrantes, que no seu tempo, integrava completamente os valores franceses, que agora há comunidades que não integram plenamente os valores franceses e que vivemos num momento de uma "Identidade triste". A teoria da "grande substituição" também é uma teoria de um intelectual. Ou seja, nós temos que pensar que a produção intelectual tem impacto também nessas questões. Evidentemente que isto se dá num contexto que facilita o desenvolvimento dessas ideias reaccionárias e o voto contra, embora o voto contra assumiu essa ideologia como sendo a ideologia que lhe pode dar um outro tipo de vida -o que é absolutamente falso- como já se viu em muitos sítios do mundo. Mas o contexto favorável é o contexto da consciência de enormes desigualdades na sociedade. Foi também toda a política agora, nos últimos anos, do Banco Central Europeu aumentar as taxas de juro, a inflação provocada pela guerra e a falta de resposta a nível europeu, mas também global, a especulação financeira, tudo isso a que se chama, e com razão, o triunfo da ideologia económica neoliberal, para o qual não há alternativa. Isso criou uma consciência muito grande na sociedade francesa da desigualdade numa sociedade onde o valor da igualdade é extremamente forte. Lembremos que a França, tem como lema a Liberdade, Igualdade e a fraternidade. Os grandes princípios da Revolução Francesa. Mas a desigualdade tem uma força muito grande na sociedade francesa. É a consciência da desigualdade. Depois, a crise de 2008, acho que também contribuiu para o crescimento da extrema-direita.RFI: Estava a falar do neoliberalismo. Ele é, de certa forma, personificado e cristalizado na personagem de Emmanuel Macron. E, por oposto, temos também Jean-Luc Mélenchon, que também é uma figura que divide a sociedade francesa. Ambas essas figuras foram, de certa forma, rejeitadas pelos seus próprios aparelhos partidários durante esta campanha. Apesar disso, eles não respeitaram o seu "dever de reserva". Julga que isto pode também contribuir para orientar o voto dos franceses?Álvaro Vasconcelos: Certamente que essa é a questão-chave das eleições francesas. Como nós sabemos, são eleições com duas voltas. E o que será decisivo para voltar atrás? A extrema-direita e a resistência republicana e os votos a serem orientados para o candidato em melhores condições para derrotar a União Nacional, seja ele de que partido for. E é a demonização recíproca, a demonização que foi feita de Macron durante estes anos por um sector da França Insubmissa, e agora a campanha que é feita contra a França Insubmissa nesse período eleitoral em particular, não facilitarão que na segunda volta das eleições, quando for um candidato da França Insubmissa ou do partido do presidente, que os votos se canalizem de um para o outro. E isso junta-se ao facto de o anti-semitismo ter reaparecido em França. Isso é algo que nós não podemos negar. Quer dizer, a França é um país onde as correntes islamofóbicas são extremamente fortes. Mas se nós formos na nossa própria análise -e eu me incluo- menosprezamos a força que o anti-semitismo histórico tem ainda nas sociedades europeias. E com a crise, nós não nos podemos esquecer que nós acabamos de viver a crise do covid, que foi uma crise extremamente grave. A crise da pandemia afectou profundamente as pessoas e apareceram as teorias mais absurdas, isto muito antes da Guerra de Gaza. Isto começou a ganhar uma dimensão significativa, durante a crise do covid, quando se começou a equacionar a vacina e a própria epidemia com os interesses da finança internacional, ligando essa finança internacional a várias teorias conspirativas sobre os judeus. Isso eu ouvi em vários sítios, até em Portugal, onde o anti-semitismo é latente, mas não tem essa dimensão. De repente, teve em França, por causa das circunstâncias actuais, e isso contribui para que uma parte da população olhe para os judeus como uma ameaça, além de olhar para os muçulmanos, o que torna a questão do racismo extremamente complexa e extremamente grave. Porque, para ser coerente, nós temos que ser claramente contra a islamofobia e contra o anti-semitismo. E aí não há dúvida que o líder da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, não foi claro sobre essa questão, inclusive ao dizer que (o anti-semitismo) era "um problema residual". Ora, parecia-nos um problema residual, dado a dimensão da islamofobia, mas deixou de ser um problema residual. E não se deve desvalorizar nenhuma forma de racismo. Todas as questões que têm a ver com os direitos das pessoas, nomeadamente os direitos a não serem discriminados pela sua origem étnica, religiosa, nacional, etc. têm que ser tratados com enorme rigor, porque se contaminam uns aos outros e acabam por legitimar o horror, o absurdo do racismo.RFI: Relativamente à diabolização que tem havido, tanto de um lado como do outro, tem havido apelos para que, depois da primeira volta, os candidatos que fiquem em terceiro lugar nos seus círculos eleitorais, desistam da sua candidatura para fazerem barragem à Frente Nacional, no caso de ela estar presente na segunda volta. Todos os partidos concordaram, excepto o partido de Macron. Ou seja, a estratégia do "Ni-ni", como se diz aqui em França. É uma estratégia perigosa?Álvaro Vasconcelos: É uma estratégia muito perigosa, embora me pareça que é uma estratégia para a primeira volta das legislativas. É uma estratégia para tentar que o partido do Macron saia da situação extremamente difícil em que se encontra, aparecendo como o único partido que não teria nenhuma corrente extremista, que seria um partido do centro. Mas eu acho que na segunda volta, as coisas vão se colocar de forma muito diferente, algo que eu estou absolutamente convencido. Temos que relembrar que se a nova Frente Popular concorre com essa sigla, é que cada um dos partidos tem os seus próprios deputados em círculos diferentes e as pessoas sabem quem é o seu respectivo deputado. E quando forem candidatos, o Partido Socialista, os Ecologistas e o Partido Comunista, a transferência de votos do partido de Macron para esses candidatos vai passar e vice-versa. Quando forem candidatos da França Insubmissa e do partido do Macron, vai já ser muito mais difícil a transferência de votos. Mas eu penso que vai ter muito mais a ver com os candidatos específicos do que com os partidos em geral. Embora nós tenhamos visto, nos últimos dias, uma série de políticos e até intelectuais franceses a fazer abaixo-assinados a dizer que nunca votariam na extrema-direita, nem na França Insubmissa. Evidentemente que dizer isso hoje é extremamente perigoso, é grave. Estou a pensar como, por exemplo, em Manuel Valls e o caso e outros dirigentes. Hoje, eu penso que estes responsáveis não vão mudar de posição. Mas acho que os eleitores e mesmo os candidatos, quer do partido de Macron, quer do Partido da França Insubmissa, nos sítios em que tiver um candidato da extrema-direita pela frente, muitos deles irão apelar ao voto contra a extrema-direita. Vamos ver. Isso aí é um grande ponto de interrogação, mas não está bem encaminhado para que essa frente republicana exista. Mas temos que pensar que são em duas voltas as eleições e que estamos na primeira volta.RFI: Mencionou há pouco o risco de guerra civil que foi agitado nestes dias pelo Presidente da República. Julga que este é um risco plausível?Álvaro Vasconcelos: Acho isso um absurdo. Quando estive no Brasil nas vésperas da eleição do Bolsonaro, escrevi um artigo em que falei de "uma guerra civil fria", ou seja, uma guerra em que não há batalha, não há sangue, mas há uma destruição política significativa, como no Brasil, com a vitória do Bolsonaro. Uma guerra civil fria é possivelmente aquilo a que nós estamos a assistir em França, com uma sociedade extremamente polarizada como era a do Brasil, com a subida do Bolsonaro e seus apoiantes e com os partidos e pessoas a colocarem-se em dois campos absolutamente irredutíveis. A gravidade de se dizer "guerra civil" sem explicar o conteúdo, é que se está a dizer que amanhã os franceses se podem matar uns aos outros. É muito possível, perante a vitória da extrema-direita que haja em França manifestações que ganhem alguma dimensão violenta. Mas isso não tem nada a ver com uma guerra civil. Tem a ver com a revolta que a vitória da extrema-direita vai provocar e depois, como é que a polícia vai reagir. Tudo isso pode criar uma situação extremamente difícil. Mas dizer que se está em situação de guerra civil é também um velho discurso extremamente perigoso, porque é um discurso que foi usado pela extrema-direita para dizer que o que se passava nos bairros periféricos de Paris era um ambiente de guerra civil entre os franceses e os muçulmanos. Não era disso que Macron estava a falar. Estava a falar da clivagem entre a extrema-direita e a esquerda mais radical. Mas ele está a deitar fogo sobre o fogo. E não se percebe como é que um político eleito com uma política centrista (diga isto), a não ser numa situação de desespero, porque aquilo que ele tinha pensado que ia acontecer ao dissolver a assembleia, não se deu. Ele pensaria que a esquerda não se iria unir porque era o que tinha acontecido durante as europeias e portanto, o seu partido apareceria como sendo a única alternativa face à extrema-direita. Não foi assim. Criou-se uma nova Frente Popular, que é hoje a verdadeira alternativa à extrema-direita, embora esteja convencido que sem uma aliança entre a esquerda e o centro, em França, não se derrota a extrema-direita, mas não se pode polarizar a situação política ainda mais do que ela está.RFI: No fundo, com esta dissolução, a vítima colateral de tudo isto não terá sido o próprio campo de Macron que aparece ainda mais isolado depois desta refundação política?