Podcasts about Mindelo

  • 44PODCASTS
  • 87EPISODES
  • 23mAVG DURATION
  • 1EPISODE EVERY OTHER WEEK
  • Jun 26, 2025LATEST
Mindelo

POPULARITY

20172018201920202021202220232024


Best podcasts about Mindelo

Latest podcast episodes about Mindelo

Convidado
Acordo de Lisboa: A vitória do PAIGC rumo à independência de Cabo Verde

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 26, 2025 19:36


Nos 50 anos da independência de Cabo Verde, a RFI publica várias reportagens sobre o tema. Neste nono episódio, falamos da luta política no pós-25 de Abril que se travou dentro e fora de Cabo Verde para culminar no Acordo de Lisboa rumo à independência de 5 de Julho de 1975. Nesta reportagem, vamos ao encontro de Pedro Pires, um dos arquitectos do Acordo de 19 de Dezembro de 1974, e de Silvino da Luz, também dirigente do PAIGC que dirigiu a luta política em Cabo Verde nos meses que se seguiram ao 25 de Abril de 1974. O Acordo de Lisboa foi assinado a 19 de dezembro de 1974 entre o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e o governo Português. O documento representava uma meta histórica na luta de libertação e fixava os termos em que iria decorrer a independência do arquipélago seis meses depois, a 5 de Julho de 1975. Este era o culminar de um intenso processo negocial entre as duas partes e de uma desgastante luta armada, na Guiné- Bissau, de 11 anos. O protocolo de Lisboa surgia meses depois da assinatura dos Acordos de Argel (26 de Agosto), em que o Estado português reconhecia a independência da Guiné-Bissau, proclamada unilateralmente pelo PAIGC, a 24 de Setembro de 1973, reconhecendo também o direito de Cabo Verde à autodeterminação e independência. O Acordo de Lisboa foi rubricado, da parte do PAIGC, por Pedro Pires, Amaro da Luz e José Luís Fernandes Lopes; e, do Estado português, pelos ministros Melo Antunes, Mário Soares e Almeida Santos. O comandante Pedro Pires, hoje com 91 anos, entende que foi feito um “excelente trabalho” por se ter resolvido o conflito e se terem criado condições para relações “amistosas e úteis” com Portugal. “Apesar da nossa inexperiência em matéria de negociações, a nossa inexperiência em matéria de preparação técnica e jurídica para negociações, apesar disso, entendo que fizemos um bom trabalho. Fizemos um excelente trabalho. Está claro que não fizemos o trabalho sozinhos. Tivemos uma assessoria pela qual tenho também muito respeito. Nessa equipa de negociadores, havia duas pessoas que estavam à frente do processo. Eu era o líder ou chefe da delegação, portanto o estratega, e o nosso jurista era o Dr. José Araújo. Eu entendo - é um juízo em causa própria - mas eu entendo que fizemos um bom trabalho porque fizemos duas coisas importantes: resolvemos o conflito, mas, ao mesmo tempo, criámos as condições políticas para o desenvolvimento de relações amistosas com o Estado português, amistosas e úteis com o Estado português”, explica Pedro Pires. Pouco antes do 25 de Abril, em Março de 1974, tinha havido um encontro secreto, em Londres, entre o enviado do governo português, José Manuel Villas-Boas, e três elementos do PAIGC, nomeadamente Silvino da Luz, então representante da Guiné Bissau junto das Nações Unidas. O objectivo era tentar pôr fim à guerra na Guiné, abrir caminho ao reconhecimento da independência desse país, mas a questão de Cabo Verde era colocada na gaveta, conta Silvino da Luz. “Há um facto importantíssimo de que não se fala, um célebre encontro com o enviado de Marcello Caetano em Londres, que teve lugar em Março de 1974. Porque é que não prosseguiu? Porque a nossa delegação continuou as discussões, mas o mandatário não estava legitimado, não tinha instruções para falar de Cabo Verde, só queria falar da Guiné-Bissau e encontrar um meio termo para pôr fim à guerra na Guiné. Quando eu levanto o problema de Cabo Verde, ele diz-me que não tinha instruções, não podia falar sobre isso, e nós, para não dar a missão por falhada, ele aceitou o princípio de regressar a Lisboa, receber instruções, e marcámos a próxima reunião para as primeiras duas semanas de Maio. Isso já não se pôde cumprir porque, entretanto, dá-se o 25 de Abril”, conta Silvino da Luz. Pedro Pires acrescenta, justamente, que “as negociações só foram possíveis com a mudança de regime em Portugal”. “O regime anterior, dirigido por Marcello Caetano e pelo Presidente da República, Américo Tomás, não aceitaria de maneira nenhuma negociar ou, pelo menos, resistiram e não quiseram aceitar. Perderam o poder, foram destituídos e instala-se em Portugal um novo regime e é esse novo regime que decidiu, corajosa mas também inteligentemente, ir para as negociações”, afirma o comandante que tinha participado na luta de libertação de Cabo Verde e Guiné-Bissau e que chefiou a delegação do PAIGC nas conversações de Londres e Argel. O 25 de Abril de 1974 vai acelerar o calendário da história. O Acordo de Lisboa é assinado oito meses depois e, à semelhança dos acordos para os outros territórios independentistas, eles só foram possíveis depois da publicação, a 27 de Julho, em Portugal, da Lei da Descolonização que revogava a norma que impedia o Estado português de qualquer cedência do seu ultramar, conforme a Constituição de 1933. Até à publicação dessa lei, a parte portuguesa tinha dúvidas quanto à forma como realizar essa descolonização: a questão era se deveria consultar as populações, no quadro da chamada autodeterminação dos povos ou se deveria negociar directamente e apenas com os movimentos históricos armados, declarados pela Organização da Unidade Africana e pelas Nações Unidas como os representantes legítimos dos seus povos. De um lado, estavam as forças conservadoras chefiadas pelo general António de Spínola e Presidente da República (a partir de 15 de Maio), que defendera meses antes a tese da federação no livro “Portugal e o futuro”. Do outro, estavam as forças “progressistas” do Movimento das Forças Armadas (MFA), integradas pelos Capitães de Abril. Venceu a tese do MFA no sentido de uma descolonização a mais rápida possível, com a publicação, a 27 de Julho, da Lei da Descolonização. Um diploma que Spínola dirá mais tarde ter sido publicado sem o seu conhecimento prévio e, o mais grave, sem a sua assinatura. Os que hesitavam em entregar o poder ao PAIGC, como Spínola, mas também Mário Soares, argumentavam que do ponto de vista cultural, Cabo Verde estava mais próximo de Portugal que da Guiné e duvidava-se da viabilidade económica do novo Estado, a braços com uma seca desde 1967 e inteiramente dependente de Lisboa para a sua sobrevivência. Por outro lado, no contexto da Guerra Fria, a posição geoestratégica do arquipélago atraía as atenções internacionais e havia quem temesse a sua sovietização. Por isso, o acordo para “Cabo Verde não foi tão fácil como parecia à primeira vista”, admite Pedro Pires. “Cabo Verde não foi tão fácil como parecia à primeira vista porque tendo nós negociado em Argel e fixado algumas ideias no acordo, Cabo Verde era a continuação das negociações de Argel. Ora, só sete meses depois é que conseguimos reiniciar as relações que tinham sido suspensas depois de Argel. Em Cabo Verde entrou um outro factor que durante muito tempo não sei se esteve ausente, mas esteve quase ausente, que é a questão da posição geoestratégica do Cabo Verde. A grande questão dos responsáveis portugueses na altura era: ‘o que é que o PAIGC vai fazer com Cabo Verde? Vai entregar isso aos russos ou aos Soviéticos?'. Porque dentro da campanha de deslegitimação do regime português da altura contra os movimentos de libertação e contra o PAIGC em particular, nós éramos agentes do estrangeiro, serviçais ou serventuários dos comunistas, anticristãos... E subjacente a isso, na mentalidade dos próprios dirigentes ou de alguns dirigentes portugueses, a situação continuava, o risco de nós sermos agentes da Rússia ou da União Soviética e entregássemos essa posição geoestratégica importantíssima ao inimigo ou ao adversário. Isso complicou bastante o processo negocial. Foi precisa muita persistência do nosso lado para vencer esses posicionamentos”, conta o também antigo Presidente de Cabo Verde. Depois de uma guerra de 11 anos, com milhares de mortos, feridos e mutilados, Pedro Pires tinha para a sua orientação, que a soberania da Guiné-Bissau não era negociável e o direito à independência de Cabo Verde também não era negociável. O PAIGC também exigia ser considerado como o único interlocutor válido nos dois territórios. O PAIGC tinha sido o único movimento de libertação a proclamar, ainda que unilateralmente, a independência de uma das colónias portuguesas, a Guiné, e a reivindicar, desde os finais da década de 1960, o controlo de uma parte significativa do território guineense. Porém, não tendo havido luta armada dentro do território de Cabo Verde, os meses que antecederam a proclamação da independência do arquipélago foram de trabalho político intenso e de confronto entre forças políticas nas ilhas.  É que se a nível internacional, o PAIGC era reconhecido tanto pela Organização das Nações Unidas (ONU) como pela Organização da Unidade Africana (OUA) como o único e legítimo representante do povo de Cabo Verde, dois outros partidos queriam mostrar que existiam e participar no futuro do arquipélago: a União do Povo das Ilhas de Cabo Verde (UPICV) e a União Democrática Cabo Verdiana (UDC). Para Pedro Pires, quem lutou pela independência foi o PAIGC e o resto é “fantasia”: “Lutar pela independência é o PAIGC. O resto é fantasia. Toda a gente quer, mas essa coisa é com provas, não basta dizer 'aqui estou eu', mas é preciso provar se fez alguma coisa que credibilize, que dê legitimidade.” Também a historiadora Ângela Benoliel Coutinho, autora de “Os Dirigentes do PAIGC - Da Fundação à Ruptura 1956-1980” diz que falta documentação para se fundamentar a existência enquanto partidos constituídos da UPICV e da UDC e lembra que “o PAIGC foi reconhecido pela OUA como o único legítimo representante dos cabo-verdianos e também foi reconhecido pelas Nações Unidas no dia 5 de Abril de 1974 como o único legítimo representante dos cabo-verdianos”. “Temos conhecimento da actuação de José André Leitão da Graça. Terá fundado a UPICV - a União dos Povos Independentes de Cabo Verde - que tinha como principal objectivo obter a independência política de Cabo Verde, e não estava de acordo com o PAIGC relativamente ao projecto de unidade com a Guiné-Bissau. E sabemos que José André Leitão da Graça actuou com a sua esposa, viveu muito tempo em Dacar, viveu também no Gana, mas eu desconheço um levantamento de arquivo de documentação relativa a esse partido, se é que foi um partido, porque conhecemos duas pessoas, não é? Fala-se de outros militantes sem que se saiba o que terão feito (…) É-nos difícil para nós, como historiadores, compreender a natureza, a actuação desses movimentos, quando são escassos os próprios depoimentos. Não temos livros de memórias, entrevistas das pessoas que terão estado envolvidas no outro dito partido que terá sido criado depois do 25 de Abril, a UDC. São referidos alguns nomes, mas essas pessoas nunca deram uma entrevista longa. Não temos documentos nenhuns. Temos uma ou outra notícia, um panfleto”, explica à RFI, por telefone, Ângela Benoliel Coutinho. No livro “Cabo Verde – Os Bastidores da Independência”, o jornalista José Vicente Lopes foi pioneiro a falar dessas forças políticas que tentavam rivalizar com o PAIGC. Também o historiador José Augusto Pereira fala disso na obra “O PAIGC perante o dilema Cabo-Verdiano”. A UPICV era uma organização fundada em 1959, liderada pelo nacionalista José Leitão da Graça, que teria mais presença em Santiago e um pouco na ilha do Fogo, era a favor da independência mas contra a unidade com a Guiné. A UDC, criada em Maio de 1974, estava localizada em São Vicente e um pouco em Santo Antão, sendo chefiada pelo advogado João Baptista Monteiro e estando inicialmente contra a independência, mas a favor do projecto federativo do general Spínola, ou seja, defendia o estatuto de adjacência para Cabo Verde, como o caso dos Açores e da Madeira. Entre o 25 de Abril e o 19 de Dezembro de 1974, houve meses quentes de intensa luta política. Logo após a Revolução dos Cravos, Silvino da Luz foi o primeiro dirigente do partido a ser enviado para Cabo verde para organizar as estruturas do partido. Ele conta-nos que foi designado como o primeiro responsável do PAIGC a ir para Cabo Verde fazer a luta política e tirar o partido da clandestinidade. Era “o homem do terreno”, como nos conta, em sua casa, no Mindelo. “Nessa altura fui designado como o primeiro responsável do PAIGC que vinha para Cabo Verde para fazer a luta política e tirar o partido da clandestinidade. E depois o 25 de Abril, eu fui o primeiro dirigente a ser enviado e aqui estive até à independência nacional. Criou-se na altura uma comissão de três membros, em Conacri, que eram eu, o Comandante Osvaldo Lopes da Silva e o Comandante Carlos Reis, mas eu era o primeiro responsável, eu é que praticamente dirigia. Regressei à minha terra com essa missão e, felizmente, foi missão cumprida. Eu era o homem encarregado de criar as condições localmente, de fazer a manifestação de forças do PAIGC, tornar o PAIGC o único a ser visto. Eu é que dirigi essa campanha”, descreve. Quanto aos outros partidos, Silvino da Luz afirma que “o UDC foi uma criação do Spínola”. Sobre o UPICV, diz ter “muito respeito” por Leitão da Graça, “um homem sério, nacionalista convicto, africano de gema”, mas que esteve “sempre no exterior, [o partido] era quase um grupo familiar e não tinha bases significativas em Cabo Verde”. Perante a posição de Portugal, o PAIGC vai tentar dominar a situação interna, a nível social e político. Foram criadas milícias pelo PAIGC, integradas também por mulheres, e os quadros do partido regressaram em força para concentrar os seus esforços em Cabo Verde. O braço-de-ferro durou entre Maio e Dezembro e culminou no dia 9 de Dezembro com a tomada, por dirigentes e apoiantes do PAIGC, da Rádio Barlavento que difundia as ideias da UDC, no Mindelo. Por essa altura, eram detidas 70 pessoas para averiguações, a grande maioria era alegadamente da UPICV e da UDC. Eram retidas no temporariamente no reaberto campo do Tarrafal. Silvino da Luz lembra que o PAIGC ainda não estava no poder e diz que o facto de as forças armadas portuguesas as terem colocado no Tarrafal era uma forma de “garantir a segurança” de tanta gente. Reitera, ainda, que essas pessoas estavam guardadas por militares portugueses. Também o jornalista José Vicente Lopes destaca que “a responsabilidade primeira foi das autoridades portuguesas” no que toca aos adversários do PAIGC presos no Tarrafal, admitindo que “são as autoridades portuguesas que acabaram por ajudar o PAIGC a neutralizar os seus adversários políticos”. Com o PAIGC a dominar e a neutralizar as outras forças políticas, a 19 de Dezembro é assinado o Acordo de Lisboa. Determinam-se os termos da transferência da soberania portuguesa para o Estado cabo-verdiano. É estabelecido um governo de transição, chefiado por um alto-comissário português com a categoria de primeiro-ministro, Vicente de Almeida d'Eça, e composto por três ministros escolhidos pelo PAIGC, Carlos Reis, Amaro da Luz e Manuel Faustino, e dois por Portugal. Ficam, também, previstas eleições para uma assembleia constituinte que deveria proclamar a independência a 5 de Julho de 1975. Nesse dia, é proclamada a República de Cabo Verde como Estado Independente e Soberano. Era o fim de cinco séculos de dominação colonial portuguesa.    Se quiser aprofundar este assunto, pode ouvir aqui as entrevistas integrais a Pedro Pires e a Silvino da Luz.    

Convidado
Rádio Libertação, Escola-Piloto e hospitais: as outras armas da luta

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 26, 2025 24:54


Nos 50 anos da independência de Cabo Verde, a RFI publica várias reportagens sobre o tema. Neste sétimo episódio, falamos sobre outras armas da luta de libertação: a Rádio Libertação, a Escola-Piloto e a rede de cuidados de saúde. Oiça aqui a reportagem com Amélia Araújo, Teresa Araújo, Josefina Chantre, Maria Ilídia Évora, Ana Maria Cabral, Manuel Boal e Sara Boal. Amélia Araújo era "a voz da luta", a locutora das emissões em português da Rádio Libertação. Ela recebe-nos em sua casa, na cidade da Praia, para nos recordar um pouco o papel desta rádio, descrita por Amílcar Cabral como o “canhão de boca” da luta pela independência. O “Comunicado de Guerra” e o “Programa do Soldado Português” eram as produções mais ouvidas. A primeira incitava os militares à resistência e à revolta contra uma guerra que não era deles. A segunda apresentava os combates ocorridos nas várias frentes e divulgava a lista dos soldados portugueses mortos, lida de uma forma muito lenta para tornar o momento mais pesado. A Rádio Libertação era uma importante arma e conseguiu fazer com que alguns soldados portugueses desertassem. “A Rádio Libertação foi um instrumento que nos ajudou a transmitir as nossas opções, os nossos princípios e aquilo que nós queríamos para nós, para os nossos países: liberdade, independência. Nós fazíamos cópias dos programas e mandávamos para Dakar, para o Gana e para Angola também. Era muito divulgado e deu o seu contributo para a luta de libertação da Guiné-Bissau e Cabo Verde”, conta Amélia Araújo, lembrando que os portugueses a chamavam de “Maria Turra” convictos que estavam que ela era portuguesa. Foi a 16 de Julho de 1967 que a “Rádio Libertação” começou a emitir, a partir de Conacri. As primeiras experiências tinham começado em 1964, mas o emissor era muito fraco. Em 1966, Amélia Araújo e outros companheiros foram enviados para uma formação de alguns meses na ex-URSS e regressam a Conacri com um emissor portátil oferecido pelos russos. Mas a rádio era ainda pouco ouvida devido à fraca potência e, em 1967, a Suécia oferece-lhes um estúdio e um emissor moderno. Começavam as emissões e eram em varias línguas: português, crioulo, balanta, fula, mandinga e beafada. Josefina Chantre fazia as emissões em crioulo de Cabo Verde e também trabalhava no Jornal Libertação. “O jornal, a rádio foram uma parte essencial para mobilizar também Cabo Verde. Cabral dizia que não valia a pena lutar se nós não fossemos capazes de divulgar cá para fora a nossa luta. Porque, como sabe, o regime colonial português dizia que éramos um bando de terroristas, que não tínhamos zonas libertadas, etc, etc”, recorda Josefina Chantre. Informar era a arma de Josefina Chantre e de Amélia Araújo, mas a rádio e a cultura também contaminou os mais pequenos. A filha de Amélia, Teresa Araújo, conhecida como Terezinha, tinha três meses quando começou a viagem rumo à independência, ao lado da mãe, com quem foge de Portugal. Iriam juntar-se a José Araújo, dirigente do PAIGC, responsável de propaganda, comissário político na Frente Sul e colaborador da Rádio Libertação e do boletim em francês "PAIGC Actualités". Ajudada pela mãe, Terezinha participou no programa de rádio, "Blufo", dirigido a crianças e jovens e que tinha como locutores alunos da Escola-Piloto do PAIGC. “O programa era para os outros alunos das outras escolas e internatos espalhados nas zonas libertadas. Contávamos a história do que nós fazíamos e também recebíamos alguns depoimentos de alunos do interior da Guiné das zonas libertadas. Também contávamos os episódios que se passavam e nas datas comemorativas, como 1 de Junho, 19 de Setembro, também por altura do Natal, datas de final do ano, fazíamos programas alusivos a essas datas. No início, nós tivemos que ser preparados pela minha mãe, a dicção correcta, como falar para a rádio e aprendemos bastante. Foi muito interessante”, conta Teresa Araújo. Terezinha cresce em Conacri, frequenta a Escola-Piloto desde pequenina - dos tempos em que os pais eram também la professores - e foi aí que começou a cantar e a criar os primeiros espectáculos. “Fidju Magoado” era a morna favorita de Amílcar Cabral, revela a cantora que, anos mais tarde, se tornaria numa voz incontornável de Cabo Verde com o grupo Simentera. Em 2004, gravou o disco “Nôs Riqueza”, com mornas do pai, mas também “Fidju Magoado”. Foi na Escola-Piloto que os palcos se abriram para Terezinha, com as crianças a levarem a mensagem da luta contra o colonialismo e pela emancipação de um povo a outros países. Com o grupo de teatro de crianças e jovens, em que cantava e dançava as danças tradicionais da Guiné e de Cabo Verde, além de participar nas peças de teatro, ela actuou, em 1970, no Palácio do Povo em Conacri, tendo na primeira fila a cantora sul-africana Miriam Makeba. Em 1971,72, grupo vai em digressão a Dacar, Ziguinchor e Teranga, no Senegal, Banjul, na Gâmbia, e Nouakchot, Nouadibou e Attar, na Mauritânia. Em 1973, as crianças ficam três meses na Escola-Piloto de Teranga a prepararem a participação num Festival Internacional da Juventude em Berlim, onde Terezinha canta ao lado de Miriam Makeba. De toda esta época, é com muita ternura que recorda Amílcar Cabral. “A Escola-Piloto era a menina dos olhos dele. Era a referência, então ele levava sempre delegações que vinham visitar o PAIGC. Fazia questão de as levar à Escola-Piloto. Mas, além disso, a presença dele era diária. Só mesmo quando não pudesse ir por causa de algum trabalho é que não ia. Ia cedo de manhã e assistia à nossa preparação física e, às vezes, entrava mesmo na competição. Nós tínhamos um jogo do lenço e ele nunca perdia. Era muito bom. Ele aproveitava esses momentos também para nos ensinar outros jogos. Escutava os alunos, perguntava às crianças se estavam a ser bem tratadas, se estavam a ter comida boa. Ele queria mesmo verificar que as crianças estavam a ser bem tratadas, porque, como ele dizia, as crianças eram as flores da revolução e a razão da luta”, recorda, nostálgica, a cantora. A Escola-Piloto ia até ao 5º ano e para continuar os estudos, como muitas outras crianças e jovens guineenses, Terezinha foi enviada com 12 anos para a Escola Internato Internacional Elena Dimitrievna Stásova, na cidade de Yvanovo, a uns 300 quilómetros de Moscovo. Alguns anos antes, Iva Cabral, filha de Amílcar Cabral, também foi para lá estudar e conta-nos esses tempos. “Eu fui com uns oito, nove anos. Aprendíamos em russo, claro, e aprendíamos tudo que os russos aprendiam. E também tínhamos aulas na nossa língua. Era um internato que tinha teatro todos os meses, que todos os fins-de-semana tinha cinema. Era um grande internato”, começa por contar, admitindo que a formação de quadros era mais uma arma da luta. “Era para isso, para se poder tomar nas próprias mãos o destino do país. Quando a luta começou, havia dois engenheiros agrónomos na Guiné e um deles era o meu pai. Quadros superiores, acho que eram uns 14, se não me engano. Por isso, a luta trouxe conhecimento para os povos da Guiné e Cabo Verde. Na independência, já tínhamos vários quadros guineenses e cabo-verdianos que puderam então iniciar a construção do Estado”, acrescenta. Não valia a pena lutar com armas para liderar um país, se não houvesse quadros para o dirigir. Era o que defendia Amílcar Cabral que abriu várias frentes na luta pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde. Para além do conflito armado na Guiné, da luta subterrânea na clandestinidade e da actividade diplomática, houve uma revolução sociopolítica nas “regiões libertadas” depois do primeiro congresso de Cassacá, em 1964, quando Amílcar Cabral defendeu a sua teoria da criação do "homem novo", emancipado do sistema de ensino e de valores do colonizador. O líder do PAIGC quis mostrar que a luta era feita por “militantes armados e não militares” e ensaiou todo um novo sistema judicial, de saúde, educativo e económico, com escolas, serviços sanitários e hospitais de campanha. Amílcar Cabral dizia que "se pudesse, fazia uma luta só com livros, sem armas", que “não é com tiros que se liberta uma terra” e que “a maior batalha é contra a ignorância e o medo”. Era assim que nascia, em 1964, a Escola-Piloto, instalada em Conacri, para apoiar os filhos dos combatentes e os órfãos de guerra. Descrita como “a menina dos olhos de Amílcar Cabral”, a Escola-Piloto tinha como professores os próprios combatentes. Um deles foi a segunda esposa do líder do PAIGC, Ana Maria Cabral. “Quando eu cheguei, puseram-me a trabalhar na Escola-Piloto. Já havia áreas libertadas, a direcção do PAIGC criou escolas. Todos os que sabiam ler e escrever deveriam ensinar aos que não sabiam. Portanto, o princípio era esse. Fui professora na Escola-Piloto e fizemos os nossos manuais escolares. Claro, tivemos que dar uma volta por vários países, ir ao Senegal, Conacri, a Cuba, inspirar-nos para conseguir fazer os nossos manuais que mostravam a nossa história, a nossa realidade”, conta Ana Maria Cabral, num café em frente ao mar, na cidade da Praia. A partir de 1969, a Escola-Piloto é dirigida por Maria da Luz Boal, ou Lilica Boal, e a sua filha, Sara, também ali estudou e recorda alguns dos episódios que mais a marcaram. “Todos os dias de manhã, acordávamos cedo, tínhamos ginástica e depois do pequeno-almoço tínhamos as aulas. O programa que nós tínhamos de formação tinha disciplinas como a Língua Portuguesa, a História - que, aliás, era ministrada pelo António Mascarenhas Monteiro, que foi Presidente de Cabo Verde. Tínhamos aulas de Matemática, tínhamos Química e Física, tínhamos Ciências Sociais e tínhamos também trabalhos manuais. As refeições eram confeccionadas por nós. Todos os dias havia um grupo de serviço na cozinha que era composto por uma aluna mais velha, que era chefe de cozinha, digamos assim, por duas meninas mais pequenas e dois rapazes. Cabral ia-nos visitar na escola sempre que ele pudesse. Ele tinha muito orgulho em convidar pessoas para ir visitar a Escola-Piloto. Eu lembro-me de termos recebido, por exemplo, a Angela Davis nos anos 70 ou 71”, recorda Sara Boal. Em Conacri também existia um jardim de infância para os órfãos ou filhos dos trabalhadores do partido que viviam na cidade. Na Guiné, nas chamadas “zonas libertadas”, foi montado todo um sistema de ensino. Remonta ao ano lectivo de 1964-1965 a instalação das primeiras escolas nas regiões sob controlo do PAIGC. Em 1972-73, havia 164 escolas de tabanca, tendo em conta que as crianças tinham de andar longos trajectos e enfrentavam riscos de bombardeamentos. Havia, ainda, quatro internatos: dois na frente Norte, um na frente Sul e um no Leste, inicialmente destinados aos filhos dos combatentes falecidos. Para além dos estudos, havia tarefas domésticas e outras ligadas ao trabalho agrícola. Em 1972, o sistema de ensino do PAIGC tinha 250 professores e 20 mil alunos. No inicio dos anos 70, também se criaram novos livros escolares para as crianças do ensino primário. Os manuais foram feitos pelas equipas de professores e impressos em Conacri e na Suécia. Desde 1966, o partido também tinha começado a formar professores para as suas escolas no Centro de Aperfeiçoamento de Professores da Escola-Piloto e, depois, foi criado o Centro Permanente de Professores. Em 1972, metade dos professores das escolas nas regiões libertadas tinham sido formados pelo PAIGC. O pai de Sara Boal, Manuel Boal, angolano, saiu de Portugal com Lilica Boal, cabo-verdiana, em Julho de 1961, na histórica fuga de estudantes africanos. Passou por Léopoldville, onde acabou o curso de medicina, prestou assistência de saúde a refugiados e militou no MPLA. Em 1963, aderiu ao PAIGC, foi para a Guiné e, como era médico, a sua luta foi a da saúde. Começou por ser responsável por um centro de apoio e tratamento a doentes e feridos de guerra em Ziguinchor, no sul do Senegal, de onde se transferiam para os hospitais senegaleses os casos mais graves. Depois, foi enviado para Conacri para racionalizar o apoio logístico dos postos sanitários e dos hospitais de campanha do interior do país. A seguir esteve no hospital de Boké, na Guiné-Conacri. Ele contou-nos os momentos mais difíceis. “O mais difícil foi socorrer populações das zonas libertadas, bombardeadas pela aviação portuguesa e bombardeadas com napalm, gente queimada E nós sem os meios necessários para fazer o essencial. Segundo aspecto difícil era o transporte ao ombro de macas com doentes em quilómetros e quilómetros de distância, antes de serem transportados em ambulâncias até Buké ou da fronteira até Koundara, estes momentos eram dolorosos e difíceis. Nós temos que fazer uma vénia àqueles que faziam esse trabalho: os socorristas, muitas vezes membros da população, que se ofereciam sem qualquer recompensa para fazer esse duro trabalho. Isso nunca me esqueci, nem nunca me esquecerei desses sacrifícios”, conta Manuel Boal. Também a trabalhar nos hospitais, esteve Maria Ilídia Évora, conhecida como Tutú, que tinha sido a única mulher no grupo de cabo-verdianos treinados em Cuba para um eventual desembarque e inicio de luta armada em Cabo Verde. Mas como isso não aconteceu, a sua luta passou a ser também nos cuidados de saúde. É destacada para os hospitais de Boké e Koundara e, mais tarde, foi para a antiga RDA para uma formação mais completa em enfermagem. “Muito difícil Koundara. Ao que parece era um hospital, mas quando eu cheguei lá e vi, eu disse: ‘Hospital? Isso é hospital?' A gente teve mais de uma semana a limpar aquilo para deixar mais ou menos porque em Koundara nem sequer tínhamos água”, conta Maria Ilídia Évora, em sua casa, no Mindelo. Havia ainda muitas outras frentes de batalha, como a formação de uma nova classe politica que dirigiu a luta armada e tomou o poder após a independência nos dois países. Foi aberta, por exemplo, em Conacri, uma escola de formação política. O povo deveria participar em todas as decisões que lhe dissessem respeito e, na Guiné, foram criados comités de tabanca, órgãos políticos de base do PAIGC, mas também tribunais populares ou lojas Armazéns do Povo, onde se fazia um comércio baseado na troca e a população podia adquirir alimentos enlatados, cigarros, tecidos, cobertores, em troca de animais domésticos e arroz lavrado nas bolanhas, por exemplo. Toda esta revolução sociopolítica nas “regiões libertadas” foi reconhecida a nível internacional com, nomeadamente, a visita da missão da ONU às áreas libertadas em 1972. As próprias eleições para a Assembleia Nacional Popular, entre Agosto e Outubro de 1972, com 83 mil eleitores a participarem, contribuíram para esse reconhecimento internacional, e seria essa Assembleia a proclamar, a 24 de Setembro de 1973, a independência da Guiné-Bissau. Uma primeira vitória do PAIGC a que os cabo-verdianos assistiam à espera da sua hora. E essa hora chegaria a 5 de Julho de 1975. Em conclusão, a historiadora Ângela Benoliel Coutinho, autora de “Os Dirigentes do PAIGC – Da Fundação à Ruptura 1956-1980”, sublinha à RFI que “Amílcar Cabral dizia que se a independência não servisse para melhorar a vida das pessoas, não valia a pena lutar pela independência”, ou seja, “o PAIGC tinha como projecto político revolucionar estas sociedades africanas, não era só libertar-se do jugo colonial”. “O PAIGC criou um sistema de educação que não se limitava às escolas, passava pela criação de jornais, pela criação de uma rádio que emitia programas em diversas línguas da Guiné-Bissau, pela projeção de filmes com debates. Portanto, há toda uma educação militante para preparar as pessoas para uma revolução social”, acrescenta Ângela Benoliel Coutinho.   

Convidado
Clandestinidade: a frente esquecida na luta de libertação de Cabo Verde?

