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Quando Menos é Mais
9 Erros Comuns na Hora de Destralhar - Não Caia Nestas Armadilhas | Ep.0143

Quando Menos é Mais

Play Episode Listen Later Jan 10, 2023 14:33


Hoje eu vou te contar alguns erros que são muito comuns das pessoas acabarem fazendo na hora de realizar o seu primeiro destralhe. Geralmente estes erros acontecem no primeiro destralhe, mas podem continuar acontecendo na segunda, terceira e demais tentativas de destralhar os ambientes. Por causa desses erros a grande maioria acaba desistindo de destralhar suas casas logo no começo do processo perdendo uma oportunidade incrível de melhorar sua qualidade de vida e de treinar sua mente para conseguir fazer escolhas mais certas e essenciais em todas as áreas de sua vida. --- *** --- Links importantes: Conquiste o estilo de vida minimalista: https://quandomenosemais.com.br/curso Clube do Livro: https://quandomenosemais.com.br/clubedolivro --- *** --- E-mail: contato@quandomensemais.com.br Blog: https://quandomenosemais.com.br YouTube: https://youtube.com/c/quandomenosemais Instagram: https://instagram.com/quandomenosemais Podcast / Spotify: https://open.spotify.com/show/1wpYTs7ZF2JvPhQ8ftonED Facebook: https://fb.me/quandomenosemais --- *** --- Nossa lojinha: https://quandomenosemais.com.br/loja Aqui você encontrará vários dos produtos que eu comento nos vídeos como: - Arrumação, organização e limpeza da casa; - Decoração; - Plantas; - Feng Shui contemporâneo; - Livros. OBS MINIMALISTA: Lembre-se de comprar apenas o que realmente está precisando e terá de fato utilidade em sua vida. --- --- #Minimalismo #QuandoMenoseMais #RobertoKirizawa

Emissão Especial
Lula: "Nestas eleições, democracia sai vitoriosa”

Emissão Especial

Play Episode Listen Later Jan 1, 2023 31:00


Na tomada de posse como Presidente do Brasil, atribuiu a vitória à “consciência política da sociedade brasileira”. Agradeceu ao Supremo Tribunal Eleitoral “por fazer prevalecer a verdade à violência".See omnystudio.com/listener for privacy information.

Radio Cidade 925 Campinas
LOVE CAST #30122022

Radio Cidade 925 Campinas

Play Episode Listen Later Dec 30, 2022 2:10


Se te comparo a um dia de verão És por certo mais belo e mais ameno O vento espalha as folhas pelo chão E o tempo do verão é bem pequeno. Às vezes brilha o Sol em demasia Outras vezes desmaia com frieza; O que é belo declina num só dia, Na terna mutação da natureza. Mas em ti o verão será eterno, E a beleza que tens não perderás; Nem chegarás da morte ao triste inverno: Nestas linhas com o tempo crescerás. E enquanto nesta terra houver um ser, Meus versos vivos te farão viver. ''William Shakespeare''

Dash Dinheiro Digital Podcast
Exchanges Descentralizada, Blockchain e a Liquidez real dos ativos

Dash Dinheiro Digital Podcast

Play Episode Listen Later Dec 19, 2022 48:41


Com o surgimento do Bitcoin, alguns mercados também surgiram. Seguindo a Lei de Say, este é o processo natural quando há a oferta de um produto/serviço no mercado. A Lei em questão, que levou o nome do economista francês Jean-Baptiste Say, diz que é na criação de um mercado - oferta de um produto com potencial demanda - é que novos mercados podem surgir. Neste sentido, o mercado em questão são as Exchanges: mais precisamente, as exchances centralizadas. Conhecidas como CEX, as exchanges centralizadas servem como um “balcão de negócios de criptoativos”, onde as operações de trades, são de um token representativo dos criptos. Em miúdos, por mais que você esteja trocando Dólar Tether por Bitcoin em uma CEX, não há movimentação destes ativos na realidade. As movimentações de ativos só ocorrem quando você resolve retirar seus ativos das exchanges. Isso, claro, permite que você permite criptoativos sem os custos de transações da rede, mas em troca da segurança e propriedade dos ativos em questão: daí surge que, “se não são suas chaves, não são suas moedas”. As exchanges descentralizadas, conhecidas como DEX, quebra este jargão. A dependência da plataforma em ter a custodia das moedas, como acontece na CEX, é inexistente, portanto as criptomoedas estão na carteira do usuário e a utilização da plataforma serve apenas para performação - como trade, por exemplo. Dito isso, a capacidade de saque das criptomoedas está sempre em disposição, dando a capacidade de gerência aos usuários. A operação de permutabilidade entre ativos não foi o único mercado que surgiu após o Bitcoin. Os contratos inteligentes, por exemplo, surgiram como uma inovação na blockchain. Então em vez da operação de transferência simples de ativos de uma carteira para outra, agora outras funções surgem. Autoexecutáveis e para sempre registradas na Blockchain, os contratos inteligentes vieram para ficar. Nestas operações de contratos autoexecutáveis, você pode encontrar o que melhor te serve, baseando na blockchain de sua escolha. A escolha da Ethereum, por exemplo, é muito comum para quem busca segurança e não liga tanto para as taxas. ✅ Veja aqui todos os links importantes mencionados no video além de cursos, site de noticias, apoiadores, documentários e também nossas mídias sociais. https://linktr.ee/BitcoinBlock

Radio Cidade 925 Campinas
LOVE CAST #16122022

Radio Cidade 925 Campinas

Play Episode Listen Later Dec 16, 2022 2:29


Se te comparo a um dia de verão És por certo mais belo e mais ameno O vento espalha as folhas pelo chão E o tempo do verão é bem pequeno. Às vezes brilha o Sol em demasia Outras vezes desmaia com frieza; O que é belo declina num só dia, Na terna mutação da natureza. Mas em ti o verão será eterno, E a beleza que tens não perderás; Nem chegarás da morte ao triste inverno: Nestas linhas com o tempo crescerás. E enquanto nesta terra houver um ser, Meus versos vivos te farão viver. ‘'William Shakespeare''

Guilhotina | Le Monde Diplomatique Brasil
#189: Perseguições a evangélicos e a disputa no meio religioso nestas eleições, com Magali Cunha

Guilhotina | Le Monde Diplomatique Brasil

Play Episode Listen Later Oct 28, 2022 46:55


Relatos de ataques e perseguições a evangélicos não alinhados com a candidatura de Jair Bolsonaro vêm se somando nesta reta final das eleições. Para entender este contexto e discutir formas de neutralizar essas agressões, Bianca Pyl e Luís Brasilino recebem a jornalista e doutora em Ciências da Comunicação Magali Cunha. Ela é colaboradora do Conselho Mundial de Igrejas e pesquisadora do Instituto de Estudos da Religião (Iser), além de ser editora-geral do Coletivo Bereia, canal de checagem de notícias falsas focado no meio religioso, e autora, entre outros, dos livros “Mídia, religião e cultura: percepções e tendências em perspectiva global” e “Religião no noticiário: marcas de um imaginário exclusivista no jornalismo brasileiro”. Conversamos sobre o avanço do fundamentalismo religioso no Brasil, o uso do medo para conquistar votos, a instrumentalização da moral religiosa, a onda de assédios contra evangélicos não bolsonaristas, os ataques contra a Igreja Católica, a atuação de Damares Alves e Michelle Bolsonaro, a ligação de Bolsonaro como o satanismo e a pedofilia, a campanha durante os cultos no fim de semana das eleições, a reação dos evangélicos progressistas e muito mais. Link: Não bote fé nas fake news #01 (https://bit.ly/3Svgmix). Trilha: Gilberto Gil, “Andar com fé”; e Clara Nunes, “Juízo final” (Elcio Soares e Nelson Cavaquinho).

Saldo do Dia
BRASIL DE FORA DA FESTA

Saldo do Dia

Play Episode Listen Later Oct 26, 2022 4:56


Para quem dizia que a eleição já estava no preço... Não contava com o efeito-Jefferson. Foi reavivado entre investidores estrangeiros o risco de não aceitação de eventual derrota de Bolsonaro para Lula. Nestas condições, a bolsa nacional caiu e o dólar subiu, na contramão do mundo

Artes
Moçambicano Anésio Manhiça expõe em Paris

Artes

Play Episode Listen Later Oct 17, 2022 14:31


O moçambicano Anésio Manhiça é um dos artistas lusófonos que vai estar no salão internacional Art Shopping, em Paris, a 22 e 23 de Outubro. O fotógrafo esteve nos estúdios da RFI para falar sobre o seu trabalho e sobre a importância de despertar as consciências através da imagem. RFI : O que é que representa para si estar nesta feira de arte em Paris? Anésio Manhiça, Fotógrafo: “Primeiro, significa um processo de internacionalização. Significa também que, se calhar, vou estar mais exposto ao olhar crítico de mais pessoas, mas também significa uma abertura para uma reflexão que eu tento levantar através das minhas fotografias.” Como é que surgiu o convite para integrar esta exposição colectiva? “Bom, quando eu faço a minha primeira exposição em Maputo, no Museu do Mar, em Junho, uma amiga moçambicana que tem promovido a arte, cultura e turismo em Moçambique, teria publicitado em suas redes sociais e a organizadora deste evento em Paris ficou curiosa e pediu para saber mais. Neste processo, surgiu o convite.” Escolheu três fotografias para o salão. Antes de detalharmos estas imagens, elas fazem parte de uma série intitulada “As vidas dos sacos plásticos” - sobre a qual já conversámos noutro programa - que estiveram em exposição em Junho, no Museu Nacional do Mar, em Maputo, no âmbito do Dia Internacional do Ambiente. De um modo geral, do que é que fala esta série? “Nesta série de fotografias, o que eu tento fazer é explorar as diferentes interacções que os moçambicanos têm com o saco plástico, mas foco basicamente no espaço doméstico, que é um espaço em que, geralmente, as campanhas de sensibilização ambiental não têm esse enfoque. Então, eu ao concentrar-me em imagens do espaço doméstico - como usar o saco plástico para fazer o fogo que é usado para cozinhar, usar o saco plástico para cobrir o arroz, a maçaroca, no momento da cozedura - para mim são alguns dos elementos que não são abordados pelos ambientalistas e que talvez em fotografia pudesse chamar mais a atenção. Mas também tentei explorar aquilo que é transformação da paisagem natural com um saco plástico e há um momento de descarte com isso que acontece no meio ambiente. Como é que isto vai alterando a paisagem e que implicações tem isto para a nossa saúde? Claro que a imagem não capta essas implicações, mas pode suscitar reflexões nesta direcção.” Uma das fotografias onde se vêem os sacos plástico chama-se “Sobrenatural”. O que é que ela retrata? “Sobrenatural foi, na verdade, uma fantasia. O 'sobrenatural' é um plástico que foi descartado num dos bairros em Maputo. Nesta imagem não conseguimos ver o plástico descartado, mas conseguimos olhar o interior do plástico e ver um pouco da diversidade da natureza. Conseguimos ver através da textura do plástico e do reflexo. A ideia era mesmo, através do plástico, ilustrar a natureza, mostrando neste meio o paradoxo que estamos a ver: a natureza através do plástico, mas é o plástico que pode prejudicar essa natureza.” Outra das fotos que traz é “likoroxo do puto” que ilustra a reciclagem dos sacos plásticos de uma forma peculiar. Quer descrever-nos o que vemos na foto? “Na verdade, é uma prática bem dominante em Moçambique, em vários sítios. Tanto que tem vários nomes: likoroxo, outros usam matsakala, xingufo. É, na verdade, uma bola feita com base em plásticos reciclados. Também se faz actualmente com tecido, mas cresci vendo mais sendo feito com plástico reciclado. Então, a ideia desta obra é mesmo para mostrar o processo de reciclagem e mostrar essa nossa relação com a prática de reciclagem, que é de alguma forma uma prática antiga e em alguns grupos começa muito cedo, tanto que acabamos por ilustrando com um pé de uma criança para dar a entender esta conexão que vamos dando às crianças, este ensinamento em torno da reciclagem.” Depois, a terceira foto que escolheu chama-se “Acácias Molhadas”. O título, mais uma vez, remete para algo poético, mas também vemos o plástico que não é assim tão poético. “Sim. 'Acácias' porque a cidade de Maputo é também chamada a cidade das acácias porque temos lá muitas acácias. Na verdade, esta foto foi captada num dos bairros nobres de Maputo, mas lá, numa vala de drenagem, tínhamos água, o reflexo das acácias e o plástico descartado que era mesmo para dar a entender que é uma prática que em Maputo, em particular, não se circunscreve a espaços periféricos, mas em bairros nobres.” Foi o Anésio que escolheu as fotografias ou foi a organização do Art Shopping? “Eu é que escolhi. Na verdade, a selecção destas fotografias foi em conversa com várias pessoas que viram a exposição e que, de alguma forma, ajudaram também a seleccionar as fotos para a primeira exposição. A ‘Sobrenatural' eu escolhi porque muitos franceses mostravam interesse nela, muitos gostavam. Então, cá entre nós, eu disse, vou expor na França, talvez deva levar algo que agrade os franceses. ‘Likoroxo do puto' porque me mantém nesta ligação à preocupação ambiental e com um pé negro de criança também mostra um pouco a questão da África e Moçambique. E ‘Acácias Molhadas' também foi por representar Maputo e também ser algo que, a meu ver, remete logo para a questão do meio ambiente.” Nestas três obras, como em toda a série que fez, acaba por estetizar algo que não costuma ser bonito de se ver, muito menos no meio da natureza, que é o plástico. Tem uma mensagem ambientalista que pretende transmitir com estas fotografias? “Na verdade, as minhas primeiras imagens criavam repulsa. As pessoas não gostavam, criava uma espécie de enjoo, porque às vezes eram da vala de drenagem mesmo com muita sujidade. O meu interesse não é afastar as pessoas do trabalho, mas é aproximar as pessoas e fazer com que elas possam dialogar com estas obras de forma constante. Então, o que eu pensei é realmente estetizar, é trazer de forma a que alguém tenha coragem de pôr na sua cozinha, na sua sala e poder dialogar com a obra no dia-a-dia. Então, foi propositado. Eu entendo que nem todos a olharem as minhas obras têm sensibilidade de passarem para um outro nível de reflexão, saírem do óbvio. Por exemplo, na imagem do saco plástico que é queimado para fazer o fogo, há muita gente que pensa que é uma forma de eliminar o plástico no planeta mas não pensa que estamos a espalhar as micropartículas e que vamos ter assim vários problemas. Daí que eu tento sempre conciliar com as participações de programas como este, e que tenho feito muito em Moçambique, que é para trazer a verdadeira narrativa mais na direcção ambiental e de consciencialização.” Ou seja, além da exposição artística, tenta fazer alguma pedagogia ecológica, digamos? “Sim, eu tento fazer isso tanto na própria exposição, como em programas de televisão, rádio, mas também tenho organizado alguns ateliers com crianças, tanto de zonas periféricas, como da zona central de Maputo.” No comunicado de imprensa que nos enviou, define-se como fotoetnógrafo e não simplesmente como artista fotógrafo. Porquê? “Eu, quando comecei, tive muito problema em me identificar. Eu comecei no ano passado e surgiu essa questão de identificar-me. Como vou me identificar? O que é que eu sou? Porque eu saí de uma formação em antropologia e, recentemente, comecei a fazer fotografia e muitas pessoas me identificavam como artista. No momento, eu aceitei, artista visual é o que eu faço. Mas chegou um momento em que este espaço eu sentia que não era meu porque eu não estudei arte…” Mas está exposto no Carroussel du Louvre… “Sim, mas não estudei arte e não achava que era um espaço que realmente me cabia. Então, tendo eu a formação em antropologia e tendo eu pensado em conciliar a fotografia como instrumento de etnografia, que é uma das principais técnicas de antropologia, eu tentei na minha última exposição em Maputo, ‘Purificações no Índico', fazer a etnofotografia, na verdade, é fotoetnografia que eu usei das fotografias, que é para contar uma história. É o que eu quero passar a fazer de hoje em diante e não só apresentar com um sentido artístico mas trazer uma história, ter a história de um grupo particular e não ser algo bem largo. Agora que estou na fotografia, estou a tentar buscar a fotografia para o meu mundo da antropologia…” E também de um certo activismo…. “Exactamente.” A fotografia, como disse, é uma prática recente sua. Faz imagens com o telemóvel, ao contrário dos ditames dos mais puristas do mundo da fotografia de autor. O telemóvel e a qualidade não ficam aquém daquilo que se poderia esperar justamente da fotografia de autor? “Agora que vou expor aqui [Paris], surge esse debate. Tendo aqui algumas barreiras, por exemplo, as imagens que eu tinha escolhido para expor aqui, eram num tamanho maior. Eu quis fazer tudo aqui, imprimir cá, fazer todo o processo cá, até para eu ter este nível de qualidade e para perceber como o processo descola. E nisso …” Há limitações. “Há limitações. Tenho limitação no produto final, mas tenho vantagem no acesso às pessoas. Então vem este debate, se quero fotos maiores, tenho que usar uma máquina. Então, já vou começar a misturar as técnicas, vou usar o telemóvel, mas também vou passar a usar a câmara.” Como é que está a prática da fotografia em Moçambique? É possível viver apenas da fotografia? “Eu não sei se é possível viver, mas nos últimos tempos tenho conversado com algumas pessoas sobre isso, o Mário Macilau, o Mauro Pinto, são pessoas que, na verdade, eu ainda não sei, porque às vezes nós olhamos de forma externa e pensamos que a pessoa vive realmente de fotografia, enquanto tem, digamos, outras actividades. Então, é algo que eu ainda tenho que investigar a fundo e ver se, realmente, é possível viver de fotografia. Mas tem fotógrafos que trabalham com embaixadas, têm contratos particulares com embaixadas e nisso conseguem um salário fixo e conseguem de alguma forma viver.” Mas o Anésio também trabalha como antropólogo? “Sim, eu trabalho como antropólogo, mas nestes últimos tempos, depois da exposição de Maio até então, tenho focado em me apresentar como fotógrafo e apresentar este trabalho como fotógrafo até para que seja uma apresentação muito forte e contundente para que o nome fique e que as pessoas realmente conheçam e que surjam, digamos, trabalhos neste mundo.” O Anésio tirou o mestrado em antropologia social na Universidade Paris 8, depois de se ter licenciado na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo. Hoje é também investigador na Kaleidoscópio. O que é a Kaleidoscópio? “A Kaleidoscópio é um instituto de pesquisa que tem essa missão de misturar a pesquisa e cultura. Na verdade, é um centro de pesquisa que também faz a mediação cultural e temos lá, para além de pesquisadores, também temos artistas e também temos essa ideia de apresentar resultados de uma pesquisa académica de forma bem mais leve, tanto em práticas artísticas, como de outras formas. Todo esse mundo artístico, como eu, de alguma forma, surgiu na Kaleidoscópio. Na altura, eu era pesquisador só. Fiz parte de uma rede chamada Slow Art Network, onde trabalhei tanto com pesquisadores, como artistas da África do Sul, Zimbabwe e Moçambique.” Fale-me das próximas exposições. Depois de Paris, o que temos na agenda? “Depois de Paris, ainda tenho mais uma em Maputo, para Novembro, e estou a pensar também levar a exposição ‘Purificações no Índico' para o bairro da Mafalala, ainda em Maputo. O que vem depois, não sei, espero que a minha participação nesta feira me traga, mais alguma coisa.”