Álvaro Vasconcelos: Eu acho que o campo de Macron já estava extremamente fragilizado, que a dissolução foi uma tentativa um pouco desesperada para dar ao campo centrista uma força nova que falhou, mas se vir o resultado das europeias em que o partido de Macron teve 14,6%, já estava um partido com muitos problemas numa Assembleia Nacional extremamente dividida, em que o Partido de Macron tinha cada vez mais dificuldade em aprovar fosse o que fosse. Possivelmente havia outras alternativas, como dizem alguns dos políticos do campo de Macron, até o primeiro-ministro Gabriel Attal. Eu diria que, em tempos normais, o apelo ao voto dos eleitores é o fundamento da democracia e, portanto, isso acontece em imensos países do mundo em que, perante um impasse político significativo, se pede ao eleitorado para votar. Isso funcionava bem quando a democracia liberal era um regime que não era contestado de uma forma radical por forças iliberais de extrema-direita. Hoje, pelo contrário, esta situação, que é extremamente perigosa para a democracia. Nós hoje temos medo do voto e temos razão para ter medo do voto. Isto, para além da questão do timing, acho que é uma questão mais de fundo. Eu lembro que quando o Berlusconi perdeu pela primeira vez as eleições em Itália, houve uma discussão sobre convocar novas eleições e o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, foi à Itália para dizer "não façam eleições, porque se houver eleições, será o partido Cinco Estrelas que vencerá". E não houve eleições. Puseram um tecnocrata, o Mario Monti, a governar a Itália e depois houve eleições, o Cinco Estrelas governou em aliança com Salvini e hoje temos a Meloni e a extrema-direita no poder na Itália. Ou seja, o medo das eleições é um problema grave da democracia. Mas a gente percebe porquê. Agora, onde eu seria crítico em relação à dissolução, não é que a dissolução da assembleia não seja um acto legítimo. É um acto que devia ser clarificador da situação política, mas devia ter sido feito noutras circunstâncias, não no momento em que a extrema-direita saía de umas eleições europeias muito reforçada. E o Presidente tinha esse poder de decidir quando dissolver a Assembleia e não com o impulso que a extrema-direita já tinha das europeias de fazer o país ir a eleições. Só mesmo com base naquele cálculo de que a esquerda não seria unida é que Macron pode ter pensado que faria sentido fazer eleições. Eu não entro naquelas análises psicológicas que estão hoje na moda em França, que é que o Macron se quis suicidar. Há uma série de análises que são do domínio psicológico. Eu acho que foi uma opção política, uma opção política feita no timing errado, uma opção política que era, penso eu, inevitável, cedo ou tarde. Porque se não houver uma clarificação política antes, há um problema muito mais grave para a democracia francesa, que é a vitória da Marine Le Pen em 2027. Então a extrema-direita tem a presidência e o Parlamento e aí estamos noutra França, noutra Europa e estamos numa numa situação de extrema gravidade. Travar o caminho da Marine Le Pen para a presidência é um objectivo essencial da política. Agora, para fazê-lo, tem que se fazer de forma que, de facto, trava o caminho. Porque mesmo que o partido da Marine Le Pen tenha a maioria absoluta, a coabitação não vai desgastar o partido da Marine Le Pen, na minha opinião, porque eles vão passar os três anos e tal do governo a dizer que não podem governar e não podem fazer aquilo que querem, porque o Presidente não deixa, porque o Tribunal Constitucional não deixa, porque não podem fazer referendos que alterem a Constituição e que todas as suas propostas, algumas delas extremamente perigosas, como retirar direitos aos franceses com dupla nacionalidade, todas essas propostas não avançam porque são bloqueadas pelo Tribunal Constitucional e que é preciso fazer um referendo e só podem fazê-lo se tiverem a presidência. Portanto, será extremamente perigoso.RFI: Entretanto, esta semana, o chanceler alemão expressou os seus receios relativamente ao desfecho destas eleições, que têm implicações também para a Europa.Álvaro Vasconcelos: Sem dúvida. E aí estamos num capítulo em que, com todas as críticas que podemos fazer e devemos fazer, à incapacidade que o Macron teve de unir a sociedade francesa e de, apesar de ele ter tido que enfrentar a crise do covid, que foi extremamente difícil, a crises dos "coletes amarelos" etc... o balanço do ponto de vista interno é claramente negativo, porque senão também nós teríamos uma situação em que estamos. Mas ao mesmo tempo, e no domínio europeu, a França foi um país extremamente importante nestes anos. Macron, desde o discurso da Sorbonne, tem uma visão para a Europa, visão que faltava aos outros Estados-Membros. Foi muito importante para o plano de recuperação e resiliência a seguir ao covid. A Europa construiu-se e tem-se construído desde a sua fundação no eixo franco-alemão. Ora, se a França for controlada pela extrema-direita, só será totalmente controlada se essa tragédia acontecer em 2027. Mas com um governo de extrema-direita, a dinâmica europeia da França e a capacidade da França de influenciar a política europeia será muito diminuta. O eixo franco-alemão será muito mais frágil e temos que pensar que o chanceler alemão também saiu enfraquecido das eleições europeias, para tornar a questão mais complicada. O partido da extrema-direita foi o segundo partido mais votado, os partidos da coligação ficaram todos atrás quer da CDU, quer da extrema-direita. E quando se olha para os Landers de Leste -é um susto- a extrema-direita é dominante nos landers da antiga Alemanha do Leste. Depois, há a Itália. O terceiro maior país europeu tem um governo de extrema-direita. Portanto, se tiver um governo de extrema-direita em França e uma Itália dominada pela extrema-direita e uma Alemanha enfraquecida, teremos um problema gravíssimo para a Europa. Ou seja, eu diria que o chanceler alemão não está preocupado apenas com a situação francesa. Deve estar preocupado com a sua própria situação, com o peso da Meloni na Itália, e espero que ele tenha o mesmo nível de preocupação que eu tenho. E, evidentemente, com a situação francesa. Embora no domínio da coabitação, o Presidente francês continuará a ter muito peso nas questões europeias, mas muito enfraquecido.
O Partido Socialista venceu as eleições europeias, mas a vitória fez lembrar tempos de vitórias "poucochinhas". Já para a Aliança Democrática (AD) não bastou o ciclo de anúncios do Governo de Luís Montenegro para garantir uma vitória eleitoral. Ainda assim, a AD e o PS continuam a disputar taco a taco eleições. Mas se, a 10 de Março, a AD ganhou as legislativas, agora as posições inverteram-se e o PS ganhou as europeias, elegendo oito deputados contra os sete da coligação. Nestas eleições houve novidades, como a quebra de representação do PCP e do BE no Parlamento Europeu, a não eleição pelo PAN e pelo Livre. Mas a surpresa da noite foi a subida da Iniciativa Liberal e a quebra percentual de votos no Chega (face a eleições recentes), ambos os partidos ficam com dois deputados cada.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A África do Sul vai a votos na próxima quarta-feira, 29 de Maio. As sondagens indicam que o Congresso Nacional Africano (ANC), no poder desde 1994, irá perder a maioria absoluta no parlamento. José Gama, jornalista angolano baseado em Pretória, sublinha que as desigualdades sociais, injustiças económicas e a corrupção acabaram por desacreditar o ANC. A África do Sul vai a votos na próxima quarta-feira, 29 de Maio. 27,6 milhões de eleitores são chamados às urnas para escolher 400 deputados, que irão posteriormente designar o próximo presidente do país. Cerca de cinquenta partidos estão na corrida legislativa.As sondagens indicam que o ANC, o Congresso Nacional Africano, no poder desde as primeiras eleições democráticas em 1994, irá perder a maioria absoluta no parlamento, obtendo entre 40 a 46% da votação. A comprovar-se, o partido de Nelson Mandela vai ser obrigado a formar alianças para se manter no poder.Pela primeira vez em trinta anos, a África do Sul vai a eleições com uma população maioritariamente jovem sem memória do apartheid. Se entre os eleitores mais velhos a divisão entre a lealdade ao ANC e as actuais preocupações do país existe, nos mais novos é o desemprego endémico, a violência e insegurança, a escassez de água e electricidade e a corrupção que são alguns dos factores que podem ditar o sentido de voto na próxima quarta-feira. José Gama, jornalista angolano baseado em Pretória, sublinha que as desigualdades sociais, injustiças económicas e a corrupção acabaram por desacreditar o ANC.RFI: O que é que está em jogo neste sufrágio?José Gama, jornalista angolano baseado em Pretória: As sondagens apontam que, pela primeira vez, o ANC perde a sua maioria parlamentar, com uma percentagem inferior a 45%.A África do Sul está no sistema democrático desde 1994. As pessoas foram depositando confiança no ANC para ver se corrigia as desigualdades sociais aconteciam no regime do apartheid. E este fenómeno não aconteceu. Então, as pessoas agora aguardam a eleição de uma nova força que possa ajudar a pôr fim a essas desigualdades sociais, às desigualdades económicas, às injustiças também económicas nas comunidades de brancos e negros. Aguardam, também, [explicações] para um novo fenómeno que a África do Sul está a observar, que são os chamados apagões, que o ANC não tem sabido explicar às pessoas, de facto, o que é que falta. As pessoas perderam a esperança, algumas, no ANC, mas