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 26, 2025 20:03


Nos 50 anos da independência de Cabo Verde, a RFI publica e difunde várias reportagens sobre este tema. Neste quarto episódio, fomos à procura de pessoas que se dedicaram à luta na clandestinidade, algo que continua a ser uma das frentes menos visíveis na luta de libertação de Cabo Verde. Para conhecermos o trabalho feito nas ilhas, mas também na diáspora, as técnicas para ludibriar a polícia política, assim como as experiências daqueles que a PIDE prendeu nos "cárceres do Império", conversámos com Óscar Duarte, Gil Querido Varela, António Pedro da Rosa, Marline Barbosa Almeida, Adão Rocha e Manuel Faustino. Foi no ano 2000, na cidade da Praia, que os Tubarões Azuis conquistaram a X Edição da Taça Amílcar Cabral, talvez a mais importante vitória da selecção de Cabo Verde. A prova, com o nome do líder da luta pela independência, foi conquistada quando os jogadores eram treinados por Óscar Duarte, um nome que ficou conhecido no futebol português nos finais da década de 70: foi campeão pelo FC Porto em 1979 e chegou a vestir a camisola das Quinas no Parque dos Príncipes, em Paris, em 1978. Antes disso, Óscar Duarte tinha travado uma outra luta, a da libertação de Cabo Verde, o que o levou a estar preso quase dois anos no campo de São Nicolau em Angola, depois de ter passado pelo Tarrafal, da ilha de Santiago, e por Caxias, em Portugal. “Era das piores prisões que havia na era colonial. Quando a pessoa - para eles - cometesse qualquer erro, surravam nas pessoas. A mim também me bateram. Eu sou técnico agrícola e ao trabalhar na agricultura, se tirasse qualquer produto da agricultura batiam-me. Utilizavam esses dois utensílios: palmatória e chicote. Sabe o que é uma pessoa levar às vezes 200 palmatoadas na mão? Quando a mão incha, as veias ficam ensanguentadas. E batiam no rabo com a palmatória. Portanto, houve muita gente que morreu assim. Eu, durante o tempo que lá estive, uma vez houve um problema qualquer e - como era uma prisão natural, não havia prisão lá dentro - eu estive quase três meses numa cela com cinco palmos de comprido, três de largo. Eu sentava-me, esticava a perna e ocupava aquilo tudo. Era sempre escuro, onde fazia as minhas necessidades é que tinha de abrir a torneira também para beber e havia uma refeição por dia”, conta. Essa cela era a “frigideira durante o verão” e “frigorífico na época de cacimbo que é o frio”. “Durante esse tempo que estive na frigideira ou no frigorífico, era uma refeição por dia. Era só o pequeno almoço, fuba, um bocadinho de amendoim e uma chávena de café preto. Depois a pessoa ia perdendo peso. Houve muita gente que foi à loucura. Eu aguentei, mas houve muita gente que morreu por lá. E depois havia uma outra agravante, que era que quando iam buscar uma pessoa à noite, dificilmente apareciam. Matavam-nas”, recorda Óscar Duarte. Era preciso resistir para sobreviver. Resistir à "frigideira" ou "frigorífico", aos espancamentos, à fome, aos trabalhos forçados, à loucura. Óscar Duarte viu muita gente morrer. Um dia, um prisioneiro que tinha tentado fugir foi crucificado para todos verem. Mas Óscar Duarte resistiu. A dada altura, foi transferido do Campo de São Nicolau para o Campo da Foz do Cunene e também aí continuou a resistir e até a jogar à bola, entre lacraus, cobras e jacarés. “Tínhamos de trabalhar todos os dias, era deserto e tal, a temperatura era quase de 50 graus. Hoje, abríamos vala, amanhã tapávamos. Cortávamos pedra, depois arrumávamos. Só para ocupar tempo. Era um castigo. E depois tínhamos muito receio porque não tínhamos sequer uma aspirina, um vidro de álcool. Nada disso. E havia lá muito lacrau, se o lacrau picar uma pessoa é terrível porque tem veneno. Havia lacrau, havia cobras, havia tudo isso. Havia lá um rio e nós fizemos lá alguma agricultura com o limo do rio, misturámos com a terra e tirávamos sempre qualquer coisa. Às vezes íamos para o rio jogar a nossa bola e  jacarés com quatro metros e tal! Uma pessoa se se distrai, até podia ser apanhado pelo jacaré!”, lembra. Criado em 1962, o Campo de Recuperação de São Nicolau situava-se num território desértico no litoral angolano, a norte da então Moçâmedes (Namibe). Para lá eram enviados guerrilheiros suspeitos de actividades subversivas, por vezes acompanhados da família. Em 1964, estavam lá presas 651 pessoas. Em 1972, eram 1.123 prisioneiros. Óscar Duarte foi desterrado para lá por fazer parte da rede clandestina de militantes do PAIGC em Cabo Verde. “Eu fui para São Nicolau porque tínhamos um núcleo e trabalhávamos na clandestinidade. Na altura, a PIDE tinha a coisa muito bem controlada e por cada informação que a pessoa desse, eles pagavam 500 escudos. E nessa altura já era algum dinheiro. Deitámos uns panfletos em São Vicente e houve um indivíduo que pertencia ao nosso núcleo, que foi deitar panfletos no cinema, foi apanhado e depois torturaram-no. Inclusive ele falou-nos de um alicate nos testículos. Portanto, ele teve que 'cantar', teve que dizer tudo”, acrescenta. Óscar foi preso na cidade da Praia e submetido a tortura nos interrogatórios: uma semana virado para uma parede sem dormir e a ter alucinações da mãe a chorar. No Tarrafal da ilha de Santiago, em Cabo Verde, também era preciso resistir. Numa primeira fase, entre 1936 e 1956, ali estiveram presos portugueses que contestavam o regime fascista e o local ficou conhecido como “Campo da Morte Lenta”. Em 1962, passou a chamar-se “Campo de Trabalho de Chão Bom” e foi então que se tornou na cadeia de militantes nacionalistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde. Em Cabo Verde, a luta na clandestinidade começou a ser forjada, em 1959, por nomes como Abílio Duarte, do PAIGC, e José Leitão da Graça, ligado ao partido UPICV, que são obrigados a deixar o país devido à polícia política. Depois, vários militantes do PAIGC fizeram trabalho político para mobilizar a população em torno da causa independentista e para criar um ambiente favorável ao desembarque no arquipélago de guerrilheiros armados. Isso acabaria por não acontecer, mas foi minuciosamente preparado. A polícia política portuguesa também não permitiu o desenvolvimento da rede clandestina porque foi prendendo, ao longo do tempo, vários dos responsáveis nas ilhas. Foi o caso de Carlos Lineu Miranda, Fernando dos Reis Tavares, Jaime Schofield, Luís Fonseca e vários outros. Gil Querido Varela foi preso em 1968, interrogado e torturado pela polícia no Plateau, transferido para a Cadeia Civil da Praia e entra no Tarrafal em Abril de 1970. Sai em Janeiro de 71. Era suspeito de prática de “crime contra a segurança interior e exterior do Estado”. Gil Querido Varela era militante do PAIGC e fazia a luta política na clandestinidade. “Nós trabalhávamos, visitávamos amigos. Eu, por exemplo, ia à Ribeira da Barca, aproveitava no momento em que estava trabalhando no campo e lá ia fazer o trabalho político, [dizer] que devíamos entrar no PAIGC para libertar a terra. Quem já tinha visto a fome de 1947 - que eu vi uma parte - não ficava sem fazer nada. Vi crianças morrerem de fome, com o corpo inflamado de fome. Mães com crianças mortas nas costas que não tiravam para poderem achar esmola. Os colonialistas troçando da fome do povo. Eu já estava farto deles e entrei rápido no PAIGC. Quem viu aquela fome era impossível não lutar. Só quem não tem sentimento”, afirma Gil Querido Varela, aos 90 anos, enquanto nos mostra o Tarrafal ao lado do camarada António Pedro da Rosa, de 76 anos. O amigo, António Pedro da Rosa, também lutava na clandestinidade e foi detido em Agosto de 1970, interrogado e torturado, transferido para a Cadeia Civil da Praia e enviado para o Tarrafal em Fevereiro de 1971, de onde saiu a 1 de Maio de 1974. “A luta na clandestinidade nós fazíamos da seguinte forma: Eu tinha um colega, Ivo Pereira, que trazia sempre jornais, panfletos e líamos para os rapazes colegas. E tínhamos um livro também que era “Luta Armada”, líamos e explicávamos a alguns rapazes sobre esta situação. Por isso é que fazíamos este trabalho na clandestinidade, através de panfletos e livros que íamos estudar com os rapazes colegas. Íamos sentar aqui num sítio qualquer porque também já sabíamos que havia alguns rapazes que eram informantes da PIDE, porque cada informação que eles levavam para a PIDE eram 500 escudos e 500 escudos na altura era muito dinheiro. Por isso fizemos todo esse trabalho, mas com muito cuidado”, recorda António Pedro da Rosa, na biblioteca do campo de concentração do Tarrafal que vai ser candidato a Património Mundial da UNESCO. Voltaremos ao Tarrafal guiados por Gil Querido Varela e António Pedro da Rosa no oitavo episódio desta série, mas concentremo-nos, por agora, na luta clandestina que se fazia em Cabo Verde. Havia quem fingisse ser namorada de um dos presos do Tarrafal para levar mensagens do exterior. Foi o que fez Marline Barbosa Almeida que trabalhava na célula clandestina do PAIGC na Praia, criada em 1968, sob direcção de Jorge Querido, o coordenador das actividades clandestinas do PAIGC em Cabo Verde, entre 1968 e 1974. Foi assim que ela conseguiu levar para a prisão informação e mensagens, incluindo dentro de tubos de pasta dos dentes. “Nós tínhamos alguns guardas, conseguíamos conversar, então mandávamos bilhetes através de pastas de dentes que nós abríamos com aquela dobrinha. Então nós tirávamos a maioria da pasta, metíamos as informações num plástico, tornávamos a meter lá e mandávamos. Depois, o director da cadeia era cunhado da minha irmã e sabia no que é que eu andava. Mas como ele era católico, presumidamente democrata, eu arranjei “namoro” com um dos presos. E ia lá e nós éramos obrigados a ir com ele assistir à missa e depois eu ia ver o meu noivo. Foi assim que nós tínhamos informações do que se passava na cadeia e transmitíamos informações aos presos”, recorda. Além da pasta de dentes, as mensagens também circularam dentro de bíblias, acrescenta Marline, quando conversa com a RFI em sua casa, na cidade da Praia. “Houve até um caso interessante de um angolano que tinha sido liberto. Eu tinha ido à praia e ao regressar a casa, eu vi-o a sair da igreja do Nazareno com uma Bíblia na mão. Ele dirigiu-se a minha casa e eu estava precisamente a entrar. ‘É a senhora fulana de tal?' ‘Sim.' ‘Eu sou fulano de tal, saí do Tarrafal ontem e vim com mensagens dos seus amigos. E eu ‘Sim, sim, como é que eles estão? Há muito que não os vejo', enrolando porque eu não sabia quem era. Até que ele abriu a Bíblia, descolou as páginas, tirou o bilhete do Carlos Tavares e mostrou-me para certificar que era uma pessoa de confiança”, recorda. Marline Barbosa Almeida chegou a ser presa e a sofrer tortura. A luta na clandestinidade “era um trabalho difícil” porque “numa ilha não havia onde fugir, não há mato, não há onde esconder”. Por isso, serviam-se de “festas, bailes, piqueniques” para trocar informações e atrair mais pessoas para a causa. Depois, procuravam dar informações à sede do PAIGC, em Conacri, sobre as condições dos presos no Tarrafal. No livro “O PAIGC perante o dilema cabo-verdiano [1959-1974]”, o historiador José Augusto Pereira conta que a PIDE/DGS instalou-se em Cabo Verde em 1959 com a criação da subdelegação da cidade da Praia. Em 1961, são criados os postos da PIDE no Mindelo e no aeroporto do Sal. Em 1965 o posto de Chão Bom, na vila de Tarrafal, em Santiago, em 1968 o posto de São Filipe na ilha do Fogo. Teria 33 efectivos em 1973. Em 1974 a cidade da Praia albergava a sede da DGS e no resto da ilha haviam postos em Santa Catarina e Tarrafal. Depois, havia postos nas ilhas de São Vicente, Sal, Santo Antão, Fogo e Boa Vista. Um dos principais golpes da PIDE/DGS acabaria por ser a detenção de Jorge Querido em Janeiro de 1974, depois de anos a fintar a apertada vigilância da polícia política. O elemento básico da luta clandestina eram as células, cada uma tinha um responsável e o conjunto de responsáveis formava uma secção. Por sua vez, os responsáveis de secção formavam um sector e os responsáveis de sector formavam zonas. O trabalho político clandestino em Cabo Verde consistia em fazer agitação política e em capitalizar em prol da causa nacionalista todas as carências, como a pobreza, a fome e as injustiças sentidas pela população. Por outro lado, havia que acicatar o espírito de revolta, predispor as massas para o apoio a acções armadas, recolher e enviar informação para a direcção do PAIGC em Conacri e dar apoio logístico aos guerrilheiros nacionalistas quando se desse o desembarque no arquipélago. O que não viria a acontecer, como já explicámos noutros episódios desta série de reportagens. Havia, ainda, mobilização junto da diáspora cabo-verdiana. Adão Rocha fazia parte do grupo de Lovaina, na Bélgica, e o trabalho político era também essencial. “Tínhamos várias frentes de luta. A frente diplomática, que Amílcar Cabral prezava muito, ele achava que era uma parte importante da luta mesmo. Ele mesmo se distinguiu como um exímio diplomata. No fundo, era tentar contactar as autoridades dessa zona e sensibilizá-las para a justeza da luta de libertação das ex-colónias e, particularmente de Cabo Verde e da Guiné-Bissau. Também tínhamos uma frente de apoios, mobilização para a luta, o que se conseguia através de organizações não governamentais ali dessa zona, da Bélgica e também da Holanda, que na altura apoiavam as lutas de libertação. Também alguns governos, poucos, já apoiaram a luta ainda antes da independência. Tínhamos, ainda, a frente de divulgação da luta junto da sociedade europeia para sensibilizá-la mais uma vez sobre a questão da repressão colonial, a questão do fascismo em Portugal e criar um ambiente propício para que os seus governos também tivessem uma posição mais favorável em relação à luta. Mas o essencial da nossa luta prendia-se com a mobilização das comunidades emigradas”, conta. Na conversa com a RFI na Fundação Amílcar Cabral, na Praia, onde é membro do Conselho de Administração, Adão Rocha destaca que é preciso que a juventude saiba que, naquela altura, em muitos países, várias pessoas abandonaram os estudos para se juntarem à luta armada ou clandestina. Em Portugal, também havia luta clandestina e a cantiga também foi uma arma para os cabo-verdianos. Manuel Faustino era estudante de medicina em Coimbra quando compôs a primeira música, “Ca bo ba pa tropa”, em 1968, que era um apelo à fuga ao serviço militar. Em 1973, é lançado o LP “Música Cabo-Verdiana-Protesto e Luta”, gravado na Holanda e editado pelo PAIGC, em que aparece outra composição de Manuel Faustino. Chamava-se “Nho Queiton” e era uma denúncia directa à política de Marcello Caetano e à miséria no arquipélago. “Nho Queiton era uma referência a Marcello Caetano que tinha feito uma viagem a Cabo Verde e, então, era uma música que denunciava os propósitos políticos, demagógicos da visita dele. A visita dele inscrevia-se num contexto de tentar seduzir as pessoas, tentar aparecer como um rosto diferente de Salazar. E essa música que vem nesse ‘Long Play' era uma denúncia dessa visita, tentando desmascarar, dizendo que era uma manobra política que serve para nada e que a solução aos problemas era a independência”, conta Manuel Faustino, lembrando que o seu nome não aparece no disco “senão ia preso”.  A historiadora Ângela Benoliel Coutinho, autora de “Os Dirigentes do PAIGC: da fundação à ruptura: 1956-1980” admite que tenham havido algumas centenas de pessoas na luta clandestina, mas diz que é preciso um centro de pesquisa histórica sobre Cabo Verde para se poder estudar todas as temáticas da história contemporânea do país. “Há uma Associação dos Combatentes pela Liberdade da Pátria em Cabo Verde, que tem várias pessoas inscritas. Portanto, serão centenas. Pelas entrevistas que tenho feito, tenho presente o facto de que há pessoas que participaram e alguns até que tiveram um papel importante em dados momentos e não se inscreveram nessa associação. Já pude ter essa conversa com alguns dirigentes e penso que terão sido - entre os que integraram as células - algumas centenas. E depois há todo este apoio por parte da população, não só em Cabo Verde”, sublinha. Em Cabo Verde, em Portugal, na Guiné-Bissau, em Angola, mas também na Bélgica, na Holanda, no Senegal e noutros países para além das fronteiras do então Império Colonial Português, foram muitos os militantes e nacionalistas que lutaram na clandestinidade. Um número ainda não calculado de pessoas foram presas, torturadas e mortas, depois de perseguidas pela PIDE/DGS. Porém, mais de meio século depois, a acção na clandestinidade continua a ser uma das frentes menos visíveis na luta pela independência de Cabo Verde. Se quiser aprofundar este assunto, pode ouvir aqui as entrevistas integrais feitas aos diferentes convidados.

Convidado
Amílcar Cabral: as múltiplas facetas do líder da luta de libertação

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 26, 2025 21:10


Nos 50 anos da independência de Cabo Verde, a RFI publica uma série de reportagens em torno deste tema. Neste quinto episódio, fomos à procura de algumas memórias sobre Amílcar Cabral, o líder da luta de libertação da Guiné e de Cabo Verde, descrito como estratega, poeta, pensador, visionário e “pai” para muitos. É na fachada de um liceu, na Achada Frente Grande, na cidade da Praia, que se vê um retrato gigante de Amílcar Cabral, com os seus óculos e a sua sumbia, esculpido pelo artista português Vhils. Esta é mais uma homenagem ao ‘homi grandi' [‘grande homem'] que ficou na memória dos seus compatriotas como o pai das nacionalidades cabo-verdiana e bissau-guineense. Líder incontestável da luta pela independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, Amílcar Cabral é uma figura do panafricanismo e uma das personalidades mais importantes da luta anticolonial e do pensamento revolucionário no século XX. É, ainda, considerado como o motor da queda do Império Português e da viragem pós-colonial do mundo contemporâneo. Foi, também, um estratega militar e político e um pensador que continua a ser uma referência nas lutas contemporâneas contra o imperialismo, o racismo e o neocolonialismo. O historiador e sociólogo António Correia e Silva, co-autor dos três volumes da História Geral de Cabo Verde, diz que o revolucionário é, antes de mais, um filho de Cabo Verde e da Guiné-Bissau e que herdou combates de gerações anteriores, sintetizando e canalizando toda a cultura de protesto que se foi cimentando numa história ritmada pela tragédia cíclica das fomes e do colonialismo. “Amílcar Cabral, incontestavelmente, é o homem que, num determinado momento, sintetiza uma cultura de protesto, uma incomodidade cabo-verdiana que está no ar e ele dá-lhe uma direção. É o líder não só que pensa a independência, mas que a operacionaliza e é uma figura que tem um peso individual, o tal poder carismático. É, também, o homem que não só pensa, mas mobiliza, estrutura, gere um processo não só para Cabo Verde e Guiné, mas ele é fundamental na criação de um nacionalismo independentista das colónias portuguesas”, começa por explicar António Correia e Silva. O historiador vai mais longe e considera que as preocupações de Amilcar Cabral “são mais amplas” porque além de militante de uma causa nacionalista, “o seu pensamento busca a emancipação enquanto tal”. “Ele vê para lá da missão do Estado, Amílcar Cabral tem preocupações do que ele chamava o projecto da humanidade e de povos africanos e, no caso concreto, cabo-verdiano e guineense, dentro desse projecto de humanidade. Aliás, ele tem uma expressão extremamente ambiciosa, ambígua e utópica, que diz que mesmo na condição de escravatura e do colonialismo, podemos trazer para a humanidade as especificidades da nossa cultura e enriquecemos o património comum da humanidade. Então, na liberdade e independentes estaríamos plenos para esse projecto de humanidade”, descreve o professor António Correia e Silva. Amílcar Cabral nasceu em Bafatá, na Guiné-Bissau, a 12 de Setembro de 1924, filho de cabo-verdianos. Estuda em Cabo Verde, primeiro em Santiago, depois no Liceu Gil Eanes, em São Vicente. Aluno brilhante, consegue uma bolsa para o ensino superior em Portugal. Em Lisboa concretiza o pensamento nacionalista, particularmente na Casa dos Estudantes do Império, da qual chegou a ser vice-presidente em 1951. Foi cofundador e colaborador do seu boletim Mensagem e criou o Centro de Estudos Africanos com Mário de Andrade e Agostinho Neto. A partir da Casa dos Estudantes do Império, ele e colegas de outras colónias começam a apoiar-se na luta pela independência dos seus países. Ainda nessa altura, ele conhece Maria Helena Rodrigues, ao lado da qual vai iniciar a luta. Formado em engenharia agrónoma, Amílcar Cabral trabalha entre 1952 e 1955 em Pessubé, na Guiné, onde dirige o Posto Agrícola Experimental e faz o recenseamento agrícola de todo o território, com viagens que lhe serão úteis para a luta posterior. A 19 de Setembro de 1956, de acordo com a historiografia oficial do PAIGC, funda o partido do qual é o primeiro Secretário-Geral. Em Dezembro de 1957, participa na fundação do Movimento Anticolonialista (MAC), depois na Frente Revolucionária Africana para a Independência Nacional e na Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas, ao lado de camaradas das outras colónias. A sua primeira conferência de imprensa em que denuncia o colonialismo português é em Março de 1960, mês em que vai para Conacry, onde passa a viver e que passa a ser a sede do partido e da luta. É em Conacri que, mais tarde, instala a Escola-Piloto para os filhos e órfãos de combatentes. Amélia Araujo, a locutora mais conhecida da Radio Libertação e que também trabalhava no secretariado, conheceu-o de perto. “O Amílcar era uma pessoa fora de série. Era uma pessoa extraordinária, que se preocupava com todos nós e que adorava as crianças. Ele dizia: ‘As crianças são a razão da nossa luta e as flores da nossa revolução'. Bonito, não é? Ele dava muita atenção às crianças. Todos os dias, de manhã cedo, ele ia à Escola-Piloto, sentava-se lá com os meninos, contava histórias, ensinava jogos, fazia competições entre rapazes e raparigas, na corrida, por exemplo. A minha filha ganhava sempre!”, conta, com orgulho, Amélia Araújo, ao lado da filha, a cantora Teresa Araújo, numa conversa em casa delas, na cidade da Praia, na ilha de Santiago. A partir de Conacri, Amílcar Cabral implementa todo um sistema de ensino pioneiro nas chamadas zonas libertadas na Guiné-Bissau, assim como hospitais, tribunais, assembleias populares, lojas do povo e são organizadas várias formações no exterior para preparar os futuros quadros dos dois países independentes. Maria Ilídia Évora, “Tutu”, tem retratos de Amílcar Cabral logo à entrada da sua casa, no Mindelo, na ilha de São Vicente. Para ela, "nunca mais África terá um líder assim". Conta que foi ele quem a convenceu a ir para Cuba, em meados dos anos 60, para se preparar para a guerrilha em Cabo Verde, mas a luta armada nunca se fez nas ilhas e Amílcar Cabral decide que Tutu vai fazer uma formação em enfermagem na antiga RDA. “Amílcar era uma pessoa muito humana, uma pessoa muito responsável, uma pessoa muito honesta e uma pessoa amiga. Todas as vezes que a gente se encontrava, ele punha-me ao lado dele para sentar na mesa e a gente falava depois. Ele tinha a atenção de dizer: ‘Vou ter um pequeno espaço para ti para falarmos da tua filha'. Portanto, para além de ser o meu líder, também foi como se fosse um pai. Você está a ver a estima que eu tenho por ele? Ele até está na minha entrada para toda a gente ver que eu sou Amílcar Cabral. Eu apoiei Amílcar Cabral. Foi o melhor líder que nós podíamos ter. Melhor não vai aparecer nunca”, sentencia Tutu. A antiga combatente recorda também que quando a motivação esmorecia, o líder do PAIGC tinha sempre as palavras certas: “Tu sabes porque é que estás aqui, filha. Estamos a lutar. É um comboio que viaja, alguns descem, outros sobem. Mas tu não vais deixar esse comboio porque eu penso que sabes por que é que tu estás cá. Não vieste à toa.” Só depois de frustradas todas as tentativas de diálogo com o poder colonial português, é que se passa da ação diplomática à luta armada em 1963. Amílcar Cabral foi, por isso, um estratega militar e muito mais, descreve o comandante Silvino da Luz. “Amílcar era um ser humano, antes de mais, extremamente humano, extremamente humanista. Mas o Amílcar tinha várias facetas. Amílcar era engenheiro, mas foi um chefe militar, um estratega inconfundível. Amílcar foi simultaneamente poeta e foi um visionário”, afirma Silvino da Luz, sublinhando que “a sua inovação da proclamação do Estado [da Guiné-Bissau] durante a luta foi uma coisa brilhante”. Silvino da Luz diz que seria preciso um livro para descrever Amílcar Cabral, mas vai avançando com mais algumas pistas: “É um teórico, um pensador das ciências sociais e políticas inconfundível. As suas grandes armas, seus grandes textos que ele deixou, por exemplo, 'O Papel da Cultura na Libertação Nacional', 'A arma da teoria', etc, etc, etc, que o tornaram célebre.  Ainda hoje é lembrado e festejado e é comemorado nos diversos continentes. Portanto, era um homem de muitas facetas, um homem invulgar, profundamente humano. Ele dizia: ‘Se tivesse de mandar matar alguém dentro dos meus quadros da luta, então eu deixaria nessa mesma altura de ser dirigente e nunca mais seria dirigente desta terra''. Amílcar Cabral era, de facto, um “pensador e um grande líder”, resume a filha Iva Cabral, que também nos abre as portas de sua casa, na Praia, para nos falar do líder africano. “Ele é um grande líder. Conseguia levar as pessoas atrás dele. conseguia formar equipas. Era uma pessoa honestíssima porque ele dizia-me que ‘o problema de África não é a falta de recursos, o problema da África é a falta de honestidade, a elite africana não é honesta'. E é a realidade, diga-se de passagem. Nós traímos os nossos ideais. E ele dizia que o processo revolucionário não é uma ambição que ele tinha para a nossa juventude porque o que nós devemos é ser honestos conosco, honestos com o povo”, lembra a historiadora Iva Cabral. A pedra angular do ideário político de Amílcar Cabral era o princípio da “unidade e luta”, acrescenta. Os militantes da Guiné e Cabo Verde deveriam lutar juntos pela independência e contra o inimigo comum: o colonialismo português. Mas havia ecos de queixas de nacionalistas guineenses que se consideravam preteridos em detrimento de elementos da ala cabo-verdiana na ocupação de escalões superiores da estrutura do partido. Algo que viria a ser usado e instrumentalizado por parte da PIDE/DGS que tudo tinha a ganhar com a divisão entre os dois povos. O comandante Osvaldo Lopes da Silva chegou a confrontar Amílcar Cabral sobre a questão da unidade e a alertar para a necessidade de mostrar que os cabo-verdianos não queriam mandar na Guiné e queriam estar a par da evolução das coisas no que toca à luta pela independência também nas ilhas. “Devia-se vincar - até para sossegar os guineenses - que o cabo-verdiano não queria ir mandar na Guiné, que o cabo-verdiano quer mandar em Cabo Verde e o guineense que mande na Guiné. Vincar, chamar a atenção mesmo para o facto da História não nos aproximar. A História podia ser até um factor de maior separação porque a Guiné esteve durante muito tempo subordinada ao governo de Cabo Verde e isso cria movimentos de rejeição da parte da Guiné. E tínhamos que compreender”, explica o antigo comandante de artilharia. No regresso de uma formação de marinha de guerra no Mar Negro, Osvaldo Lopes da Silva e o grupo de cabo-verdianos que dirigia sentiram a hostilidade de elementos guineenses na Marinha, alguns dos quais estariam envolvidos no futuro complô que levaria à morte de Amílcar Cabral. A 23 de Janeiro de 1973, Amílcar Cabral era assassinado. Ana Maria Cabral, a esposa, estava com ele nessa noite. Diz que “não houve nenhuma justiça” e que “toda a verdade ainda não foi dita”. “Não houve nenhuma justiça. Não houve nenhuma justiça. Já se escreveu muita coisa sobre isso, mas toda a verdade ainda não foi dita. Eu pensei que depois da morte do Spínola, a verdade saísse. Falta esclarecer quem foram realmente - além de Spínola - quem foram todos os intelectuais que trabalharam nisso. Uma vez li uma entrevista de Spínola em que ele dizia, mais ou menos isso: ‘Eu não dei a ordem, eu não disse para matar. Eu não dei ordem para matar.' Mas como é que se vai distribuir armas a alguém e se diz para não utilizar as armas?", questiona Ana Maria Cabral, numa conversa em frente à praia, na capital de Cabo Verde. Até que ponto as divergências em relação à unidade não estiveram na origem do assassínio de Amílcar Cabral, a 23 de Janeiro de 1973? O líder do  PAIGC foi assassinado em Conacri, em frente à sua residência, por um grupo que pretendia prender e eliminar os dirigentes do partido, pouco mais de dois anos depois da fracassada Operação Mar Verde, em que o exército português invadiu Conacri para tentar acabar com a direcção do PAIGC (22 de Novembro de 1970).  Inocêncio Kany foi o homem que disparou a matar contra Amílcar Cabral, mas os mais próximos apontam a responsabilidade do então governador na Guiné, António de Spinola. O único cabo-verdiano presente nos interrogatórios aos assassinos de Amílcar Cabral foi Alcides Évora, conhecido como “Batcha”. Uma vez, na cantina do secretariado, ele conta ter ouvido Amílcar Cabral dizer que “quem o havia de matar eram os próprios camaradas do PAIGC”. Porém, “ele tinha uma confiança ilimitada nos camaradas”, acrescenta. Sobre os interrogatórios, em que serviu de intérprete, ele recorda que “estavam sempre a dizer mal dos cabo-verdianos e achavam que Cabral estava a beneficiar os cabo-verdianos em detrimento dos guineenses”. “Havia um certo ódio contra Cabral”, lamenta o homem que trabalhou bem perto do líder do PAIGC, no secretariado em Conacri, como nos mostra numa das fotografias em exposição na Fundação Amílcar Cabral.  A morte de Amílcar Cabral não impediu que se cumprisse o seu objectivo: libertar a Guiné e Cabo Verde das garras do colonialismo. O comandante Pedro Pires, que depois do 25 de Abril de 1974 liderou a delegação cabo-verdiana nas negociações da independência, recorda que “sem o PAIGC ou sem essa aliança entre Guiné e Cabo Verde, a independência de Cabo Verde seria complicada”. “Isso, em certa medida, permitiu as vitórias ou a vitória final, se quiser dizer isso, na Guiné. A introdução dos artilheiros cabo-verdianos  que melhoraram a capacidade da artilharia que era a arma que fustigava mais os quartéis e podia destruir os quartéis. Essa chegada e a introdução dos artilheiros cabo-verdianos foi um factor de mudança favorável à melhoria das capacidades das Forças Armadas do PAIGC”, testemunha Pedro Pires, acrescentando que essa aliança Guiné-Cabo Verde também abriu as portas às negociações para a independência depois da queda do Estado Novo em Portugal. Também a historiadora Ângela Benoliel Coutinho, autora de “Os dirigentes do PAIGC: da fundação à rutura: 1956-1980”, considera, em entrevista por telefone, que a “unidade e luta” foi uma “fórmula brilhante” que resultou na libertação e independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, mas também no fim da ditadura em Portugal. “A aposta em unidade e luta da direcção do PAIGC foi uma aposta brilhante que deu excelentes resultados, que permitiu libertar a Guiné-Bissau e Cabo Verde e que deu um forte contributo para libertar os portugueses da ditadura fascista, visto que desde há décadas tinha havido diversas tentativas de golpes de Estado, todas falhadas contra o regime do Estado Novo em Portugal, e esta tentativa foi bem sucedida”, resume a investigadora. Por sua vez, José Vicente Lopes, jornalista e autor do livro pioneiro sobre a história contemporânea do país “Cabo Verde - Os Bastidores da Luta pela Independência”, considera que o principio de “unidade e luta” foi “uma das utopias de Amílcar Cabral”, simultaneamente uma força e o ponto fraco do PAIGC. “Quando Amílcar falava em unidade, ele falava em várias unidades e querer ver uma população tão heterogénea como a guineense ou mesmo como a cabo-verdiana, chega a ser quase uma espécie de utopia ou então uma unidade imposta a martelo que também não funciona. Aliás, a história vem mostrar isso. A tal unidade pretendida pelo Amílcar era ao mesmo tempo força e, ao mesmo tempo, o ponto fraco do PAIGC ou daquele processo. Daí que foi uma das utopias do Amílcar que não se realizou por razões mais diversas, na medida em que a unidade nunca é feita por decreto, nem por força. Então, logo as coisas tiveram o fim que tiveram e, do meu ponto de vista, isto hoje é passado e não sei até que ponto vale a pena gastar mais tinta com isto”, considera José Vicente Lopes, também ao telefone com a RFI, a partir dos Estados Unidos, onde em Maio foi convidado pela diáspora a falar sobre o livro “Cabo Verde - Um corpo que se recusa a morrer”. A independência de Cabo Verde chegaria mais de dois anos depois da autoproclamada pela Guiné-Bissau, com o PAIGC a negociar com Lisboa os termos da independência cabo-verdiana, na sequência da queda da ditadura portuguesa, a 25 de Abril de 1974. Alguns anos depois, o golpe militar de 14 de Novembro de 1980 na Guiné-Bissau desfez o sonho de Amílcar Cabral de uma união política entre a Guiné-Bissau e Cabo Verde e ditou a cisão do PAIGC e a fundação, em Cabo Verde, do PAICV. Meio século depois, o legado de Amílcar Cabral persiste e o homem que é considerado como um dos maiores líderes africanos de sempre, continua a ser símbolo de resistência, unidade, luta e panafricanismo.   Pode ouvir aqui as entrevistas integrais a Ana Maria Cabral e Iva Cabral:

Convidado
50 anos da independência: Por que não houve luta armada em Cabo Verde?

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 26, 2025 24:30


Nos 50 anos da independência de Cabo Verde, a RFI publica e difunde várias reportagens sobre este tema. Neste segundo episódio, falámos com antigos combatentes que se prepararam para a luta armada em Cabo Verde através de formações político-militares na Argélia, em Cuba e na antiga União Soviética. Foi planeado um desembarque no arquipélago, mas Cabo Verde acabaria por chegar à independência sem guerrilha no seu território e os cabo-verdianos foram lutar para as frentes de combate na Guiné e também na clandestinidade. Participaram, ainda, em batalhas políticas, de saúde, de formação e de informação. Nesta reportagem, ouvimos Pedro Pires, Silvino da Luz, Osvaldo Lopes da Silva, Maria Ilídia Évora, Amâncio Lopes e Alcides Évora. A 5 de Julho de 1975, depois de cinco séculos de dominação portuguesa, às 12h40, era oficialmente proclamada a independência de Cabo Verde por Abílio Duarte, presidente da Assembleia Nacional Popular, no Estádio Municipal da Várzea, na Praia.   A luta tinha começado há muito e acabaria por ser o PAIGC, Partido Africano da Independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, a consolidar os anseios nacionalistas e a conduzir o arquipélago à independência, quase dois anos depois de a Guiné-Bissau se ter autoproclamado independente. O líder da luta e do partido, Amílcar Cabral, nascido em Bissau e filho de cabo-verdianos, não pôde assistir nem a uma nem a outra por ter sido assassinado em Janeiro de 1973. Considerado como o pai das duas independências, Amílcar Cabral defendeu, desde o princípio, o lema da “unidade e luta”: unir esforços para combater o inimigo comum que era o colonialismo português. No programa, ancorado numa concepção pan-africana de unidade política para o continente, estava a luta pela independência da Guiné e de Cabo Verde e a futura união dos dois Estados, separados por mar alto. Mas ao contrário da Guiné, em Cabo Verde a luta nunca chegou a ser armada, ainda que a intenção tenha estado em cima da mesa. Foi em Julho de 1963, na cidade de Dacar, numa reunião de quadros nacionalistas do PAIGC, que Pedro Pires chegou a dizer não ter cabimento “falar em luta de libertação nacional sem falar em luta armada”. O comandante e destacado dirigente político-militar do PAIGC tinha "dado o salto" em 1961 quando integrou o grupo de dezenas de jovens africanos que abandonou, clandestinamente, Portugal, rumo à luta pela independência.  Mais de meio século depois, com 91 anos, o comandante da luta de libertação recebe a RFI no Instituto Pedro Pires para a Liderança, na cidade da Praia, e recorda-nos o contexto em que se decidiu que o recurso à luta armada “era obrigatório” e como é que ele esteve ligado à preparação da luta em Cabo Verde. “A questão da luta armada, colocámos a seguinte questão: ‘Será obrigatório?' Chegámos à conclusão que era obrigatório. Tinha que se ir nessa direcção por causa daquilo que já tinha acontecido porque não é uma questão de qualquer coisa por acontecer, mas a violência já tinha acontecido em Angola, no Congo Kinshasa, na Argélia, de modo que estávamos obrigados a pensar nessa via. É assim que nós abraçamos o projecto do PAIGC de prepararmo-nos e organizarmos o recurso à violência armada. As tarefas que me foram conferidas no PAIGC estiveram, até 1968, sempre ligadas a Cabo Verde e à preparação da possibilidade da luta armada em Cabo Verde”, conta Pedro Pires [que se tornaria o primeiro primeiro-ministro de Cabo Verde (1975-1991) e, mais tarde, Presidente do país (2001-2011)]. E era assim que, meses depois do anúncio do início das hostilidades pelo PAIGC contra o exército português no território da Guiné, se desenhava a intenção de desencadear também a luta armada em Cabo Verde. A Pedro Pires foi confiado o recrutamento e a preparação política dos combatentes. A ajudá-lo esteve Silvino da Luz que, meses antes, tinha desertado do exército português e sido preso em Kanu, na Nigéria. Aos 86 anos, Silvino da Luz recebe a RFI em sua casa, na cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente e explica-nos por que é que a acção militar em Cabo Verde era necessária. “A grande decisão tomada em 1963, nessa reunião de Dacar, da qual eu saio como um dos responsáveis militares, era a criação de condições para desencadear a luta armada em Cabo Verde porque estávamos absolutamente seguros que os colonialistas, e Salazar em particular, não aceitariam nunca largar as ilhas que já estavam nos radares da NATO que considerava Cabo Verde e Açores como os dois pontos cruciais para a defesa do Ocidente e no Atlântico Médio eram indispensáveis”, explica Silvino da Luz que foi, depois, comandante das Forças Armadas Revolucionarias do Povo (FARP), ministro da Defesa e Segurança (1975-1980) e dos Negócios Estrangeiros (1980-1991) e depois deputado até 1995. Começou a pensar-se num desembarque de elementos do PAIGC no arquipélago e houve preparação de combatentes na Argélia, em Cuba e na antiga União Soviética. O grupo dos militantes nacionalistas, encabeçado por Pedro Pires, preparou-se na clandestinidade total em Cuba, durante dois anos, e é aqui que nascem as Forças Armadas cabo-verdianas, a 15 de Janeiro de 1967, data em que os cabo-verdianos prestam, perante Amílcar Cabral, o juramento de fidelidade à luta de libertação de Cabo Verde. No grupo de Cuba, havia apenas uma mulher, Maria Ilídia Évora, conhecida como Tutu. Aos 89 anos, recebe a RFI em sua casa, no alto de São Nicolau, no Mindelo. À entrada, destacam-se duas fotografias de Amílcar Cabral, mas há ainda muitas fotografias que ela nos mostra dos tempos da formação político-militar em Cuba. Foi em Dacar, onde estava emigrada, que Tutu conheceu Amílcar Cabral e aderiu logo à luta.  “Foi ideia de Cabral. Disse que eu tinha de participar. Em Cuba, os treinos eram de tiro, esforço físico, correr, fazer ginástica, fazer marchas, aprender a lidar com a arma, limpar as armas, e escola também. Tinhamos aulas de matemática e várias aulas porque no grupo havia estudantes que tinham fugido da universidade, eles tinham mais conhecimento do que nós e partilhavam os conhecimentos deles com quem tinha menos”, revela, acrescentando que um camarada lhe disse um dia que “muitas vezes os homens queriam desistir, mas tinham vergonha porque tinham uma mulher no grupo”. Também Alcides Évora, conhecido como “Batcha”, esteve no grupo de Cuba. Entrou na luta pela mão do comandante Pedro Pires, depois de ter estado emigrado em França durante pouco mais de um ano. Viajou para a Argélia e, passados uns meses, seguiu para o treino militar em Cuba. É na Fundação Amílcar Cabral, na Praia, que, aos 84 anos, ele recorda essa missão à RFI. “Nós tivemos uma preparação político-militar intensa. Tivemos aulas militares e também havia aulas de política para complementar o nosso curso. A nossa preparação era para desencadear a luta em Cabo Verde, mas não se efectivou o nosso desembarque porque com a morte do Che Guevara na Bolívia, os americanos passaram a controlar todos os barcos que saíam de Cuba. Então, o Fidel mandou chamar o Amílcar e eles depois chegaram à conclusão que realmente não era aconselhável esse desembarque”, afirma Alcides Évora depois de nos fazer a visita guiada às salas da fundação, onde também se vê uma fotografia dele no escritؚório do PAIGC em Conacri. O desembarque estava a ser preparado no maior dos segredos e estava tudo pronto. Amâncio Lopes, hoje com 86 anos, era também um dos membros do grupo. Tinha sido recrutado junto dos emigrantes cabo-verdianos da região francesa de Moselle, onde se encontrava a trabalhar como operário na siderurgia. Amâncio Lopes começou por receber formação em Argel e depois foi para Cuba. “Era um grupo de 31 que foi maioritariamente recrutado na Europa, em Moselle, no seio da emigração. De lá, recebi preparação militar em Argel, depois fomos reunidos em Cuba porque havia dois grupos. Passados os seis meses de instrução, fomos reunidos todos em Cuba. Foram uns dois anos. Era uma preparação inicial e depois recebíamos ajuda para desembarcar em Cabo Verde. Quando já estávamos preparados para desembarcar em Cabo Verde, Cabral fez uma visita e nessa visita fizemos o juramento em 1967”, recorda Amâncio Lopes, quando recebe a RFI na sua casa, na periferia de Mindelo. Ao fim de quase dois anos de treinos e formação político-militar, o grupo de Cuba encontrava-se pronto para a operação de desembarque. Amílcar Cabral desloca-se a Havana para dar instruções e procede-se ao juramento solene da bandeira, a 15 de Janeiro de 1967, mas a morte de Che Guevara na Bolívia, a 8 de Outubro de 1967, é uma das razões que leva à suspensão da operação. Silvino da Luz recorda que estava tudo a postos. “O assunto foi tratado sempre no máximo sigilo, as informações não escapavam. Tínhamos desaparecido do mundo, as pessoas não sabiam, vivíamos em plena clandestinidade em Cuba, lá pelas montanhas interiores da ilha, em acampamentos com bastante segurança. Recebemos preparação militar bastante avançada. Depois, já tínhamos terminado a preparação, Fidel já se tinha despedido de nós, tinha oferecido uma espingarda a cada um de nós, Amílcar já se tinha despedido, mas houve uma série de desastres que aconteceram, como a queda do Che [Guevara] na Bolívia, uma tentativa de infiltração de revolucionários na Venezuela (…) Nós já estávamos no barco à espera da ordem de partida, mas cai o Che, houve essas infelicidades, o cerco à volta de Cuba aumentou, os americanos quase fecharam a ilha e não havia possibilidade de nenhum barco sair sem ser registado. Naturalmente que, para nós, sair era quase que meter a cabeça na boca do lobo”, relembra Silvino da Luz. Também o comandante Pedro Pires admite que “quando se é jovem se pensa em muitas coisas, algumas impossíveis” e o desembarque era uma delas, pelo que se optou por um “adiamento” e por "criar as condições políticas para continuar a luta". “Quando se é jovem, pensa-se em muitas coisas, algumas possíveis e outras impossíveis. Concebemos um projecto, pusemos em marcha a criação das condições para a concretização do projecto, mas verificou-se que era complicado de mais. Uma das características das lutas de libertação e, sobretudo, das guerrilhas, é a problemática da retaguarda estratégica. Em relação a Cabo Verde, em pleno oceano, não há retaguarda estratégica e você vai desenrascar-se por si. É preciso analisar as condições reais de sustentabilidade dessa ideia, se era possível ou não possível. O nosso apoiante mais entusiasta ficava nas Caraíbas, a milhares de quilómetros de distância, não serve de retaguarda, a não ser na preparação, mas o apoio à acção armada ou possivelmente outro apoio pontual era muito difícil. Por outro lado, o que nos fez reflectir bastante sobre isso foi o fracasso do projecto de Che Guevara para a Bolívia”, explica. Adiado o projecto inicial, os cabo-verdianos continuaram a formação e foram para a União Soviética onde receberam formação de artilharia, algo que viria a ser decisivo para a entrada deles na luta armada na Guiné. Amâncio Lopes também foi, mas admite que sentiu “uma certa tristeza” por não ver concretizado o desembarque em Cabo Verde. “Éramos jovens e todos os jovens ao entrarem numa aventura destas querem ver o programa cumprido. Mas o programa tem de ser cumprido sem risco suicida. Em Cuba fizemos preparação política e de guerrilha mas, depois, na União Soviética, já fizemos preparação semi-militar. (…) Os soviéticos foram taxativos: vocês têm um bom grupo, grande grupo, consciente do que quer, mas metê-los em Cabo Verde é suicidar esse grupo. Então, ali avisaram-nos que já não íamos desembarcar em Cabo Verde. Aí ficámos numa certa tristeza porque em Cuba tínhamos a esperança de desembarcar, na União Soviética durante quase um ano também tínhamos essa esperança, mas depois perdemos a esperança de desembarcar em Cabo Verde”, diz Amâncio Lopes. Entretanto, entre 1971 e 1972, houve também um curso de marinha para uma tripulação de cabo-verdianos que deveria vir a constituir a marinha de guerra do PAIGC. O grupo era chefiado por Osvaldo Lopes da Silva que considera que se o projecto tivesse avançado, teria sido decisivo, mas isso não foi possível devido à animosidade que se sentia da parte de alguns militantes guineenses contra os cabo-verdianos. “Da mesma maneira que os cabo-verdianos entraram para a artilharia e modificaram o quadro da guerra, Cabral pensou: ‘Vamos criar uma unidade com cabo-verdianos, aproveitar os cabo-verdianos que havia, concentrá-los na marinha para ter uma marinha de guerra. Eu estive à frente desse grupo. Esse grupo se tivesse entrado em acção seria para interceptar as ligações entre a metrópole e Cabo Verde e a Guiné e as outras colónias. Seria uma arma letal. Da mesma maneira que a entrada dos mísseis anti-aéreos imobilizou completamente a aviação, a entrada dos cabo-verdianos na marinha com as lanchas torpedeiras teria posto em causa a ligação com a metrópole. Podíamos mesmo entrar em combate em território da Guiné e afundar as unidades que os portugueses tinham que não estavam ao nível do armamento que nós tínhamos”, explica. Então porque não se avançou? A resposta de Osvaldo Lopes da Silva é imediata: “As unidades estavam ali, as lanchas torpedeiras, simplesmente não havia pessoal qualificado. Nós é que devíamos trazer essa qualificação. Quando esse meu grupo regressa em 1972, o ambiente na marinha estava completamente degradado. O PAIGC tinha uma marinha e é nessa marinha que foi organizado todo o complô que veio dar lugar à morte de Cabral.”  A análise retrospectiva é feita em sua casa, no bairro do Plateau, na Praia, onde nos mostra, aos 88 anos, muitas das fotografias dos tempos da luta, quando também foi comandante das FARP, e imagens de depois da independência, quando foi ministro da Economia e Finanças (1975-1986) e ministro dos Transportes, Comércio e Turismo (1986-1990). Houve, ainda, outras tentativas de aproximação de guerrilheiros a Cabo Verde. O historiador José Augusto Pereira, no livro “O PAIGC perante o dilema cabo-verdiano [1959-1974]”, recorda que a URSS, em 1970, cedeu ao PAIGC um navio de pesca de longo alcance, o 28 de Setembro, que reunia todo o equipamento necessário ao transporte e desembarque de homens e armamento. A luta armada no arquipélago não estava esquecida e no final de 1972 foram enviados a Cuba dois militantes provenientes de Lisboa que deveriam ser preparados para desencadear, em Cabo Verde, ações de guerrilha urbana. Um deles era Érico Veríssimo Ramos, estudante de arquitectura em Lisboa e militante do PAIGC na clandestinidade, que sai de Portugal em Dezembro de 1972 em direcção a Cuba. “Em Dezembro de 1972, saio de Portugal com um passaporte português, vou para Cuba receber preparação para regressar para a luta. Não estava ainda devidamente estruturada essa participação para depois dessa formação. Fui eu e mais um outro colega e mais um elemento que veio da luta da Guiné-Conacri. Quando Amílcar Cabral foi assassinado, nós estávamos em Cuba e, logo a seguir, tivemos de regressar”, conta. De facto, o assassínio de Amílcar Cabral a 20 de Janeiro de 1973 levou à saída da ilha dos activistas por ordem das autoridades de Havana. Entretanto, combatentes cabo-verdianos tinham integrado as estruturas militares da luta armada na Guiné, mas sem abandonarem a ideia de um lançamento futuro da luta armada em Cabo Verde. Porém, isso acabaria por não acontecer. Apesar de a luta armada não se ter concretizado em Cabo Verde, a luta política na clandestinidade continuou nas ilhas e a PIDE apertou bem o cerco aos militantes. Muitos foram parar ao Tarrafal e a outras prisões do “Império”, onde também houve resistência. Os cabo-verdianos destacaram-se na luta armada na Guiné, mas também noutras frentes de batalha como a propaganda, a educação, a saúde, a diplomacia e muito mais. Sobre alguns desses temas falaremos noutros episódios desta série. Pode também ouvir aqui as entrevistas integrais feitas aos nossos convidados.

