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Para conhecer a perspectiva raramente ouvida das crianças que vivem na cidade de São Paulo, o Momento Cidade desta semana entrevista Júlia Audi Feigenblatt. Graduada em Pedagogia pela USP, a pesquisadora se debruçou sobre a percepção da vida em São Paulo a partir da vivência de crianças bolivianas, filhas de trabalhadores da Praça Kantuta, local que recebe aos domingos uma feira gastronômica com pratos típicos do vizinho latino-americano, contando também com manifestações culturais, festas religiosas e torneios esportivos. O estudo, defendido na Faculdade de Educação (FE) da USP, se atenta aos pequenos como sujeitos da pesquisa. Segundo Júlia, essa preocupação parte da sociologia da infância e permeia a participação das crianças na sociedade em geral, mas principalmente em pesquisas acadêmicas. “Eu comecei a pensar um pouco em quais são as crianças que a gente não ouve. Porque como professora de escola particular eu percebo que tem bastante diferença entre as classes sociais também. Eu comecei a pensar em quais personagens eram excluídos na nossa vida, e cheguei nessa questão do imigrante”, acrescenta. Por meio de uma aproximação respeitosa e fluída, que incluiu depoimentos, desenhos e fotografias de autoria das crianças, Júlia traçou seu trabalho descritivo. O resultado é um mapeamento sobre a percepção desses pequenos cidadãos com raízes bolivianas, mas que vivem a cidade de São Paulo. Para Júlia, a partir das falas das crianças, “fica muito claro como a nossa cidade não é boa para crianças e não é boa para pessoas, falta definitivamente uma possibilidade mais humana de circulação na cidade”. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Giovanna Stael Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Para entender como a música produzida em São Paulo influenciou a cultura do funk no Brasil, o Momento Cidade desta semana entrevista Laíza Santana Oliveira. A historiadora é autora de uma dissertação de mestrado que teve como objetivo analisar o funk sob a perspectiva do gênero e da materialidade. Defendido na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e orientado pela professora Vânia Carvalho, o estudo se baseou na análise de matérias e reportagens sobre a indústria do funk, além de letras, videoclipes e documentários produzidos pelos MCs desde a chegada do estilo musical no Estado de São Paulo, em 1995. De acordo com Laíza, o funk paulista é peça fundamental para se entender uma das faces mais importantes do gênero: o funk ostentação. “Um subprefeito da época, o Renato Barreiros, tinha essa intenção de tornar o funk uma expressão artística legitimada pelo poder público e criou um festival de cultura. Mas, para participar, os MCs não poderiam cantar sobre temáticas que eram de certo modo malvistas pela sociedade, que se ligavam à criminalidade ou à exaltação sexual da mulher.” E, a partir disso, surgiram as letras de músicas que cantavam sobre objetos de valor, como os óculos Juliet, as bebidas importadas e as roupas de marca. Ainda de acordo com a historiadora, essas letras refletiram as mudanças econômicas da época, já que, durante a primeira década dos anos 2000, milhões de brasileiros tiveram a renda incrementada e, assim, acesso a um novo padrão de consumo. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Giovanna Stael Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Para entender como a música produzida em São Paulo influenciou a cultura do funk no Brasil, o Momento Cidade desta semana entrevista Laíza Santana Oliveira. A historiadora é autora de uma dissertação de mestrado que teve como objetivo analisar o funk sob a perspectiva do gênero e da materialidade. Defendido na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e orientado pela professora Vânia Carvalho, o estudo se baseou na análise de matérias e reportagens sobre a indústria do funk, além de letras, videoclipes e documentários produzidos pelos MCs desde a chegada do estilo musical no Estado de São Paulo, em 1995. De acordo com Laíza, o funk paulista é peça fundamental para se entender uma das faces mais importantes do gênero: o funk ostentação. “Um subprefeito da época, o Renato Barreiros, tinha essa intenção de tornar o funk uma expressão artística legitimada pelo poder público e criou um festival de cultura. Mas, para participar, os MCs não poderiam cantar sobre temáticas que eram de certo modo malvistas pela sociedade, que se ligavam à criminalidade ou à exaltação sexual da mulher.” E, a partir disso, surgiram as letras de músicas que cantavam sobre objetos de valor, como os óculos Juliet, as bebidas importadas e as roupas de marca. Ainda de acordo com a historiadora, essas letras refletiram as mudanças econômicas da época, já que, durante a primeira década dos anos 2000, milhões de brasileiros tiveram a renda incrementada e, assim, acesso a um novo padrão de consumo. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Giovanna Stael Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Para compreender como a cidade de São Paulo pode utilizar a cartografia no combate à violência de gênero e promover a inclusão social, o Momento Cidade desta semana entrevista Vinicius Santos Almeida. O pesquisador é autor de uma dissertação de mestrado que teve como um de seus objetivos discutir gênero e sexualidade no contexto da violência urbana. Defendido na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, o estudo utilizou conceitos cartográficos, como anamorfoses e mapas euclidianos, mapas mentais, aliados com dados públicos da Secretaria de Segurança Pública do Estado, para mostrar como diferentes mapas podem ser instrumentais no combate e criminalização da violência de gênero. “É uma proposta de pensar a geografia, a partir do mapa, considerando o mapa como um veículo de exposição de denúncia, propriamente, das normatividades, das normas que constituem o espaço geográfico”, enfatiza Almeida. Na opinião do geógrafo, mapear a natureza desse tipo de conflito pode dar uma maior visibilidade para a questão, além de promover a inclusão e estimular o direito à vida em São Paulo. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Gabriel Guerra Produção: Denis Pacheco Edição: André Leite, Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Para compreender como a cidade de São Paulo pode utilizar a cartografia no combate à violência de gênero e promover a inclusão social, o Momento Cidade desta semana entrevista Vinicius Santos Almeida. O pesquisador é autor de uma dissertação de mestrado que teve como um de seus objetivos discutir gênero e sexualidade no contexto da violência urbana. Defendido na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, o estudo utilizou conceitos cartográficos, como anamorfoses e mapas euclidianos, mapas mentais, aliados com dados públicos da Secretaria de Segurança Pública do Estado, para mostrar como diferentes mapas podem ser instrumentais no combate e criminalização da violência de gênero. “É uma proposta de pensar a geografia, a partir do mapa, considerando o mapa como um veículo de exposição de denúncia, propriamente, das normatividades, das normas que constituem o espaço geográfico”, enfatiza Almeida. Na opinião do geógrafo, mapear a natureza desse tipo de conflito pode dar uma maior visibilidade para a questão, além de promover a inclusão e estimular o direito à vida em São Paulo. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Gabriel Guerra Produção: Denis Pacheco Edição: André Leite, Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Moradia significa casa, abrigo e proteção. Ela é um direito reconhecido desde 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, além de estar na Constituição Federal Brasileira de 1988. Mas a realidade nem sempre corresponde aos ideais. De acordo com a Secretaria Municipal de Habitação, em São Paulo existem pelo menos 360 mil famílias sem lugar para morar. Para entender melhor a luta por moradia frente ao déficit habitacional paulistano, o Momento Cidade desta semana entrevista o pesquisador Carlos Filadelfo, antropólogo e professor do programa de pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal do Piauí. Desde o mestrado, ele estuda os movimentos de moradia na cidade de São Paulo. De acordo com Filadelfo, esses movimentos têm origem nos anos 1980, durante o processo de redemocratização. Eles nascem nos bairros periféricos, principalmente na zona leste da capital paulista. Sua tese de doutorado, defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, foi marcada pelo trabalho de campo e teve a questão familiar como ponto central: “Quando você fala de família você está falando de muitas coisas. Perpassa essas relações entre Estado e movimento. Você consegue ver desigualdade, questões habitacionais, novos arranjos de família, questões de gênero e sexualidade, famílias monoparentais”. Na sua opinião, é crucial olharmos para além das lideranças desses movimentos. Uma das conclusões do estudo foi a compreensão da heterogeneidade por trás da luta, tanto dos membros dentro dos movimentos de moradia quanto do Estado, representado por autoridades políticas diversas. “São pessoas ali muito complexas, por mais que você tenha uma homogeneidade de classes ou de condições de habitação muito precárias há muita heterogeneidade, de posicionamento, de sonhos, da relação com a cidade de São Paulo, com a relação da família, questões de gênero, questões culturais”, finaliza. A tese completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Giovanna Stael Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Moradia significa casa, abrigo e proteção. Ela é um direito reconhecido desde 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, além de estar na Constituição Federal Brasileira de 1988. Mas a realidade nem sempre corresponde aos ideais. De acordo com a Secretaria Municipal de Habitação, em São Paulo existem pelo menos 360 mil famílias sem lugar para morar. Para entender melhor a luta por moradia frente ao déficit habitacional paulistano, o Momento Cidade desta semana entrevista o pesquisador Carlos Filadelfo, antropólogo e professor do programa de pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal do Piauí. Desde o mestrado, ele estuda os movimentos de moradia na cidade de São Paulo. De acordo com Filadelfo, esses movimentos têm origem nos anos 1980, durante o processo de redemocratização. Eles nascem nos bairros periféricos, principalmente na zona leste da capital paulista. Sua tese de doutorado, defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, foi marcada pelo trabalho de campo e teve a questão familiar como ponto central: “Quando você fala de família você está falando de muitas coisas. Perpassa essas relações entre Estado e movimento. Você consegue ver desigualdade, questões habitacionais, novos arranjos de família, questões de gênero e sexualidade, famílias monoparentais”. Na sua opinião, é crucial olharmos para além das lideranças desses movimentos. Uma das conclusões do estudo foi a compreensão da heterogeneidade por trás da luta, tanto dos membros dentro dos movimentos de moradia quanto do Estado, representado por autoridades políticas diversas. “São pessoas ali muito complexas, por mais que você tenha uma homogeneidade de classes ou de condições de habitação muito precárias há muita heterogeneidade, de posicionamento, de sonhos, da relação com a cidade de São Paulo, com a relação da família, questões de gênero, questões culturais”, finaliza. A tese completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Giovanna Stael Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Pensar nos aplausos e assobios que encerram um espetáculo teatral pode soar, no atual momento da pandemia, como uma memória distante. Mas se engana quem pensa que uma noite no teatro conta apenas a história encenada: os edifícios teatrais também são parte do enredo e da vida nas cidades. Para entender como esses prédios contam a história de São Paulo, o Momento Cidade desta semana entrevista a pesquisadora Marina Rodrigues Amado, mestre em História da Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. Em sua dissertação de mestrado, orientada pela professora Monica Junqueira de Camargo, a arquiteta olhou para a cidade de São Paulo sob a ótica dos edifícios teatrais, construídos ou não. O trabalho se concentra no período anterior à construção do teatro municipal, erguido em 1911. “Para situar e discutir os projetos dos teatros paulistanos em meio às transformações da cidade, bem como identificar os agentes envolvidos nesse processo, também demonstrar como a tipologia teatral se transformou”, explica a pesquisadora. De acordo com Marina, os teatros são mais do que edifícios, são também documentos da história da cidade, representando profundas transformações na capital. Em sua dissertação, ela revisita vários aspectos da construção da cidade no começo do século 20, “considerando as motivações que levaram a iniciativas para a construção de teatros, apontamos ideias em circulação que foram determinantes no processo de urbanização da cidade”, finaliza. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Gabriel Guerra Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Pensar nos aplausos e assobios que encerram um espetáculo teatral pode soar, no atual momento da pandemia, como uma memória distante. Mas se engana quem pensa que uma noite no teatro conta apenas a história encenada: os edifícios teatrais também são parte do enredo e da vida nas cidades. Para entender como esses prédios contam a história de São Paulo, o Momento Cidade desta semana entrevista a pesquisadora Marina Rodrigues Amado, mestre em História da Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. Em sua dissertação de mestrado, orientada pela professora Monica Junqueira de Camargo, a arquiteta olhou para a cidade de São Paulo sob a ótica dos edifícios teatrais, construídos ou não. O trabalho se concentra no período anterior à construção do teatro municipal, erguido em 1911. “Para situar e discutir os projetos dos teatros paulistanos em meio às transformações da cidade, bem como identificar os agentes envolvidos nesse processo, também demonstrar como a tipologia teatral se transformou”, explica a pesquisadora. De acordo com Marina, os teatros são mais do que edifícios, são também documentos da história da cidade, representando profundas transformações na capital. Em sua dissertação, ela revisita vários aspectos da construção da cidade no começo do século 20, “considerando as motivações que levaram a iniciativas para a construção de teatros, apontamos ideias em circulação que foram determinantes no processo de urbanização da cidade”, finaliza. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Gabriel Guerra Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Atualmente, a população mundial é de 7,7 bilhões de pessoas. Acha muito? Todas as projeções indicam que o número vai aumentar ao longo deste século. Neste episódio, comparamos duas previsões recentes, uma da Organização das Nações Unidas e outra de um instituto norte-americano que saiu na revista científica The Lancet. E perguntamos a um demógrafo como essas projeções são feitas. Também entrevistamos o biólogo Marco Antônio Corrêa Varella, pesquisador do Instituto de Psicologia da USP e premiado neste ano com a sátira mais famosa da ciência. Marco Varella foi um dos ganhadores do Prêmio IgNobel de Economia por uma pesquisa que correlaciona a frequência de beijos dos casais com o nível de desigualdade social dos países onde vivem. Em sua 30ª edição, o IgNobel é um prêmio criado pela revista de humor científico Annals of Improbable Research, e tem como lema “fazer rir e depois pensar”. A lista completa de ganhadores está no site da revista. Apresentação: Silvana Salles Produção: Gabriel Guerra e Giovanna Stael Edição de som: Guilherme Fiorentini e Beatriz Juska