ao mesmo tempo ainda têm aquelas que olham para o ANC por conta dos valores de luta, dos valores militares também, que ainda acarretam aos dias de hoje. O ANC consegue adoptar um discurso para fazer lembrar o papel que desempenhou para libertar o país. E há pessoas que ouvem isso, uma espécie de chantagem, e fazem recuo, dando ainda um voto de confiança no ANC. Esta perda de popularidade do ANC deve-se a quê? Primeiro, a sociologia eleitoral da África do Sul alterou-se. De 1994 até aos dias de hoje, temos uma nova geração de jovens que não se revêem no ANC. Não conhecem, não sentiram a luta do ANC. Depois, a África do Sul tem uma taxa de desemprego na ordem dos 36%. Quase 60% da juventude está desempregada, logo nunca vão votar naquele que não está a ajudar a empregar ou a conseguir o emprego. Vão votando e se inclinando para as novas forças políticas, como é o caso do EFF de Julius de Malema. A criminalidade na África do Sul aumentou. O Governo até hoje não consegue pôr cobro a esta prática, porque ela também está associada às taxas altas de desemprego e outros, é a disparidade social entre os brancos e os negros, com os brancos a prosperarem mais e muitos negros a viverem em condições vulneráveis nas localidades rurais.Outro fenómeno é a corrupção. Desde que o ANC chegou ao poder que a corrupção se tem estado a tornar mais grave. Nós já tivemos aqui, em 2021, as eleições municipais em que o ANC passou para a oposição no governo local. A corrupção é feita nos municípios e os eleitores preferiram dar o seu voto aos partidos da oposição. Nestas eleições é provável que o ANC volta a ser penalizado também pelas práticas de corrupção. O facto de o ex-Presidente Jacob Zuma ter deixado o ANC, ter formado um novo partido político, faz com que o próprio ANC chegue ainda mais fragilizado a estas eleições?Com certeza, porque todas as sondagens apontavam que Jacob Zuma iria ter 8% dos votos ou das intenções de votos. Se o ANC já estava com uma sondagem na ordem dos 45%, o Zuma tira-lhe 8%. Depois, no ANC, Zuma passou a liderar a segunda maior praça eleitoral do país, que é o KwaZulu-Natal. Portanto, a entrada de Jacob Zuma em campo com uma nova bandeira, deixou de facto o ANC numa situação de intranquilidade eleitoral porque está a subtrair-lhe votos. Jacob Zuma foi desqualificado de avançar para a corrida eleitoral, mas mesmo assim o seu nome continua nos boletins de voto. Já não há tempo de se tirar. Continua nos panfletos, nas ruas, já não há tempo de se remover. Portanto, pela primeira vez estamos a ir para as eleições com um candidato que já está desqualificado, mas com o nome ainda nos boletins de voto. O que pode até gerar confusão no próprio acto de votação. Exactamente e isso é um episódio que já aconteceu também em Angola em 1992, em que alguém saiu [da corrida eleitoral] e mesmo assim depois ficou na quarta posição, embora os votos já não eram válidos. Então, nós vamos ter isso também aqui na África do Sul, com Jacob Zuma. Ele também não indicou ainda ninguém para estar à frente do partido de forma oficial. Então, tudo indica que ele poderá vir a tornar-se, numa quarta ou quinta força da oposição política no país, depois dessas eleições. Se as sondagens se confirmarem, o ANC precisa de encontrar parceiros de coligação para poder governar. Quais são os cenários que estão em cima da mesa?Se o ANC não conseguir uma maioria parlamentar, terá de fazer uma coligação pós eleitoral para poder formar Governo. Pode fazer uma coligação com o EFF [Combatentes da Liberdade Económica] de Julius de Malema, que têm cerca de 10% e depois terá de fazer algumas cedências.Nos governos municipais, Julius Malema tem estado a exigir algumas pastas, como as Finanças e a saúde.Para o Governo central, é provável que vá pedir a pasta ou das Finanças ou de governador do Banco Central, porque o EFF de Julius Malema é a favor da nacionalização do Banco Central da África do Sul. O ANC também partilha desta mesma posição, mas entende que o momento não é o correcto porque ao fazê-lo pode mexer com o sistema financeiro do país. Um cenário entre o ANC e o DA, o maior partido da oposição, a Aliança Democrática, está fora de hipótese, porque os dois estão num quadro extremo e o DA é o partido que, já no ano passado, anunciou a criação de uma coligação para operar na fase pós eleitoral para derrubar o Presidente da República, Cyril Ramaphosa.O que resta ao ANC vai ser negociar com o Julius Malema ou com Jacob Zuma. Só que Jacob Zuma saiu há pouco tempo do ANC, está zangado com altas figuras, inclusive o Presidente. Então, acho que ainda é muito prematuro voltar a sentar-se com o ANC para negociar.
A urgência ambiental contaminou a arte contemporânea em Moçambique através da fotografia de Anésio Manhiça. As suas imagens extrapolam fronteiras e o “etnofotógrafo” tem levado esta causa a outros espaços de reflexão e de acção. Desta vez, entre 22 a 24 de Maio, Anésio Manhiça expõe na Semana Africana na UNESCO, em Paris. O fotógrafo, etnógrafo, “etnofotógrafo”, antropólogo, ambientalista e artista moçambicano Anésio Manhiça representa Moçambique na Semana Africana na Unesco, em Paris, ao lado da plataforma digital de arte Nuibrava Cultura. A RFI falou com o jovem de 32 anos que expõe cinco obras fotográficas das séries “As vidas do saco plástico” e “Simbiose”, nas quais mostra como a poluição já faz parte das paisagens. Na primeira, o fotógrafo mostra como o saco de plástico pode ter novas vidas graças à reciclagem, enquanto na segunda sublinha “como o social ou o capital acaba dominando o natural”.“Propus uma mistura entre a primeira exposição que fiz, 'As vidas do saco plástico' com a actual exposição 'Simbiose' que é para continuar e mostrar que, como africanos, estamos a pensar no clima, estamos preocupados, estamos a reflectir e que a arte da fotografia é um desses eixos pelo qual temos reflectido sobre estas temáticas”, afirmou o artista à RFI.Representar Moçambique na Semana Africana na UNESCO tem um peso simbólico e é “uma grande responsabilidade”, admite o fotógrafo. A ideia foi falar sobre educação ambiental, cruzando fotografia, arte contemporânea, educação e ambiente.“Representar Moçambique na UNESCO é realmente uma grande responsabilidade, mas, acima de tudo, é um sinal de que a minha fotografia está a ganhar uma visibilidade mais do que nacional. Sabemos muito bem que, em termos fotográficos, geralmente África tem sido marcada por fotografias que revelam muitos processos de tradição, da religião. Agora, trazemos algo que é diferente, que propõe uma participação de África neste debate global [da ecologia].Entre as imagens expostas estão “likoroxo do puto”, que mostra o pé de uma criança a brincar com uma bola de futebol feita com sacos de plástico e outros lixos. Há, ainda, “Acácias Molhadas” que mostram um plástico amarelo a flutuar em cima de uma vala de drenagem, e “Sobrenatural”, uma imagem em tons bastante mais escuros e azulados, que mostra um saco de plástico descartado num dia de chuva. São três imagens capturadas na rua, com uma câmara de telemóvel, para mostrar instantes de poluição que se tornaram recorrentes em cidades de todo o mundo.As outras duas imagens são oriundas de uma série fotografada em estúdio e com máquina profissional. Na primeira, aparece em grande plano um círculo estilhaçado a remeter para uma lente fotográfica quebrada ou para um copo partido, mas, na verdade, é uma garrafa de plástico de um refrigerante usado em Moçambique para conservar sal. Ao lado, outra imagem mostra um corpo em posição fetal, rodeado de tampas coloridas de garrafas. O objectivo é declaradamente crítico.“Aqui já estou a migrar para um outro tipo de conversa. Nestas duas imagens, eu já quero fazer uma crítica. Há as multinacionais, as empresas que poluem por plástico e aqui estamos a falar de empresas de refrigerantes. A ideia é mostrar que estas multinacionais estão a impor-nos o uso destes materiais. Na outra, estamos a ver um corpo, uma pessoa. A ideia é mostrar que sempre consumimos plástico e que o primeiro contacto que temos com o plástico é ainda no ventre porque vamos consumindo os microplásticos de diferentes formas, em diferentes comidas, às vezes, na água”, acrescenta Anésio Manhiça.O artista acrescenta que a fotografia sozinha não chega para despertar consciências, mas ajuda. Por isso, ele tem acompanhado as exposições de debates com os espectadores a propósito das ameaças e danos humanos sobre o meio ambiente. Anésio Manhiça define-se, acima de tudo, como “defensor do clima” antes de admitir ser fotógrafo, antropólogo e etnógrafo. O seu objectivo é “gerar um movimento em Moçambique de uso da fotografia para consciencialização” e investir espaços de arte com mensagens ecológicas.Anésio Manhiça é investigador na Kaleidoscopio – Pesquisa em Políticas Públicas e Cultura, em Maputo, e tirou o seu mestrado em Antropologia Social na Universidade Paris 8, em França, depois de uma licenciatura em Antropologia Social na Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique.Em 2021, Anésio Manhiça venceu o prémio de fotografia “Katla”, da Associação Cultural Kulungwana, e classificou-se em terceiro lugar num outro concurso de fotografia organizado pela UN-Habitat em parceria com o Conselho Municipal da Cidade da Beira. Em Junho desse ano, inaugurou a primeira mostra individual intitulada “As vidas do saco plástico em Maputo”, depois de ter participado em duas exposições colectivas: “As viagens do plástico”, nos Caminhos de Ferro de Moçambique, em Maputo, e “Adaptar as cidades de Moçambique para a Resiliência Climática”, no parque das infra-estruturas verdes do rio Chiveve, na cidade da Beira.
