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“A mudança do clima já não é uma ameaça do futuro, mas uma tragédia do presente”. Esse foi o tom do discurso de Lula naabertura da COP30. E mais:- Cúpula UE-Celac termina marcada por tensões, indiretas diplomáticas e recados ao mundo- Presidente do Conselho Europeu afirma que países integrantes da Cúpula UE-Celac chegaram a “uma posição comum sobre as questões mais críticas do momento”- Trump recebe presidente sírio Ahmed al-Sharaa e afirma que avançaram negociações sobre segurança regional, um possível acordo entre Síria e Israel e a entrada formal da Síria na coalizão liderada pelos EUA contra o Estado Islâmico Notícias em tempo real nas redes sociais Instagram @mundo_180_segundos e Linkedin Mundo em 180 SegundosFale conosco através do redacao@mundo180segundos.com.br
No podcast ‘Notícia No Seu Tempo’, confira em áudio as principais notícias da edição impressa do jornal ‘O Estado de S.Paulo’ desta segunda-feira (10/11/2025): Três décadas depois da primeira edição, a Conferência do Clima da ONU passa por teste de credibilidade, em um momento de ceticismo nas negociações entre países. Na COP-30, que começa hoje em Belém (PA), o Acordo de Paris completa dez anos. Ele definiu as metas de emissão de cada nação para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, as chamadas “Contribuições Nacionalmente Determinadas” (NDC, na sigla em inglês). Neste ano, os signatários do acordo devem revisar suas metas e apresentar novos objetivos. Até agora, no entanto, apenas 67 de um total de 196 países submeteram suas novas metas. Os EUA não participam da conferência. Especialistas esperam que a cúpula de Belém aponte pelo menos caminhos para transição energética, financiamento de projetos e iniciativas e metas climáticas. E mais: Metrópole: Presidente da COP-30 quer fazer da conferência a “COP da adaptação” e enfrentar temas centrais do clima Internacional: Presidente do Conselho Europeu revela últimos passos para assinatura do acordo Mercosul-UE Economia: ‘Sobra’ do novo IR pagará dívidas e comprará itens para o dia a dia Política: Acórdão do STF engaveta regulação das big techs Esportes: Norris vence; Verstappen larga dos boxes e vai ao pódio em InterlagosSee omnystudio.com/listener for privacy information.
O luso-belga Joseph Figueira Martin foi condenado a 4 de Novembro de 2025 pela justiça da República centro-africana a 10 anos de trabalhos forçados e ao pagamento de 50 milhões de francos CFA num caso de suposto atentado contra a segurança interna e organização criminosa. E isto após ter sido raptado em Maio do ano passado no leste da RCA por supostas milícias russas Wagner, numa área onde actuavam grupos rebeldes, e posteriormente ter sido encarcerado. A defesa apresentou recurso da sentença deste antropólogo luso-belga, que na altura trabalhava para a ong americana Family Health International 360. A família insurge-se contra esta decisão do Tribunal de Bangui de 4 de Novembro: Georges Martin é irmão de Joseph Figueira Martin, ele denuncia um julgamento que considera injusto, denunciando supostas provas forjadas e a tortura que o irmão teria sofrido. Eu gostaria de, num primeiro momento, expressar a mais profunda indignação da família inteira em relação à sentença de dez anos de trabalhos forçados. O Joseph está sendo acusado de conspiração criminosa e de tentativa de desestabilização do governo centro-africano, enquanto as suas interações com grupos armados apoiaram indiretamente as acções da ONU e da sua missão de paz. Então, todos os esforços do Joseph foram no sentido de promoção da paz na República Centro-Africana e a condenação dele é inteiramente injusta. Conseguiu falar com ele? Como é que ele está? Como é que ele se sente, depois do choque da condenação? Infelizmente, ainda não pudemos, não foi possível conversar diretamente com ele. Conseguimos novamente mensagens através das autoridades presentes na República Centro-Africana, que são os cônsules honorários de Portugal e esperamos que seja possível libertar ele o mais rapidamente possível. E as autoridades da Bélgica, de Portugal, da União Europeia: estão cientes do que está a acontecer ? Acredita que eles vão poder agir? Sim, sim. A família tem estado em contato constante com as autoridades da Bélgica e esperamos que eles, em conjunto com o Parlamento Europeu e com o Conselho Europeu, consigam elaborar uma intervenção urgente para que o Joseph seja libertado. Em relação a Portugal, infelizmente não tivemos apoio nenhum por parte das autoridades portuguesas e esperamos que eles se envolvam também em libertar um cidadão português que está preso injustamente na República Centro-Africana. Gostaria também de destacar que o julgamento é completamente injusto e ele está repleto de falhas processuais. As provas usadas contra o meu irmão foram obtidas sob a ameaça de armas de calibre militar apontadas para o seu rosto. E todas essas supostas provas deveriam ser consideradas inadmissíveis em juízo, porque elas violam os princípios da justiça. Então o Joseph tem sido uma vítima de um processo inteiramente injusto e esperamos que todos os esforços possam ser redobrados por parte dos governos da Bélgica, de Portugal e da Comissão Europeia para que uma solução seja encontrada da maneira mais rápida possível. Tentei contactar o Ministério Português dos Negócios Estrangeiros. Disseram-nos que não seria possível conseguir uma reacção do ministro. A família também não entende a postura de Portugal no sentido. Fizemos diversas tentativas de contacto com eles para poder entender o que eles estariam fazendo para ajudar o Joseph a voltar para casa e até ao momento não obtivemos resposta. Então também gostaríamos de entender de que maneira Portugal se posiciona para com que um cidadão português seja libertado. Porque ele, antes de ir para a República Centro-Africana, ele morava em Tavira, no Algarve, é isso ? Exactamente. Ele mora em Portugal há alguns anos já. E a família, a maior parte da família, mora em Portugal também, então não entendemos a ausência de Portugal nesse caso. De realçar que em Julho passado o Parlamento Europeu aprovou uma resolução denunciando "a detenção arbitrária e a tortura de Joseph Figueira Martin» e apelado a sanções contra os responsáveis de tais actos contra este trabalhador humanitário. Num comunicado emitido a 6 de Junho a ONG Protect Humanitarians « condena esta sentença e apela à libertação incondicional" de Joseph Figueira Martin. Trata-se de um antropólogo luso-belga, especialista em transumância, que estava em Maio de 2024 no sudeste da RCA, região palco de rebeliões armadas. Ele tinha sido acusado de uma série de crimes, incluindo espionagem, a pena máxima que ele se arriscava a cumprir era prisão perpétua.