Convidado
Cabo Verde: A “bandeira negra da fome” era também “fome de bandeira”

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 26, 2025 19:04


Nos 50 anos da independência de Cabo Verde, a RFI publica uma série de reportagens sobre este tema. Neste primeiro episódio, abordamos as raízes da revolta com algumas das pessoas que lutaram pela libertação nacional, como Pedro Pires, Osvaldo Lopes da Silva, Alcides Évora, Maria Ilídia Évora e Marline Barbosa Almeida, mas também com o historiador António Correia e Silva e o jornalista José Vicente Lopes. Foram mais de cinco séculos de dominação colonial, uma história marcada pelo comércio de pessoas escravizadas, ciclos de fome, secas e emigração forçada. A independência foi a 5 de Julho de 1975, mas a resistência começou muito antes, ainda que tenha sido a Geração Cabral a desencadear a luta de libertação e a conduzir Cabo Verde à independência. No século XIX, a elite letrada já manifestava uma atitude contestatária face ao poder colonial. Intelectuais como Eugénio Tavares, Pedro Cardoso, Luís Loff e, mais tarde, os chamados “claridosos” denunciaram os problemas que afectavam a população e exaltaram a singularidade e a identidade do povo cabo-verdiano.  Na década de 1940, uma nova geração de intelectuais, inspirados pelos antecessores, passam a reivindicar o direito à independência. O historiador e sociólogo António Correia e Silva sublinha que a Geração Cabral é fruto de lutas anteriores, que o fantasma das fomes foi determinante para desencadear o movimento de libertação e que, nessa altura, a ideia de “independência se torna politicamente credível”. “Gabriel Mariano vai escrever um grande poema sobre a fome que se chama 'Capitão Ambrósio': 'Bandeira negra, negra bandeira da fome…'. Eu costumo dizer aos meus alunos que bandeira, negra e fome é um triângulo virado para o futuro e que a bandeira negra da fome era, na verdade, uma fome de bandeira, uma fome de independência”, descreve António Correia e Silva. “Essa geração de Amílcar Cabral, o grande salto é que, através de uma aliança pan-africana, aproveitando uma conjuntura pós-guerra, a criação das Nações Unidas e a ideia de autodeterminação que surge naquela altura, a ocorrência de algumas independências de países afro-asiáticos, países grandes como a Indonésia, a Índia, o Egipto, etc, tudo isto provoca a passagem, a violação do interdito, a passagem do intransponível limite que era a independência. Isto é, a independência torna-se pensável, mas mais, torna-se politicamente credível”, acrescenta o historiador. As grandes crises de fome em Cabo Verde entre 1941 e 1942 e entre 1947 e 1948 foram de uma violência brutal, com milhares de mortos. Em 1939, a população estava avaliada em 174 mil pessoas e caiu, em 1950, para 139 mil. Os sobreviventes emigravam em massa para as plantações de São Tomé e Príncipe, onde viviam, trabalhavam e muitos morriam em condições semelhantes às da escravatura. Outros conseguiam emigrar clandestinamente para espaços que não o do Império português.  Na memória colectiva há um episódio trágico que não se esquece. Foi a 20 de Fevereiro de 1949, na cidade da Praia e ficou conhecido como o Desastre da Assistência. Centenas de pessoas, que aguardavam pela distribuição de refeições quentes, morreram quando caiu o muro do edifício dos Serviços de Assistência. Estima-se que mais de três mil pessoas se reuniam diariamente nesse espaço para receber a única refeição do dia. Dados oficiais apontavam para 232 vítimas, mas teme-se que o número tenha sido muito superior. Muitas vítimas foram enterradas em valas comuns no Cemitério da Várzea, embrulhadas em lençóis, por falta de caixões. Alcides Évora era uma criança nessa altura, mas lembra-se de ter visto as valas comuns. “Eu comecei a ter uma certa revolta interna desde o início da década de 40. Na altura, eu tinha sete ou oito anos e presenciei a fome de 47. Ainda lembro quando houve o desastre da assistência em que foram transportados, feridos e mortos do local para o Hospital da Praia. Havia tantos mortos. Inclusive muitas casas ficaram fechadas porque não houve nenhum sobrevivente da família que pudesse abrir a porta das suas residências. Da mesma forma, assisti ao enterro na Várzea, na vala comum, em que punham um grupo de cadáveres, depois deitavam o cal e depois punham outra camada de mortos e assim sucessivamente. É algo que ficou gravado na memória. Isto também me fez despertar uma certa revolta interna contra o sistema colonial português”, recorda. Gil Querido Varela também testemunhou a fome de 1947 e viu crianças a morrerem. Por isso, a revolta foi inevitável e quando surgiu a oportunidade aderiu à luta clandestina nas fileiras do PAIGC em Cabo Verde. “Quem já tinha visto a fome de 47 - que eu vi - não ficava sem fazer nada. Vi crianças a morrerem de fome, corpos inflamados de fome. Vi mães com crianças mortas nas costas, não as tiravam para poderem achar esmola. Os colonialistas troçavam do povo, da fome do pobre. Quando veio o PAIGC, entrei rápido. Quem viu aquela fome, era impossível para não lutar. Só quem não tem sentimento”, lembra Gil Querido Varela, que nos leva, num outro episódio ao Campo de Concentração do Tarrafal. A fome também ensombra as memórias de Marline Barbosa Almeida. Foi a partir daí que ela decidiu juntar-se à luta, também na clandestidade. Quis ver a sua terra “livre e independente”. “Nós, que nascemos nos anos 40, 50, vimos aquele período de fome, em que morreram muitas pessoas e o culminar foi o Desastre da Assistência, que matou dezenas, para não dizer centenas de pessoas. Daí cresceu em nós uma certa revolta que não estava classificada politicamente, mas era uma revolta contra a situação de Cabo Verde. Mais tarde, eu, como lia muito - eu devorava livros – fui-me apercebendo das desigualdades, da opressão, do que era necessário para que saíssemos do jugo do colonialismo”, conta Marline Barbosa Almeida, em sua casa, na Praia. No livro “Cabo Verde - Um Corpo que se Recusa a Morrer - 70 anos de fome - 1949-2019”, o jornalista José Vicente Lopes fala sobre o Desastre da Assistência, considerando que a luta de libertação do PAIGC teve como um dos motores a fome que assolava desde sempre o arquipélago. “Este livro fala de um acontecimento que houve em Cabo Verde, que foi o Desastre de Assistência de 1949, e cobre a história de Cabo Verde de 1949 a 2019, numa perspectiva da questão alimentar em Cabo Verde, a história das fomes, o impacto que isto foi tendo nos cabo-verdianos até desembocar inclusive na criação do PAIGC. O PAIGC foi uma reacção à calamidade famélica que foi sucedendo em Cabo Verde desde o século XVI ao século XX porque até 1949, quando se dá o Desastre de Assistência, qualquer seca que acontecesse em Cabo Verde matava no mínimo 10.000, 20.000 pessoas”, sublinha o jornalista, acrescentando que “o espectro da fome não desapareceu porque, apesar de todos os investimentos feitos, apesar de tudo o que se conseguiu fazer, mesmo um bom ano agrícola, um bom ano de chuvas em Cabo Verde, Cabo Verde não consegue produzir mais de 20% das suas necessidades alimentares, logo, 80% tem que ser importado”. As violências coloniais eram de toda a ordem. Maria Ilídia Évora tinha cinco anos quando viu o pai a ser espancado por brancos. A imagem nunca mais a deixou, assim como o medo incontrolável sempre que via alguém de pele branca. Mais tarde, ela viria a integrar um grupo de cabo-verdianos que foi treinado em Cuba para desencadear a guerrilha em Cabo Verde e viria ainda a trabalhar em hospitais durante a guerra na Guiné.  “Uma pessoa a bater em alguém que não fez nada, a bater daquela maneira como baterem no meu pai, uma criança não entende. Eu não entendi. Nunca entendi. Até conhecer o Amílcar, para mim, o branco era o diabo. Eu considerava o branco uma coisa muito ruim. Bater em alguém que não fez nada, que só estava lá porque quis conviver com um patrício amigo, não tinha sentido. Porque para a gente, amizade é amizade. Ele não foi fazer nada, ele não tinha nada nas mãos, nem nos pés, nem em nenhum lugar, e acharam que era um inimigo a ser abatido. Essa coisa nunca me saiu da cabeça”, conta-nos na sua casa, no Mindelo. Todas estas circunstâncias alimentaram a coragem dos que acreditaram na luta. Muitos deles, depois de terem passado no Liceu Gil Eanes, em São Vicente, depois na Casa dos Estudantes do Império, em Portugal, acabariam por "dar o salto". Em 1961, dezenas de angolanos, mas também moçambicanos e cabo-verdianos nacionalistas fogem clandestinamente de Portugal e protagonizam uma fuga massiva histórica para França nas barbas do salazarismo. Vários acabaram por ser figuras de destaque nas lutas de libertação nacional e, mais tarde, ocuparam também postos de relevo nos novos Estados. Pedro Pires foi um dos que escolheu seguir Amílcar Cabral, o líder da luta de libertação da Guiné e Cabo Verde. Era o momento de deixar tudo para trás e arriscar por uma causa. “Chegou um momento em que era preciso alguém correr riscos. Não quer dizer que todos iam correr riscos, mas tinha chegado o momento em que aqueles que achassem que podiam correr riscos ou aqueles que achassem que estivessem no dever de correr riscos, no dever da solidariedade e no dever de serviço em favor do seu país, do seu povo, decidiu correr o risco. Mas o risco é inerente a qualquer decisão e aí nós optamos ou ficar parados e não fazer nada ou então agir e correr riscos. Eu acho que tem sempre resultados, com maiores ou menores dificuldades. O facto de corrermos risco, podemos mudar muita coisa. Foi o que aconteceu connosco. Nós éramos um grupo que saiu na mesma altura ou no mesmo dia, éramos cerca de 60 jovens que decidiram correr o risco”, resume o antigo comandante. Osvaldo Lopes da Silva, comandante de artilharia mobilizado na Guiné, também correu o risco e esteve nessa fuga. Ele recorda esse pontapé de saída para a luta de libertação. “Atravessámos a fronteira de autocarro. Foram vários grupos, cada um foi à sua maneira. Depois, estivemos concentrados nas cercanias de San Sebastian. Quando íamos atravessar a fronteira, o elemento na fronteira que devia facilitar a nossa saída, tinha desaparecido. De forma que fomos presos. Estivemos dois dias na prisão central de San Sebastian e, às tantas, de repente, aparece o director da prisão com um discurso todo terceiro-mundista que 'o povo, o governo da Espanha estiveram sempre ao lado daqueles que lutam pela liberdade, pela independência, etc, etc'. Para nós, foi uma grande surpresa e fomos postos em liberdade. E a verdade é que, pelos documentos que reuniram, viram que essa gente não são maltrapilhos quaisquer, são gente com qualificação”, lembra. Muitos dos que estiveram nessa fuga, tinham frequentado e cultivado a reafricanização dos espíritos num dos principais berços da contestação ao colonial fascismo português: a Casa dos Estudantes do Império. Foi criada em 1944, em Lisboa, pelo próprio regime ditatorial para apoiar os jovens “ultramarinos” que fossem estudar para a “metrópole”, e encerrada em 1965. Duas décadas em que foi uma escola de consciencialização política do nacionalismo africano, fosse na sede lisboeta ou nas delegações de Coimbra e no Porto, ajudando à criação dos movimentos de libertação das colónias portuguesas em África. Outro centro de pensamento anticolonial foi o Centro de Estudos Africanos, em cujo grupo fundador esteve o futuro pai das independências da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. Amílcar Cabral foi também vice-presidente da Casa dos Estudantes do Império em 1951. A sua segunda esposa, Ana Maria Cabral, também por lá passou e recorda a importância do local para a contestação. “Fui levada pelos meus irmãos mais velhos e não havia só bailes, havia encontros, havia reuniões sobre a situação dos nossos países, em especial quando os franceses e os ingleses começaram a dar a independência às suas antigas colónias. Seguimos todo o processo dessas independências. Nós todos éramos Lumumba e Nkrumah. Nós seguíamos a luta dos outros povos, dos povos das colónias e não só das colónias em África”, explica Ana Maria Cabral. Muitos dos que passaram pela Casa dos Estudantes do Império vieram a assumir importantes responsabilidades na luta anticolonial e de libertação dos antigos territórios em África, como Amílcar Cabral, Vasco Cabral, Agostinho Neto, Mário Pinto de Andrade, Eduardo Mondlane, Marcelino dos Santos, Joaquim Chissano e Miguel Trovoada. Pedro Pires também conheceu de perto a Casa dos Estudantes do Império. Aquele que foi comandante e destacado dirigente político-militar do PAIGC na luta de libertação, assim como o principal arquitecto do Acordo de Lisboa para a independência, resume que a luta contra a opressão colonial foi desencadeada pelo próprio colonialismo. “É o próprio sistema colonial, que não dava resposta às necessidades e às dificuldades, enfim, às crises por que passava a Cabo Verde, mas também que não se interessava especialmente em encontrar soluções para esses problemas. O percurso histórico de Cabo Verde é trágico, em certa medida, porque os cabo-verdianos tiveram que enfrentar situações extremamente complicadas e difíceis de fome, secas, fugas, ter que buscar por outras vias as soluções e o próprio sistema que não dava resposta às necessidades e às exigências, para não dizer também aos sonhos daqueles que queriam ver o país numa via diferente. Portanto, o colonialismo era um sistema de bloqueio e era indispensável lutar contra ele, a fim de abrir novas perspectivas ao país para realizar os seus objectivos, os seus sonhos, mas também por uma coisa muito simples: para ter uma vida melhor”, considera Pedro Pires. Foi para buscar essa “vida melhor” que estes homens e mulheres abrem o caminho para a luta de libertação, da qual vamos recordar alguns momentos nos próximos episódios.   Pode ouvir aqui as entrevistas integrais feitas aos diferentes convidados.

Semana em África
Acordo energético salva São Tomé de apagão

Semana em África

Play Episode Listen Later Jun 20, 2025 8:33


Esta semana, a actualidade no continente africano ficou marcada pela crise energética em São Tomé e Príncipe e pela decisão da justiça moçambicana colocar em liberdade Ângela Leão — esposa do antigo diretor dos Serviços Secretos — e Ndambi Guebuza — filho do ex-chefe de Estado — condenados a 12 anos de prisão pelo envolvimento no caso das dívidas ocultas. A crise energética em São Tomé e Príncipe marcou a actualidade no país que chegou a ser ameaçado de apagão pela empresa Tesla STP. Na quinta-feira, a empresa turca voltou atrás e anunciou a suspensão do corte no fornecimento de energia no arquipélago e disse estar disposta a negociar com o Governo são-tomense. Ainda no país, as antigas instalações da estação de rádio da Voz da América foram oficialmente entregues ao Estado. O Governo recebeu os bens, mas ainda não anunciou qualquer plano para o futuro daquele espaço. Segundo as autoridades norte-americanas, o encerramento da estação — depois de mais de 30 anos de emissões — deve-se aos avanços tecnológicos. Em Moçambique, o Centro de Democracia e Direitos Humanos mostrou-se indignado com a decisão da Justiça de colocar em liberdade Ângela Leão — esposa do antigo diretor dos Serviços Secretos — e Ndambi Guebuza — filho do ex-chefe de Estado — condenados a 12 anos de prisão pelo envolvimento no caso das dívidas ocultas. Em Angola, mais de 40 peregrinos angolanos que se encontravam retidos em Telavive, na sequência da crise entre Israel e o Irão, regressaram esta semana a Luanda. O encerramento dos escritórios do ACNUR na capital angolana deverá agravar as vulnerabilidades dos refugiados no país, sobretudo dos congoleses e ruandeses. Em declarações à Lusa, o diretor em exercício do Serviço Jesuíta aos Refugiados, João Sebastião Samuel, antevê dias difíceis — inclusive para a própria ONG dos padres católicos — que todos os dias recebe quase dez refugiados em busca de assistência. Na Guiné-Bissau, um grupo de 50 médicos que se encontram em formação na Venezuela está a enfrentar dificuldades devido aos atrasos nos salários, que deveriam ser pagos pelo executivo. O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Bubacar Turé, alertou para a "irresponsabilidade dos pais e encarregados de educação", numa altura em que várias crianças têm desaparecido ou aparecido mortas em diferentes localidades do país. As declarações foram feitas à saída de uma audiência com a Polícia Judiciária. Bubacar Turé acrescentou ainda que, desde março deste ano, cinco crianças morreram em circunstâncias misteriosas. Em Cabo Verde, será inaugurado neste sábado o terminal de cruzeiros no Mindelo, na ilha de São Vicente. O primeiro terminal do país permitirá melhorar as condições de receção dos cruzeiros e começou a ser construído em 2022 por um consórcio luso-cabo-verdiano, formado pelas empresas Mota-Engil e Empreitel Figueiredo. O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, considera a infraestrutura um reforço da posição já assumida pela ilha de São Vicente "no segmento do turismo de cruzeiros", permitindo receber mais escalas e embarcações de maior porte. O terminal conta com instalações para turistas e um cais de 400 metros de comprimento por 20 de largura.

L'Heure H
La genèse de Cesaria Evora, la diva aux pieds-nus

L'Heure H

Play Episode Listen Later Apr 28, 2025 37:58


Nous sommes le 17 décembre 2011, il est 17h23. Dans l'hôpital de Baptista de Sousa, sur l'île de Sao Vicente, une famille entoure le lit d'une grande chambre lumineuse. Sur le lit, une vieille dame intubée tente d'adresser ses dernières paroles aux quelques proches qui l'accompagnent. Seulement dehors, sur le parvis de l'hôpital de Sousa qui surplombe la baie de Mindelo, c'est tout un pays qui retient son souffle. Son icône nationale, la chanteuse Cesaria Evora, est en train de rendre son dernier soupir. Mindelo, Cap Vert, le 17 décembre 2011. Il est 17h23 : c'est l'Heure H de mon histoire. Merci pour votre écoute Vous aimez l'Heure H, mais connaissez-vous La Mini Heure H https://audmns.com/YagLLiK , une version pour toute la famille.Retrouvez l'ensemble des épisodes de l'Heure H sur notre plateforme Auvio.be :https://auvio.rtbf.be/emission/22750 Intéressés par l'histoire ? Vous pourriez également aimer nos autres podcasts : Un jour dans l'Histoire : https://audmns.com/gXJWXoQL'Histoire Continue: https://audmns.com/kSbpELwAinsi que nos séries historiques :Chili, le Pays de mes Histoires : https://audmns.com/XHbnevhD-Day : https://audmns.com/JWRdPYIJoséphine Baker : https://audmns.com/wCfhoEwLa folle histoire de l'aviation : https://audmns.com/xAWjyWCLes Jeux Olympiques, l'étonnant miroir de notre Histoire : https://audmns.com/ZEIihzZMarguerite, la Voix d'une Résistante : https://audmns.com/zFDehnENapoléon, le crépuscule de l'Aigle : https://audmns.com/DcdnIUnUn Jour dans le Sport : https://audmns.com/xXlkHMHSous le sable des Pyramides : https://audmns.com/rXfVppvVous aimez les histoires racontées par Jean-Louis Lahaye ? Connaissez-vous ces podcast?Sous le sable des Pyramides : https://audmns.com/rXfVppv36 Quai des orfèvres : https://audmns.com/eUxNxyFHistoire Criminelle, les enquêtes de Scotland Yard : https://audmns.com/ZuEwXVOUn Crime, une Histoire https://audmns.com/NIhhXpYN'oubliez pas de vous y abonner pour ne rien manquer.Et si vous avez apprécié ce podcast, n'hésitez pas à nous donner des étoiles ou des commentaires, cela nous aide à le faire connaître plus largement. Distribué par Audiomeans. Visitez audiomeans.fr/politique-de-confidentialite pour plus d'informations.

Cockpit
Cap-Vert : quelle île choisir ?

Cockpit

Play Episode Listen Later Mar 25, 2025 10:58 Transcription Available


Dans cet épisode, nous vous emmenons au Cap-Vert.Cet archipel volcanique au large de l'Afrique de l'Ouest séduit par ses paysages contrastés et son ambiance envoûtante. Son hospitalité chaleureuse et son atmosphère détendue font du Cap-Vert une destination unique qui invite à l'évasion et à la découverte. Quelles îles visiter au Cap-Vert pour un circuit de 10 jours ?São Vicente, pour sa cultureSanto Antão, pour ses randonnéesSal, pour ses plages.São VicenteSi vous souhaitez réserver un [séjour au Cap-Vert: https://www.selectour.com/cap-vert/sejour] et que vous vous posez la question sur quelle île choisir au Cap-Vert, nous vous conseillons de débuter par São Vicente.C'est une île riche en découvertes, des terres volcaniques et des petits villages perchés. On peut visiter Mindelo, capitale culturelle de l'archipel, classée au patrimoine mondial de l'UNESCO.São Vicente est aussi connu pour son carnaval, c'est sûrement l'événement le plus important de l'île chaque année et il regroupe énormément de visiteurs. Il s'apparente un petit peu au carnaval de Rio. Profitez-en pour monter sur le Monte Verde et surplomber toute l'île. São Vicente est méconnue pour ses plages préservées comme celle de Calo.Santo AntãoSeconde île à choisir si vous voulez visiter le Cap-Vert, il s'agit de Santo Antão.C'est l'île la plus verte et la plus fertile de l'archipel capverdien. Ils sont producteurs de fruits et légumes, connus pour le fromage de chèvre et ont des plats typiques tels que la cachupa.Découvrez Ponta do Sol, un démarrage de randonnée qui va nous permettre de faire le point sur le nord de l'île. Allez jusqu'au Pico da Cruz, une montagne à 1585 mètres de hauteur, où vous aurez une vue à 360 degrés sur Santo Antão et les autres archipels du Cap-Vert.Il y a de jolies plages méconnues comme celle de Tarrafal de Monte Trigo.On terminera par la vallée de Paul comparé à un véritable jardin d'Éden.SalDernière île à choisir si vous voulez visiter le Cap-Vert en 10 jours, direction l'île de Sal.Il y a la plage de Santa Maria où le sable est doré et les eaux sont d'un bleu cristallin. On peut visiter Pedra de Lume, un village où est abrité également les salines. On peut également proposer de faire une sortie en buggy sur la partie sable.On peut aussi aller du côté d'Espargos, capitale de l'île de Sal et ville dynamique où vous trouverez un marché avec des produits frais, des épices, des spécialités locales et des boutiques d'artisanat.Terminez par Buracona qui est surnommé l'œil bleu, c'est une grotte sous-marine qui est vraiment spectaculaire. Pourquoi voyager au Cap-Vert ?C'est une destination qui a plusieurs facettes : le côté nature, le côté randonnée, le côté balnéaire et le fait que ça peut se visiter toute l'année. N'hésitez plus, partez au Cap-Vert !Si vous souhaitez en savoir plus sur la destination et, pourquoi pas, préparer votre prochain [séjour au Cap-Vert: https://www.selectour.com/cap-vert/sejour], n'hésitez pas à faire appel à nos [experts: https://www.selectour.com/agent/recherche?postalCode=&city=&favoriteDestination=CV&page=2] ! À bientôt dans le cockpit !Hébergé par Ausha. Visitez ausha.co/politique-de-confidentialite pour plus d'informations.

Convidado
Instituto de Engenharia e Ciências do Mar: projecto de catalogação da biodiversidade de Cabo Verde

Convidado

Play Episode Listen Later Mar 7, 2025 11:47


O BioCatalog do Instituto de Engenharia e Ciências do Mar, da Universidade Técnica do Atlântico é um projecto de catalogação da biodiversidade de Cabo Verde e visa coleccionar todos os espécimes existentes no arquipélago. O BioCatalog é coordenado pelo Professor e Investigador especializado em Biologia Marinha, com Doutoramento em Biodiversidade, Genética e Evolução, Evandro Lopes. À RFI, o professor universitário explicou em que consiste, o projecto de catalogação da biodiversidade de Cabo Verde que pretende contribuir para implementação de um Museu de História Natural do país“O projecto BioCatalog é financiado pelo Fundo do Ambiente de Cabo Verde. Foi submetido pelo Centro de Observação e Investigação Ambiental, que é um centro de biólogos que está dentro da UTA. A partir daí, sediamos o projecto dentro da UTA para dar vazão à investigação científica que nós estamos a desempenhar desde há muitos anos. E o projecto visa coleccionar todos os espécimes e dar aquele carácter mais científico de identificação da biodiversidade de Cabo Verde e partilha da informação sobre a distribuição, localização e número de espécies que nós temos em Cabo Verde”.  O biólogo, Evandro Lopes, adiantou que o projecto de catalogação da biodiversidade de Cabo Verde surgiu de uma necessidade do país ter um espaço de caracter museológico para acondicionar as amostras recolhidas“O BioCatalog foi criado por uma necessidade. Muitos investigadores que vinham para Cabo Verde faziam a colecta e depois não tinham onde colocar as amostras. Também nós que trabalhamos no campo, muitas vezes não tínhamos onde colocar as amostras. Então surgiu com uma necessidade de ter um espaço com um carácter museológico para que nós possamos condicionar as amostras e que possam ser utilizadas para teses, para doutoramento, mestrado, outros cientistas que possam nos usufruir esse material” sendo que “o projecto começou com espécies marinhas, seguimos para espécimes terrestres, com roedores, neste momento estamos à volta de 700 espécimes, mas em termos de tecidos já estamos para mais de 3 mil amostras de tecidos, porque nós coleccionamos, tanto os tecidos como espécime,s e espécimes muito grandes, tipo atuns. Nós temos gatos, coelhos, muitas vezes não dá para colocar todos os espécimes num museu basicamente, mas colocamos também um tecido de cada um. Todos os espécimes que temos aqui em colecção são só espécimes que encontramos sem Cabo Verde, isso não quer dizer que nós temos espécimes que não possam estar em outro local, por exemplo, nós estamos num ecossistema muito interessante que é a Macaronésia, e dentro da Macaronésia tem muitas espécies que estão, por exemplo, em Madeira, Açores, e que chegam até a Cabo Verde”. As amostras foram todas recolhidas de Santo Antão a Fogo. Neste momento, os investigadores recolham amostras na ilha Brava e nos ilhéus Rombos. Evandro Lopes explicou que há perspetiva de transformar o BioCatalog num museu com a construção do novo campus da UTA para receber espécimes maiores “como tubarão ou uma lula gigante”e mostrar tudo o espólio existente atualmente.O primeiro espécime do projecto de catalogação da biodiversidade do Instituto de Engenharia e Ciências do Mar, da Universidade Técnica do Atlântico é o Lagarto Gigante - Chioninia coctei, uma espécie de réptil endémica de Cabo Verde que se extinguiu no século XX e que foi restituído ao país em Setembro de 2017 pelo Príncipe Alberto II do Mónaco e, desde então, permaneceu sob a tutela da Presidência da República, na cidade da Praia, mas que o actual Chefe de Estado, José Maria Neves, entregou no mês passado à Colecção BioCatalog da UTA.O espaço que recebe visita durante a semana de curiosos, estudantes ou investigadores, mas “para usar o espécime para fazer algum estudo deve ser feito um requerimento e damos apoios pode fazer a sua análise, depois o espécime continua aqui no laboratório” explicou Evandro Lopes que adiantou que há  amostras  repetidas temporalmente e repetidas geograficamente “Repetidas geograficamente, nós estamos a pensar uma amostra de uma espécie que foi capturada em São Vicente, muitas vezes tem alguma diferença genética com uma espécie que foi capturada na Ilha de Santiago, então a ideia é ter toda a diferenciação genética e a diferenciação fenotípica também a nível do arquipélago. A ideia é ter pelo menos uma espécie de cada local; mas também, nós muitas vezes temos espécimes que nós colectamos temporalmente, muitas vezes apanhamos um espécime num ano e, depois no outro ano, vamos apanhar outra vez e por aí adiante. Nós estamos a falar, por exemplo, de invertebrados que a nível genético muitas vezes podem alterar ano para ano, nós podemos ter a diferenciação genética. Até a nível dos peixes, para ver o stock, nós temos de apanhar todos os anos para ver como é que está a evoluir a diversidade genética, porque tem uma relação directa com a sobrepesca, a diversidade genética aumenta quando a pesca diminui, por exemplo, então há muito mais informação quando nós apanhamos muitos indivíduos do que quando apanhamos somente um”.O projecto Biocatalog nasceu a partir do Centro de Observação e Investigação Ambiental do ISECMAR -  Instituto de Engenharia e Ciências do Mar da Universidade Técnica do Atlântico que tem a sua sede na cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente. Centro que segundo o director do Biocatalog dá vazão a projectos direccionados a associações, visto que a universidade não consegue aceder a fundos direccionados às organizações não governamentais. O biólogo, Evandro Lopes disse ainda que o projecto de catalogação da biodiversidade de Cabo Verde consegue boas parcerias com universidades internacionais.“A nível internacional o projecto é visto com bons olhos e nós temos parcerias principalmente com Portugal – universidades do Porto e do  Algarve e outras universidades europeias como de La Laguna, Las Palmas de Gran Canária, de Barcelona, de Vigo e de Mónaco.  A Universidade Nova de Lisboa (Portugal) já está muito interessada em enviar alguma coisa aqui também para o BioCatalog  para manter o projecto, dar mais visibilidade ao projecto”.Em Janeiro deste ano, o biólogo Evandro Lopes, Professor e Investigador do Instituto de Engenharia e Ciências do Mar da Universidade Técnica do Atlântico (ISECMAR-UTA), conquistou o prémio Cabo Verde Global Scientific Prize promovido pela Secretaria de Estado do Ensino Superior que reconhece projectos de investigação liderados por investigadores cabo-verdianos, tanto no país como na diáspora.O prémio foi atribuído ao projecto Biocatalog que tem como principal objectivo sistematizar informações e criar condições para uma partilha democrática e equitativa do conhecimento sobre a biodiversidade do arquipélago.

Destino Saudade
T3, Ep. 16 | Da Bélgica para a Foz: «O senhor da casa ao lado chamava-se Pinto da Costa»

Destino Saudade

Play Episode Listen Later Dec 26, 2024 95:57


Não há muitas personagens com esta riqueza. Rodrigo Beenkens tem 61 anos, é um respeitado e reputado jornalista belga, mas tem uma costela (mais do que uma, na verdade) portuguesa. A mãe nasceu no Porto e emigrou para Bruxelas em 1958, apaixonada por um livreiro que conheceu na Feira Mundial dessa cidade. Rodrigo nasceu por lá, mas manteve sempre a ligação à terra do lado materno. Na visita ao DESTINO: SAUDADE, recorda o trabalho em oito Mundiais, sete Europeus e 30 Tours de France, mas sobretudo a constante atração emocional por Portugal, marca criada nas férias de infância em Mindelo, na casa ao lado de uma família aristocrata. «Um dia disseram-me que o senhor do lado chamava-se Pinto da Costa.» O futuro passará cada vez mais pela Foz do Douro. De preferência em frente ao mar, o ansiado companheiro.

Convidado
30ª edição do festival internacional de teatro do Mindelo - Mindelact

Convidado

Play Episode Listen Later Nov 8, 2024 13:47


A ilha de São Vicente acolhe até este sábado, o festival internacional de teatro do Mindelo, o Mindelact, que este ano é dedicado ao tema "Pérola", para marcar os 30 anos do maior festival de teatro de Cabo Verde e um dos eventos de artes cénicas mais célebres do continente africano. A RFI conversou, no Centro Cultural do Mindelo, com a actriz, Zenaida Alfama, produtora da 30ª edição do festival de teatro Mindelact. Zenaida Alfama disse que os 30 anos do evento são muito especiais. “É edição especial porque estamos a fechar um ciclo, digamos assim. 30 anos, não é brincadeira, tendo todas as dificuldades, mas temos conseguido manter o festival, mesmo na época mais difícil que foi a época de Covid, é um festival que não parou, fizemos o festival mesmo com todas as dificuldades. Este ano é um sabor maravilhoso porque é como ver algo a crescer a cada dia que passa, mesmo se temos sempre algumas dificuldades, porque somos ilhas, para trazer pessoas. Ás vezes as pessoas ficam retidas, qualquer dificuldade que temos, mas é sempre uma satisfação depois ver o público alegre, o público a relembrar. Fizemos uma exposição que é dos 30 anos do festival e as pessoas a relembrar, eu vi, eu já lembro, e é como ver uma criança que cresceu e agora está num patamar de adulto. Agora a esperança é que continue sempre nesse patamar e que melhore as condições de espaço e essas coisas que precisam ser melhoradas, que consigamos melhorar tudo isso para que o festival continue. Essa exposição que está ali a marcar os 30 anos, em foto, fica aqui com alguma nostalgia, é essa ideia mesmo de tocar o coração das pessoas”, disse Zenaida Alfama.A responsável do Festival também deu conta da satisfação que é ter  artistas de vários países a passarem pelos palcos do Mindelact,“como  uma senhora de 81 anos de idade que veio do Brasil para apresentar um espectáculo, já que está com previsão, do próximo ano, voltar na trilogia, no final da trilogia, porque já o primeiro foi só uma actriz, agora é dois, no trilogia vão ser três actrizes. Então é isso, o construir de toda uma equipa, de todo um público, de todo um espectáculo, de uma rede, de saber que o Festival Mindelact na África é um dos mais reconhecidos a nível internacional, é saber que voam a um festival, a um outro festival, em um encontro de contador de história, por exemplo, que as pessoas falam, é do Mindelact. Então é criar essa vontade das pessoas virem para o Mindelact, ver o espectáculo e participar no festival”.A actriz brasileira de 81 anos referenciada por Zenaida Alfama, produtora da 30ª edição do festival de teatro Mindelact é Dja Martins que fez a sua estreia internacional, em Cabo Verde, com a peça “Mãe baiana” que conta a história de uma avó que sofre a dor da perda do filho. Dja Martins partilhou a alegria de estar no continente africano.“Eu estou estreando internacionalmente com 81 anos e eu acho que isso não é para qualquer um, eu sou uma abençoada. Vim para a minha terra de origem, me senti aqui indo na casa da minha tia, vou ali na casa da minha tia Antónia, me senti assim aqui, como se eu estivesse o tempo todo aqui na África”, afirmou a actriz Dja MartinsTambém, no festival internacional de teatro do Mindelo, o Mindelact, há espectáculos nas praças da cidade, uma medida para socializar cada vez mais o teatro, aquele teatro feito para o povo, que vai onde o povo está. Assim, desde  2017, o Festival Mindelact aposta em levar o teatro às praças da ilha de São Vicente, todos os dias do evento.Na ponta da areia, kontam um storia! (conta-me uma história em português) Do núcleo teatral Arte33, de Portugal foi um dos espectáculos apresentados na Praça Amílcar Cabral no centro da cidade do Mindelo no festival de teatro - Mindelact. Uma peça constituída por 6 caixas de Teatro Lambe Lambe (três histórias recolhidas junto da comunidade da Trafaria e histórias recolhidas e contadas por gente de São Vicente). Uma história contada de forma animada como explica actriz Ana Nave do Núcleo teatral Aarte33“Fizemos este espectáculo, que se chama Na Ponta da Areia, numa vila piscatória, que fica do outro lado, fica em frente a Lisboa. Fomos descobrindo, com a ajuda do historiador Francisco Silva, que há uma relação muito grande entre a Trafaria, e por isso se chama Na Ponta da Areia, e Cabo Verde, por variadíssimas razões. Também porque há uma grande comunidade de cabo-verdianos por ali, e porque temos aqui uma das participantes, que é a Glória Lima, que também é de Cabo Verde. As histórias que fomos construindo foram a partir de histórias locais, mas que arranjamos, de alguma maneira, uma ponte neste mar que nos une e que nos separa, e fomos arranjando uma ponte com Cabo Verde. E por isso estamos muito honrados de estar aqui nesta edição do Mindelact, é a primeira vez que cá vimos, esperemos poder visitar mais vezes este festival”, afirmou a actriz, Ana Nave.E, neste sábado, encerra-se o Festival Internacional de Teatro do Mindelo – Mindelact é apresentado na Praça Currents de Acting for Climate da Noruega. Um espectáculo sobre simbiose, explorando o cuidado mútuo entre diferentes culturas, seres humanos e o mundo mais do que humano.Vejam aqui algumas imagens do Mindelact:Quem já passou pelo Mindelact é a nova companhia luso-cabo-verdiana Saaraci  que levou ao palco 1 do festival internacional de Teatro do Mindelo, a peça Dona Pura e Os Camaradas de Abril. Fruto da adaptação da obra do escritor cabo-verdiano, Germano Almeida, com o mesmo nome.O espectáculo Dona Pura e Os Camaradas de Abril de uma hora e meia transita sobre a memória de 25 de Abril na perspectiva do colonizado. Uma encenação e direcção artística de João Branco, um dos fundadores do festival internacional de teatro do Mindelo“'Dona Pura e os Camaradas de Abril' é uma adaptação de uma obra original do Germano Almeida e é a 4ª vez que eu, como encenador, faço a mim mesmo o desafio de colocar obras do Germano em palco. Nós fizemos Dois Irmãos, fizemos Os Agravos de um Artista, As Mulheres na Laginha, que foi feita a partir excertos do Mar da Laginha, livro dele também, e agora com Dona Pura e os Camaradas de Abril, que foi uma obra escolhida porque, como sabes, em Portugal está a comemorar os 50 anos do 25 de Abril, desde o ano passado, e continua-se a comemorar essa importante efeméride de meio século da Revolução dos Escravos e surgiu esta oportunidade de concorrer para um edital para conseguir financiamento e obviamente que eu, tendo a minha identidade, como eu digo sempre, a minha identidade teatral, a minha identidade enquanto artista, ela é absolutamente de cabo-verdiana e eu, para falar do 25 de Abril, tinha que falá-la numa perspectiva crioula, numa perspectiva cabo-verdeana, daí que eu acho que o que pode sintetizar este espectáculo muito bem é o que nós fizemos foi introduzir o Capitão Ambrósio dentro do Grande  Vila Morena, ou seja, introduzir o Cabo Verde dentro dessa revolução, uma perspectiva cabo-verdiana que foi feita a partir, obviamente, de um relato que eu acredito que é biográfico, eu nunca perguntei ao autor directamente, mas eu acredito que este estudante cabo-verdiano foi o próprio Germano, que conheceu uma senhora chamada Dona Pura, que ficou alojado na casa dela enquanto foi estudante de Direito em Portugal. E é isso, nós quisemos assinar lá o 25 de Abril dessa maneira, a equipa é praticamente toda ela cabo-verdiana, só o Pedro Lamares não é, mas é uma pessoa que gosta muito de Cabo Verde, apaixonado pelo Mindelo, e como o livro original tinha vários personagens que eram não cabo-verdianos, eram portugueses, ele acabou por ter esse desafio de fazer três personagens diferentes, todos eles europeus, dois portugueses e um italiano. Este espectáculo estreou no Alentejo, em Maio, depois foi apresentado na cidade do Porto, esteve em Montemor, outra vez no Alentejo, foi apresentado em Gaia, também perto da cidade do Porto, vai estar agora em Viana do Castelo, no Festival de Viana do Castelo, e encerramos essa circulação em Lisboa, dias 14 e 15 de Dezembro, e fechando este ciclo das apresentações do Dona Pura e os Camaradas de Abril”, disse João Branco.Ao longo dos nove dias do festival internacional de teatro do Mindelo decorre a Teatrolândia que inclui um Ciclo Internacional de Contadores de História, no qual artistas e contadores de histórias de diferentes partes do mundo compartilham narrativas de forma interactiva, estimulando a imaginação e o desenvolvimento da escuta nas crianças.E, na última noite da edição 30 do Festival de Teatro do Mindelo – o Mindelact encerra com uma homenagem a Amílcar Cabral no ano do centenário do Nascimento de Cabral,  com a peça Cabral, a última lua de homem grande. Adaptada do romance do escritor cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa. O enredo parte do último dia de vida de Amílcar Cabral para falar do seu pensamento e da sua obra, numa co-produção Sikinada - Companhia de Teatro (Cabo Verde) e Teatro Art'Imagem (Portugal), dirigida por Flávio Hamilton e com uma equipa formada por artistas dos dois países.Para além de espectáculos de Teatro, o festival Mindelact tem ainda formações e exposições de fotografia.A 30ª edição do festival internacional de Teatro do Mindelo encerra na noite deste sábado com homenagens aos vários parceiros.