«A questão não é só aumentar anos à vida, mas dar vida aos anos que nós aumentámos. Essa mudança de mentalidade é absolutamente crucial se nós queremos cidades mais sustentáveis, mais saudáveis, mais equitativas». É com estas afirmações poderosas que Sibila Marques fecha os quatro episódios dedicados à longevidade.No último programa sobre este tema, a psicóloga social e o humorista Hugo van der Ding refletem sobre o futuro do envelhecimento e sobre como as cidades devem organizar-se para garantir o bem-estar da população mais velha.Estarão as «smart cities», que promovem a qualidade de vida dos cidadãos e a sustentabilidade dos espaços através da tecnologia, ajustadas aos idosos? Está o desenho destas cidades inteligentes adaptado às suas necessidades? Ou será que refletem apenas os estereótipos (e a condescendência) do idadismo?Como é que os transportes, a habitação e os modos de consumo estão a ser adequados?Que lugar têm os mais velhos na transição digital? E que nível de preocupação demonstram com as alterações climáticas?Sibila Marques traz factos e dá exemplos de casos nacionais e internacionais, deixando, nesta brilhante ‘tetralogia' [IN]Pertinente, um olhar mais consciente e compassivo acerca da longevidade. É que, mais cedo ou mais tarde, todos chegaremos lá e todos, sem diferenças, ambicionamos uma ‘idade maior' com propósito e qualidade de vida.Nestas conversas sobre o envelhecimento, a especialista e o humorista trouxeram a debate as conquistas e desafios associados a uma vida mais longa. Os episódios estão disponíveis para que os possa ouvir ou rever.REFERÊNCIAS E LINKS ÚTEISEpisódios anterioresLongevidade: o que é o idadismo?Longevidade: mais velhos, mais activosLongevidade: estaremos preparados para uma vida mais longa?Links úteis«Ageing in sustainable and smart cities»«This is how we create an age friendly smart city»«Climate justice in an ageing world»BIOSHUGO VAN DER DING Nasceu numa praia de Saint-Jean-de-Luz, nos Pirenéus Atlânticos, filho de um pastor belga e de mãe argentina de quem se perdeu o rasto pouco depois. Dedicou-se, nos primeiros anos, ao negócio de pastorícia da família até fugir para Bayonne, onde completou o curso dos liceus. SIBILA MARQUES Professora auxiliar no ISCTE-IUL e membro integrado do Centro de Investigação e de Intervenção Social (CIS-IUL). É diretora do Mestrado em Psicologia Social da Saúde no ISCTE. Tem desenvolvido os seus trabalhos principalmente em duas áreas: Psicologia do Ambiente e Psicologia do Envelhecimento.
Muito se fala sobre o “discurso do ódio” no Brasil, associado quase sempre a ações de militantes de extrema direita contra seus adversários políticos. Nestas manifestações, por vezes parece que esta violência pertence exclusivamente à sociedade brasileira. Não é verdade. Flávio Aguiar, analista políticoDentro de um mês se realizarão as eleições para o Parlamento Europeu e nota-se um crescimento do “discurso e das ações de ódio” na Alemanha, também por parte de militantes de extrema direita, contra quem considerarem ser adversários políticos.Recentemente houve alguns incidentes graves desta natureza nas cidades de Dresden e Berlim.Em Dresden houve dois incidentes. No primeiro, a política Anne-Katrin Haubold, do Partido Verde, foi hostilizada por um grupo de jovens enquanto afixava cartazes de propaganda para a votação do Parlamento Europeu. A agressão foi filmada, e vê-se o grupo investir contra os cartazes que ela pregava, além de a agredirem verbalmente.O segundo episódio foi mais grave. Aparentemente o mesmo grupo - de quatro jovens - atacou o político do Partido Social-Democrata Matthias Ecke, também enquanto este fazia campanha para a eleição de junho. Matthias Ecke ficou ferido com alguma gravidade, sofrendo fraturas no osso facial e numa de suas cavidades oculares. A polícia identificou os quatro agressores, de idade entre 17 e 18 anos, e pelo menos um deles já era conhecido por suas ideias de extrema direita.Em Berlim, na terça-feira (7), a atual secretária da Economia da Prefeitura (aqui chamada de “Senado”) e ex-prefeita da cidade Franciska Giffey, do Partido Social-Democrata, foi agredida dentro de uma biblioteca no bairro de Rudow. Um homem de 74 anos atacou-a pelas costas, e bateu em sua cabeça e em seu pescoço com uma sacola pesada. Giffey sofreu ferimentos leves e o agressor foi detido. A polícia declarou ainda desconhecer os motivos da agressão.Max Reschke, porta-voz do Partido Verde no estado da Turíngia, na antiga Alemanha Oriental, declarou que ameaças e ataques contra militantes de seu partido e de outros de esquerda ou de centro-esquerda são constantes. Detalhou que durante manifestações dos agricultores da região, que, dentre outras reivindicações, pediam o afrouxamento das exigências ambientais, tornou-se comum encontrar estrume nas portas dos gabinetes de políticos do partido. Muitas vezes esses gabinetes tiveram suas janelas quebradas por pedradas e também suas caixas de correio foram destruídas.O porta-voz declarou que agora é norma que políticos em campanha não andem nem viajem desacompanhados.Aumento da violênciaA pedido da Fundação Körber de Proteção à Democracia, a agência Forsa realizou uma pesquisa com 6.400 prefeitos ou presidentes de câmaras municipais na Alemanha sobre o tema da violência política. Duas mil e quinhentas delas ou deles afirmaram que ou já sofreram violência e ameaças ou sabem de casos que aconteceram na sua jurisdição.Sven Tetzlaff, dirigente regional da Fundação Körber, ressaltou que este aumento da violência não se restringe à Alemanha, mas é observado em toda a Europa e nos Estados Unidos, motivado por ressentimentos e frustrações contra políticos e a política de um modo geral.Quanto à Alemanha especificamente, há analistas que ressaltam a semelhança deste crescimento com o que aconteceu nas décadas de 1920 e 1930 do século passado, durante o período conhecido como República de Weimar, cidade onde se reuniu a Constituinte alemã depois do fim da Primeira Guerra Mundial e da queda da monarquia. Naquele momento, grupos paramilitares de extrema direita patrocinaram uma violência crescente contra seus adversários até a ascensão do governo e do regime nazistas no começo de 1933.Apesar das analogias, notam-se algumas diferenças entre as duas situações, pelo menos de momento. Por exemplo, em maio de 1933 o subprefeito do bairro de Kreuzberg, em Berlim, o social-democrata Carl Herz, tio-avô do político brasileiro Tarso Genro, ex-prefeito de Porto Alegre e ex-governador do Rio Grande do Sul, foi arrancado de seu gabinete por militantes dos SA (Sturmabteilung), ou Camisas Pardas, e espancado no meio da rua. A polícia acorreu e prendeu... a vítima (!), que acabou se exilando com parte da família na Inglaterra. Hoje não é tal arbitrariedade policial que se observa nestes casos de violência na Alemanha. Mas há quem tema que a história se repita, e não como farsa, mas como nova tragédia.
Com um novo campeão nacional no futebol português e o filme “Challengers” nas salas de cinema, vamos à procura de tudo o que é pop entre os campos da bola e os courts de ténis.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Lisboa viu o Dérbi Eterno realizar-se duas vezes no espaço de poucos dias. Nestas duas ocasiões mudou o palco, mudou a competição e até mesmo o resultado. Só não mudou a consequência comum a ambos os jogos: o Sporting aproximou-se de títulos enquanto o Benfica se afastou deles. No episódio desta semana, detalhamos os argumentos que levaram os leões a superiorizarem-se às águias - primeiro para a Taça de Portugal (2-2 (4-3)), na Luz, e depois para a Liga Portugal (2-1), em Alvalade. Antes de fechar, exploramos a possibilidade de Rúben Amorim se tornar o próximo treinador do Liverpool. Será esta a derradeira época do técnico ao comando dos verde-e-brancos? Como sempre, peço que avaliem e subscrevam o podcast em todas as plataformas. Obrigado!