IGREJA CASA DO OLEIRO
AS OBRAS DO ESQUEMA DEMONÍACO JEZABÉLICO | 09 OUT 2022 - Culto da Família

IGREJA CASA DO OLEIRO

Play Episode Listen Later Oct 14, 2022 84:06


Está ocorrendo dentro da igreja de irmãos estarem cansados, passando por percalços e não entenderem os processos. O mal age contra o bem, e nem sempre é o mal que perde pois nem sempre temos o entendimento e discernimento para ganhar as batalhas. > Versículo base: Apocalipse 2:18-29 - A carta que Jesus manda para a igreja de Tiatira. Tiatira era uma cidade muito pequena, mas muito rica e ela não estava definhando como outras da mesma época. Crescia bem, e recebe de Jesus um elogio sobre as obras, serviços e seu crescimento. Porém, recebe uma advertência quanto à permissividade. Esta advertência se estendia principalmente à Jezabel, mulher que se dizia profetisa desta cidade. Naquele tempo, haviam muitas festas e adorações à deuses que, segundo eles, realizavam milagres. Nestas festas, aconteciam orgias e celebrações pagãs. E Jezabel dizia para sua igreja que não havia problema nestas coisas. O demônio chamado Jezabel, quer destruir o relacionamento do cristão com a sua família, sua igreja e com Deus. Corrói devagar, acabando com os princípios e minimizando a doutrina da sã Igreja. Este demônio seduz através das fraquezas das pessoas, ocasionando hipocrisia nos crentes, nos leva a crer que não há nada demais em praticar os pecados que as pessoas do mundo praticam. A igreja que se diz de Jesus Cristo se adequa cada vez mais ao mundo, e devagar, não há diferenças sendo formadas entre cristãos destas igrejas e as pessoas do mundo. As obras do esquema Jezabélico: O espírito de Jezabel quer atacar a unção profética da igreja. Tudo que o espírito de Jezabel quer, é que a Igreja entre em um processo de ser atacada. Por isso, a igreja precisa estar dentro de um processo profético, que serve para edificar, exortar, consolar a noiva e seu corpo, transformar, curar e livrar do pecado. O profeta é aquele que ama, que luta, que entende a hierarquia e paga o preço pela verdade, ele diz o que Deus lhe diz. Nossa arma é a verdade, ela é dura, mas excelente, quer nos transformar. Para restaurar a palavra profética em nossa vida, é preciso obedecer à Verdade. Verdade não é afrontar, é um confronto. Quando alguém a revela, será sempre para ajudar e direcionar. Quando eu a vivo, expulso da minha casa todo o poder dos demônios, especialmente de Jezabel. Toda autoridade é colocada por Deus na Terra. É um mandamento orar por e honrar autoridades. Ser evangélico é renúncia, não é sobre encher o ego do cristão ou declarar falsas promessas, mas mostrar à ele a Verdade. O espírito de Jezabel ataca na área da motivação, gerando cansaço e desânimo Este espírito vai trabalhar para te convencer que todos os seus esforços, como jejuar, quebrantar-se, orar e servir foram em vão, que Deus não está contigo. Pois isto vai fazer com que o cristão desista da profecia, dos caminhos de Deus. Não ignore o poder de persuasão de Satanás, pois ele é ardiloso. 1 Corintios 12 | Lucas 8 Para vencer estes demônios, a sua força não vale nada. As suas experiências anteriores com Deus serão insuficientes. É preciso que você congregue e ordene que a mentira e Jezabel saiam da sua casa. Que seja obediente, que cumpra suas decisões, não faça voto de tolo, que dizime e adore à Deus. O espírito de Jezabel não consegue vencer os obedientes, ele só destrona e destrói os desobedientes

O Antagonista
"Vamos dar uma surra no Bolsonaro nestas eleições", diz Lula

O Antagonista

Play Episode Listen Later Oct 13, 2022 1:06


Em um discurso nesta quarta-feira (12), Lula disse que o Complexo do Alemão, comunidade na zona norte do Rio de Janeiro, iria “dar uma surra no Bolsonaro”. O petista participou de uma série de atos na comunidade, antes de partir para agendas em Salvador durante a tarde. “Eu vou chegar na Bahia e vou dizer que povo do Complexo do Alemão me garantiu que amos dar uma surra no Bolsonaro nestas eleições”, disse o petista aos apoiadores, em um palanque que também contou com o prefeito da cidade, Eduardo Paes (PSD). Levantamento do jornal O Globo nesta quarta-feira mostra que Lula se saiu melhor em oito comunidades cariocas, incluindo o próprio Complexo do Alemão, onde o petista teve uma vantagem de 15 pontos percentuais sobre o candidato do PL. Inscreva-se e receba a newsletter: https://bit.ly/2Gl9AdL​ Confira mais notícias em nosso site: https://www.oantagonista.com​ Acompanhe nossas redes sociais: https://www.fb.com/oantagonista​ https://www.twitter.com/o_antagonista​ https://www.instagram.com/o_antagonista No Youtube deixe seu like e se inscreva no canal: https://www.youtube.com/c/OAntagonista

Em tempos de guerra, a esperança é vermelha
Episódio 295: O assédio a trabalhadores nestas eleições, o balanço político-eleitoral em Pernambuco e a resolução da AE aprovada em 4 de outubro.

Em tempos de guerra, a esperança é vermelha

Play Episode Listen Later Oct 8, 2022 40:55


Neste episódio, o companheiro Maicon da Silva comenta o assédio que muitos trabalhadores estão sofrendo de seus patrões nestas eleições. A companheira Alana Gonçalves apresenta a resolução da direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda. E o companheiro Patrick Campos faz um balanço das eleições em Pernambuco e comenta os movimentos políticos do segundo turno.

Podcast Contábeis
Assédio eleitoral no trabalho: o que caracteriza e quais os direitos nesse cenário?

Podcast Contábeis

Play Episode Listen Later Oct 7, 2022 30:06


Nestas eleições, o número de casos de assédio eleitoral no trabalho surpreendeu o Ministério Público do Trabalho com denúncias. Com a disputa pela presidência indo para o segundo turno, a prática, ilegal, pode se intensificar. Saiba como identificar se a coação pelo voto está acontecendo na sua empresa e como agir diante da situação.

Sem Precedentes - JOTA
Como o Supremo reagirá ao recado que as urnas mandaram nestas eleições? I Sem Precedentes #109

Sem Precedentes - JOTA

Play Episode Listen Later Oct 6, 2022 49:14


O novo episódio de Sem Precedentes, o podcast do JOTA sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Constituição, busca entender os recados enviados pelas urnas à corte. Também discute o que a próxima formação do Senado, com um terço de novos integrantes e aumento de bolsonaristas, projeta sobre o equilíbrio entre os poderes a partir de 2023.

Momento Sociedade - USP
Sociedade em Foco #124: Se há um perdedor nestas eleições, são as políticas públicas, afirma professor

Momento Sociedade - USP

Play Episode Listen Later Oct 4, 2022 9:29


De acordo com o professor José Luiz Portella, as discussões voltadas para o poder e o passado dos candidatos afetaram uma apresentação clara das políticas públicas que serão implementadas nos próximos quatro anos

Jornal da USP
Sociedade em Foco #124: Se há um perdedor nestas eleições, são as políticas públicas, afirma professor

Jornal da USP

Play Episode Listen Later Oct 4, 2022 9:29


De acordo com o professor José Luiz Portella, as discussões voltadas para o poder e o passado dos candidatos afetaram uma apresentação clara das políticas públicas que serão implementadas nos próximos quatro anos

Católico PodCast
“Até hoje tem imbecil que acredita nestas teses e até transformaram isso em partido” (Pe Francisco) 25/09/22

Católico PodCast

Play Episode Listen Later Sep 27, 2022 24:17


Na homilia deste 26º Domingo do Tempo Comum, Padre Francisco de Assis destaca destaca que “a Igreja não prega luta de classe nem ‘nós contra eles'. Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. E a Igreja, fiel à vontade de Deus, deve anunciar essa salvação em Jesus Cristo e deve chamar todos à conversão”. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/jlio4/message

Brasil-Mundo
Com fechamento de seções eleitorais, brasileiros na Itália fretam até ônibus para poder votar

Brasil-Mundo

Play Episode Listen Later Sep 21, 2022 8:57


Nestas eleições presidenciais de outubro, os eleitores brasileiros no exterior são mais numerosos e enfrentam mais dificuldades para poder votar. O Tribunal Superior Eleitoral revelou que houve um crescimento forte do eleitorado brasileiro no exterior, em comparação à 2018. Em 2022, serão 697.078 eleitores aptos a votar fora do país, 40% a mais que há quatro anos. No entanto, o Itamaraty reduziu a quantidade de seções eleitorais fora do Brasil. Gina Marques, correspondente da RFI em Roma Há eleitores brasileiros domiciliados nos cinco continentes, mas os países com maior número de votantes são: Estados Unidos (108.624), Japão (30.671), Portugal (30.431), Itália (20.972) e Alemanha (17.555). Nas eleições presidenciais há quatro anos, foram abertas 33 seções de votação em municípios diferentes das cidades onde estão sediadas as Embaixadas e Consulados brasileiros. Segundo o Itamaraty, isso serviu para “facilitar a cidadãos que residem em localidades distantes das sedes das repartições diplomáticas ou consulares o exercício de seus direitos cívicos”. Das 33 seções 'fora da sede' realizadas em 2018, 22 foram abertas pela primeira vez. Brasileiros na Itália Segundo o Instituto Nacional de Estatística Italiana (ISTAT), 50.666 brasileiros residem na Itália (dados de janeiro de 2021). A maioria (13.977) vive da região da Lombardia, no norte, onde está a cidade de Milão. Em segundo lugar está a região do Lácio, onde fica a capital Roma, que conta com 6.117 residentes brasileiros. Seguem o Vêneto (5.628), o Piemonte (4.896), Emilia Romagna (4.012) e a Toscana (3.852). A decisão do governo do Brasil de reduzir as seções eleitorais no exterior causa transtornos para muitos brasileiros que vivem na Itália. Este ano no país serão mantidas as sessões de votação nas duas sedes de jurisdições consulares, respectivamente em Milão, no norte, e em Roma, no centro do país. No entanto, foram suspensos outros dois locais de votação, um na cidade de Mestre/Veneza e o outro em Florença. Essas duas sessões fazem parte da daquelas que foram abertas pela primeira vez para as eleições presidenciais de 2018. Questionado pela RFI sobre o motivo que levou o governo brasileiro a reduzir os locais de votação no exterior, o Consulado do Brasil em Roma respondeu que “a decisão foi tomada pelo Cartório eleitoral do Exterior, em Brasília, e comunicada ao Ministério das Relações Exteriores”. A pergunta sobre quanto custa organizar seções eleitorais em Roma e Milão, o Consulado em Roma afirmou que “a informação está centralizada no Ministério das Relações Exteriores, em Brasília”. A resolução prejudica os brasileiros que vivem no Vêneto e na Toscana, regiões do nordeste e centro do país com grande concentração de eleitores que antes contavam com locais de votação mais próximos. O mineiro Edson Silvério Cruz, 51 anos, vive na Itália desde o ano 2000. Ele mora em Florença, na região central da Toscana, e trabalha em uma agência de viagens e turismo. No setor turístico, domingo é um intenso dia de trabalho. “Para a gente conseguir tirar neste dia uma licença de folga não é fácil, entendeu? E tentar justificar isso para nossos chefes, é bem constrangedor.” diz Edson. Despesa por conta do cidadão À RFI, o Consulado do Brasil em Roma informou que: “Durante as eleições presidenciais, as cidades de Milão e Roma terão cada uma um único local de votação com diversas urnas. A jurisdição de Milão cuida das oito regiões do norte e a de Roma é responsável pelas 12 regiões do centro e do sul do país”. Os brasileiros que vivem distantes de Milão ou Roma têm que viajar pagando as próprias despesas para poder votar. Nas redes sociais, muitos eleitores brasileiros na Itália protestam contra a falta de auxílio dos consulados para o transporte até a seção de votação. Alguns estão organizando grupos para fretar ônibus e reduzir o custo da viagem para poder votar. É o caso dos brasileiros que vivem na Toscana. No ônibus fretado de Florença para Roma, cada passagem de ida e volta custa € 26, cerca de R$ 150. O preço é bem mais barato, considerando que só a passagem de ida e volta de trem custa cerca de € 90, quase R$ 500. Edson vai viajar de Florença para capital italiana no ônibus fretado pelos brasileiros. A distância entre as duas cidades é de 275 km, portanto 550 km ida e volta. Ele faz as contas: “Se não fosse essa possibilidade de o grupo de brasileiros ter organizado os ônibus para Roma, não sei se eu poderia ir votar. Além do valor da passagem de trem, é preciso passar quase um dia em Roma. Portanto, você tem que almoçar e que lanchar. Isso significa que a despesa de ida e volta de trem custaria mais de € 100, uns R$ 600. Isso tudo do meu bolso. Sem contar que, se eu não obtiver a licença para me ausentar, não serei remunerado pelo dia de trabalho”. Segundo Edson, o governo deveria ter mantido a seção de votação em Florença para facilitar milhares de eleitores brasileiros. “Quando me comunicaram, me senti como se eu tivesse sido deixado de lado. É como se eu não fosse um cidadão brasileiro também. Eu não vejo nada de mais trazer a urna para Florença, como foi em 2018. Nas eleições passadas tivemos a oportunidade de votar aqui.” Abstenção por motivos financeiros A professora Nair Aparecida Pires, 56 anos, vive na Itália desde 1994 e mora na cidade de Treviso, na região Vêneto, no nordeste do país. Segundo ela, o que está acontecendo é um desrespeito com o eleitor que já tinha transferido o título para Veneza/Mestre. “Na verdade, o consulado tinha orientado e aconselhava que a gente fizesse a transferência do título para Veneza. Agora o que resulta é que as pessoas daqui transferiram o título a seção eleitoral de Veneza, mas vão ter que votar em Milão. Isso acarreta o desgaste físico e financeiro. Porque não é pertinho e é muita despesa” explica a professora. Segundo ela, muitos brasileiros não vão votar por motivos financeiros. “Tenho dois filhos que votariam, mas a viagem de três pessoas da mesma família do Vêneto para Milão só com o objetivo de votar é uma despesa alta demais. Portanto, sou a única da família que vai votar. Tenho amigas brasileiras na mesma situação.” Direito e dever do voto Nair lembra que no Brasil expressar a preferência por um candidato através do voto é um direito, mas votar é obrigatório, portanto um dever. “O Brasil é um país democrático, porém o voto no Brasil não é tão democrático. O voto não é só um direito, é um dever. Portanto, sendo dever, as autoridades competentes têm a obrigação e fazer com que o cidadão tenha facilidade para poder votar. Porque é um dever, é uma obrigação.” A professora ressalta que é possível justificar a ausência do voto, mas muitas pessoas querem votar e não têm condições. Segundo ela, pode ser uma supressão do direito. “Dificultar a votação significa impedir o direito do cidadão de expressar sua escolha por um candidato. Portanto, a supressão de um direito democrático. Essa é a minha opinião e também de tantos brasileiros com quem eu tenho conversado.” “Medo de represálias” Junto com um grupo de brasileiros indignados com a redução das seções de votação na Itália, Nair lançou uma campanha na internet pedindo que a situação seja repensada e que as instituições levem em conta, em nome da inclusão, as mais diversas situações familiares e as despesas de viagem.  “A petição foi feita com o objetivo de ajudar a comunidade brasileira. Não foi com o objetivo de favorecer nenhum e nem outro candidato. Porque não é questão de partido, é questão de direito, direito e dever de voto. É para poder ajudar a comunidade a resolver as dificuldades, para poder participar desse momento cívico”, insiste.  Segundo a professora, muitos brasileiros não participaram da iniciativa porque temem represálias. “Muitas vezes as pessoas ficam com medo de assinar a petição. Muitos brasileiros que vivem aqui dizem que temem que a assinatura possa comprometê-los pessoalmente e que seus familiares possam sofrer represálias. Eles dizem: 'sabe como é, a gente está vivendo um momento tão difícil no Brasil'". Nair lamenta profundamente o temor dos brasileiros de se manifestar. “É terrível porque se nós vivemos em democracia não temos que ter medo de manifestar a nossa opinião. Sobretudo quando a nossa opinião vai ao encontro de um exercício cívico. O primeiro muro que temos que abater é o medo de falar, o medo de assinar uma petição. Não podemos ter medo de se manifestar e de pretender dos nossos governantes, dos nossos representantes, o que é o direito do povo. E também para que eles escutem a voz do povo, que veja as dificuldades do povo. Porque eles estão trabalhando para nós, não o contrário”.