Em uma semana, o Brasil estará no foco das atenções do mundo, com o início da Cúpula do Clima em Belém, no Pará (COP30). Num contexto internacional desfavorável, a presidência brasileira do evento trabalha para que esta seja a COP da implementação: que a conferência enderece soluções para os países tirarem do papel as promessas feitas até aqui, para o enfrentamento do aquecimento do planeta. Lúcia Müzell, da RFI em Paris Em entrevista exclusiva à RFI, em Paris, o presidente designado da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, ressaltou que a revolução das energias renováveis desde a assinatura do Acordo de Paris, há 10 anos, traz razões para otimismo. “Antes do acordo, havia uma perspectiva de que a temperatura chegaria a no mínimo 4ºC até 2100, e agora já há um certo consenso científico que ela deve estar a caminho de 2,7ºC, se nós não fizermos ainda mais esforços", ressaltou. "Por mais que a gente não esteja no nível que nós deveríamos estar, muitos avanços aconteceram e nós podemos ser otimistas." A COP30 vai ocorrer em duas etapas: primeiro, nos 6 e 7, chefes de Estado e de Governo se reunião para a Cúpula dos Líderes na capital paraense, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O francês Emmanuel Macron e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, estão entre os que confirmaram presença, mas é esperado que Belém não receberá números expressivos de lideranças, ao contrário do que ocorreu na reunião em Dubai, há dois anos. Na sequência, de 10 a 21 de novembro, acontece a conferência propriamente dita, reunindo diplomatas, cientistas, especialistas, setor privado e sociedade civil, para duas semanas de negociações sobre os principais temas relacionados à mudança do clima. "Nós vamos ter anúncios muito importantes de aumento de recursos para adaptação", antecipa Corrêa do Lago. A preocupação de que os Estados Unidos não apenas não participem da COP, como atuem para bloquear qualquer acordo em Belém, paira sobre o evento. O país, maior emissor histórico de gases de efeito estufa, não tem participado das negociações prévias à conferência, mas poderia enviar uma delegação para as negociações oficiais. “A questão da participação americana ainda é uma incógnita”, reconheceu o diplomata. Confira os principais trechos da conversa: Quantos líderes exatamente vão participar da cúpula? Quais serão os chefes de Estado e de governo esperados e, depois dela, quantos países vão participar da Conferência do Clima de Belém? O número de autoridades que vão vir para cúpula ainda está indefinido, porque qualquer programação que inclua chefes de Estado hoje em dia é muito complexa: questões de deslocamento, segurança etc. Eu acredito que vai ser uma cúpula com alguns dos chefes de Estado mais relevantes, porque a liderança do presidente Lula hoje é particularmente notável no mundo e a questão do clima é um tema que alguns acreditam que diminuiu de intensidade do ponto de vista das trocas internacionais, mas quando a gente está falando de fortalecimento do multilateralismo, a questão do clima é absolutamente central. Então, eu acredito que nós vamos ter a esmagadora maioria dos países na COP. Dez anos depois da assinatura do Acordo de Paris, não podemos dizer que algum país tenha cumprido plenamente as suas metas climáticas. Nenhum grande emissor está, de fato, no caminho de limitar o aquecimento global a 1,5ºC, conforme o acordo prevê, entre eles o próprio Brasil. O que precisa acontecer em Belém para que essa conferência não seja lembrada como apenas mais uma rodada de promessas? Eu acho que tem certos países que estão no bom caminho, sim. Um deles é o nosso. A nossa NDC [Contribuição Nacionalmente Determinada, na sigla em inglês] para 2030 deve ser cumprida. Nós realmente temos sido exemplares, inclusive porque, como todos sabem, um dos grandes problemas das nossas emissões é o desmatamento. Eu acho que nós vamos continuar a ter números positivos no combate ao desmatamento. Outros países também progrediram de maneira significativa, aumentando os seus investimentos em renováveis. Tem uma quantidade de países que a gente não imagina que evoluiu de maneira incrível. Você pega o Uruguai, por exemplo: em oito anos, passou a ter tanta eólica que agora está com 99% da sua eletricidade renovável. O Quênia também está praticamente com 99%. Para nós, brasileiros, é natural, porque o Brasil tem renováveis há muito tempo, mais ou menos a 90%. Essa tendência tem se expandido de maneira impressionante. Vários países desenvolvidos estão reduzindo de maneira significativa as suas emissões. Ou seja, tem muitos resultados, e um dos que são muito claros é o quanto nós já conseguimos mudar o caminho que estava traçado antes do Acordo de Paris. Havia uma perspectiva de que a temperatura chegaria a no mínimo 4ºC até 2100, e agora já há um certo consenso científico que ela deve estar a caminho de 2,7ºC, se nós não fizermos ainda mais esforços. Ou seja, o Acordo de Paris funcionou para baixar, mas ainda não o suficiente. A expectativa é que nós poderemos progredir ainda mais, porque a economia que mais está crescendo e tem mais impacto sobre o clima, a chinesa, está clarissimamente voltada para o combate à mudança do clima. Então, eu acho que é isso que a gente gostaria muito que saísse de Belém: que o mundo reconhecesse que, por mais que a gente não esteja no nível que nós deveríamos estar, muitos avanços aconteceram e nós podemos ser otimistas. O Brasil pode continuar sendo um exemplo na área de clima depois de o Ibama autorizar os testes para a prospecção de petróleo na foz do rio Amazonas, apenas duas semanas antes da COP30? Nós temos instituições, e o momento em que essa autorização pôde ser concedida foi agora. É o Ibama a instituição que decidiu. Eu acho que isso mostra que o Brasil, como todos os países, tem interesses e circunstâncias diferentes. Em um país que se tornou um produtor importante de petróleo, como o Brasil, é preciso pensar no petróleo no conjunto da equação do nosso esforço para diminuir a dependência das energias fósseis. Isso parece um pouco estranho, mas o Brasil já demonstrou coisas extraordinariamente positivas, como nas energias renováveis. Nós somos, ao mesmo tempo, campeões das energias renováveis e um importante produtor de petróleo. É preciso que a sociedade brasileira decida quais são as direções que o país deverá tomar e esse é um debate muito importante no Brasil. Decisões sobre a adaptação dos países às mudanças climáticas, que durante muito tempo foi um tema tabu nas COPs, estão entre as apostas da Conferência de Belém. Quais são as medidas concretas que o senhor espera sobre a adaptação? Isso não abre o caminho perigoso de os países acabarem contornando o grande causador do problema, que são os combustíveis fósseis? Quando eu comecei a trabalhar na área de clima, mais ou menos no ano 2000, havia, sim, essa ideia. “Meu Deus do céu, se a gente já for cuidar de adaptação, a gente não vai fazer o esforço de mitigação” [redução de emissões]. E a verdade é que nós todos estávamos errados, porque nós não sabíamos que a mudança do clima chegaria tão rápido. Você vê hoje, no Brasil, uma percepção muito clara do impacto da adaptação. Quando você pega o que aconteceu em Porto Alegre, é uma coisa que poderia ter sido diminuída se as obras de adaptação tivessem sido feitas – e isso é um alerta para todas as cidades brasileiras, de certa forma. Mas quando os rios secam na Amazônia, não é uma questão de adaptação. Isso só a mitigação resolve. Então, nós temos que avançar com os dois juntos. Leia tambémDivisão de europeus sobre metas climáticas simboliza riscos à COP30 em Belém Mitigação tem uma outra dimensão que sempre a tornou mais atraente na negociação que é a seguinte: onde quer que você reduza as emissões, vai ter um impacto no mundo todo. E a adaptação é vista como um problema local, um problema de prefeitura ou de estados dentro de um país, o que também é uma percepção errada, porque a adaptação é algo que tem hoje muito claramente um impacto grande, inclusive na atração de investimento para um país. Um país que tem condições para receber fábricas, infraestrutura, vai fazer uma diferença gigantesca nos investimentos. Eu acho que a gente tem que entender que são dois problemas diferentes, mas que são dois problemas que não podem ser dissociados. Na COP de Belém, nós vamos ter anúncios muito importantes de aumento de