Nestas ultimas semanas, a mídia foi inundada com noticias de um novo estudo que concluiu que se fazer jejum de 16h esta associado com um aumento de assustadores 91% seus riscos de morte por doenças cardiovasculares... Será que é verdade? O que isso significa? Quais protocolos de jejum estão envolvidos? O que tirar disso tudo? Vamos ao vídeo!
Em Angola termina nesta sexta-feira, 22 de Março, a greve geral de três dias convocada pela Força Sindical União Nacional dos Trabalhadores, Confederação Sindical e a Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola, exigindo nomeadamente aumentos do salário mínimo. António Estote, ponto focal do grupo Técnico do Governo de Angola nas negociações com os sindicatos, explica as questões que bloquearam as negociações, porém confirma que o executivo continua aberto ao diálogo. RFI : Que balanço faz das negociações com as três centrais sindicais angolanas?António Estote, ponto focal do grupo Técnico do Governo angolano nas negociações com os sindicatos: De uma forma geral, nos principais pontos, estamos a falar de cerca de 80% dos principais pontos, foi encontrado um consenso entre as partes. Houve alguma flexibilidade, por parte dos sindicatos e por parte do Governo. Todavia, os sindicatos condicionaram o acordo como um todo aos 20% nos quais faltou consenso.Na verdade, os sindicatos reivindicam cinco pontos ligados às questões remuneratórias e um ponto muito genérico para cada departamento ministerial. Estamos a falar de Saúde, Educação, ensino superior e outras questões ligadas às relações e condições de trabalho e ao diálogo social. Relativamente às questões de diálogo social, quase todos os pontos foram atendidos.Uma das exigências é o aumento do salário mínimo. Toda a gente sabe que Angola é um dos países mais caros do continente africano. Como é que se vive com cerca de 30 euros?Fazendo essa comparação directa com dólares ou euros, há produtos onde não se faz essa paridade. Estamos a falar de cortar o cabelo, produtos produzidos localmente… As condições de vida, sobretudo do poder de compra dos angolanos que recebem salário mínimo, é relativamente baixa.O que nós estamos a pensar é aumentar este valor, mas de tal forma que este valor não venha depois aumentar a inflação.E esse aumento seria de quanto?Estamos a trabalhar com um intervalo relativamente entre 50 a 100%. Agora, o grande desafio é identificar grupos específicos em que o incremento não pode ser substancial, porque, apesar de serem actualmente cerca de 36 euros (…) muitas empresas não têm dinheiro para pagar um salário mínimo. Estaríamos a falar de 32 mil para 40 mil kwanzas. Vamos supor 32 para 50 kwanzas para as micro-empresas, 60 mil kwanzas para as pequenas empresas, 30 mil kwanzas para as médias empresas e para as grandes empresas 100.000 kwanzas. Mas para dizer que o salário mínimo é o referencial, o patamar mais baixo. As empresas e as famílias, em função das suas condições financeiras, muitas delas pagam acima deste valor.Qual foi a resposta das centrais sindicais?As centrais sindicais recuaram. Eles saíram dos 245 mil kwanzas e foram para até 100%. Só que eles não querem esta distinção entre tipo de empresa, eles querem um aumento de 100% para todos. Nós como queremos salvaguardar o emprego e alguma actividade económica em determinados sectores críticos, como a agricultura, estamos a negociar para termos um salário mínimo diferenciado por tipo de empresa. E os 100% de aumento que os sindicatos exigem serem apenas para as grandes empresas. Nestas negociações o factor fracturante, que levou os sindicatos a não assinarem o acordo, foi o aumento do salário da função pública.Qual a razão do reajuste do salário da função pública ser factor fracturante?Actualmente, se olharmos a para a nossa despesa, as remunerações e salários correspondem a 3 bilhões de kwanzas. Com o aumento de 25%, nós vamos chegar a 9/10 bilhões, para arredondar. Dez bilhões de kwanzas representam 90% das nossas receitas fiscais, incluindo as petrolíferas. Aumentando esse montante, com os níveis de IRT que nós temos de receita, estamos a assumir que vamos ter que nos endividar para pagar salários. Isto do ponto de vista de gestão financeira, seja privada ou pública, não se pode financiar as despesas de curto prazo, nem despesas correntes - nesse caso fixas - com recurso a dívida.E a nossa situação actual, não é novidade para ninguém, mais de 50% do nosso orçamento é destinado ao pagamento do serviço da dívida. Estamos a falar da amortização e dos juros.Num país onde tudo é tão caro, viver com tão pouco não é fácil. É isso que os sindicatos dizem…Neste aspecto estamos todos de acordo. A questão qual é: encontrar uma solução exequível para não estarmos numa situação pior. Os funcionários públicos ganham pouco, é reconhecido, mas ganham pouco devido à perda do poder de compra.E por que tem de ser a sociedade angolana que tem que arcar com essa responsabilidade?Quando eu digo a sociedade toda, estou a falar, incluindo o Governo, porque a inflação não escolhe a depreciação do kwanza.Mas há uma diferença entre um salário de um deputado e um salário de um funcionário público, que está ligado às responsabilidades. Essa diferença existe em todo o mundo… Existe o princípio da diferenciação positiva e da hierarquia no processo remuneratório. Naturalmente, os salários aumentam, mas estamos aqui a falar do patamar salarial, a distância corresponde aos mínimos exigidos. A questão que se coloca é que, quer o deputado quer o funcionário de base de uma empresa de segunda classe, quer o ministro, quer o Presidente, quer o director nacional, todos estão a ser impactados pela inflação. Daí que a nossa recomendação, a médio prazo, tem sido olhar para aqueles factores que contribuíram para a perda do poder de compra. Olhar para a produção nacional.O que dizem os sindicatos é que, apesar do país ter condições, quase tudo o que consome é importado. Apesar de Angola ter condições para ter uma produção interna robusta. E é um país que fala na diversificação económica, mas que continua sempre muito dependente do petróleo…. Mas se reparar, o caderno reivindicativo tem cinco pontos e destes pontos não existe nenhum ponto que fala sobre essa matéria, sobre a diversificação ou a produtividade. E se falarmos sobre a produtividade, que é um dos critérios para aumentar os salários, aí entraríamos noutro campo.Os sindicatos denunciaram funcionários públicos foram coagidos, detenções arbitrárias, quando o direito à greve está plasmado na Constituição. Como se justifica que os sindicalistas tenham sido detidos?Nós verificamos que houve alguns pontos de tensão devidamente identificados. Estamos aqui a falar, acho eu, do Bengo e de Cabinda. Penso que se tratam de situações isoladas. Esta questão de uns tentarem persuadir os outros a aderirem à greve e os outros tentarem persuadir a não aderirem. A Polícia Nacional deve salvaguardar a integridade física daqueles que aderiram à greve e daqueles que não aderiram. Se houve um excesso, essas pessoas devem arcar com as consequências. Aproveito para dizer que a greve correu bem. É um feito histórico em termos, por um lado, um conjunto de trabalhadores públicos a trabalharem, garantindo os serviços todos. Na administração central, os serviços funcionaram na administração local, sobretudo no sector da educação. Houve alguma aderência também no sector da saúde, mas os serviços mínimos na saúde funcionaram. Na educação houve maior aderência.Outra questão que foi é abordada pelos sindicatos é o facto da imprensa pública não fazer qualquer menção à greve. Dizem que ouvem apenas o Governo e não ouvem os representantes dos trabalhadores que estão a reivindicar. Como é que se justifica que a imprensa pública angolana não faça referência a uma greve-geral no país?Não consigo confirmar essa afirmação. Se repararmos, e se formos aqui um pouco mais precisos, sempre que houve uma reunião de negociação com o Executivo, os sindicatos convocavam uma conferência de imprensa e falavam, já o executivo não falava. Mas final do dia poderíamos ter evitado a greve. Porém, demos um exemplo de cidadania e de democracia.A greve termina nesta sexta-feira, 22 de Março. O Governo está disponível para negociar?O Governo continua aberto para negociação e continua [empenhado] em tentar convencer a sociedade civil e o sindicato que há determinados grupos de interesses, sobretudo os menos protegidos, que devemos salvaguardar. Refiro-me ao o emprego, às micro e pequenas empresas e à estabilidade e a paz social.