Brasil-Mundo
Com fechamento de seções eleitorais, brasileiros na Itália fretam até ônibus para poder votar

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Play Episode Listen Later Sep 21, 2022 8:57


Nestas eleições presidenciais de outubro, os eleitores brasileiros no exterior são mais numerosos e enfrentam mais dificuldades para poder votar. O Tribunal Superior Eleitoral revelou que houve um crescimento forte do eleitorado brasileiro no exterior, em comparação à 2018. Em 2022, serão 697.078 eleitores aptos a votar fora do país, 40% a mais que há quatro anos. No entanto, o Itamaraty reduziu a quantidade de seções eleitorais fora do Brasil. Gina Marques, correspondente da RFI em Roma Há eleitores brasileiros domiciliados nos cinco continentes, mas os países com maior número de votantes são: Estados Unidos (108.624), Japão (30.671), Portugal (30.431), Itália (20.972) e Alemanha (17.555). Nas eleições presidenciais há quatro anos, foram abertas 33 seções de votação em municípios diferentes das cidades onde estão sediadas as Embaixadas e Consulados brasileiros. Segundo o Itamaraty, isso serviu para “facilitar a cidadãos que residem em localidades distantes das sedes das repartições diplomáticas ou consulares o exercício de seus direitos cívicos”. Das 33 seções 'fora da sede' realizadas em 2018, 22 foram abertas pela primeira vez. Brasileiros na Itália Segundo o Instituto Nacional de Estatística Italiana (ISTAT), 50.666 brasileiros residem na Itália (dados de janeiro de 2021). A maioria (13.977) vive da região da Lombardia, no norte, onde está a cidade de Milão. Em segundo lugar está a região do Lácio, onde fica a capital Roma, que conta com 6.117 residentes brasileiros. Seguem o Vêneto (5.628), o Piemonte (4.896), Emilia Romagna (4.012) e a Toscana (3.852). A decisão do governo do Brasil de reduzir as seções eleitorais no exterior causa transtornos para muitos brasileiros que vivem na Itália. Este ano no país serão mantidas as sessões de votação nas duas sedes de jurisdições consulares, respectivamente em Milão, no norte, e em Roma, no centro do país. No entanto, foram suspensos outros dois locais de votação, um na cidade de Mestre/Veneza e o outro em Florença. Essas duas sessões fazem parte da daquelas que foram abertas pela primeira vez para as eleições presidenciais de 2018. Questionado pela RFI sobre o motivo que levou o governo brasileiro a reduzir os locais de votação no exterior, o Consulado do Brasil em Roma respondeu que “a decisão foi tomada pelo Cartório eleitoral do Exterior, em Brasília, e comunicada ao Ministério das Relações Exteriores”. A pergunta sobre quanto custa organizar seções eleitorais em Roma e Milão, o Consulado em Roma afirmou que “a informação está centralizada no Ministério das Relações Exteriores, em Brasília”. A resolução prejudica os brasileiros que vivem no Vêneto e na Toscana, regiões do nordeste e centro do país com grande concentração de eleitores que antes contavam com locais de votação mais próximos. O mineiro Edson Silvério Cruz, 51 anos, vive na Itália desde o ano 2000. Ele mora em Florença, na região central da Toscana, e trabalha em uma agência de viagens e turismo. No setor turístico, domingo é um intenso dia de trabalho. “Para a gente conseguir tirar neste dia uma licença de folga não é fácil, entendeu? E tentar justificar isso para nossos chefes, é bem constrangedor.” diz Edson. Despesa por conta do cidadão À RFI, o Consulado do Brasil em Roma informou que: “Durante as eleições presidenciais, as cidades de Milão e Roma terão cada uma um único local de votação com diversas urnas. A jurisdição de Milão cuida das oito regiões do norte e a de Roma é responsável pelas 12 regiões do centro e do sul do país”. Os brasileiros que vivem distantes de Milão ou Roma têm que viajar pagando as próprias despesas para poder votar. Nas redes sociais, muitos eleitores brasileiros na Itália protestam contra a falta de auxílio dos consulados para o transporte até a seção de votação. Alguns estão organizando grupos para fretar ônibus e reduzir o custo da viagem para poder votar. É o caso dos brasileiros que vivem na Toscana. No ônibus fretado de Florença para Roma, cada passagem de ida e volta custa € 26, cerca de R$ 150. O preço é bem mais barato, considerando que só a passagem de ida e volta de trem custa cerca de € 90, quase R$ 500. Edson vai viajar de Florença para capital italiana no ônibus fretado pelos brasileiros. A distância entre as duas cidades é de 275 km, portanto 550 km ida e volta. Ele faz as contas: “Se não fosse essa possibilidade de o grupo de brasileiros ter organizado os ônibus para Roma, não sei se eu poderia ir votar. Além do valor da passagem de trem, é preciso passar quase um dia em Roma. Portanto, você tem que almoçar e que lanchar. Isso significa que a despesa de ida e volta de trem custaria mais de € 100, uns R$ 600. Isso tudo do meu bolso. Sem contar que, se eu não obtiver a licença para me ausentar, não serei remunerado pelo dia de trabalho”. Segundo Edson, o governo deveria ter mantido a seção de votação em Florença para facilitar milhares de eleitores brasileiros. “Quando me comunicaram, me senti como se eu tivesse sido deixado de lado. É como se eu não fosse um cidadão brasileiro também. Eu não vejo nada de mais trazer a urna para Florença, como foi em 2018. Nas eleições passadas tivemos a oportunidade de votar aqui.” Abstenção por motivos financeiros A professora Nair Aparecida Pires, 56 anos, vive na Itália desde 1994 e mora na cidade de Treviso, na região Vêneto, no nordeste do país. Segundo ela, o que está acontecendo é um desrespeito com o eleitor que já tinha transferido o título para Veneza/Mestre. “Na verdade, o consulado tinha orientado e aconselhava que a gente fizesse a transferência do título para Veneza. Agora o que resulta é que as pessoas daqui transferiram o título a seção eleitoral de Veneza, mas vão ter que votar em Milão. Isso acarreta o desgaste físico e financeiro. Porque não é pertinho e é muita despesa” explica a professora. Segundo ela, muitos brasileiros não vão votar por motivos financeiros. “Tenho dois filhos que votariam, mas a viagem de três pessoas da mesma família do Vêneto para Milão só com o objetivo de votar é uma despesa alta demais. Portanto, sou a única da família que vai votar. Tenho amigas brasileiras na mesma situação.” Direito e dever do voto Nair lembra que no Brasil expressar a preferência por um candidato através do voto é um direito, mas votar é obrigatório, portanto um dever. “O Brasil é um país democrático, porém o voto no Brasil não é tão democrático. O voto não é só um direito, é um dever. Portanto, sendo dever, as autoridades competentes têm a obrigação e fazer com que o cidadão tenha facilidade para poder votar. Porque é um dever, é uma obrigação.” A professora ressalta que é possível justificar a ausência do voto, mas muitas pessoas querem votar e não têm condições. Segundo ela, pode ser uma supressão do direito. “Dificultar a votação significa impedir o direito do cidadão de expressar sua escolha por um candidato. Portanto, a supressão de um direito democrático. Essa é a minha opinião e também de tantos brasileiros com quem eu tenho conversado.” “Medo de represálias” Junto com um grupo de brasileiros indignados com a redução das seções de votação na Itália, Nair lançou uma campanha na internet pedindo que a situação seja repensada e que as instituições levem em conta, em nome da inclusão, as mais diversas situações familiares e as despesas de viagem.  “A petição foi feita com o objetivo de ajudar a comunidade brasileira. Não foi com o objetivo de favorecer nenhum e nem outro candidato. Porque não é questão de partido, é questão de direito, direito e dever de voto. É para poder ajudar a comunidade a resolver as dificuldades, para poder participar desse momento cívico”, insiste.  Segundo a professora, muitos brasileiros não participaram da iniciativa porque temem represálias. “Muitas vezes as pessoas ficam com medo de assinar a petição. Muitos brasileiros que vivem aqui dizem que temem que a assinatura possa comprometê-los pessoalmente e que seus familiares possam sofrer represálias. Eles dizem: 'sabe como é, a gente está vivendo um momento tão difícil no Brasil'". Nair lamenta profundamente o temor dos brasileiros de se manifestar. “É terrível porque se nós vivemos em democracia não temos que ter medo de manifestar a nossa opinião. Sobretudo quando a nossa opinião vai ao encontro de um exercício cívico. O primeiro muro que temos que abater é o medo de falar, o medo de assinar uma petição. Não podemos ter medo de se manifestar e de pretender dos nossos governantes, dos nossos representantes, o que é o direito do povo. E também para que eles escutem a voz do povo, que veja as dificuldades do povo. Porque eles estão trabalhando para nós, não o contrário”.

Rádio Assembleia - ALMG Novidades
Conheça o perfil das candidatas e candidatos nestas eleições

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Play Episode Listen Later Sep 20, 2022


Boletim da ALMG - Edição n.º 5475

Convidado
PTOS quer “revolução” na educação e saúde em São Tomé e Príncipe

Convidado

Play Episode Listen Later Sep 20, 2022 9:50


O Partido de Todos os Santomenses (PTOS) é uma das 11 forças políticas na corrida às eleições legislativas de 25 de Setembro em São Tomé e Príncipe. O seu líder, Aniceto de Sousa Penhor, explica que o projecto do partido passa por uma “revolução para rentabilizar”, desde logo, as áreas da educação e da saúde. O objectivo é transformar num “parente de receita” aquilo que diz ser visto como “um parente da despesa pública”. RFI: Quais são as principais bandeiras da sua candidatura? Aniceto de Sousa Penhor, Líder do Partido de Todos os Santomenses (PTOS): Revolução na educação para rentabilizar. Sabemos que a educação é, até hoje, um parente de despesa pública e nós pretendemos transformar a educação num parente de receita e, concomitantemente, num parente de aumento da produtividade no país. Esse é o nosso maior objectivo. Como é que o vai concretizar? Vai concretizar a partir do sistema de produção de conhecimento, isto é, uma aposta muito forte nos estudantes, desde a fase inicial onde os estudantes se tornam rentáveis sem custo para o Estado e onde o estudante até ganha com isso. Depois, mesmo em termos da parte universitária, nós preconizamos que haja universidade grátis para todos os cidadãos, seja a universidade pública ou privada no ponto de vista da primeira graduação, a licenciatura. Só os mestrados, doutoramento é que poderão ser pagos. E nós vamos implementar o sistema de educação rentável em São Tomé e Príncipe. Já temos o projecto elaborado, já temos a linha empresarial externa que vai fazer essa implementação e nós queremos levá-la, neste momento, ao embate eleitoral do dia 25 de Setembro. Mas o objectivo é estar em São Tomé, independentemente do resultado eleitoral, ajudaremos qualquer governo a avançar com este projecto para mudar o paradigma em São Tome e Príncipe. Está a dizer que ajudarão qualquer governo. O governo cessante era composto por uma “nova maioria” no Parlamento. O seu partido está disposto a alianças também? O Partido de Todos os Santomenses é mesmo um partido de todos os são-tomenses. É um partido que vê que adversário político não é inimigo político. E, assim sendo, todo e qualquer projecto que nós estamos a apresentar nestas eleições é para ser materializado, independentemente do resultado que nós venhamos a ter. Significa que nós apoiaremos qualquer governo de São Tomé e Príncipe a desenvolver esses projectos na área da educação, que é o primeiro ponto. Segundo, na área de saúde. Terceiro na área do turismo. Quarto, na área de infra-estruturas. Então, nós vamos ajudar a desenvolver porque nós já o temos. Nós trabalhámos, estruturámos, fizemos um estudo próprio do desenvolvimento social e económico de São Tomé e Príncipe e estamos a apresentar a São Tomé e Príncipe uma solução com uma viabilidade para os próximos dez, vinte anos. Um grande problema de São Tomé e Príncipe é o acesso aos cuidados médicos, a medicamentos. A saúde é uma das suas prioridades no manifesto eleitoral. Que propostas para a saúde? A proposta para a saúde, em termos concretos, nós também temos de revolucionar a saúde para rentabilizar. Será como? Instituiremos um projecto que é de construção de um hospital de referência no Golfo da Guiné, com especificidade mas instalado na zona da Região Autónoma do Príncipe, na zona Baía das Agulhas. Esse hospital de referência será o hospital pilar e terá hospitais satélites nos distritos do país onde funcionará a partir de uma linha, a linha da telemedicina, assistência directa às pessoas nas localidades cujo envolvimento terá uma base do Brasil directamente -  que o nosso protocolo já está criado com as instituições da Bahia, no Brasil - para que nós desenvolvamos esse projecto. E será grátis para os cidadãos são-tomenses distritais. O que é que acontece? Numa parceria público-privada vai ter um hospital de referência no Golfo da Guiné onde vai atingir os cidadãos do Golfo da Guiné.  Como sabe, São Tomé e Príncipe está numa zona próxima de 350 milhões de habitantes a uma hora e meia, 45 minutos de avião. A nossa política é explorar esta zona em termos de serviços, isto é, enquanto cerca de 14 milhões de cidadãos daquela zona que viajam para o Ocidente - Europa ou Estados Unidos - para tratamento médico e turismo, nós vamos ter um hospital de referência e queremos pelo menos 20% dessas pessoas que se vão tratar na Europa. Estaremos a falar de 2,4 milhões de cidadãos, por ano. Fariam o tratamento e turismo de saúde. O turismo é outra das suas prioridades, como disse, assim como a agricultura e a pesca. Que propostas para desencravar o país que é um dos mais pobres do mundo e que depende da ajuda externa? Sim. O turismo é importantíssimo. Não é só dizer o nome turismo, como até agora, nos últimos 12 anos, vários governos têm dito, mas nós temos proposta real para rentabilizar o turismo em São Tomé e Príncipe. Não é admissível nós termos um país insular, como é o caso de São Tomé, e não termos um porto de recreio. Este é um ponto simples. Agora, a rentabilização do turismo numa visão também da economia azul. Como? Quando nós temos um hospital de referência no Golfo da Guiné, nós estamos a fazer uma questão que é o turismo de saúde porque o cidadão que viaja da costa africana para tratar fora, aproveita o tratamento e a visita e o lazer. Mas na agricultura e na pesca, apesar dos recursos, os meios são muito precários. O que fazer? Sim. Na agricultura, nós temos que ter uma agricultura simplesmente de subsistência. Ver o próprio tamanho do nosso território, São Tomé e Príncipe, como um território pequeno de 1001 km², nós não acreditamos que há condições vastas para uma grande agricultura industrial. Então, centralizamos a agricultura por via da economia social ou agricultura de família, mas injectamos o meio controlado, muito controlado, para desenvolver projectos específicos de produção e de escoamento interno. Nós temos que começar a criar a forma de produzir o que comemos para que o preço seja mais baixo, para que haja acesso para toda gente, tendo em conta que o salário no país é baixo. Quanto à pesca, gostaríamos que houvesse acompanhamento dos navios que, já tendo o acordo de pesca com a União Europeia, então tivesse um navio de acompanhamento que é para recolher, entre aspas, restos dos peixes não utilizados pelos navios europeus. Isto é, navios europeus fazem uma pesca de lagosta, de atum e o resto do peixe apanhado deitam ao mar. Teríamos um sistema de buscar, ter uma linha frigorífica forte na cidade de São Tomé e todo o cidadão são-tomense pudesse ter acesso ao peixe fresco à mesma hora, ao mesmo preço, sem o custo que tem tido hoje. Então, é uma visão de redistribuição real de peixe no país para os cidadãos. Outra das prioridades do vosso projecto é o que chama de choque fiscal. Em que consiste? Nós entendemos que nenhum são-tomense tem culpa de nascer nesta terra onde a economia obriga a ser cidadão do mundo. O governo deve urgentemente fazer a tributação das acções aduaneiras só por via do produto ao preço Fob [“Free on Board” – Grátis a Bordo] e não ao preço CIF [“Cost, Insurance and Freight” – Custo, Seguro e Carga]. Hoje a tributação é feita ao preço de compra no país de origem, mais o preço do transporte. Isto leva a uma tributação fiscal alta e com esta tributação automaticamente aumenta o preço do produto. O Estado deve fazer essa compensação, só tributar o preço da compra dos produtos. E, ainda, a ENAPOR [Empresa Nacional de Administração de Portos] deixar de cobrar o que diz que é taxa - que não é taxa, é um imposto - porque a ENAPOR é uma prestadora de serviços, deve funcionar por cubicagem. Peso do ouro ou peso do lixo é igual. Não pode cobrar por preço de mercadoria. E isto ia ajudar a diminuição do preço do produto em São Tomé. No ponto de vista ainda do IRS, nós teríamos um escalão único do IRS. Também temos outra política que é a questão de despartidarização da administração central do Estado. O Partido de Todos os São-Tomenses trabalhará com todos os cidadãos na administração central do Estado, desde que estejam capacitados, no ponto de vista técnico, para exercer funções técnicas da administração central do Estado. Não ao clientelismo partidário dentro da administração pública. Pela primeira vez, vão ser eleitos deputados pelos círculos eleitorais da emigração. Qual é a importância deste voto? É bastante importante. Nós, por exemplo, ao apresentar o nosso candidato da diáspora, definimos quatro pontos fundamentais: o cartão consular grátis para todos. Acobertamos essa receita com a implementação do visto, do pagamento do visto no aeroporto a chegada a São Tomé e Príncipe.  O ponto dois: todos os países onde São Tomé e Príncipe tem uma política de cooperação coesa, caso de Portugal, Angola, Cabo Verde e Gabão, deve-se evitar ter embaixadores políticos partidários. Tem de ter sempre embaixador de carreira diplomática para estas funções. O ponto três: nós orientaremos directamente a criação de uma plataforma do empresariado são-tomense no mundo. Para terminar, um gabinete de orientação da diáspora em todos os países onde tem são-tomenses a residirem para acompanhar o desempenho e as suas situações.     Eleições legislativas, autárquicas e regional a 25 de Setembro As eleições legislativas, autárquicas e regional são a 25 de Setembro. Dez partidos e uma coligação vão concorrer às legislativas de São Tomé e Príncipe: Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe / Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), Acção Democrática Independente (ADI), Movimento Basta, Movimento Democrático Força da Mudança/União Liberal (MDFM/UL), União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD), Cidadãos Independentes para o Desenvolvimento de São Tomé e Príncipe (CID-STP), Movimento Unido para o Desenvolvimento Amplo de São Tomé e Príncipe (Muda-STP), Partido Novo, Movimento Social Democrata/Partido Verde de São Tomé e Príncipe (MSD-PVSTP), Partido de Todos os Santomenses (PTOS) e a coligação Movimento de Cidadãos Independentes/Partido Socialista/Partido da Unidade Nacional (MCI/PS-PUN). Nestas legislativas, os são-tomenses vão eleger 55 deputados à Assembleia Nacional, incluindo dois que pela primeira vez serão eleitos pelos círculos eleitorais da Europa e da África. A RFI falou com os líderes das 11 forças políticas que concorrem às legislativas e vai publicar uma entrevista por dia. Acompanhe aqui.