Atualmente, a população mundial é de 7,7 bilhões de pessoas. Acha muito? Todas as projeções indicam que o número vai aumentar ao longo deste século. Neste episódio, comparamos duas previsões recentes, uma da Organização das Nações Unidas e outra de um instituto norte-americano que saiu na revista científica The Lancet. E perguntamos a um demógrafo como essas projeções são feitas. Também entrevistamos o biólogo Marco Antônio Corrêa Varella, pesquisador do Instituto de Psicologia da USP e premiado neste ano com a sátira mais famosa da ciência. Marco Varella foi um dos ganhadores do Prêmio IgNobel de Economia por uma pesquisa que correlaciona a frequência de beijos dos casais com o nível de desigualdade social dos países onde vivem. Em sua 30ª edição, o IgNobel é um prêmio criado pela revista de humor científico Annals of Improbable Research, e tem como lema “fazer rir e depois pensar”. A lista completa de ganhadores está no site da revista. Apresentação: Silvana Salles Produção: Gabriel Guerra e Giovanna Stael Edição de som: Guilherme Fiorentini e Beatriz Juska
Pensar em festivais, eventos culturais e shows ao vivo parece uma memória distante durante a pandemia do coronavírus. A esperança de converter um ingresso em uma experiência presencial não se concretizou em 2020 para muitos de nós, entretanto, os grandes festivais de música permanecem no imaginário das nossas cidades, alimentados pelos planos de retorno à normalidade nos próximos meses. Neste período de espera, podemos nos perguntar: qual é relação entre a cidade, festivais e seus patrocinadores? Para compreender como São Paulo foi representada em um de seus maiores eventos culturais, o Lollapalooza, o Momento Cidade desta semana entrevista Giovanna Longo. A pesquisadora produziu uma dissertação de mestrado com o objetivo de entender a ligação entre festivais e patrocinadores com a capital paulista. Defendido na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, o estudo acompanhou o Festival Lollapalooza em 2018 e procurou analisar as conexões entre cultura na cidade e consumo cultural dos cidadãos. Para realizar essa análise, a pesquisadora foi a campo, utilizou questionários, estudos documentais e efetuou uma criteriosa revisão bibliográfica. “Eu quis trazer um pouco essa visão desses patrocinadores sobre como eles formataram as ativações de marca, como eles viam essa experiência do consumidor”, enfatiza Giovanna. Para ela, intermediando a relação entre público e patrocinadores, o poder público deveria se fazer mais presente. “A cidade, por meio do seus órgãos públicos, de turismo, de cultura, precisa se conectar com esses eventos culturais, não somente com os eventos que a cidade promove, mas também com os eventos que a cidade recebe”, afirma. Na opinião da pesquisadora, uma cidade que investe mais em cultura é um local que prioriza a democratização de todos os seus grandes eventos. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Gabriel Guerra Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Pensar em festivais, eventos culturais e shows ao vivo parece uma memória distante durante a pandemia do coronavírus. A esperança de converter um ingresso em uma experiência presencial não se concretizou em 2020 para muitos de nós, entretanto, os grandes festivais de música permanecem no imaginário das nossas cidades, alimentados pelos planos de retorno à normalidade nos próximos meses. Neste período de espera, podemos nos perguntar: qual é relação entre a cidade, festivais e seus patrocinadores? Para compreender como São Paulo foi representada em um de seus maiores eventos culturais, o Lollapalooza, o Momento Cidade desta semana entrevista Giovanna Longo. A pesquisadora produziu uma dissertação de mestrado com o objetivo de entender a ligação entre festivais e patrocinadores com a capital paulista. Defendido na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, o estudo acompanhou o Festival Lollapalooza em 2018 e procurou analisar as conexões entre cultura na cidade e consumo cultural dos cidadãos. Para realizar essa análise, a pesquisadora foi a campo, utilizou questionários, estudos documentais e efetuou uma criteriosa revisão bibliográfica. “Eu quis trazer um pouco essa visão desses patrocinadores sobre como eles formataram as ativações de marca, como eles viam essa experiência do consumidor”, enfatiza Giovanna. Para ela, intermediando a relação entre público e patrocinadores, o poder público deveria se fazer mais presente. “A cidade, por meio do seus órgãos públicos, de turismo, de cultura, precisa se conectar com esses eventos culturais, não somente com os eventos que a cidade promove, mas também com os eventos que a cidade recebe”, afirma. Na opinião da pesquisadora, uma cidade que investe mais em cultura é um local que prioriza a democratização de todos os seus grandes eventos. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Gabriel Guerra Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
A luta por educação de qualidade é uma demanda histórica da cidade de São Paulo. No caso das regiões descentralizadas, a batalha é ainda mais urgente e necessária para a democratização do ensino de qualidade. Para compreender melhor a dinâmica entre estudantes e escolas nas periferias, o Momento Cidade desta semana entrevista Nicolau Dela Bandera. Recentemente, o pesquisador produziu uma tese de doutorado com o objetivo de entender as diferentes concepções de educação para escola e família. Defendido na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, o estudo foi realizado em Perus, um bairro da região noroeste de São Paulo, onde o pesquisador acompanhou uma escola no Recanto dos Humildes. Todo o processo de pesquisa foi marcado pelo trabalho de campo, que permitiu o desenvolvimento de uma relação mais próxima entre o especialista, estudantes, professores e familiares. A proximidade possibilitou a descoberta de que, para os habitantes do bairro, a escola “nunca é só uma instituição de ensino, nunca é só uma instituição em que a preocupação central é a transmissão central de conhecimento. Para as classes populares, ela também é um espaço de segurança, de proteção”, explica. De acordo com o pesquisador, apesar das melhorias evidenciadas nos últimos anos, ainda é preciso expandir a presença de escolas nas periferias paulistanas, “sobretudo creches, educação infantil e ensino médio”, destaca. Para ele, a educação integral para todos deveria ser uma das principais metas nos próximos anos. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Gabriel Guerra Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
A luta por educação de qualidade é uma demanda histórica da cidade de São Paulo. No caso das regiões descentralizadas, a batalha é ainda mais urgente e necessária para a democratização do ensino de qualidade. Para compreender melhor a dinâmica entre estudantes e escolas nas periferias, o Momento Cidade desta semana entrevista Nicolau Dela Bandera. Recentemente, o pesquisador produziu uma tese de doutorado com o objetivo de entender as diferentes concepções de educação para escola e família. Defendido na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, o estudo foi realizado em Perus, um bairro da região noroeste de São Paulo, onde o pesquisador acompanhou uma escola no Recanto dos Humildes. Todo o processo de pesquisa foi marcado pelo trabalho de campo, que permitiu o desenvolvimento de uma relação mais próxima entre o especialista, estudantes, professores e familiares. A proximidade possibilitou a descoberta de que, para os habitantes do bairro, a escola “nunca é só uma instituição de ensino, nunca é só uma instituição em que a preocupação central é a transmissão central de conhecimento. Para as classes populares, ela também é um espaço de segurança, de proteção”, explica. De acordo com o pesquisador, apesar das melhorias evidenciadas nos últimos anos, ainda é preciso expandir a presença de escolas nas periferias paulistanas, “sobretudo creches, educação infantil e ensino médio”, destaca. Para ele, a educação integral para todos deveria ser uma das principais metas nos próximos anos. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Gabriel Guerra Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Engana-se quem pensa que a agricultura é feita somente nos grandes campos de plantações no interior do País. A prática agrícola na cidade é uma realidade, fornecendo emprego para cultivadores e alimentos frescos para a sociedade. Para discutir o impacto da agricultura no meio urbano — e o impacto das cidades nas práticas agrícolas —, o Momento Cidade desta semana entrevistou a pesquisadora Rubia Panegassi dos Santos, autora da dissertação A agricultura e a cidade: os produtores agrícolas da zona leste de São Paulo, orientada pelo professor Diamantino Pereira e defendida na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP. Um dos objetivos da pesquisa foi discutir o uso dos termos agricultura urbana e periurbana para se referir àquela prática na cidade ou na margem entre o espaço rural e o urbano. Para Rubia, o urbano não é apenas um lugar, e sim, uma lógica. “Independentemente das características espaciais, desde o extremo artificializado pelo ser humano como a cidade ou o outro extremo mais natural, menos artificializado pela sociedade, a lógica urbana se apresenta nesses dois espaços com a finalidade principal de geração de capital”, explica. Por isso, a especialista prefere se referir a esse tipo de prática como “agricultura na cidade”. Durante o estudo, Rubia conheceu a realidade dos trabalhadores da Associação de Agricultores da Zona Leste da Cidade de São Paulo. E, a partir dessa imersão, ela destaca positivamente a forte presença de mulheres: “Inclusive de forma individual, não precisa estar acompanhada do marido, por exemplo. Esse fato contribui para garantir a autonomia financeira, contribuir com os rendimentos familiares e fortalecer o papel das mulheres nas decisões domésticas”. Além disso, grande parte desses trabalhadores é idosa e conta com a aposentadoria como uma segunda fonte de renda, um fator importante para a continuidade da produção agrícola. De acordo com Rubia, o incentivo ideal para o crescimento da prática seria um maior apoio do Estado, por meio de políticas públicas de auxílio que seriam fundamentais para estimular a agricultura no espaço urbano. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Giovanna Stael Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Engana-se quem pensa que a agricultura é feita somente nos grandes campos de plantações no interior do País. A prática agrícola na cidade é uma realidade, fornecendo emprego para cultivadores e alimentos frescos para a sociedade. Para discutir o impacto da agricultura no meio urbano — e o impacto das cidades nas práticas agrícolas —, o Momento Cidade desta semana entrevistou a pesquisadora Rubia Panegassi dos Santos, autora da dissertação A agricultura e a cidade: os produtores agrícolas da zona leste de São Paulo, orientada pelo professor Diamantino Pereira e defendida na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP. Um dos objetivos da pesquisa foi discutir o uso dos termos agricultura urbana e periurbana para se referir àquela prática na cidade ou na margem entre o espaço rural e o urbano. Para Rubia, o urbano não é apenas um lugar, e sim, uma lógica. “Independentemente das características espaciais, desde o extremo artificializado pelo ser humano como a cidade ou o outro extremo mais natural, menos artificializado pela sociedade, a lógica urbana se apresenta nesses dois espaços com a finalidade principal de geração de capital”, explica. Por isso, a especialista prefere se referir a esse tipo de prática como “agricultura na cidade”. Durante o estudo, Rubia conheceu a realidade dos trabalhadores da Associação de Agricultores da Zona Leste da Cidade de São Paulo. E, a partir dessa imersão, ela destaca positivamente a forte presença de mulheres: “Inclusive de forma individual, não precisa estar acompanhada do marido, por exemplo. Esse fato contribui para garantir a autonomia financeira, contribuir com os rendimentos familiares e fortalecer o papel das mulheres nas decisões domésticas”. Além disso, grande parte desses trabalhadores é idosa e conta com a aposentadoria como uma segunda fonte de renda, um fator importante para a continuidade da produção agrícola. De acordo com Rubia, o incentivo ideal para o crescimento da prática seria um maior apoio do Estado, por meio de políticas públicas de auxílio que seriam fundamentais para estimular a agricultura no espaço urbano. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Giovanna Stael Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Há duas semanas, uma nota técnica do Ministério da Agricultura colocou o Guia Alimentar para a População Brasileira no centro de uma grande discussão. No pivô dessa história estavam os ultraprocessados, um grupo de alimentos industrializados que fazem mal à saúde. Os autores pediam a remoção do termo “ultraprocessados” do guia, que é uma publicação do Ministério da Saúde. A nota técnica foi criticada por cientistas de diversos países e acabou sendo rejeitada pela ministra Tereza Cristina. Neste episódio do Ciência USP, explicamos que polêmica foi essa e o que ela tem a ver com a ciência. Conversamos com a nutricionista e epidemiologista Patrícia Jaime, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP e pesquisadora do Nupens (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde), grupo que fez a coordenação técnica e científica na elaboração do Guia Alimentar. Patrícia conta como foi desenvolvida a classificação de alimentos utilizada no guia e como ela funciona. Também conversamos com a engenheira de alimentos Carmen Tadini, professora da Escola Politécnica da USP e vice-diretora do FoRC (Centro de Pesquisas em Alimentos, um centro de pesquisa, inovação e difusão da Fapesp). Carmen e um grupo de colegas escreveram um artigo defendendo a revisão do Guia Alimentar e criticando o uso do termo “ultraprocessados”. E no nosso boletim da covid-19, comentamos a precisão dos testes rápidos para detecção do coronavírus. Apresentação: Silvana Salles Produção: Giovanna Stael e Silvana Salles Edição de som: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Há duas semanas, uma nota técnica do Ministério da Agricultura colocou o Guia Alimentar para a População Brasileira no centro de uma grande discussão. No pivô dessa história estavam os ultraprocessados, um grupo de alimentos industrializados que fazem mal à saúde. Os autores pediam a remoção do termo “ultraprocessados” do guia, que é uma publicação do Ministério da Saúde. A nota técnica foi criticada por cientistas de diversos países e acabou sendo rejeitada pela ministra Tereza Cristina. Neste episódio do Ciência USP, explicamos que polêmica foi essa e o que ela tem a ver com a ciência. Conversamos com a nutricionista e epidemiologista Patrícia Jaime, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP e pesquisadora do Nupens (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde), grupo que fez a coordenação técnica e científica na elaboração do Guia Alimentar. Patrícia