Musiques du monde
Un film, un live! Cesaria Evora, la diva aux pieds nus et Oriane Lacaille #SessionLive

Musiques du monde

Play Episode Listen Later Jul 27, 2024 48:30


Nous recevons la réalisatrice portugaise et cap-verdienne Ana Sofia Fonsaca pour le film « Cesaria Evora, la diva aux pieds nus » et Oriane Lacaille pour l'album iViV dans la #SessionLive. (Rediffusion)  Cesaria est un mystère qui ne s'élucide pas d'après Lusafrica, lire la suite sur le site de son label.Patrick Chamoiseau écrit :Cesaria Evora est faite de cet humus dans le sec de ces sables. Ce n'est pas une biographie, c'est une révélation obscure, chargée de terre, de vie, de musiques, de simplicité, d'amitié, d'amour, d'interrogation et de lucidité. J'ai compris dans ces pages que Cesaria Evora est à elle seule une terre créole où la diversité des imaginaires et des hommes donnait naissance à une musique valable pour tous, là où la mélodie, l'harmonie et la polyrythmie ont rencontré les souffrances des hommes : creuset du blues, du jazz et de la morna. J'ai compris que Cesaria Evora est aussi une douleur, la sienne d'abord, celle de sa vie, de ses amours terribles, de cette ivresse destructrice qui suppléait aux bourgeons abîmés de l'espoir. Et cette vie familière des extrêmes parle à la nôtre en un direct sensible. Quand elle chante, elle vient avec une existence entière rescapée des bars sordides et des dorures factices de chez les grandes gens, dotores du Cap-Vert qui voulaient l'écouter. Elle vient aussi avec son exil immobile, ce but d'exil irrépressible qui maintenant gît en chacun de nous, îles en dérive dans le monde qui fait monde. Elle vient avec une incomparable tristesse envers le tout possible. Elle dit le bonheur perdu mais à portée de main. Elle dit la blessure nègre en absence et silence. Elle dit le souvenir en ses limons précieux. Elle dit la mort et l'oubli, la fidélité et la patience, la liberté offerte sur des vagues amères où l'on ose mettre le pied. Elle dit le monde ouvert des îles tellement peu clos, tellement livré aux métissages et aux souffles de la terre. Elle dit sous la fatalité, la joie, l'espoir, la force ronde, la patience aiguisée. Ses pieds sont nus, sa voix est nue, son cœur nu est offert dans la parure de toutes les grâces. Chez les êtres humains, Cesaria est une reine.Texte écrit par Patrick Chamoiseau, paru dans Le Monde, à propos de la publication de la biographie écrite par Véronique Mortaigne, peu après la sortie de l'album « Cabo Verde » en février 1997. En 2023, c'est au tour de la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca de raconter la Cesaria Evora qu'elle a découverte pendant 5 ans en regardant des kilomètres d'archives privées.« Mon film se compose d'images et de sons provenant de diverses sources, presque toutes issues d'archives privées. Grâce à ce film, j'ai rencontré des personnes exceptionnelles qui nous ont beaucoup aidés et nous ont fait confiance, en nous donnant accès à leurs souvenirs mais aussi à leurs archives. Je ne peux que les remercier. »Dans ce documentaire, la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca utilise de nombreux plans de coupe de paysages capverdiens.« Je crois qu'il est nécessaire de comprendre l'environnement d'une personne pour la connaître. En ce qui concerne Cesária, il s'agit du Cap-Vert et plus particulièrement, de l'île de São Vicente et plus encore, de la ville de Mindelo. On ne parle pas seulement du sol sur lequel elle a marché mais de l'air qu'elle a respiré. Elle est cette mer bleue, ces montagnes arides, ce vent. On retrouve Mindelo dans sa personnalité, sa manière d'être, son humour... »La traduction de Ana Sofia Fonseca est assurée par Elisabeth Perello. Titres joués : Mar Azul, Lagrimas Negras Feat. Compay Segundo, Petit Pays, Sodade, Carnaval de São Vicente.Sortie en salle le 29 novembre 2023, bande annonce. Puis nous recevons Oriane Lacaille dans la #SessionLive pour la sortie de l'album iViV. Oriane Lacaille était prête sans le savoir. Quand elle rembobine la genèse d'iViV, le premier album sous son nom, elle décrit une étincelle qui a allumé un feu de joie. Notez le graphisme du titre, avec ses « i » comme des allumettes et ses « V » comme des flammes : iViV (Ça vit, en créole) consume un héritage, deux identités, trois musicien(ne)s et une brassée de rencontres pour alimenter le brasier. La chaleur du foyer procure son réconfort, son halo suggère une spiritualité et on y danse autour. Le feu couvait depuis longtemps. Il trouve son origine dans une maison haut-savoyarde remplie d'instruments lointains. Oriane y a grandi, après que ses parents eurent quitté La Réunion à la faveur de la nomination de sa mère comme professeure de français dans un lycée d'Annemasse. Son père a suivi. L'accordéoniste René Lacaille forme, avec Alain Péters et Danyèl Waro, le triangle rénovateur des musiques insulaires dans les années 1970. Le triangle est aussi la première percussion dont Oriane – née en 1986 – s'empare quand elle est enfant. Suivent les maracas, la clave, le kayamb et tout ce qui lui tombe entre les mains. Mais elle rêve d'abord d'être chanteuse : dans la génération précédant la sienne, le métier de musicienne n'est pas encore accessible aux femmes réunionnaises et ses tantes n'ont pas le droit de toucher aux instruments que tous ses oncles pratiquent avec son grand-père. Oriane et ses cousines plus âgées avant elle, sont les premières qui, grâce aux changements de mentalités obtenues de haute lutte par leurs aînées, ont la chance de perpétuer la tradition familiale.Dans le clan Lacaille, Oriane est le métronome : son sens du rythme est implacable et, dès ses 13 ans, elle devient le socle du groupe paternel. Durant les vacances scolaires puis à plein temps après son Bac, la percussionniste-choriste parcourt le monde avec son père qui improvise en intégrant des ingrédients avec la même générosité que quand il cuisine le cari ou le rougail dans ses marmites. Oriane, qui ne chante qu'en créole jusqu'à ses 20 ans, côtoie des artistes caribéens, africains, japonais ou indiens, intègre le jazz et les musiques de bal, sans dévier du ballant métronomique qui lui confère une sensation d'enracinement. Les racines d'Oriane Lacaille font le grand écart entre une mère métropolitaine et un père créole réunionnais. Elle se dit « Zoréol », moitié zoreil moitié créole, deux identités reliées par un fil sur lequel elle a longtemps cherché l'équilibre. De cette bâtardise assumée, elle embrasse aujourd'hui la richesse extraordinaire : ses deux cultures et ses deux langues sont au cœur d'iViV.Titres interprétés au Grand studio- iViV Live RFI- Lam La Mer Feat. Loy Erhlich et René Lacaille, extrait album iViV- Kaf Do Lo Live RFI.Line Up : Oriane Lacaille : chant, ukulélé soprano, diatonique et baryton, aouicha, kayanm, tambour, Heloïse Divilly : chant, batterie, kayanm, percussions, Yann-Lou Bertrand : chant, contrebasse.Son : Jérémie Besset & Mathias Taylor.► Album iViV (Ignatub - MDC - Pias2023)Réalisation : Hadrien Touraud.

Musiques du monde
Un film, un live! Cesaria Evora, la diva aux pieds nus et Oriane Lacaille #SessionLive

Musiques du monde

Play Episode Listen Later Jul 27, 2024 48:30


Nous recevons la réalisatrice portugaise et cap-verdienne Ana Sofia Fonsaca pour le film « Cesaria Evora, la diva aux pieds nus » et Oriane Lacaille pour l'album iViV dans la #SessionLive. (Rediffusion)  Cesaria est un mystère qui ne s'élucide pas d'après Lusafrica, lire la suite sur le site de son label.Patrick Chamoiseau écrit :Cesaria Evora est faite de cet humus dans le sec de ces sables. Ce n'est pas une biographie, c'est une révélation obscure, chargée de terre, de vie, de musiques, de simplicité, d'amitié, d'amour, d'interrogation et de lucidité. J'ai compris dans ces pages que Cesaria Evora est à elle seule une terre créole où la diversité des imaginaires et des hommes donnait naissance à une musique valable pour tous, là où la mélodie, l'harmonie et la polyrythmie ont rencontré les souffrances des hommes : creuset du blues, du jazz et de la morna. J'ai compris que Cesaria Evora est aussi une douleur, la sienne d'abord, celle de sa vie, de ses amours terribles, de cette ivresse destructrice qui suppléait aux bourgeons abîmés de l'espoir. Et cette vie familière des extrêmes parle à la nôtre en un direct sensible. Quand elle chante, elle vient avec une existence entière rescapée des bars sordides et des dorures factices de chez les grandes gens, dotores du Cap-Vert qui voulaient l'écouter. Elle vient aussi avec son exil immobile, ce but d'exil irrépressible qui maintenant gît en chacun de nous, îles en dérive dans le monde qui fait monde. Elle vient avec une incomparable tristesse envers le tout possible. Elle dit le bonheur perdu mais à portée de main. Elle dit la blessure nègre en absence et silence. Elle dit le souvenir en ses limons précieux. Elle dit la mort et l'oubli, la fidélité et la patience, la liberté offerte sur des vagues amères où l'on ose mettre le pied. Elle dit le monde ouvert des îles tellement peu clos, tellement livré aux métissages et aux souffles de la terre. Elle dit sous la fatalité, la joie, l'espoir, la force ronde, la patience aiguisée. Ses pieds sont nus, sa voix est nue, son cœur nu est offert dans la parure de toutes les grâces. Chez les êtres humains, Cesaria est une reine.Texte écrit par Patrick Chamoiseau, paru dans Le Monde, à propos de la publication de la biographie écrite par Véronique Mortaigne, peu après la sortie de l'album « Cabo Verde » en février 1997. En 2023, c'est au tour de la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca de raconter la Cesaria Evora qu'elle a découverte pendant 5 ans en regardant des kilomètres d'archives privées.« Mon film se compose d'images et de sons provenant de diverses sources, presque toutes issues d'archives privées. Grâce à ce film, j'ai rencontré des personnes exceptionnelles qui nous ont beaucoup aidés et nous ont fait confiance, en nous donnant accès à leurs souvenirs mais aussi à leurs archives. Je ne peux que les remercier. »Dans ce documentaire, la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca utilise de nombreux plans de coupe de paysages capverdiens.« Je crois qu'il est nécessaire de comprendre l'environnement d'une personne pour la connaître. En ce qui concerne Cesária, il s'agit du Cap-Vert et plus particulièrement, de l'île de São Vicente et plus encore, de la ville de Mindelo. On ne parle pas seulement du sol sur lequel elle a marché mais de l'air qu'elle a respiré. Elle est cette mer bleue, ces montagnes arides, ce vent. On retrouve Mindelo dans sa personnalité, sa manière d'être, son humour... »La traduction de Ana Sofia Fonseca est assurée par Elisabeth Perello. Titres joués : Mar Azul, Lagrimas Negras Feat. Compay Segundo, Petit Pays, Sodade, Carnaval de São Vicente.Sortie en salle le 29 novembre 2023, bande annonce. Puis nous recevons Oriane Lacaille dans la #SessionLive pour la sortie de l'album iViV. Oriane Lacaille était prête sans le savoir. Quand elle rembobine la genèse d'iViV, le premier album sous son nom, elle décrit une étincelle qui a allumé un feu de joie. Notez le graphisme du titre, avec ses « i » comme des allumettes et ses « V » comme des flammes : iViV (Ça vit, en créole) consume un héritage, deux identités, trois musicien(ne)s et une brassée de rencontres pour alimenter le brasier. La chaleur du foyer procure son réconfort, son halo suggère une spiritualité et on y danse autour. Le feu couvait depuis longtemps. Il trouve son origine dans une maison haut-savoyarde remplie d'instruments lointains. Oriane y a grandi, après que ses parents eurent quitté La Réunion à la faveur de la nomination de sa mère comme professeure de français dans un lycée d'Annemasse. Son père a suivi. L'accordéoniste René Lacaille forme, avec Alain Péters et Danyèl Waro, le triangle rénovateur des musiques insulaires dans les années 1970. Le triangle est aussi la première percussion dont Oriane – née en 1986 – s'empare quand elle est enfant. Suivent les maracas, la clave, le kayamb et tout ce qui lui tombe entre les mains. Mais elle rêve d'abord d'être chanteuse : dans la génération précédant la sienne, le métier de musicienne n'est pas encore accessible aux femmes réunionnaises et ses tantes n'ont pas le droit de toucher aux instruments que tous ses oncles pratiquent avec son grand-père. Oriane et ses cousines plus âgées avant elle, sont les premières qui, grâce aux changements de mentalités obtenues de haute lutte par leurs aînées, ont la chance de perpétuer la tradition familiale.Dans le clan Lacaille, Oriane est le métronome : son sens du rythme est implacable et, dès ses 13 ans, elle devient le socle du groupe paternel. Durant les vacances scolaires puis à plein temps après son Bac, la percussionniste-choriste parcourt le monde avec son père qui improvise en intégrant des ingrédients avec la même générosité que quand il cuisine le cari ou le rougail dans ses marmites. Oriane, qui ne chante qu'en créole jusqu'à ses 20 ans, côtoie des artistes caribéens, africains, japonais ou indiens, intègre le jazz et les musiques de bal, sans dévier du ballant métronomique qui lui confère une sensation d'enracinement. Les racines d'Oriane Lacaille font le grand écart entre une mère métropolitaine et un père créole réunionnais. Elle se dit « Zoréol », moitié zoreil moitié créole, deux identités reliées par un fil sur lequel elle a longtemps cherché l'équilibre. De cette bâtardise assumée, elle embrasse aujourd'hui la richesse extraordinaire : ses deux cultures et ses deux langues sont au cœur d'iViV.Titres interprétés au Grand studio- iViV Live RFI- Lam La Mer Feat. Loy Erhlich et René Lacaille, extrait album iViV- Kaf Do Lo Live RFI.Line Up : Oriane Lacaille : chant, ukulélé soprano, diatonique et baryton, aouicha, kayanm, tambour, Heloïse Divilly : chant, batterie, kayanm, percussions, Yann-Lou Bertrand : chant, contrebasse.Son : Jérémie Besset & Mathias Taylor.► Album iViV (Ignatub - MDC - Pias2023)Réalisation : Hadrien Touraud.

Musiques du monde
Un film, un live! Cesaria Evora, la diva aux pieds nus et Oriane Lacaille #SessionLive

Musiques du monde

Play Episode Listen Later Feb 3, 2024 48:30


Nous recevons la réalisatrice portugaise et cap-verdienne Ana Sofia Fonsaca pour le film « Cesaria Evora, la diva aux pieds nus » et Oriane Lacaille pour l'album iViV dans la #SessionLive. (Rediffusion) Cesaria est un mystère qui ne s'élucide pas d'après Lusafrica, lire la suite sur le site de son label.Patrick Chamoiseau écrit :Cesaria Evora est faite de cet humus dans le sec de ces sables. Ce n'est pas une biographie, c'est une révélation obscure, chargée de terre, de vie, de musiques, de simplicité, d'amitié, d'amour, d'interrogation et de lucidité. J'ai compris dans ces pages que Cesaria Evora est à elle seule une terre créole où la diversité des imaginaires et des hommes donnait naissance à une musique valable pour tous, là où la mélodie, l'harmonie et la polyrythmie ont rencontré les souffrances des hommes : creuset du blues, du jazz et de la morna. J'ai compris que Cesaria Evora est aussi une douleur, la sienne d'abord, celle de sa vie, de ses amours terribles, de cette ivresse destructrice qui suppléait aux bourgeons abîmés de l'espoir. Et cette vie familière des extrêmes parle à la nôtre en un direct sensible. Quand elle chante, elle vient avec une existence entière rescapée des bars sordides et des dorures factices de chez les grandes gens, dotores du Cap-Vert qui voulaient l'écouter. Elle vient aussi avec son exil immobile, ce but d'exil irrépressible qui maintenant gît en chacun de nous, îles en dérive dans le monde qui fait monde. Elle vient avec une incomparable tristesse envers le tout possible. Elle dit le bonheur perdu mais à portée de main. Elle dit la blessure nègre en absence et silence. Elle dit le souvenir en ses limons précieux. Elle dit la mort et l'oubli, la fidélité et la patience, la liberté offerte sur des vagues amères où l'on ose mettre le pied. Elle dit le monde ouvert des îles tellement peu clos, tellement livré aux métissages et aux souffles de la terre. Elle dit sous la fatalité, la joie, l'espoir, la force ronde, la patience aiguisée. Ses pieds sont nus, sa voix est nue, son cœur nu est offert dans la parure de toutes les grâces. Chez les êtres humains, Cesaria est une reine.Texte écrit par Patrick Chamoiseau, paru dans Le Monde, à propos de la publication de la biographie écrite par Véronique Mortaigne, peu après la sortie de l'album « Cabo Verde » en février 1997.  En 2023, c'est au tour de la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca de raconter la Cesaria Evora qu'elle a découverte pendant 5 ans en regardant des kilomètres d'archives privées.« Mon film se compose d'images et de sons provenant de diverses sources, presque toutes issues d'archives privées. Grâce à ce film, j'ai rencontré des personnes exceptionnelles qui nous ont beaucoup aidés et nous ont fait confiance, en nous donnant accès à leurs souvenirs mais aussi à leurs archives. Je ne peux que les remercier. »Dans ce documentaire, la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca utilise de nombreux plans de coupe de paysages capverdiens.« Je crois qu'il est nécessaire de comprendre l'environnement d'une personne pour la connaître. En ce qui concerne Cesária, il s'agit du Cap-Vert et plus particulièrement, de l'île de São Vicente et plus encore, de la ville de Mindelo. On ne parle pas seulement du sol sur lequel elle a marché mais de l'air qu'elle a respiré. Elle est cette mer bleue, ces montagnes arides, ce vent. On retrouve Mindelo dans sa personnalité, sa manière d'être, son humour... »La traduction de Ana Sofia Fonseca est assurée par Elisabeth Perello.  Titres joués : Mar Azul, Lagrimas Negras Feat. Compay Segundo, Petit Pays, Sodade, Carnaval de São Vicente.Sortie en salle le 29 novembre 2023, bande annonce. Puis nous recevons Oriane Lacaille dans la #SessionLive pour la sortie de l'album iViV. Oriane Lacaille était prête sans le savoir. Quand elle rembobine la genèse d'iViV, le premier album sous son nom, elle décrit une étincelle qui a allumé un feu de joie. Notez le graphisme du titre, avec ses « i » comme des allumettes et ses « V » comme des flammes : iViV (Ça vit, en créole) consume un héritage, deux identités, trois musicien(ne)s et une brassée de rencontres pour alimenter le brasier. La chaleur du foyer procure son réconfort, son halo suggère une spiritualité et on y danse autour. Le feu couvait depuis longtemps. Il trouve son origine dans une maison haut-savoyarde remplie d'instruments lointains. Oriane y a grandi, après que ses parents eurent quitté La Réunion à la faveur de la nomination de sa mère comme professeure de français dans un lycée d'Annemasse. Son père a suivi. L'accordéoniste René Lacaille forme, avec Alain Péters et Danyèl Waro, le triangle rénovateur des musiques insulaires dans les années 1970. Le triangle est aussi la première percussion dont Oriane – née en 1986 – s'empare quand elle est enfant. Suivent les maracas, la clave, le kayamb et tout ce qui lui tombe entre les mains. Mais elle rêve d'abord d'être chanteuse : dans la génération précédant la sienne, le métier de musicienne n'est pas encore accessible aux femmes réunionnaises et ses tantes n'ont pas le droit de toucher aux instruments que tous ses oncles pratiquent avec son grand-père. Oriane et ses cousines plus âgées avant elle, sont les premières qui, grâce aux changements de mentalités obtenues de haute lutte par leurs aînées, ont la chance de perpétuer la tradition familiale.Dans le clan Lacaille, Oriane est le métronome : son sens du rythme est implacable et, dès ses 13 ans, elle devient le socle du groupe paternel. Durant les vacances scolaires puis à plein temps après son Bac, la percussionniste-choriste parcourt le monde avec son père qui improvise en intégrant des ingrédients avec la même générosité que quand il cuisine le cari ou le rougail dans ses marmites. Oriane, qui ne chante qu'en créole jusqu'à ses 20 ans, côtoie des artistes caribéens, africains, japonais ou indiens, intègre le jazz et les musiques de bal, sans dévier du ballant métronomique qui lui confère une sensation d'enracinement. Les racines d'Oriane Lacaille font le grand écart entre une mère métropolitaine et un père créole réunionnais. Elle se dit « Zoréol », moitié zoreil moitié créole, deux identités reliées par un fil sur lequel elle a longtemps cherché l'équilibre. De cette bâtardise assumée, elle embrasse aujourd'hui la richesse extraordinaire : ses deux cultures et ses deux langues sont au cœur d'iViV. Titres interprétés au Grand studio- iViV Live RFI- Lam La Mer Feat. Loy Erhlich et René Lacaille, extrait album iViV- Kaf Do Lo Live RFI.Line Up : Oriane Lacaille : chant, ukulélé soprano, diatonique et baryton, aouicha, kayanm, tambour, Heloïse Divilly : chant, batterie, kayanm, percussions, Yann-Lou Bertrand : chant, contrebasse.Son : Jérémie Besset & Mathias Taylor.► Album iViV (Ignatub - MDC - Pias2023)Réalisation : Hadrien Touraud.

Musiques du monde
Un film, un live! Cesaria Evora, la diva aux pieds nus et Oriane Lacaille #SessionLive

Musiques du monde

Play Episode Listen Later Feb 3, 2024 48:30


Nous recevons la réalisatrice portugaise et cap-verdienne Ana Sofia Fonsaca pour le film « Cesaria Evora, la diva aux pieds nus » et Oriane Lacaille pour l'album iViV dans la #SessionLive. (Rediffusion) Cesaria est un mystère qui ne s'élucide pas d'après Lusafrica, lire la suite sur le site de son label.Patrick Chamoiseau écrit :Cesaria Evora est faite de cet humus dans le sec de ces sables. Ce n'est pas une biographie, c'est une révélation obscure, chargée de terre, de vie, de musiques, de simplicité, d'amitié, d'amour, d'interrogation et de lucidité. J'ai compris dans ces pages que Cesaria Evora est à elle seule une terre créole où la diversité des imaginaires et des hommes donnait naissance à une musique valable pour tous, là où la mélodie, l'harmonie et la polyrythmie ont rencontré les souffrances des hommes : creuset du blues, du jazz et de la morna. J'ai compris que Cesaria Evora est aussi une douleur, la sienne d'abord, celle de sa vie, de ses amours terribles, de cette ivresse destructrice qui suppléait aux bourgeons abîmés de l'espoir. Et cette vie familière des extrêmes parle à la nôtre en un direct sensible. Quand elle chante, elle vient avec une existence entière rescapée des bars sordides et des dorures factices de chez les grandes gens, dotores du Cap-Vert qui voulaient l'écouter. Elle vient aussi avec son exil immobile, ce but d'exil irrépressible qui maintenant gît en chacun de nous, îles en dérive dans le monde qui fait monde. Elle vient avec une incomparable tristesse envers le tout possible. Elle dit le bonheur perdu mais à portée de main. Elle dit la blessure nègre en absence et silence. Elle dit le souvenir en ses limons précieux. Elle dit la mort et l'oubli, la fidélité et la patience, la liberté offerte sur des vagues amères où l'on ose mettre le pied. Elle dit le monde ouvert des îles tellement peu clos, tellement livré aux métissages et aux souffles de la terre. Elle dit sous la fatalité, la joie, l'espoir, la force ronde, la patience aiguisée. Ses pieds sont nus, sa voix est nue, son cœur nu est offert dans la parure de toutes les grâces. Chez les êtres humains, Cesaria est une reine.Texte écrit par Patrick Chamoiseau, paru dans Le Monde, à propos de la publication de la biographie écrite par Véronique Mortaigne, peu après la sortie de l'album « Cabo Verde » en février 1997.  En 2023, c'est au tour de la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca de raconter la Cesaria Evora qu'elle a découverte pendant 5 ans en regardant des kilomètres d'archives privées.« Mon film se compose d'images et de sons provenant de diverses sources, presque toutes issues d'archives privées. Grâce à ce film, j'ai rencontré des personnes exceptionnelles qui nous ont beaucoup aidés et nous ont fait confiance, en nous donnant accès à leurs souvenirs mais aussi à leurs archives. Je ne peux que les remercier. »Dans ce documentaire, la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca utilise de nombreux plans de coupe de paysages capverdiens.« Je crois qu'il est nécessaire de comprendre l'environnement d'une personne pour la connaître. En ce qui concerne Cesária, il s'agit du Cap-Vert et plus particulièrement, de l'île de São Vicente et plus encore, de la ville de Mindelo. On ne parle pas seulement du sol sur lequel elle a marché mais de l'air qu'elle a respiré. Elle est cette mer bleue, ces montagnes arides, ce vent. On retrouve Mindelo dans sa personnalité, sa manière d'être, son humour... »La traduction de Ana Sofia Fonseca est assurée par Elisabeth Perello.  Titres joués : Mar Azul, Lagrimas Negras Feat. Compay Segundo, Petit Pays, Sodade, Carnaval de São Vicente.Sortie en salle le 29 novembre 2023, bande annonce. Puis nous recevons Oriane Lacaille dans la #SessionLive pour la sortie de l'album iViV. Oriane Lacaille était prête sans le savoir. Quand elle rembobine la genèse d'iViV, le premier album sous son nom, elle décrit une étincelle qui a allumé un feu de joie. Notez le graphisme du titre, avec ses « i » comme des allumettes et ses « V » comme des flammes : iViV (Ça vit, en créole) consume un héritage, deux identités, trois musicien(ne)s et une brassée de rencontres pour alimenter le brasier. La chaleur du foyer procure son réconfort, son halo suggère une spiritualité et on y danse autour. Le feu couvait depuis longtemps. Il trouve son origine dans une maison haut-savoyarde remplie d'instruments lointains. Oriane y a grandi, après que ses parents eurent quitté La Réunion à la faveur de la nomination de sa mère comme professeure de français dans un lycée d'Annemasse. Son père a suivi. L'accordéoniste René Lacaille forme, avec Alain Péters et Danyèl Waro, le triangle rénovateur des musiques insulaires dans les années 1970. Le triangle est aussi la première percussion dont Oriane – née en 1986 – s'empare quand elle est enfant. Suivent les maracas, la clave, le kayamb et tout ce qui lui tombe entre les mains. Mais elle rêve d'abord d'être chanteuse : dans la génération précédant la sienne, le métier de musicienne n'est pas encore accessible aux femmes réunionnaises et ses tantes n'ont pas le droit de toucher aux instruments que tous ses oncles pratiquent avec son grand-père. Oriane et ses cousines plus âgées avant elle, sont les premières qui, grâce aux changements de mentalités obtenues de haute lutte par leurs aînées, ont la chance de perpétuer la tradition familiale.Dans le clan Lacaille, Oriane est le métronome : son sens du rythme est implacable et, dès ses 13 ans, elle devient le socle du groupe paternel. Durant les vacances scolaires puis à plein temps après son Bac, la percussionniste-choriste parcourt le monde avec son père qui improvise en intégrant des ingrédients avec la même générosité que quand il cuisine le cari ou le rougail dans ses marmites. Oriane, qui ne chante qu'en créole jusqu'à ses 20 ans, côtoie des artistes caribéens, africains, japonais ou indiens, intègre le jazz et les musiques de bal, sans dévier du ballant métronomique qui lui confère une sensation d'enracinement. Les racines d'Oriane Lacaille font le grand écart entre une mère métropolitaine et un père créole réunionnais. Elle se dit « Zoréol », moitié zoreil moitié créole, deux identités reliées par un fil sur lequel elle a longtemps cherché l'équilibre. De cette bâtardise assumée, elle embrasse aujourd'hui la richesse extraordinaire : ses deux cultures et ses deux langues sont au cœur d'iViV. Titres interprétés au Grand studio- iViV Live RFI- Lam La Mer Feat. Loy Erhlich et René Lacaille, extrait album iViV- Kaf Do Lo Live RFI.Line Up : Oriane Lacaille : chant, ukulélé soprano, diatonique et baryton, aouicha, kayanm, tambour, Heloïse Divilly : chant, batterie, kayanm, percussions, Yann-Lou Bertrand : chant, contrebasse.Son : Jérémie Besset & Mathias Taylor.► Album iViV (Ignatub - MDC - Pias2023)Réalisation : Hadrien Touraud.

Convidado
A arte foi “lugar de intervenção” e “liberdade” em 2023

Convidado

Play Episode Listen Later Dec 25, 2023 21:46


Neste programa, vamos dar um salto até alguns palcos de 2023, lugares onde se escreveram páginas de intervenção, de liberdade, de invenção e de empoderamento. No teatro, na dança, no cinema, na literatura, na música e em tantos outros “lugares”, vários artistas mostraram que criar também é resistir. O ano de 2023 foi marcado por projectos artísticos que criaram pontes e alargaram horizontes a partir do teatro, dança, literatura, música, cinema… A RFI acompanhou alguns e propõe neste programa uma viagem até certos desses momentos.Em Novembro, Maputo foi palco da 10ª edição da Bienal KINANI que também acolheu, este ano, a Bienal de Dança Africana. Uma bienal a dobrar com vários coreógrafos moçambicanos em cartaz a mostrar que Moçambique está “a viver um momento histórico” no mundo da dança. As palavras são de Quito Tembe, director artístico da KINANI, para quem a dança é “um lugar de intervenção”, pelo que o cartaz teve como algumas linhas de força a busca das raízes e a luta contra diversos tipos de opressão. “É importante olhar para a dança não somente como lugar do ‘estético belo' mas como um lugar de intervenção”, afirmou.Quito Tembe é um dos cinco comissários do Fórum de Curadores Internacionais da Bienal de Dança de Lyon, em França, um grupo que está a preparar projectos para a próxima edição de 2025. O trabalho começou este ano, em Setembro, na bienal francesa que é um dos encontros mais importantes da dança contemporânea a nível mundial e que foi, pela primeira vez, dirigida por um português. Tiago Guedes programou espectáculos que admitiu terem uma “militância social forte” para abrir "novas formas de encarar o mundo" e quis mostrar “a diversidade do que é a dança contemporânea” e “suprimir a palavra elitismo” deste universo. Por que é que é um acto artístico, social e político: é social no sentido em que nós defendemos que a Bienal é uma bienal popular, para toda a gente, então se é um acto social, ela tem que verdadeiramente chegar para além daquelas pessoas que já estão conectadas para a dança. Político no sentido das escolhas, ou seja, quando programas, tu escolhes o que dás a ver ao público e isso é um acto da escolha e um acto político também do que é que a dança pode ser hoje na sociedade, ou seja, como é que nós podemos ver o mundo através de um lado mais sensível ou mais brutal, ver o mundo através dos corpos e da escrita dos artistas. Isso para mim é algo que me interessa muito e que eu acho que é muito necessário nos dias de hoje.Um dos espectáculos que esteve em cartaz na Bienal de Dança de Lyon foi “Liberté Cathédral”, do Tanztheater Wuppertal, a companhia fundada pela coreógrafa alemã Pina Bausch, que vai passar a contar com a bailarina cabo-verdiana Luciény Kaabral. O convite surgiu depois de ela ter participado na “A Sagração da Primavera”, com 38 bailarinos de 14 países africanos, na "École des Sables", no Senegal e que foi exibido no documentário "Dancing Pina", de Florian Heinzen-Ziob.O convite teve um peso simbólico porque Pina Bausch é “uma lenda” que acompanhou o percurso de Luciény Kaabral na dança e que a ensinou “a contar uma história verdadeira” com o corpo.Fazer o belo, fazer para mostrar bonito não é o objectivo. Podemos chegar lá - ou aos olhos dos espectadores podemos chegar lá - mas nós não estamos a dançar para alguém. Eu lembro-me do que ela já tinha dito, e foi repassado pelos bailarinos que trabalharam com ela, que é: 'Dança como se ninguém estivesse a ver'. Ou seja, é realmente de dentro para fora e, muitas vezes, lá nos ensaios, é exactamente o que nós passávamos. Tantas horas a repetir a mesma coisa, mas não é repetir a fazer a mesma coisa. É repetir até que o corpo sinta e grave aquela emoção que gera esse movimento e todas as partes do corpo estão envolvidas. Através da respiração eu conseguia atingir isso, mas só conseguia porque havia uma emoção por trás, havia um sentimento que nem sempre tem a ver com a história da peça, mas que tem a ver comigo mesma, com a forma como eu me sinto naquele dia. Por isso é que eu digo que é contar uma história verdadeira.Dança e teatro a contarem histórias e a fazerem história também em português. Este ano, pela primeira vez, o Festival de Avignon teve aos comandos um artista não francês. O encenador, actor e dramaturgo português Tiago Rodrigues fez do festival um “combate pela liberdade artística” em que a vulnerabilidade humana se transformou em força para inventar outras formas de se viver.Eu julgo que nós seguimos os artistas. Esse é um dos combates do Festival de Avignon. É o combate pela criação, pela liberdade artística e seguir as ideias e os desejos e as urgências dos artistas. Portanto, não havia um tema, à partida, que procurássemos. Hoje, olhando para esta programação, há uma espécie de estrutura que emerge, um fio invisível que atravessa toda a programação, que é a capacidade que têm os artistas e as artistas de observar a vulnerabilidade humana, seja a vulnerabilidade colectiva, social, económica ou a vulnerabilidade individual, íntima, emocional, biológica, e transformar essa vulnerabilidade em criação. Olhar para a fragilidade, para a dificuldade, para a complexidade e ver aí um território fértil para a invenção e, muitas vezes, a invenção de uma fantasia, de um imaginário de outras formas de vivermos.Liberdade foi também o mote do Mindelact, Festival Internacional de Teatro do Mindelo, na ilha de São Vicente, em Novembro. Em conversa com a RFI, após a abertura oficial do Mindelact 2023, o director artístico do Mindelact, João Branco, destacou que, pela primeira vez, a programação foi maioritariamente composta por espectáculos dirigidos e interpretados por mulheres. “Eu acho isso extremamente importante, para além das múltiplas temáticas que estão sendo desenvolvidas, falando um pouco da nossa história”, afirmou.A vulnerabilidade e a força humanas também estão nas páginas de “Misericórdia”, o romance da escritora portuguesa Lídia Jorge que conquistou, a 9 de Novembro, o Prémio Médicis Étranger, em ex-aequo com "Impossibles Adieux", da sul-coreana Han Kang. Lídia Jorge é a primeira autora de língua portuguesa distinguida com o galardão, criado em França em 1970. “Misericórdia” é o palco de "uma batalha humana" onde as pessoas enfrentam o desafio do tempo mesmo que sejam atiradas para “uma outra humanidade”.Nós temos a ideia de que, a partir de certa idade, as coisas se apoucam. Que os sentimentos se apoucam, que a vida não tem mais a vivacidade que tinha. A minha experiência é exactamente o contrário! Acho que as pessoas, porque são colocadas perante o desafio do tempo, acabam por engrandecer e por expandir aquilo que são, a parte sentimental. Em geral, há uma ideia de que as pessoas idosas funcionam como uma espécie de 'uma outra humanidade'. Não é, têm exactamente em tudo os mesmos sentimentos que, naturalmente, se tem. O Hotel Paraíso, onde tudo isto decorre, acaba por ser um palco de batalha ! Digamos da batalha humana com o que tudo acontece. Não só as memórias de quem lá está, mas também a reacção destas mesmas figuras em relação àquilo que está a acontecer no mundo. Portanto, é um sítio que funciona como uma espécie de "pára-raios" do tempo.Outro “palco de batalha” é o dos migrantes também “atirados”, muitas vezes, para caminhos de “uma outra humanidade”. As dores da emigração cabo-verdiana abriram a "Semana da crítica” do Festival de Cannes, com o filme "Ama Glória". A protagonista é Ilça Moreno Zengo para quem “o filme mostra a real história da emigração”.Também no Festival de Cannes, no encerramento da mostra ACID, consagrada ao cinema independente, esteve o filme “Nome” do cineasta guineense Sana Na N'Hada. Uma viagem até aos anos da luta de libertação da Guiné-Bissau que, a 24 de Setembro deste ano comemorou os 50 anos da independência. A ficção do filme conta com imagens dos arquivos da luta de libertação filmadas pelo próprio cineasta nos “tempos da luta”.Combater o racismo e empoderar as mulheres são linhas de força do sétimo álbum da cabo-verdiana Lura, “Multicolor”. A artista apresentou o disco em Paris em Outubro. "É o disco de uma Lura mais afirmativa, com uma consciência maior do que se passa à minha volta e este disco toca várias temáticas que me preocupam e fazem parte de mim, a questão da identidade, da auto-estima, empatia e importar-se com o outro. E a força da mulher na sociedade", declarou à RFI, em Paris.Também a cantora cabo-verdiana Elida Almeida lançou no final de Janeiro novo álbum. "Di Lonji" que quer respeitar a tradição, mas de braços abertos para as influências que também compõem a música de Cabo Verde.Guardo a minha tradição, mas porque não inovar, se estamos a falar de um dos povos mais mestiços do Mundo? A nossa música também veio desta mestiçagem, veio destas misturas. Cada vez que íamos para o Brasil, para o México, para a Europa, trazíamos alguma coisa a mais para a nossa música, então porque parar agora com esta fusão? Eu sou a favor de continuar a abrir as portas.A "maioria das portas" foi aberta pela "diva dos pés descalços" que é homenageada no documentário “Cesária Évora” que chegou às salas francesas no final de Novembro. Uma viagem à intimidade da cantora cabo-verdiana que conta com imagens inéditas e testemunhos dos que conheceram a artista. O filme foi realizado por Ana Sofia Fonseca que quis mostrar “a complexidade humana da Cesária”.

Efemérides con Nibaldo Mosciatti
Muere "la diva de los pies descalzos", Cesária Évora (2011)

Efemérides con Nibaldo Mosciatti

Play Episode Listen Later Dec 17, 2023 4:57


El 17 de diciembre del año 2011 murió en Mindelo, en la Isla de São Vicente, Cabo Verde, la cantante caboverdiana Cesária Évora.