Convidado
Partido Novo propõe “governo de unidade nacional” em São Tomé e Príncipe

Convidado

Play Episode Listen Later Sep 19, 2022 9:15


O Partido Novo é uma das 11 forças políticas na corrida às eleições legislativas de 25 de Setembro em São Tomé e Príncipe. O seu líder, Abílio do Espírito Santo, explica que, se ganhar, vai “abrir um debate público” para formar o que chama de “governo de unidade nacional” porque considera que “o povo é que tem que decidir” num país em que o maior problema, a seu ver, é a corrupção. RFI: Quais são as principais promessas/bandeiras da sua candidatura? Abílio do Espírito Santo, Líder do Movimento para o Progresso-Partido Novo: O grande problema que temos neste país é o problema de governação, a corrupção. No manifesto eleitoral, a segunda prioridade é a corrupção zero. Como é que pretende colocar isto em prática? Em São Tomé, ninguém mais confia em ninguém. Em 47 anos de independência, tem havido muita promessa, mas promessas não cumpridas. Então, nós entendemos que é preciso garantir, se houver instituição capaz, ou então criar um sistema que controle e fiscalize todas as outras instituições em São Tomé e Príncipe, que vai desde a Presidência da República, o Governo, os tribunais, Ministério Público, ONG's, todas as instituições em São Tomé e Príncipe. Em todas as eleições se fala no fenómeno do banho, na compra de consciência dos eleitores. Vocês no manifesto eleitoral também falam disto. Como é que financiaram a campanha e como é que se evita o banho? O fenómeno do banho é um grande mal que existe e a única forma de conseguir evitar o banho não é com conselhos à população. Isso não funciona. É, sim, conseguir que a população seja independente económica e financeiramente dos políticos, caso contrário, não há hipótese. As pessoas são muito dependentes dos políticos. Temos que arranjar uma forma para que as pessoas consigam ser independentes económica e financeiramente dos políticos. Existem dois pontos fundamentais, a meu ver. Tem a ver com a livre circulação dos nossos cidadãos para o estrangeiro. Não há emprego cá em São Tomé que dignifique a pessoa humana. As pessoas trabalham e recebem muito pouco. Eu acredito que se as pessoas tiverem possibilidade de viajar para o estrangeiro e conseguir um bom emprego, poderão regressar e investir em São Tomé. O ponto dois é o turismo. São Tomé é uma ilha maravilhosa, com grandes potencialidades, mas o turismo é praticamente zero. Se houver muitos turistas cá no país, a população terá a possibilidade de vender os seus produtos. Logo não haverá tempo, não haverá necessidade de o povo andar aí à procura de políticos para lhe dar 100 dobras, pedir ajudas, por aí fora. Eles estarão preocupados em produzir para os turistas. Fala em independência dos políticos. Há outro ponto nas prioridades do vosso manifesto eleitoral em que falam no direito à informação. Quais é que são os planos? Por exemplo, falando da televisão são-tomense, nós temos a RTP África e a TVS, a nossa televisão, só passa aquilo que o Governo quer - este e o outro anterior - a coisa é a mesma. Logo, é necessário, é indispensável que haja televisões privadas até porque precisamos que haja também, para combater a corrupção, o tão falado jornalismo de investigação que aqui não existe. São Tomé e Príncipe é considerado um dos países mais pobres do mundo e depende da ajuda externa. Agora temos a guerra na Ucrânia, que provocou uma inflação mundial dos preços. Há pouco tempo tivemos toda a crise da pandemia, da qual ainda sofremos as consequências. Que soluções é que propõe para reduzir essa dependência e para também reduzir essa pobreza quase estrutural? Nós só temos quatro pontos no nosso manifesto eleitoral porque, de acordo com nossa ideologia, quando ganharmos estas eleições - porque temos quase a certeza que vamos ganhá-las - este partido é um partido jovem, a juventude é que criou este partido, mas fazem parte deste partido todo o povo de São Tomé, os mais velhos, por aí fora. Quando ganharmos essas eleições, vamos ter um governo, um governo nacional. Não será um governo partidário. Vamos deixar em aberto a possibilidade de que concorram pessoas capazes e com motivação para exercerem o cargo no Governo. Essas pessoas terão que se sentir empregados do povo, virão em missão para trabalhar para o povo. Para dizer que as ideias que eu possa ter agora sobre propostas para desenvolvimento de São Tomé valem o que valem, mas eu diria que não têm muito significado de acordo com a nossa ideologia. Eu posso querer uma coisa hoje, mas quando ganharmos as eleições, o povo de São Tomé e Príncipe é que irá falar. Vamos abrir um debate público para que as pessoas escolham os ministros para que façamos o programa de governação para São Tomé e Príncipe. O povo de São Tomé e Príncipe terá a oportunidade de usar o Movimento para o Progresso - Partido Novo, um partido que a juventude criou. É o que o país precisa, digamos, como se fosse um governo de unidade nacional, que nenhum desses partidos que já estiveram no poder têm a capacidade de o implementar por causa da rivalidade que existe entre eles. No entanto, o Governo cessante era composto por uma “nova maioria” no Parlamento que juntava o MLSTP-PSD, o PCD-MDFM-UDD. O que está a dizer é que também está disposto a alianças? Não. Nós não estamos dispostos a alianças, nós não faremos alianças. Inclusive no nosso estatuto há um parágrafo que diz que nós não vamos coligar com nenhum partido político. O que nós estamos a dizer é que vamos abrir ao povo de São Tomé. O povo de São Tomé terá a possibilidade de connosco escolher os ministros, os gestores, as prioridades para a governação. Na fase de escolha dos governantes, nós não vamos procurar saber se este indivíduo é de um partido A ou do partido B ou se ele é apartidário. Desde que ele revele a capacidade, poderá fazer parte do Governo de São Tomé e Príncipe. O que aconteceu, no passado recente, e que está em vigor até agora, são alianças onde cada um exige um tacho - e é um tacho: “Eu quero ser ministro tal e quer ser director tal” - e o primeiro-ministro, por si só, não tem capacidade ou não tem poder de tomar decisões e se ele não concordar com alguma coisa, o que poderá acontecer é a queda do governo. Fala em abrir um debate público para fazer um programa de governação. Ainda assim, quem vai votar precisa de saber no que vai votar. Por exemplo, em São Tomé e Príncipe outro grande problema é o acesso aos cuidados médicos, aos medicamentos. Que propostas para a saúde? As minhas opiniões valem o que valem, mas isso tem que ser de concertação nacional. O povo tem que decidir. O que acontece aqui é que desde 1975 que tomámos a independência, temos tido doutores e engenheiros no poder e o país continua como está. Nós não avançamos e não é por causa de falta de conhecimento dos nossos líderes. Nós todos somos críticos quanto à saúde e se eu começar a enumerar os problemas da nossa saúde, não saímos daqui hoje. Por isso, a solução não poderá vir só de um partido, só de uma pessoa. Isso tem que ser, digamos, de concertação nacional e com a ajuda de todos os são-tomenses residentes ou no estrangeiro, até mesmo os estrangeiros poderão ter uma palavra a dizer, desde que seja ajuda para melhorar o estado das coisas. Por ter sido emigrante, tem uma palavra a dizer à diáspora porque, pela primeira vez, são-tomenses residentes na diáspora vão poder eleger e serem eleitos? Podem contar comigo, podem contar com o Movimento para o Progresso - Partido Novo. O país já não será como era antes, com o Movimento para o Progresso no poder. Aliás, para poderem estar descansados, terão muito orgulho de terem este partido no poder e terão vida facilitada, muito facilitada, quando pensarem em trazer os seus bens para São Tomé. As taxas serão de certeza, terão que ser revistas, as taxas alfandegárias. Terão um acompanhamento melhor e, principalmente, para os nossos doentes que têm que fazer hemodiálise em Portugal podem estar seguros que cedo encontrarão dias melhores.     Eleições legislativas, autárquicas e regional a 25 de Setembro As eleições legislativas, autárquicas e regional são a 25 de Setembro. Dez partidos e uma coligação vão concorrer às legislativas de São Tomé e Príncipe: Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe / Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), Acção Democrática Independente (ADI), Movimento Basta, Movimento Democrático Força da Mudança/União Liberal (MDFM/UL), União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD), Cidadãos Independentes para o Desenvolvimento de São Tomé e Príncipe (CID-STP), Movimento Unido para o Desenvolvimento Amplo de São Tomé e Príncipe (Muda-STP), Partido Novo, Movimento Social Democrata/Partido Verde de São Tomé e Príncipe (MSD-PVSTP), Partido de Todos os Santomenses (PTOS) e a coligação Movimento de Cidadãos Independentes/Partido Socialista/Partido da Unidade Nacional (MCI/PS-PUN). Nestas legislativas, os são-tomenses vão eleger 55 deputados à Assembleia Nacional, incluindo dois que pela primeira vez serão eleitos pelos círculos eleitorais da Europa e da África. A RFI falou com os líderes das 11 forças políticas que concorrem às legislativas e vai publicar uma entrevista por dia. Acompanhe aqui.

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MCI/PS-PUN quer “filhos das roças” no Parlamento de São Tomé e Príncipe

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Play Episode Listen Later Sep 18, 2022 9:54


Levar “os filhos das roças” à Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe é o objectivo da coligação MCI/PS-PUN, uma das 11 forças políticas na corrida às eleições legislativas de 25 de Setembro. Adalberto Catambi, o porta-voz da coligação, explica que o movimento quer o “despertar da comunidade rural” e a sua presença “a níveis de decisão do país” para acabar com o “ciclo vicioso” da pobreza e melhorar as condições de vida “dos mais desfavorecidos”. RFI: Qual é a principal bandeira do movimento? Adalberto Catambi, porta-voz da coligação Movimento de Cidadãos Independentes, Partido Socialista e Partido de Unidade Nacional (MCI/PS-PUN): A nossa principal bandeira do movimento é justamente o movimento para a mudança e melhoria das condições da camada mais desfavorecida, concretamente para os filhos da roça, sendo eles os descendentes de cabo-verdeanos, descendentes de angolanos, angolares e todos os nativos provenientes de roça. Isto é a bandeira fundamental do Movimento Cidadãos Independentes e também do Partido da Unidade Nacional – PUN. Historicamente, há uma bipolarização política em São Tomé e Príncipe. Nestas eleições legislativas temos 11 forças políticas a concorrer. O que é que faz deste movimento a diferença e poderá levar os eleitores a votarem nele? A nossa diferença é justamente demonstrar à colectividade que o movimento surge para responder e defender o interesse da classe desfavorecida: demonstrar os pontos e o porquê de ser desfavorecida, demonstrar que nos sucessivos governos nada se fez para essa mesma classe, demonstrar inclusive com provas. Quais provas? Se tivesse oportunidade de estar em São Tomé a 12 de Julho de 1975 e se hoje viesse a São Tomé fazer uma fotografia comparativa das antigas empresas agrícolas, o que se pode apanhar automaticamente é um enfarte. Demonstra que os governos com evidência não cuidaram do país e consequentemente não cuidaram das roças. Facto é que a ruína delas fala por si. Obviamente, em face disso, é o despertar dessa comunidade. Queremos é passar uma mensagem de despertar da comunidade rural para que ela também possa ser o verdadeiro interlocutor das suas questões. Como? Nós, na prática, compomos as nossas listas para a Assembleia Legislativa por gentes da roça, moradores na roça que vivem e sentem a realidade da roça. Como é que pretendem resolver a questão da pobreza extrema, ajudar as pessoas que tanto precisam e que são a maioria da população? Primeiramente é ter a nossa voz muito activa a nível dos órgãos decisores, particularmente a nível da Assembleia. A partir da Assembleia podemos, então, levar discussões de políticas e planos sustentáveis concretamente numa educação de qualidade. Nós teríamos que investir no conhecimento da população jovem, no conhecimento da população rural para que efectivamente os jovens de meios rurais, os jovens desfavorecidos, os jovens roceiros - em termos práticos que se usam aqui - possam então estar munidos de conhecimento para dentro da sua realidade, do contexto da roça, serem então o impulsionador da economia. Concretamente, a partir da roça, com o “know-how” [conhecimento] que dispõem, poderem investir fortemente na indústria transformadora, que é transformar e aumentar o valor dos produtos locais para assim poderem passar a gozar de melhores condições financeiras e com essas melhores condições financeiras permitir o desenvolvimento da sua comunidade e consequentemente o desenvolvimento do país. Porquê? Porque se nós não formos capazes, volvidos 45 anos, de mudar o ciclo - porque isto é um ciclo e um ciclo vicioso mau e ruim da população rural - nós não estamos a falar de nada para São Tomé e Príncipe. Pai agricultor, filho agricultor, mãe palaiê [vendedora ambulante] - e não é em desprezo da classe - não se vê o progresso e, consequentemente, o filho serviria simplesmente da peça de substituição para o sistema imperante. Nós queremos que deixe de ser isto. Terá que ter oportunidades, terá que também estar a níveis de decisão do país para que efectivamente as acções do país comecem assim a ser em prol e em benefício da comunidade. E os meios? De onde virão esses meios? Sabemos que a nível de cooperações estratégicas, tanto com a União Europeia, com o Banco Mundial, com o FMI, que existem programas claros, programas de financiamento para o desenvolvimento rural e, simplesmente, em São Tomé não se põem em prática esses programas com todas as vantagens que os mesmos têm porque não vão de encontro às políticas dos sucessivos governos são-tomenses. O país dispõe de meios, por exemplo, junto à União Europeia. O país dispõe de meios junto ao Banco Mundial, junto ao BAD...  Já existem essas fontes de financiamento. Nós teríamos que junto a esses parceiros de desenvolvimento redefinir o plano de investimento para que este investimento vá ao encontro da população, vá mudar o dia-a-dia da população. Porque os meios existem mas têm sido mal canalizados ao longo dos 47 anos da independência de São Tomé e Príncipe. É um país que se caracteriza por muitas ajudas externas, convertidas em inúmeros projectos, mas, como sabe, os projectos têm um tempo de vida limitado e findo o projecto não se vê o que é que se implementou. Logo se pergunta: o porquê do projecto? O que se fez com os fundos desses projectos e para quê esses projectos? Há um fundo. Agora temos é que fazê-lo ser realidade, fazer que ele reverta a favor da população são-tomense e, neste caso particular, os mais desfavorecidos: a população da roça. O dia-a-dia dos são-tomenses continua a ser pautado por cortes de energia. Como é que vocês pensam resolver os problemas de abastecimento de energia? Temos que investir em fontes de energias sustentáveis. Obviamente, passando pela recuperação das mini-hídricas existentes no país desde a era colonial e que foram totalmente banalizado por sucessivos governos são-tomenses. E por outras vias alternativas também que é através da energia solar, na medida em que somos um país que temos a sorte e o privilégio de ter o sol durante os 12 meses do ano e isso permitiria reduzir a energia emitida através de combustíveis fósseis e também para termos uma fonte de energia sustentável e que vai de encontro à real situação financeira de São Tomé e Príncipe. Este é o ano do primeiro furo petrolífero na Zona Económica Exclusiva. O que é que vocês pensam da exploração desta energia?   Falar do petróleo no contexto são-tomense à data de hoje é uma matéria que nos deixa com muitas dúvidas porque há mais de 20 anos que estamos em discursos sobre o petróleo e na realidade o petróleo nunca chega. Mas este ano houve o primeiro furo. O primeiro furo não é suficiente para darmos o conforto de alívio, na medida em que se fez o primeiro furo, mas a população, de uma maneira geral, ainda não dispõe de conhecimentos sustentáveis e plausíveis sobre a situação do referido furo. E não conhecemos também a sua capacidade, por exemplo, se temos petróleo em quantidade comercial para que efectivamente possamos definir e delinear políticas em volta do petróleo. Quer dizer que o petróleo ainda continua sendo um mero sonho que ainda não sabemos efectivamente para quando teremos e podemos contar com o petróleo. Seria uma bênção para o país a nível económico, mas não tanto a nível ambiental? Obviamente, a confirmação do petróleo e o contexto em que São Tomé vive hoje, ela serviria sim como um alívio financeiro, económico para permitir o país financiar outros projectos sustentáveis porque teríamos que pautar pela sustentabilidade do acto governamental e das políticas governamentais para permitir a longevidade e também o alvejado desenvolvimento a que prosperamos no país. Porque não basta ter petróleo. Já temos experiências de países vizinhos que tiveram muito petróleo, mas quando se observa, não há qualquer desenvolvimento, não há qualquer crescimento económico e não há qualquer sustentabilidade das acções desenvolvidas por eles. Logo, o petróleo serve sim como uma fonte do financiamento das nossas acções mas para outras actividades que sejam efectivamente sustentáveis e que possam garantir um futuro melhor de cada um dos são-tomenses e, concretamente, daqueles que sempre viveram no limiar da pobreza, sempre viveram em condições difíceis, estamos a falar de filhos de roça, de gente de roça que é a maioria, mas que sempre viveu dominada  por uma minoria, e que usa a classe simplesmente para fins eleitorais.   Eleições legislativas, autárquicas e regional a 25 de Setembro As eleições legislativas, autárquicas e regional são a 25 de Setembro. Dez partidos e uma coligação vão concorrer às legislativas de São Tomé e Príncipe: Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe / Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), Acção Democrática Independente (ADI), Movimento Basta, Movimento Democrático Força da Mudança/União Liberal (MDFM/UL), União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD), Cidadãos Independentes para o Desenvolvimento de São Tomé e Príncipe (CID-STP), Movimento Unido para o Desenvolvimento Amplo de São Tomé e Príncipe (Muda-STP), Partido Novo, Movimento Social Democrata/Partido Verde de São Tomé e Príncipe (MSD-PVSTP), Partido de Todos os Santomenses (PTOS) e a coligação Movimento de Cidadãos Independentes/Partido Socialista/Partido da Unidade Nacional (MCI/PS-PUN).   Nestas eleições legislativas, os são-tomenses vão eleger 55 deputados à Assembleia Nacional, incluindo dois que pela primeira vez serão eleitos pelos círculos eleitorais da Europa e da África. A RFI falou com os líderes das 11 forças políticas que concorrem às legislativas e vai publicar uma entrevista por dia. Acompanhe aqui.