conta como foi desenvolvida a classificação de alimentos utilizada no guia e como ela funciona. Também conversamos com a engenheira de alimentos Carmen Tadini, professora da Escola Politécnica da USP e vice-diretora do FoRC (Centro de Pesquisas em Alimentos, um centro de pesquisa, inovação e difusão da Fapesp). Carmen e um grupo de colegas escreveram um artigo defendendo a revisão do Guia Alimentar e criticando o uso do termo “ultraprocessados”. E no nosso boletim da covid-19, comentamos a precisão dos testes rápidos para detecção do coronavírus. Apresentação: Silvana Salles Produção: Giovanna Stael e Silvana Salles Edição de som: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Como aliar crescimento econômico com preservação ambiental? Em boa parte do planeta, as grandes cidades têm se expandido cada vez mais, entretanto, a saúde ambiental de áreas como a região metropolitana de São Paulo nem sempre é considerada pelo planejamento econômico. Para compreender como se deu a relação entre o crescimento urbano e o desenvolvimento sustentável em São Paulo e propor um novo modelo de classificação que integre ambos os campos, o Momento Cidade desta semana entrevista Natasha Ceretti. A pesquisadora produziu uma tese de doutorado com o objetivo de estabelecer uma tipologia em saúde ambiental para os municípios que compõem a chamada Macrometrópole Paulista (MMP). Defendido na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, o estudo concentrou sua análise na MMP, uma área constituída por cinco regiões metropolitanas do Estado de São Paulo: Baixada Santista, Campinas, Litoral Norte, Sorocaba e Vale do Paraíba. A pesquisa considerou os indicadores FPSEEA, da Organização Mundial da Saúde, e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da Organização das Nações Unidas. “Eles vão auxiliar a definição de prioridades e a concepção das políticas públicas. A gente tem que ter em mente que nenhuma tomada de decisão e formulação de políticas públicas é feita sem esses parâmetros de mensuração”, explica Natasha. Para ela, compreender os grandes problemas urbanos e aliá-los a metas de desenvolvimento é essencial, por isso, sua proposta foi criar uma nova tipologia, que dê subsídios para a gestão socioambiental das regiões. A pesquisadora destaca também a importância de estudos como esse, que podem servir para cobrarmos com mais efetividade os órgãos responsáveis pela gestão urbana. A ideia é que “nossas pesquisas consigam influenciar a tomada de decisão e que consigam adentrar as esferas da sociedade, influenciando a opinião pública e o debate público”, finaliza. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Gabriel Guerra Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Como aliar crescimento econômico com preservação ambiental? Em boa parte do planeta, as grandes cidades têm se expandido cada vez mais, entretanto, a saúde ambiental de áreas como a região metropolitana de São Paulo nem sempre é considerada pelo planejamento econômico. Para compreender como se deu a relação entre o crescimento urbano e o desenvolvimento sustentável em São Paulo e propor um novo modelo de classificação que integre ambos os campos, o Momento Cidade desta semana entrevista Natasha Ceretti. A pesquisadora produziu uma tese de doutorado com o objetivo de estabelecer uma tipologia em saúde ambiental para os municípios que compõem a chamada Macrometrópole Paulista (MMP). Defendido na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, o estudo concentrou sua análise na MMP, uma área constituída por cinco regiões metropolitanas do Estado de São Paulo: Baixada Santista, Campinas, Litoral Norte, Sorocaba e Vale do Paraíba. A pesquisa considerou os indicadores FPSEEA, da Organização Mundial da Saúde, e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da Organização das Nações Unidas. “Eles vão auxiliar a definição de prioridades e a concepção das políticas públicas. A gente tem que ter em mente que nenhuma tomada de decisão e formulação de políticas públicas é feita sem esses parâmetros de mensuração”, explica Natasha. Para ela, compreender os grandes problemas urbanos e aliá-los a metas de desenvolvimento é essencial, por isso, sua proposta foi criar uma nova tipologia, que dê subsídios para a gestão socioambiental das regiões. A pesquisadora destaca também a importância de estudos como esse, que podem servir para cobrarmos com mais efetividade os órgãos responsáveis pela gestão urbana. A ideia é que “nossas pesquisas consigam influenciar a tomada de decisão e que consigam adentrar as esferas da sociedade, influenciando a opinião pública e o debate público”, finaliza. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Gabriel Guerra Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Não é fácil lidar com as incertezas e o isolamento que o coronavírus nos impôs. Nem para os adultos, nem para as crianças e adolescentes. Porém, adultos e jovens manifestam as angústias que estão enfrentando de maneiras diferentes. Neste episódio, falamos sobre a saúde mental das crianças e adolescentes durante a pandemia. Para isso, conversamos com o Guilherme Polanczyk, da Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, e com a Leila Tardivo, do Instituto de Psicologia da USP. Também falamos sobre uma das mais importantes notícias de ciência desta semana. Será que existe vida em Vênus? Levamos a pergunta a dois astrônomos. Apresentação: Silvana Salles Produção: Gabriel Guerra, Giovanna Stael e Silvana Salles Edição de som: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Não é fácil lidar com as incertezas e o isolamento que o coronavírus nos impôs. Nem para os adultos, nem para as crianças e adolescentes. Porém, adultos e jovens manifestam as angústias que estão enfrentando de maneiras diferentes. Neste episódio, falamos sobre a saúde mental das crianças e adolescentes durante a pandemia. Para isso, conversamos com o Guilherme Polanczyk, da Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, e com a Leila Tardivo, do Instituto de Psicologia da USP. Também falamos sobre uma das mais importantes notícias de ciência desta semana. Será que existe vida em Vênus? Levamos a pergunta a dois astrônomos. Apresentação: Silvana Salles Produção: Gabriel Guerra, Giovanna Stael e Silvana Salles Edição de som: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Em 2017, a cidade de São Paulo ficou mais cinza quando muros e fachadas foram alvo de uma limpeza da Prefeitura, que declarou guerra contra os pichadores, em uma ação que fez parte do programa Cidade Linda. O então prefeito João Doria aprovou multas mais severas para punir pichadores, além de defender a restrição de venda de tinta em spray. O assunto rende discussões faz décadas e saber quem são as pessoas por trás das mensagens nos muros continua a despertar nossa curiosidade. Para entender mais, o Momento Cidade entrevistou Danilo Piaia, autor da dissertação Quando a rua vira point: ‘Práticas juvenis’ e pixadores no centro de São Paulo, orientada pela professora Fraya Frehse e defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. De acordo com o pesquisador, aqueles que ele chama de “pixadores” são um público específico. “Eu escrevo com X por se tratar de uma manifestação que se distingue de outras pichações com ‘ch’; se a gente pensar em escritos poéticos ou com dizeres políticos, ela se distingue disso por ter uma estética específica, por ter regras específicas de funcionamento e por estar voltada a um público específico, que é quem maneja aquele código. Grafando dessa forma eu faço coro aos próprios protagonistas da prática”, esclarece. Sua pesquisa teve como objetivo entender mais sobre o uso que os “pixadores” fazem do espaço público, em especial, o espaço do centro de São Paulo. Para isso, ele utilizou a etnografia — um método que se baseia no contato direto entre o pesquisador e seu objeto de pesquisa na hora de coletar dados. Em seu trabalho de campo, Piaia frequentou os pontos de encontro dos “pixadores” ao longo de meses, sempre conversando com os frequentadores. Além disso, ele também se debruçou sobre os arquivos de jornais para entender como a mídia retratou os grupos que frequentam o centro, durante as últimas décadas. Para o especialista, o trabalho é uma pequena amostra da enorme vitalidade que existe nas ruas da cidade. Além isso, pensando no contexto atual da capital paulista, Piaia defende um maior questionamento sobre a chamada revitalização do centro, seus objetivos e seu público-alvo. “Quando se fala em revitalização do centro, estamos falando de que vida?”, problematiza. Você pode acessar a pesquisa completa aqui. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Giovanna Stael Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Em 2017, a cidade de São Paulo ficou mais cinza quando muros e fachadas foram alvo de uma limpeza da Prefeitura, que declarou guerra contra os pichadores, em uma ação que fez parte do programa Cidade Linda. O então prefeito João Doria aprovou multas mais severas para punir pichadores, além de defender a restrição de venda de tinta em spray. O assunto rende discussões faz décadas e saber quem são as pessoas por trás das mensagens nos muros continua a despertar nossa curiosidade. Para entender mais, o Momento Cidade entrevistou Danilo Piaia, autor da dissertação Quando a rua vira point: ‘Práticas juvenis’ e pixadores no centro de São Paulo, orientada pela professora Fraya Frehse e defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. De acordo com o pesquisador, aqueles que ele chama de “pixadores” são um público específico. “Eu escrevo com X por se tratar de uma manifestação que se distingue de outras pichações com ‘ch’; se a gente pensar em escritos poéticos ou com dizeres políticos, ela se distingue disso por ter uma estética específica, por ter regras específicas de funcionamento e por estar voltada a um público específico, que é quem maneja aquele código. Grafando dessa forma eu faço coro aos próprios protagonistas da prática”, esclarece. Sua pesquisa teve como objetivo entender mais sobre o uso que os “pixadores” fazem do espaço público, em especial, o espaço do centro de São Paulo. Para isso, ele utilizou a etnografia — um método que se baseia no contato direto entre o pesquisador e seu objeto de pesquisa na hora de coletar dados. Em seu trabalho de campo, Piaia frequentou os pontos de encontro dos “pixadores” ao longo de meses, sempre conversando com os frequentadores. Além disso, ele também se debruçou sobre os arquivos de jornais para entender como a mídia retratou os grupos que frequentam o centro, durante as últimas décadas. Para o especialista, o trabalho é uma pequena amostra da enorme vitalidade que existe nas ruas da cidade. Além isso, pensando no contexto atual da capital paulista, Piaia defende um maior questionamento sobre a chamada revitalização do centro, seus objetivos e seu público-alvo. “Quando se fala em revitalização do centro, estamos falando de que vida?”, problematiza. Você pode acessar a pesquisa completa aqui. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Giovanna Stael Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Há dez anos, o censo demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) levantou que, na região metropolitana de São Paulo, mais de 2 milhões de pessoas foram levadas a ocuparem espaços inadequados para morar. A habitação é um direito de todo o cidadão, previsto pela Constituição, mas, na prática, nem todos os brasileiros são protegidos pela legislação. Para compreender parte das dinâmicas envolvendo o surgimento de novas favelas em São Paulo, o Momento Cidade desta semana entrevista Sacha Senger, pesquisadora que realizou uma dissertação de mestrado cujo objetivo era ampliar e incentivar os debates sobre moradias precárias em São Paulo. Defendido na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, o estudo concentrou sua análise no período entre 2010 e 2017. A pesquisa constatou a criação de mais de 100 novas favelas, além de identificar quem são e quais os motivos que levam pessoas a ocupar espaços sem infraestrutura básica. “As favelas que estão retratadas no meu trabalho são favelas recentes, muito precárias, e que ainda são de famílias em situação de muita vulnerabilidade, em situação de extrema pobreza”, esclarece ela. O recorte é importante, já que, de acordo com Sacha, na maioria das vezes, os estudos acadêmicos se concentram em favelas já consolidadas. Para a pesquisadora, o trabalho sobre novas favelas é essencial para ampliar o escopo das pesquisas urbanas sobre o tema. A meta é não apenas compreender e combater a precarização dos espaços de moradia, como também conferir subsídios para melhor cobrarmos os órgãos públicos responsáveis. Para a urbanista, é urgente conscientizarmos a população sobre a realidade das favelas. “Ter mais estudos a respeito desse tema faz com que esse tema esteja em debate, esse tema seja de interesse coletivo e aumente a pressão junto ao poder público para que soluções sejam encontradas e que a gente diminua esse tipo de situação de tanta vulnerabilidade social”, finaliza. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Gabriel Guerra Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Há dez anos, o censo demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) levantou que, na região metropolitana de São Paulo, mais de 2 milhões de pessoas foram levadas a ocuparem espaços inadequados para morar. A habitação é um direito de todo o cidadão, previsto pela Constituição, mas, na prática, nem todos os brasileiros são protegidos pela legislação. Para compreender parte das dinâmicas envolvendo o surgimento de novas favelas em São Paulo, o Momento Cidade desta semana entrevista Sacha Senger, pesquisadora que realizou uma dissertação de mestrado cujo objetivo era ampliar e incentivar os debates sobre moradias precárias em São Paulo. Defendido na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, o estudo concentrou sua análise no período entre 2010 e 2017. A pesquisa constatou a criação de mais de 100 novas favelas, além de identificar quem são e quais os motivos que levam pessoas a ocupar espaços sem infraestrutura básica. “As favelas que estão retratadas no meu trabalho são favelas recentes, muito precárias, e que ainda são de famílias em situação de muita vulnerabilidade, em situação de extrema pobreza”, esclarece ela. O recorte é importante, já que, de acordo com Sacha, na maioria das vezes, os estudos acadêmicos se concentram em favelas já consolidadas. Para a pesquisadora, o trabalho sobre novas favelas é essencial para ampliar o escopo das pesquisas urbanas sobre o tema. A meta é não apenas compreender e combater a precarização dos espaços de moradia, como também conferir subsídios para melhor cobrarmos os órgãos públicos responsáveis. Para a urbanista, é urgente conscientizarmos a população sobre a realidade das favelas. “Ter mais estudos a respeito desse tema faz com que esse tema esteja em debate, esse tema seja de interesse coletivo e aumente a pressão junto ao poder público para que soluções sejam encontradas e que a gente diminua esse tipo de situação de tanta vulnerabilidade social”, finaliza. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Gabriel Guerra Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Olhar para o céu é algo que os seres humanos fazem há milhares e milhares de anos. Mas foi só nos últimos quatro séculos que nossos olhos ganharam um companheiro de observação do Universo: o telescópio, que é a verdadeira estrela deste episódio do Ciência USP. Lembramos de algumas descobertas importantes que foram feitas graças à ajuda dos telescópios, desde a luneta de Galileu Galilei até o famosíssimo Hubble, que completou 30 anos em 2020. Para isso, conversamos com Thiago Signorini Gonçalves, professor do Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Também contamos como será o Grande Telescópio de Magalhães (GMT), que está em construção no Chile. O Brasil participa do projeto do GMT por meio da Fapesp e a coordenação da equipe brasileira é feita por professores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. Um deles é o João Steiner, que também tem uma coluna sobre astronomia na Rádio USP. Mas não para por aí. No nosso boletim da covid-19, falamos sobre o papel do ar condicionado durante a pandemia. Será que ele é vilão ou herói na prevenção ao coronavírus? Levamos a pergunta ao Arthur Aikawa, engenheiro e CEO da Omni-Electronica, uma startup residente no Cietec, incubadora ligada à USP e ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). A startup desenvolveu um dispositivo de monitoramento da qualidade do ar que tem ajudado nas pesquisas do Hospital das Clínicas. Apresentação: Silvana Salles Produção: Gabriel Guerra e Silvana Salles Edição de som: Guilherme Fiorentini e Beatriz Juska