Convidado
Maior Feira de Artesanato e Design decorre até este domingo em São Vicente

Convidado

Play Episode Listen Later Dec 1, 2023 11:51


A Praça Amílcar Cabral, na cidade do Mindelo, ilha de São Vicente, acolhe até este domingo, a 8ª edição da URDI – Feira do Artesanato e Design de Cabo Verde. Decorre sob o lema “Emigração na poética das ilhas”, onde busca reflectir sobre a condição atlântica dos ilhéus, intrinsecamente ligada às diversas influências culturais que moldaram as ilhas ao longo dos tempos. “É uma feira que incentiva a partilha do saber-fazer e troca de experiência para que haja uma união dos artistas que temos em Cabo Verde” refere a técnica do Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design, Elisangela Monteiro, afirmando que 145 artesãos dos 22 municípios de Cabo Verde participam da Feira do Artesanato e Design.Este ano, a URDI destaca os municípios do Tarrafal de São Nicolau e de São Filipe na ilha do Fogo, pela ligação histórica com a emigração, tendo em conta o lema “Emigração na poética das ilhas”.Em Tarrafal de São Nicolau, os primeiros emigrantes foram para São Tomé e Príncipe, de onde surgiu a inspiração para o compositor, natural da localidade de Praia Branca, Armando Zeferino Soares, da célebre morna interpretada por Cesária Évora - Sodade.O presidente da Câmara Municipal de Tarrafal de São Nicolau, José Freitas, disse que trouxe para a Feira do Artesanato e Design de Cabo Verde o melhor do Tarrafal de São Nicolau, como a farinha de mandioca, a farinha de pau e o atum enlatado.São Filipe, na ilha do Fogo, com a tradição de emigração para os Estados Unidos da América é o outro município em destaque na 8ª edição da URDI – Feira do Artesanato e Design de Cabo Verde. A vereadora da cultura da Câmara Municipal de São Filipe, Lia Barbosa, disse que a participação do município na URDI é uma mais-valia para os artesãos e também dar a conhecer as festas das bandeiras e dos santos que começam em Janeiro e vão até Dezembro, bem como o vinho do Fogo.Os artesãos que participam no certame consideram a URDI com sendo um espaço onde o artesão bem como o artesanato são dignificados. A programação 8ª edição da URDI – Feira do Artesanato e Design de Cabo Verde que é desenvolvida até este domingo das 9h às 22 horas é bastante diversificada, para além da feira em si e dos concertos musicais, na Praça Amílcar Cabral, inclui a exposição 6.1, enquadrada no “Salão created in Cabo Verde”, em que as peças do concurso de design dos anos anteriores estão expostas em diversas montras, na Rua de Lisboa.Este evento inclui igualmente a exposição “Pasárgada” do artista plástico cabo-verdiano residente na Escócia, Irineu Rocha que acontece na Gare Marítima do Porto Grande; a Urdi Júnior, em que alunos do 10º ao 12º anos de Artes e Design Gráfico, da Escola Industrial e Comercial do Mindelo, embarcam no tema da emigração, propondo a reflexão e reinterpretação criativa deste fenómeno.Noutro aspecto, a URDI abrange igualmente o Food Design com a gastronomia tradicional das ilhas, o Urdi Depôs d'Hora com as noites musicais nos espaços de diversão da ilha de São Vicente e ainda “Grandes Conversas” no Centro Cultural do Mindelo, que buscam reflectir sobre a arte e a criatividade relacionadas à emigração, explorando seu papel no desenvolvimento criativo.Podem percorrer a feira aqui em imagens:

Musiques du monde
Un film, un live ! Cesaria Evora, la diva aux pieds nus et Oriane Lacaille #SessionLive

Musiques du monde

Play Episode Listen Later Nov 25, 2023 48:30


Nous recevons la réalisatrice portugaise et cap-verdienne Ana Sofia Fonsaca pour le film « Cesaria Evora, la diva aux pieds nus » et Oriane Lacaille pour l'album iViV dans la #SessionLive. Cesaria est un mystère qui ne s'élucide pas d'après Lusafrica, lire la suite sur le site de son label.Patrick Chamoiseau écrit :Cesaria Evora est faite de cet humus dans le sec de ces sables. Ce n'est pas une biographie, c'est une révélation obscure, chargée de terre, de vie, de musiques, de simplicité, d'amitié, d'amour, d'interrogation et de lucidité. J'ai compris dans ces pages que Cesaria Evora est à elle seule une terre créole où la diversité des imaginaires et des hommes donnait naissance à une musique valable pour tous, là où la mélodie, l'harmonie et la polyrythmie ont rencontré les souffrances des hommes : creuset du blues, du jazz et de la morna. J'ai compris que Cesaria Evora est aussi une douleur, la sienne d'abord, celle de sa vie, de ses amours terribles, de cette ivresse destructrice qui suppléait aux bourgeons abîmés de l'espoir. Et cette vie familière des extrêmes parle à la nôtre en un direct sensible. Quand elle chante, elle vient avec une existence entière rescapée des bars sordides et des dorures factices de chez les grandes gens, dotores du Cap-Vert qui voulaient l'écouter. Elle vient aussi avec son exil immobile, ce but d'exil irrépressible qui maintenant gît en chacun de nous, îles en dérive dans le monde qui fait monde. Elle vient avec une incomparable tristesse envers le tout possible. Elle dit le bonheur perdu mais à portée de main. Elle dit la blessure nègre en absence et silence. Elle dit le souvenir en ses limons précieux. Elle dit la mort et l'oubli, la fidélité et la patience, la liberté offerte sur des vagues amères où l'on ose mettre le pied. Elle dit le monde ouvert des îles tellement peu clos, tellement livré aux métissages et aux souffles de la terre. Elle dit sous la fatalité, la joie, l'espoir, la force ronde, la patience aiguisée. Ses pieds sont nus, sa voix est nue, son cœur nu est offert dans la parure de toutes les grâces. Chez les êtres humains, Cesaria est une reine.Texte écrit par Patrick Chamoiseau, paru dans Le Monde, à propos de la publication de la biographie écrite par Véronique Mortaigne, peu après la sortie de l'album « Cabo Verde » en février 1997.  En 2023, c'est au tour de la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca de raconter la Cesaria Evora qu'elle a découverte pendant 5 ans en regardant des kilomètres d'archives privées.« Mon film se compose d'images et de sons provenant de diverses sources, presque toutes issues d'archives privées. Grâce à ce film, j'ai rencontré des personnes exceptionnelles qui nous ont beaucoup aidés et nous ont fait confiance, en nous donnant accès à leurs souvenirs mais aussi à leurs archives. Je ne peux que les remercier. »Dans ce documentaire, la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca utilise de nombreux plans de coupe de paysages capverdiens.« Je crois qu'il est nécessaire de comprendre l'environnement d'une personne pour la connaître. En ce qui concerne Cesária, il s'agit du Cap-Vert et plus particulièrement, de l'île de São Vicente et plus encore, de la ville de Mindelo. On ne parle pas seulement du sol sur lequel elle a marché mais de l'air qu'elle a respiré. Elle est cette mer bleue, ces montagnes arides, ce vent. On retrouve Mindelo dans sa personnalité, sa manière d'être, son humour... »La traduction de Ana Sofia Fonseca est assurée par Elisabeth Perello.  Titres joués : Mar Azul, Lagrimas Negras Feat. Compay Segundo, Petit Pays, Sodade, Carnaval de São Vicente.Sortie en salle le 29 novembre 2023, bande annonce. Puis nous recevons Oriane Lacaille dans la #SessionLive pour la sortie de l'album iViV. Oriane Lacaille était prête sans le savoir. Quand elle rembobine la genèse d'iViV, le premier album sous son nom, elle décrit une étincelle qui a allumé un feu de joie. Notez le graphisme du titre, avec ses « i » comme des allumettes et ses « V » comme des flammes : iViV (Ça vit, en créole) consume un héritage, deux identités, trois musicien(ne)s et une brassée de rencontres pour alimenter le brasier. La chaleur du foyer procure son réconfort, son halo suggère une spiritualité et on y danse autour. Le feu couvait depuis longtemps. Il trouve son origine dans une maison haut-savoyarde remplie d'instruments lointains. Oriane y a grandi, après que ses parents eurent quitté La Réunion à la faveur de la nomination de sa mère comme professeure de français dans un lycée d'Annemasse. Son père a suivi. L'accordéoniste René Lacaille forme, avec Alain Péters et Danyèl Waro, le triangle rénovateur des musiques insulaires dans les années 1970. Le triangle est aussi la première percussion dont Oriane – née en 1986 – s'empare quand elle est enfant. Suivent les maracas, la clave, le kayamb et tout ce qui lui tombe entre les mains. Mais elle rêve d'abord d'être chanteuse : dans la génération précédant la sienne, le métier de musicienne n'est pas encore accessible aux femmes réunionnaises et ses tantes n'ont pas le droit de toucher aux instruments que tous ses oncles pratiquent avec son grand-père. Oriane et ses cousines plus âgées avant elle, sont les premières qui, grâce aux changements de mentalités obtenues de haute lutte par leurs aînées, ont la chance de perpétuer la tradition familiale.Dans le clan Lacaille, Oriane est le métronome : son sens du rythme est implacable et, dès ses 13 ans, elle devient le socle du groupe paternel. Durant les vacances scolaires puis à plein temps après son Bac, la percussionniste-choriste parcourt le monde avec son père qui improvise en intégrant des ingrédients avec la même générosité que quand il cuisine le cari ou le rougail dans ses marmites. Oriane, qui ne chante qu'en créole jusqu'à ses 20 ans, côtoie des artistes caribéens, africains, japonais ou indiens, intègre le jazz et les musiques de bal, sans dévier du ballant métronomique qui lui confère une sensation d'enracinement. Les racines d'Oriane Lacaille font le grand écart entre une mère métropolitaine et un père créole réunionnais. Elle se dit « Zoréol », moitié zoreil moitié créole, deux identités reliées par un fil sur lequel elle a longtemps cherché l'équilibre. De cette bâtardise assumée, elle embrasse aujourd'hui la richesse extraordinaire : ses deux cultures et ses deux langues sont au cœur d'iViV. Titres interprétés au Grand studio- iViV Live RFI- Lam La Mer Feat. Loy Erhlich et René Lacaille, extrait album iViV- Kaf Do Lo Live RFI.Line Up : Oriane Lacaille : chant, ukulélé soprano, diatonique et baryton, aouicha, kayanm, tambour, Heloïse Divilly : chant, batterie, kayanm, percussions, Yann-Lou Bertrand : chant, contrebasse.Son : Jérémie Besset & Mathias Taylor.► Album iViV (Ignatub - MDC - Pias2023)Réalisation : Hadrien Touraud.

Musiques du monde
Un film, un live ! Cesaria Evora, la diva aux pieds nus et Oriane Lacaille #SessionLive

Musiques du monde

Play Episode Listen Later Nov 25, 2023 48:30


Nous recevons la réalisatrice portugaise et cap-verdienne Ana Sofia Fonsaca pour le film « Cesaria Evora, la diva aux pieds nus » et Oriane Lacaille pour l'album iViV dans la #SessionLive. Cesaria est un mystère qui ne s'élucide pas d'après Lusafrica, lire la suite sur le site de son label.Patrick Chamoiseau écrit :Cesaria Evora est faite de cet humus dans le sec de ces sables. Ce n'est pas une biographie, c'est une révélation obscure, chargée de terre, de vie, de musiques, de simplicité, d'amitié, d'amour, d'interrogation et de lucidité. J'ai compris dans ces pages que Cesaria Evora est à elle seule une terre créole où la diversité des imaginaires et des hommes donnait naissance à une musique valable pour tous, là où la mélodie, l'harmonie et la polyrythmie ont rencontré les souffrances des hommes : creuset du blues, du jazz et de la morna. J'ai compris que Cesaria Evora est aussi une douleur, la sienne d'abord, celle de sa vie, de ses amours terribles, de cette ivresse destructrice qui suppléait aux bourgeons abîmés de l'espoir. Et cette vie familière des extrêmes parle à la nôtre en un direct sensible. Quand elle chante, elle vient avec une existence entière rescapée des bars sordides et des dorures factices de chez les grandes gens, dotores du Cap-Vert qui voulaient l'écouter. Elle vient aussi avec son exil immobile, ce but d'exil irrépressible qui maintenant gît en chacun de nous, îles en dérive dans le monde qui fait monde. Elle vient avec une incomparable tristesse envers le tout possible. Elle dit le bonheur perdu mais à portée de main. Elle dit la blessure nègre en absence et silence. Elle dit le souvenir en ses limons précieux. Elle dit la mort et l'oubli, la fidélité et la patience, la liberté offerte sur des vagues amères où l'on ose mettre le pied. Elle dit le monde ouvert des îles tellement peu clos, tellement livré aux métissages et aux souffles de la terre. Elle dit sous la fatalité, la joie, l'espoir, la force ronde, la patience aiguisée. Ses pieds sont nus, sa voix est nue, son cœur nu est offert dans la parure de toutes les grâces. Chez les êtres humains, Cesaria est une reine.Texte écrit par Patrick Chamoiseau, paru dans Le Monde, à propos de la publication de la biographie écrite par Véronique Mortaigne, peu après la sortie de l'album « Cabo Verde » en février 1997.  En 2023, c'est au tour de la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca de raconter la Cesaria Evora qu'elle a découverte pendant 5 ans en regardant des kilomètres d'archives privées.« Mon film se compose d'images et de sons provenant de diverses sources, presque toutes issues d'archives privées. Grâce à ce film, j'ai rencontré des personnes exceptionnelles qui nous ont beaucoup aidés et nous ont fait confiance, en nous donnant accès à leurs souvenirs mais aussi à leurs archives. Je ne peux que les remercier. »Dans ce documentaire, la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca utilise de nombreux plans de coupe de paysages capverdiens.« Je crois qu'il est nécessaire de comprendre l'environnement d'une personne pour la connaître. En ce qui concerne Cesária, il s'agit du Cap-Vert et plus particulièrement, de l'île de São Vicente et plus encore, de la ville de Mindelo. On ne parle pas seulement du sol sur lequel elle a marché mais de l'air qu'elle a respiré. Elle est cette mer bleue, ces montagnes arides, ce vent. On retrouve Mindelo dans sa personnalité, sa manière d'être, son humour... »La traduction de Ana Sofia Fonseca est assurée par Elisabeth Perello.  Titres joués : Mar Azul, Lagrimas Negras Feat. Compay Segundo, Petit Pays, Sodade, Carnaval de São Vicente.Sortie en salle le 29 novembre 2023, bande annonce. Puis nous recevons Oriane Lacaille dans la #SessionLive pour la sortie de l'album iViV. Oriane Lacaille était prête sans le savoir. Quand elle rembobine la genèse d'iViV, le premier album sous son nom, elle décrit une étincelle qui a allumé un feu de joie. Notez le graphisme du titre, avec ses « i » comme des allumettes et ses « V » comme des flammes : iViV (Ça vit, en créole) consume un héritage, deux identités, trois musicien(ne)s et une brassée de rencontres pour alimenter le brasier. La chaleur du foyer procure son réconfort, son halo suggère une spiritualité et on y danse autour. Le feu couvait depuis longtemps. Il trouve son origine dans une maison haut-savoyarde remplie d'instruments lointains. Oriane y a grandi, après que ses parents eurent quitté La Réunion à la faveur de la nomination de sa mère comme professeure de français dans un lycée d'Annemasse. Son père a suivi. L'accordéoniste René Lacaille forme, avec Alain Péters et Danyèl Waro, le triangle rénovateur des musiques insulaires dans les années 1970. Le triangle est aussi la première percussion dont Oriane – née en 1986 – s'empare quand elle est enfant. Suivent les maracas, la clave, le kayamb et tout ce qui lui tombe entre les mains. Mais elle rêve d'abord d'être chanteuse : dans la génération précédant la sienne, le métier de musicienne n'est pas encore accessible aux femmes réunionnaises et ses tantes n'ont pas le droit de toucher aux instruments que tous ses oncles pratiquent avec son grand-père. Oriane et ses cousines plus âgées avant elle, sont les premières qui, grâce aux changements de mentalités obtenues de haute lutte par leurs aînées, ont la chance de perpétuer la tradition familiale.Dans le clan Lacaille, Oriane est le métronome : son sens du rythme est implacable et, dès ses 13 ans, elle devient le socle du groupe paternel. Durant les vacances scolaires puis à plein temps après son Bac, la percussionniste-choriste parcourt le monde avec son père qui improvise en intégrant des ingrédients avec la même générosité que quand il cuisine le cari ou le rougail dans ses marmites. Oriane, qui ne chante qu'en créole jusqu'à ses 20 ans, côtoie des artistes caribéens, africains, japonais ou indiens, intègre le jazz et les musiques de bal, sans dévier du ballant métronomique qui lui confère une sensation d'enracinement. Les racines d'Oriane Lacaille font le grand écart entre une mère métropolitaine et un père créole réunionnais. Elle se dit « Zoréol », moitié zoreil moitié créole, deux identités reliées par un fil sur lequel elle a longtemps cherché l'équilibre. De cette bâtardise assumée, elle embrasse aujourd'hui la richesse extraordinaire : ses deux cultures et ses deux langues sont au cœur d'iViV. Titres interprétés au Grand studio- iViV Live RFI- Lam La Mer Feat. Loy Erhlich et René Lacaille, extrait album iViV- Kaf Do Lo Live RFI.Line Up : Oriane Lacaille : chant, ukulélé soprano, diatonique et baryton, aouicha, kayanm, tambour, Heloïse Divilly : chant, batterie, kayanm, percussions, Yann-Lou Bertrand : chant, contrebasse.Son : Jérémie Besset & Mathias Taylor.► Album iViV (Ignatub - MDC - Pias2023)Réalisation : Hadrien Touraud.

Convidado
“Passeio Alma das Ilhas” em São Vicente, eterniza figuras da cultura cabo-verdiana

Convidado

Play Episode Listen Later Nov 24, 2023 12:02


Com o objectivo de homenagear e eternizar, na Rua de Lisboa, no coração da cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente, ilustres da arte e cultura cabo-verdiana, o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas criou o “Passeio Alma das Ilhas”. Até este momento, 51 nomes de figuras cabo-verdianas estão fixados na Rua de Lisboa. Em conversa com a RFI, Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, começou por explicar como surgiu a ideia de fazer o "Passeio Alma das Ilhas" na Rua de Lisboa.“A ideia era fazer um passeio de estrelas. Um passeio de consagração dos grandes nomes imitando o passeio da fama de Hollywood, Los Angeles, com as estrelas, coisa básica. No entanto, a equipa do CNAD - Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design – em parceria com o Atelier Pika Pedra veio com a ideia por que não homenagear Cesária Évora na sua ilha. Fizeram várias propostas sempre com Cesária Évora como figura central, guia para o ‘Passeio Alma das Ilhas' foi assim que nasceu o primeiro protótipo. Cada uma das pedras têm uma história com as pedras das ilhas e várias tonalidades mais bronze com a ideia de consagrar algo que apesar de ser usado no dia-a-dia, pisado, um pouco maltratado está presente no convívio do Mindelo, na Rua de Lisboa. Começamos com o nome dos imortais, pessoas que não tínhamos dúvidas de que estamos consagrados para sempre. A começar pelos que já faleceram e pouco a pouco ir introduzindo nomes de pessoas que estão vivas. Faltam ainda muitos nomes. Nós já ocupamos apenas um lado da estrada, mas a ideia é ocupar os dois lados da Rua de Lisboa e dar a volta se for necessário. O objectivo principal é que a Câmara Municipal de São Vicente tome posse do projecto para ser municipal, na perspectiva que a Rua de Lisboa um dia se torne uma via pedonal”, disse o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente.O símbolo escolhido para o "Passeio Alma das Ilhas", foi o pé, que representa a “Diva dos pés descalços”, Cesária Évora que recai, também, sobre a representatividade do percurso tanto da cultura pela via da simplicidade, como o do homem e da mulher cabo-verdiana nas suas lutas, conotado pela simbologia da resistência e resiliência, feito pelo Atelier Piká Pedra. Abraão Vicente disse que Cesária Évora foi um pretexto para homenagens aos grandes nomes de Cabo Verde, como músicos, compositores, cantores, escritores, cientistas, jornalistas, artistas plásticos e tantos outros que podem vir a ser homenageados no "Passeio Alma das Ilhas".“A Cesária Évora é somente um pretexto, o artesão Albertino Silva quando apresentou a imagem do pé era para fazermos algo com as características da ilha, com alguma identidade nacional, nós podíamos optar por algum muito simples, uma estrela, eu achei brilhante a ideia do Albertino Silva de usar a figura principal que internacionalizou a música cabo-verdiana, mas um pouco do percurso do povo cabo-verdiano. Cesária é pretexto para fazer esta homenagem com esse formato e não copiarmos taxativamente a ideia americana, por isso, Cesária é um pretexto” disse Abraão Vicente acrescentando que junto a cada nome será colocado um QR Code, que direcciona os visitantes para uma página com informações do artista, em português, francês e inglês.De entre os 51 nomes afixados no "Passeio Alma das Ilhas" da Rua de Lisboa, para além de Cesária Évora estão nomes de Codê di Dona, Celina Pereira, Luís Morais, Manuel D'Novas, Tito Paris, Tazinho, Paulino Vieira, Morgadinho, Nha Nacia Gomi, Bela Duarte, Orlando Pantera, Luísa Queiroz, Alex Silva, Travadinha, Dona Tututa, Vasco Martins, Oswaldo Osório, Aurélio Gonçalves, João Vário, D'Novas, Corsino Fortes, Bana, Titina, Ti Goi, Jorge Barbosa, Baltazar Lopes, Ildo Lobo, Eugénio Tavares, B.Leza, Ana Procópio, Maria Bárbara, Armando Tito, Luís Romano, Bibinha Cabral, Betú, Luís Rendall, Ano Nobu, Humbertona, Norberto Tavares, Ovídio Martins, Armênio Vieira, Manuel Figueira, Ntoni Denti D'Oru, Orlando Pantera, Jorge Barbosa, Vasco Martins, Aurélio Gonçalves, Jotamont, Titina, Katchás, Frank Cavaquinho e Germano Almeida.Ao ser abordado pela RFI, o escritor e prémio Camões de 2018, Germano Almeida, que ao longo desta semana foi homenageado em São Vicente pela extensão da Escritaria, o festival literário de Penafiel, em Portugal, refere estar feliz por ter o seu nome no “Passeio Alma das Ilhas” porque, a seu ver, é uma forma de lembrar a todos que São Vicente é uma ilha de cultura.“Acho que é sobretudo uma forma de nos lembrar que São Vicente é uma ilha de cultura e que tem gente que se lembrou de dar a conhecer a cultura cabo-verdiana, não somente a cultura mindelense, mas é uma ilha com cultura muito própria” disse Germano Almeida que disse que fica “muito contente, mas o mais importante é Cabo Verde, as nossas ilhas através dos seus filhos” disse o escritor Germano Almeida.O Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente disse que Cabo Verde ensaiou “uma espécie de Passeio da Fama com alguns nomes da diáspora mas a ideia é estender todo o passeio na rua de São Bento, em Lisboa”.A ilha de São Nicolau também conta com o seu passeio, denominado “Passeio Artístico”. Iniciativa da Câmara Municipal de Tarrafal de São Nicolau que contou com parceria do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas.Foram colocados 10 nomes de músicos daquela ilha: Paulino Vieira, Toy Vieira, Toy Djack, Toy Domingos, Vicente Cabral, Matias Santos Vieira, Maninho Almeida, Armando Cabral, Armando Zeferino e Francisco Santiago.A concepção deste “Passeio Artístico” contou com parceria financeira do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, no âmbito de um protocolo assinado entre o titular da pasta da cultura e das indústrias criativas, Abraão Vicente e o presidente da Câmara Municipal de Tarrafal, José Freitas, em Março deste ano.O projecto "Passeio Alma das Ilhas" da Rua de Lisboa está inserido num programa maior do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, que consiste na colocação de bustos de grandes nomes da cultura cabo-verdiana em pontos estratégicos dos municípios, nalguns casos já conta com o envolvimento das autarquias locais.Confiram aqui alguns dos nomes dos homenageados do “Passeio Alma das Ilhas”:

Cruising the Waves Podcast
Episode 137 MSC Cruises Has A New Ship & Their Formula 1 Partnership

Cruising the Waves Podcast

Play Episode Listen Later Nov 10, 2023 35:04


Kathleen from Plenty of Sunshine Travel met with Tammy from MSC for this week's cruise chat. If you found value in this video and wish to help this channel. You can send a donation using this link ~ https://bit.ly/KathleenPenner. I have had the privilege of meeting with MSC several times. Here is the playlist. Welcome to a World of Privacy and Luxury. From its elegant suites to its round-the-clock butler service and concierge reception, the MSC Yacht Club offers the kind of first-class experience expected by the most discerning travellers. Environmental excellence Self-sufficient with potable water production, advanced wastewater treatment, solar panels and zero single-use plastic. Year-round cruises in the Caribbean with four ships in summer 2024, three embarkation ports, and brand-new itineraries Caribbean cruises from Port Miami (MSC Seascape and MSC Magnifica) New itineraries to Bermuda or Canada/New England from New York City (MSC Meraviglia) 3 to 7-night cruises from Port Canaveral/Orlando (MSC Seashore) All ships from Northern American ports call at Ocean Cay MSC Marine Reserve. Year-round in the Western Mediterranean. 10 Ships in the summer of 2024, up to 21 Embarkation Ports New Itineraries with Various cruise lengths, from mini to 7-night and longer. Ships in the Med. from April 2024: MSC World Europa MSC Seashore MSC Fantasia MSC Grandiosa MSC Orchestra MSC Poesia MSC Seaside MSC Splendida MSC Seaview MSC Sinfonia . Grand Voyages in 2023 & 204 in a nutshell. There are 37 Voyages vs 2024 Voyages in 2022 & 2023 17 Ships vs 15 Ships in 2022 & 202310 to 30 Nights vs 13 to 30 Nights in 2022 & 2023 Asia, Africa, Europe America 35 Countries vs 50 Countries in 2022 & 2023. The Chance to make a dream come true! MSC World Cruise 2025. On MSC Magnifica. You will visit these ports. AITUTAKI, MOOREA PAPEETE, MARSEILLE, BARCELONA, CASABLANCA, MINDELO, GENOA, CIVITAVECCHIA, NAPLES MESSINA, ALEXANDRIA, SUEZ CANAL TRANSIT, AQABA, SHARM EL-SHEIKH, SAFAGA, BOUNTY, BAY PASSAGE, HANGA ROA VALPARAISO, RAROTONGA, SALVADOR DE BAHIA/RIO DE JANEIRO, BUENOS AIRES, PUERTO MADRYN, PHUKET PENANG, COLOMBO, PORT KLANG, TAURANGA, SINGAPORE, AUCKLAND, BROOME, BAY OF ISLANDS, CHRISTCHURCH, FREMANTLE, SYDNEY, PUERTO MONTT, PUERTO CHACABUCO, USHUAA, STANLET PENNESHAW, ADELAIDE MELBOURNE, EDEN, MILFORD SOUND (cruising Fiordland Park), NAPIER, BUNEDIN. 116 nights, 4 continents, 50 destinations, 7 overnights. The MSC World America is Debuting in Miami in spring 2025, but Reservations for her are open! . Quick Facts of World America Number of staterooms: 2,626 Number of guests: 6,762 Length | Beam | Height: 1,093ft| 154ft|220ft Public space: 430,000 ft Speed (Max): 21.8/22.7 knots. MSC WORLD AMERICA 7 NIGHTS OR 14 NIGHTS From Miami On Saturdays April to October 2025 Miami (Florida) Ocean Cay, MSC Marine Reserve, Bahamas, Cozumel Mexico, Costal Maya, Puerto Plata, Dominican Republic, Isla De Roatan, Honduras, san Juan, Puerto Rico. . Cruise Hospitality and Formula 1 Packages in Abu DhabiCabin Only PackageCabin + F1 Ticket PackageCabin + F1 Experience PackageCabin + F1 Premium Hospitality Package. If you want to learn more about MSC or any other cruise lines I have met with. Please get in touch with me at info@PlentyofSunshineTravel.com. You can also fill out this simple form https://bit.ly/3mxFUNd, and I will get back to you. . Subscribe to our channel and hit the notification bell to ensure you catch all upcoming cruise videos. Click HERE to see the images on this week's episode. Search #PlentyofSunshineTravel on Facebook or Instagram to see our posts. . . . #MSC #formula1 #msccruise #msccruises #mscandformula1 #CruiseSpecialist #Cruise #CruiseGuru #TravelAgent #luxurytravel --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/cruisingthewavespodcast/message

Artes
Viagem na 'Saudade' sentida e cantada por Kavita Shah em "Cape Verdean Blues"

Artes

Play Episode Listen Later Nov 2, 2023 32:34


Hoje, mergulhamos no universo musical de Kavita Shah, jovem cantora, compositora e estudiosa de etnografia musical de Nova Iorque, com origens indianas. Formada em Harvard e fluente em 9 línguas, nomeadamente o francês, o espanhol, o português e o crioulo de Cabo Verde, Kavita Shah poderia ser descrita como uma pessoa guiada pela curiosidade. A sua curiosidade por outros mundos e outras culturas, uma curiosidade alimentada por uma infância numa família de editores indianos estabelecidos na Big Apple, vai levá-la muito nova a aprender o piano e a cantar num coro, antes de se impregnar das sonoridades dos lugares que vai conhecendo mais tarde, como o Brasil ou ainda Cabo Verde.Cerca de 10 anos depois do primeiro disco com sonoridades jazz intitulado "Visions" e depois também de participar noutros projectos, Kavita Shah acaba de lançar nestas últimas semanas o seu novo disco, "Cape Verdean Blues", que como o nome indica é o fruto das suas andanças em Cabo Verde.Antes de falarmos deste trabalho cuja musa é Cesária Évora e aquela suave nostalgia a que chamamos "saudade", decidimos fazer o percurso que levou Kavita Shah até Cabo Verde, porque o que interessa não é só o destino, é também a própria viagem. Uma viagem cuja primeira etapa foi o"Young People's Chorus of New York City", o coro infantil de Nova Iorque, quando tinha dez anos. Uma escolha "natural", conta Kavita Shah."Eu acho que foi uma coisa muito natural. Isso vinha de mim. Eu soube do coro através da minha escola que tinha um programa de música e o meu professor tinha dado um 'flyer' com informações para esse coro. Cheguei a casa, dei para os meus pais e todos os dias perguntava aos meus pais 'já ligaram ao coro? Já marcaram entrevista?' e eles respondiam 'ainda não, ainda não, vou fazer'. Eu, aos dez anos, não podia esperar mais e liguei. Acho que era uma vontade muito grande dentro de mim, era uma coisa de que precisava", conta a artista.Ao recordar o seu primeiro contacto com a lusofonia, a cantora diz que foi através de uma canção brasileira aprendida na escola que, meses depois, acabou por cantar num palco, durante uma viagem a Goa. Era ainda uma menina."Os meus professores eram muito abertos ao mundo (...) uma canção que nos ensinaram foi samba de Orfeu de Luís Bonfa. Eles escreveram num português de maneira muito visível em inglês com 'K', 'Kero viver, Kero sonhar'. Então, tinha aprendido esta música, logo antes de ir ao coro, tinha 9 anos, e naquele verão eu fui à Índia com a minha família, para as férias (...). A minha família é de Mumbai, então passamos férias em Mumbai e fomos quatro ou cinco dias a Goa. Foi o meu primeiro contacto com um lugar lusófono (...). Como eu tinha conhecimento daquela canção, num barco turístico, eu subi ao palco onde estava um guitarrista e eu disse 'olha, sei cantar uma canção em português. Posso cantar contigo?'. Eu tenho uma foto daquela noite, comigo cantando (...).É muito mágico pensar nisso porque eu tinha apenas 9 anos", lembra a cantora.Anos depois, então estudante de literatura, Kavita Shah, vai morar uns tempos para o Brasil. Esse período vai marcar uma viragem em vários sentidos, nomeadamente porque é nessa altura que vai assistir a um espectáculo que vai mudar a sua vida, um concerto de Cesária Évora."A Cesária veio cantar num festival de consciência negra no Brasil que decorria ao lado da minha casa. Eu já conhecia umas músicas dela, gostava muito, sentia que era interessante e diferente das outras músicas lusófonas que conhecia na altura, sobretudo brasileiras. Vê-la ao vivo, depois, foi outra coisa. Ela era uma artista muito especial, ela era muito confortável com ela mesma, estava descalça, bebendo Uísque, fumando, não estava a sorrir, não estava a dançar, não estava a fazer entretenimento. Ela só cantava do coração. Eu senti a autenticidade dela, a humanidade dela e ver uma mulher negra, forte, com aquela postura séria era para mim muito impactante", recorda a cantora que daí por diante, vai querer conhecer melhor as sonoridades de Cabo Verde.Uma música cantada por Cesária Évora, 'Sodade' vai tocar numa corda sensível de Kavita Shah que vai incluir esse título no primeiro álbum "Visions" em 2014, bem como no seu novo trabalho "Cape Verdean Blues"."'Sodade' virou um hino pessoal para mim (...), porque, só me dei conta disso muitos anos depois, acho que a sensação de saudade é uma sensação universal para quem, como eu, vive dentro de várias culturas, vive num espaço entre as coisas. Eu cresci com um sentimento de saudade na minha casa, que era uma saudade de um lugar que já não existe, a Índia dos meus pais, dos meus avós, que já não tinha aquela conexão (...). Depois, eu perdi o meu pai, eu tinha só 18 anos, ele era muito jovem, ele tinha só 46 anos, e logo depois, os meus quatro avós faleceram e eu não tenho irmãos, então foi muito súbito que eu perdi quase toda a minha família. Tinha saudade não só da cultura, mas também da minha vida", confessa a artista.O sonho de conhecer Cabo Verde acontece finalmente em 2016. Aí, vai conhecer a família musical de Cesária Évora, nomeadamente o guitarrista Bau."Fui para fazer uma pausa da vida de Nova Iorque. Fui lá para conhecer, com uma mente aberta (...). Foi por coincidência que logo depois que eu cheguei, conheci o Bau que era não só director musical da Cesária Évora mas é um dos guitarristas mais importantes da tradição, sobretudo a Morna (...). Ele transmitiu isto para mim e nós íamos desenvolvendo um trabalho juntos, mas foi só para o prazer, para trocar ideias, para cantar juntos. Eu ia para a casa dele e passávamos horas a falar sobre música, a tocar várias coisas, a explorar", recorda Kavita Shah ao contar que foi um amigo que sugeriu a ideia de fazer um disco a partir das suas sessões de pesquisa com Bau.Para além do conhecido guitarrista, "Cape Verdean Blues" também conta com os contributos dos artistas cabo-verdianos Miroca Paris e Fantcha, este disco colorindo com os tons da 'Morabeza" músicas vindas de outros horizontes, como "Flor de Lis" do artista brasileiro Djavan e "Chaki Ben", uma canção de embalar tradicional indiana. "Gosto muito de cantar esta canção com pessoas de outras culturas porque é uma canção fácil, dá para qualquer música entrar naquilo. É uma maneira de compartilhar a minha cultura, a minha família, com qualquer músico com quem esteja a trabalhar", diz a compositora.Com 12 faixas, o disco tem estado a ser apresentado em concertos nos Estados Unidos e em Portugal, antes de seguir para Cabo Verde. Kavita Shah vai actuar nos dias 10 e 11 de Novembro na Cidade da Praia e no dia 17 no Mindelo antes de cantar no dia 2 de Dezembro na sala do "Bal Blomet" aqui em Paris.Apesar de um ritmo "um bocadinho intenso, com muitos concertos", Kavita Shah tem outro horizonte, longínquo, mas que guarda num cantinho da mente: um disco que gravou há tempos com o seu quinteto. As sonoridades são jazz, com sabor a viagem."É um disco com muita inspiração da Índia e de uma viagem que eu fiz às aldeias ancestrais que estão na costa de Gujarate. Tive a sensação, quando eu fui lá, que eu já conhecia estas aldeias, mesmo que fosse a primeira vez que eu estava a ver, que estava conhecendo este lugar (...). Tive a sensação de que o meu caminho para conhecer a "minha saudade", para conhecer as minhas raízes, era normal não ir directamente de Nova Iorque para a Índia. Era normal para mim, ir através do Brasil, através de Cabo Verde, através de Portugal, através da França, para finalmente chegar lá. Era uma maneira de reconstruir a sensação de lar, a sensação de casa", diz a artista referindo contudo que, para já, não perde o foco. "Acho que vou precisar limpar um pouco a mente antes de mergulhar no mundo desse outro disco. Agora, estou 100% focada na música cabo-verdiana", diz num sorriso.

Musiche dal mondo
Bertania Almeida: Descobri

Musiche dal mondo

Play Episode Listen Later Sep 14, 2023 27:22


Descobri è l'album di debutto di Bertania Almeida, cantante capoverdiana di sicuro talento: lo pubblica Harmonia, l'etichetta di José da Silva, il manager e produttore discografico che ha costruito il successo internazionale di Cesaria Evora. Fino ad ora Bertania, che vive a Mindelo, la città di Cesaria nell'isola di Sao Vicente, ha cantato solo per passione, mentre di professione è architetto, e ha avuto una notorietà poco più che locale: se si deve giudicare dalla classe che mostra in Descobri c'è da sperare che le si apra una vera carriera musicale.

L'Heure H
Cesaria Evora : la genèse de la diva aux pieds nus

L'Heure H

Play Episode Listen Later Sep 13, 2023 39:23


Nous sommes le 17 décembre 2011, il est 17h23. Dans l'hôpital de Baptista de Sousa, sur l'île de Sao Vicente, une famille entoure le lit d'une grande chambre lumineuse. Sur le lit, une vieille dame intubée tente d'adresser ses dernières paroles aux quelques proches qui l'accompagnent. Seulement dehors, sur le parvis de l'hôpital de Sousa qui surplombe la baie de Mindelo, c'est tout un pays qui retient son souffle. Son icône nationale, la chanteuse Cesaria Evora, est en train de rendre son dernier soupir. Mindelo, Cap Vert, le 17 décembre 2011. Il est 17h23 : c'est l'Heure H de mon histoire. Merci pour votre écoute Retrouvez l'ensemble des épisodes de l'Heure H sur notre plateforme Auvio.be : https://auvio.rtbf.be/emission/22750 Et si vous avez apprécié ce podcast, n'hésitez pas à nous donner des étoiles ou des commentaires, cela nous aide à le faire connaître plus largement.