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CID-STP quer “renovação política” em São Tomé e Príncipe

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Play Episode Listen Later Sep 17, 2022 9:54


O CID-STP é uma das 11 forças políticas na corrida às eleições legislativas de 25 de Setembro em São Tomé e Príncipe. O seu líder, Nelson Carlos Carvalho, apresenta o partido como “uma alternativa”, com o objectivo de avançar para uma “renovação política” em que o combate à corrupção é uma das prioridades. RFI: Quais são as principais bandeiras da sua candidatura? Nelson Carlos Carvalho, Líder do CID-STP (Cidadãos Independentes para o Desenvolvimento de São Tomé e Príncipe): A primeira bandeira é o comprometimento com o país no seu todo. Tem uma responsabilidade abrangente ao país em termos dos serviços que beneficiam os cidadãos. O segundo nosso objectivo é o combate à corrupção porque todos os políticos falam no combate à corrupção e o que acontece é que muitos deles, quando estão no poder, a corrupção continua a ser ainda enraizada a nível do país. Portanto, o CID-STP quer trazer uma outra forma de combater a corrupção de forma transparente e responsável para que o cidadão possa ter a confiança na parte que dirige o país e a parte que dirige o país também terá confiança no povo. Tem que ser uma confiança recíproca para que as coisas realmente funcionem porque um país em que os seus dirigentes têm medo dos seus colaboradores ou do seu povo, automaticamente as coisas não funcionam. O CID quer trazer esta confiança e que nenhuma parte tenha medo da outra. A outra questão, que é nossa bandeira, é a questão de fortalecimento das empresas públicas e privadas para criarem emprego e garantirem pensões porque o Estado não pode continuar a ser o maior empregador. Enquanto o Estado continuar a ser o maior empregador, o país não desenvolve, o país não cresce porque todas as despesas ficam a nível do Estado, todas as receitas e rendimentos ficam a nível do Estado. Portanto, o Estado tem que separar as coisas. Então, as empresas públicas e privadas têm que assumir o emprego para garantir as pensões em São Tomé e Príncipe. A outra nossa questão é a luta para mudar o sistema de funcionamento de saúde. O nosso sistema de saúde não funciona, portanto, eu não posso estar num país em que os dirigentes quando têm algum problema de saúde, têm que se dirigir ao exterior a custos elevados, tanto para aqueles que vão de junta médica, como aqueles que vão pelos seus meios próprios. Precisamente, um dos grandes problemas é o acesso à saúde e aos medicamentos. Como é que vai resolver essa questão? Bom, essa questão é uma questão simples de resolver. Nós temos um sistema de saúde que é preciso fazer uma - não digo uma revolução - mas é preciso fazer uma mudança do topo para a base. Primeiro, a questão da saúde: nós não temos um hospital que possa garantir. É preciso construir uma infra-estrutura com capacidade para dar resposta ao desenvolvimento da sociedade. É preciso ter uma estrutura coesa, forte, responsável, transparente. A questão do medicamento: o medicamento pode ser controlado. Nós temos um sistema em que os medicamentos se vendem na rua, se vendem nos quiosques, se vendem nos restaurantes, etc. É preciso definir que a estrutura que deve vender medicamentos deve ser a farmácia. Todos os outros medicamentos que se vendem de forma aleatória é preciso uma investigação, saber como é que eles entraram no país, quem está a vender, e aí o Estado terá um controlo sério do medicamento. O que é que acontece? Independentemente de o Estado ter o medicamento nos hospitais, os operadores privados que têm farmácias também vendem os medicamentos e estes medicamentos todos que são vendidos, têm que ter qualidade, certificação, etc. para garantir que realmente o país tenha uma saúde digna e responsável. Essas questões todas são coisas fáceis de resolver. É preciso é que haja vontade política de o fazer de forma segura, de forma responsável, sobretudo, trazer humildade em termos de organização do país e das suas estruturas governativas. O país é considerado um dos mais pobres do mundo. Depende da ajuda externa. Que soluções preconiza para reduzir essa dependência e essa pobreza, tanto mais que estamos perante uma inflação de preços mundial provocada pela guerra na Ucrânia e depois de uma crise provocada também pela própria pandemia de Covid-19? É verdade que São Tomé e Príncipe depende dos parceiros externos. Primeiro, um país em que o Estado é o maior empregador, automaticamente essas dependências continuam porque o Estado tem que ir buscar o dinheiro dos parceiros para pagar o salário, porque os nossos rendimentos internos não são sustentáveis para suprir todas as despesas do país. Porquê? Porque o Estado é quem se responsabiliza por tudo no país porque ele é o único empregador. Automaticamente, diminuindo o Estado com números de funcionários públicos e a maioria passar para o privado, aí, automaticamente, o privado vai-se responsabilizar da maioria dos empregados que estão na função pública. Outro aspecto: internamente tem que haver a cultura de trabalho e tem que haver um incentivo da parte do Governo em apoiar e criar também a nível do país, que nós não temos, um banco de investimento, ao qual você pode buscar o investimento e fazer investimento privado-público. Nós temos um país em que nós temos a agricultura, nós temos a pesca e falamos em turismo. São três pilares fortes que nós temos, mas se nós apostarmos seriamente nos nossos mares, como com embarcação para ir buscar o país para a questão industrial, aí já vamos ter alguns recursos. Se nós realmente agarrarmos na agricultura, não podemos ficar só na pimenta, no café e no cacau. É preciso partirmos para outros produtos nossos que possam também chegar a outros pontos internacionais e que poderão trazer-nos também algum rendimento. Portanto, um país com 200.000 habitantes, nós conseguimos de facto organizar porque é praticamente uma empresa e São Tomé tem recursos. São Tomé e Príncipe regista uma das mais elevadas taxas de desemprego da África Central. Que política para a criação de emprego e para a formação? É abrir também a formação profissional nas áreas de construção civil: pedreiros, carpinteiros, electricistas, ladrilhadores, estucadores. Toda a gente quer ter licenciatura, mestrado, doutoramento. Claro que é verdade que o país precisa desses quadros todos. Mas eu pergunto: eu não posso fazer uma casa a começar do telhado. Tenho que fazer uma casa a começar da base, dos pilares. Portanto, não havendo uma formação profissional que garanta o primeiro emprego, automaticamente, o país não vai conseguir avançar. O Governo cessante era composto por uma nova maioria no Parlamento. Está também disposto a alianças? Eu acho que sim. Nós vamos concorrer a essas eleições. Imaginemos que o CID, por exemplo, não tem a maioria absoluta e tem um número de deputados. Bom, não é preciso o CID ir para o governo. Nós podemos dar sustentabilidade parlamentar ao partido que tiver maior número de mandatos para formar o governo e nós estaremos no Parlamento a dar a nossa contribuição de forma positiva porque a oposição também governa. Governa como? Apresentando os projectos, fazendo as críticas construtivas, apresentando as propostas para serem discutidas em benefício da população. Agora, eu não posso ser um opositor e estar na Assembleia contra quem está a dirigir só porque estou na oposição. Não. Eu estou lá a contribuir de forma positiva para governar o país e aí estarei de acordo com uma aliança, sim, mas aliança parlamentar para funcionamento do país, não uma aliança para governar. O CID não irá participar numa aliança governativa, mas numa aliança parlamentar nós estaremos disponíveis para que o país funcione com as nossas ideias, com as nossas propostas de projectos e seriam analisados e discutidos na Assembleia Nacional e encontrar uma forma em que haja um projecto que possa beneficiar todo o colectivo, onde os deputados têm que ter uma consciência colectiva e pensar no bem comum para todos os são-tomenses. Em todas as eleições em São Tomé e Príncipe se fala no fenómeno do banho, na compra de consciência dos eleitores. Como é que financiou a campanha? Como é que se evita o banho? Nós, por exemplo, da parte do CID-STP, estamos a fazer as reuniões de sensibilização e a passar as informações relativamente aos nossos projectos. Nós não estamos a dar a ninguém nenhum banho. O que é que é o banho em São Tomé e Príncipe? Há duas formas de fazer o banho em São Tomé e Príncipe. Uma forma de fazer o banho é quando vão para reuniões dão 100, 50 dobras a cada um que está na reunião. A outra forma de banho é quando vão no dia das eleições, em que pagam as pessoas para irem votar. Eu contrario totalmente isso. Por isso, é que o CID-STP, como nós falamos no nosso slogan, vamos avançar numa renovação política. Renovação política. Nós não podemos ter o costume dos partidos tradicionais, pagando às pessoas para votar, pagando às pessoas para assistir às nossas reuniões. E nós, quando marcamos as reuniões, nós fazemos um pré-aviso: vamos fazer a reunião, mas o CID-STP não vai distribuir nenhum dinheiro à população. Primeiro, todos os partidos políticos que vão dar 50 dobras, 100 dobras ou 200 dobras aos eleitores são os partidos políticos que estão comprometidos com a corrupção em São Tomé e Príncipe. São as pessoas que devem ao Estado, devem muito ao fisco, são as que têm problemas nos tribunais, as que levaram bancos às falências, estão comprometidas para pagar aos bancos, portanto, têm que pagar para conseguirem estar no poder, para terem manobra para conseguirem saldar as suas dívidas. No CID-STP, nem o líder do CID nem os outros elementos do CID não estamos comprometidos com nenhum desses três planos: a finança, os tribunais, os bancos. Portanto, nós estamos à vontade de fazer uma política clara e falar ao povo de São Tomé e Príncipe que nós somos uma alternativa. Estas eleições têm, pela primeira vez, a participação dos são-tomenses residentes na diáspora que vão poder eleger e serem eleitos. Você também foi emigrante. Que mensagem é que deixa aos eleitores em geral e aos que vivem lá fora rumo estas eleições? No nosso programa eleitoral, nós queremos que a diáspora faça parte integrante na governação do país, de forma mais inclusiva, porque a diáspora tem um peso muito forte e que possa contribuir. Em termos da visão para quem vive, por exemplo, em França e noutros países, têm uma visão muito alargada do desenvolvimento daqueles países que pode ajudar muito ao desenvolvimento de São Tomé e Príncipe. O que eu digo a todos os eleitores são-tomenses que estão na diáspora, e também em São Tomé e Príncipe, é que façam uma apreciação dos projectos de cada partido político e depois tomem uma decisão, para não tomarem a decisão pelo facto de ser família, ser amigo ou aquele que deu um bilhete de passagem, deu uma motorizada ou se calhar abasteceu um quiosque. Mas sim que analisem as figuras dos líderes dos partidos que possam ser o possível primeiro-ministro, mas gente com perfil, com carácter, com seriedade, que se comprometa realmente com acções colectivas para erguer São Tomé e Príncipe.     Eleições legislativas, autárquicas e regional a 25 de Setembro As eleições legislativas, autárquicas e regional são a 25 de Setembro. Dez partidos e uma coligação vão concorrer às legislativas de São Tomé e Príncipe: Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe / Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), Acção Democrática Independente (ADI), Movimento Basta, Movimento Democrático Força da Mudança/União Liberal (MDFM/UL), União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD), Cidadãos Independentes para o Desenvolvimento de São Tomé e Príncipe (CID-STP), Movimento Unido para o Desenvolvimento Amplo de São Tomé e Príncipe (Muda-STP), Partido Novo, Movimento Social Democrata/Partido Verde de São Tomé e Príncipe (MSD-PVSTP), Partido de Todos os Santomenses (PTOS) e a coligação Movimento de Cidadãos Independentes/Partido Socialista/Partido da Unidade Nacional (MCI/PS-PUN). Nestas legislativas, os são-tomenses vão eleger 55 deputados à Assembleia Nacional, incluindo dois que pela primeira vez serão eleitos pelos círculos eleitorais da Europa e da África. A RFI falou com os líderes das 11 forças políticas que concorrem às legislativas e vai publicar uma entrevista por dia. Acompanhe aqui.

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MUDA quer ser “catalisador do desenvolvimento” em São Tomé e Príncipe

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Play Episode Listen Later Sep 16, 2022 9:57


O Movimento de União para o Desenvolvimento Amplo de São Tomé e Príncipe (MUDA-STP) é uma das 11 forças políticas na corrida às eleições legislativas de 25 de Setembro em São Tomé e Príncipe. O seu líder, Tomás da Vera Cruz, explica que o objectivo do movimento é ser o “catalisador do desenvolvimento no país”, algo que passa pelo combate contra o que descreve como “corrupção endémica” e pela exploração de “potenciais inexplorados” de São Tomé e Príncipe. RFI: Quais são as principais bandeiras da sua candidatura? Tomás da Vera Cruz, Líder do MUDA-STP: É uma candidatura que vai transmitir uma mensagem muito jovem, uma mensagem de renovação e de transformação deste país. Temos algumas prioridades que estão bem definidas. Primeiro teremos que quebrar o ciclo pernicioso dos partidos do poder. Estamos há 47 anos com esses partidos e as coisas vão evoluindo não à velocidade que nós precisamos, mas a uma velocidade muito lenta e que não tem resolvido nenhum problema do país. Temos uma segunda prioridade que é fundamental: combater a corrupção e vamos combatê-la sem quartel e por todos os meios que estiverem ao nosso alcance, os meios legais existentes, mas também inspirando-nos nas experiências e boas práticas que resultaram nos outros países. Temos um outro problema, é que o país vive para além das suas possibilidades e nós temos que racionalizar a administração e o Estado e reduzir o trem de vida [estilo de vida] do Estado. Nós temos que eliminar e suspender todos os privilégios e benesses incomportáveis para o actual estado da economia. E existem muitos. No manifesto eleitoral, o lema é “trabalhar para todos” e prometem “criar oportunidades para todos”. Um dos problemas do país é a desigualdade social, que é gritante. A pandemia agravou a crise, atirou muitos para o desemprego. A guerra na Ucrânia provocou uma inflação global dos preços. O que fazer para ajudar quem mais precisa? Temos que libertar os recursos que têm sido mal gastos. Temos uma administração pública que é pletórica, pouco eficiente e que tem gastos cujo “input” não corresponde ao “output”. Temos uma corrupção que ficou endémica, a todos os níveis. Combatendo a corrupção, nós podemos libertar recursos para aquelas despesas que são mais prementes. Nós temos potenciais que são inexplorados na agricultura, na economia do mar, na economia verde, no turismo. O que nos falta é um plano de desenvolvimento que oriente, consistente e adequado à nossa realidade económica, social e ao nosso capital humano que é preciso ser reforçado. Portanto, se nós juntarmos todos esses aspectos, se trabalharmos com os nossos parceiros - não para uma cooperação tradicional, para fazer um pacto para o desenvolvimento - declinaremos esse pacto em programas, projectos, portanto, metas que têm que ser verificadas. Nós queremos ser os catalisadores do desenvolvimento. O nosso desenvolvimento tem acontecido, não tem sido programado. Ele tem acontecido. Nós queremos programar o desenvolvimento, queremos ser nós a guiar e dirigir esse movimento para o desenvolvimento. Precisamente, nesse desenvolvimento também quer estimular o emprego. São Tomé e Príncipe regista uma das mais elevadas taxas de desemprego da África Central. Qual é a política que propõem para a criação de emprego e de formação? Por um simples egoísmo do Estado, que pensa que ele tem que ter o domínio sobre os cidadãos, o nosso emprego é fundamentalmente um emprego público. Nós temos que inverter essa situação na nossa economia e promover o emprego no sector privado. Para isso, primeiro, a nossa justiça tem que mudar e vamos fazer recurso a todos os meios que nós temos, legais, existentes, e outros que nós podemos receber e copiar dos outros países onde essa luta deu resultado. Temos que melhorar o ambiente de negócios para permitir que o investimento privado se realize sem nenhum contratempo, como é o caso de São Tomé e Príncipe. Nós temos que potenciar todo o potencial de inovação e criação que a nossa juventude tem em todas as áreas, nas altas tecnologias, na área da cultura, na área do desporto. Portanto, nós temos um imenso potencial de criação de emprego que tem sido desperdiçado. Nós vamos, conjuntamente, tratar de explorar todos esses potenciais para as populações mais frágeis. Aquelas que, apesar de toda uma política activa de emprego nesse sentido, ainda não conseguem acompanhar, aí sim, nós teremos recurso a tudo que é a parte social, projectos sociais, projectos de família, que têm em alguns casos recebido o apoio da comunidade internacional. Outro grande problema em São Tomé e Príncipe é o acesso aos cuidados médicos e a medicamentos. A saúde é um dos temas principais no vosso manifesto eleitoral. Que propostas é que têm? Primeiro, temos que melhorar fundamentalmente os cuidados primários de saúde. Nós temos uma rede de centros de saúde razoáveis, mas que estão mal equipados e subqualificados e nós temos gente que tem qualificação, que precisa de motivação, que precisa de bom enquadramento para trabalhar nesses cuidados primários. Para evitar que nós depois tenhamos doenças - que são já doenças em São Tomé que são doenças do desenvolvimento - que é o excesso de peso, as diabetes, as doenças cardiovasculares, porque nós essas doenças mais vulgares como são a diarreia, a cólera, a poliomielite estão mais ou menos controladas em São Tomé e Príncipe. Depois, nós queremos também qualificar o pessoal, melhorar as infra-estruturas e, portanto, fornecer melhores cuidados de saúde, dividindo os cuidados primários porque nós temos um só hospital que faz tudo praticamente e isso transforma-o num centro de saúde, quase não se pode gerir porque coisas que se podem fazer num posto médico da aldeia, vai-se fazer no hospital, portanto há toda uma transformação que tem que se fazer. Por isso, temos tido muita ajuda externa de Portugal, da China, de Cuba e de outros parceiros, mas que tem sido muito dispersa. Ela não tem sido posta num quadro coerente, de forma que seja complementar e nos permita tirar maior proveito das ajudas. Nós temos essa possibilidade e, portanto, nesse sentido, vamos fazer um sistema de saúde que é mais justo, mais equilibrado, mais equitativo e que seja financiado. Nós temos que ver que recursos é que nós vamos buscar internos e externos para financiar um sistema de saúde que seja sustentável. No manifesto eleitoral propõem proporcionar o acesso universal à energia, à água e ao saneamento básico. Como é que colocam isto em prática, tendo em conta que o dia-a-dia dos são-tomenses continua a ser pautado, por exemplo, por cortes de energia? Nós temos uma empresa de energia, é do conhecimento de todos, que tem graves problemas de gestão, não só técnica, mas gestão financeira. Tem acumulado uma dívida enorme, o que em si só parece uma contradição porque há mais procura de energia do que oferta de energia. Portanto, tudo o que você produz, você sendo uma empresa, normalmente você não deveria ter prejuízos. Portanto, o problema da nossa empresa de água e de electricidade está noutro domínio e ela precisa de ser completamente reestruturada. A forma como nós produzimos energia através de combustível fóssil é incomportável. Nós não produzimos petróleo, somos um país pequeno, importamos quantidades pequenas, importamos produto acabado e isto tem um custo enorme. Nós temos um custo de transporte muito elevado porque o nosso porto é um porto com muitas deficiências e nós temos que pensar isso de forma global. Portanto, a transição energética é uma opção, mas ela tem que ser feita de forma bem pensada, bem escalonada para que gradualmente nós possamos utilizar a energia do mar, a energia eólica, a energia fotovoltaica, nós temos todo esse potencial. Nós temos que trabalhar com parceiros que também são sérios, que vêm e querem nos ajudar com projectos que são realistas, adaptados à nossa realidade e que produzam resultados efectivos. Vamos, com os nossos parceiros, ver qual é a hipótese de nós comprarmos energia através de navios e outras centrais que são móveis, que podem produzir energia durante algum tempo, de forma a que esse processo de transição se possa processar de forma tranquila e nos permita ter uma mudança, uma transição energética que seja “smooth” [suave] como dizem os ingleses, mas que não nos deixem sem energia durante muito tempo. Nós estamos a pensar num espaço de tempo curto, médio prazo, poder privatizar essa empresa de água e electricidade, mantendo o Estado, certamente uma parte do capital que lhe permite controlar aquilo que o nosso parceiro privado vai poder fazer, os investimentos que ele vai poder fazer. Até que ponto o MUDA tem força para contrariar a bipolarização política tradicional em São Tomé e Príncipe? A nossa força está na nossa visão, no nosso objectivo, nos nossos princípios, nos nossos valores. A nossa visão é de um país aberto, próspero, moderno e inclusivo, justo e sustentável, onde prevaleça a democracia, liberdade e a dignidade para todos. A nossa missão, que é fundamental, é trabalhar de mão dada com todas as instituições legítimas do país para salvaguardar e reforçar os valores da democracia, do progresso, da dignidade. Os nossos valores: responsabilização, transparência, pluralismo, debate livre, pacífico, contraditório, inclusão política, coisas que nunca existiram verdadeiramente no nosso país, inclusão económica, participação cívica e cuidado, igualdade de género e o respeito pelo Estado de direito democrático. Estamos comprometidos com a inclusão desses valores e pensamos que se essa mensagem vai sendo gradualmente transmitida à população, vai-nos dar a possibilidade de enfrentar os desafios que nós temos entre o gigante que são os nossos adversários políticos e o anão que somos nós que estamos a começar nessa etapa.     Eleições legislativas, autárquicas e regional a 25 de Setembro As eleições legislativas, autárquicas e regional são a 25 de Setembro. Dez partidos e uma coligação vão concorrer às legislativas de São Tomé e Príncipe: Acção Democrática Independente (ADI), Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe / Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), Movimento Basta, Movimento Democrático Força da Mudança/União Liberal (MDFM/UL), União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD), Cidadãos Independentes para o Desenvolvimento de São Tomé e Príncipe (CID-STP), Movimento Unido para o Desenvolvimento Amplo de São Tomé e Príncipe (Muda-STP), Partido Novo, Movimento Social Democrata-Partido Verde de São Tomé e Príncipe (MSD-PVSTP), Partido de Todos os Santomenses (PTOS) e a coligação Movimento de Cidadãos Independentes/Partido Socialista/Partido da Unidade Nacional (MCI/PS-PUN). Nestas eleições legislativas, os são-tomenses vão eleger 55 deputados à Assembleia Nacional, incluindo dois que pela primeira vez serão eleitos pelos círculos eleitorais da Europa e da África. A RFI falou com os líderes das 11 forças políticas que concorrem às legislativas e vai publicar uma entrevista por dia. Acompanhe aqui.