A noite das eleições foi também a noite dos Óscares e confesso que não troco por nada ter estado 7h em directo no Youtube e a acompanhar esta montanha russa de emoções, pois ficou provado que a realidade supera sempre, mas sempre a ficção. Estas eleições deram as mesmas sensações de estar a ver um episódio de House of Cards, ou filmes como Jogos de Poder ou Idos de Março, foi muita emoção, foi muita matemática ao longo do noite, foi fazer especulações, um turbilhão que acho que o sono não veio justamente por causa dessa adrenalina. Entramos nesta eleição com a dúvida de como é que o PS ficaria nesta eleição, qual seria o efeito de Pedro Nuno Santos, mas também perceber se a AD conseguia ter um bom resultado. Temos eleições após uma dissolução do Parlamento que tinha uma maioria absoluta do PS, mas uma vez mais a nuvem da Corrupção pairou sobre o PS. Então quero comparar 2024 com 2011. Em 2011, onde Pedro Passos Coelho e o PSD venceram as eleições, o PS teve 74 deputados, em 2024 tem 77, ainda sem a contagem dos círculos fora de Portugal. Em 2011 o PS teve 1.568.168 votos e 28,06%, em 2024: 1.759.998 votos e 28,66%, as semelhanças estão lá, mas Pedro Nuno Santos consegue um resultado melhor, e no entanto em 2011 Sócrates tinha a desculpa da hipocrisia da Extrema-Esquerda em ser a moleta da Direita e o resgate financeiro da Troika, Pedro Nuno Santos tinha a corrupção e a incompetência. Já o PSD perdeu efectivamente gás comparando com 2011. AD teve em 2024 1 811 027 votos, em 2011 só o PSD teve 2.159.742 votos e 108 deputados, agora foram 77 o CDS-PP teve 653.987 votos, 24 deputados, agora 2. Sempre disse que era fã de Luís Montenegro, voltava da escola e ficava a vê-lo nos debates parlamentares a ser um mestre do debate e da oratória, e infelizmente não vimos esse Montenegro de volta, esse carisma e liderança. Temos ainda o fenómeno do ADN que em 2022 teve 10.911 votos e em 2024: 100.051 votos. Campanha anti Agenda 2030 dá tanto voto? Ah então cuidado, porque se eu fundo partido vou ter mais que isso com a minha agenda anti-woke, não me tentem! Nestas eleições temos 2 vencedores: Livre e Chega, que são talvez o futuro de cada campo político, e quando digo futuro, não digo que sejam alternativas, mas sim partidos que vão querer condicionar o tempo todo o seu espaço político. Tivemos o Livre durante a campanha toda a pedinchar uma federalização da Esquerda no Parlamento, e vemos agora André Ventura a pedinchar uma coligação no Parlamento, dizendo ao PSD com quem se devem ou não coligar. André Ventura neste momento tem o rei na barriga e o poder está-lhe a subir à cabeça, mas isso é porque tem as fileiras a pedirem-lhe lugares e ministérios para distribuir pela clientela.
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Segundo comentário de Ana Gomes aos resultados das eleições que se vão sabendo ao longo da noite eleitoral. "Foi o PS que perdeu aquela margem de eleitores flutuantes em relação a 2022. Qualquer que seja o resultado será precário”.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Reflexão muito pessoal sobre as eleições do próximo domingo. Partilhem comigo também as vossas opiniões, para o email 45graus.jmp@gmail.com ou através das redes do podcast. Curso de Literacia Política (Life MBA): lifemba.com/politica
As imagens de rios icônicos e lagos da Amazônia quase desaparecendo, de botos-cor-de-rosa mortos nas margens e de comunidades ribeirinhas angustiadas pelo desabastecimento soam mais um alerta sobre os riscos de colapso da maior floresta tropical do planeta. O quanto esse episódio está relacionado com o chamado 'ponto de não retorno' do bioma amazônico? Já faz mais de 30 anos que cientistas brasileiros e estrangeiros alertam que o avanço do desmatamento e as mudanças climáticas afetariam a tal ponto a dinâmica da floresta que ela não conseguiria mais se regenerar e ‘morreria'. No lugar, uma vegetação empobrecida de tipo savana emergiria. A morte em massa de árvores gigantescas ainda geraria uma verdadeira bomba de emissões de carbono, o que agravaria o aquecimento do planeta.A cientista Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, é uma das maiores especialistas do Brasil sobre o tema. Ela explica que a floresta tropical úmida opera 'como um grande air bag climático', um desacelerador da mudança do clima."É difícil. Mesmo a gente sabendo que chegaria numa situação de colapso como a gente está assistindo hoje, nunca estamos preparados o suficiente”, lamenta. "A gente vem alertando que isso que se chama de progresso, não é. Chamam de desenvolvimento econômico destruir a floresta e substituir por pastagens, plantações de milho e soja, extração de madeira, enquanto que isso causa um prejuízo para toda a coletividade, todos que vivem no Brasil e nesse planeta”, constata. Desmatamento é o principal causadorO desmatamento acelerado tem levado menos vapor de água para a atmosfera – do lado oeste da Amazônia, o mais preservado, a perda de precipitações na estação seca, que ocorre agora, já chega a 20%. Para evitar o colapso, ressalta Luciana Gatti, a promessa de fim do desmatamento da Amazônia em 2023 não é mais suficiente."Uma vez que uma região chega no ponto de não retorno, ela vai contaminando as demais”, explica. "A gente precisa de uma ação urgente, decretar calamidade na Amazônia, principalmente na região sudeste, que é a mais próxima do ponto de não retorno, e a segunda é a nordeste. O lado leste emite oito vezes mais carbono, porque a floresta já está numa condição de extremo estresse." Nestas áreas mais suscetíveis, a devastação da região oscila entre 30 e 40%, e mais de 2 milhões de quilômetros quadrados do bioma estariam muito próximos do ponto de não retorno. O aumento das temperaturas só torna esse coquetel mais perigoso – e é por isso que o fenômeno El Niño desempenha um papel importante no que ocorre agora, aponta Ane Alencar, especialista do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) em degradação florestal."Normalmente ele causa uma seca mais severa na Amazônia. Entretanto, o que a gente tem visto é que esse El Niño é muito forte. O aquecimento das águas do Pacífico, na região do Equador, tem sido muito intenso”, afirma. "Isso causa efeitos sinérgicos com outros fenômenos, como o aquecimento das águas do Atlântico, que também impacta na seca na Amazônia. E o que tem acontecido é que as mudanças climáticas têm intensificado esse fenômeno e às vezes aumentado a sua frequência também”, salienta a geógrafa.Efeito das queimadasOs fenômenos El Niño costumam durar entre um e dois anos, o que leva os especialistas a esperarem por uma agravação ainda maior do estresse hídrico na Amazônia em 2024. Alencar ressalta que a floresta tem resiliência para suportar períodos de seca, mas essa capacidade acaba limitada quando o clima está desestabilizado e também pelas intervenções humanas – em especial as queimadas, que deixam a floresta inflamável em caso de estiagem.“Quando a gente fala de ponto de não retorno, a gente fala de uma mortalidade tão intensa e de condições que não deixem as árvores retornarem. O fogo é um elemento muito transformador e, com certeza, na equação que pode levar a um ponto de não retorno, ele é um elemento fundamental: ele pode vir a inibir o retorno de um certo tipo de vegetação que não resiste ao às chamas”, aponta Alencar."As árvores da Amazônia não são como as do Cerrado, que tem a casca grossa, adaptada ao fogo. Os incêndios levam a uma alta mortalidade na Amazônia”, adverte.No Amazonas, milhares de focos de queimadas na última semana deixaram Manaus sob uma espessa camada de fumaça, que chegou a paralisar o transporte fluvial do porto Bertolini. A Polícia Federal realiza operações para combater o fogo ilegal.