recursos, porque um dos problemas é que, como adaptação não tem um efeito global, muitos países doadores preferem dar dinheiro para mitigação porque, de certa forma, indiretamente, eles serão beneficiados, enquanto a adaptação é uma coisa que vai atingir pessoas que eles nem conhecem. Eu acredito que, inclusive, os bancos multilaterais de desenvolvimento vão colocar a adaptação como uma prioridade absoluta. Diante de um contexto internacional delicado, a presidência brasileira da conferência também dá ênfase à implementação das metas, ou seja, viabilizar que essas promessas feitas nas COPs sejam cumpridas. Vai ter como impulsionar a implementação sem resolver o grande embate sobre o financiamento, que sempre bloqueia as COPs? O senhor reconheceu recentemente que não vai ser possível garantir já em Belém o US$ 1,3 trilhão por ano de financiamento que se estimam necessários. Não, ninguém vai aparecer um cheque com esses recursos. Mas o que há é uma consciência muito grande de que a mudança do clima está atingindo todos os setores da economia e os países em desenvolvimento não podem continuar a ter as responsabilidades, que ainda têm de assegurar educação, saúde, infraestrutura para as suas populações e, além do mais, incorporar a dimensão de mudanças do clima. Desde o início dessas negociações, os países desenvolvidos, que já emitiram muito para o seu desenvolvimento, teriam que contribuir. Eles têm contribuído menos do que se espera, mas eles têm contribuído. Dos US$ 100 bilhões que eram supostos aparecer entre 2020 e 2025, só a partir de 2023 é que ultrapassaram os US$ 100 bi que deveriam ter vindo. Agora, houve um acordo na COP de 2024 em Baku, de subir para US$ 300 bilhões a partir de 2035. Muitos países em desenvolvimento ficaram muito frustrados, porque ainda é muito pouco. É esse número que você disse sobre o qual nós estamos trabalhando, US$ 1,3 trilhão. Esse valor parece estratosférico. Na verdade, é um valor possível. Eu devo publicar dia 3 de novembro mais um relatório que deve sair antes da COP, assinado por mim e o presidente da COP29, sobre como traçar o caminho para conseguir US$ 1,3 trilhão. Especialistas em negociações climáticas temem que os Estados Unidos não apenas não participem da COP30, como atuem fortemente para bloquear qualquer acordo relevante na conferência. Essa é uma preocupação sua? Hoje há várias preocupações. Nas negociações oficiais, tudo tem que ser aprovado por consenso. Na verdade, qualquer país pode bloquear uma COP, e já aconteceu em várias negociações de um país se opor ao que os mais de 190 outros estavam de acordo. A questão da participação americana ainda é uma incógnita, porque, em princípio, os Estados Unidos, ao se retirarem do Acordo de Paris formalmente há 11 meses, apenas estão esperando a formalidade do trâmite. Eles têm que esperar um ano para sair formalmente, o que só vai acontecer em janeiro. Em princípio, os Estados Unidos não têm participado das negociações porque eles querem sair delas. Vamos ver como é que a coisa evolui, porque nós sabemos muito bem que há um contexto internacional um pouco especial. Os Estados Unidos têm participado muito ativamente de outras reuniões em organismos e convenções das quais eles não disseram que sairiam, que foi o que aconteceu com a Organização Marítima Internacional e na negociação de plásticos, em que os Estados Unidos foram muito atuantes. Mas eles estavam atuantes num contexto em que eles são membros plenos e pretendem continuar a ser membros plenos, que não é o caso do Acordo de Paris. Então, vamos ver como é que vai ser: se os Estados Unidos vão mandar uma delegação, e como vai ser a atuação americana em Belém. Leia tambémAmazônia: a equação delicada entre preservação e combate à pobreza
Edição de 25 de outubro 2025
No episódio desta semana do podcast Diplomatas, Teresa de Sousa e Carlos Gaspar (IPRI-NOVA) antecipam a reunião desta quinta-feira do Conselho Europeu, em Bruxelas, à luz dos últimos desenvolvimentos da guerra na Ucrânia e dos planos da União Europeia para investir na sua defesa. O anúncio (e adiamento) de uma cimeira entre Donald Trump e Vladimir Putin em Budapeste, na Hungria, organizada por Viktor Orbán, foi objecto de análise, assim como as posições dos líderes norte-americano e russo sobre o conflito em território ucraniano. A jornalista e o investigador discutiram ainda a estratégia de política externa dos Estados Unidos na América Latina, nomeadamente envolvendo a Venezuela, a Colômbia e a Argentina – que realiza no domingo eleições intercalares –, no contexto de crescente influência da China na região. Texto de António Saraiva LimaSee omnystudio.com/listener for privacy information.
Ontem ficámos a saber que o preço do metro quadrado em Portugal ultrapassou pela vez os 2 mil euros. Hoje, o tema da habitação vai estar em discussão no Conselho Europeu. Análise de Pedro Sousa Carvalho.
Em declarações exclusivas à SIC, o Presidente do Conselho Europeu, António Costa presta a sua homenagem à memória de Francisco Pinto Balsemão, salientando o perfil dialogante do fundador da Impresa. Recorda Balsemão como uma grande figura de Portugal, enquanto empresário e político, o contributo que teve ao dialogar com o Partido Socialista na revisão constitucional de 1982, que "institucionalizou a democracia". Um homem "interessado" e "envolvido nas questões europeias", relembra o antigo primeiro-ministro socialista.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A pouco mais de dois meses da 30ª Conferência do Clima da ONU, em Belém, os europeus não conseguem se entender sobre quais objetivos climáticos vão apresentar à comunidade internacional. A hesitação europeia cristaliza um contexto internacional desfavorável para a pauta ambiental, apesar dos efeitos das mudanças climáticas estarem, a cada ano, mais evidentes. Lúcia Müzell, da RFI em Paris O prazo oficial termina no fim de setembro e, até o momento, apenas 31 nações do mundo submeteram os seus compromissos. Um dos principais objetivos da COP30, sob a presidência brasileira, é que os países atualizem as suas promessas de descarbonização no horizonte dos próximos 10 anos. Com base nestes compromissos, será possível ter mais clareza se ainda é viável limitar o aquecimento global a 1,5°C até o fim deste século – a maior ambição do Acordo de Paris. Na Europa, o impasse acontece porque, ao mesmo tempo em que o bloco consolida a sua nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês), a ser entregue às Nações Unidas, os europeus também negociam os seus objetivos de redução de emissões de CO2 até 2040. Só que, em vez de a decisão sobre estes objetivos ocorrer em setembro, em âmbito ministerial, a discussão foi adiada para o fim de outubro, no próximo Conselho Europeu. Caberá aos chefes de Estado e de Governo dos 27 países chegarem, ou não, a um consenso. A negociação não será fácil e o acordo precisará ser aprovado por unanimidade. “Se não der certo, corremos o risco de termos um bloqueio institucional da questão climática, a apenas algumas semanas da COP, o que significaria corrermos o risco de chegarmos a Belém de mãos vazias”, resume Niel Makarov, especialista em políticas climáticas europeias e diretor do think tank Strategic Perspectives, em Bruxelas. “Isso mancharia a nossa credibilidade internacional na questão climática, justo a Europa, que sempre teve uma postura de vanguarda nisso. Nós estaríamos extremamente atrasados.” Negacionismo reforçado A saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris voltou a reforçar o negacionismo climático mundo afora, com impacto também no bloco europeu. Países como Hungria, Polônia e Eslováquia se opõem à meta de diminuição de 90% das emissões até 2040, como recomendado pela Comissão Europeia. O objetivo sinalizaria que o bloco estará no bom caminho para atingir a neutralidade de carbono até 2050. Entretanto, países como a França e a Alemanha, locomotivas da Europa, desejam mais clareza sobre o que exatamente entrará na conta da descarbonização e quais investimentos serão deslocados para a transição, por meio de uma política industrial verde. “O presidente da França caiu na tentação de levar o assunto para o Conselho Europeu, apesar de todos os riscos envolvidos: de chantagem dos países negacionistas, e de sinalizar uma confusão para os atores econômicos envolvidos nessa agenda”, diz Makarov. “A França está brincando com fogo, porque ela pode