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UDD quer “clima de estabilidade governativa e social” em São Tomé e Príncipe

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Play Episode Listen Later Sep 15, 2022 9:55


O partido UDD é uma das onze forças políticas na corrida às eleições legislativas de São Tomé e Príncipe de 25 de Setembro. “Criar um clima de estabilidade governativa e social” é o objectivo do partido, de acordo com o seu líder, Carlos Neves, que aponta como prioridades a revisão da Constituição, a reforma da Justiça e da administração pública, a melhoria do sistema de ensino e a aposta na saúde. RFI: No manifesto eleitoral, defende a reforma do Estado e da administração pública, a revisão da Constituição, a reforma da Justiça. Porquê e como avançar com todas estas reformas? Carlos Neves, Líder da União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD): Ao fim de 30 anos, 31 anos de mudança democrática que fizemos em 90, 91, há necessidade de se renovar o texto constitucional. Nós, em 2003, fizemos uma revisão pontual da Constituição que, do nosso ponto de vista, não preencheu todas as lacunas. Há aspectos que precisam de ser clarificados, nomeadamente as relações entre o Presidente da República e o Governo, a Assembleia. E tudo isso deve ser aprofundado, clarificado. Há direitos sociais e direitos individuais que devem ser aprofundados e, portanto, nós entendemos - aliás, todo o mundo vem reconhecendo isso - que é preciso passarmos a uma nova fase de revisão da Constituição, nomeadamente até para atender a questão da reforma da Justiça. Nós tínhamos um Tribunal Constitucional cujos poderes constitucionais eram exercidos pelo Tribunal Supremo, depois criámos o Tribunal Constitucional Autónomo e, agora, é preciso fazer um balanço se isso foi positivo, se não foi, e em que medida é que nós podemos aprofundar a Constituição. No manifesto eleitoral também defende um melhor aproveitamento dos recursos existentes em São Tomé e Príncipe. São Tomé e Príncipe é considerado um dos países mais pobres do mundo e depende da ajuda externa. Qual é que é o vosso programa a este nível? Para que haja um melhor aproveitamento dos recursos, temos que, em primeiro lugar, fazer a tal reforma da administração pública porque a nossa administração está ultrapassada, precisa de ser modernizada, precisa de se desburocratizar. É preciso dar um atendimento maior aos serviços. É preciso dar maior carinho aos investidores, quer nacionais, quer externos, e isso passa pela revisão da administração pública, necessariamente, para que os outros recursos do país, nomeadamente os recursos agrícolas e os recursos piscatórios possam ser melhor aproveitados. Esses recursos são os que o país dispõe: os recursos humanos, a Terra, o mar, os serviços. Não tem outros recursos. Ainda não se fez uma descoberta comercial de petróleo, mesmo que o tivesse feito, existindo esses recursos, eles devem ser melhor aproveitados para que o país possa sair desse patamar de pobreza extrema e poder ser minimamente autónomo em matéria financeira. Esse é o nosso objectivo e isto passa necessariamente por criar um clima de estabilidade governativa e social. Falou no aproveitamento dos recursos humanos. São Tomé e Príncipe regista uma das mais elevadas taxas de desemprego da África Central. Vocês também falam em melhorar o sistema educativo. Como e quais seriam as prioridades? Quando nós falamos da melhoria do sistema educativo é, sobretudo, na melhoria da qualidade de ensino. Quer do pré-primário, ao ensino superior, temos que apostar mais na qualidade, porque durante os primeiros anos da independência até hoje, temos vindo a apostar na massificação do ensino. É evidente que isso reduz a qualidade do ensino. Mantendo embora essa massificação, temos agora que apostar na melhoria do ensino, com maior exigência, com maior injecção de conhecimento para que os formandos que saiam do ensino, aos vários níveis, possam estar preparados para a vida activa. É, por isso, que nós dizemos "um ensino para a vida". É que nós entendemos que devemos apostar muito na educação profissional, técnica, para que as pessoas não façam apenas uma formação académica teórica, mas que estejam preparadas para resolver os problemas práticos que a sociedade exige. E isso passa naturalmente por um ensino de maior qualidade, mais virado para aquilo que são as necessidades e o potencial do próprio país, nomeadamente na área da agricultura, na área das pescas. Um grande problema em São Tomé e Príncipe é o acesso aos cuidados médicos e a medicamentos. Na nova direcção da UDD conta com Edgar Neves, que era ministro da Saúde do governo cessante, mas que se demitiu devido a desentendimentos com os profissionais do sector. Que propostas para a saúde e para este sector? Nós mantemos as mesmas propostas sempre. Apenas um reparo, o doutor Edgar Neves não se demitiu por desavenças com os profissionais de saúde. Ele tinha os seus pontos de vista, os profissionais - não eram profissionais, [eram] alguns sindicatos que estavam mal orientados por razões partidárias - criaram problemas desnecessários que ainda hoje se mantêm e que vinham de longa data. Eu vou-lhe dar um exemplo: a questão do abastecimento de água ao hospital vem de há mais de 20 anos. Pessoas que hoje são altos dirigentes deste país foram altos responsáveis pelo abastecimento de água no hospital e não resolveram o problema. É um problema estrutural que não se resolvia, que se foi convivendo com ele, até hoje, e que nós continuamos a viver. Mas, em matéria de saúde, a nossa defesa é a melhoria de prestação de serviços, com uma aposta maior na formação dos recursos humanos, na requalificação das infra-estruturas que temos até hoje - aliás, há uma construção do hospital que está em curso, já foi lançado o projecto de construção - dos centros de saúde e maior abastecimento do sector de medicamentos que depende também dos recursos financeiros. Perante o aquecimento global do planeta, São Tomé e Príncipe sofre com alterações climáticas e situações climáticas extremas. A preservação do ambiente também está no vosso programa. O que é que é preciso fazer? Nós devemos, em princípio, cumprir os objectivos definidos nas várias convenções e conferências internacionais relativas à preservação do ambiente. Mas, independentemente destes acordos internacionais, por nós próprios, já chegámos à conclusão que temos que salvar aquilo que é o nosso ambiente. Nomeadamente, nós queremos apostar no turismo. O turismo, necessita, entre outras coisas, de ter algo para oferecer aos turistas, nomeadamente temos o sol, temos praias, mas se as praias não estiverem preservadas, não será possível oferecer isso. Temos uma floresta densa que pode ser devidamente aproveitada também para o turismo. É essa a nossa aposta em matéria de preservação do ambiente para garantir a sobrevivência no país porque se não tivermos água suficiente, se não tivermos terra agricultável, se não tivermos floresta, não será possível fazer nada. Mas há pouco falou da questão do petróleo. O petróleo não é recuar? Não se deveria antes apostar nas energias renováveis, em vez das energias fósseis? Nós defendemos a aposta nas energias renováveis para o nosso consumo, mas precisamos do petróleo - se houver - para termos alguns recursos financeiros e é o que se está a passar a nível internacional. Todo o mundo que tem recursos de petróleo vende petróleo e nós não deixaremos de vender o nosso petróleo. Embora internamente - e até porque o consumo que fazemos não nos parece significativo em termos mundiais, consumo de combustíveis fósseis - o seu impacto é mínimo a nível internacional. Mas, se houver petróleo, serão recursos que poderão ajudar a desenvolver outras áreas, inclusivamente a das energias renováveis. Se não tivermos dinheiro, não poderemos fazer absolutamente nada. O governo cessante era composto por uma “nova maioria” no parlamento (MLSTP/PSD, PCD-MDFM-UDD). A UDD fazia parte da “nova maioria”. A aliança é para renovar? Em princípio, quando fizemos a nossa coligação para a formação do governo em 2018 foi sempre numa perspectiva de uma acção governativa que pudesse ter continuidade para que os nossos projectos, os nossos objectivos fossem cumpridos. Naturalmente, nesta legislatura não foi possível cumprir tudo e se houver necessidade e condições para que na próxima legislatura se possa renovar este acordo, nós certamente que estaremos disponíveis para discutir. A UDD elegeu um deputado nas legislativas de 2018 e desvinculou-se do MDFM, alegando não existirem condições políticas para se manterem unidos. Não houve a perda de um importante aliado? Quando fizemos o nosso acordo com o MDFM para a formação da união, foi partindo do princípio de que a união normalmente faz a força, desde que as relações de trabalho sejam totalmente cumpridas. Nós, a partir de certo momento, vimos que essas condições não estavam a ser preenchidas, que os requisitos não estavam a ser cumpridos, então achámos que era preferível continuarmos cada um a fazer o seu próprio trabalho e, a partir daí, o eleitorado depois decidirá em quem dará a sua confiança. Não será por aí que se criará algum fosso quer para um, quer para outro partido. Todos os partidos estarão disponíveis e a passar a sua mensagem junto do eleitorado e ver o que conseguem.     Eleições legislativas, autárquicas e regional a 25 de Setembro As eleições legislativas, autárquicas e regional são a 25 de Setembro. Dez partidos e uma coligação vão concorrer às legislativas de São Tomé e Príncipe: Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe / Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), Acção Democrática Independente (ADI), Movimento Basta, Movimento Democrático Força da Mudança/União Liberal (MDFM/UL), União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD), Cidadãos Independentes para o Desenvolvimento de São Tomé e Príncipe (CID-STP), Movimento Unido para o Desenvolvimento Amplo de São Tomé e Príncipe (Muda-STP), Partido Novo, Movimento Social Democrata/Partido Verde de São Tomé e Príncipe (MSD-PVSTP), Partido de Todos os Santomenses (PTOS) e a coligação Movimento de Cidadãos Independentes/Partido Socialista/Partido da Unidade Nacional (MCI/PS-PUN). Nestas legislativas, os são-tomenses vão eleger 55 deputados à Assembleia Nacional, incluindo dois que pela primeira vez serão eleitos pelos círculos eleitorais da Europa e da África. A RFI falou com os líderes das 11 forças políticas que concorrem às legislativas e vai publicar uma entrevista por dia. Acompanhe aqui.

Rádio Assembleia - ALMG Novidades
Número de abstenções deve ser baixo nestas eleições

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Play Episode Listen Later Sep 14, 2022