Olhar para o céu é algo que os seres humanos fazem há milhares e milhares de anos. Mas foi só nos últimos quatro séculos que nossos olhos ganharam um companheiro de observação do Universo: o telescópio, que é a verdadeira estrela deste episódio do Ciência USP. Lembramos de algumas descobertas importantes que foram feitas graças à ajuda dos telescópios, desde a luneta de Galileu Galilei até o famosíssimo Hubble, que completou 30 anos em 2020. Para isso, conversamos com Thiago Signorini Gonçalves, professor do Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Também contamos como será o Grande Telescópio de Magalhães (GMT), que está em construção no Chile. O Brasil participa do projeto do GMT por meio da Fapesp e a coordenação da equipe brasileira é feita por professores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. Um deles é o João Steiner, que também tem uma coluna sobre astronomia na Rádio USP. Mas não para por aí. No nosso boletim da covid-19, falamos sobre o papel do ar condicionado durante a pandemia. Será que ele é vilão ou herói na prevenção ao coronavírus? Levamos a pergunta ao Arthur Aikawa, engenheiro e CEO da Omni-Electronica, uma startup residente no Cietec, incubadora ligada à USP e ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). A startup desenvolveu um dispositivo de monitoramento da qualidade do ar que tem ajudado nas pesquisas do Hospital das Clínicas. Apresentação: Silvana Salles Produção: Gabriel Guerra e Silvana Salles Edição de som: Guilherme Fiorentini e Beatriz Juska
Depois de tantos meses de pandemia, não restam dúvidas de que a crise causada pelo novo coronavírus atingiu o mundo de forma sem precedentes. Fronteiras fechadas, tensões diplomáticas, disputas políticas e abalos econômicos continuam a afetar inúmeros países do globo com o avanço da covid-19. Com a intenção de analisar o momento urgente em que vivemos, um grupo de colegas da pós-graduação em geografia humana da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, liderou a criação do grupo de trabalho Geografia e covid-19. A ideia central é observar a crise planetária sob a perspectiva da ciência geográfica. Para o geógrafo Daniel Bruno Vasconcelos, um dos idealizadores do GT, quando se trata da geopolítica mundial, o momento é de alta instabilidade já que, mesmo para especialistas da área, “é quase impossível enumerar os diversos movimentos diplomáticos e econômicos que estão sendo determinantes para a mudança de cenário nas relações internacionais”. Por isso, o grupo acredita que uma nova área de estudo esteja nascendo: a geografia da pandemia. “A geografia da pandemia é a geografia do nosso tempo, um entrelace de diversas áreas dessa ciência, a geografia política, a geografia econômica, a geografia urbana, a geografia da população, a geografia da saúde, dentre outras. Todas essas áreas se encontram para formar a geografia da pandemia, para compreender o que está acontecendo no mundo hoje, desde uma análise microespacial, com estudos urbanos de determinados bairros, até mesmo uma análise geopolítica mundial, com estudos de relações políticas entre determinados países”, esclarece ele. A partir da realização de um seminário que reuniu inicialmente pesquisadores da própria USP, o grupo expandiu o convite para especialistas de todas as universidades do Brasil. Na opinião de Vasconcelos, a nova fase reflete a crença do grupo de que “a construção do conhecimento é uma construção conjunta” e a chegada de pesquisadores de todo o País contribuiu para ampliar a diversidade de assuntos abordados pelo grupo, que tem produzido materiais em textos, vídeos e podcasts. Para saber mais, acesse o site do GT neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Giovanna Stael Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Depois de tantos meses de pandemia, não restam dúvidas de que a crise causada pelo novo coronavírus atingiu o mundo de forma sem precedentes. Fronteiras fechadas, tensões diplomáticas, disputas políticas e abalos econômicos continuam a afetar inúmeros países do globo com o avanço da covid-19. Com a intenção de analisar o momento urgente em que vivemos, um grupo de colegas da pós-graduação em geografia humana da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, liderou a criação do grupo de trabalho Geografia e covid-19. A ideia central é observar a crise planetária sob a perspectiva da ciência geográfica. Para o geógrafo Daniel Bruno Vasconcelos, um dos idealizadores do GT, quando se trata da geopolítica mundial, o momento é de alta instabilidade já que, mesmo para especialistas da área, “é quase impossível enumerar os diversos movimentos diplomáticos e econômicos que estão sendo determinantes para a mudança de cenário nas relações internacionais”. Por isso, o grupo acredita que uma nova área de estudo esteja nascendo: a geografia da pandemia. “A geografia da pandemia é a geografia do nosso tempo, um entrelace de diversas áreas dessa ciência, a geografia política, a geografia econômica, a geografia urbana, a geografia da população, a geografia da saúde, dentre outras. Todas essas áreas se encontram para formar a geografia da pandemia, para compreender o que está acontecendo no mundo hoje, desde uma análise microespacial, com estudos urbanos de determinados bairros, até mesmo uma análise geopolítica mundial, com estudos de relações políticas entre determinados países”, esclarece ele. A partir da realização de um seminário que reuniu inicialmente pesquisadores da própria USP, o grupo expandiu o convite para especialistas de todas as universidades do Brasil. Na opinião de Vasconcelos, a nova fase reflete a crença do grupo de que “a construção do conhecimento é uma construção conjunta” e a chegada de pesquisadores de todo o País contribuiu para ampliar a diversidade de assuntos abordados pelo grupo, que tem produzido materiais em textos, vídeos e podcasts. Para saber mais, acesse o site do GT neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Giovanna Stael Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Formada oficialmente por oito distritos, a região do Centro de São Paulo agrupa uma população de mais de 400 mil habitantes que lidam diariamente com uma série de vantagens e de problemas urbanos. Mas são as vantagens, como acesso fácil ao transporte público, proximidade de postos de trabalho e de várias atrações culturais que, de tempos em tempos, despertam o interesse de novos moradores, atraídos para bairros específicos. É nos chamados “bairros da moda” que nascem dinâmicas econômicas capazes de transformar a região, tanto para seus novos ocupantes quanto para os que já residem no local e podem acabar exilados num processo conhecido como gentrificação. Para discutir o fenômeno, o Momento Cidade entrevistou o pesquisador Maurício Alcântara, autor da dissertação de mestrado “Hipsterização” no centro de São Paulo: consumo, trabalho e produção da cidade, orientada pelo professor Heitor Frúgoli Junior e defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. O objeto do trabalho de Alcântara foi o bairro da Vila Buarque, na região central de São Paulo. O especialista conta que a Vila Buarque chamou sua atenção por ser “um bairro que surgiu na virada do século 19 para o século 20, como uma extensão de Higienópolis, um dos primeiros grandes bairros de elite de São Paulo, exclusivamente residencial”. Para garantir que o bairro continuasse residencial, foram criadas regiões satélite que abrigariam comércio e serviços, como a Santa Cecília e a própria Vila Buarque. Durante a dissertação, Alcântara conversou com proprietários e frequentadores do bairro, além de acompanhar notícias para tentar entender como toda a região central tem passado por muitas transformações desde o final dos anos 1990, quando um público, formado por jovens afluentes, também conhecidos como hipsters, passou a adotar o bairro como nova morada. A mudança de público é um dos causadores da gentrificação local. Entretanto, para o pesquisador, é justamente esse público que demonstra interesse em combater o fenômeno. De acordo com ele, cobrar melhores políticas públicas do Estado para, por exemplo, conter a especulação imobiliária e prestar atenção nessas novas dinâmicas pode ajudar a enriquecer nossos bairros, sem prejudicar quem já vive neles. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Produção e reportagem: Denis Pacheco, com colaboração de Giovanna Stael Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini Momento CidadeO Momento Cidade vai ao ar na Rádio USP, quinzenalmente, sextas-feiras, às 8h05 na Rádio USP – São Paulo 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz e também nos principais agregadores de podcast .
Quando pensamos em fazer turismo, é normal imaginarmos paisagens distantes e longos deslocamentos para cidades remotas. No entanto, nem sempre é necessário fazer as malas para “turistar”. Pensando nisso, um projeto de extensão criado na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP nasceu para ampliar os horizontes de moradores de São Paulo, incentivando especificamente o público da terceira idade a fazer passeios turísticos na própria capital paulista. Para apresentar a iniciativa, o Momento Cidade entrevista Marcelo Vilela, professor do curso de Lazer e Turismo na EACH e coordenador da oficina de turismo social Viver São Paulo. Além dele, as estudantes de graduação Thayna Ferraz e Thamiris Santana, ambas monitoras do projeto, dão depoimentos sobre a importância da oficina para todos os envolvidos. Criado em 2009, o projeto conduz o público da terceira idade para diferentes locais da cidade que vão desde museus e parques até lugares inusitados, como as áreas internas do Metrô de São Paulo. De acordo com organizadores, a proposta é “desenvolver um olhar diferenciado sobre a fruição turística, que leve em consideração questões como a importância da experiência, da sustentabilidade, da interação com o ambiente urbano”. Contudo, o professor Vilela reforça que um dos objetivos do projeto envolve também os próprios locais visitados, para que considerem as dificuldades enfrentadas pelo público da terceira idade. “As dificuldades que as pessoas têm para conhecer os espaços que a cidade oferece, particularmente as pessoas da terceira idade, passam por vários aspectos, por exemplo, pelo aspecto econômico, já que muitos desses espaços cobram ingressos para a visitação. Mas passam também por outras questões, como a acessibilidade, que podem ser mais ou menos complicadas para pessoas com mobilidade reduzida”, destaca ele. Para a monitora Thamiris, é preciso desconstruir a ideia de que é necessário fazer grandes deslocamentos para desfrutar do lazer e do turismo. “Além disso, é muito importante também, dentro da oficina, propiciar a sociabilização dos participantes, o convívio intergeracional e a troca de informações e experiências entre eles a respeito dos conteúdos visitados”, finaliza. A página oficial do projeto pode ser acessada neste link. Saiba mais nesta matéria em vídeo do Canal USP. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou em seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Gabriel Guerra Produção: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini Momento CidadeO Momento Cidade vai ao ar na Rádio USP, quinzenalmente, sextas-feiras, às 8h05 na Rádio USP – São Paulo 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz e também nos principais agregadores de podcast .
Quando pensamos em culinária local, pensamos imediatamente em pratos típicos. Bobó de camarão, baião de dois, galinhada com pequi e virado à paulista são alguns dos pratos que não apenas dão água na boca, mas contam a história de uma região. Entretanto, muitas vezes, não sabemos exatamente como essa história começou e quais foram os motivos que fizeram de uma ou outra receita famosa, parte de uma “cozinha tradicional”. Para discutir o assunto, o Momento Cidade entrevistou a pesquisadora Viviane Soares Aguiar, autora da dissertação de mestrado Cozinha tradicional paulista (1963): um livro de receitas, o folclore e a invenção de uma culinária esquecida, orientada pelo professor Henrique Soares Carneiro e defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Viviane, que também é jornalista com uma década de experiência cobrindo gastronomia, se interessou pelo tema após ter contato com cozinhas e receitas típicas do Brasil todo. Durante seu mestrado, Viviane chegou em uma das suas principais personagens e um dos expoentes originais da chamada “cozinha de São Paulo”, a Jamile Japur, uma folclorista que, em 1963, lançou o livro Cozinha tradicional paulista. “(Jamile) foi a primeira pessoa a tentar definir e sistematizar a cozinha paulista. Esse é o primeiro livro sobre cozinha paulista, primeiro livro de cozinha regional fora do Nordeste”, explica a jornalista. Ao investigar parte do movimento dos folcloristas entre os anos 1950 e 1960, a pesquisadora constatou que a ideia de reunir receitas não registrou necessariamente uma cozinha regional, mas sim, uma cozinha estadual. “Então, em vez de se pensar em bases culinárias, ou bases culturais que seriam próximas e que pertenceriam a uma mesma região, o que essas pessoas estavam interessadas, nessa época, era em definir aspectos que seriam característicos de uma identidade estadual”, esclarece. Para a autora, tentar desvendar as intenções por trás dos livros de receitas do passado abre caminho para o questionamento do que consideramos ou não “cozinha tradicional”. De acordo com Viviane, temos que “olhar de um jeito mais crítico para certas verdades” sobre nossa própria identidade culinária. “Acho que pensar mais nesses porquês é mais interessante do que tentar definir ou pensar em receitas que seriam típicas ou próprias de um lugar hoje”, finaliza. A dissertação completa pode ser acessada neste link. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Produção e reportagem: Denis Pacheco, com colaboração de Giovanna Stael Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini Momento CidadeO Momento Cidade vai ao ar na Rádio USP, quinzenalmente, sextas-feiras, às 8h05 na Rádio USP – São Paulo 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz e também nos principais agregadores de podcast .