Artes
Cabo-verdiana Luciény Kaabral vai para a companhia de Pina Bausch

Artes

Play Episode Listen Later Sep 7, 2023 12:51


A bailarina cabo-verdiana Luciény Kaabral vai integrar a companhia fundada pela coreógrafa alemã Pina Bausch, uma das referências da dança contemporânea. O convite surgiu depois de ter participado no projecto de recriação da peça de Pina Bausch, “A Sagração da Primavera”, com 38 bailarinos de 14 países africanos. O processo de criação, na "École des Sables", no Senegal, é retratado no documentário "Dancing Pina", de Florian Heinzen-Ziob, exibido este sábado, na cidade da Praia. Luciény Kaabral tem 22 anos, começou a dançar no grupo cabo-verdiano Raiz Di Polon aos 17 e fez o primeiro espectáculo aos 18 anos. No final do ensino secundário, estava à espera de uma bolsa de estudo para estudar medicina em Portugal, mas acabou por abraçar o caminho da dança que hoje descreve como “uma forma de devoção”. Foi, então, estudar para a Escola Superior de Dança, em Lisboa, com o apoio do programa Procultura que apoia artistas dos PALOP e Timor-Leste.Em 2019, Luciény Kaabral foi à audição para uma recriação da peça de Pina Bausch “Sagração da Primavera” e acabou por integrar o grupo de 38 bailarinos de 14 países africanos, dirigidos por bailarinos da companhia fundada pela coreógrafa alemã, o Tanztheater Wuppertal Pina Bausch. O grupo ensaiou durante meses na célebre "École des Sables", no Senegal, mas a pandemia impediu o arranque da digressão e só um ano e seis meses depois é que a peça estreou em Madrid, em Setembro de 2021. Dos 38 bailarinos, até agora, só a cabo-verdiana foi convidada a integrar a companhia actualmente dirigida pelo coreógrafo Boris Charmatz.O convite tem um peso ainda mais simbólico porque Pina Bausch é “uma lenda” que acompanhou o percurso de Lucieny na dança e que a ensinou “a contar uma história verdadeira” com o corpo.“Fazer o belo, fazer para mostrar bonito não é o objectivo. Podemos chegar lá - ou aos olhos dos espectadores podemos chegar lá - mas nós não estamos a dançar para alguém. Eu lembro-me do que ela já tinha dito, e foi repassado pelos bailarinos que trabalharam com ela, que é: 'Dança como se ninguém estivesse a ver'. Ou seja, é realmente de dentro para fora e, muitas vezes, lá nos ensaios, é exactamente o que nós passávamos. Tantas horas a repetir a mesma coisa, mas não é repetir a fazer a mesma coisa. É repetir até que o corpo sinta e grave aquela emoção que gera esse movimento e todas as partes do corpo estão envolvidas. Através da respiração eu conseguia atingir isso, mas só conseguia porque havia uma emoção por trás, havia um sentimento que nem sempre tem a ver com a história da peça, mas que tem a ver comigo mesma, com a forma como eu me sinto naquele dia. Por isso é que eu digo que é contar uma história verdadeira”, explicou a bailarina à RFI, na entrevista que pode ouvir aqui.Luciény Kaabral é uma das vozes do documentário "Dancing Pina", de Florian Heinzen-Ziob, que retrata o processo de recriação de duas peças de Pina Bausch: “A Sagração da Primavera”, na "École des Sables", onde Luciény ensaia ao lado de bailarinos de toda a África, e “Ifigénia entre os Tauros”, ensaiada pela companhia de bailado da Semperoper, na Alemanha. No filme, a cabo-verdiana recorda que a pessoa com quem começou a dançar no grupo Raiz Di Polon, o bailarino Nuno Barreto, lhe falava constantemente de Pina Bausch e, desde então, vê a coreógrafa, falecida em 2009, como “uma lenda”.“Comecei em 2018 a trabalhar com o bailarino Nuno Barreto, que faz parte da Raiz Di Polon, e ele chamava-me muito à atenção no sentido de que dançar não é reproduzir um determinado movimento, não é copiar. Tens que realmente procurar as emoções que são reais e, com isto, trabalhar o movimento porque, aí sim, é real. Então, sempre quando ele insistia nessa questão e eu não estava a compreender, ele mostrava os vídeos da Pina Bausch, os bailarinos da Pina Bausch e os ensaios dela. Eu sempre admirava muito o que ela fazia porque eram pequenos gestos do quotidiano que nem sequer ligamos, mas ela consegue tornar aquilo dança. Então, ela sempre esteve presente desde o início na forma como eu vejo a dança. (…) Para mim, Pina Bausch é sem dúvida uma referência de dança, uma lenda quase”, conta Luciény Kaabral.O documentário "Dancing Pina" é exibido este sábado [9 de Setembro] na Praia, na ilha de Santiago, e no dia 15 de Setembro no Mindelo, na ilha de São Vicente, na presença da bailarina que se encontra em Cabo Verde, este mês, no âmbito de vários projectos, entre criações coreográficas, workshops e oficinas. O filme estreou em França em Abril deste ano e vai estar disponível nas plataformas VOD na próxima terça-feira, 12 de Setembro.

Monos del Espacio
MdE - Voluntariado. Ayudando a mejorar el mundo

Monos del Espacio

Play Episode Listen Later Sep 5, 2023 66:53


Os presento a Txus. Un grande en todos los sentidos. Risueño, encantador y comprometido. Éste es el proyecto en el que colabora: Somos estos: https://www.facebook.com/Euskal-Trenbideetako-Langileak-Mugarik-Gabe-1054985084528169/ Y este es el Proyecto en Cabo Verde. https://www.espacojovemsv.org A estas familias nos dedicamos: https://instagram.com/espacojovemsv?igshid=OGRjNzg3M2Y= https://www.facebook.com/EspacoJovemSV "Espaço Jovem SV", un Centro Juvenil y Social de la ciudad de Mindelo en la Isla de São Viçente de Cabo Verde.

Sospechosos Habituales
MdE - Voluntariado. Ayudando a mejorar el mundo

Sospechosos Habituales

Play Episode Listen Later Sep 5, 2023 66:53


Os presento a Txus. Un grande en todos los sentidos. Risueño, encantador y comprometido. Éste es el proyecto en el que colabora: Somos estos: https://www.facebook.com/Euskal-Trenbideetako-Langileak-Mugarik-Gabe-1054985084528169/ Y este es el Proyecto en Cabo Verde. https://www.espacojovemsv.org A estas familias nos dedicamos: https://instagram.com/espacojovemsv?igshid=OGRjNzg3M2Y= https://www.facebook.com/EspacoJovemSV "Espaço Jovem SV", un Centro Juvenil y Social de la ciudad de Mindelo en la Isla de São Viçente de Cabo Verde.

Voilier, le magazine pour les passionnés de voile de Bateaux.com
Sao Nicolao et Sao Vincente : aperçu de 2 îles du cap Vert aux attraits variés

Voilier, le magazine pour les passionnés de voile de Bateaux.com

Play Episode Listen Later Jul 31, 2023


Sao Nicolao et Sao Vicente font partie du groupe Nord-Ouest du Cap-Vert, appelé Barlavento pour bien indiquer leur position "au vent". Quand Sao Nicolao invite à plonger dans les coutumes et les traditions, Sao Vincente, terre natale de Césaria Evora et la ville de Mindelo sont une escale musicale et technique recherchée 👉 Lire l'article et voir les photos. En savoir plus sur les sujets abordés dans cet épisode : Cap-Vert Le magazine Bateaux.com apporte un éclairage nouveau aux plaisanciers au travers de 12 chaines d'information : Voilier.com MotorBoat.fr SemiRigide.com Multicoque.com Regate.com NavigationFluviale.com GrandeCroisiere.com Conseils Techniques Equipement et Accastillage SuperYachts.fr Culture Nautique GlisseNews.com Avec une diffusion en 5 langues (Français 🇫🇷, Anglais 🇺🇸, Allemand 🇩🇪, Italien 🇮🇹 et Espagnol 🇪🇸) et un lectorat reparti dans plus de 140 pays 🌍, Bateaux.com est considéré comme la première commaunauté de plaisanciers avec le réseau social dédié au nautisme Yacht-Club.com. Bateaux.com est édité de concert avec le magazine BoatIndustry.fr à destination des professionnels de la plaisance 🇫🇷, qui se décline à l'international avec BoatIndustry.de pour l'allemand 🇩🇪, BoatIndustry.com pour l'anglais 🇺🇸, BoatIndustry.es pour l'espagnol 🇪🇸 et BoatIndustry.it pour l'italien 🇮🇹. ✉️ N'hésitez pas à nous envoyer un commentaire ou une news en cliquant ici. 👉 Et n'oubliez pas de laisser 5 étoiles si l'information vous a plu 🙏.

Villmarksliv
Fra fjell og fjord til de sju hav – møt Kjell-Harald Myrseth - Norske eventyrere 2023

Villmarksliv

Play Episode Listen Later Apr 4, 2023 37:38


Eventyrer på nye eventyrFra en støyende kafé i byen Mindelo på Kapp Verde, drøyt 70 mil vest for Dakar, treffer vi på Kjell-Harald Myrseth og seilbåten Snyspurven. På forhånd må vi beklage den noe støyende atmosfæren. En støy som Kjell-Harald og seilpartner Miriam ikke er like vant til. For da de i sommer seilte rundt Svalbard, var det knakingen fra isfjell og tassing fra isbjørnføtter de lyttet varsomt etter.Reisen er måletEtter noen vanskelige år med korona, solgte Kjell-Harald alt han eide, inkludert 25 grønlandshunder, for å kjøpe seilbåten «Snyspurven» og legge ut på tur. Først gikk det i jakt og fiske nord i Norge, før kursen ble satt sørover mot Danmark. Deretter nordover og helt rundt Svalbard, før kompasset igjen pekte sørover mot Afrikas kyst. Snart går turen mot Sør-Amerika, der han skal snuse på både Andesfjella og Patagonia.To døgn fanget i snøorkanI denne episoden er vi også innom hendelsen der Kjell-Harald nesten mistet livet i en ekstrem storm. Han grov seg fem snøhuler, men vinden filte all snø av fjellet. Etter over to døgn ble han omsider funnet. Da var hodet helt innpakket i snø som hadde festet seg i lua og skjegget.– Jeg hadde sikkert fem kilo med is og snø rundt hodet, sier Myrseth i dag, som er glad han berget livet – og takknemlig for de som bidro under redningsaksjonen.På vei sørover, savner Kjell-Harald kulda, fjellene og snøen – og ser fram til nye opplevelser både i Sør-Amerika og kanskje lenger nord på det amerikanske kontinentet. Du kan følge reisen til Kjell-Harald og Miriam på YouTube og Instagram.HØR OGSÅ: Polarkokken Adolf Henrik Lindstrøm - med pannekaker og godt humør kommer man langtLev livet villere!Bli gjerne med i vår nye Facebook-gruppe for Podkasten Villmarksliv.Støtte Podkasten Villmarksliv ved å abonner på Villmarksliv, Jakt eller Alt om fiske.Vil du ha et gratis nyhetsbrev fra bladene Villmarksliv, Jakt og Alt om Fiske? Meld deg på her!Du kan lytte til Podkasten Villmarksliv på:SpotifyPodkaster for iPhoneGoogle Podcasts Hosted on Acast. See acast.com/privacy for more information.

Geração Digital
Ping, novo aplicativo de pagamentos móveis em Cabo Verde

Geração Digital

Play Episode Listen Later Apr 1, 2023 11:36


Criado pela startup Chuva, no Mindelo, o Ping permite fazer pagamentos e transferências por telemóvel.

Cruising the Waves Podcast
Episode 112 With Holland America A Look at Cruises Offered Only Once PLUS Grand Journeys

Cruising the Waves Podcast

Play Episode Listen Later Mar 30, 2023 64:37


Kathleen from Plenty of Sunshine Travel met with Lori from Holland America for this week's cruise chat. . Lori did an excellent brand overview and discussed the advantages of cruising with Holland America. . Holland America has 11 ships currently in their fleet. With Holland's indoor music walk, you can dance the night away to any style of music that fits you. . If you prefer a quiet side of life, you can go to their library and borrow a book. Holland has amazing restaurants for those of us who love food! From Steakhouses to Italian, Holland has it all! . Holland has great Alaska cruises, and you need to stay in Alaska for a few days before or after your cruise to experience Alaska the way it is meant to be experienced. I LOVE the 28-Day Alaska Arctic Circle Solstice Itinerary. This cruise is only offered once, and we need to go! It visits SEATTLE, Ketchikan, Wrangell, Sitka, Juneau, Prince Rupert, TRACY ARM FJORD, Haines, Skagway, Hubbard Glacier, Glacier Bay National Park, Valdez, Prince Wiliam Sound, Dutch Harbor. Kodiak, Homer. Anchorage, Seward, Nome, College Fjord, Little Diomede Island. This goes above the arctic circle. You will see so much of Alaska! . Another Itinerary only offered once is ~ Canada, New England, with Iceland. This visits: Boston, Massachusetts, US, Portland, Maine, US, Sydney, Nova Scotia, Canada, Corner Brook, Newfoundland, Canada, Red Bay, Labrador, Canada, Qaqortoq, Greenland, Cruising Prince Christian Sound, Isafjordur, Iceland, Akureyri, Iceland, eydisfjordur, Iceland, Djupivogur, Iceland, Reykjavik, Iceland, Grundarfjordur, Iceland, Nanortalik, Greenland, St Anthony, Newfoundland, Canada, St Johns, Newfoundland, Canada, Saint Pierre And Miquelon, Halifax, Nova Scotia, Canada, Bar Harbor, Maine, US, Boston, Massachusetts, US. . How about a 73-day Grand Africa Voyage? So often we don't think about combining cruises and safari but Holland has put those two together for us! This cruise goes to: Fort Lauderdale, Florida, US, Funchal (Madeira), Portugal, Arrecife, Lanzarote, Canary Islands, Spain, Agadir, Morocco, La Goulette (Tunis), Tunisia, Souda (Chania), Greece, Limassol, Cyprus, Suez Canal At Port Said, Transit The Suez Canal, Sharm El Sheikh, Egypt, Aqaba (For Petra), Jordan, Safaga, Egypt, Crossing The Equator, Victoria, Mahe, Seychelles, Zanzibar, Tanzania, Mamoudzou, Mayotte, Andoany (Hell-Ville), Nosy-Be, Madagascar, Maputo, Mozambique, Richards Bay, South Africa, Cape Town, South Africa, Luderitz, Namibia, Walvis Bay, Namibia, Luanda, Angola, Takoradi, Ghana, Abidjan, Ivory Coast, Banjul, Gambia, Dakar, Senegal, Mindelo, Cape Verde, San Juan, Puerto Rico, Fort Lauderdale, Florida, US. or a 73 day Grand South America and Antarctica voyage. Half Moon Cay, Tortola, Grand Cayman, Dominicam Barbados, Puerto Limón, Tobago, Devil's Island, PANAMA CANAL, Boca da Valeria, EQUATOR, Manta (Quito), Manaus, Fortaleza, Guayaquil (Quito), AMAZON RIVER, Santarém, Salaverry (Trujillo), Parintins, Alter do Chão, Callao (Lima), General San Martin (Pisco), A Salvador da Bahia, Coquimbo (La Serena), San Antonio (Santiago), lela Rébincon Cruceo, Buenos AiresArmação dos Búzios, Rio de Janeiro-Punta del Este, Montevideo, Castro, CHILEAN FJORDS, AMALIA OR BRUJO GLACIER, SARMIENTO CHANNELSTRAIT OF MAGELLAN, COCKBURN & BEAGLE CHANNELS, GLACIER ALLEY, Ushuaia, CAPE HORN/DRAKE PASSAGE, Punta Stanley, Falkland Islands. . . If you want to learn more about Holland America or any other cruise lines I have met with. Please get in touch with me at info@PlentyofSunshineTravel.com. You can also fill out this simple form https://bit.ly/3mxFUNd, and I will get back to you. . If you want see this video HERE is our YouTube Channel . Search #PlentyofSunshineTravel on Facebook or Instagram to see our posts. . . . #Holland #HollandAmerica #exploretheocean #HollandAmericaTravelAgent #travelagent #CruiseSpecialist #Cruise #CruiseGuru #TravelAgent #CanadianTravelAgent

The Big Cruise Podcast
Ep133 – Chris live from Queen Victoria, Fact or Fiction & Cruise News

The Big Cruise Podcast

Play Episode Listen Later Mar 6, 2023 32:01


Episode 133In episode 133, Chris updates us on his recent voyage and lectures on Queen Victoria, Baz wins this weeks Fact or Fiction and of course another week of news from the global cruise industry. Listener Garry sends shares images of Queen Victoria and MSC Poesia both in Sydney as part of their respective world cruises.Support the showListen, Like, Subscribe & Review on your favourite podcast directory.Share the podcast with someone you think will enjoy the showBuy Me A Coffee – This podcast is only possible thanks to our supporters, simply buying a coffee keeps us on air. It is just like shouting your mate a coffee, and we consider our listeners close mates. https://bit.ly/2T2FYGXSustainable Fashion – choose a TBCP design or design your own… all using organic cotton, green energy and zero plastic https://bit.ly/32G7RdhRun for a Reason – This year Chris will Run for a Reason, raising money for the Type 1 Diabetes Family Centre. The Family Centre is a unique WA based home away from home for people with type 1. The team work alongside people living with type 1 diabetes, to support them to live a full and rewarding life. Donations can be made here: https://lnkd.in/gjs7jXXjCruise NewsCunard announces Queen Anne's maiden visit to Australia as part of its 2024/25 Australia and New Zealand seasonQueen Elizabeth's record 131-day residency features circumnavigation of Australia, new sailings to Queensland and the South PacificEmbark on an extraordinary adventure next year thanks to luxury cruise line Cunard's new 2024/25 programme featuring Queen Elizabeth's highly anticipated Australia and New Zealand season and Alaska sailings, Queen Anne's maiden world voyage and a South American adventure aboard Queen Victoria.Queen Elizabeth – from Alaska to AustraliaDeparting from Vancouver on a series of voyages between May and September 2024, Queen Elizabeth invites guests to immerse themselves in a world of skyscraper-tall glaciers and mirror-like waters. Guests can discover the vibrant cultures and local traditions. A number of voyages visit the jewel in Alaska's crown, the Glacier Bay National Park, and Hubbard Glacier, another stunning highlight.Following her Alaska season, Queen Elizabeth will sail from San Francisco via Hawaii and Samoa to New Zealand and Australian shores (Q430), where she will spend a record 131 days. From early October 2024, she will embark on a series of extraordinary voyages from Sydney. Highlights include a 30-night Australian Circumnavigation (Q431B) calling into capital cities and hidden regional gems such as Broome whilst offering plenty of time to enjoy Cunard's signature experiences on board. The sought-after Christmas and New Year's voyage to New Zealand (Q501) is a journey of celebrations featuring a traditional Cunard Christmas and the opportunity for guests to be amongst the first in the world to welcome the new year during an overnight stay in Auckland. In addition to stunning Tasmania, Queensland and New Zealand itineraries, the 15-night South Pacific sailings (Q504) is a fantastic way to explore magnificent Fiji, Vanuatu and New Caledonia.Queen Elizabeth will then head to Japan, where highlights include a nine-night Golden Week voyage and a 19-night Grand Voyage to Nagasaki, Yokohama – the gateway to neon-lit Tokyo, and Osaka.Queen Anne's maiden calls Down UnderCunard's latest programme will also include a number of firsts for its newest ship Queen Anne, including her maiden visit to Australia and New Zealand.In January 2025, Queen Anne will embark on her first-ever World Voyage. Guests can experience the trip of a lifetime, spending 107 nights on board, visiting more than 30 ports in five continents (H504C). Nine overnight calls are also included, in ports such as San Francisco, Honolulu and Singapore, offering guests further opportunities to explore these destinations.From Honolulu, Queen Anne will make her way to Auckland via Samoa and Tonga, before crossing to Sydney (H506C, Auckland to Sydney, five nights) and sailing along Australia's magnificent east coast to Hong Kong with maiden calls in Brisbane, the Whitsunday Islands, Cairns and Darwin (H507, Sydney to Hong Kong, 19 nights).All four QueensInspired by the ever popular three Queens phenomenon, Cunard now offers a trip of a lifetime across all four Queens. Guests can join an extraordinary 38-night adventure starting in the European summer with a voyage around the Mediterranean on board Queen Victoria (V414C), then embarking on Cunard's new ship Queen Anne (H414B) for a voyage from Rome to Southampton before taking an iconic Transatlantic Crossing on Cunard's flagship Queen Mary 2 (M418). After sailing into New York as dawn breaks, guests will then fly to Vancouver to finish the final leg of the Four Queens Adventure by exploring glaciers, wildlife and the jaw dropping terrains of Alaska, with 10 nights on Queen Elizabeth (Q421).Queen Mary 2 and Queen VictoriaBetween January and May 2025, the fleet's flagship Queen Mary 2 will combine her unique Transatlantic Crossings with visits to multiple sun-kissed destinations across Europe and the Americas, while Queen Victoria embarks on an incredible 78-night South American adventure from Southampton to the warm shores of Brazil, Chile, and Ecuador (V503B).The programme includes over 130 voyages to 159 destinations across Cunard's four Queens, including 30 maiden calls for Queen Anne and five fleet maiden calls for Queen Elizabeth. Queen Elizabeth's Australia voyages will be available to book from 9am AEDT on 15 March 2023 exclusively for Cunard World Club Members. General sale of Queen Elizabeth's Australia residency begins at 9am AEDT on 16 March 2023. All other voyages will be available to book from 12am AEDT on 16 March exclusively for Cunard World Club Members. General sale begins at 12am AEDT on 17 March.P&O Cruises announces new entertainment partner and Arvia godmotherNicole Scherzinger to create spectacular shows for P&O Cruises and name new ship Arvia Multi award-winning performer Nicole Scherzinger is to create spectacular music and dance extravaganzas for P&O Cruises in an exclusive entertainment partnership.As part of a wider collaboration, the lead singer of one of the world's biggest girl bands, The Pussycat Dolls, will also name P&O Cruises newest ship Arvia in a world-first beachside ceremony on March 16, 2023 in Barbados.Arvia's naming ceremony will be broadcast live on YouTube on Thursday March 16, 2023 at 7pmTo watch the event live on YouTube please go to – https://bit.ly/arviasnamingceremonyMore details of the shows to be created by Nicole Scherzinger on Arvia and Iona will be revealed later this year.Carnival adds fourth ship to Galverston Carnival Cruise Line announced today it is expanding its offerings in Galveston, Tex., by bringing a fourth ship, Carnival Miracle, to the port that will offer Texas-sized sailings of nine-, 10-, 11- and 12 days beginning in the fall of 2024 through spring 2025. Reservations for these departures are now open for sale.Carnival Miracle will reposition from San Francisco to Galveston on Oct. 1, 2024, and operate a spectacular Carnival Journeys voyage that visits Cabo San Lucas, Mexico; Puntarenas, Costa Rica; Cartagena, Colombia; and a Panama Canal transit.Once in Galveston, Carnival Miracle will offer a series of 19 cruises beginning on Oct. 16, 2024. A sampling of some of the new itineraries now open for sale include:Nine-Day Exotic Western Caribbean Sailing departs Oct. 16, 2024, with stops in Montego Bay, Jamaica; Grand Cayman, Cayman Islands; Mahogany Bay, Isla Roatan; Belize; and Cozumel, Mexico.10-Day Panama Canal Sailing departs Nov. 15, 2024, featuring stops in Cozumel, Mexico; Limon, Costa Rica; Colon, Panama (and tours of the Panama Canal); and Mahogany Bay, Isla Roatan.11-Day Exotic Caribbean Sailing departs Nov. 25, 2024, with visits to Montego Bay, Jamaica; Amber Cove; Grand Turk; Princess Cays and Nassau, The Bahamas.12-Day Carnival Journeys Southern Caribbean Sailing departs Jan. 26, 2025, and visits Grand Cayman, Cayman Islands; Aruba; Bonaire; Curacao; Cozumel. Mexico.The 2,200-guest Carnival Miracle recently completed a dry dock where Carnival's stunning new red, white and blue livery was added to the ship's hull. The livery serves as an homage to the patriotic colors that also represent Carnival, which proudly sails as America's Cruise Line. Carnival Miracle features many of the signature venues guests know and love – from Guy's Burger Joint to the BlueIguana Cantina, the RedFrog and Alchemy bars, as well as WaterWorks Aqua Park and The Punchliner Comedy Club.Carnival Miracle will further diversify Carnival's deployment from Galveston, joining Carnival Breeze, which offers four- and five-day cruises; Carnival Dream, which sails mostly six- and eight-day cruises, and the new Excel-Class Carnival Jubilee featuring a rollercoaster, which arrives this December to begin week-long Western Caribbean sailings.Carnival Legend to Visit Renowned Destinations from Three European Homeports in 2024Carnival Cruise Line announced today it will expand its offering of seasonal European sailings in 2024 and opened reservations for a series of 17 cruises that will take guests to some of the world's most picturesque seaports aboard Carnival Legend. Once the 2024 Europe season is completed, Carnival Legend will mark its return to the U.S. at a new homeport in Tampa, Florida.Carnival Legend's European series begins with a 12-day Transatlantic cruise from Baltimore, Md, on April 15, 2024. This sailing will include visits to Ponta Delgada, Azores, Portugal; Malaga and Valencia, Spain.From Europe, the ship will operate a wide range of itineraries for guests who want to explore the distinctive beauty and rich culture of the region from three homeports in three different countries: Barcelona, Spain, Civitavecchia (Rome), Italy; and Dover (London), United Kingdom. Among the many sensational itineraries to choose from are:Eight-Day Mediterranean Sailing departs Barcelona, Spain on May 30, 2024, and visits Malta; Messina (Sicily), Italy; Naples (Capri/Pompeii), Italy; Rome (Civitavecchia), Italy; Livorno (Florence/Pisa), Italy; and Toulon (Provence), France.Nine-Day Western Europe Sailing departs Barcelona, Spain on June 7, 2024, and visits Malaga, Sevilla (Cadiz), and La Coruña, Spain; Lisbon and Leixões (Porto), Portugal; and Le Havre (Paris), France.Nine-Day British Isles Sailing departs Dover, UK on June 28, 2024, and visits Holyhead, Wales, UK; Glasgow (Greenock), Scotland; Belfast, Northern Ireland; Liverpool, England; Dublin (Dun Laoghaire) Ireland; and Cork (Cobh), Ireland.12-Day Iceland Sailing departs Dover, UK on July 7, 2024, and visits Dublin (Dun Laoghaire) Ireland; Belfast, Northern Ireland; Reykjavik, Iceland; Grundarfjordur, Iceland; Akureyri, Iceland; Seydisfjordur, Iceland; and Invergordon, Scotland.10-Day Greek Isles Sailing departs Civitavecchia (Rome), Italy on Aug. 27, 2024, and visits Mykonos, Greece; Kusadasi (Ephesus), Turkey; Santorini, Greece; Athens, Greece; Katakolon, Greece; Messina (Sicily) and Naples (Capri/Pompeii), Italy.Carnival Legend will sail Europe throughout the summer season and into the fall, departing Civitavecchia (Rome), Italy on Oct. 26, 2024, and visiting Cartagena, Spain; Funchal (Madeira) and Ponta Delgada (Azores), Portugal before crossing the Atlantic and stopping in Nassau, The Bahamas before arriving at the ship's new homeport of Tampa, Fla.The 2,200-guest Carnival Legend features several accommodation options, including 50 suites and more than 630 balcony staterooms. Guests will find many of the signature venues they know and love on board – from Guy's Burger Joint to the BlueIguana Cantina, the RedFrog and Alchemy bars, as well as WaterWorks Aqua Park and The Punchliner Comedy Club.In addition, Carnival Glory will sail a 14-day Transatlantic voyage on April 18, 2024, that features several popular European destinations, including Valencia, and Las Palmas (Canary Islands), Spain, before arriving to its new homeport of Port Canaveral, Fla.AIDA call in St. Johns / AntiguaIt's not something you see every day: on February 27, 2023, not one but three AIDA cruise ships moored in the port of St Johns on the Caribbean island of Antigua.The voyages of the three sister ships AIDAdiva, AIDAluna and AIDAperla, which all spend the winter months in Caribbean waters, intersected with each other for once last Monday. The spectacle was not only an exciting event for the guests, the captains also enjoyed the encounter very much: Captain Panagiotis Mantzavinos of AIDAdiva, Captain Sven Gärtner of AIDAluna and Captain Pedro Ziegler of AIDAperla took the opportunity for a meeting among colleagues. The ships' crew organized a party for the guests on the pier with music, drinks and even a FitforDrums workshop.Fred. Olsen Cruise Lines unveils brand new 106-night ‘Voyage of ExplorationDeparting from Southampton on 6th January 2025, flagship Bolette will follow a similar route to the first world circumnavigation by explorers Magellan and Elcano in 1519.The cruise, which will take guests to destinations including Brazil, Argentina, French Polynesia, Mauritius and South Africa, will also cruise the south coast of Australia as British navigator Matthew Flinders did in 1801, and will call into places visited by the likes of Captain James Cook and Alexander Selkirk – the Scottish Sailor who was the inspiration for the Robinson Crusoe novel.Itinerary: Southampton, England – Funchal, Madeira – Mindelo, São Vicente, Cape Verde – Rio de Janeiro, Brazil – Montevideo, Uruguay – Buenos Aires, Argentina – Cruising Magellan Strait – Punta Arenas, Chile – Cruising by Cape Deseado – Cruising Chilean Fjords – Castro, Chile – Valparaiso, Chile – Robinson Crusoe Island, Chile – Cruising by Alejandro Selkirk Island – Hanga Roa (Easter Island), Chile – Cruising by Pitcairn Island – Papeete, Tahiti, French Polynesia – Bora Bora, Society Islands, French Polynesia – Rarotonga, Cook Islands – Crossing the International Date Line – Nuku'alofa, Tonga – Sydney, Australia  – Hobart, Tasmania, Australia – Melbourne, Australia – Albany, Australia – Fremantle (Perth), Australia – Port Louis, Mauritius – Port Réunion, Réunion Island – Gqeberha, South Africa – Cape Town, South Africa – Walvis Bay, Namibia – Jamestown, St Helena – Cruising by Ascension Island – Dakar, Senegal – Arrecife, Lanzarote – Lisbon, Portugal – Southampton, EnglandAnd moreJoin the show:If you have a cruise tip, burning question or want to record a cruise review get in touch with us via the website https://thebigcruisepodcast.com/join-the-show/ Guests: Chris Frame: https://bit.ly/3a4aBCg   Chris's Youtube: https://www.youtube.com/c/ChrisFrameOfficialListen & Subscribe: Amazon Podcasts: https://amzn.to/3w40cDcApple Podcasts: https://apple.co/2XvD7tF Audible: https://adbl.co/3nDvuNgCastbox: https://bit.ly/2xkGBEI Google Podcasts: https://bit.ly/2RuY04u I heart Radio:  https://ihr.fm/3mVIEUASpotify: https://spoti.fi/3caCwl8 Stitcher: https://bit.ly/2JWE8Tz Pocket casts: https://bit.ly/2JY4J2M Tune in: https://bit.ly/2V0Jrrs Podcast Addict: https://bit.ly/2BF6LnE Hosted on Acast. See acast.com/privacy for more information.

christmas america new york new year texas australia europe uk france england japan mexico british san francisco european italy australian radio ireland spain united kingdom new zealand brazil hawaii south africa rome scotland turkey argentina island md portugal tokyo run hong kong baltimore alaska barcelona atlantic melbourne colombia queens vancouver singapore chile caribbean greece fiction liverpool rio tampa acast costa rica wales jamaica americas crossing athens wa iceland reason donations castro janeiro voyage panama buenos aires queen elizabeth ii bahamas mediterranean brisbane northern ireland queensland alchemy carnival uruguay belfast malta cape town porto albany senegal auckland southampton tasmania south american st john lisbon fiji barbados osaka honolulu cruising belize namibia colon dover south pacific dakar fact or fiction tonga fla hobart antigua madeira galveston samoa nagasaki cairns mauritius aruba cartagena queen mary tahiti panama canal queen victoria transatlantic reservations jamestown tex baz montevideo cayman islands vanuatu malaga reykjavik nassau yokohama santorini magellan broome robinson crusoe lanzarote mykonos pussycat dolls valparaiso queen anne curacao azores cabo san lucas bora bora new caledonia cozumel cape verde limon cook islands nicole scherzinger french polynesia bonaire golden week montego bay la coru aedt grand cayman cruise line elcano st helena captain james cook akureyri cunard funchal port canaveral punta arenas rarotonga burger joint nuku holyhead western caribbean cruise news papeete international date line gqeberha alexander selkirk arrecife leix pitcairn island ponta delgada ascension island port louis glacier bay national park puntarenas grand voyage mindelo matthew flinders grand turk walvis bay carnival glory carnival breeze hubbard glacier society islands carnival dream aidaluna amber cove carnival miracle princess cays
Pos. Report
Pos. Report #103 avec Anthony Marchand et Amélie Grassi

Pos. Report

Play Episode Listen Later Jan 24, 2023 60:10


Ce 103e épisode de Pos. Report reçoit deux invités, qui ensemble, ont pris la quatrième place de la première étape de The Ocean Race entre Alicante et Mindelo, au Cap Vert, à bord de Biotherm, l'Imoca de Paul Meilhat, à savoir Anthony Marchand et Amélie Grassi.  Cette dernière commence par faire une petite carte postale du Cap Vert, avec une escale particulière dans le sens où les équipes techniques n'ont pas le droit de monter à bord, charge aux équipages de bricoler ce qui doit l'être, ce qui a été fait à bord de Biotherm, avant de se consacrer, à partir de ce mardi, à la préparation météo de la deuxième étape qui part mercredi en fin de journée.  Anthony Marchand revient ensuite sur la première étape, avec notamment une sortie de Méditerranée au près dans 60 nœuds qui a mis à mal les organismes, puis une descente au débridé vers le Cap Vert, pendant laquelle la vie à bord a encore été “hostile”, ce qui lui fait dire que cette entrée en matière était “engagée”. D'où le choix de l'équipage de ménager la monture “car on ne voulait surtout pas avoir de problème technique ; sur cette course qui est très longue, il faut prendre soin du bateau, encore plus en Imoca.” Le résultat de l'étape est jugé satisfaisant, l'ancien figariste estimant que les objectifs vont devenir de plus en plus élevés au fur et à mesure de la course, l'équipage découvrant le plan Verdier, mis à l'eau fin août dernier.  Les deux marins racontent ensuite comment la vie à bord s'est organisée et la difficulté de se faire à manger ou de dormir sur un foiler lancé à pleine vitesse - “C'est très ingrat, ça m'a un peu surpris”, confie Anthony Marchand -, ce qui a d'ailleurs occasionné quelques brûlures avec de l'eau bouillante sur cette étape initiale pour Boris Herrmann, skipper de Malizia-Seaexplorer, et Damien Seguin à bord de Biotherm. Ils évoquent ensuite la deuxième étape à venir, 4 600 milles jusqu'au Cap, avec un équipage inchangé, mais également leurs programmes respectifs pour la suite de The Ocean Race, qu'ils ne disputeront pas en intégralité, chacun ayant son propre projet en parallèle.  Pour Anthony Marchand, ce sera l'Ultim Actual, dont il a récemment été promu skipper à la place d'Yves Le Blevec, ce dernier se concentrant sur la direction du team Actual. Il explique comment cette transmission s'est effectuée : “Après la Route du Rhum, Yves m'a posé la question, j'ai eu le convoyage retour pour y réfléchir, il fallait cocher les cases”. Proche de l'équipe Actual - elle est la fille de Sandrine Bertho, directrice de projet et par ailleurs compagne d'Yves Le Blevec -, Amélie Grassi estime que ce passage de témoin s'est fait “naturellement, avec bienveillance et en harmonie avec l'équipe”. Le nouveau skipper d'Actual raconte ensuite comment il compte préparer le grand défi à venir, l'Arkea Ultim Challenge-Brest (départ le 7 janvier 2024), son objectif étant de “gravir petite colline par petite colline”.  Amélie Grassi, après avoir dressé le bilan de sa saison 2022 en Class40 faite de “hauts et de bas”, dont un démâtage sur la Route du Rhum, évoque quant à elle la suite de ce projet sous les couleurs de La Boulangère Bio - jusqu'à fin 2024 -, avec une rentrée prévue sur Les Sables-Horta en juin, puis la préparation de la Transat Jacques Vabre, deux courses qu'elle disputera avec une équipière prochainement annoncée. L'avenir plus lointain ? L'ex étudiante en droit social n'exclut rien, entre Ultim, Imoca et autres rêves de large… Diffusé le 24 janvier 2023 Générique : Fast and wild/EdRecords Post-production : Grégoire Levillain

Artes
Mindelo acolhe o "Cinema-Debate Amílcar Cabral" a partir desta quarta-feira

Artes

Play Episode Listen Later Dec 6, 2022 18:25


No âmbito do programa de celebração do Centenário de Amílcar Cabral que se assinala em 2024, a Fundação Amílcar Cabral, em parceria com a Fundação alemã Rosa Luxemburgo, promove a partir desta quarta-feira até ao dia 9 de Dezembro no Auditório do Centro Cultural do Mindelo, em Cabo Verde, o “Cinema-Debate Amílcar Cabral”. Durante este evento que é pensado para ser itinerante, vão ser promovidos debates e vão igualmente ser projectados 3 filmes alusivos à figura de Amílcar Cabral e à luta pela independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau: "O nascimento de uma Nação", um filme sueco datando de 1973, "Spell Rell", uma co-produção da Alemanha, Portugal, França e Guiné-Bissau elaborada em 2017 a partir de imagens de arquivo e "O Regresso de Amílcar Cabral", documentário de 1976 no qual trabalhou nomeadamente o realizador guineense Flora Gomes. Esta iniciativa proposta nomeadamente pela arquitecta angolana e comissária de exposições Paula Nascimento assenta igualmente no trabalho desenvolvido pela historiadora cabo-verdiana Ângela Coutinho. Em entrevista à RFI, esta investigadora ligada à Universidade Nova de Lisboa começa por evocar a génese deste projecto, a necessidade dos jovens abraçarem a História do seu país. Ao recordar que Amílcar Cabral, cujo activismo impulsionou a luta pela libertação de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, "é considerado como um dos maiores intelectuais de África do século XX", Ângela Coutinho refere que com este evento "pretende-se interpelar os mais jovens que em Cabo Verde, nos PALOP e em África em geral, têm estado um pouco alheados da História mais recente. As projecções servirão como forma de tentar cativar o interesse destes jovens e, para isso, contamos com equipas de vários académicos e artistas que têm reflectido sobre este legado". Ao evocar o volumoso acervo de documentação audiovisual que existe pelo mundo fora sobre Amílcar Cabral e a luta de libertação, a historiadora refere que "há muitas imagens que não têm sido divulgadas ao grande público. Alguns destes filmes, até hoje, ainda não foram traduzidos para a língua portuguesa. Durante estes dias, vamos fazer um resumo em língua portuguesa. Há ainda este trabalho a ser feito". Pouco antes do lançamento deste evento, a estudiosa admite que é a concretização de uma aspiração muito profunda. "Comecei a investigar este tema há quase trinta anos por iniciativa própria porque eu queria saber mais da minha história. Desde essa altura que tenho a ambição de partilhar as minhas reflexões e preocupações com os meus conterrâneos e concidadãos, porque é uma história que diz respeito a todos", refere Ângela Coutinho. O "Cinema-Debate Amílcar Cabral" arranca esta quarta-feira a partir das 18 horas locais no Auditório do Centro Cultural do Mindelo, na ilha cabo verdiana de São Vicente.

Bourlinguez
Bourlinguez #81 - Fatou-Maty x Cap-Vert

Bourlinguez

Play Episode Listen Later Nov 9, 2022 39:56


Dans ce 81ème épisode, Fatou-Maty raconte sa découverte du Cap-Vert

E o Resto é História
Portugal é o mais antigo aliado de Inglaterra?

E o Resto é História

Play Episode Listen Later Jul 20, 2022 41:57


A aliança anglo-portuguesa comemora 650 anos – mas ela existiu mesmo ou é um mito? E ainda: o desembarque do Mindelo, que mudou o rumo das guerras liberais em 1832.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Artes
Cabo Verde: Jorge Humberto com novo álbum e concerto na região de Paris

Artes

Play Episode Listen Later May 5, 2022 22:45


O cabo-verdiano Jorge Humberto promove este sábado, 7 de Maio, em Montreuil, perto de Paris, o seu mais recente trabalho discográfico. "Ôjemdia", estreado em Fevereiro, trata-se do oitavo álbum do "Trovador do Mindelo", que passando por Portugal se instalou na região de Paris. Cremilda Medina sobe também ao palco para abrilhantar a noite. A RFI acolheu o artista para falar do seu disco, do seu concerto, e da sua carreira de quase 30 anos. Acompanhe aqui uma música ao vivo na RFI de "Ôjemdia" de Jorge Humberto: "Sima quem ka querê nada".