Boletim da ALMG - Edição n.º 5471

Convidado
Miguel Gomes promete estar “mais próximo do povo” são-tomense

Convidado

Play Episode Listen Later Sep 14, 2022 9:56


Miguel Gomes é o cabeça-de-lista do MDFM/UL às eleições legislativas de São Tomé e Príncipe de 25 de Setembro. O professor de Direito foi padre durante anos, nos quais conheceu “de perto a realidade social”, mas deixou-se converter pela política que encara como uma missão. Miguel Gomes promete “fazer uma política diferente” e estar “mais próximo do povo”, mas avisa que “não se resolve a pobreza dando assistência” e aponta que “o mal de São Tomé e Príncipe é a má governação”. RFI: O lema do MDFM/UL para estas eleições é “renascer da esperança”. Qual é a vossa principal bandeira? Miguel Gomes, Líder do MDFM/UL: O partido traçou como principal bandeira pensar primeiro em São Tomé e Príncipe. Queremos dar prioridades, acções concretas, para que o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe seja efectivo. Primeiramente, pensámos nas 15 prioridades para governar São Tomé e Príncipe como, por exemplo, a boa governação porque o mal de São Tomé e Príncipe é a má governação. Começam-se projectos e não se terminam; os órgãos de soberania não se entendem... Por isso, o partido propõe a boa governação, fazendo um pacto de governação com todos os partidos políticos porque, se não houver este pacto de governação, São Tomé e Príncipe continuará sempre da mesma maneira. O governo cessante era composto por uma "nova maioria" no Parlamento, que incluía nomeadamente o MDFM. Está disposto a alianças novamente? Quer dizer, uma aliança mais eficaz, sem excluir ninguém. O MDFM faz parte da coligação governamental, mas não tem voz e o partido que tem a maioria dos deputados impõe e faz o que quer. O MDFM quase não decide nada, só mesmo quando se precisa do MDFM nas questões essenciais é que às vezes é consultado. Eu proponho que o MDFM tenha voz para que também possa decidir sobre a governação e o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe. São Tomé e Príncipe tem uma das mais elevadas taxas de desemprego da África Central. Que política para a criação de emprego e formação? Construindo uma universidade pública. Em São Tomé e Príncipe, só temos uma universidade pública, temos duas outras universidades que são privadas e o acesso é muito difícil. A propina é muito, muito cara, muito elevada, e os alunos quase não vão para lá. Nós temos uma universidade pública, na qual eu sou também professor de Direito e nesta universidade entram poucos alunos são-tomenses. Aí, a propina é acessível, é qualquer coisa como 130 euros, 150 euros. Eu sei - porque já fui presidente, nesta universidade, da Faculdade de Ciências e Tecnologias - eu sei que construindo uma universidade resolveria muitos problemas. Resolveria o problema do desemprego, dando emprego aos jovens, dando emprego aos professores, daria também emprego às senhoras que fariam limpeza da universidade, às pessoas que trabalhariam na administração escolar, mas também conseguiríamos reforçar a qualidade da formação a nível de São Tomé e Príncipe. Também nas 15 prioridades falam em melhorar o acesso e a eficiência dos serviços e dos hospitais públicos. Um dos grandes problemas em São Tomé e Príncipe é precisamente o acesso aos cuidados médicos, aos medicamentos. Como é que vai resolver este problema? O grande problema de São Tomé e Príncipe, a nível de saúde, é justamente a falta de qualidade e de atendimento. Outro grande problema é o desvio de medicamentos que está provado - até o ex-ministro da Saúde falou isso e foi a causa da sua demissão. Estamos conscientes que este desvio de medicamentos é porque também, mesmo a nível do hospital, não se fazem os dados dos medicamentos que entram, que saem, ou seja, não há aí um controlo rigoroso. Implementando isso, nós estaríamos a diminuir um bocado este problema. Mas também apostar na qualidade de atendimento dos profissionais de saúde. Então, nós apostando nisso, o governo poderá resolver, amenizar um bocado os problemas de saúde que eu estou consciente que não vai ser de um dia para o outro. São Tomé e Príncipe é considerado um dos países mais pobres do mundo e depende da ajuda externa. Que soluções para reduzir essa dependência e a pobreza, tendo em conta que a situação foi agudizada tanto pela pandemia, quanto pela inflação provocada pela guerra na Ucrânia? Para resolver isso, é preciso ter um maior controlo, um maior sentido do Estado. Eu entro justamente nesta candidatura com esse objectivo porque não se resolve a pobreza dando assistência. Nesse sentido, como São Tomé e Príncipe é um país dependente da ajuda exterior, eu acho [necessário] um maior controlo dessas ajudas, com prestação de contas a tempo. O que tem que se fazer mais seria ter uma maior confiança dos nossos operadores exteriores. Não havendo isso, eu sei que as ajudas ficam cada vez mais difíceis e há essa sempre desconfiança que vai reinar entre os dois parceiros. Perante o aquecimento global do planeta, São Tomé e Príncipe sofre com alterações climáticas extremas. No seu manifesto eleitoral, defende uma política que contribua para o relançamento da economia e para a protecção do ambiente. Como conciliar ambas as coisas? Sou justamente professor de direito do ambiente. Estou consciente que hoje não podemos ter o desenvolvimento sustentável sem pensar na economia, sem pensar na pessoa, sem pensar na equidade social e, sobretudo, pensar no meio-ambiente. O meio-ambiente é fundamental hoje para qualquer desenvolvimento mundial e São Tomé corre muito risco com este aquecimento global. Até já dizem que o país ficou mais pequeno porque são tantos problemas ambientais em São Tomé e Príncipe: o aquecimento global tem aumentado o nível de água e muitas praias estão a desaparecer, as águas estão a invadir as estradas... Portanto, o meio-ambiente é fundamental, a preservação do meio-ambiente é fundamental nesta nossa governação porque senão corremos o risco de um dia mesmo desaparecer. E isso significa o quê? Significa apostar nas energias fósseis neste que é o ano do primeiro furo petrolífero na Zona Económica Exclusiva ou ir mais para as energias renováveis? Não haverá desenvolvimento sem uma energia renovável. Eu sei que o grande problema de São Tomé e Príncipe é esta estabilidade energética e para nós conseguirmos estabilidade energética temos que renovar e apostar mais na energia renovável. O MDFM propõe, se chegar a governação, apostar mais na energia renovável e aí nós temos três hipóteses. Nós temos o Sol - temos sol quase todos os dias - temos o vento e temos o mar que sabemos que é 160 vezes maior que a terra de São Tomé e Príncipe. Defendo uma renovação energética, acabar definitivamente com essa dependência do combustível, porque, para além de trazer muita despesa para o Estado, é também causa e motivo de muito desvio de combustível, eu até chegaria a dizer de corrupção. O nome Miguel Gomes é pouco conhecido no microcosmo político são-tomense. Foi padre dez anos e em 2017 deixou de o ser para se dedicar à política. Nas presidenciais de 2021, foi director de campanha da ex-candidata Maria das Neves. Por que é que as pessoas devem votar em si para primeiro-ministro? Eu fui padre muito mais tempo. Em São Tomé é que eu fui padre durante 10 anos, mas como padre também trabalhei em Portugal, em Angola e no Congo Democrático. Depois é que eu vim, nos finais de 2006, para São Tomé. Eu conheço bem a realidade são-tomense. Como padre, conheço bem a realidade social, a realidade política. Quando deixei de exercer a função de padre em 2017, fiz o doutoramento em desenvolvimento socioeconómico, especializei-me mais nas ciências políticas. Isso permitiu-me conhecer a realidade política mais profunda de São Tomé e Príncipe. É claro que eu, preocupado com a maneira como fazem a política em São Tomé e Príncipe, quis também dar a minha contribuição. Na minha tese de doutoramento, eu falo um pouco sobre a política em São Tomé. Pesquisei e chego à conclusão que as pessoas em São Tomé não acreditam mais nos políticos porque - eu vejo isso no terreno também no dia-a-dia - só fazem política no momento de campanha. Não estão próximos do povo, não querem resolver o problema do povo e a concepção que os são-tomenses têm da política é que os políticos estão lá só para desenrascar, enriquecer e não estão nem aí, como se diz em São Tomé, para o povo. Eu proponho fazer uma política diferente, estando mais próximo do povo, procurando dar um aspecto social porque eu acho que o capital humano deve estar em primeiro lugar. A minha experiência de padre seria uma mais-valia para a minha candidatura.       Eleições legislativas, autárquicas e regional a 25 de Setembro As eleições legislativas, autárquicas e regional são a 25 de Setembro. Dez partidos e uma coligação vão concorrer às legislativas: Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe / Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), Acção Democrática Independente (ADI), Movimento Basta, Movimento Democrático Força da Mudança/União Liberal (MDFM/UL), União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD), Cidadãos Independentes para o Desenvolvimento de São Tomé e Príncipe (CID-STP), Movimento Unido para o Desenvolvimento Amplo de São Tomé e Príncipe (Muda-STP), Partido Novo, Movimento Social Democrata/Partido Verde de São Tomé e Príncipe (MSD-PVSTP), Partido de Todos os Santomenses (PTOS) e a coligação Movimento de Cidadãos Independentes/Partido Socialista/Partido da Unidade Nacional (MCI/PS-PUN). Nestas legislativas, os são-tomenses vão eleger 55 deputados à Assembleia Nacional, incluindo dois que pela primeira vez serão eleitos pelos círculos eleitorais da Europa e da África. A RFI falou com os líderes das 11 forças políticas que concorrem às legislativas e vai publicar uma entrevista por dia. Acompanhe aqui.

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Como o pequeno é pequeno?

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Play Episode Listen Later Sep 13, 2022 5:33


TEMPO DE REFLETIR 0425 – 13 de setembro de 2022 Isaías 49:16 – Eis que nas palmas das Minhas mãos te gravei. Nestas palavras Deus envia […]

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Elsa Garrido quer desafiar “barões da política em São Tomé e Príncipe”

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Play Episode Listen Later Sep 13, 2022 10:02


Tirar São Tomé e Príncipe do “ciclo da pobreza e da dependência” através de um programa baseado no “equilíbrio entre o social, o económico e o meio-ambiente” é a aposta do Partido Verde, liderado por Elsa Garrido e que concorre às eleições legislativas de 25 de Setembro. Elsa Garrido é a única mulher na corrida à chefia do governo e diz que as listas do partido apostaram em mulheres que não têm medo de “desafiar os barões da política” em São Tomé e Príncipe. RFI: A lei da paridade foi aprovada, este ano, para garantir maior representatividade das mulheres nos órgãos de decisão do país. A lei aumenta a percentagem de representação feminina para 40% nos órgãos de decisão, incluindo no Governo e na Assembleia. Nestas legislativas, é a única mulher candidata a primeira-ministra. Ainda há muito caminho pela frente?  Elsa Garrido, Presidente do Partido Verde: A única mulher a dar a cara, como dizemos em São Tomé e Príncipe, como candidata a primeiro-ministro ou aquela que será susceptível em caso de vitória a ser indicada para ocupar o cargo de primeiro-ministro. Sinceramente, eu acho que muitas coisas foram feitas em prol da equidade de género, mas infelizmente deparamo-nos ainda hoje - apesar de muitas lutas que algumas irmãs, juristas e deputadas, etc, fizeram para que a lei da paridade fosse votada a nível 40% para as mulheres e 60% para homens - alguns partidos políticos, para não dizer todos, fizeram a lista colocando as mulheres como se fosse um cabelo na sopa. Existe, efetivamente, alguns que respeitaram os 30% [lei eleitoral], mas a questão aqui é de estar nos lugares elegíveis, nos lugares onde as mulheres possam ter as mesmas oportunidades que os homens de serem eleitas. Nós, no partido os Verdes, trabalhamos de forma a que a tenhamos 40, 50% de mulheres nos lugares elegíveis. O que nós esperamos, os Verdes, é que todas as mulheres em São Tomé e Príncipe estejam atentas a este facto e que, durante o momento da votação, possam dar um incentivo ao Partido Verde porque é uma forma também de abertura a nível da nossa sociedade. Não podemos continuar a construir uma sociedade em que somente tenhamos homens em cargos de decisão. Temos candidatas extremamente jovens e que não têm “frio nos olhos” e estão a desafiar os barões da política em São Tomé e Príncipe. Qual é que é a principal promessa, a principal bandeira da sua candidatura? Posso dizer três pontos essenciais. Iríamos lançar o debate público sobre a revisão constitucional. É necessário para as reformas que vão seguir. Portanto, a nossa Constituição actual não corresponde mais com as realidades de São Tomé e Príncipe. Esta é a primeira coisa. Segunda coisa que é muito, muito importante, é que em São Tomé e Príncipe precisamos reformar os ministérios, unificar as áreas. Não é necessário ter 12, 11 ministérios para um país tão pequeno como São Tomé e Príncipe e nós, os Verdes, prometemos fazer essas reformas que são extremamente importantes. Por exemplo, o ambiente, a área de protecção ambiental continua a fazer parte do ministério das Infraestruturas e Obras Públicas. É uma aberração completa e nós os Verdes propomos que se crie um ministério, fundindo o ministério do Ambiente, Cultura e Turismo num único ministério. E, neste serviço, criar um fundo adequado para ajudar ou acudir as populações vítimas de catástrofes naturais e neste mesmo ministério ter um serviço que cuidará essencialmente de crimes ambientais cometidos em São Tomé e Príncipe e que tenham seguimento. Terceiro ponto muito importante é a questão de compensação ambiental. Em São Tomé e Príncipe, actualmente, temos empresas que danificam o meio ambiente e isto fica “ao Deus dará”. Ninguém é responsabilizado por isto. Tendo um ministério que cuida dessas questões, vamos passar para o programa de compensação ambiental: quem estragou deve consertar, quem estragou, deve reparar e deve se responsabilizar por isso. Este ano é o ano do primeiro furo petrolífero na zona económica exclusiva. É preciso continuar a explorar esta via ou apostar apenas nas energias renováveis? Numa política de desenvolvimento não se deve somente pôr todos os ovos no mesmo cesto. Então, eu penso que é de bom senso dar continuidade à exploração do petróleo, mas não ficar de braços cruzados e de olhos fechados e com as bocas abertas à espera dos resultados do petróleo. É preciso que continuemos a trabalhar sobre a transição energética. Tudo fazer para que atinjamos um certo nível de autonomia energética, trabalhar obviamente sobre autonomia alimentar, autossuficiência alimentar, portanto, todos os trabalhos devem continuar como se não existisse o petróleo. Para mim e para Os Verdes, o petróleo pode ser um acelerador, uma mais-valia, desde que a questão ambiental não seja completamente devastada. Eu repito: a nossa ideologia significa o equilíbrio entre o social, o económico e o meio-ambiente. Outro grande problema em São Tomé e Príncipe é o acesso aos cuidados médicos, a medicamentos. Que propostas têm para a saúde? Todos os governos já tiveram oportunidade de instalar, criar uma outra opção que não seja somente o Hospital Dr. Ayres Menezes, que é o único hospital central de São Tomé e Príncipe. Nós, Os Verdes, o que nós propomos é que se construa de raiz um hospital de referência, haver um hospital universitário em que possamos ter laboratórios e estudos para as nossas plantas medicinais. Portanto, a medicina ocidental e a medicina tradicional deveriam trabalhar com o mesmo objectivo. Este é o primeiro ponto: as melhorias a nível de saúde. Obviamente, tendo cooperação com os países em que tenhamos cientistas que venham terminar os seus estudos em São Tomé e Príncipe, fazendo estudos científicos sobre as nossas plantas medicinais, criando laboratórios, pesquisas, etc, etc. Este plano para a saúde em São Tomé e Príncipe não somente faz entrar algum financiamento nos cofres do Estado, mas, ainda, como mais valia, vai deixar com um pouco mais de segurança e viabilidade no sector da saúde em São Tomé e Príncipe, uma forma de autonomia em termos medicinais. São Tomé e Príncipe é considerado um dos países mais pobres do mundo. Depende da ajuda externa. Que solução para reduzir essa dependência e essa pobreza, tanto mais que, como vimos, houve uma inflação mundial provocada pela guerra na Ucrânia e também vivemos a crise provocada pela pandemia. É preciso compreender que nós, os Verdes, não consideramos que São Tomé e Príncipe seja um dos países mais pobres no mundo. Temos recursos, o que nos falta é dar mais valor àquilo que temos, negociar melhor com os nossos parceiros, de modo a sairmos deste ciclo que eu chamo o ciclo da pobreza e da dependência. Temos que ter uma política de sustentabilidade, portanto, os Verdes vamos sempre trabalhar no sentido de uma forma de autonomia de São Tomé e Príncipe. Pode ser uma autonomia de 20, 30 ou 40%, mas a política de sustentabilidade deve começar e a transformação de São Tomé e Príncipe deve começar agora. Também é uma esfera que vamos trabalhar e revalorizar os recursos naturais de São Tomé e Príncipe, dar valor ao que nós temos e isto é que vai fazer com que consigamos equilibrar este factor económico. Obviamente, o turismo tem que ser validado. Em São Tomé e Príncipe, infelizmente, ao mesmo tempo, fala-se do turismo e os mesmos autores é que participam na destruição litoral, com extracção indiscriminada de areia, com zonas completamente partidas e destruídas. Logo, como podemos desenvolver um turismo e, ao mesmo tempo, estar a destruir a nossa natureza? Portanto, faz parte de um programa completo de tudo o que é para a viabilização dos recursos naturais e, assim, participar mais activamente na nossa economia e, obviamente, incentivar o máximo possível um investimento estrangeiro directo em São Tomé e Príncipe. Precisamos de abrir o nosso país. Precisamos que liquidez e divisas possam circular em São Tomé e Príncipe e isto passa pelo desenvolvimento do sector privado em São Tomé e Príncipe. O governo cessante era composto por uma nova maioria no Parlamento. Está disposta a alianças? O partido Os Verdes, é importante que seja claro para o mundo inteiro e para São Tomé e Príncipe, não temos clivagens com qualquer força política em São Tomé. Quer dizer, não estamos nesse ciclo de ódios e vinganças com qualquer força política em São Tomé e Príncipe. Obviamente, se tivermos que colaborar com qualquer força política, não tem problema desde que respeitem a política de sustentabilidade, respeitem a parte de protecção do meio-ambiente, direitos humanos, equidade de género e tudo o que for bom para o nosso povo em São Tomé e Príncipe. Estamos abertos a trabalhar com qualquer força política que seja. O importante é podermos fazer alguma coisa para iniciarmos a transformação do nosso país porque, afinal de contas, só temos um país e precisamos de trabalhar com todos. Então, não temos objecções ou qualquer clivagem dramática e de vingança com qualquer força política.       Eleições legislativas, autárquicas e regional a 25 de Setembro As eleições legislativas, autárquicas e regional são a 25 de Setembro. Dez partidos e uma coligação vão concorrer às legislativas de São Tomé e Príncipe: Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe / Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), Acção Democrática Independente (ADI), Movimento Basta, Movimento Democrático Força da Mudança/União Liberal (MDFM/UL), União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD), Cidadãos Independentes para o Desenvolvimento de São Tomé e Príncipe (CID-STP), Movimento Unido para o Desenvolvimento Amplo de São Tomé e Príncipe (Muda-STP), Partido Novo, Movimento Social Democrata/Partido Verde de São Tomé e Príncipe (MSD-PVSTP), Partido de Todos os Santomenses (PTOS) e a coligação Movimento de Cidadãos Independentes/Partido Socialista/Partido da Unidade Nacional (MCI/PS-PUN). Nestas legislativas, os são-tomenses vão eleger 55 deputados à Assembleia Nacional, incluindo dois que pela primeira vez serão eleitos pelos círculos eleitorais da Europa e da África. A RFI falou com os líderes das 11 forças políticas que concorrem às legislativas e vai publicar uma entrevista por dia. Acompanhe aqui.

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Basta quer ser "alternativa à bipolarização" política em São Tomé e Príncipe

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Play Episode Listen Later Sep 12, 2022 9:49