acabar contribuindo para reforçar os países que querem bloquear toda a agenda climática – e isso no ano de aniversário de 10 anos do Acordo de Paris.” O temor dos observadores do processo é que, se não houver acordo sobre a meta ambiciosa para 2040, o objetivo intermediário de 2035 acabe enfraquecido. A Polônia propõe que a NDC europeia prometa uma redução de 66% das emissões na próxima década – e não 72%, valor mais realista à luz do objetivo de -90% em 2040. Incertezas abalam confiança de investimentos verdes No meio empresarial, as incertezas sobre a ambição europeia já afetam a confiança dos investidores, indica Caroline Néron, diretora-geral de organização Impact France, que reúne 30 mil empresas comprometidas com a descarbonização da economia do país. “Quanto mais a dinâmica verde é fragilizada, mais o engajamento dos atores privados, mas também públicos, também se fragiliza”, afirma. “Nós queremos que a direção da Europa se estabilize, e que a dinâmica que tinha sido lançada se consolide. Ela foi abalada por tantas idas e vindas, ultimamente.” Célia Agostini, diretora-geral do Cleantech for France, incubadora de start-ups e fundos de investimentos em tecnologias de baixo carbono, pondera que os questionamentos levantados pela França são legítimos, já que a grande protagonista da transição energética no continente são os produtos chineses. A Comissão Europeia avalia que investimentos de pelo menos € 400 bilhões são necessários por ano para alavancar a indústria verde no bloco. “O que conta é que essa transição seja feita com equipamentos europeus e não seja dependente da China para os veículos elétricos ou os painéis solares, nem dependente dos Estados Unidos para a energia, com a importação de gás natural. Como vamos traçar essa trajetória com atores europeus?”, indaga. A China, maior emissora mundial de gases de efeito estufa, também não entregou à ONU as suas metas climáticas para 2035, mas promete divulgá-las dentro do prazo das Nações Unidas.
A entrevista de Carlos Moedas à SIC continua a provocar ondas de choque e até o presidente do Conselho Europeu, António Costa, assinou uma nota acusando o autarca de Lisboa de mentir e ofender a memória de Jorge Coelho. Disparar para todo o lado, mesmo com acusações sem adesão à realidade, foi uma estratégia que provocou um efeito bumerangue ou cumpre o duplo propósito de desviar as atenções e mobilizar o seu eleitorado? Neste episódio, conversamos com a coordenadora de política do Expresso, Liliana Valente.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Pesquisas arqueológicas em Moçambique estão a mostrar que o país foi uma “zona de charneira” nas movimentaçoes de populações entre a África Austral e a África Oriental na Pré-História. O trabalho está a ser orientado pelo arqueólogo Nuno Bicho que contou à RFI ter encontrado entre “300 ou 400 jazidas arqueológicas com vários períodos”, as mais importantes no Vale do Limpopo, no Vale do Save e junto ao ao Lago Niassa. Nuno Bicho começou as pesquisas arqueológicas em Moçambique há 15 anos. Desde então, o arquólogo da Universidade do Algarve encontrou entre “300 ou 400 jazidas arqueológicas com vários períodos”, nomeadamente no Vale do Limpopo, no Vale do Save e junto ao ao Lago Niassa. “Nós temos várias jazidas arqueológicas que são, digamos, dos últimos 100 mil anos”, ou seja, na Idade da Pedra Lascada, explica o investigador, acrescentando que há um “conjunto alargado de ocupações de várias Idades”. Moçambique é uma peça central para compreender a mobilidade das populações dentro de África e assim ir percebendo melhor o puzzle da evolução humana. Nuno Bicho explica porquê: “A nossa espécie Homo Sapiens aparece há cerca de 300 mil anos em África e move-se no continente africano e, por vezes, saiu do continente africano. Mas do ponto de vista genético, nunca teve resultados evidentes e apenas uma saída de África, da África Oriental, há cerca talvez de 80 mil anos, entre 80 e 60 mil anos, deu resultado para aquilo que somos hoje e espalhou a nossa espécie por todo o mundo. Aquilo que eu, neste momento, estou a tentar perceber, é como é que dentro de África, dentro do espaço do continente africano, se deram essas movimentações que permitiram a saída desse grupo, há cerca de 80 mil anos, para fora de África. Nós sabemos que há principalmente duas áreas muito importantes do ponto de vista de desenvolvimento cultural: uma é a África Austral e a outra é a África Oriental. Nós não sabemos ainda qual é a relação entre as duas e, aparentemente, do ponto de vista genético, parece haver informação que sugere que o grupo que saiu para fora da África veio da África Austral. Portanto, era fundamental perceber-se o que é que acontece entre as duas regiões. Ora, Moçambique é uma das áreas com potencial para se perceber como é que se deu esta mobilidade, esta migração interna ao continente africano e a ligação entre as duas regiões.” Assim, “Moçambique é uma zona de charneira” na conexão de populações que se movimentavam entre a África Austral e a África Oriental na Pré-História. Agora, é preciso perceber quando e como se cruzam. “Vamos proceder a um conjunto de análises, essencialmente de modelação matemática, que juntam os dados que vêm da África Austral com os da África Oriental e tentar perceber exactamente quando e como é que se deu esta passagem entre as duas áreas. Moçambique, naturalmente, estando no meio, é sem dúvida nenhuma, um elemento importante que nos vai permitir perceber esta movimentação e conexão”, acrescenta Nuno Bicho. Nas jazidas arqueológicas de Moçambique encontraram-se materiais dos nossos antepassados porque, geralmente, eram zonas com actividades diárias destes “caçadores-recolectores”. “Aquilo que nós podemos concluir é que muito devido às características dessa cultura material das ferramentas, parece haver uma diferença marcada entre a zona do Niassa e a zona do Save e do Limpopo e, portanto, significa que há áreas de influência cultural que são diferentes. Muito provavelmente do Niassa estão ligadas com Tanzânia e o Malawi (como regiões que se conhecem hoje politicamente), enquanto que as zonas do Save e do Limpopo se encontram mais relacionadas com a África Austral. Isso sabemos. Sabemos que eles utilizavam um conjunto alargado de espécies de animais, não sabemos quais ainda, mas saberemos no futuro através de várias análises. Sabemos que eles utilizavam um conjunto de outras espécies, nomeadamente espécies aquáticas, porque temos um conjunto alargado de conchas de várias espécies nalguns dos sítios arqueológicos. Também sabemos que eles utilizavam a casca dos ovos de avestruz essencialmente por motivos decorativos fazendo contas para colares, etc.” Há três anos o Conselho Europeu de Investigação concedeu uma bolsa de cinco anos ao arqueólogo que promete continuar as pesquisas e a procura de financiamento para prosseguir as pesquisas. Nuno Bicho tem trabalhado, no campo, com alunos de arqueologia da Universidade Eduardo Mondlane. Há artefactos que são tratados nos laboratórios do Departamento de Antropologia e Arqueologia dessa universidade moçambicana, mas há outros que são enviados para Portugal, analisados e depois retornados e depositados na Universidade Eduardo Mondlane. Por enquanto, ainda não é possível fazer tudo em Moçambique. “Não há capacidade financeira para investir em arqueologia, particularmente na Idade da Pedra. Esse é um aspecto. E segundo, a formação ainda é limitada na Universidade Eduardo Mondlane, que é a única universidade que tem arqueologia. Apesar de terem uma licenciatura e haver muitos alunos a terminar todos os anos felizmente - porque isso de facto promove o estudo do património arqueológico e possibilita uma defesa muito relevante - mas depois não tem formações avançadas após a licenciatura. São países externos como Portugal, como a Universidade do Algarve, que permitem fazer esse desenvolvimento. Neste momento, já há perto de meia dúzia de doutorados em Moçambique em Arqueologia. Há 15 anos, quando eu comecei, havia apenas uma pessoa. É muito relevante este trabalho. E não foi só a Universidade do Algarve a fazer isso, há universidades também na Suécia que promovem esse tipo de trabalho. Há vários doutorados na Suécia”, conta Nuno Bicho. O arqueólogo também esteve a pesquisar o mesmo período da evolução humana no Sudão, mas a investigação está, por enquanto, interrompida, no terreno, devido à guerra.