Em 2016, foi aprovada em São Paulo a lei que regulamentou o Programa Silêncio Urbano, o PSIU. Desde então, seu objetivo é combater a poluição sonora e tornar mais pacífica a convivência entre os cidadãos. A lei proíbe a emissão de ruídos com níveis superiores aos determinados pela legislação federal, estadual ou municipal, prevalecendo a mais restritiva. Entretanto, todos que vivem em uma grande cidade sabem que não é uma tarefa simples garantir que os sons no espaço urbano fiquem sob controle. Por isso, o Momento Cidade desta semana tentou responder a pergunta: é possível regular os sons da cidade? Para o professor Fernando Iazzetta, coordenador do Núcleo de Pesquisas em Sonologia (NuSom) da USP, quando se pensa em sons na cidade, é importante definir melhor o que consideramos “poluição sonora”, normalmente interpretada como todo excesso de ruídos que afeta a saúde física e mental da população. De acordo com ele, esse tipo de definição “não leva em consideração contextos sociais e culturais, e acaba levando a uma espécie de achatamento da visão que temos sobre o som como um problema dentro da sociedade atual”. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o nível limite de sons que podemos tolerar nas nossas cidades deveria ser de 50 decibéis, no máximo. Acima disso, é possível já sofrer com perdas auditivas. Certos equipamentos de construção, por exemplo, podem gerar até 100 decibéis. Neste contexto, Ricardo Ferreira Bento, professor da disciplina de otorrino da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), esclarece que o ouvido humano não foi desenvolvido pela natureza para os níveis sonoros que temos hoje. “Em qualquer situação numa cidade grande, mesmo na rua, no trânsito, estamos expostos a um barulho de alta intensidade para o ouvido”, pontua. E, em alguns casos particulares, os sons altos são usados como estratégia de defesa no ambiente das cidades. Isso é o que concluiu o pesquisador André Forcetto, doutorando da USP que, em sua dissertação de mestrado, estudou os motivos pelos quais motociclistas estavam modificando seus veículos para emitirem sons mais altos. “A grande maioria dos motociclistas alegou que faz isso por segurança. Eles querem ser ouvidos enquanto transitam no meio dos carros e, sendo ouvidos, eles podem transitar mais rápido”, conta. Para o professor Iazzetta, é necessário compreender essas complexidades para não só regularmos os sons das nossas grandes cidades, mas expandirmos nossa atenção e vocabulário sonoro. O especialista defende que “resolver a poluição sonora desse ponto de vista normativo, ou seja, simplesmente diminuir o nível de som que existe, especialmente nos centros urbanos, possivelmente abriria espaço para que a gente tivesse mais sons e não simplesmente eliminar sons”. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco e Kaynã de Oliveira Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini As músicas utilizadas neste episódio são parte do álbum 2 do Make it Heard que foi lançado pelo selo Berro, criado pelo NuSom. São elas: André Damião – Make it Heard – Vol. 2 – 05 Kamikaze Modelismo Juçara Marçal & Cadu Tenório – Make it Heard – Vol. 2 – 02 Canto II Marco Scarassatti – Make it Heard – Vol. 2 – 07 Èsù Paula Garcia – Make it Heard – Vol. 2 – 04 # 3 (da série Corpo Ruído) Momento CidadeO Momento Cidade vai ao ar na Rádio USP, quinzenalmente, sextas-feiras, às 8h05 na Rádio USP – São Paulo 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz e também nos principais agregadores de podcast .
Uma cidade é uma área urbanizada que reúne os mais diversos fluxos e atividades humanas. No Brasil, 84% da população vive em cidades. Na capital paulista, uma população de quase 12 milhões de habitantes integra aquela que é considerada uma das maiores cidades do planeta. Entretanto, a vida urbana, com seu ritmo muitas vezes intenso e expansão crescente, nem sempre nos dá tempo de pensarmos sobre seus problemas, suas políticas e suas transformações. Por isso, o Momento Cidade desta semana, em edição especial, fez a pergunta: por que estudamos as cidades? Para responder a questão, convidamos o professor Eduardo Marques, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, diretor do Centro de Estudos da Metrópole (CEM), também ligado à Universidade. O CEM é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Sediado na USP e no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), o grupo é “um acordo entre instituições que já tem 20 anos”, conta o professor. “O Centro é dedicado aos estudos sobre questões da metrópole, principalmente dimensões sociais, econômicas, demográficas e culturais”, esclarece. Em um espaço que reúne demógrafos, cientistas políticos, sociólogos, geógrafos, economistas e antropólogos, o CEM trabalha em projetos de pesquisa e fornece treinamentos e difusão de conhecimento sobre assuntos relacionados às cidades. Para Marques, que é organizador do livro As políticas do urbano em São Paulo, lançado em 2018 pela editora Unesp, quando se pensa em cidades e nas organizações políticas locais que as constituem, é importante compreender suas especificidades. Em especial, “as relações que cada uma dessas instituições e atores estabelece com o espaço”, defende. O especialista argumenta ainda que estudar e compreender as políticas públicas de uma cidade é essencial para que se possa, constantemente, implementar melhores políticas urbanas. “Todas elas partem de modelos de como funcionam os problemas, como as políticas envolvendo problemas funcionam e quais os efeitos que elas têm sobre esses problemas”, enumera. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Diariamente, 8,3 milhões de passageiros são transportados nas 13 linhas disponíveis no metrô e trem em São Paulo, e 8,8 milhões de pessoas andam frequentemente nos ônibus da capital. A cidade conta com a maior rede ferroviária e metroviária do País, além de uma frota com cerca de 15 mil ônibus. Entretanto, para muitos cidadãos, utilizar frequentemente o transporte público tem um custo alto. Uma análise feita pelo jornal O Estado de São Paulo em janeiro de 2019, mostrou que quem usa metrô e ônibus para ir e voltar do trabalho, gasta até um terço, ou seja, 33%, de um salário mínimo. Por isso, o Momento Cidade desta semana buscou responder a pergunta: e se o transporte público fosse de graça? Para Carolina Requena, pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) da USP, a primeira consequência do chamado “passe livre” seria o aumento da demanda. Os responsáveis, portanto, precisariam urgentemente melhorar a oferta de transporte, o que, para a especialista, resultaria em consequências positivas. “Seria feita uma justiça do ponto de vista do tempo que as pessoas usam porque elas poderiam escolher o seu trajeto e escolheriam seus trajetos ótimos, ou seja, parariam de viajar as vezes por duas horas, algo que elas poderiam fazer em uma, ou seja, metade do tempo”, pontua ela. De acordo com Joana Barros, professora no Departamento de Geografia do Birkbeck College, da Universidade de Londres, a gratuidade reduziria a segregação causada pelo transporte. “A parcela da população mais pobre que não consegue pegar um metrô, por exemplo, que é muito caro, de repente tem condições pra isso e isso é uma vantagem”, teoriza ela. Entretanto, ela também questiona se a medida não traria mais transtornos para o trânsito já conturbado da capital. “A que ponto, se o metrô estiver trabalhando além de sua capacidade, também não perderemos a qualidade do transporte? E a que ponto, as pessoas que atualmente pegam transporte vão pegar seus carros e isso vai aumentar o congestionamento?”, questiona. Para ambas as pesquisadoras, o ideal para uma cidade com as dimensões de São Paulo é começar pequenos experimentos de mobilidade. Para Carolina, o melhor é direcionar políticas públicas que “tentassem, em alguma escala, de alguma forma experimental, observar na prática qual é o custo real desse transporte”. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Atualmente na cidade de São Paulo existem 1,7 milhão de idosos, o equivalente a 15% dos paulistanos. Em 2050, segundo um estudo da Fundação Seade, os idosos vão corresponder a 30% da população do município. Apesar de as condições de vida estarem melhorando, permitindo que a população envelheça mais, será que as estruturas da cidade estão preparadas para lidar com esses novos números? Pensando nisso, o Momento Cidade desta semana buscou especialistas para responder: como São Paulo pode tratar melhor a sua população mais velha? Para a professora Yeda Duarte, da Escola de Enfermagem (EE) da USP, todos nós precisamos “entender que a velhice e o envelhecimento fazem parte dessa sociedade. Por isso, o envelhecimento tem que ser incluído e compreendido como parte integrante, participativa e colaboradora desta cidade”. De acordo com a docente, que é fundadora do curso de Gerontologia da USP, o princípio da solidariedade deve ser levado em conta tanto pelo poder público quanto por nós, os indivíduos. Cuidar melhor das nossas calçadas e espaços públicos, portanto, é essencial. Para a professora, “ter uma cidade mais planejada e mais organizada para a população que vive nela é necessário, é respeitoso e é urgente”. Pesquisas realizadas na USP também comprovam a importância da criação e manutenção de espaços públicos como locais de convivência entre as gerações. Durante o mestrado, defendido em 2019 na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, a arquiteta Mariana Alves buscou entender o que acontece quando grandes universidades são instaladas em bairros ocupados por populações mais velhas. “Eu fiz um estudo com idosos do bairro Bangu, em Santo André, que recebeu a Universidade Federal do ABC, há 13 anos. O que os idosos relataram foi que a chegada dos estudantes transformou muito o bairro, eles enxergam isso como positivo, mas que eles não se relacionam com os estudantes, cada um fica no seu universo”, conta Mariana. Para ela, o poder público e, neste caso, as universidades poderiam estimular essa convivência. Além disso, quando se planeja bairros em grandes cidades, é preciso considerar melhor distâncias e deslocamentos. “Todos os bairros deveriam ter uma mínima infraestrutura que oferecesse condições para as pessoas permanecerem ali, de maneira que possam fazer tudo que precisam a pé, utilizando transporte público ou utilizando algum transporte alternativo”, aponta ela. Na opinião da advogada e professora Bibiana Graeff, idealizadora da disciplina Direitos Humanos e Envelhecimento, ministrada na EACH, “São Paulo se tornará uma cidade mais amiga do idoso e de todos na medida em que promova espaços de escuta e participação política, dos grupos e das pessoas”. Para a especialista, o ponto de partida é ouvir o que os cidadãos querem, já que uma cidade boa para sua população mais velha é uma cidade boa para todos. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska
De acordo com dados do Plano Municipal de Habitação, a cidade de São Paulo precisaria de 358 mil novas moradias para zerar seu déficit habitacional. De acordo com o mesmo relatório, a capital paulista possui 1.385 imóveis ociosos, abandonados ou subutilizados em terrenos vazios. Além disso, a cidade tem outros 830 mil domicílios em locais precários e que precisam de regularização – algo que a Prefeitura já está fazendo com a Lei da Anistia – ou de melhorias. Pensando nesses números, o Momento Cidade desta semana buscou especialistas para responder: por que temos tantas casas vazias em São Paulo? Em entrevista, o professor Guilherme Wisnik, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, explica que não são apenas casas, mas, sobretudo, apartamentos. “São imóveis nas áreas centrais principalmente, isto é, em regiões da cidade onde houve desvalorização e os proprietários, ao invés de venderem, porque venderiam na baixa do mercado, ficam mantendo aquele imóvel fechado vazio, esperando uma valorização futura”, esclarece. Para ele, a cidade pode combater essa prática de especulação “criando mecanismos para onerar esses proprietários de imóveis que mantêm os imóveis vazios”. Já a professora Paula Santoro, coordenadora do Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade (LabCidade) da FAU, outra solução possível para resolver os problemas de moradia em São Paulo pode vir dos chamados “movimentos de moradia”, que pressionam o governo para criar políticas públicas de produção de habitação e transformação desses parques imobiliários no centro. As ocupações “foram fundamentais para inverter a lógica de produzir novas unidades habitacionais não mais na periferia e trazem uma agenda de política habitacional que envolve não só construir novas unidades nos terrenos subutilizados em área central, mas também fazer retrofit, remodelar, transformar usos de edifícios de escritórios para edifícios de moradia”, revela a especialista. Para ambos os professores, não basta que a Prefeitura tenha uma política apenas para o mercado imobiliário. “Tem que ter uma política para o mercado imobiliário e para quem precisa, para os ocupantes dessas áreas, para eles mesmos agitarem ali a transformação da sua vida cotidiana e (exercerem) seu direito à permanência naquele território bem servido de urbano”, finaliza Paula. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco e Pedro Ezequiel Edição: Beatriz Juska
Em setembro deste ano, uma onda de calor atingiu o Estado de São Paulo e a sua capital em pleno inverno. A temperatura chegou em 38ºC e a defesa civil emitiu um alerta. Cada vez mais comuns, as ondas de calor são um período prolongado de tempo excessivamente quente. A definição depende da temperatura considerada normal em cada zona. Por exemplo, em um país tropical como o Brasil, 15 °C pode ser considerada uma temperatura de inverno. Entretanto, em países em que a temperatura dificilmente chega ao calor do nosso verão, 15 °C pode ser sinônimo de um dia quente. Em vista disso, especialistas e autoridades estão atentos ao termômetro, já que o calor excessivo, quando atinge grandes cidades, pode ter consequências letais. Para entender melhor esse problema, o Momento Cidade desta semana procurou especialistas para responder: como combater o calor em São Paulo? De acordo com Kelen Almeida Dornelles, professora e pesquisadora no Laboratório de Conforto Ambiental do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP, o que se pode fazer pra minimizar os impactos do calor excessivo nas cidades é “em primeiro lugar, evitar a impermeabilização das superfícies, dos pavimentos principalmente”. De acordo com ela, o uso de pavimentos que não são permeáveis dificulta a absorção da água pelo solo e isso impacta bastante nas temperaturas superficiais. Além disso, quando o assunto é controlar a temperatura nos espaços urbanos, a recomendação é investir em planejamento. Para a professora Denise Duarte, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e especialista nos estudos envolvendo adaptação das cidades aos fenômenos de aquecimento urbano, é possível “ajudar a mitigação do aquecimento global diminuindo emissões de transportes, por exemplo, de aparelhos de ar condicionado, e produzindo energia de fontes de limpas”. Conforme a especialista, isso é trabalho tanto da gestão pública quanto de profissionais que atuam na área da arquitetura e do urbanismo. “Eu acho que a partir do momento em que você é um profissional capacitado, você tem em sua responsabilidade, seja atuando onde for”, defende ela. Para ambas as professoras, para enfrentar o calor nas cidades, levando em conta as atuais circunstâncias das mudanças climáticas no planeta, é preciso investir em espaços com presença significativa de vegetação, em uma combinação de áreas sombreadas e que recebam insolação. Além disso, a presença de corpos d’água como rios, lagos e até mesmo fontes com chafariz melhoram consideravelmente condições de conforto ambiental, ajudando na regulação da temperatura. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Quer saber mais sobre como as mudanças climáticas irão impactar a vida nas cidades? Ouça no décimo sexto episódio Ciência USP uma entrevista com Henrique Barbosa, cientista do clima e professor do Instituto de Física (IF) da USP, que comenta os resultados de um estudo suíço que estimou como poderá ser o clima em 2050 em um conjunto de mais de 500 grandes cidades no mundo. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska
Com quase 9 milhões de veículos motorizados circulando na capital paulista todos os dias, de acordo com dados do Detran de abril de 2019, é difícil imaginar que os carros não sejam prioridade nas cidades brasileiras. Entretanto, alternativas estão ganhando força. O chamado transporte alternativo é uma maneira de se locomover usando meios diferentes das formas convencionais. A bicicleta, o patinete e até o skate são transportes alternativos. Andar a pé também é uma forma de transporte alternativo e é a forma priorizada pela lei brasileira. Para explicar o assunto, o Momento Cidade desta semana buscou especialistas para responder: São Paulo deveria investir em transporte alternativo? De acordo com a professora Erminia Maricato, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, uma das idealizadores do Ministério das Cidades e a atual coordenadora da rede BR Cidades, a legislação brasileira prioriza o pedestre, mas o planejamento das cidades nem sempre segue a norma, que se concentra nos automóveis. Para a especialista, “o automóvel como centro da mobilidade não só é ilegal, como ele é muito predatório. Mas infelizmente, é isso que acontece. A prioridade no automóvel se nota no ponto de vista, inclusive, de obras que são feitas. Pavimentação, manutenção de pavimentação, abertura de avenidas, etc”. Investir na chamada mobilidade ativa, que inclui o transporte a pé e o uso de bicicletas, transformaria nossa relação com as cidades. “Hoje, no mundo inteiro, se discute muito no urbanismo a mobilidade ativa porque, ao invés de você ficar sentado num automóvel, e preso no trânsito, e respirando mal, perdendo tempo, você está se exercitando”, esclarece ela. Ainda assim, numa cidade com as dimensões de São Paulo, onde os lugares em que as pessoas moram estão, muitas vezes, distantes dos lugares em que as pessoas trabalham e se divertem, caminhar ainda é para poucos. Para Lucas Girard, pesquisador do Centro de Estudos Sociedade e Tecnologia (CEST) da USP e um dos coordenadores do grupo Cenários Urbanos Futuros, da FAU, soluções de micromobilidade, aquelas que envolvem, por exemplo, patinetes elétricos são válidas, mas precisam de maior escrutínio. “Se você for olhar do ponto de vista de planejamento urbano clássico, você vai falar: não tem sentido nenhum em você promover o uso de patinetes, por exemplo. Porque até do ponto de vista da disputa pelo uso do espaço público, é mais um modal que tá aí saturando calçadas, vias, disputando com pedestres, com postes, com lixeira, com árvores, com buraco…”, enumera ele. Para ele, pensar na mobilidade ativa como transporte alternativo é o melhor caminho para solucionar problemas específicos das cidades, que vão além de esforços pontuais sobre o trânsito. “A gente tem que pensar mobilidade não como uma questão de mobilidade, mas como uma questão econômica, uma questão de como você planeja economicamente, equilibra economicamente o país”, defende Girard. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska
No Momento Tecnologia de hoje vamos falar de energia, para ser mais específico, de energia sustentável. O Brasil destoa muito do resto do mundo nesse assunto. Segundo dados do Balanço Energético Nacional de 2019 – feito pelo Ministério de Minas e Energia – nosso país produz cerca de 45% de sua energia a partir de fontes renováveis. Se compararmos com a matriz energética do mundo inteiro, esse número não chega a 10%. Entre essas fontes sustentáveis existem o biogás e o biometano. Os dois são gases provenientes de material orgânico e possuem um grande potencial de produção energética. Um estudo recente do Centro de Pesquisa e Inovação em Gás escancarou o quanto o Estado de São Paulo ainda pode explorá-los. Financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e pela Shell, e sediado na Escola Politécnica (Poli) da USP, o centro lançou mapas interativos, em uma plataforma on-line, que mostram o potencial de geração de energia desses gases no Estado. Os dados mostraram que o biogás tem um potencial para suprir 93% da energia consumida residencialmente em São Paulo, e o biometano poderia substituir até 72% do diesel comercializado no Estado. Os mapas podem também orientar investidores e o governo sobre como aproveitar esse potencial. Para entender melhor essa iniciativa, nesta edição do podcast Momento Tecnologia conversamos com a professora Suani Coelho, do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, e coordenadora desse projeto. Ficha técnica Reportagem e apresentação: Leonardo Lopes Edição de Áudio e Sonorização: Tabita Said e Beatriz Juska
Na Raia Olímpica da USP, localizada na zona oeste de São Paulo, um grupo de mulheres rema todas as semanas em um barco chinês no ritmo de um bumbo que leva na proa uma carranca de um dragão. Elas são sobreviventes do câncer de mama, doença que afeta milhares de mulheres todos os anos – só em 2018, foram diagnosticados cerca de 59 mil novos casos no Brasil. Para marcar o Outubro Rosa, o Ciência USP conversou com a médica fisiatra Christina May Moran de Brito, coordenadora do Serviço de Reabilitação do Hospital Sírio-Libanês e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), que trouxe ao Brasil o Remama, um programa de reabilitação de pacientes que passaram pelo tratamento quimioterápico e cirúrgico e têm no remo uma ferramenta de fortalecimento muscular, de combate à reincidência da doença e diminuição de linfedema (inchaços nos braços). As remadoras que participam do Remama ajudam a desconstruir o mito de que pacientes após o tratamento não poderiam fazer grandes esforços físicos, nem carregar peso do lado em que sofreram a mastectomia parcial ou total para a retirada do câncer. Remar faz bem à saúde física e eleva a autoestima das mulheres sobreviventes de câncer de mama. Também neste episódio… Talvez você já tenha ouvido falar em placebo. E o “placebo honesto”, você conhece? Um pesquisador da Faculdade de Medicina da USP mediu o efeito dessa modalidade de intervenção sem princípio ativo no desempenho esportivo de mulheres ciclistas. E os resultados são surpreendentes. Ficha técnica Apresentação: Silvana Salles Produção: Ivanir Ferreira, Alan Petrillo, Luiza Caires e Silvana Salles Edição: Tabita Said, Thales Figueiredo, Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Um estudo divulgado em 2018 pelo Instituto de Saúde e Sustentabilidade e a Escola Paulista de Medicina apontou que, se os níveis de poluição continuarem como estão, até 2025 haverá mais de 51 mil mortes na Grande São Paulo provocadas pela má qualidade do ar. A pesquisa revelou que esses números correspondem a 6,4 mil mortes por ano, ou seja, 18 mortes por dia na Região Metropolitana de São Paulo. E pensando nesses números alarmantes, o Momento Cidade desta semana fez a pergunta: É possível melhorar a qualidade do ar de São Paulo?. Em entrevista, Edmilson Dias de Freitas, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, explicou que melhorar a qualidade do ar de uma cidade como a capital paulista é possível, mas antes é preciso entender a origem da poluição. Responsável pelo Laboratório Móvel para Pesquisa e Monitoramento da Qualidade do Ar, também conhecido como Lumiar, o professor explicou que a iniciativa está “trabalhando no entendimento dos processos ligados à poluição atmosférica, visando a propostas para a melhoria da qualidade do ar”. Com o laboratório móvel, pesquisadores caracterizam não apenas o que constitui a poluição do ar na região de São Paulo, mas como se dá seu percurso entre diferentes cidades. “Um poluente que é emitido aqui na Região Metropolitana de São Paulo é carregado para outras regiões pelo vento e vai interagir com a atmosfera dessas outras regiões de forma diferenciada”, detalha ele. Além de mapear as áreas poluídas, o professor tem sugestões sobre como diminuir a emissão de poluentes nas cidades. Para ele, tudo começa na melhoria das tecnologias que mais utilizamos, como, por exemplo, a dos motores a combustão dos carros. “Uma coisa importante, se eu sei que muitos veículos emitem muita poluição, se eu reduzir o número de veículos eu vou diminuir as fontes. Então melhorar o transporte público, por exemplo, é uma medida”, destaca. E diminuir a poluição industrial e a poluição causada pelos motores a combustão vai melhorar também a saúde da população. Para Mariana Veras, do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina (FM) da USP, é preciso entender a gravidade dos problemas de saúde causados pela poluição hoje. De acordo com ela, eles “podem ser desde uma simples irritação nos olhos, uma irritação na garganta, como também aumento do risco de morte e câncer de pulmão. Então, vai desde um efeito bem pequeno até efeitos devastadores que levam à morte”, esclarece. Para os dois especialistas, uma cidade menos poluída é uma cidade mais clara, que usa fontes de energia sustentáveis e que gasta menos tempo e recursos com saúde, já que sua população não será afetada pela má qualidade do ar. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska e Paulo Calderaro
Onze anos atrás, uma grave crise financeira se espalhou dos Estados Unidos para o mundo. Desde então, os economistas procuram meios de prever quando algo semelhante pode acontecer novamente. Um destes economistas é o norte-americano Robert Engle, ganhador do prêmio Nobel de economia em 2003. Recentemente, ele publicou com um colega de Singapura um artigo no qual descreve um modelo para estimar a probabilidade de crise financeira em diversos países. Convidamos o professor Márcio Nakane, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP para comentar o estudo. E também neste episódio… Uma pesquisa publicada na revista especializada PLOS Tropical Neglected Disease descobriu que uma droga utilizada no tratamento do mal de Alzheimer também pode tratar doença de Chagas. O estudo, ainda na fase experimental, foi feito com camundongos e foi liderado pelo professor Ariel Silber, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP. Também trazemos um relato do Ignacio Amigo, da Climate Tracker, sobre a Semana do Clima em Nova York. Ele viajou aos Estados Unidos para acompanhar a Cúpula do Clima da ONU e as outras atividades da semana. Ficha técnica Apresentação: Silvana Salles Produção: Ivanir Ferreira e Silvana Salles Edição: Tabita Said, Thales Figueiredo e Beatriz Juska
Em 2018, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) revelou que a cidade de São Paulo tem cerca de sete veículos motorizados para cada dez habitantes. A maioria deles utiliza motor de combustão, que funciona principalmente com gasolina e outros derivados de combustíveis fósseis. No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), existem atualmente em circulação 11 mil veículos elétricos e híbridos, que funcionam combinando bateria elétrica e motor a combustão. Considerados o futuro do transporte individual, os veículos elétricos se tornaram famosos por serem mais silenciosos e menos poluentes. Por isso, o Momento Cidade desta semana buscou a opinião de especialistas para responder: Como seria São Paulo com uma frota de veículos elétricos? Em entrevista, o professor Marcelo Alves, do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica (Poli) da USP, confirma as vantagens do carro elétrico: “O motor elétrico é naturalmente mais silencioso e menos poluente e isso é uma coisa mais local aqui do Brasil porque a gente tem boa parte da nossa energia elétrica sem origem fóssil”. No entanto, para o especialista, ainda não estamos próximos de trocar nossa frota atual por uma frota elétrica. “Apesar do desenvolvimento dos últimos dez anos, a gente ainda não tem baterias produzidas em larga escala, esse é um ponto muito importante, capazes de dotar esses veículos elétricos da mesma capacidade de autonomia que um veículo a combustão interna.” Para a doutoranda Lidyane Barros, pesquisadora da Poli e membro do Laboratório de Gestão de Inovação da USP, o compartilhamento de carros elétricos pode ajudar as cidades a popularizarem a inovação. Em 2017, ela defendeu uma dissertação de mestrado com o objetivo de entender como os gestores estavam lidando com as incertezas presentes no projeto de implantação de serviços públicos de compartilhamento de carros elétricos no Brasil. De acordo com ela, a introdução do carro elétrico nas cidades brasileiras, “vai necessitar, como qualquer outra inovação, do desenvolvimento de outros aspectos, de outras soluções, de outras tecnologias, mas também do desenvolvimento do mercado”. Ambos acreditam que uma São Paulo com mais veículos elétricos pode ajudar a cidade a diminuir a queima de combustíveis fósseis e melhorar nossa relação com o trânsito. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco Edição: Rafael Simões, Beatriz Juska e Paulo Calderaro
No colégio, aprendemos que o som é uma onda de energia que se propaga em meios materiais, como o ar e a água, por exemplo. Mas além de ser um fenômeno da física, você já parou para pensar em todos os mistérios que cercam os sons ao nosso redor? No Núcleo de Pesquisas em Sonologia (NuSom), da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, em São Paulo, pesquisadores voltam suas mentes e ouvidos para entender diferentes questões que envolvem o estudo do som. Para o professor Fernando Iazzetta, coordenador do NuSom e docente do Departamento de Música da ECA, estudar os sons envolve perceber como “relações políticas, raciais, de gênero” se fazem presentes nas diversas produções sonoras. Além disso, para o especialista, compreender os contextos por trás de sons e músicas pode nos ajudar a planejar espaços urbanos, ampliar nossa compreensão sobre comunidades que compõem a cidade e até descobrir como esse tipo de produção pode ser usada contra nós, em guerras, por exemplo. Por isso, nesta matéria especial do Jornal da USP+, introduzimos o ouvinte ao estudo da sonologia, campo que busca esclarecer as diferenças entre música e som, e promove pesquisas sobre manifestações sonoras que abarcam várias disciplinas distintas. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Crisley Santana Roteiro: Denis Pacheco Edição: Beatriz Juska, com colaboração de Rafael Simões