Milhões de portugueses estão a entrar em férias e a gozar o merecido descanso depois de um ano inteiro cheio de muitas preocupações. O problema é que muitos de nós transformam-se durante as férias e parecem outras essoas, completamente diferentes do José ou da Maria do resto do ano. Descansar não precisa ser sinónimo de gastar dinheiro sem critério. Não estrague o seu próximo ano por causa de umas férias que devem ajudá-lo a descansar e não a serem fonte de stress nos próximos meses. Deixo-lhe as minhas dicas para que aproveite as suas férias ao máximo sem "culpa". Aproveite a minha boleia para melhorar a sua vida financeira e partilhe este podcast com os seus amigos. Juntos, vamos conseguir vencer mais esta crise. Veja todas as dicas de poupança em www.contaspoupanca.pt Assine a Newsletter no blogue Youtube: https://www.youtube.com/@PedroAnderssonDicasdepoupanca Facebook facebook.com/contaspoupanca Instagram www.instagram.com/pedroandersson_contaspoupanca/ LIVROS (Links para encomendar) Contas-poupança - Como superar a inflação e ganhar com a crise (2022) https://bit.ly/LivroContasPoupancaInflacao Contas-poupança - Vença a crise com inteligência (2020) https://bit.ly/LivroContasPoupança_-_Vença_a_crise Contas-poupança - Poupe ainda mais, Invista melhor (2018) https://bit.ly/Livro_Contas_poupança_Poupe_ainda_mais_Invista_Melhor Contas-poupança - Viva melhor com o mesmo dinheiro (2016) https://bit.ly/Livro_Contas_poupança-_Viva_Melhor_Com_Mesmo_Dinheiro
Você já se sentiu frustrado por não conseguir absorver bem o que está lendo? Já tentou diversas formas de estudo, mas ainda assim sente que não foi eficaz? Isso é bastante comum e normalmente ocorre porque não damos o significado correto ao estudo. É necessário entender o quão profundo é o ato de estudar, o seu verdadeiro valor e quão especial e gratificante pode ser esse momento. Costumamos pensar que estamos estudando apenas para alcançar algum objetivo externo, passar em alguma prova ou concurso, mas esta visão é muito limitada. Por isso a filosofia é tão necessária ao falar sobre o estudo. Nestas aulas comentaremos sobre o real valor dos estudos, aprendendo a fazer uma leitura inteligente e um planejamento de forma eficiente! Assim, após essas aulas, você já terá excelentes ferramentas para tornar o estudo uma ferramenta útil e fundamental para a vida! Esperamos que, no fim desse minicurso, você seja capaz entender o estudo como uma forma de extrair os nutrientes para nossa Alma! Esperamos por você! Encontre nosso conteúdo: Apple Podcasts, Google Podcasts, Spotify, CastBox, Deezer, iHeart, JioSaavn, Listen Notes, Podcast Addict, Podchaser, RadioPublic Sugestões, colaborações, observações pelo whatsapp 61 9 8361 57 53 - Voluntários Membros da Nova Acrópole Asa Sul #novaacropole #filosofia #cultura #voluntariado #newacropolis #nuevaacropole #volunteer #culture #philosophy #palestrasfilosoficas #filosofiaaplicada #podcast #podcastnovaacropole #estudecommaestria #maestria #filosofiaamaneiraclassica #autoconhecimento #sentidodevida #vidainterior #consciencia #luciahelenagalvao #professoraluciahelena #acropoleplay #palestrafilosoficanovaacropole
Você já se perguntou o real motivo pelo qual você estuda? Até o fim deste minicurso você vai aprender a dar um novo significado a este momento! É necessário entender o quão profundo é o ato de estudar, o seu verdadeiro valor e quão especial e gratificante ele deve ser! Hoje vou te mostrar algumas condições para que o estude seja realizado de forma mais eficaz. A melhor parte é que você já pode começar a fazer essas mudanças no seu dia-a-dia! A partir do dia 10/04, eu estarei realizando uma semana de aulas gratuitas para falar um pouco sobre técnicas de estudo. Você já se sentiu frustrado por não conseguir absorver bem o que está lendo? Já tentou diversas formas de estudo, mas ainda assim não sente que foi eficaz? Isso pode acontecer com muitos de nós por não entender, principalmente, o quão profundo é o ato de estudar, o seu verdadeiro valor. Inclusive pensamos por vezes que estamos estudando apenas para alcançar algum objetivo material, para ser o melhor em algo ou ter mais "quantidade" de conhecimentos. Por isso a filosofia é tão necessária ao falar sobre o estudo. Nestas aulas, explicarei como estudar com maestria! Um tema realmente muito necessário a todos nós. Este evento será totalmente online e totalmente gratuito. Nos dias 10, 12 e 14 de abril vou te apresentar esses fatores para estudar com mais eficácia, assim como mostrarei uma forma de fazer uma leitura inteligente e um planejamento de estudos eficaz e realista! Tenho certeza que fará a diferença na hora de estudar! Resumindo: neste evento iremos te ensinar como fazer do estudo uma ferramenta para dominar a vida! As aulas estarão disponíveis por tempo limitado, somente até o dia 15/04. Para participar, basta se inscrever: https://ad-astra.digital/estudecommaestria Um abraço e até breve! Lúcia Helena Galvão Encontre nosso conteúdo: Apple Podcasts, Google Podcasts, Spotify, CastBox, Deezer, iHeart, JioSaavn, Listen Notes, Podcast Addict, Podchaser, RadioPublic Sugestões, colaborações, observações pelo whatsapp 61 9 8361 57 53 - Voluntários Membros da Nova Acrópole Asa Sul #novaacropole #filosofia #cultura #voluntariado #newacropolis #nuevaacropole #volunteer #culture #philosophy #palestrasfilosoficas #filosofiaaplicada #podcast #podcastnovaacropole #estudecommaestria #filosofiaamaneiraclassica #autoconhecimento #sentidodevida #vidainterior #consciencia #luciahelenagalvao #professoraluciahelena #acropoleplay #palestrafilosoficanovaacropole
Com o surgimento do Bitcoin, alguns mercados também surgiram. Seguindo a Lei de Say, este é o processo natural quando há a oferta de um produto/serviço no mercado. A Lei em questão, que levou o nome do economista francês Jean-Baptiste Say, diz que é na criação de um mercado - oferta de um produto com potencial demanda - é que novos mercados podem surgir. Neste sentido, o mercado em questão são as Exchanges: mais precisamente, as exchances centralizadas. Conhecidas como CEX, as exchanges centralizadas servem como um “balcão de negócios de criptoativos”, onde as operações de trades, são de um token representativo dos criptos. Em miúdos, por mais que você esteja trocando Dólar Tether por Bitcoin em uma CEX, não há movimentação destes ativos na realidade. As movimentações de ativos só ocorrem quando você resolve retirar seus ativos das exchanges. Isso, claro, permite que você permite criptoativos sem os custos de transações da rede, mas em troca da segurança e propriedade dos ativos em questão: daí surge que, “se não são suas chaves, não são suas moedas”. As exchanges descentralizadas, conhecidas como DEX, quebra este jargão. A dependência da plataforma em ter a custodia das moedas, como acontece na CEX, é inexistente, portanto as criptomoedas estão na carteira do usuário e a utilização da plataforma serve apenas para performação - como trade, por exemplo. Dito isso, a capacidade de saque das criptomoedas está sempre em disposição, dando a capacidade de gerência aos usuários. A operação de permutabilidade entre ativos não foi o único mercado que surgiu após o Bitcoin. Os contratos inteligentes, por exemplo, surgiram como uma inovação na blockchain. Então em vez da operação de transferência simples de ativos de uma carteira para outra, agora outras funções surgem. Autoexecutáveis e para sempre registradas na Blockchain, os contratos inteligentes vieram para ficar. Nestas operações de contratos autoexecutáveis, você pode encontrar o que melhor te serve, baseando na blockchain de sua escolha. A escolha da Ethereum, por exemplo, é muito comum para quem busca segurança e não liga tanto para as taxas. ✅ Veja aqui todos os links importantes mencionados no video além de cursos, site de noticias, apoiadores, documentários e também nossas mídias sociais. https://linktr.ee/BitcoinBlock
Em um discurso nesta quarta-feira (12), Lula disse que o Complexo do Alemão, comunidade na zona norte do Rio de Janeiro, iria “dar uma surra no Bolsonaro”. O petista participou de uma série de atos na comunidade, antes de partir para agendas em Salvador durante a tarde. “Eu vou chegar na Bahia e vou dizer que povo do Complexo do Alemão me garantiu que amos dar uma surra no Bolsonaro nestas eleições”, disse o petista aos apoiadores, em um palanque que também contou com o prefeito da cidade, Eduardo Paes (PSD). Levantamento do jornal O Globo nesta quarta-feira mostra que Lula se saiu melhor em oito comunidades cariocas, incluindo o próprio Complexo do Alemão, onde o petista teve uma vantagem de 15 pontos percentuais sobre o candidato do PL. Inscreva-se e receba a newsletter: https://bit.ly/2Gl9AdL Confira mais notícias em nosso site: https://www.oantagonista.com Acompanhe nossas redes sociais: https://www.fb.com/oantagonista https://www.twitter.com/o_antagonista https://www.instagram.com/o_antagonista No Youtube deixe seu like e se inscreva no canal: https://www.youtube.com/c/OAntagonista
De acordo com o professor José Luiz Portella, as discussões voltadas para o poder e o passado dos candidatos afetaram uma apresentação clara das políticas públicas que serão implementadas nos próximos quatro anos
Olá, Pretotecxs! Está tudo muito tenso, não é? Estamos muito perto de uma das eleições mais importantes do país. Só se fala disso na internet, no trabalho, nos grupos do "zap", nas mesas de bar... em qualquer lugar!E, claro, o Pretoteca não ia ficar de fora dos debates envolvendo o assunto. Estamos sempre aqui trazendo para vocês um olhar mais racializado sobre questões importantes.E a política é fundamental para nós, negros, que temos pouca ou quase nenhuma representação atualmente. Os números mostram bem isso: pretos e pardos somam metade da população nacional, mas ocupam cerca de um décimo do parlamento.Esse número diminui ainda mais quando observamos os cargos ocupados nas prefeituras, governos estaduais e senado.Por isso, o Movimento Negro Unificado, o MNU, têm apoiado e criado iniciativas para inserir negros nesses espaços. Uma delas é o Quilombo nos Parlamentos, ação que apoia mais de 120 candidaturas de pessoas ligadas ao movimento negro, indicadas por organizações que que concorrerão a cargos no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas por todo o território nacional.Para falar sobre representatividade na política e sobre o #QuilombonosParlamentos, nós, Cynthia Martins e Milena Teixeira, chamamos a coordenadora nacional do MNU, a educadora Iêda Leal de Souza.Bom programa! O podcast Pretoteca está no Youtube e nos principais tocadores.