PNL 2027
Mana Guta, Camões Crioulo e a história das ilhas (parte B) Leify Évora, 20 anos aluna do 2º ano da Licenciatura em Estudos Cabo-Verdianos e Portugueses, da Universidade de Cabo Verde, polo do Mindelo

PNL 2027

Play Episode Listen Later May 3, 2022 2:36


PNL 2027
Mana Guta, Camões Crioulo e a história das ilhas (parte A) Isana Ramos, 31 anos Aluna do 2º ano da Licenciatura em Estudos Cabo-Verdianos e Portugueses, da Universidade de Cabo Verde - polo do Mindelo

PNL 2027

Play Episode Listen Later May 3, 2022 2:35


PNL 2027
Dina Salústio, Filhos de Deus Janice Rocha, 20 anos, aluna do 1º ano da Licenciatura em Estudos Cabo-Verdianos e Portugueses, da Universidade de Cabo Verde - polo do Mindelo

PNL 2027

Play Episode Listen Later May 3, 2022 2:13


Artes
Manuel d' Novas: "Um dos maiores compositores de sempre de Cabo Verde"

Artes

Play Episode Listen Later Apr 26, 2022 9:59


Manuel d' Novas foi um dos mais importantes trovadores de Cabo Verde e o compositor preferido de Cesária Évora, Bana, Ildo Lobo, entre outros. O seu filho, Neu Lopes, descreve-o como “um dos maiores compositores de sempre de Cabo Verde” e foi para o homenagear que realizou o documentário “Manuel d´Novas – Coração de Poeta”. "O Manuel d'Novas foi um dos maiores compositores de sempre de Cabo Verde. É um nome que está por detrás de várias músicas, de vários artistas, incluindo Cesária Évora. É um dos compositores mais profícuos e aquele que abordou praticamente quase tudo o que diz respeito a Cabo Verde”, resume Neu Lopes, realizador do documentário “Manuel d´Novas – Coração de Poeta”. “O meu pai é um herói nacional. Para mim é uma figura proeminente e é uma das figuras que, tal como Cesária Évora, é mais importante do que o Presidente da República praticamente (…) Para sempre vai-se falar do Manuel d'Novas”, continua o cineasta. Foi com a ternura de filho e a curiosidade de realizador que Neu Lopes decidiu homenagear Manuel d' Novas, um dos mais importantes e prolíficos compositores de Cabo Verde e o preferido de Cesária Évora, Bana e Ildo Lobo. Além da homenagem, o cineasta quis fazer “um documento para a posteridade” porque ainda não havia nenhum filme sobre Manuel d´Novas, de forma a que também “as pessoas passassem a conhecer um dos compositores que estavam por detrás de Cesária Évora, por exemplo”. “Há pessoas que dizem que o Manuel – e isso é uma grande verdade – revolucionou a morna, revolucionou a forma de fazer a coladeira. Ele seguiu, antes, compositores como o Ti Goi ou o Frank Cavaquinho, por exemplo, mas depois começou a fazer uma coisa que é própria dele. O Manuel conseguiu conquistar um espaço na cena musical cabo-verdiana que mais nenhum músico conseguiu até hoje”, conta o realizador. Apesar de ter nascido na ilha de Santo Antão, Manuel d' Novas é considerado um filho do Mindelo, na ilha de São Vicente, onde, por todo o lado, vários indícios apontam para a sua influência ainda tão presente. Em causa, provavelmente, a intemporalidade das suas músicas, como explica Neu Lopes. “A sua técnica é quase cinematográfica. Ele consegue transcrever exactamente o que se passa - não só o que sente, mas também o que se passa - e transforma aquilo praticamente em imagens e em sons que a pessoa, quando está a ouvir a música, está a viver no presente momento o que está a acontecer. Muitas dessas músicas são intemporais porque aconteceu antes mas está a acontecer agora e já sabemos que poderá vir a acontecer outra vez.” Por outro lado, ao retratar a cabo-verdianidade, Manuel d´Novas acabou por moldar essa mesma identidade. “Ele abarcou praticamente todos os temas, todos os assuntos com que o cabo-verdiano se identifica. A saudade, a emigração, o desejo de ir mas terá que regressar - para regressar tem de ir, como diz aquela morna - o amor, o amor à pátria, a nossa vivência mesmo. Depois, nas coladeiras sobretudo, ele mostra as nossas paródias, a nossa vivência, o nosso humor, a crítica social. Ele vai para a parte social, vai para a parte política (...) O Manuel d'Novas tem uma obra que é histórica”, sublinha Neu Lopes. O compositor escrevia em terra e no mar, aproveitando todos os espaços para absorver e criar. “Há pessoas que diziam que Manuel d'Novas é um profeta porque profetizava coisas e falava de assuntos que iam acontecer porque ele tem uma análise que vem das nossas raízes, foi um homem muito viajado, passou por muitos portos, conviveu com várias pessoas de todos os cantos do mundo praticamente. E outra coisa: ele praticamente esteve preso, o mar era praticamente como uma prisão. Quando passas meses e não tocas em portos, ou tocas num e não entras, é como uma prisão. Mas é uma prisão que ele soube aproveitar para a sua criatividade”, acrescenta o filho. A isso soma-se “aquele sentimento de saudade, de querer voltar à terra, de querer colaborar com alguma coisa mesmo estando fora”. Por isso, aproveitava ainda mais quando estava em terra firme. O documentário “Manuel d´Novas – Coração de Poeta” venceu os prémios “Melhor longa documental” e “Revelação Nacional” no Plateau – Festival Internacional de Cinema da Praia, em 2020. Neu Lopes é também um dos fundadores da Osga Filmes, uma associação fundada em 2015 que tem produzido vários filmes.

Em directo da redacção
"Jazzy Bird": Sentir-se “em casa” numa “casa de jazz” no Mindelo

Em directo da redacção

Play Episode Listen Later Apr 25, 2022 11:05


Esta é uma história de amizade e amor pela música. O bar Jazzy Bird tem 25 anos e espelha o espírito do Mindelo, na ilha de São Vicente, em Cabo Verde. Aqui ouve-se simplesmente música e convive-se. Vou Monteiro, sócio-gerente do espaço, contou-nos essa história, momentos antes de mais um concerto ao vivo. Vou Monteiro nunca está quieto, muito menos antes de um concerto no seu bar, ou melhor, no passeio lá fora que rapidamente se enche para ouvir os músicos que ele convida. Estamos no Jazzy Bird, uma aventura com 25 anos que espelha o espírito do Mindelo, na ilha de São Vicente. Aqui ouve-se simplesmente música e convive-se. Esta noite, o "cabeça-de-cartaz" é Bau, um dos músicos da terra mais conhecidos e um “homem da casa”, já acarinhado pelo público do Jazzy Bird. Tendo em conta os 25 anos de existência e resistência, o bar pode ser considerado histórico mas é, antes de mais, uma história de família, amizade e amor pela música. “Uma das coisas que tornou este espaço histórico é esse tempo de existência, já lá vão 25 anos que estamos aqui”, começa por contar Vou Monteiro quando questionado se o Jazzy Bird é um ponto histórico do convívio e da música no Mindelo. A história começa quando era ainda menino porque o espaço é a antiga casa da avó, onde viveu. Um dia, ele e um amigo de infância, ambos “apaixonados pela música”, têm a ideia de transformar o espaço num bar que se distinguisse dos habituais botequins. Um bar para as pessoas sentarem e conviverem, diz. Vou Monteiro trabalhava na delegacia de saúde e não tinha “nenhuma queda para este tipo de negócio”. Mesmo assim, quando esse amigo Alexandre Novais estava de férias no Mindelo, decoraram o espaço, meteram “um frigorífico, três mesas”, e, num dia de Carnaval, a 27 de Fevereiro de 1997, decidem abrir. “Esse amigo que estava aqui de férias disse: ‘É hoje que vamos abrir!' Viemos aqui os dois com as bebidas locais, o ponche, o grogue… Era uma coisa que faltava em São Vicente porque não havia um espaço assim, onde as pessoas podiam sentar para conviver, para falar um bocadinho. Em São Vicente, sempre existiu aquilo que se chamava um botequim, com um balcão, as pessoas ficavam em pé, tomavam uma bebida e saíam de imediato. Esse conceito de sentar, conviver, nesse estilo de ‘pub' não existia”, recorda. Passado alguns anos, o Jazzy Bird começa a ter música ao vivo graças à motivação de outro amigo vindo de Portugal, o saxofonista Teck Duarte, ainda hoje homenageado por uma enorme fotografia no Jazzy Bird. “Ele fez toda a sua caminhada em Portugal, a tocar em grandes hotéis, em grandes espaços. Quando resolve regressar para a terra, ele já me conhecia desde menino, e no primeiro ou segundo dia que chegou, parou o carro aqui em frente, nessa porta, chamou-me, ai e tal, cumprimentou e disse: ‘Eu regressei, aqui é o local ideal para eu vir tocar aqui.' Eu respondi: ‘Não Teck, aqui não vamos fazer nada disso porque não tenho estrutura, não tenho mesa de som, não tenho nada'. E ele: ‘Deixa por minha conta'”. E foi assim que começaram a soar as notas ao vivo no bar. Primeiro, era o Teck Duarte sozinho, depois era ele e outros companheiros com o projecto Som das Ilhas. Seguiu-se o quarteto da nova geração de músicos Khaly Angel, Buna Lima, Yvan Medina e Kis Oliveira. A lista de artistas que por ali passaram, e passam, é longa, mas não se pode esquecer Bau, que toca no dia desta entrevista, nem Hernâni Almeida, na origem de outro projecto de Vou Monteiro. É precisamente com o guitarrista Hernâni Almeida e o amigo Alexandre Novais que Vou Monteiro cria o Mindel Summer Jazz, que já teve 9 edições e levou vários músicos dos quatro cantos do mundo ao Mindelo. Ou seja, tudo começou na casa da avó que se transformou numa casa da música ao vivo, “um local pequeno onde as pessoas se sentem em casa”. “Se já conseguimos resistir até aqui, agora é ir para a frente”, conclui Vou Monteiro, antes de ir correr ajudar os músicos a fazerem o “sound check” para mais um concerto. Oiça aqui a entrevista:

PNL 2027
Dina Salústio, Filhos de Deus Janice Rocha 20 anos Cabo Verde Licenciatura em Estudos Cabo-Verdianos e Portugueses, da Universidade de Cabo Verde - polo do Mindelo

PNL 2027

Play Episode Listen Later Apr 25, 2022 2:13


Convidado
São Vicente tem novo projecto para dinamizar economia cultural

Convidado

Play Episode Listen Later Apr 22, 2022 11:56


O projecto "Música gera Cultura - Música gera Economia" quer dinamizar a economia da cultura em São Vicente, Cabo Verde, através da realização de “concertos com história”, do enriquecimento de rotas turísticas com marcos culturais e de oficinas de capacitação para agentes turísticos e socioculturais. O projecto vai também permitir a gravação do novo disco de Gabriela Mendes. O projecto "Música gera Cultura - Música gera Economia" arrancou em Março e tem a duração de 24 meses. Consiste na gravação de um disco de Gabriela Mendes, em “concertos com história” em espaços de memória e de referência cultural, assim como em oficinas de capacitação para agentes turísticos e socioculturais. “O objectivo é identificar os espaços com história e criar novas rotas turísticas mais ricas, com aspectos culturais que possam diferenciar Mindelo e São Vicente”, explica Conceição Delgado, a coordenadora do projecto, sublinhando que esta referenciação dos espaços visa a valorização do património cultural e da memória colectiva. A ideia surgiu de um desafio lançado pela cantora cabo-verdiana Gabriela Mendes e depois a empresa de eventos Mariventos conseguiu a subvenção atribuída pela PROCULTURA PALOP – TL, financiada pela União Europeia e gerida pelo Instituto Camões. “O nosso objectivo é também incluir essas informações de ruas, de música, nos roteiros turísticos da ilha de São Vicente de forma a torná-los mais ricos e diferenciados em relação a outras paragens. Temos espaços emblemáticos onde viveram grandes artistas. Por exemplo, o primeiro ‘concerto com história', no dia 17 de Março, foi na pracinha em frente da casa do doutor Baltasar Lopes da Silva, que é uma das grandes figuras da nossa história, e esta praça não é conhecida, muita gente não sabia nem como chegar lá”, conta. Para os “concertos com história”, vão ser chamados a palco artistas locais porque “o objectivo é também gerar rendimentos para a classe artística: músicos, cantores, técnicos de som”, ou seja, “um sector que esteve completamente parado” durante a pandemia. Por isso, os concertos serão realizados nos “meses de menos actividade” para equilibrar relativamente aos “meses que são culturalmente muito ricos”. Este é, ainda, um “projecto da música tradicional” e “não vão ser cantados outros estilos que não sejam da música tradicional cabo-verdiana” porque a ideia é contribuir para a valorização da cultura. Oiça aqui a entrevista:

Artes
Gabriela Mendes: A “tradição” ainda é o que era

Artes

Play Episode Listen Later Apr 21, 2022 13:28


A cantora cabo-verdiana Gabriela Mendes está a preparar novo disco e promete manter-se fiel à essência da música tradicional do seu país. Gabriela Mendes defende que é a sua “missão” proteger e transmitir esse legado que aponta como “a riqueza” de Cabo Verde. A RFI conversou com a cantora no Mindelo, a sua terra, de onde nunca quis sair para ficar mais perto das raízes e da inspiração. Gabriela Mendes está a preparar o seu quarto álbum e adianta que “vai ser um disco de música tradicional mas com inovações”. “A Gabriela de hoje não é a mesma dos anos passados. Tenho mais maturidade, sinto a música de uma forma diferente. Tudo isso vai-se sentir na escolha dos temas e nos arranjos. Acredito que haverá pequenas fusões porque também gosto disso. Vai ser diferente, de certeza, do que já fiz até agora”, conta. “Vai ser tradicional, a morna, coladeira, que é onde eu me sinto melhor, mas bem diferente de quando a gente se encontrou em Paris, quando fiz Tradição”, acrescenta, lembrando que a capital francesa “é um dos sítios mais abertos à música de Cabo Verde” e que “o público francês é muito caloroso e muito receptivo”. Foi em 2007 que a cantora gravou, em Paris, o disco de estreia, “Tradição”, em que revisitou compositores como Manuel d'Novas, Vasco Martins, Tcheka ou Amândio Cabral e retomou os ritmos do património musical de Cabo Verde, hoje património mundial graças à morna. Seguiram-se “Um Renovo Musical”, gravado nos Estados Unidos, “Talking Drums”, gravado na Suíça, e, este ano, o novo disco vai ser gravado num estúdio no Mindelo. “É a primeira vez que eu vou gravar na minha terra, com as pessoas que eu costumo trabalhar. Acho que vai ser ainda melhor porque já não temos que nos deslocar e estar num ambiente diferente. A motivação e a inspiração vão estar lá 100%. A música, o clima, o ambiente, tudo isso vai afectar, de certeza, o disco”, explica. Gabriela Mendes nasceu em 1973, no Mindelo, na ilha de São Vicente, a terra de Cesária Évora, e acabou por ir ficando sempre nessa terra, apesar das oportunidades lá fora. “Eu gosto de estar perto das minhas raízes. Sinto-me bem cá e nunca senti necessidade de ter que viver no estrangeiro. Claro que se eu tivesse feito isso, talvez a minha carreira se tivesse posicionado de uma forma diferente, não sei, mas eu gosto de viver cá, é a minha casa. E gosto de sair de cá e ir para fora fazer concertos, passar momentos, mas não seria feliz vivendo fora de Cabo Verde”, admite, terminando a frase com um enorme sorriso. Ainda que “o sonho de todo o artista é dedicar-se 100% à sua arte”, no Mindelo, “quase ninguém consegue viver só da música” e a cantora também trabalha na área do turismo. No entanto, a música está sempre presente. “A música é o nosso quotidiano, é a nossa forma de estar, de ver o mundo, de sentir as coisas. Aqui vivemos em ilhas, a gente tem uma limitação e há sempre essa necessidade de se exprimir, por isso há muita música aqui. A melhor forma que o cabo-verdiano encontrou é através da música. A música está em todo o lado, em festas familiares, em convívios de amigos, a nossa música retrata a nossa vida, a nossa vivência, a nossa história”, descreve. O Mindelo é um viveiro de músicos e, desde criança, ela aprendeu as melodias tradicionais das mornas, funanás e coladeiras na rádio e nas festas locais. Depois, entrou na Escola Salesiana - de onde saíram nomes como Tito Paris, Paulino Vieira ou Bau - e tornou-se na solista do grupo coral. No final dos anos 90, encorajada por Bau, Voginha e Bius, Gabriela Mendes começou a dar concertos em bares e hotéis do Mindelo. O primeiro disco, “Tradição”, surge em 2007, em Paris, graças também ao músico Bau, que foi durante anos o chefe de orquestra de Cesária Évora. “Eu cresci ouvindo muita rádio. Eu sou de 73 e, nessa época, ouvia-se música tradicional essencialmente, mornas, coladeiras, galope, a Cesária, a Titina, a Betina Lopes, o Bana, a Celina Pereira. Toda essa gente é a minha referência em termos de canto e, depois, tive a oportunidade de trabalhar com músicos como o Bau, o Voginha, o Tey, convivi com o Manuel d'Novas, o Dani Mariano, o Jack Monteiro… Eu bebi dessa fonte, sinto-me mesmo honrada e privilegiada e esse é um dos motivos porque decidi ficar aqui: perto da minha fonte para continuar a alimentar-me.” Gabriela Mendes é uma defensora acérrima da música tradicional cabo-verdiana e teme as consequências do desinteresse da juventude por esta música. “Os jovens estão mais interessados pela música moderna e há um perigo que a nossa música possa perder-se no tempo, a nossa identidade, porque também somos um povo de muita mistura. Se isso vier a acontecer seria muito triste porque depois vamos querer recuperar e talvez já seja muito tarde porque muitos dos nossos grandes músicos, compositores, trovadores vão desaparecendo e se não há uma nova geração que retoma isso de forma consciente e forte há, sem dúvida, uma possibilidade de perda de identidade na nossa música.” Por isso, a cantora atribuiu-se como “missão” defender esse legado: “Sinto essa necessidade de dar a minha contribuição porque seria triste perdermos o que temos que é tão forte, que nos identifica, que é a nossa riqueza." Oiça aqui a entrevista:  

Artes
“Eu não faço sandálias, faço poesia”

Artes

Play Episode Listen Later Apr 20, 2022 7:59


Desenhar, cortar, colar, criar. Poderiam ser gestos mecânicos, mas não para um artesão cabo-verdiano. Beto Diogo diz que não faz sandálias, faz poesia. Cada sandália é um modelo único e deve ser tratado como tal. É a tal “alma da coisa”. A RFI esteve à conversa com este artesão no Mindelo, na ilha de São Vicente, em Cabo Verde. “Isto é parte da alma da coisa. Como costumo dizer: é como acariciar uma mulher, é como dar um carinho a uma mulher. Eu não gosto que batam nas obras, tem que se usar mesmo as mãos e isso para mim é dar carinho à peça. Eu gosto de ver as minhas peças bem tratadas e não gosto de vender a qualquer pessoa”, começa por explicar Beto Diogo. As suas peças são as sandálias e, nas suas mãos, são consideradas obras únicas que devem ser tratadas como tal.   É a tal “alma da coisa”. Não basta desenhar, cortar, colar. É preciso criar. Com afecto e dedicação. Beto Diogo diz que não faz sandálias, faz poesia. O artesão poeta defende que o seu dom é mesmo moldar a sandália que vai encaixar perfeitamente em cada um. Beto Diogo é artesão profissional desde 2011. Começou em São Vicente, mudou-se para Santiago, mas continua a palmilhar as diferentes ilhas para vender sandálias e ensinar a sua arte porque é também artesão formador e tem um atelier móvel. “A ideia do atelier móvel é levar a arte às localidades porque há muitos jovens que não têm condições para se deslocarem aos centros de formação profissional e nós é que vamos ter com os jovens nas comunidades. Já fizemos na ilha do Fogo, na Brava, em Santiago, São Vicente e vamos também para Santo Antão”, conta o artesão, acrescentando que muitos dos seus formandos vivem hoje desta arte. Beto Diogo aprendeu o ofício “por curiosidade” e descobriu o seu “dom”. Em 2013, conseguiu fazer a sua carteira profissional. “Eu nasci com o dom, consegui criar uma pedagogia e hoje eu ensino e transmito.” Num mundo dominado pelas novas tecnologias e produtos realizados em grande escala, aqui, no atelier móvel do Beto, “é tudo feito à mão”, “com contrastes diferentes para mostrar a dinâmica do valor do artesanato porque de forma industrial já há muitos por aqui”. Ou seja, cada sandália é mesmo única: “É peça única. Como eu costumo dizer: Eu não faço sandálias, faço poesia. Em cada sandália eu aplico uma coisa, uma vivência e transmito-o de forma artesanal. É uma coisa que você não pode ler, mas você pode olhar”, descreve. Beto Diogo também fez investigação sobre as sandálias albercas em Cabo Verde e percorreu as várias ilhas à procura da origem dessas sandálias. As albercas são a sua inspiração e hoje reinterpreta-as numa linhagem mais contemporânea. Oiça aqui a conversa.

Em directo da redacção
Yuran Henrique: Contemplar para pintar em Cabo Verde

Em directo da redacção

Play Episode Listen Later Apr 19, 2022 8:07


Yuran Henrique é uma das vozes da nova geração de artistas plásticos cabo-verdianos. O pintor e escultor tem patente uma exposição no Centro Cultural do Mindelo, na ilha de São Vicente, intitulada “Estação das Águas”, pouco depois de ter estado no mesmo espaço ao lado de Tchalê Figueira e de Bento Oliveira.  Há pinturas em pano, esculturas em ferro, instalações, obras penduradas com molas e ironia, ideias tiradas da iconografia popular e que fazem simplesmente parte de um dia-a-dia comum a todos, mas que a todos falta contemplar. Yuran Henrique tem esse sentido contemplativo. O jovem artista, de 29 anos, é natural de São Vicente e desde muito cedo se interessou pela ilustração e arte urbana. “Comecei com a ilustração e com uma prática mais urbana. Eu não estudei arte e fui entendendo o que estava em torno de mim em termos de arte”, conta. “A escultura e a pintura são algo muito recente na minha vida. É fruto de uma pesquisa, é fruto de um entendimento no sentido de me conhecer a mim mesmo. Sempre estive a pesquisar o que é que eu podia fazer que viesse do meu pensamento e da minha maneira de entender o espaço onde vivo e a maneira como vejo o mundo”, explica. Nas suas obras, ele parte “de uma experiência de vida” e todo o espaço à volta pode servir de mote para pintar. “Uma parede descascada, o mar, o entorno em que estou servem de inspiração. E uso metáforas para falar de psicologia humana, da nossa fragilidade, do corpo que tem outras dimensões”, descreve, sublinhando que “são várias as realidades que justificam a tua realidade”. Yuran Henrique aponta como a sua principal referência o artista plástico cabo-verdiano Bento Oliveira, ao lado de quem esteve recentemente exposto também no Centro Cultural do Mindelo. “Desde muito cedo, comecei a frequentar o atelier dele [Bento Oliveira] e a entender um pouco da sua filosofia de vida e de entendimento da arte visual. Aprendi muito da arte visual com o Bento Oliveira. É dos meus artistas preferidos a nível mundial”, reconhece. Em 2016, Yuran Henrique fez parte do coletivo de artistas plásticos que participou na mostra de “Artes visuais – Cabo Verde Contemporâneo 2016”. No mesmo ano, o artista faz sua primeira exposição individual “Artérias do tempo”, em parceria com a Câmara Municipal da Praia. Em Abril de 2017, inaugurou a exposição “Reversos” no Palácio de Cultura Ildo Lobo, também na Praia, e em Julho do mesmo ano, participou na Bienal de Jovens Criadores da CPLP, em Portugal. Em Novembro de 2017, Yuran Henrique realizou uma nova mostra de pintura intitulada “Mitografias”, durante o festival de teatro “Mindelact”. Em 2018, expôs no Centro Atlântico de Arte Moderna de Gran Canaria e participou na exposição colectiva da XII Conferência dos Chefes de Estado da CPLP. Em 2019, Yuran Henrique esteve nas exposições colectivas “Palácio Fora de Portas” e “Jovens Talentos” e participou em várias residências artísticas nacionais e internacionais. É, ainda, cartoonista do jornal cabo-verdiano Expresso das Ilhas desde 2018.

Artes
CNAD: “Manifesto da contemporaneidade cabo-verdiana”

Artes

Play Episode Listen Later Apr 19, 2022 17:57


O novo Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design de Cabo Verde (CNAD), no Mindelo, começou por ser “uma utopia”, de acordo com o seu director, Irlando Ferreira, mas está a transformar-se num “manifesto da contemporaneidade cabo-verdiana”. O projecto surge de um sonho inspirado pelos que outrora criaram o Centro Nacional de Artesanato e pretende ser “uma revolução a nível da economia da cultura” em Cabo Verde.  “Uma utopia”, é assim que Irlando Ferreira descreve a reabilitação do Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design de Cabo Verde, o CNAD, que dirige desde 2015. O projecto recupera os sonhos dos artistas Manuel Figueira, Luísa Queirós e Bela Duarte que criaram o Centro Nacional de Artesanato (CNA), a primeira instituição cultural de Cabo Verde, logo após a independência. O objectivo era não deixar morrer o artesanato através do resgate e recolha dos objectos e saberes, com enfoque na panaria tradicional, para depois os ensinar. O centro foi extinto em 1997 e reabriu em 2011 como Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design. Irlando Ferreira é convidado para o dirigir em 2015 e propõe uma visão em que muitos não acreditaram mas que vai poder ser vista a partir de 28 de Julho. Na altura, Irlando Ferreira apresentou um projecto de requalificação e ampliação arquitectónica do CNAD, fortalecido pelo estatuto de instituição pública, em 2018. Para além de museu, com exposições, residências, centro de investigação, de formação e biblioteca, o CNAD apresenta-se como uma plataforma de desenvolvimento da arte, do artesanato e do design em Cabo Verde. E muito trabalho já foi feito, com a criação online do Sistema Integrado do Artesanato Nacional (SIART) e a implementação de um regulamento e carta de artesão. Há, ainda, a Feira de Artesanato e Design URDI, o primeiro concurso de design no país, o salão Created in Cabo Verde, as residências criativas, os catálogos e as chamadas “Grandes Conversas” que são também editadas em livro. O CNAD vai estar nas outras ilhas com laboratórios de formação de arte, artesanato e design e com a criação de lojas para escoar o artesanato local. Comecemos por visitar o museu que já está a quebrar muros mentais e físicos. Os muros em volta do centenário edifício, que era a residência do senador Vera Cruz, já caíram e foram substituídos por bancos de pedra que convidam a sentar, a abraçar o espaço e depois a entrar. Este edifício histórico, construído nos finais do século XIX e “que se confunde com a história desta cidade e deste país”, vai acolher a coleção do CNAD, na Galeria Manuel Figueira, e um espaço para artistas emergentes, na Galeria Zero. Há, ainda, o café e a loja. Atrás do palacete clássico está o novo edifício que vai acolher as exposições temporárias, o centro de formação, a biblioteca e o acervo do museu. O que chama, de imediato, a atenção é a fachada colorida, feita de tampas de bidons, que é muito mais do que se vê porque esconde uma outra criação, desta vez sonora e da autoria do músico Vasco Martins. No fundo, como todo o CNAD, trata-se de um “manifesto da contemporaneidade cabo-verdiana”, resume Irlando Ferreira. O segundo edifício, dos arquitectos Moreno Castellano e Eloisa Ramos, tem um traçado contemporâneo e linhas rectas, é funcional e disruptivo, e é a ponte para o futuro a partir do passado. O rés-do-chão começa com a Galeria Luísa Queirós, que pode receber artistas de Cabo Verde e de qualquer parte do mundo. No piso inferior, fica o espaço para o acervo, uma colecção com mais de 1700 peças. Seguem-se, nos diferentes pisos, a Galeria Bela Duarte, o Centro de Investigação e Biblioteca Nhô Damásio e o Centro de Formação Nhô Griga. Ou seja, cada espaço é uma homenagem ao núcleo fundador do CNA e aos mestres artesãos de Cabo Verde. “Não se pode querer fazer o contemporâneo, o novo, sem se respeitar e valorizar o percurso feito até então, senão ficamos a boiar. Toda a arte tem uma raiz e não cuidar dessa raiz é dar cabo dos ramos e das folhas”, descreve Irlando Ferreira. “O pensamento é um organismo vivo, vai evoluindo. Tens de ser sincero quando geres um projecto deste género. Quando és sincero na tua actuação, naturalmente vais encontrando caminhos e vais encontrando pessoas que consigam materializar aquela visão. Nós, individualmente, não conseguimos fazer a transformação. Temos que ter a visão, temos que ter a capacidade de fazer com que as pessoas acreditem naquela loucura, naquelas utopias (…) Quando nós desenhámos este projecto, quase ninguém acreditava”, conta o director. Irlando Ferreira mostra-nos, ainda, o espaço de residência para acolher artistas que aí vão poder trabalhar - e dormir - e, no último andar, o “open space” para o trabalho da equipa do CNAD. Do ponto de vista simbólico, a própria iniciativa de construir um edifício de raiz “é um passo bastante importante na história de Cabo Verde porque é a primeira vez que se constrói um equipamento cultural de raiz”. “É curioso porque se o CNA, lá atrás, é a primeira instituição cultural de Cabo Verde, logo a seguir à independência, vai repetir na história ser o primeiro equipamento criado de raiz para responder à cultura, sobretudo na dimensão visual”, acrescenta o director. Graças aos laboratórios de formação de arte, artesanato e design e à criação de lojas nas diferentes ilhas para vender as obras de arte, artesanato e design, o CNAD vai criar um novo modelo de gestão e financiamento cultural que pode ser considerado como “uma revolução, pelo menos, a nível das indústrias criativas e da economia da cultura” em Cabo Verde. Se precisar de ver para crer, a materialização da “utopia” do Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design de Cabo Verde está marcada para finais de Julho, no Mindelo, na ilha de São Vicente.

Convidado
Kiki Lima, o pintor que “sempre” retratou o povo de Cabo Verde

Convidado

Play Episode Listen Later Apr 14, 2022 20:13


Kiki Lima diz que “sempre” pintou Cabo Verde. O artista cabo-verdiano leva para as suas telas, há mais de 50 anos, as gentes de Cabo Verde, o mercado do peixe, os pescadores, os músicos, as mulheres com filhos às costas, o baile, a morna, a coladeira e tanto mais. Fomos conhecer um pouco do seu universo, onde pintura, poesia e música andam de mãos dadas. São corpos mergulhados na azáfama do trabalho, no ritmo das mornas e coladeiras, no calor do sol africano que bate de chapa e que é dado com cores imediatas, primárias, garridas. As pinceladas são fugazes e alegres, o gesto é dinâmico e determinado, e os rostos são anónimos porque representam um povo: o cabo-verdiano. Esta é a pintura de Kiki Lima, o artista que levou para as telas as vivências do arquipélago, o baile, as conversas de rua, os músicos, o mercado do peixe, os pescadores, os vendedores ambulantes, as mulheres com filhos às costas, e muito mais. Kiki Lima recebe-nos em sua casa, no Mindelo, e a conversa leva-nos para a arte em geral, começando pela pintura, passando pela literatura, poesia e música. Ele próprio músico e compositor, mostra-nos uma canção do cabo-verdiano Rolando Semedo, intitulada “Cor (Ao Kiki Lima)”. “É uma bela homenagem”, diz, e, de facto, trata-se de uma homenagem ao pintor e à sua história. Vamos então à história... Euclides Eustáquio Lima (nome artístico Kiki Lima) nasceu em 1953 e encontrou as primeiras bisnagas de tinta a óleo na loja do senhor Maninho Duarte, no Mindelo, em 1974. Meses depois, fez um curso de Desenho e Pintura por correspondência que pagava com boa parte do seu ordenado. Na altura, era funcionário na central sindical UNTC-CS  e recebe uma bolsa para estudar Direito do trabalho em Portugal, em 1983, mas ao segundo ano de curso, acaba por trocar o Direito pelas Belas-Artes de Lisboa. É então que a saudade da terra emigra para as telas que passam a ser habitadas pelo povo de Cabo Verde. “Eu lembro-me perfeitamente. Era um domingo de Páscoa, levantei às quatro da manhã para estudar a sebenta de Freitas do Amaral de direito administrativo. Eram nove da manhã e tinha lido quatro páginas! Fechei o livro, acordei a minha ex-mulher e disse 'Eu vou mudar de curso!' Vivia numa tensão muito grande porque em Lisboa entrei em contacto com um mundo muito maior das artes, vi que as minhas possibilidades eram outras e arrisquei”, recorda. “Fui para as Belas-Artes mas, antes de sair, disseram-me que eu era maluco porque trocar um curso de Direito pelas Belas-Artes é de malucos!”, acrescenta, com um enorme sorriso de orgulho pela coragem de outrora. Kiki Lima acabou por ficar 21 anos em Lisboa, mas voltou para Cabo Verde em 2004 por causa “dessa coisa que os cabo-verdianos têm da nossa terra, da saudade”. “Vi que era possível trabalhar aqui e lá. Estar aqui para ter o meu ambiente preferido para pintar e ter o meu mercado lá porque continuava a não ter mercado aqui – se bem que nessa altura já vendia a entidades oficiais, ministérios. Quando os meus filhos acabaram a faculdade, então resolvi voltar para casa. Um regresso a meio gás porque continuo muito ligado a Portugal.” Kiki Lima diz que “sempre” pintou Cabo Verde e admite que a sua pintura “identifica-se toda com Cabo Verde”. “Sempre procurei encontrar nas vivências cabo-verdianas a minha identidade, aquilo com que me identifico, e procurei transmiti-lo através da pintura”, explica. Essa assinatura - complementada pela pincelada, pela cor e pelo movimento - surgiu em Lisboa, quando a saudade bateu à porta e quando quis contrariar os preconceitos que rodeavam a comunidade. Kiki Lima quer mostrar o lado luminoso de Cabo Verde para pesar contra a imagem de delinquência que saía “nos jornais todos os dias” quando se falava em cabo-verdianos. “Eu resolvi mostrar que Cabo Verde não era violência, que era alegria, música, dança, uma forma de estar descontraída. Para exprimir a dança e essa alegria, eu tive que trabalhar muito a cor e o movimento. Fui explorar muito daquilo que tinha aprendido com o impressionismo para tratar a cor", conta. Ainda que o gesto amplo e as cores primárias sejam também expressionistas, Kiki Lima corrige logo, explicando que o expressionismo é associado a algo mais violento: “Eu fiz o expressionismo alegre e isso fez com que eu mudasse toda a minha técnica de pintura. Antes, eu usava pincéis estreitos, pequenos, mais impressionistas. Deixei de usar paleta de braço e usei paleta de mesa e trinchas largas para ter essa expressão não pormenorizada, mais gestual, mas cuidando sempre a base do desenho.” De certa forma, a sua pintura também contribuiu para "a chamada de atenção" da identidade cabo-verdiana, até pelas suas ligações ao movimento Claridade. Tanto é que há um trabalho universitário, de 2009, a fazer essa ligação, intitulado “O pictórico na poesia cabo-verdiana: dos Claridosos a Kiki Lima”, da autoria do brasileiro José Leite de Oliveira Júnior. “Com a independência nacional é que houve abertura e a procura da nossa identidade cultural. A identidade que já existia mas que foi reprimida durante a era colonial. Foi nessa altura que eu tomei os primeiros contactos com a Claridade, nomeadamente com o doutor Baltasar [Lopes da Silva), com o Manuel Lopes com quem convivi também em Lisboa, com o Nhô Roque, portanto, eu ainda me alimentei um pouco do espírito da Claridade (…) O que eu fiz foi passar e interpretar essa literatura e encontrar essa identidade na pintura”, conclui. Oiça aqui a entrevista.  

Toma Aí um Poema: Podcast Poesias Declamadas | Literatura Lusófona
770 | Gabriel Mariano — Carta de Longe | Poesia Cabo-Verde

Toma Aí um Poema: Podcast Poesias Declamadas | Literatura Lusófona

Play Episode Listen Later Apr 11, 2022 1:03


José Gabriel Lopes da Silva, conhecido como Gabriel Mariano. Nasceu no dia 18 de Maio de 1928, em Cabo-Verde, Ilha de S. Nicolau, na Vila da Ribeira Brava, também conhecida como Stanxa. Gabriel Mariano, desde os tempos de estudante no Liceu Gil Eanes em Mindelo, S. ►► Apoie pequenas editoras. Compre livros de autores independentes! https://loja.tomaaiumpoema.com.br/ _________________________________ Gabriel Mariano — Carta de Longe Carta de longe lembrando a dispersão dolorosa. Carta de Boston América de Jorge Pedro Barbosa. Eram quarenta e só quatro em Cabo Verde ficaram. Tinha Brasil Argentina tinha Dakar-Senegal. América vinha primeiro já nos obscuros caminhos. Já nos obscuros caminhos da encruzilhada inicial já insinuando por perto Brasil Dakar-Senegal. Tinha Guiné Moçambique Angola veio e depois Macau Timor Venezuela Goa Brasil São-Tomé e dos quarenta só quatro em Cabo Verde ficaram. Caminhos brandos pra quem os pés já sangram doridos ainda meninos os pés os pés já sangram doridos. Ó meus destinos inquietos no inquieto mapa do mundo. Eram quarenta e só quatro em Cabo Verde ficaram. _________________________________ Use #tomaaiumpoema Siga @tomaaiumpoema Poema: Carta de Longe Poeta: Gabriel Mariano Voz: Jéssica Iancoski https://tomaaiumpoema.com.br ATENÇÃO Somos um projeto social. Todo valor arrecadado é investido na literatura. FAÇA UM PIX DE QUALQUER VALOR CNPJ 33.066.546/0001-02 ou tomaaiumpoema@gmail.com Até mesmo um real ajuda a poesia a se manter viva! #poesia | #poemas | #podcast

Em directo da redacção
Bau: “O cabo-verdiano tem o dom da música”

Em directo da redacção

Play Episode Listen Later Apr 11, 2022 13:44


Rufino Almeida, conhecido como Bau, é uma figura incontornável na música de Cabo Verde, mas nunca quis deixar a sua ilha, São Vicente. É que “isto de estar no meio do mar traz toda uma nostalgia” e acarreta inspiração, tanto mais que o Mindelo respira música. Para Bau, essa vitalidade artística é simplesmente porque “o cabo-verdiano tem o dom da música”.  O encontro foi marcado para o Jazzy Bird, clube icónico do jazz e da música ao vivo na cidade do Mindelo, em São Vicente, onde Bau vai tocar regularmente. É noite de mais um concerto e o passeio da rua começa a encher como é habitual por estas bandas, onde a música faz parte do dia-a-dia e ainda mais da noite. Como explicar a vitalidade musical desta ilha? Bau responde: “O cabo-verdiano tem esse dom da música. São Vicente, principalmente, teve sempre um desenvolvimento musical diferente por causa do Porto Grande. Vinham aqui muitos músicos, havia muitas influências. No cinema ouvia-se muito música americana, swing e aquelas coisas. Então, o pessoal ganhou toda aquela desenvoltura em torno da música que é diferente das outras ilhas. Já não digo agora porque agora a coisa globalizou, o mundo ligou com a internet, mas antigamente não. Não se podia ter um livro com acordes. Era difícil, era só de ouvido.” E foi de ouvido, com o pai, que Bau aprendeu a tocar guitarra, cavaquinho e violino, os instrumentos que vão regressar, em breve, a estúdio. Rufino Almeida anda a preparar várias surpresas, nomeadamente trabalhos em nome próprio e participações em discos de outros artistas. Por enquanto, prefere não adiantar muito, dizendo simplesmente que vai entrar em estúdio “ainda este ano” no que toca aos novos projectos pessoais. Bau nunca deixou São Vicente, que descreve como a sua ilha, onde nasceu e cresceu rodeado de “todo o ambiente musical”. “Sinto-me feliz em viver aqui. Saio sempre para o estrangeiro para fazer os meus trabalhos, espectáculos, gravações, etc. Agora, com alguns estúdios aqui, aproveito e gravo aqui, salvo algumas coisinhas a nível de masterização e mistura que vou fazer fora”, conta. O Jazzy Bird está decorado com fotografias de vários músicos cabo-verdianos, incluindo uma de Cesária Évora, mesmo atrás do balcão. Bau dirigiu a orquestra da “diva dos pés descalços” vários anos e o que ficou foi muito mais que “Sodade”. “Todo aquele percurso que fiz com ela marcou-me muito por vários motivos. Foi uma grande cantora da música de Cabo Verde, principalmente morna e coladeira. Foi uma pessoa com um 'feeling' e um sentimento a cantar que é uma coisa extraordinária. Eu gostava muito. Eu gosto do que ela fez. Deixou um grande legado a nível musical. Foi uma experiência interessante. Andei em vários palcos do mundo durante quatro anos como chefe de orquestra, arranjador. Conheci vários músicos, várias pessoas…”, recorda. “Paris era a nossa segunda casa”, acrescenta, admitindo que gostaria de voltar aos palcos da capital francesa para apresentar os seus projectos. Depois das digressões com Cesária Évora, surgiu o convite para que a música “Raquel”, do seu primeiro disco a solo, entrasse no filme “Fala com Ela” de Pedro Almodóvar. “Raquel é uma mazurca bastante lenta. Ele ouviu a música, não sei onde. Ele ouviu, estava a fazer o filme e interessou-se pela música. Contactou o produtor que falou comigo e eu ‘Ok, por mim não há problema' (…) Teve um grande impacto. Houve vários compositores, Caetano Veloso e outros, que participaram na banda sonora. Foi muito bom, foi um grande reconhecimento realmente”, conta. Em Cabo Verde, canta-se a saudade, o amor à terra-mãe, o amor simplesmente, a coragem, a abertura ao mundo. E o que contam as melodias de Bau? “Nós temos um ‘feeling' da ilha. Isto de estar no meio do mar traz toda uma nostalgia, com as pessoas que saem para emigrar, etc. A morna toca-nos muito. É como o fado, como o blues, é uma música que traz muita emoção. Para nós, a morna é que identifica o sentimento cabo-verdiano”, resume, poeticamente, o músico. Veja aqui um pouco de um dos seus concertos, a solo, na véspera da entrevista com a RFI.