Pesquisas arqueológicas em Moçambique estão a mostrar que o país foi uma “zona de charneira” nas movimentaçoes de populações entre a África Austral e a África Oriental na Pré-História. O trabalho está a ser orientado pelo arqueólogo Nuno Bicho que contou à RFI ter encontrado entre “300 ou 400 jazidas arqueológicas com vários períodos”, as mais importantes no Vale do Limpopo, no Vale do Save e junto ao ao Lago Niassa. Nuno Bicho começou as pesquisas arqueológicas em Moçambique há 15 anos. Desde então, o arquólogo da Universidade do Algarve encontrou entre “300 ou 400 jazidas arqueológicas com vários períodos”, nomeadamente no Vale do Limpopo, no Vale do Save e junto ao ao Lago Niassa. “Nós temos várias jazidas arqueológicas que são, digamos, dos últimos 100 mil anos”, ou seja, na Idade da Pedra Lascada, explica o investigador, acrescentando que há um “conjunto alargado de ocupações de várias Idades”. Moçambique é uma peça central para compreender a mobilidade das populações dentro de África e assim ir percebendo melhor o puzzle da evolução humana. Nuno Bicho explica porquê: “A nossa espécie Homo Sapiens aparece há cerca de 300 mil anos em África e move-se no continente africano e, por vezes, saiu do continente africano. Mas do ponto de vista genético, nunca teve resultados evidentes e apenas uma saída de África, da África Oriental, há cerca talvez de 80 mil anos, entre 80 e 60 mil anos, deu resultado para aquilo que somos hoje e espalhou a nossa espécie por todo o mundo. Aquilo que eu, neste momento, estou a tentar perceber, é como é que dentro de África, dentro do espaço do continente africano, se deram essas movimentações que permitiram a saída desse grupo, há cerca de 80 mil anos, para fora de África. Nós sabemos que há principalmente duas áreas muito importantes do ponto de vista de desenvolvimento cultural: uma é a África Austral e a outra é a África Oriental. Nós não sabemos ainda qual é a relação entre as duas e, aparentemente, do ponto de vista genético, parece haver informação que sugere que o grupo que saiu para fora da África veio da África Austral. Portanto, era fundamental perceber-se o que é que acontece entre as duas regiões. Ora, Moçambique é uma das áreas com potencial para se perceber como é que se deu esta mobilidade, esta migração interna ao continente africano e a ligação entre as duas regiões.” Assim, “Moçambique é uma zona de charneira” na conexão de populações que se movimentavam entre a África Austral e a África Oriental na Pré-História. Agora, é preciso perceber quando e como se cruzam. “Vamos proceder a um conjunto de análises, essencialmente de modelação matemática, que juntam os dados que vêm da África Austral com os da África Oriental e tentar perceber exactamente quando e como é que se deu esta passagem entre as duas áreas. Moçambique, naturalmente, estando no meio, é sem dúvida nenhuma, um elemento importante que nos vai permitir perceber esta movimentação e conexão”, acrescenta Nuno Bicho. Nas jazidas arqueológicas de Moçambique encontraram-se materiais dos nossos antepassados porque, geralmente, eram zonas com actividades diárias destes “caçadores-recolectores”. “Aquilo que nós podemos concluir é que muito devido às características dessa cultura material das ferramentas, parece haver uma diferença marcada entre a zona do Niassa e a zona do Save e do Limpopo e, portanto, significa que há áreas de influência cultural que são diferentes. Muito provavelmente do Niassa estão ligadas com Tanzânia e o Malawi (como regiões que se conhecem hoje politicamente), enquanto que as zonas do Save e do Limpopo se encontram mais relacionadas com a África Austral. Isso sabemos. Sabemos que eles utilizavam um conjunto alargado de espécies de animais, não sabemos quais ainda, mas saberemos no futuro através de várias análises. Sabemos que eles utilizavam um conjunto de outras espécies, nomeadamente espécies aquáticas, porque temos um conjunto alargado de conchas de várias espécies nalguns dos sítios arqueológicos. Também sabemos que eles utilizavam a casca dos ovos de avestruz essencialmente por motivos decorativos fazendo contas para colares, etc.” Há três anos o Conselho Europeu de Investigação concedeu uma bolsa de cinco anos ao arqueólogo que promete continuar as pesquisas e a procura de financiamento para prosseguir as pesquisas. Nuno Bicho tem trabalhado, no campo, com alunos de arqueologia da Universidade Eduardo Mondlane. Há artefactos que são tratados nos laboratórios do Departamento de Antropologia e Arqueologia dessa universidade moçambicana, mas há outros que são enviados para Portugal, analisados e depois retornados e depositados na Universidade Eduardo Mondlane. Por enquanto, ainda não é possível fazer tudo em Moçambique. “Não há capacidade financeira para investir em arqueologia, particularmente na Idade da Pedra. Esse é um aspecto. E segundo, a formação ainda é limitada na Universidade Eduardo Mondlane, que é a única universidade que tem arqueologia. Apesar de terem uma licenciatura e haver muitos alunos a terminar todos os anos felizmente - porque isso de facto promove o estudo do património arqueológico e possibilita uma defesa muito relevante - mas depois não tem formações avançadas após a licenciatura. São países externos como Portugal, como a Universidade do Algarve, que permitem fazer esse desenvolvimento. Neste momento, já há perto de meia dúzia de doutorados em Moçambique em Arqueologia. Há 15 anos, quando eu comecei, havia apenas uma pessoa. É muito relevante este trabalho. E não foi só a Universidade do Algarve a fazer isso, há universidades também na Suécia que promovem esse tipo de trabalho. Há vários doutorados na Suécia”, conta Nuno Bicho. O arqueólogo também esteve a pesquisar o mesmo período da evolução humana no Sudão, mas a investigação está, por enquanto, interrompida, no terreno, devido à guerra.