No dia 1º de setembro de 1939, a Alemanha nazista invadiu a Polônia, dando início a Segunda Guerra Mundial. Nos anos que se seguiram, o exército de Hitler perseguiu, aprisionou e matou milhares de pessoas, principalmente judeus. A Guerra terminou em 1945, mas o mesmo não se pode dizer do antissemitismo. O ódio aos judeus é algo que está presente na história há muitos séculos, e tem aumentado nos últimos anos. Neste Ciência USP, conversamos com a historiadora da USP Maria Luiza Tucci Carneiro, com o psicanalista Enrique Mandelbaum, e com a socióloga polonesa Renata Siuda-Ambroziak, da Universidade de Varsóvia, para tentar entender por que isso ocorre. A professora Tucci lembra que ninguém nasce antissemita ou racista. Mas diante de alguns discursos de ódio e de alguns mitos que persistem há séculos cria-se um ambiente perfeito para a discriminação. Alguns desses mitos dizem que “os judeus mataram Cristo” ou que os “judeus dominam a economia mundial”. A historiadora coordena o Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER) do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. E o destaque deste episódio é com a bióloga Tabata Bohlen, doutora em Ciências Morfofuncionais pelo Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, e que faz parte da equipe do Dragões de Garagem. No doutorado, a Tábata estudou os diferentes aspectos que buscam entender qual o controle do sistema nervoso central para o desencadear da puberdade. Depois, a bióloga pesquisou a influência do hormônio do crescimento e do seu receptor no desencadear do amadurecimento sexual em modelos animais de camundongos. Confira a reportagem completa em breve na Editoria de Ciências do Jornal da USP. Ficha técnica Apresentação: Silvana Salles Reportagem: Ivanir Ferreira e Valéria Dias Redação: Ivanir Ferreira, Silvana Salles e Valéria Dias Edição: Beatriz Juska, Paulo Calderaro, Tabita Said e Thales Figueiredo
O mais recente Censo da População em Situação de Rua realizado em 2015, na cidade de São Paulo, contabilizou 15 mil moradores de rua. Desde então, de acordo com dados divulgados pelo jornal Folha de S. Paulo, o total de pessoas abordadas como moradores de rua na cidade de São Paulo quase dobrou. Entender esse quadro, diminuir esses números e sugerir políticas que possam melhorar as condições de vida de pessoas desabrigadas na cidade de São Paulo é, também, papel de especialistas. Por isso, o Momento Cidade desta semana faz a pergunta: como São Paulo pode cuidar melhor dos seus moradores em situação de rua? Para a professora Silvia Maria Schor, docente da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP e pesquisadora sênior da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), é essencial sugerir e executar políticas baseadas em três pontos: moradia, saúde e trabalho. Além disso, a especialista defende que é preciso conhecer em profundidade quem forma essa população, já que “as pessoas que estão em situação de rua não formam um todo homogêneo”. A opinião é partilhada pela professora Renata Bichir, docente do curso de Gestão de Políticas Publicas da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP e pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM). Para ela, é crucial partir do ponto de que “a questão da população em situação de rua em São Paulo é uma questão multifacetada”. Para ela, são vários os fatores que podem levar pessoas à rua, e eles vão além da falta de moradia, afinal “muita gente vai parar na rua principalmente por questões de rompimento de vínculos familiares. Por culpa de conflitos, dinâmicas de violência, situações de droga-adição” e diversos outros fatores. Para Renata, é importante deixar claro que habitação é só uma dimensão da condição de vida da população em situação de rua. Enfrentar esse desafio envolve “entender as funções de vida dessa população, entender suas condições de saúde, de alimentação, de segurança alimentar, habitação”. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco Edição: Rafael Simões, Beatriz Juska e Paulo Calderaro
Tecnologias capazes de detectar enchentes já são implantadas em países como a Inglaterra, onde o transbordamento de rios é sazonal. Pensando em como esses fenômenos são comuns no Brasil, o pesquisador Jó Ueyama, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, desenvolveu sensores capazes de detectar enchentes, aferindo grandezas como a altura da água e a pressão. A implementação desse sistema, chamado de e-NOE, passou por estudos de caso realizados em cidades do interior de São Paulo, os quais foram bem-sucedidos. A partir disso, esses sensores foram ganhando novas funções, como a de detectar o nível de poluição dos rios. Mais recentemente, o foco dos pesquisadores Thiago Costa e Gustavo Furquim, que continuam esses estudos, é a previsão, já que “ao invés de dizer que ocorreu uma enchente em algum lugar, é melhor você ser uma espécie de guru para dizer ‘olha, ali daqui a cinco minutos vai encher’. Isso é mais valioso porque é possível evacuar as regiões afetadas e evitar tantas perdas materiais”, segundo o pesquisador. Esta edição do podcast Momento Tecnologia busca entender como esse sistema funciona e aborda as novidades da pesquisa, como o uso de técnicas de machine learning, computação em nuvem e mineração de dados para os sensores por meio de redes sociais, como o Twitter. Além disso, os especialistas contam o processo de aplicação desses recursos em São Paulo e também em Santa Catarina, e explicam quais são seus benefícios para a sociedade. Ficha técnica Reportagem e apresentação: Laura Alegre Edição de Áudio e Sonorização: Beatriz Juska
“É muito difícil para a grande maioria das pessoas imaginar o que significa aumentar a temperatura média do globo inteiro em 2°C”, diz Henrique Barbosa, cientista do clima e professor do Instituto de Física da USP. Dois graus podem não parecer grande coisa, mas quando eles representam uma média global, a conta não é tão simples quanto parece. Neste episódio de Ciência USP, Barbosa comenta os resultados de um estudo suíço que estimou como poderá ser o clima em 2050 em um conjunto de mais de 500 grandes cidades no mundo. A grande sacada do estudo foi comparar essas projeções com o clima das cidades do presente. Assim, eles podem dizer, por exemplo, que São Paulo poderá ter um clima similar ao que hoje é típico de Miami. E também podem fazer o alerta: um grande número de cidades terá de conviver com climas que hoje não existem em nenhum lugar do mundo. As estimativas, que podem ser consultadas nessa visualização, foram feitas com um modelo considerado otimista pelos cientistas do clima. Mesmo assim, implicam uma série de problemas para as populações urbanas, incluindo ondas de calor, mais problemas de saúde, secas e enchentes. Conversamos também com Nabil Bonduki, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, sobre algumas políticas públicas que as cidades podem adotar para mitigar os efeitos da mudança climática – ou, pelo menos, adaptar-se a eles. Ainda neste episódio… Uma pesquisa realizada na Amazônia indica que pastagens malcuidadas aumentam as emissões de metano, um dos principais gases do efeito estufa. Segundo esse pesquisador do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, em Piracicaba, entre 60% a 80% das áreas desmatadas na Amazônia são utilizadas como pastos e metade deles estão degradados em algum nível. Ficha técnica Apresentação: Silvana Salles Produção: Fabiana Mariz, Silvana Salles e Caio Santana Edição de som: Rafael Simões e Beatriz Juska
De acordo com dados de 2018 da Coordenadoria do Sistema Municipal de Bibliotecas de São Paulo, a capital paulista tem 54 bibliotecas públicas municipais. Os espaços estão espalhados entre as quatro regiões da cidade, as chamadas zonas leste, sul, norte e oeste. O acervo somado dessas bibliotecas é de 1.916 milhões de itens e, no último ano, foram registrados 648 mil empréstimos. Apesar de os números serem impressionantes a princípio, com uma população de 12 milhões de pessoas, a quantidade limitada de bibliotecas não atende grande parte da população que, muitas vezes, desconhece seus vários serviços que vão além do empréstimo de livros. Ciente disso, o Momento Cidade desta semana faz a pergunta: você sabe para que servem as bibliotecas públicas de São Paulo? “As bibliotecas vêm se reinventando, hoje uma biblioteca pública não é de forma alguma ‘mais um local de livros’, pura e simplesmente. Hoje, a biblioteca pública é um centro cultural”, explica Gabriela Pedrão, bibliotecária formada na USP em Ribeirão Preto, que defendeu um doutorado na área de Ciências da Informação e, paralelamente, possui um canal no YouTube em que conversa um pouco sobre literatura e biblioteconomia. Para ela, “é muito importante as pessoas entenderem que a biblioteca hoje é um local que abrange muito mais do que apenas a literatura e sair daquela versão rotulada de biblioteca silenciosa e restritiva”. Esta opinião é partilhada pela especialista Adriana Ferrari, ex-diretora do Sistema Integrado de Bibliotecas (SIbi) da USP e atual diretora da Biblioteca Florestan Fernandes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Para ela, as bibliotecas existem para fazer “pessoas felizes”. A bibliotecária, que foi coordenadora da Unidade de Bibliotecas e Leitura na Secretaria de Estado da Cultura do Governo de São Paulo (2007-2015) e idealizou os projetos da Biblioteca de São Paulo e da Biblioteca Parque Vila Lobos, defende prioritariamente esses espaços como “lugares de pessoas”, que devem ser acessíveis para todos. Quando questionada sobre como ela enxergaria uma São Paulo com uma rede maior de bibliotecas, que oferecem múltiplos serviços para a população, Adriana foi categórica ao afirmar que vê “uma São Paulo mais humana” já que, “uma cidade que investe na cultura é uma cidade mais tolerante, mais humana, mais justa, mais igualitária e menos violenta”. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco e Pedro Ezequiel Barros Edição: Rafael Simões, Beatriz Juska e Paulo Calderaro
Desde que a primeira cidade surgiu, a ideia de reunir muitas pessoas em um mesmo espaço se espalhou rapidamente, dando origem às grandes civilizações. Mas juntar uma população cada vez maior em um mesmo ambiente, sem tomar uma série de cuidados, tais como ter um sistema de saneamento básico, por exemplo, também deu origem a um dos piores males que a humanidade já enfrentou: as epidemias. Com isso em mente, o Momento Cidade desta semana procurou professores e pesquisadores da USP para responder a pergunta: a cidade de São Paulo está preparada para enfrentar uma epidemia? Para o professor Marcos Boulos, do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina (FM) da USP, “é muito difícil falar que uma cidade grande, com as dimensões de São Paulo, esteja preparada para enfrentar epidemias”. De acordo com o especialista, a cidade hoje não estaria preparada para uma epidemia de infecções respiratórias, por exemplo. “Grandes centros urbanos, principalmente centros urbanos empobrecidos, onde as pessoas vivem muito próximas, às vezes muitas pessoas numa mesma casa em condições habitacionais inadequadas, facilitam as transmissões respiratórias”, pontua o docente. De acordo com ele, uma das medidas para se combater essa ameaça constante é a criação de melhores políticas públicas. “Com a política pública adequada você faz com que as pessoas tenham as informações para evitar as doenças. A política pública, de uma certa maneira, obriga que os entes públicos tomem conta do seu pedaço”, sumariza. São Paulo já enfrentou grandes epidemias, com consequências severas para a cidade. O assunto foi tema de um estudo de pós-graduação da especialista Anna Cristina Rodopiano, historiadora e pesquisadora do Centro de Memória da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. O trabalho mapeou como uma epidemia de gripe espanhola, a maior da história, apavorou os moradores de São Paulo no começo do século 20. “A epidemia de gripe espanhola é considerada até hoje a maior epidemia da história, ela atingiu de 80% a 90% da população do planeta, contabilizando os enfermos, um número estimado de 20 a 40 milhões de mortes”, explica Anna. Para a especialista, a organização da sociedade naquele momento foi essencial no socorro aos doentes. “A epidemia teve seu ápice e teve o seu término em torno de um mês e meio, dois meses de uma forma extremamente rápida e assustadora; o que foi determinante, naquele momento, não para evitar, porque aí o contágio já era inevitável, mas para fazer o acolhimento e prestar assistência, foi a organização da sociedade”, relembra ela. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco e Maria Paula Andrade Edição: Rafael Simões, Beatriz Juska e Paulo Calderaro
Para os entrevistados deste episódio do Ciência USP, inteligência não é exclusividade do Homo sapiens. Mas fazer essa afirmação não é algo sem problemas. O tema da inteligência dos outros animais ainda é permeado por polêmicas. Principalmente porque tudo pode mudar de acordo com a definição de inteligência que for adotada. Apesar da polêmica envolvendo o assunto, alguns exemplos animais do uso de cognição para resolver problemas saltam aos olhos. E todos eles têm origens na evolução, na cultura e no desenvolvimento individual. A primatóloga Patrícia Izar, professora do Instituto de Psicologia (IP) da USP, conta que os macacos-prego desenvolveram sistemas diferentes de navegação e localização de acordo com os ecossistemas em que vivem. Na Mata Atlântica, em São Paulo, um grupo de macacos-prego é capaz de criar atalhos para chegar às fontes de alimentos saindo de qualquer ponto de partida. Em uma área de transição entre Cerrado e Caatinga no sul do Piauí, eles usam rotas fixas. Em contrapartida, também usam ferramentas, coisa que não acontece em São Paulo. Pós-doutorando no IP, Marco Varella lembra do exemplo impressionante de uma família de aves na Austrália que tem um senso estético bastante apurado. Os machos constroem ninhos coloridos e elaborados para atrair as fêmeas, que são extremamente criteriosas na hora de julgar a arte dos machos. Varella estuda as origens das propensões artísticas humanas e defende que, quando colocamos o homem no centro de tudo, corremos o risco de não perceber que existem semelhanças, continuidades e gradações nos comportamentos e habilidades de diferentes espécies. Recentemente, ele publicou uma revisão científica sobre a nossa capacidade de antropomorfizar fenômenos naturais, objetos e outros animais. E, ainda, neste episódio… O Cern (da antiga sigla em francês para Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) é a sede do maior experimento científico do mundo, o Grande Colisor de Hádros (LHC). A editora de ciências do Jornal da USP, Luiza Caires, visitou em julho este importante centro de pesquisa localizado na fronteira da Suíça com a França e conta como são as coisas lá dentro. Ficha técnica Apresentação: Silvana Salles Produção: Fabiana Mariz, Luiza Caires, Marcelo Canquerino e Silvana Salles Edição de áudio: Rafael Simões e Beatriz Juska