Na homilia deste 26º Domingo do Tempo Comum, Padre Francisco de Assis destaca destaca que “a Igreja não prega luta de classe nem ‘nós contra eles'. Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. E a Igreja, fiel à vontade de Deus, deve anunciar essa salvação em Jesus Cristo e deve chamar todos à conversão”. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/jlio4/message
Nestas eleições presidenciais de outubro, os eleitores brasileiros no exterior são mais numerosos e enfrentam mais dificuldades para poder votar. O Tribunal Superior Eleitoral revelou que houve um crescimento forte do eleitorado brasileiro no exterior, em comparação à 2018. Em 2022, serão 697.078 eleitores aptos a votar fora do país, 40% a mais que há quatro anos. No entanto, o Itamaraty reduziu a quantidade de seções eleitorais fora do Brasil. Gina Marques, correspondente da RFI em Roma Há eleitores brasileiros domiciliados nos cinco continentes, mas os países com maior número de votantes são: Estados Unidos (108.624), Japão (30.671), Portugal (30.431), Itália (20.972) e Alemanha (17.555). Nas eleições presidenciais há quatro anos, foram abertas 33 seções de votação em municípios diferentes das cidades onde estão sediadas as Embaixadas e Consulados brasileiros. Segundo o Itamaraty, isso serviu para “facilitar a cidadãos que residem em localidades distantes das sedes das repartições diplomáticas ou consulares o exercício de seus direitos cívicos”. Das 33 seções 'fora da sede' realizadas em 2018, 22 foram abertas pela primeira vez. Brasileiros na Itália Segundo o Instituto Nacional de Estatística Italiana (ISTAT), 50.666 brasileiros residem na Itália (dados de janeiro de 2021). A maioria (13.977) vive da região da Lombardia, no norte, onde está a cidade de Milão. Em segundo lugar está a região do Lácio, onde fica a capital Roma, que conta com 6.117 residentes brasileiros. Seguem o Vêneto (5.628), o Piemonte (4.896), Emilia Romagna (4.012) e a Toscana (3.852). A decisão do governo do Brasil de reduzir as seções eleitorais no exterior causa transtornos para muitos brasileiros que vivem na Itália. Este ano no país serão mantidas as sessões de votação nas duas sedes de jurisdições consulares, respectivamente em Milão, no norte, e em Roma, no centro do país. No entanto, foram suspensos outros dois locais de votação, um na cidade de Mestre/Veneza e o outro em Florença. Essas duas sessões fazem parte da daquelas que foram abertas pela primeira vez para as eleições presidenciais de 2018. Questionado pela RFI sobre o motivo que levou o governo brasileiro a reduzir os locais de votação no exterior, o Consulado do Brasil em Roma respondeu que “a decisão foi tomada pelo Cartório eleitoral do Exterior, em Brasília, e comunicada ao Ministério das Relações Exteriores”. A pergunta sobre quanto custa organizar seções eleitorais em Roma e Milão, o Consulado em Roma afirmou que “a informação está centralizada no Ministério das Relações Exteriores, em Brasília”. A resolução prejudica os brasileiros que vivem no Vêneto e na Toscana, regiões do nordeste e centro do país com grande concentração de eleitores que antes contavam com locais de votação mais próximos. O mineiro Edson Silvério Cruz, 51 anos, vive na Itália desde o ano 2000. Ele mora em Florença, na região central da Toscana, e trabalha em uma agência de viagens e turismo. No setor turístico, domingo é um intenso dia de trabalho. “Para a gente conseguir tirar neste dia uma licença de folga não é fácil, entendeu? E tentar justificar isso para nossos chefes, é bem constrangedor.” diz Edson. Despesa por conta do cidadão À RFI, o Consulado do Brasil em Roma informou que: “Durante as eleições presidenciais, as cidades de Milão e Roma terão cada uma um único local de votação com diversas urnas. A jurisdição de Milão cuida das oito regiões do norte e a de Roma é responsável pelas 12 regiões do centro e do sul do país”. Os brasileiros que vivem distantes de Milão ou Roma têm que viajar pagando as próprias despesas para poder votar. Nas redes sociais, muitos eleitores brasileiros na Itália protestam contra a falta de auxílio dos consulados para o transporte até a seção de votação. Alguns estão organizando grupos para fretar ônibus e reduzir o custo da viagem para poder votar. É o caso dos brasileiros que vivem na Toscana. No ônibus fretado de Florença para Roma, cada passagem de ida e volta custa € 26, cerca de R$ 150. O preço é bem mais barato, considerando que só a passagem de ida e volta de trem custa cerca de € 90, quase R$ 500. Edson vai viajar de Florença para capital italiana no ônibus fretado pelos brasileiros. A distância entre as duas cidades é de 275 km, portanto 550 km ida e volta. Ele faz as contas: “Se não fosse essa possibilidade de o grupo de brasileiros ter organizado os ônibus para Roma, não sei se eu poderia ir votar. Além do valor da passagem de trem, é preciso passar quase um dia em Roma. Portanto, você tem que almoçar e que lanchar. Isso significa que a despesa de ida e volta de trem custaria mais de € 100, uns R$ 600. Isso tudo do meu bolso. Sem contar que, se eu não obtiver a licença para me ausentar, não serei remunerado pelo dia de trabalho”. Segundo Edson, o governo deveria ter mantido a seção de votação em Florença para facilitar milhares de eleitores brasileiros. “Quando me comunicaram, me senti como se eu tivesse sido deixado de lado. É como se eu não fosse um cidadão brasileiro também. Eu não vejo nada de mais trazer a urna para Florença, como foi em 2018. Nas eleições passadas tivemos a oportunidade de votar aqui.” Abstenção por motivos financeiros A professora Nair Aparecida Pires, 56 anos, vive na Itália desde 1994 e mora na cidade de Treviso, na região Vêneto, no nordeste do país. Segundo ela, o que está acontecendo é um desrespeito com o eleitor que já tinha transferido o título para Veneza/Mestre. “Na verdade, o consulado tinha orientado e aconselhava que a gente fizesse a transferência do título para Veneza. Agora o que resulta é que as pessoas daqui transferiram o título a seção eleitoral de Veneza, mas vão ter que votar em Milão. Isso acarreta o desgaste físico e financeiro. Porque não é pertinho e é muita despesa” explica a professora. Segundo ela, muitos brasileiros não vão votar por motivos financeiros. “Tenho dois filhos que votariam, mas a viagem de três pessoas da mesma família do Vêneto para Milão só com o objetivo de votar é uma despesa alta demais. Portanto, sou a única da família que vai votar. Tenho amigas brasileiras na mesma situação.” Direito e dever do voto Nair lembra que no Brasil expressar a preferência por um candidato através do voto é um direito, mas votar é obrigatório, portanto um dever. “O Brasil é um país democrático, porém o voto no Brasil não é tão democrático. O voto não é só um direito, é um dever. Portanto, sendo dever, as autoridades competentes têm a obrigação e fazer com que o cidadão tenha facilidade para poder votar. Porque é um dever, é uma obrigação.” A professora ressalta que é possível justificar a ausência do voto, mas muitas pessoas querem votar e não têm condições. Segundo ela, pode ser uma supressão do direito. “Dificultar a votação significa impedir o direito do cidadão de expressar sua escolha por um candidato. Portanto, a supressão de um direito democrático. Essa é a minha opinião e também de tantos brasileiros com quem eu tenho conversado.” “Medo de represálias” Junto com um grupo de brasileiros indignados com a redução das seções de votação na Itália, Nair lançou uma campanha na internet pedindo que a situação seja repensada e que as instituições levem em conta, em nome da inclusão, as mais diversas situações familiares e as despesas de viagem. “A petição foi feita com o objetivo de ajudar a comunidade brasileira. Não foi com o objetivo de favorecer nenhum e nem outro candidato. Porque não é questão de partido, é questão de direito, direito e dever de voto. É para poder ajudar a comunidade a resolver as dificuldades, para poder participar desse momento cívico”, insiste. Segundo a professora, muitos brasileiros não participaram da iniciativa porque temem represálias. “Muitas vezes as pessoas ficam com medo de assinar a petição. Muitos brasileiros que vivem aqui dizem que temem que a assinatura possa comprometê-los pessoalmente e que seus familiares possam sofrer represálias. Eles dizem: 'sabe como é, a gente está vivendo um momento tão difícil no Brasil'". Nair lamenta profundamente o temor dos brasileiros de se manifestar. “É terrível porque se nós vivemos em democracia não temos que ter medo de manifestar a nossa opinião. Sobretudo quando a nossa opinião vai ao encontro de um exercício cívico. O primeiro muro que temos que abater é o medo de falar, o medo de assinar uma petição. Não podemos ter medo de se manifestar e de pretender dos nossos governantes, dos nossos representantes, o que é o direito do povo. E também para que eles escutem a voz do povo, que veja as dificuldades do povo. Porque eles estão trabalhando para nós, não o contrário”.
Vamos analisar a prestação do Sporting até à jornada 11 da Liga, antevisão da Taça de Portugal, a Selecção Nacional, Cartão do Adepto e a restante actualidade Leonina.