Bahruz Samadov tem 30 anos, é pesquisador e pacifista – e foi injustamente condenado a 15 anos de prisão no Azerbaijão. Sua história, ignorada por líderes europeus, revela os silêncios convenientes da política internacional e mostra, mais uma vez, como o petróleo costuma pesar mais que a democracia. Thomás Zicman de Barros, analista político Hoje eu vou falar sobre o Azerbaijão. Sim, o Azerbaijão: um pequeno país que muitos sequer sabem apontar no mapa e que raramente recebe atenção no noticiário brasileiro. Para explicar o motivo, basta um nome e um sobrenome: Bahruz Samadov. Ele é um jovem pesquisador, de 30 anos, que acaba de ser injustamente condenado a 15 anos de prisão sob a acusação de alta traição. Sem dúvida, alguém pode se perguntar: “Mas o que isso tem a ver com a Europa?” – que, afinal, costuma ser o assunto dessa coluna. Esta crônica trata da Europa sob diversos aspectos. Primeiro porque, tecnicamente, o Azerbaijão faz parte da Europa. O país fica no Cáucaso, considerado a fronteira sudeste do continente. É banhado pelo Mar Cáspio, sua capital é a cidade de Baku e faz fronteira com a Geórgia, a Armênia – dois países também frequentemente incluídos no mapa político da Europa –, a Rússia, a Turquia e o Irã. É um país de maioria muçulmana xiita, mas com um governo, em princípio, laico. Além disso, o Azerbaijão é membro do Conselho da Europa, uma instituição que reúne quase todos os países do continente. E aqui podemos entrar no segundo ponto em que a Europa aparece nessa crônica: as relações entre líderes europeus e o governo azeri. Afinal, há países do continente que não integram o Conselho. A Rússia, por exemplo, foi expulsa após a invasão da Ucrânia. Belarus, por sua vez, jamais foi aceita. Em ambos os casos, o motivo é a cláusula democrática prevista pelo estatuto da organização, que, em princípio, só permite que lá estejam democracias. Então o Azerbaijão é uma democracia pujante? A realidade é mais complicada. País do ex-bloco soviético O Azerbaijão fez parte do Império Russo, depois integrou a União Soviética e, no início dos anos 1990, com o colapso do bloco socialista, se tornou um país independente. Seu primeiro presidente foi Heydar Aliyev, um homem forte da KGB nos tempos soviéticos, que depois passou o poder, em 2003, para o seu filho, Ilham Aliyev, que governa o país há 20 anos – e que inclusive colocou a própria esposa no cargo de vice-presidente. É verdade que o clã Aliyev tem apoio interno. O país cresceu muito nas últimas décadas, enchendo o bolso de alguns, apesar da desigualdade ter também aumentado. Isso dito, o apoio também é mantido pela perseguição a opositores e por um discurso nacionalista inflamado nos últimos três anos, quando o Azerbaijão iniciou uma controversa guerra com a Armênia pela região do Alto Carabaque. Trata-se de um território historicamente disputado – como tantos no antigo espaço soviético, onde fronteiras rígidas tentam separar povos que sempre viveram lado a lado –, e em 2023 o Azerbaijão forçou o êxodo da população armênia da região, num ato que muitos classificam como limpeza étnica. Mas, apesar de tudo isso, o Azerbaijão continua sendo tratado como um parceiro confiável. Por quê? Em grande parte porque Baku tem petróleo e gás. E petróleo e gás, como sabemos, podem em muitos momentos pesar mais do que compromissos com democracia e direitos humanos. Foi nesse contexto que Bahruz foi preso. Ele havia voltado ao Azerbaijão em agosto do ano passado para visitar sua avó, Zibeyde Osmanova, octogenária e única integrante viva da família. Era doutorando na Universidade Carlos, em Praga, e nunca se envolveu em qualquer ato de violência. Seu crime? Escrever colunas de opinião em inglês sobre política caucasiana e manter contato com outros ativistas pela paz – inclusive da Armênia. Isso foi o suficiente para ser acusado de traição e condenado a 15 anos de prisão. Na semana da condenação, ele tentou tirar a própria vida. Um colega de cela o salvou. Hoje, ele foi transferido para uma prisão numa região árida e isolada, em condições preocupantes. Bahruz se tornou um símbolo, um rosto para a repressão política no Azerbaijão. Mas está longe de ser um caso isolado: segundo organizações independentes, mais de 375 dissidentes estão atualmente presos no país, entre eles mais de 25 jornalistas, além de pesquisadores e ativistas forçados ao silêncio ou ao exílio. Silêncio A Europa, tão rápida em denunciar abusos quando a Rússia invadiu a Ucrânia, dessa vez ficou praticamente em silêncio. Quando o Azerbaijão inicia guerras e prende opositores, poucos reagem. Ao contrário: Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, trata Aliyev como um grande parceiro. No ano passado, o Azerbaijão sediou a COP29 – uma conferência do clima presidida por um país cuja riqueza vem do petróleo. E quase ninguém se escandalizou. A hipocrisia, nesse caso, salta aos olhos. Na última semana, com novos atritos entre Baku e Moscou – Azerbaijão e Rússia mantêm relações voláteis, mas ainda estão longe de serem inimigos –, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky fez questão de ligar para Aliyev e manifestar seu apoio público ao líder azeri, dizendo que ambos defendem a dignidade humana. Enquanto isso, o sistema judiciário do Azerbaijão condenava um jovem pacifista a 15 anos de prisão. O caso de Bahruz e tantos outros expõem com clareza os dois pesos e duas medidas da diplomacia europeia. Quando um país não tem petróleo – ou não interessa geopoliticamente – a repressão escandaliza. Quando tem e é nosso aliado, fecham-se os olhos. É por isso que hoje decidi falar sobre o Azerbaijão e sua farsa judiciária que prendeu Bahruz Samadov.
NESTA EDIÇÃO. Países europeus ficam sem energia. Espanha diz que é cedo para identificar as causas, mas Conselho Europeu descarta ciberataque. Atrito na disputa pelo conselho de administração da Eletrobras gera terceira advertência. Ex-ministro desiste de concorrer ao conselho fiscal. Ambientalistas e organizações da sociedade civil pedem a suspensão do próximo leilão de petróleo da ANP. China anuncia plano para veículos elétricos e aprova desenvolvimento de dez novos reatores nucleares.