Quando se imagina uma cidade inteligente, normalmente a visão é de uma cidade futurista, em que tudo está conectado e acessível na tela do celular. Entretanto, esse tipo de inteligência deveria significar mais do que soluções tecnológicas pontuais. Para especialistas, uma cidade verdadeiramente inteligente é um lugar que soluciona seus problemas com fatos. Pensando nisso, o Momento Cidade desta semana procurou professores e pesquisadores da USP para responder a pergunta: O que falta para São Paulo virar uma cidade inteligente? Para Fabio Kon, professor de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Pesquisa Para Cidades Inteligentes, “uma cidade é inteligente quando ela usa os seus recursos e a sua infraestrutura de uma forma racional, de forma a minimizar os desperdícios, minimizar a poluição, minimizar os custos para a sociedade e maximizar a qualidade de vida para a sua população”. De acordo com o especialista, estabelecer parcerias entre o governo local, universidades e empresas é a chave para a implementação de boas políticas públicas, que podem transformar uma cidade como São Paulo em uma grande metrópole inteligente. Já para a professora Gisele Craveiro, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), usar dados para resolver problemas é a definição de inteligência. Ela, que coordena o Co-Laboratório de Desenvolvimento e Participação (Co-Lab) da USP, também estuda soluções para cidades inteligentes. Para Gisele, pensar em cidade inteligente envolve fazer as perguntas certas. “A gente tem que primeiro saber fazer as perguntas para depois saber buscar as respostas”, elabora. Na opinião da professora, ir além da implementação tecnológica e da coleta de dados envolve questionar “como nossa conexão pode ser mais ampla e como os habitantes da cidade podem estar envolvidos nesse processo”. Para ambos os docentes, uma São Paulo que pensa suas políticas públicas com base em dados e na participação da população é uma cidade com menos carros, mais bicicletas e um transporte público mais racional, por exemplo. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco Edição: Rafael Simões, Beatriz Juska e Paulo Calderaro
As primeiras cidades surgiram, entre outros motivos, por causa da produção de alimentos. Foi o excedente dessa produção que deu origem às grandes civilizações antigas. Entretanto, conforme as cidades foram se modernizando, a agricultura passou a se afastar cada vez mais dos grandes centros urbanos. Para entender como isso afeta as grandes cidades ainda hoje, e como a produção local de alimentos pode melhorar a vida urbana, o Momento Cidade reuniu especialistas para responder à pergunta: Como é possível produzir alimentos na cidade? Conforme explica André Biazoti, formado em Gestão Ambiental pela USP em Piracicaba e pesquisador na área, a “agricultura urbana é um conceito multidimensional que envolve diversas realidades, diversas práticas, diversas formas de se conceber uma agricultura dentro de um espaço urbano”. De acordo com Biazoti, atualmente a produção que pode ser feita nas áreas da cidade é bem diversa, indo desde a produção alimentar e a produção animal até a produção de flores, de plantas ornamentais ou mesmo de madeira. Para Gustavo Nagib, doutorando da pós-graduação em Geografia Humana da USP e autor do livro Agricultura Urbana como Ativismo na Cidade de São Paulo, publicado em 2018 pela Annablume Editora, é preciso diferenciar os diferentes tipos de agricultura que existem na cidade. “Existe a agricultura que é voltada para a produção, geração de renda, abastecimento e a agricultura que é voltada para a socialização, a pedagogia, no sentido da sensibilização da educação ambiental na cidade, da reocupação dos espaços públicos da cidade; a produção agrícola é importante como ferramenta de socialização e reocupação do espaço público”, esclarece Nagib. Para ambos os especialistas, é crucial que instituições como as universidades pesquisem o assunto e entendam o impacto da agricultura urbana nas grandes cidades. Já para Thais Mauad, professora da Faculdade de Medicina (FM) da USP e coordenadora do Grupo de Estudos de Agricultura Urbana do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, investir em agricultura urbana traria diversas vantagens para a população que vão desde a melhoria na alimentação até a redução da poluição, já que com alimentos sendo produzidos mais próximos dos consumidores a logística de transporte e, consequentemente, o consumo de combustíveis, mudariam drasticamente. Para ela, a Prefeitura pode ajudar a incentivar os trabalhadores que já produzem na cidade. “Um dos problemas que essas pessoas têm é falta de apoio técnico, e a Prefeitura tem poucos agrônomos. Outra coisa, por exemplo, é que a Prefeitura pode disponibilizar terrenos (para plantio)”, explica a docente. Dentre as inúmeras vantagens de se incentivar a produção local de alimentos, os pesquisadores destacam que um maior número de áreas verdes nas cidades ajudaria no controle do aumento da temperatura, da umidade e resultaria também na melhora da qualidade do ar. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco Edição: Rafael Simões, Beatriz Juska e Paulo Calderaro
De acordo com o Mapa Hidrográfico do Município de São Paulo, existem 287 rios, riachos e córregos paulistanos. A maioria deles está escondida debaixo do asfalto e do concreto. Já os grandes rios visíveis da cidade de São Paulo, o Pinheiros e o Tietê, são cercados por avenidas, as famosas Marginais. Ambos estão poluídos, acumulando em suas águas uma quantidade tóxica de resíduos industriais e esgoto doméstico. Ciente desta triste realidade, o Momento Cidade buscou especialistas para responder: será que algum dia nós vamos poder nadar nos rios de São Paulo? Para a professora Monica Porto, da Escola Politécnica (Poli) da USP, o futuro é otimista, mas não tanto a ponto de um dia podermos nadar nos rios paulistanos. “Podemos ter os rios despoluídos e podemos ter um rio que compõe a nossa paisagem urbana. Agora, para nadar no rio é exigida uma qualidade da água muito boa”, aponta a professora ao deixar claro que cidades grandes exercem um impacto considerável de poluição sobre os seus rios, e isso dificulta o cenário em que seria possível nadar neles. Um outro agravante que contribui para a poluição dos rios de São Paulo envolve os assentamentos irregulares próximos dos rios. Para o professor José Carlos Mierzwa, também da Poli, “na medida em que se ocupa, se diminui a capacidade de concentração de água para continuar alimentando esses mananciais. Isso não só reduz a recarga das reservas, como também intensifica a poluição das águas”. Ainda assim, para Alexandre Delijaicov, docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e coordenador do Grupo Metrópole Fluvial, é possível imaginar um cenário positivo, no qual nossos grandes rios se tornarão o centro da vida urbana em São Paulo. Para o especialista, tudo começa com uma mudança em nossa mentalidade, no nosso modo de vida que inclui, por exemplo, um consumo mais consciente e métodos mais inteligentes de descartar nosso lixo. Além disso, novas técnicas sugeridas pelo próprio grupo do professor na FAU podem auxiliar na captura e tratamento dos muitos resíduos que vão parar nos rios da capital hoje em dia. Para fazer isso, o professor sugere um dispositivo batizado de “microestação de tratamento de águas pluviais”. Com a implantação dessas microestações, a sujeira poderia ser interceptada antes de ir para os córregos e rios. Para os três especialistas, a despoluição dos rios é um esforço conjunto entre governo, empresas e população. A receita envolve que a Prefeitura forneça alternativas dignas de moradia para quem vive na área de mananciais, mude a forma como se intercepta a sujeira do esgoto e das chuvas que vai para os rios e envolva a população, conscientizando sobre a importância dos rios e do descarte adequado do lixo. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco Edição: Rafael Simões, Beatriz Juska e Paulo Calderaro
Para todos aqueles que vivem na democracia, usar o poder do voto para decidir o destino das cidades é uma realidade corriqueira. De quatro em quatro anos, brasileiros dos 26 Estados e 5.570 municípios vão às urnas para eleger os prefeitos e vereadores que comandarão a cidade. Entretanto, em um regime democrático, existem outras formas de influenciar as decisões daqueles que exercem o poder. Pensando nisso, o Momento Cidade desta semana faz a pergunta: Como nós, pessoas comuns, podemos influenciar as decisões dos prefeitos? Para João Sette Whitaker Ferreira, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, é preciso “reverter esse processo de achar que o Executivo municipal que vai ser eleito e resolver tudo”. Para o ex-Secretário Municipal de Habitação de São Paulo, a população deve se envolver mais na tomada de decisões e a Prefeitura precisa fortalecer os mecanismos de decisão descentralizada. Para ele, considerando a complexidade de uma cidade como São Paulo, tomar decisões sobre políticas públicas e destinação de verbas deveria ser um exercício de cidadania. Já para o geógrafo Bruno Hidalgo é necessário desburocratizar os canais em que a população é consultada. Em especial, ampliar a divulgação de reuniões dos chamados Conselhos Participativos, que acontecem regularmente nas 32 Subprefeituras, que administram os 96 distritos da capital paulista. Ao realizar um mestrado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Hidalgo acompanhou, durante meses, as reuniões dos conselhos e identificou problemas-chave. “Foi muito frequente ouvir que alguns dos conselheiros eleitos começam a frequentar as reuniões e percebem aos poucos que os seus anseios não vão ser resolvidos ali, no curto prazo”, explica ele. Por isso, especialistas como o professor José Carlos Vaz, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, defendem que as associações da sociedade civil devem ser consideradas essenciais no estabelecimento do diálogo entre a população e o Estado. “A construção de iniciativas de parte da sociedade civil para processos que, de alguma maneira, incidam sobre o governo na internet pode ser útil”, defende ele ao teorizar que unir esse tipo de organização com as novas tecnologias pode significar uma maior participação dos cidadãos no governo, mesmo fora das eleições. “Se você puser uma plataforma de discussão em que 300 mil pessoas estão opinando sobre o governo, o governo vai olhar para isso. Começa a ficar difícil não olhar”, reforça. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco, com a colaboração de Silvana Salles. Edição: Rafael Simões, Beatriz Juska e Paulo Calderaro Momento CidadeO Momento Cidade vai ao ar na Rádio USP, quinzenalmente, sextas-feiras, às 8h05 na Rádio USP – São Paulo 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz e também nos principais agregadores de podcast .
O carboidrato ganhou fama de vilão porque está presente em grandes quantidades em pães bolos, massas, pizzas, doces… Tudo aquilo que a gente ouve por aí que deve evitar, se quiser emagrecer. No entanto, em uma dieta equilibrada, ele equivale a mais de 50% da alimentação diária. Para desfazer alguns mitos relacionados a esse importante nutriente, Ciência USP conversou com as nutricionistas Eliana Bistriche e Kristy Coelho, ambas pesquisadoras do Centro de Pesquisa em Alimentos – FoRC e colaboradoras do site Alimentos Sem Mitos, e o farmacêutico João Victor Cabral Costa, que faz doutorado em bioquímica no Instituto de Química da USP e integra a equipe do canal Nunca Vi 1 Cientista. E mais: no destaque deste episódio, falamos sobre um estudo da Universidade de York, no Reino Unido, que analisou a presença de 14 antibióticos em amostras de águas de rios de 72 países. O resultado é preocupante. Foram encontrados antibióticos em rios de 65% das regiões monitoradas. Em alguns casos, a concentração das substâncias foi 300 vezes maior do que o limite máximo de segurança estipulado pela associação da indústria farmacêutica. Ficha técnica Apresentação: Silvana Salles Redação: Luiza Caires e Silvana Salles Produção: Silvana Salles, Fabiana Mariz, Matheus Souza e Caio Santana Edição de som: Rafael Simões e Beatriz Juska
Um estudo publicado em 2017 pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, apontou que as árvores ocupam só 11,7% das ruas de São Paulo. Em comparação, as cidades com maior cobertura vegetal são Vancouver, no Canadá, com 25,9% e Cingapura, com 29,3%. Não por acaso, os dois locais estão no topo da lista de “melhores cidades para se viver”, de acordo com os critérios estabelecidos pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Com estes fatos em vista, o segundo episódio do Momento Cidade questionou: Plantar mais árvores melhoraria a vida em São Paulo? Para responder a essa pergunta, entrevistamos o professor Ricardo Ribeiro Rodrigues, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. Rodrigues é coordenador do Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal da USP. Para ele, a maior presença de árvores na cidade contribui não apenas na regulação térmica local, mas “também por fazer um papel importantíssimo na questão ecológica, porque essas árvores formam uma pequena matriz, mas mesmo isoladas elas têm um papel importante para a conservação da fauna e da flora”. Além dele, conversamos com a pesquisadora Bruna Lara Arantes, que defendeu um mestrado na USP sobre a influência das árvores urbanas na melhoria da saúde pública em São Paulo. Comparando dados de casos de câncer de pulmão obtidos pela Faculdade de Medicina (FM) da USP e dados da estações da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) sobre poluentes de carro, a especialista identificou que certos locais da cidade são mais problemáticos para a saúde de quem passa ou convive por ali. “Tem muito mais poluição na cidade de São Paulo e isso vai diminuindo conforme vamos para as periferias. E os casos de saúde pública que estão relacionados com a poluição, como, por exemplo, o câncer de pulmão, que foi o que estudamos, também segue essa distribuição. O centro da cidade de São Paulo oferece um ambiente com muito menos atrativos para a saúde pública e ambiental para a população”, exemplifica ela. Durante a pesquisa, Bruna registrou que era possível correlacionar a presença ou a ausência de árvores com a situação econômica dos bairros de São Paulo. De acordo com os dados, quanto mais árvores, maior a renda no local. Para ambos, é preciso que os governantes formulem políticas públicas focadas em arborização, ao mesmo tempo em que investem na redução de poluição para garantir a melhora na saúde pública e ambiental de São Paulo. Ouça o podcast na íntegra no player acima. Siga no Spotify, no Apple Podcasts ou seu aplicativo de podcast favorito. Ficha técnica Reportagem: Denis Pacheco e Pedro Ezequiel Barros Edição: Rafael Simões, Beatriz Juska e Paulo Calderaro Momento CidadeO Momento Cidade vai ao ar na Rádio USP, quinzenalmente, sextas-feiras, às 8h05 na Rádio USP – São Paulo 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz e também nos principais agregadores de podcast .
Há anos, o Brasil sofre com casos envolvendo fraudes e irregularidades no setor de combustíveis. Isso acontece porque existe uma grande quantidade de estabelecimentos que necessitam de fiscalização, entretanto, o modelo atual de inspeção não é eficiente por demandar o comparecimento presencial dos fiscais. Nesta edição do Momento Tecnologia, destacamos uma tecnologia desenvolvida por pesquisadores da USP que pode ajudar na solução destes problemas: o Sistema Autenticador e Transmissor (SAT). O equipamento é responsável por transmitir dados coletados na bomba diretamente para a Secretaria da Fazenda e essas informações são capazes de indicar padrões suspeitos que devem ser checados presencialmente. O objetivo do projeto, que já está sendo implementado no estado de São Paulo, é sua expansão para todo o território nacional. Para os pesquisadores, o equipamento pode não só ajudar a esfera tributária, mas também a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Para receber atualizações com novos episódios, assine o feed do podcast Momento Tecnologia. Estamos também no Spotify, no iTunes, Google Podcasts, entre outros apps. Quinzenalmente, às terças-feiras às 8:05 na Rádio USP (93,7 FM e streaming). Ficha técnica Reportagem e apresentação: Mayumi Yamasaki Edição de Áudio e Sonorização: Beatriz Juska