O Movimento Basta é uma das 11 forças políticas na corrida às eleições legislativas de 25 de Setembro em São Tomé e Príncipe. O seu coordenador, Salvador dos Ramos, diz que o Basta quer ser "um grito de alerta" e uma "alternativa à bipolarização" política no país. Questionado sobre quem seria primeiro-ministro em caso de vitória, tendo em conta que o movimento integra, por exemplo, Delfim Neves, Salvador dos Ramos diz que a decisão será tomada pelo movimento e mostra-se disponível para o cargo. RFI: O Movimento Basta apresenta-se como uma terceira via para a governação do país, alegando que a população está cansada dos partidos políticos. Salvador dos Ramos foi ministro dos Negócios Estrangeiros do governo da ADI e Delfim Neves é um dos políticos com mais responsabilidades num dos maiores partidos do país, o PCD. O que é que este movimento tem de diferente dos partidos tradicionais? Salvador dos Ramos, Coordenador do Movimento Basta: O Movimento Basta, como o próprio nome indica, é um movimento. Ele vem como um grito de alerta de um grupo de cidadãos são-tomenses residentes no país e na diáspora que decidiram trabalhar no sentido de que, conjuntamente com os são-tomenses, ponhamos um basta em tudo quanto nos vem dividindo, nos vem separando, nos vem prejudicando, enquanto país. Nós temos quase meio século de existência e o país ainda não conseguiu dar os saltos que todos os são-tomenses gostariam que ele desse. Porquê? Porque para além dos problemas inerentes ao subdesenvolvimento, as dificuldades que o país tem enfrentado nesse domínio, nós temos sido incapazes enquanto são-tomenses de encontrarmos uma via que nos possa pôr no caminho do progresso e do desenvolvimento sustentável. A divisão no seio dos são-tomenses hoje é um factor que bloqueia qualquer tipo de processo de desenvolvimento que queiramos projectar para o país. Por isso, o Basta é no sentido de nós encontrarmos vias, mecanismos e meios para que todos nós, à volta de um projecto nacional, possamos trabalhar no sentido de construir um São Tomé e Príncipe para todos, sem excepção, para todos. Por isso é que nós dizemos que nós somos diferentes. Queremos ser a alternativa à tendência à bipolarização hoje existente. Desde 2010 até 2022, portanto, nos últimos 12 anos tem havido uma bipolarização política no nosso país. Sai uma força do poder, entra a outra. É a nível dessas duas forças que tem havido alternância e, entretanto, nós continuamos a ter problemas muito sérios, continuamos a estar divididos, continuamos a não encontrar o rumo que nós desejamos para São Tomé e Príncipe. Diz que os são-tomenses continuam a estar divididos. O Movimento Basta está aberto a integrar coligações pós-eleitorais? Este assunto é um assunto que será discutido no seu devido tempo. Nós somos um movimento aberto a todos os cidadãos, a todas as sensibilidades, desde que todos os cidadãos, todas as sensibilidades que desejarem entrar para o Basta, sejam capazes de dizer basta a tudo isso que está a acontecer. Quando nós falamos da questão da divisão, nós propusemos, a 7 de Junho - quando fizemos o lançamento do movimento - nós propusemos um pacto de regime a todos os actores políticos são-tomenses porque nós consideramos que é possível através do debate pormos termo a muita coisa que ainda impede o processo de desenvolvimento de São Tomé e Príncipe. São Tomé e Príncipe é de todos nós. São Tomé e Príncipe não tem dono. São Tomé e Príncipe pertence a todos os são-tomenses e todos os são-tomenses têm a obrigação de contribuir para que São Tomé e Príncipe possa, de facto, conhecer um novo futuro. E é este o novo futuro que o Basta propõe aos são-tomenses, sendo a alternativa às duas forças que até agora têm dominado o poder. O Movimento Basta foi fundado por si, mas também integra Delfim Neves, o actual presidente do Parlamento. No caso de vencerem, quem seria primeiro-ministro, Salvador dos Ramos ou Delfim Neves? O Movimento Basta adoptou uma filosofia de funcionamento. Os nossos órgãos, as nossas decisões são decisões tomadas em colégio. Isto quer dizer que nós não tomamos decisões de forma unilateral. Todos os membros do nosso movimento participam nas grandes decisões que o movimento toma. Portanto, nós temos um colégio. Naturalmente que desde a fundação, desde a constituição do movimento, quem tem estado a coordenar as actividades do movimento sou eu. No entanto, falou de nomes de figuras que aderiram, inspiraram, que contribuíram e que contribuem e que estão disponíveis, determinadas, a levar-nos até à vitória. O Movimento Basta concorre para ganhar e, em caso de vitória - como diz - o Movimento Basta, no seu colégio, decidirá. Se o Movimento Basta decidir que seja o coordenador o Primeiro-Ministro, assim será. Quais é que são as principais bandeiras da candidatura do Movimento Basta, por exemplo, na saúde? Nós queremos oferecer as melhores condições da saúde para todos os são-tomenses. Eu vou dizer isto assim porque nós não gostaríamos de antecipar o nosso manifesto eleitoral que será apresentado brevemente à nação e ao eleitorado. O dia-a-dia dos são-tomenses continua a ser pautado por cortes de energia. Quer-me adiantar como é que pretendem resolver os problemas de abastecimento de energia? Hoje em dia, não há invenções nas formas de solucionar esses problemas. O país tem seguido uma prática que já vem de trás, vem do período de antes da Independência. No entanto, hoje em dia há outras soluções. Há soluções por via de mini-hídricas, há soluções por via de energias limpas que nesta era da energia limpa, nós temos é que tomar decisões e avançar no sentido de as concretizar. A solução para questões energéticas de São Tomé e Príncipe passa pela tomada de decisões certas, corajosas, no domínio das energias limpas e renováveis e no domínio das mini-hídricas. Este ano é o ano do primeiro furo petrolífero na Zona Económica Exclusiva. Falou-me em energias limpas. E o petróleo? Este assunto nós gostaríamos de tratar dele mais tarde. Como eu lhe disse, não gostaríamos de fazer considerações à volta desta problemática neste momento. E perante este aquecimento global do planeta, em que São Tomé e Príncipe sofre o impacto com situações climáticas extremas, o que é que se pode fazer para mitigar essas consequências? No nosso entender, embora não sejamos um país poluidor do planeta, devemos contribuir enquanto membro da comunidade internacional para que se consiga não continuar no plano das promessas, mas que se passe à concretização das promessas já feitas ao longo dos últimos anos. O nosso trabalho será a nível interno e no plano internacional para que, de facto, se possa pôr cobro a este flagelo que o mundo conhece hoje que são as mudanças climáticas e que trazem consequências muito nefastas para os países, particularmente países costeiros como São Tomé e Príncipe.  São Tomé e Príncipe regista uma das mais elevadas taxas de desemprego da África Central. Que política para a criação de emprego e de formação? Apostaremos fortemente no sector privado. Nós acreditamos que o forte investimento do sector privado na criação de pequenas e médias empresas e no empreendedorismo jovem, e não só, nós daremos respostas à questão do emprego. Nós temos outras propostas, como eu lhe disse, e elas serão conhecidas quando fizermos o lançamento do nosso manifesto eleitoral. Como é que pretendem resolver a pobreza extrema, numa altura em que a pandemia agravou a crise e atirou muitos para o desemprego e temos a guerra na Ucrânia que provocou uma inflação mundial dos preços? Os são-tomenses, conjuntamente com os seus dirigentes, têm que apostar no país. Nós temos um país rico, um país que tem muita riqueza na área da agricultura, a nível do mar, nós temos um imenso mar, a economia do mar é uma economia que pode ajudar a alavancar a economia nacional. O sector informal bem enquadrado, estruturado, pode contribuir para reduzir, erradicar, melhor dizendo, a pobreza em São Tomé e Príncipe. Nós temos é que estar juntos, focados num objectivo que é tirar São Tomé e Príncipe da situação em que se encontra.     Eleições legislativas, autárquicas e regional a 25 de Setembro As eleições legislativas, autárquicas e regional são a 25 de Setembro. Dez partidos e uma coligação vão concorrer às legislativas de São Tomé e Príncipe: Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe / Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), Acção Democrática Independente (ADI), Movimento Basta, Movimento Democrático Força da Mudança/União Liberal (MDFM/UL), União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD), Cidadãos Independentes para o Desenvolvimento de São Tomé e Príncipe (CID-STP), Movimento Unido para o Desenvolvimento Amplo de São Tomé e Príncipe (Muda-STP), Partido Novo, Movimento Social Democrata/Partido Verde de São Tomé e Príncipe (MSD-PVSTP), Partido de Todos os Santomenses (PTOS) e a coligação Movimento de Cidadãos Independentes/Partido Socialista/Partido da Unidade Nacional (MCI/PS-PUN). Nestas legislativas, os são-tomenses vão eleger 55 deputados à Assembleia Nacional, incluindo dois que pela primeira vez serão eleitos pelos círculos eleitorais da Europa e da África. Na sequência das legislativas de 2018, o MLSTP/PSD e a coligação PCD-UDD-MDFM formaram a chamada “nova maioria” e constituíram governo, liderado por Jorge Bom Jesus. Nessas eleições, o ADI foi o partido mais votado, com 25 deputados, seguido pelo MLSTP/PSD, que conseguiu 23 assentos. A coligação então formada pelo PCD, pela UDD e o MDFM foi a terceira formação mais votada, obtendo cinco mandatos. O MCI/PS ocupou dois lugares no Parlamento. A RFI falou com os líderes das 11 forças políticas que concorrem às legislativas e vai publicar uma entrevista por dia. Acompanhe aqui.

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Patrice Trovoada: “A bandeira principal é a recuperação do país”

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Play Episode Listen Later Sep 11, 2022 10:06


Patrice Trovoada, líder do ADI, aponta a recuperação de São Tomé e Príncipe como a sua “bandeira principal” na corrida às eleições legislativas de 25 de Setembro. Ausente do país desde 2018, quando não conseguiu renovar o mandato de primeiro-ministro, Patrice Trovoada avisa que só será chefe de Governo se tiver maioria absoluta. Caso contrário, admite deixar a política. O regresso ao país deverá acontecer no final da primeira semana de campanha. RFI: Quando volta para São Tomé e Príncipe? Patrice Trovoada, Presidente da ADI: Penso que é para breve. Não estarei na abertura oficial da campanha, dia 10, mas eu penso que no final da primeira semana já estarei com os meus para participar de uma maneira mais presente na campanha. Está ausente do país desde 2018, depois de ter falhado a formação de um Governo na sequência das legislativas. Esta ausência não belisca a candidatura?  Não. Eu não tentei, enfim, formar governo, eu tentei explicar aos meus adversários que tendo ganho com uma maioria relativa e sabendo dos problemas que enfrentava o país na necessidade de reformas, etc, que era bom estabelecermos um programa consensual, digamos, de reformas no país. Bom, eles quiseram fazer uma coligação e governar. É legítimo e governaram. Eu regresso depois de quatro anos de ausência, mas justificada. Sabe que as coisas em relação à independência do poder judicial não estavam muito claras. Quer dizer, quando um governo retira confiança política a um Procurador-Geral da República por ele ter arquivado um caso e quando o governo passa a querer dar ordens directamente à polícia judiciária sem se preocupar dos trâmites e da relação hierárquica com a Procuradoria, é um pouco difícil. Então, eu tinha actividades profissionais no estrangeiro e preferi concentrar-me nessas actividades, continuando a presidir o partido e tudo aponta que essa minha decisão não criou grandes problemas a nível do funcionamento do ADI. Em Abril, voltou-se a falar no "caso dos 30 milhões" de dólares, valor do empréstimo contraído pelo país junto de Angola durante o seu mandato e tinha sido arquivado por o Ministério Público considerar que não existiam indícios suficientes de irregularidades, branqueamento de capitais e corrupção. Apesar de arquivado, o Ministério Público pediu inspecção externa e houve uma comissão parlamentar especializada para investigar. O caso pode manchar a campanha? Não, não. Quando são questões tão importantes é preciso ir ao fundo das questões. Não foi empréstimo contraído com Angola. Não foi. Foi contraído com uma empresa privada sedeada em Hong Kong. Se houver nessa empresa accionistas angolanos ou não, já não é o nosso problema. Nós contraímos o empréstimo com uma empresa chinesa sedeada em Hong Kong. Essa empresa nos emprestou 30 milhões, desembolsou 10 milhões. Foi comprovado que esses dez milhões entraram para o circuito do Banco Central, foram gastos pelo Orçamento Geral do Estado e que não houve um centavo de aproveitamento da minha pessoa ou de qualquer dos meus ministros. E os outros 20 milhões? Os 20 milhões nunca foram desembolsados e sabe-se perfeitamente porquê. Porque essa empresa desapareceu. Vamos ser sérios porque trata-se da difamação de um governo e de uma pessoa. Quando o Ministério Público investiga, com a ajuda da cooperação internacional, e chega à conclusão que não há absolutamente nada e arquiva… Bem, ao sabor da evolução política e do oportunismo político, todos voltam a falar disso. Como sabe, é bastante prejudicial para a pessoa em causa, que é inocente, quando o seu nome fica manchado e fica na internet e não sei quê. Mas a verdade é o quê: não houve nenhuma das questões que foram levantadas - as acusações de branqueamento de capital, de aproveitamento pessoal, etc, etc. O assunto foi arquivado e quando o Ministério Público pede uma inspecção é exactamente na base da boa fé e dizer: “Se há alguma coisa errada, então que venha uma inspecção internacional para saber se o Ministério Público fez ou não fez bem o seu trabalho.” Por isso, estamos perfeitamente tranquilos e eu estou tranquilo. Aquilo que é sempre motivo de preocupação é quando um assunto é arquivado e uma pessoa não consegue ter o sossego porque há um governo que diz; “Ai se foi arquivado, então retiramos a confiança ao Ministério Público”. Isso é um pouco “sui generis”. Face à “nova maioria” que se juntou nas últimas legislativas e afastou o ADI do poder, está agora disposto a abrir-se a alianças se não tiver maioria absoluta? Eu serei o próximo primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe se tiver maioria absoluta. Se não tiver maioria absoluta, será uma segunda derrota, embora o ADI, estou convencido, irá sempre se manter como o maior partido nacional que tem sido nos últimos 12 anos. Mas eu, Patrice Trovoada, terei que tirar as ilações políticas. Agora, a partir daí já não é a minha responsabilidade. Os que estiverem no ADI que decidam, mas já não serei eu a decidir. Se não conseguir a maioria absoluta, fica no país? Se eu não conseguir a maioria absoluta, sabe, com 60 anos, sete filhos e quatro netos é tempo de ir para a reforma e continuar a minha vida. A vida não é só política. Eu tenho muitos pontos de interesse. Aliás, estes últimos quatro anos tive grandes aventuras empresariais, por isso, irei fazer outra coisa. Não tenho nenhum problema. Eu sempre disse que é o momento da transmissão. Se tivesse outras condições políticas no país, talvez não seria candidato a primeiro-ministro. Mas eu penso que já chega, quer dizer, se não conseguir a maioria absoluta para engajar essa transmissão, será uma transmissão de facto porque deixarei a política. Um dia, a Presidência? Não. Eu podia ter ido nas eleições passadas e não fui. Eu sou uma pessoa de acção e eu creio que não tenho o temperamento para ser Presidente da República no contexto constitucional actual. Nestas legislativas, quais são as principais bandeiras da sua candidatura em termos de saúde, emprego e energia que são os sectores-chave, no fundo. Não, a bandeira principal é a recuperação do país. É difícil, mas, ao mesmo tempo, facilmente poderemos fazer a diferença porque o país caiu tão baixo que hoje em São Tomé e Príncipe se temos 50% da produção eléctrica a funcionar é muito; o stock de medicamentos não existe; as estradas estão num estado péssimo; a circulação das pessoas e dos bens por via terrestre é complicada; os problemas do porto de São Tomé e Príncipe são notícias todos os dias. Por conseguinte, terá de haver um esforço de recuperação e estamos perfeitamente à vontade para dizer que esse esforço será coroado de sucesso. Isso fará já crescer o nível de confiança das populações nos dirigentes porque vão ver que realmente vamos recuperar o país. O esforço de recuperação que implica formação bruta de capital fixo, investimento, etc, irá também favorecer o emprego porque um dos grandes problemas desse governo [cessante] é a capacidade de execução, não é a captação de recursos externos. Existem recursos mas, muitas vezes, o que falha é que não existem projectos, não existe capacidade de implementação de projecto. Eu quero lembrar que no nosso tempo, no que diz respeito ao FED, nós tivemos em alturas 100% de execução do FED que até nos deu um bónus suplementar para recompensar essa nossa capacidade.  Uma vez recuperados, é preciso continuar com a visão que nós temos que tem que ser um país que tem que desenvolver um turismo de qualidade; conseguir a segurança alimentar é possível porque é um país fértil; a nível logístico, no Golfo da Guiné, sermos também uma parte das soluções logísticas quer do ponto de vista marítimo, quer do ponto de vista aéreo; e temos, também, que nos afirmarmos na comunidade internacional, participando no esforço de segurança marítima no Golfo da Guiné, continuando a defender a necessidade não só de criarmos uma consciência nacional quanto às questões ambientais, mas também fazer com que haja uma democracia ambiental que permite que os poluidores possam ajudar a mitigar os danos que eles andam a criar no planeta. A nova lei para zonas francas de São Tomé e Príncipe foi alvo de controvérsia política no país. Foi vetada duas vezes pelo Presidente e o ADI falou em “iminência de um golpe de Estado institucional que resultará na venda a saque de São Tomé e Príncipe”. São acusações graves. Se a lei de facto se impuser, como evitar que as acusações feitas pelo ADI não se concretizem? Porque é que nós dizemos que é um golpe de Estado? Porque uma lei que é vetada politicamente pelo Presidente da República só pode passar com uma maioria qualificada de dois terços. O actual poder achou que a maioria qualificada era mais um deputado a mais daqueles que votavam: votavam 28 ou 29, faz-se votar mais um e a lei passa. Bom, isso não faz sentido. Não faz sentido em São Tomé e Príncipe e não faz sentido em qualquer democracia. Agora, a lei sobre zonas francas: o mundo evoluiu. Temos a nível mundial uma preocupação com branqueamento de capital, com evasão fiscal e com o dinheiro não só dos tráficos financeiro e do crime organizado, mas sobretudo o dinheiro do terrorismo. Nós achámos que a lei não era suficientemente robusta, não dava suficientemente garantias e votámos contra e eu penso que foi mais ou menos aquilo que inspirou o Presidente para o veto. Não é que estejamos contra as zonas francas, mas há uma linha vermelha que é preciso não ultrapassar. Não houve novo recenseamento eleitoral. Jovens militantes do ADI organizaram uma marcha em Julho para exigir a inclusão nas listas eleitorais de cerca de oito mil jovens no país e na diáspora. Que impacto isto pode ter nos resultados eleitorais e na credibilidade do processo?  A primeira preocupação não é essa. A primeira preocupação é de justiça e de permitir às pessoas um direito que é consagrado na Constituiçao. Nós somos um país que tem uma taxa de crescimento populacional de quase 4%. Como é que se vai, num ano, impedir quase nove mil jovens de votar? A nossa revolta foi realmente pela violação de um direito constitucional.     Eleições legislativas, autárquicas e regional a 25 de Setembro As eleições legislativas, autárquicas e regional são a 25 de Setembro. Dez partidos e uma coligação vão concorrer às eleições legislativas de São Tomé e Príncipe: Acção Democrática Independente (ADI), Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe / Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), Movimento Basta, Movimento Democrático Força da Mudança/União Liberal (MDFM/UL), União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD), Cidadãos Independentes para o Desenvolvimento de São Tomé e Príncipe (CID-STP), Movimento Unido para o Desenvolvimento Amplo de São Tomé e Príncipe (Muda-STP), Partido Novo, Movimento Social Democrata/Partido Verde de São Tomé e Príncipe (MSD-PVSTP), Partido de Todos os Santomenses (PTOS) e a coligação Movimento de Cidadãos Independentes/Partido Socialista/Partido da Unidade Nacional (MCI/PS-PUN). Nestas legislativas, os são-tomenses vão eleger 55 deputados à Assembleia Nacional, incluindo dois que pela primeira vez serão eleitos pelos círculos eleitorais da Europa e da África. Nas legislativas de 2018, o ADI foi o partido mais votado, com 25 deputados, seguido pelo MLSTP/PSD, que conseguiu 23 assentos. A coligação então formada pelo PCD, pela UDD e o MDFM foi a terceira formação mais votada, obtendo cinco mandatos. O MCI/PS ocupou dois lugares no parlamento. Foi o MLSTP/PSD e a coligação PCD-UDD-MDFM que formaram, então, a chamada “nova maioria” e constituíram governo, liderado por Jorge Bom Jesus. A RFI falou com os líderes das 11 forças políticas que concorrem às legislativas e vai publicar uma entrevista por dia. Acompanhe aqui.