Bruno Cardoso Reis analisa o fim do Conselho Europeu, em que a Hungria não assinou o acordo de apoio à Ucrânia. O historiador diz que Zelensky está disposto a cedências para manter o apoio dos EUA.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A muito aguardada chamada telefónica entre Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, na terça-feira, não trouxe nada de significativamente novo sobre o desenrolar da guerra na Ucrânia, sobre a estratégia militar de Moscovo ou sobre as prioridades da diplomacia da nova Administração norte-americana. A Rússia “aceitou” não atacar a infra-estrutura energética ucraniana durante 30 dias, mas mesmo essa “cedência” traz-lhe vantagens no campo de batalha: se Kiev fizer o mesmo, Moscovo pode reforçar as suas linhas e para impedir que os drones ucranianos bombardeiem as suas reservas de petróleo. “O resultado do telefonema foi muito simples: não há cessar-fogo. Quem acha que isto é um acordo ou é louco, ou está claramente a fazer o jogo de Putin. Trump reserva a pressão máxima para [Volodymyr] Zelensky e a pressão mínima ou ausência de pressão para Putin”, resume a Teresa de Sousa. “Há de facto um entendimento entre Trump e Putin”, acrescenta. “Não gostam da União Europeia e querem dividi-la; não gostam da NATO e querem dividi-la; aceitam ambos a ideia de um mundo dividido em zonas de influência pelas grandes potências internacionais – EUA, Rússia e China – (…) e ambos odeiam Zelensky, pela razão simples de que este lhes faz frente”. No episódio desta semana do podcast Diplomatas também conversámos sobre a aprovação da reforma do travão da dívida alemão, em vésperas do Conselho Europeu, que se realiza esta quinta-feira em Bruxelas. Segundo o Carlos Gaspar, trata-se de “sinal muito forte” de Berlim para a UE, para Putin “e para Trump”, já que permite que a Alemanha “ocupe o seu lugar no centro da concertação estratégica com a França e a Grã-Bretanha, que vai ser mais importante nos próximos tempos do que a UE a NATO.” Da Europa, passámos para o Médio Oriente: o regresso da guerra israelita na Faixa de Gaza, assume Carlos Gaspar, também tem uma “dimensão interna” – a necessidade de aprovação do Orçamento do Estado e de reforço da maioria do Governo de Benjamin Netanyahu –, mas enfatiza, sobretudo, que é “absolutamente indispensável que haja uma força internacional que garanta a segurança em Gaza e que impeça o Hamas de restaurar o reino de terror sobre os palestinianos.” Teresa de Sousa traça ainda um “paralelismo impressionante entre a lógica de actuação de Putin e de Netanyahu”, primeiro-ministro de Israel. “Netanyahu quer redesenhar um mapa do Médio Oriente a favor de Israel; e é esse o grande objectivo da sua ofensiva. Putin quer redesenhar um mapa de segurança europeia; é o principal objectivo da guerra da Ucrânia”, considera. “Ambos têm, de alguma maneira, o beneplácito da Administração americana; ambos têm como principal instrumento a guerra. Para os dois a guerra é fundamental; para os dois a guerra não vai parar”.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Em Bruxelas fala-se num “virar de página” e o virar de costas de Donald Trump à Europa, sacrificando a Ucrânia, está a fazer cair posições e princípios que se achavam imutáveis no campo do investimento em Defesa e em Segurança. Sem se importar com a dissonância húngara, o Conselho Europeu deu o seu aval ao plano de 800 mil milhões de euros, proposto por Von der Leyen para o sector militar e a Alemanha prepara-se para rever o “travão” da dívida. “Há aqui um susto, uma emergência que é nova”, justifica a Teresa de Sousa. Os europeus, sublinha, “entenderam finalmente” que “as intenções de Trump não estão nas entrelinhas; estão nas linhas, estão em tudo o que ele diz todos os dias.” “E nunca passou pela cabeça da Europa que ia haver um dia em que os EUA prefeririam aliar-se à Rússia contra ela”. Com a Europa focada na ameaça russa e no retraimento americano, a China juntou-se em Congresso para mostrar que está pronta para aproveitar a “belíssima oportunidade” concedida por Trump para se aproximar dos “aliados e parceiros” dos EUA. “Trump vai perceber que não tem condições, sozinho, por mais que esbraceje, para ombrear com a China”, alerta, no entanto, o Luís Tomé, professor catedrático e director do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Autónoma de Lisboa. “Se nós, europeus, não percebermos que quem garantia uma certa ordem baseada em regras quer agora destruí-la, com Putin, se calhar vamos correr o risco de ver uma acumulação [dos EUA]: não só com a Rússia e com Putin, mas com a China de Xi Jinping.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Ucrânia assinalou três anos da invasão russa com reforço de apoio da Europa e com vista ao fim do conflito com a Rússia mediado pelos EUA. Em Moçambique, Daniel Chapo prometeu combater as manifestações e os Naparamas. Em Angola, o silêncio do Presidente da República sobre sucessivos escândalos de corrupção está a ser questionado.
Com Donald Trump sentado à secretária da Sala Oval, em Washington D.C., a assinar furiosamente mais uma pilha de decretos presidenciais que podem pôr em causa décadas de práticas de diplomacia, António Costa recebeu na segunda-feira, em Bruxelas, os líderes do Conselho Europeu para um “retiro estratégico” sobre Segurança e Defesa. Dias antes, também na capital belga, Ursula von der Leyen apresentava a Bússola para Competitividade, da Comissão Europeia, um plano de “choque” para modernizar a economia da UE. Numa e noutra iniciativa, a ideia-chave parece ser a mesma: numa ordem internacional que caminha a passos largos para a multipolaridade, a Europa entende que, desta vez, tem mesmo de começar a dar passos concretos se quiser garantir autonomia estratégica; em relação à China de Xi, à Rússia e Putin… e aos Estados Unidos de Trump. Já atrasada, a união (ou a ideia de união) exibida pelos 27 em relação à necessidade de investimento militar e de crescimento económico terá, ainda assim, de esperar pelo que vai acontecer depois de os alemães irem às urnas. Triste, risonho ou apático, o futuro da emancipação europeia pode passar pelas eleições na Alemanha marcadas para o próximo dia 23. Uma Alemanha com os seus próprios – muitos – problemas internos, mas a Alemanha que há. A Europa pode esperar?See omnystudio.com/listener for privacy information.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, juntou os líderes europeus num retiro para discutir a defesa da União, mas do que mais se falou em Bruxelas foi mesmo das tarifas que Donald Trump começa a impor ao resto do mundo e que já disse também vão chegar ao velho continente. Neste episódio, conversamos com Susana Frexes, correspondente da SIC e do Expresso em Bruxelas. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Miguel Sousa Tavares analisa as conclusões do Conselho Europeu presidido por António Costa para concluir que "há uma onda de loucura e unanimidade belicista a percorrer os dirigentes do mundo". O cronista estranha que a Europa não tenha um plano de paz para a Ucrânia e lamenta que o encontro só tenha servido para manifestar apoio a Zelensky, esquecendo outros temas como o aquecimento global que ameaça o continente e que elege como o acontecimento mais importante do ano. À escala portuguesa, Sousa Tavares destaca a vitória tangencial da AD, mas sublinha a falta de transformações estruturais.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Miguel Sousa Tavares traça um retrato crítico do atual momento do PCP. Recrutar novos membros, como defendeu Paulo Raimundo no Congresso, parece-lhe impossível sem que o partido mude de estratégia: "o que tem para oferecer em troca?" Para o cronista, o PCP está "totalmente desfasado das causas de hoje". Sobre o arranque do novo Conselho Europeu, lamenta que a Europa não tenha um plano de paz para a Ucrânia, diz que "a confusão entre a NATO e a UE é total" e teme pela agenda de António Costa.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O PCP faz de conta que nunca viu o PS, nem António Costa; mas António Costa também não recebe flores dos comunistas, nem mesmo como presidente do Conselho Europeu. Afinal, o que foi a geringonça?See omnystudio.com/listener for privacy information.
Estivemos com António Costa nas primeiras horas do mandato como presidente do Conselho Europeu. Como é a nova vida do ex-primeiro-ministro? Rita Tavares, enviada especial, é a nossa convidada.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Donald Trump já apresentou alguns dos nomes da sua nova administração. Marco Rubio como secretário de Estado é o homem que vai substituir Anthony Blinken na política externa dos EUA. Há ainda outros nomes com impacto na política externa, no rol de nomeações que Trump fez na última semana. Elise Stefanik, uma republicana que votou contra a certificação da eleição de Joe Biden em 2020, será a embaixadora dos EUA na ONU. Mike Huckabee, que nega a existência da Cisjordânia, será o embaixador em Israel. Que importância têm estas nomeações? Enquanto se espera pela entrada de Donald Trump na Casa Branca, e pelas consequências na política externa, nomeadamente no que diz respeito à ajuda à Ucrânia, os habituais aliados procuram reforçar a independência face a Washington. “Queremos ser donos do nosso destino”, resumiu o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, na reunião da Comunidade Política Europeia. Keir Starmer, o primeiro-ministro britânico, e Emmanuel Macron também se reuniram em Paris para reforçar o apoio a Kiev no início desta semana.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Antes de assumir o seu lugar na presidência do Conselho Europeu, o ex-primeiro-ministro está a despedir-se do canal que o contratou quando ainda não era certo o seu futuro político e, com esta entrevista ao “Now”, está também a despedir-se da política nacional. Falou, sobretudo, de Justiça e do OE para o próximo ano. O que fica do que disse é tema para uma conversa com o comentador da SIC Pedro Marques Lopes.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Episódio dedicado a assuntos políticos internacionais de relevo. A saber: eleições parlamentares em França, debates nos EUA, António Costa na Comissão Europeia, etc. Ouça já e fique bem informado!
A Procuradora-Geral da República nunca deu uma entrevista. A ministra da Justiça, sim; esta semana; para dizer que quem suceder a Lucília Gago terá de pôr ordem na casa. Leia-se: no Ministério Público. Sublinhe-se: quem vier a seguir. Conclua-se: desta procuradora já não há nada a esperar. O que é que isto tem a ver com a escolha de António Costa para o cargo de Presidente do Conselho Europeu? Mais do que poderá parecer à primeira vista aos mais desatentos. Enquanto isso, a comissão de inquérito ao caso das gémeas prossegue; falta saber se focada no essencial ou mais inclinada para o reality show acessório. A cena internacional está, entretanto, dominada por duas eleições: uma, em França, que tem a primeira volta este fim de semana; a outra, em que vai ser escolhido o próximo inquilino da Casa Branca, tendo ficado claro, no primeiro frente-a-frente, que a escolha será entre um fanfarrão mentiroso e um idoso com dificuldades de ordem cognitiva. Está a ser um festim para os memes.See omnystudio.com/listener for privacy information.
António Costa, Donald Trump e Joe Biden não entram num bar, mas entram no Eixo do Mal em podcast, com Daniel Oliveira, Luís Pedro Nunes, Pedro Marques Lopes e Clara Ferreira Alves. O que Portugal poderá ganhar com António Costa no Conselho Europeu? Esteve sempre no "momento certo para apanhar a onda"? Vai ser um cargo difícil de exercer? Todas as respostas nesta emissão de 27 de junho, na SIC Notícias, interrompida momentaneamente pelas congratulações do primeiro-ministro Luís Montenegro.See omnystudio.com/listener for privacy information.
António Costa vai ser o novo presidente do Conselho Europeu.
António Costa vai ser o novo presidente do Conselho Europeu.
O programa que foi ao ar na frequência da SBS 2 ao vivo em toda a Austrália nesta quarta-feira. O noticiário do dia. O drama dos estudantes brasileiros na Austrália. Com as novas políticas de migração restringindo ainda mais o acesso a vistos e a constante alta nos preços de itens e serviços básicos, muitos consideram deixar o país. De Portugal, o ex-primeiro ministro António Costa cotado para ser o presidente do Conselho Europeu. E o nosso correspondente Francisco Sena Santos conversou com outro António Costa, professor responsável por definir a estratégia de desenvolvimento do país nesta década.
Alberto Gonçalves comenta a quase garantida nomeação de António Costa para a presidência do Conselho Europeu.See omnystudio.com/listener for privacy information.
No fim-de-semana, a Suíça recebeu as delegações de cerca de 100 países para uma cimeira de paz organizada pela Ucrânia. Entre as ausências, além de qualquer representante da Rússia ou da China, destaca-se, por exemplo, Joe Biden, que, por motivos de campanha, enviou Kamala Harris. A declaração final desta cimeira de paz não foi assinada por todos os países – Brasil ou índia, por exemplo, destacam-se entre os países que não a assinaram. Que importância tem, afinal, esta cimeira no caminho para a paz no Leste da Europa? Depois das eleições europeias, em que os partidos da direita radical conseguiram uma subida expressiva, espelhada muito particularmente em França e Itália, começou a corrida pelos top jobs na UE. Nesta segunda-feira realizou-se um jantar onde já se esperava que os principais lugares fossem destacados. Mas não houve um acordo rápido e unânime dos 27 para anunciar a recondução da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para um segundo mandato, a nomeação de António Costa para dirigir o Conselho Europeu e a escolha da primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para o cargo de alta-representante da Política Externa e de Segurança da UE. Ainda assim, tal como escreve a nossa correspondente em Bruxelas, Rita Siza, é esperado que no próximo Conselho Europeu, que acontece já na próxima semana, a decisão fique já feita. Ainda no rescaldo das eleições europeias, uma das decisões mais inesperadas dessa noite foi a de Emanuel Macron, que dissolveu o Parlamento e convocou eleições legislativas antecipadas. Todas as sondagens apontam para uma vitória da União Nacional, o partido de direita radical de Marine Le Pen. O que significa isto para a Europa? Siga o podcast Diplomatas e receba cada episódio logo de manhã no Spotify, na Apple Podcasts ou noutras aplicações para podcasts. Conheça os podcasts do PÚBLICO em publico.pt/podcasts. Tem uma ideia ou sugestão? Envie um email para podcasts@publico.pt.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A festa do 25 de abril, as polémicas do Presidente da República, as surpresas nas listas europeias do PS e da AD. E o concorrente de António Costa à presidência do Conselho Europeu. Temas nesta edição do Contraditório.
Depois do ímpeto inicial da Operação Influencer que resultou, entre outros acontecimentos, na demissão de António Costa e na queda do seu Governo de maioria absoluta, o Tribunal da Relação de Lisboa decidiu por unanimidade retirar as medidas de coação aos arguidos do caso. Perante os mesmos factos, o Ministério Público teria duas pessoas detidas. Perante os mesmos factos, quatro juízes decidiram que não há crime nem sequer suspeitas fracas. E perante o acórdão, Marcelo Rebelo de Sousa começou a ter "a sensação de que começa a ser mais provável haver um português no Conselho Europeu, no próximo outono, em Bruxelas". Choques e mais choques no Eixo do Mal de 18 de abril, com emissão na SIC Notícias.See omnystudio.com/listener for privacy information.