Toma Aí um Poema: Podcast Poesias Declamadas | Literatura Lusófona
770 | Gabriel Mariano — Caminho Longe | Poesia Cabo-Verde

Toma Aí um Poema: Podcast Poesias Declamadas | Literatura Lusófona

Play Episode Listen Later Apr 11, 2022 0:40


José Gabriel Lopes da Silva, conhecido como Gabriel Mariano. Nasceu no dia 18 de Maio de 1928, em Cabo-Verde, Ilha de S. Nicolau, na Vila da Ribeira Brava, também conhecida como Stanxa. Gabriel Mariano, desde os tempos de estudante no Liceu Gil Eanes em Mindelo, S. ►► Apoie pequenas editoras. Compre livros de autores independentes! https://loja.tomaaiumpoema.com.br/ _________________________________ Gabriel Mariano — Caminho Longe Caminho caminho longe ladeira de São-Tomé Não devia ter sangue Não devia, mas tem. Parados os olhos se esfumam no fumo da chaminé. Devia sorrir de outro modo o Cristo que vai de pé. E as bocas reservam fechadas a dor para mais além Antigas vozes pressagas no mastro que vai e vem. Caminho caminho longe ladeira de São-Tomé Devia ser de regresso devia ser e não é. _________________________________ Use #tomaaiumpoema Siga @tomaaiumpoema Poema: Caminho Longe Poeta: Gabriel Mariano Voz: Jéssica Iancoski https://tomaaiumpoema.com.br ATENÇÃO Somos um projeto social. Todo valor arrecadado é investido na literatura. FAÇA UM PIX DE QUALQUER VALOR CNPJ 33.066.546/0001-02 ou tomaaiumpoema@gmail.com Até mesmo um real ajuda a poesia a se manter viva! #poesia | #poemas | #podcast

Em directo da redacção
“Conseguimos crioulizar Molière”

Em directo da redacção

Play Episode Listen Later Apr 7, 2022 9:36


Ângelo Gonçalves, conhecido no mundo do teatro como Rank Gonçalves, participou na peça “Médico à Força” de Molière, encenada por João Branco, com o Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo, no ano 2000, em Cabo Verde. “Conseguimos crioulizar Molière”, recorda o actor, sublinhando que adaptaram o texto à “história mindelense” e que ecoou perfeitamente com a sociedade cabo-verdiana, “conservadora das tradições e das regras dos tempos antigos”. “Crioulizar Molière” foi colocar Cabo Verde no mapa dos grandes dramaturgos universais com a adaptação à realidade local de histórias escritas há mais de 300 anos e com críticas ainda pertinentes. Foi no ano 2000 que Ângelo Gonçalves, conhecido no mundo do teatro como Rank Gonçalves, participou no “Médico à Força”, de Molière, uma peça encenada por João Branco, com o Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo, que também levaram a palco “Escola de Mulheres”. Fomos à cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente, conversar com o encenador, mas também com Janaína Alves, Fidélia Fonseca e Zenaida Alfama, alguns dos actores que interpretaram personagens tão “molierescas” quanto “mindelenses”.  Nesta entrevista, Rank Gonçalves falou connosco sobre o eco que o espectáculo teve junto do público e qual o sentido do texto do dramaturgo francês em Cabo Verde, uma sociedade que descreve como “conservadora das tradições e regras dos tempos antigos”. “A peça teve muito sucesso, a nossa bilheteira esgotou sempre. Eu gostei muito de ter participado numa peça de Molière e eu acho que nós conseguimos dar aquilo que Molière escreveu há 300 e tal anos. Cabo Verde saiu a ganhar em homenagear Molière e também conseguimos crioulizar Molière, fazer com que o sentíssemos com a nossa realidade”, descreve. Rank Gonçalves desempenhava o papel de Géronte, pai da jovem Lucinda que fica muda para não casar com o pretendente que o pai lhe arranjou. É aí que o “Médico à Força” – ou curandeiro, na versão crioulizada - desempenha - “à força”, claro está – o seu papel. “Eu era pai de uma miúda e eu é que controlava, é que cuidava dela (...) O que me marcou mais na peça era o choque de gerações entre eu e a minha filha. Ela queria fazer algumas coisas e eu, claro, achava que não podia fazer e que ela devia respeitar algumas regras da sociedade. Ela estava sempre rebelde, não queria saber e eu sempre com aqueles cuidados do pai de antigamente”, recorda Rank Gonçalves. Qual o sentido deste texto do dramaturgo francês em Cabo Verde? O actor explica que o texto “não fugiu muito do Molière de há 350 anos” e ecoou com a sociedade cabo-verdiana que “também é uma sociedade conservadora das tradições e regras dos tempos antigos”. “A história enquadrava-se bem dentro da sociedade que nós temos (...) Enquadra, enquadra. Os costumes, os hábitos, aquelas regras e o bom disso também é que tentámos adaptar com a história mindelense, a história da vivência, das meninas, dos costumes, dos hábitos mindelenses”, continua. “Recorremos ao curandeiro porque naquele tempo também, há 22 anos - mas ainda existem essas coisas - quando a coisa está complicada, as pessoas que crêem nessas coisas recorrem ao curandeiro para ajudar ou convencer a pessoa a não desviar do caminho.” Crioulizar a peça passou não só pela adaptação aos costumes e à sociedade mindelense, mas também pela própria tradução para a língua cabo-verdiana. Rank Gonçalves diz que foi “muito ousado mas não foi difícil”: “Nós tentámos fazer o máximo possível na tradução, eu acho que a tradução foi muito boa, não fugindo muito do texto de Molière, mas sempre adaptado ao crioulo e à nossa realidade. (...) Dentro da nossa realidade, não fugir muito ao texto essencial e de forma a que as pessoas pudessem sentir que o que escritor escreveu era algo de elevado, de bom, e que estava também adaptado à nossa realidade.” Quanto à reacção do público, foi êxito de bilheteira, conta o actor que é um histórico das peças do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo com o qual continua a subir ao palco regularmente. “A peça foi muito bonita. As pessoas gostaram muito. Aqui em São Vicente, todas as vezes que nós fizemos a peça, a lotação estava sempre esgotada. Fomos à Praia, também, e houve muito, muito sucesso e as pessoas ficaram muito contentes porque não conheciam Molière”, recorda. E, para terminar, Rank diz, orgulhosamente, que o seu grupo conseguiu “crioulizar Molière mas fazendo que a coisa saísse muito bem”. Oiça aqui a entrevista, acompanhada por um excerto de "Ponta do Sol" do músico cabo-verdiano Bau.

Em directo da redacção
Recordações de uma “crioulização cénica” de Molière

Em directo da redacção

Play Episode Listen Later Apr 7, 2022 8:45


Foi há 22 anos que Zenaida Alfama interpretou a esposa do “Médico à Força”, de Molière, uma personagem do século XVII transformada numa mulher cabo-verdiana do século XXI. A peça foi encenada por João Branco e levada a palco pelo Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo, na ilha de São Vicente. “Médico à Força” foi a primeira “crioulização cénica” de Molière em Cabo Verde, a que se seguiria também “Escola de Mulheres”. Foi no ano 2000 que Zenaida Alfama transformou Martine, uma personagem do século XVII, numa mulher cabo-verdiana do século XXI. “A forma de estar, a forma de vestir com o meu figurino quase tipicamente cabo-verdiano, a forma de ver as coisas e o relacionamento entre a mulher e o médico que era bem cabo-verdiano, digamos assim”, descreve a actriz do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo. A peça é uma comédia mas começa com uma cena de violência doméstica, um tema intemporal. “Sim, começa com uma cena de violência doméstica, mas depois a mulher vai-se vingar do marido por causa da violência”, recorda. A peça de Molière, que era pela primeira vez apresentada em Cabo Verde, foi bem acolhida pelo público e contou com uma nova geração de actores. “O feedback foi bom (...) Estávamos numa época em que o teatro estava a explodir porque estávamos com actores novos, que estavam a sair do curso de teatro do Centro Cultural Português e que estavam com uma grande entrega.” O dramaturgo francês era assim alvo de uma “crioulização cénica”, uma metodologia teorizada pelo encenador João Branco e personificada pelo Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo. No fundo, tratava-se de apropriar-se do texto, traduzi-lo para crioulo e adaptá-lo aos costumes e à sociedade mindelense. “O nosso encenador sempre foi um pouco atrevido nos textos que escolhe para fazer adaptação. São coisas que são apresentadas pela primeira vez em Cabo Verde e ele sempre teve a ousadia de ir mais além”, acrescenta Zenaida Alfama. “No grupo há esse espírito de ver ou de pensar: ‘Se fosse aqui no Mindelo (que é no sítio onde nós vivemos) como é que seria, como é que as pessoas iriam agir?' Para que o público ao ver o espectáculo de Molière se pudesse identificar como se fosse algo de cá do Mindelo.” Por que é que Molière ainda faz rir e pensar nos dias de hoje? Para Zenaida Alfama é simplesmente porque se trata “de um clássico” e “é fácil colocá-lo num tempo presente”, assim como as críticas sociais que o texto comporta. Oiça aqui a entrevista a Zenaida Alfama. Além de “Médico à Força” de Molière, no ano 2000, o Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo também “crioulizou”, mais tarde, a peça “Escola de Mulheres”. Na nossa página pode encontrar e ouvir as entrevistas que fizemos também ao encenador e aos actores Rank Gonçalves, Janaína Alves e Fidélia Fonseca.

Em directo da redacção
“Cabo Verde está cheio de diamantes” musicais

Em directo da redacção

Play Episode Listen Later Mar 24, 2022 14:36


Cabo Verde é um berço de talentos musicais e, mesmo depois de Cesária Évora, ainda há vozes por descobrir. Quem o diz é José da Silva, fundador da editora Lusafrica, que regressou à terra natal e montou um estúdio na ilha cabo-verdiana de São Vicente. O produtor da “diva dos pés descalços” sublinha que conhecer Cesária Évora foi a sorte da sua vida e recorda como tudo aconteceu. José da Silva é o fundador da primeira editora independente de música africana, a Lusafrica, e o produtor que projectou a carreira de Cesária Évora. Fomos conversar com ele, na terra da “rainha da morna”, o Mindelo, na ilha de São Vicente, para onde ele se mudou há cerca de dois anos. “Praticamente morei fora toda a minha vida. Nasci na Praia, viajei logo com 20 dias, então, só agora é que estou a viver definitivamente em Cabo Verde. Reforma? Não! Eu estou a trabalhar, estou a trabalhar mesmo muito. Com a pandemia decidi concentrar-me mais na produção, tenho uma firma aqui há mais de 20 anos que é a Harmonia, decidi relançar o catálogo artístico da Harmonia, concentrando-me mais nos artistas jovens”, conta José da Silva, conhecido por muitos como Djo da Silva. “Depois de um ano aqui, decidi fechar definitivamente o meu estúdio em Paris, enviar o estúdio para aqui e abrir o estúdio aqui em São Vicente. Já tem um ano que está aberto e as produções são todas feitas lá. Também estou ligado à minha firma em França, a Lusafrica, e eu faço daqui também a produção dos artistas da Lusafrica. Por isso, trabalho muito, trabalho para o novo catálogo aqui, mas também para os artistas da Lusafrica, sou ‘manager' de vários artistas e trato das tournées a partir daqui”, continua. O produtor adianta que há espaço para “descobrir” novos artistas porque “Cabo Verde está cheio de diamantes. Nós somos um país incrível. Pequeno, mas com uma densidade de qualidade artística e de talento incrível (…). Há muitos cantores, muitos artistas de grande talento, jovens que, sem escola de música, têm uma capacidade vocal incrível e isso temos muito. Agora, o que nos falta é estruturas para formar essa gente e isso é algo que devemos pensar.” José da Silva chegou a apresentar um projecto de uma escola de profissionalização musical para Cabo Verde, mas não foi seleccionado. “É preciso verdadeiras escolas de música. Nós temos aqui coisas inventadas, não temos escola a sério. Um país que tem tanta riqueza, se monta uma máquina para formar artistas, vamos ter grandes resultados para o país (…) Temos um projecto que se chama Kriol Jazz Academy, apresentámos esse projecto à Procultura, terminámos no décimo lugar e só os seis primeiros eram financiados. Era uma escola mesmo a sério. Aqui é um país que tem mesmo talentos, então não precisamos da escola para formar desde o início. Aqui, o jovem com 15,18 anos já tem talento. Ele precisa é de ser formado para ser um profissional. Ele precisa de um curso de três anos para sair como profissional, seja músico ou cantor. Eu sei que sou capaz, em três anos, de pegar numa pessoa que tem talento e fazer dele um profissional.” Conhecer Cesária Évora “foi a sorte da minha vida” O produtor já contou vezes sem conta a história de como encontrou Cesária Évora e o sucesso que se seguiu, mas, agora que está de volta ao Mindelo e com alguma distância, recorda-nos como isso aconteceu. “Foi a sorte da minha vida passar um dia por um restaurante lá em Lisboa e encontrar a Cesária que estava a cantar e a partir daí ficámos muito amigos e comecei a ajudá-la. O primeiro passo era ajudá-la a entrar no mercado europeu e, pelo caminho, comecei a ver que havia tanta qualidade que eu tinha que tentar produzir e então comecei a improvisar-me produtor e cinco anos depois começámos a ter sucesso. Tive que me estruturar, organizar uma firma, empregar pessoas…” Nessa altura, José da Silva, que vivia em França, deixa o trabalho nos caminhos-de-ferro e, em 1988, cria a editora Lusafrica. “Eu sempre gostei da música e já antes de encontrar a Cesária eu estava no mundo da música. Já tinha criado uma banda, já tinha participado na banda como músico, eu é que organizava a banda, é que vendia o 'show', então já tinha alguma experiência de ‘management'. Quando encontrei a Cesária, propus-lhe fazer igual, buscar trabalho para ela nesse meio que eu conhecia que é o meio dos emigrantes cabo-verdianos na Europa. Uma pessoa sente que tem uma artista de grande qualidade e que temos possibilidade de ir longe. Então, acabei por parar o meu trabalho nos caminhos-de-ferro e montar uma firma e voltar a ser produtor a sério”, relembra. “A conquista do mundo com a Cesária foi muito importante para Cabo Verde porque nestas andanças com a Cesária levámos Cabo Verde connosco, criámos expectativa nas pessoas, criámos admiração e criámos também para os cabo-verdianos orgulho de ser cabo-verdiano e de ter uma artista que passa na televisão, nos grandes canais de rádio. Tudo isso contribuiu para um pequeno ‘boom' da cultura cabo-verdiana e culminou com o reconhecimento da morna [na UNESCO]”, explica. Sendo a principal embaixadora de Cabo Verde no mundo, Cesária Évora mereceria um museu nacional e não apenas o centro museológico que existe actualmente, considera o produtor, admitindo que nem ele nem a família de Cesária estão contentes com esse espaço. “Achamos que é algo que não está ao nível do que a Cesária deu ao país. Eu penso que o país deve a Cesária esse museu, eu já falei nisso várias vezes com os diferentes governos e presidente da Câmara. No início, o pequeno museu, esse espaço museológico foi feito para dar tempo de fazer o museu de raiz e nunca se chegou a esse tal museu de raiz. Ficou só no papel e na conversa e no discurso”, lamenta. Questionado sobre porque não avança ele com um museu privado, Djo da Silva responde que poderia fazê-lo, mas isso “seria grave para o país porque é o papel do Estado fazer isso”. “Claro que eu posso pegar e ir pedir apoio, ir pedir aos milhões de fãs da Cesária no mundo, mas seria algo de muito grave para Cabo Verde.”

Artes
Espectáculo “A Cidade do Café” homenageia “cidade do teatro” em Cabo Verde

Artes

Play Episode Listen Later Mar 22, 2022 12:52


Em Cabo Verde, estreia, esta sexta-feira, no Mindelo, em São Vicente, o espectáculo “A Cidade do Café” do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo. A companhia tem 29 anos e contribuiu para o renascer do teatro na ilha, a par do festival Mindelact, em iniciativas fomentadas pelo encenador João Branco. “A Cidade do Café” é uma homenagem ao Mindelo, a cidade cabo-verdiana do teatro. O espectáculo, do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo, é o segundo de uma trilogia dedicada à cidade, a partir dos textos do cronista Rocca Vera-Cruz. Trata-se de uma comédia, um género que os mindelenses apreciam acima de tudo, e há música ao vivo, com uma cantora, percussão, um grupo de dança e uma composição musical inédita dos músicos locais Djony do Cavaco, Ivan Medina e Jotacê. O elenco que compõe o espectáculo passa por três gerações de actores e actrizes mindelenses, como Rank Gonçalves, Fidélia Fonseca, Zenaida Medina, Janaína Alves, Lisa Fortes, Kristovan Morais, Romilda Silva, Nuno Delgado e Yanick Fortes. A peça sobe ao palco do Centro Cultural do Mindelo a 25, 26 e 27 de Março, para fechar o mês do teatro em Cabo Verde. Esta é a 65ª produção da companhia em 29 anos, uma vitalidade e uma resistência explicadas pelo carinho dos mindelenses pelo teatro e pela teimosia dos protagonistas do grupo, a começar pelo seu encenador, João Branco, o também director artístico do Mindelact, considerado como o maior festival de teatro da costa oeste-africana e que este ano se realiza de 4 a 13 de Novembro. Fomos entrevistar João Branco no Centro Cultural Português do Mindelo, onde, ao final da tarde, a biblioteca se transforma em sala de ensaios. Oiça aqui a conversa que terá novo programa em breve em torno da “crioulização cénica” iniciada em Cabo Verde por João Branco. Na segunda parte, vamos descobrir como o dramaturgo francês Molière foi crioulizado e se tornou também cabo-verdiano.

À ce qui Paret
Pourquoi Cesária Évora était toujours nus pieds, alors qu'il y a de très jolies sandales en soldes ?

À ce qui Paret

Play Episode Listen Later Dec 17, 2021 10:02


État Insulaire d'Afrique de l'Ouest, le Cap-Vert se compose d'un archipel de dix îles volcaniques. Parmi celles-ci, l'île de São Vicente, dont la ville principale est Mindelo. Mindelo est la deuxième ville du Cap-Vert, elle fait office de capitale culturelle et a pour particularité d'avoir vu naître la célèbre chanteuse Césaria Evora, et de l'avoir vu mourir, aussi. Notre politique de confidentialité GDPR a été mise à jour le 8 août 2022. Visitez acast.com/privacy pour plus d'informations.

La pépite musicale
Découvrez les pépites de Cesaria Évora, la reine de la Morna

La pépite musicale

Play Episode Listen Later Dec 17, 2021 3:04


Ça fait 10 ans que la chanteuse Cesaria Évora nous a quittés. C'est elle qui a rendu populaire dans le monde entier la Morna, cette musique du Cap Vert, mélange de larmes et de soleil. Par exemple dans ce blues océanique "Sodade", elle évoque le travail forcé et l'envie de retrouver les siens. Quand elle ne parcourait pas la planète, Cesaria vivait dans sa ville natale de Mindelo, sur l'île de Sao Vicente. Une des pépites de son répertoire est une chanson dans laquelle elle raconte le Carnaval de Sao Vicente, 3 jours de fête extravagante. Cesaria Evora, d'une générosité sans borne, disait qu'elle était la meilleure mutuelle de son île en couvrant les dépenses de tous ceux qui la côtoyaient. Ecoutez La pépite musicale avec Anthony Martin du 17 décembre 2021

Radio Touloubre
Retour à Mindelo [Les histoires noires #07]

Radio Touloubre

Play Episode Listen Later Nov 2, 2021 8:33


Les histoires noires de Daniel St-Lary.

Renascença - Ensaio Geral
Ensaio Geral - A conversa com Germano Almeida no do Festival Escritaria em Penafiel

Renascença - Ensaio Geral

Play Episode Listen Later Oct 29, 2021 25:27


O escritor cabo-verdiano é este ano o homenageado do festival Escritaria que invade as ruas de Penafiel até domingo. Germano Almeida está a lançar “A Confissão e a Culpa”, o livro que fecha a trilogia do Mindelo. O autor admite que para ter tempo para a escrita, já deixou de fazer muita coisa.

Leadership News & Talk
Sports Orbit: EP 44 - Super Eagles Keep 2022 World Cup Dreams Alive, Beat Cape Verde In Mindelo

Leadership News & Talk

Play Episode Listen Later Sep 8, 2021 29:13


In this episode of sports orbit, We'll look at Super Eagles away win against Cape Verde in the World Cup Qatar 2022 qualifying clash and also dissect the proposed controversial two-year World Cup plan and other exciting stories.

Leadership News & Talk
Sports Orbit: EP 42 - Super Eagles' Land In Mindelo For Blue Sharks

Leadership News & Talk

Play Episode Listen Later Sep 6, 2021 34:56


In this edition of sports orbit, We'll dissect Tuesday's FIFA World Cup Qatar 2022 qualifying clash between the Nigeria's Super Eagles and Blue Sharks of Cape Verde as Eagles landed on the island of Mindelo early today ahead of the match And other exciting stories. Pls, stay tune.

Artes
Artes - Vera Duarte vai lançar a sua mais recente obra "A Vénus Crioula" em Lisboa

Artes

Play Episode Listen Later Aug 31, 2021 23:43


Esta semana, focamos o nosso olhar sobre a "A Vénus Crioula", o novo romance da autora cabo-verdiana Vera Duarte. Escritora, poetisa, jurista e antiga Ministra da Educação no seu país, Vera Duarte prepara-se para lançar esta nova obra, no próximo dia 10 de Setembro na 91ª edição da feira do livro de Lisboa, estes últimos tempos tendo sido particularmente ricos para a autora, distinguida este ano com o prémio literário Guerra Junqueiro que vai receber no dia 2 de Outubro na cidade da Praia. 2021 está igualmente a ser muito activo em termos de edição para a escritora. Há um pouco mais de um mês, publicou um livro de microcontos intitulado "Desassossegos e acalantos" e, no começo do ano, lançou "Contos Crepusculares - Metamorfoses", ambos frutos dos meses de confinamento resultantes da crise provocada pela pandemia. No seu mais recente livro, "A Vénus Crioula", publicado pela editora 'Rosa de Porcelana', Vera Duarte conta o destino de uma cantora de pés descalços que viaja pelo mundo fora. Ela tem a voz de Cesária Évora, de Sãozinha Fonseca e de tantas outras que inspiraram a autora que diz também ter carregado consigo durante anos a vontade de evocar a história trágico-marítima de Cabo Verde. "Quando era Ministra da Educação e do Ensino Superior, encontramo-nos uma vez, eu e o (então) Presidente Pedro Pires, em São Vicente no Centro Cultural do Mindelo, e em conversa ele disse-me 'há uma história tão grande por ser descoberta e estudada pelos investigadores cabo-verdianos que é a história trágico-marítima cabo-verdiana, porque não está praticamente nada feito'. Aquilo calou muito fundo quando ele fez essa observação e eu, que não sou nem historiadora nem socióloga, não posso ir por essa via, eu pensei 'um dia hei-de escrever um livro que de alguma forma tem uma história de naufrágios para contar'", relata a autora com quem a RFI abordou os seus mais recentes trabalhos, a mensagem que tenta fazer passar e o seu olhar sobre a actualidade.

Convidado
Convidado - Cesária Évora homenageada com biografia ímpar

Convidado

Play Episode Listen Later Jul 22, 2021 9:51


2021 é o ano em que Cesária Évora completaria 80 anos de vida e é o ano em que se assinalam 10 anos desde que a "diva dos pés descalços" nos deixou.Para assinalar as datas, a editora Rosa de Porcelana decidiu organizar um conjunto de iniciativas para homenagear a cantora de maior reconhecimento internacional de toda a história da música popular de Cabo Verde.O lançamento da biografia "Cesária Évora", originalmente escrita em polaco por Elzbieta Sieradzinska, funciona como motor para a homenagem. Uma biografia que, por ser escrita por quem foi amiga e partilhou viagens com Cesária, vai além do palco e permite descobrir um pouco mais da intimidade e personalidade da cantora que colocou Cabo Verde no palco do mundo.. A editora luso-cabo-verdiana Rosa de Porcelana tem como responsáveis Filinto Elísio e Márcia Souto, os mentores das homenagens que já aconteceram na Ilha de Santo Antão, em Lisboa e na Praia, e em breve se vão realizar em Paris e no Mindelo. Na entrevista com a RFI, os editores desvendam um pouco da biografia que nos permite estarmos mais próximos de Cesária Évora e revelam algumas das iniciativas futuras de maior impacto da Rosa de Porcelana. Veja aqui alguns instantâneos da reportagem de Luís Guita, com os entrevistados e a obra (biografia) de Cesária Évora.

Convidado
Convidado - KastroKriola, o amor lésbico no mundo da política de Cabo Verde e a crioulização do clássico Castro

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 30, 2021 10:02


Depois de uma temporada em Portugal, no Teatro Nacional de São João (TNSJ), no Porto, e outra no Centro Cultural do Mindelo, em Cabo Verde, o espectáculo KastroKriola vai continuar a digressão por palcos cabo-verdianos.  A partir de 3 de Julho está em cena no Auditório da Assembleia Nacional, na Praia. KastroKriola revisita uma das obras pioneiras da tragédia clássica em Portugal, à luz da actualidade cabo-verdiana. Adaptada pelo dramaturgo Caplan Neves e encenada por Nuno Cardoso, director artístico do TNSJ, Castro, de António Ferreira, sobre o drama de amor entre D. Pedro e Inês de Castro, dá origem a uma relação homoafectiva entre duas mulheres, Petra e Castro.Em entrevista à RFI, Caplan Neves e Nuno Cardoso ajudam-nos a descobrir KastroKriola.

Convidado
Convidado - Descoberta do núcleo de ballet clássico da Academia Livre de Artes Integradas do Mindelo

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 13, 2021 8:40


Sessenta meninos e meninas frequentam as aulas no núcleo de ballet clássico da  Academia Livre de Artes Integradas do Mindelo, na ilha de São Vicente, que conta com a parceria pedagógica da Escola de Dança do Funchal, em Portugal. Cerca de quarenta alunos são bolseiros, graças a parcerias com o Ministério da Cultura, a União Europeia e o Instituto Camões de Portugal, mas todos os meninos que frequentam o núcleo de ballet clássico têm bolsa integral dentro do objetivo da ALAIM que contribuir para quebrar a barreira existente, tanto em Cabo Verde como no estrangeiro, de que meninos não devem fazer ballet.      

Destination Sailing Channel Podcast
Ep 23 - Mindelo, Cape Verde Islands

Destination Sailing Channel Podcast

Play Episode Play 60 sec Highlight Listen Later Jun 10, 2021 16:48


Destination Sailing Channel is sponsored by Seawater Pro. If you are buying a water maker follow the link below, and receive an additional free set of filters with your purchase. If you speak with Mike at Seawater Pro don't forget to mention Destination Sailing Channel, Check out our video when we installed our Seawater Pro watermaker.Use this link to get a free set of filters with your watermaker from Seawater Pro:https://seawaterpro.com/ref/8/Installation Video: https://youtu.be/7lo30PwPiIQIn this programme we look at the island of Bequia in the Grenadines . This is a favourite spot to drop the hook in the south of the Caribbean chain. And it has a lot to offer the yachtsman.You can see more of Mindelo in our series, they are the following episodes:Episode #43 https://youtu.be/lx-2uX3GhR0Episode #44 https://youtu.be/Cnf8SVoEkvYIf you enjoyed this program please leave a review!Thanks for Listening! Please subscribe and leave a comment. You could also watch this programme on Youtube at www.sailingoceanfox.com!To support our work ❤️ https://www.patreon.com/sailingoceanfoxOur videos are free for everyone to watch and always will be. However, we have an amazing community of Patrons who, for the cost of a cup of coffee a month, receive all sorts of benefits and perks. This support allows us to continue bringing our stories to you, so a BIG thanks to our wonderful Patrons. Click the link above to find out more. If Patreon isn't your thing, there are other ways  to show your support with no cost for you! Just visit us at www.sailingoceanfox.com to know more.We changed all the billing process as well, so you pay only ONCE a month and that's it! As clear as possible!Join us on the link below ❤️❤️❤️https://www.patreon.com/sailingoceanfoxCheck the photos on Instagram , plus all the journey. We also have the Instagram stories where we register a few seconds of our day all the time. The best place for you to follow us as it is in real time. So much fun.https://instagram.com/sailingoceanfox/ Visit our website where we have our route on the map in real time. It is automatic updated and you can see where we are. You can also choose some official Ocean Fox merch and help to support our journey. https://www.sailingoceanfox.com/Have a look at the food we eat on board of Ocean Fox. A daily blog of our healthy lifestyle . We eat a Low Carb Mediterranean plant based diet and we just love it. Loads of fresh fish as we catch so much.https://www.facebook.com/healthyonboard/Please like and share all of that to help us going on this adventure. We are really enjoying this life and sharing everything with you it's been wonderful . Thank you very much, you guys are amazing supporting us with your likes and comments, we really feel that we have a new family out there. Much loveCarla & Simon 

Convidado
Convidado - ONG desenvolve projecto de biogás em Cabo Verde

Convidado

Play Episode Listen Later May 9, 2021 8:59


A organização não-governamental Biosfera 1, que promove a defesa da conservação das espécies costeiras, marinhas, dos habitats nas ilhas do Barlavento cabo-verdiano e mobiliza a sociedade civil para a proteção do ambiente, está a desenvolver um projeto-piloto de produção de Biogás e Fertilizante Líquido, a partir de um Biodigestor alimentado com dejetos de animais e restos orgânicos. O presidente da Associação Ambientalista Biosfera 1, Tommy Melo, explica que a ONG quer apostar fortemente, nos próximos cinco anos, na gestão dos resíduos e a proposta é de ter unidades de produção de Biogás e Fertilizante Líquido em comunidades rurais de difícil acesso. O Biodigestor para produção de Biogás e Fertilizante Líquido é uma tecnologia que vem conquistado terreno em toda América do Sul, principalmente nas escolas rurais. Em Cabo Verde, a Biosfera 1 implantou uma unidade numa quinta em Ribeira de Calhau, a pouco mais de vinte minutos do centro da cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente. Com os resultados do projeto piloto, a Biosfera 1 vai abordar os parceiros financeiros nacionais e internacionais para poder implementar o programa de produção de Biogás e Fertilizante Líquido, a partir de um Biodigestor alimentado com dejetos de animais e de humanos e ainda de restos orgânicos. Se conseguir o financiamento pretendido, a Associação Ambientalista Biosfera 1 quer também instalar o projeto na reserva natural da Santa Luzia, reaproveitando os dejetos dos assentamentos de pescadores e dos resíduos sólidos que acumulam na Praia dos Achados para a produção de biogás e fertilizante líquido.   

RADYO GERÇEK
Gabriel Garcia Marquez, Cesaria Evora - Jazz Bulvarı

RADYO GERÇEK

Play Episode Listen Later Feb 16, 2021 53:20


Kolombiyalı yazar, romancı, hikâyeci, oyun yazarı Gabriel José de la Conciliación García Márquez ve Yeşil Burun Adaları'ye bağlı São Vicente, Mindelo'da doğan Cesária Évora'nın hikayesi.

Agenda 2030
Inaugurado centro de hemodiálise no Mindelo

Agenda 2030

Play Episode Listen Later Jan 21, 2021 3:08


Cartes Postales Atlantiques
Baleine à bâbord !

Cartes Postales Atlantiques

Play Episode Listen Later Jun 11, 2020 6:35


" C'était notre destin ", dit Pierre.  Pierre a raison. Nous devions faire escale aux îles au vent du Cap-Vert. Ce rendez-vous avec la beauté, nous ne pouvions pas le rater. Rien que notre arrivée dans cet archipel restera gravée dans nos mémoires. Nous avons contemplé les mêmes spectacles que les pirates d'antan qui abordèrent ces côtes perdues au beau milieu de l'Atlantique. Le saut des baleines à bâbord en guise d'accueil, les montagnes qui transpercent les nuages, un virement de bord épique pour rejoindre le port de Mindelo... Nos 5 sens saturent ! Et puis c'est le début du carnaval. Les membres de la batucada se réunissent pour répéter. Ainsi, dans un stade de foot du bout du monde, leur musique résonne. Elle fouette le sang et bouge les jambes. En l'entendant, on se sent pleinement vivants. L'onde de leurs percussions se propage sur tout l'océan et va dire à la Martinique notre soif d'aventure, de partage, de rires, de vent, de soleil, de saveurs, de rêves, de réconfort, d'espérance...   Au moment de quitter les côtes cap-verdiennes nous réalisons combien ce voyage va nous changer, tous autant que nous sommes. Et en bien. Il va laisser sa trace positive sur toute notre vie. Toujours, nous pourrons puiser du bon de ces souvenirs d'Atlantique.    

Vida em França
Vida em França - DJ francês lança compilação de música de São Tomé e Príncipe

Vida em França

Play Episode Listen Later Jan 22, 2020 12:46


O DJ francês Thomas Bignon (DJ Tom B) criou uma compilação dedicada à música de São Tomé e Príncipe dos anos 70 e 80. “Léve Léve” é lançado a 31 de Janeiro pela editora suíça Bongo Joe Records e reúne nomes como África Negra, Conjunto Mindelo, Tiny das Neves e Pedro Lima, entre outros históricos. O disco chama-se “Léve Léve” e é o primeiro volume de um trabalho que Thomas Bignon promete continuar para fazer vibrar as pistas de dança e para salvaguardar uma memória musical que teme estar a perder-se. O projecto começou há cinco anos, ainda que Thomas Bignon se tenha deixado levar pelos ritmos lusófonos há muito mais tempo. Agora, diz que quer dar o devido palco a um país “leve leve que produz uma música com uma energia brutal”. “A mistura são-tomense é bem especial no sentido em que é uma mistura histórica entre as batidas angolanas, cabo-verdianas, ‘benga’ do Quénia, ‘afoxé’ brasileiro, 'soukous' do Congo e também tem uma influência que vem do Caribe. Essa batida local, a puxa, tem uma energia e uma força bem especial”, descreve. Por isso, o estilo principal que percorre o disco é “o puxa” e entre os nomes escolhidos estão “África Negra, Sangazuza, Pedro Lima, os conjuntos mais velhos como Mindelo, Leonenses, os Untués e coisas mais recentes como Sum Alvarinho, Conjunto Equador, Tiny das Neves”. Para a compilação, o DJ escolheu o que chama de “bombas de pista” para fazer dançar o público, mas “a selecção foi difícil porque tem muitas faixas que merecem figurar”. Depois desta primeira compilação, com a legenda “Volume 1”, haverá “com certeza” um “Volume 2”. “A ideia é democratizar essa música tão difícil de alcançar e tão cara”, continua, sublinhando que são discos muito raros, muitos deles por terem sido editados em pequenas quantidades. A acompanhar a compilação está um livro sobre a história de São Tomé e Príncipe e da sua música, mencionando, por exemplo, Os Untués, um dos primeiros grupos a ter sucesso fora, passando pelo Conjunto Mindelo nos anos 70, ou pelos África Negra, que são um dos exemplos das influências dos discos da África Central que chegavam ao arquipélago nos anos 80. “Em Abril fui lá para encontrar e entrevistar os velhos músicos dos conjuntos históricos, as lendas de lá, há alguns que estão vivos e que ainda tocam. Fiz uma dezena de entrevistas e tenho várias para fazer agora”, conta. Nos próximos tempos, além de continuar a trabalhar na próxima compilação, Thomas Bignon vai levar este disco a muitas pistas, “na Suíça, talvez em Lisboa até ao Verão, talvez em São Tomé também”. Oiça a entrevista nesta edição de Vida em França.  

Sons da Lusofonia Radio Show- Lusophone music
Sons da Lusofonia- Cabo Verde: Morna

Sons da Lusofonia Radio Show- Lusophone music

Play Episode Listen Later Nov 20, 2019 57:33


Morna is a music and dance genre from Cape Verde. Lyrics are usually in Cape Verdean Creole, and instrumentation often includes cavaquinho, clarinet, accordion, violin, piano and guitar.

Renascença - Porta Aberta
Porta Aberta para D. Ildo Fortes, Bispo da Diocese de Mindelo

Renascença - Porta Aberta

Play Episode Listen Later Jan 13, 2019


Resonator
RES133 Das Ocean Science Center Mindelo

Resonator

Play Episode Listen Later May 9, 2018 67:15


Björn Fiedler vom GEOMAR ist wissenschaftlicher Koordinator des Ocean Science Center Mindelo und erklärt, wie und woran auf und um die Kapverdischen Inseln geforscht wird.

Até tenho amigos que são
Episódio 156: Cachupa Psicadélica

Até tenho amigos que são

Play Episode Listen Later Mar 21, 2018


Falei com o Luís, que está à frente de Cachupa Psicadélica, no bar do Monumental, em Lisboa, enquanto bebíamos cerveja. Conversámos sobre o Eden Park, um cinema no Mindelo, em S. Vicente, Cabo Verde, onde ele cresceu, as Caldas da Rainha, a Amadora, religião e muitos outros tópicos.

AfroClub
Mujeres de Etiopía. Orquestas Tanzanas de los 80's

AfroClub

Play Episode Listen Later Mar 5, 2018 55:34


En la edición de hoy de AfroClub habrá muchas cantantes africanas y serán de varias partes de África, pero para empezar hemos preferido centrarnos en mujeres de Etiopía, un país donde las voces femeninas destacan por la gran popularidad de la que disfrutan entre el público. Escucharemos a dos de las que más éxito tienen actualmente, Tigist Afework y Kuku Sebsebe, voces privilegiadas que continúan explorando uno de los ritmos más tradicionales del país que es el tizita. También disfrutaremos de la voz de Aster Aweke que en los años 90 llegó a ser muy conocida entre el público occidental, y ahora es famosa por sus multitudinarios conciertos en Etiopía, donde sigue siendo una de las cantantes más queridas. Para acabar este pequeño especial sobre este país, contaremos con otra voz extraordinaria, la de Gigi que hace unos años logró una de las cumbres de la fusión de la música etíope con el jazz, creando un sonido muy original.Pero no solo escucharemos voces femeninas de Etiopía, también nos vamos a Cabo Verde para escuchar a nuestra querida Cesaria Evora, de la que se acaba de editar una obra de 4 temas, donde se ha conservado íntegramente la voz de esta carismática cantante y se han añadido nuevos arreglos al estilo del carnaval de Mindelo. También están las sudafricanas Afrika Mamas, cantando a capela siguiendo la tradición de la música zulú, y recuperamos a ritmo de mbalax a una de las divas de la música senegalesa, Kiné Lam, con un mensaje comprometido con los derechos de las mujeres y el reconocimiento de su importancia en la estructuración de las sociedades africanas.La parte final de AfroClub de hoy la dedicamos a una de las músicas más fascinantes que se han hecho en África y que sorprendentemente no es demasiado conocida. Nos referimos a las grandes orquestas de ngoma de Tanzania de los años 80, bandas que estaban formadas muchas veces por más de 20 músicos y que rivalizaban entre ellas. Cada una de ellas contaba con un gran número de entusiastas seguidores, que las acompañaban allá dónde actuasen. De su música destacan las guitarras y las grandes secciones de metales, así como las harmonías vocales de sus cantantes, influenciados por la música congoleña. El término ngoma recoge el nombre de este ritmo, y también el que se le daba a la danza con la que se ejecutaba en las aldeas, así como a los instrumentos de percusión que se utilizaban en estos antiguos rituales. Escuchamos a tres de las más importantes de estas bandas: la International Orchestra Safari Sound, la Mlimani Park Orchestra y la Orchestra Maquis Original.

Brasil-África
Brasil-África - Artistas brasileiros estampam a arte urbana nas paredes de Cabo Verde

Brasil-África

Play Episode Listen Later Nov 25, 2017 5:33


Os artistas cearenses Robézio Marqs e Tereza Dequinta, fazem parte do Acidum, um projeto que recria a arte urbana por meio de intervenções artísticas. O Acidum Project foi criado em 2006, em Fortaleza (CE). A dupla de artistas vem mostrando seu trabalho na Alemanha, Holanda, França, Estados Unidos e Canadá. Em Cabo Verde, no continente africano, Robézio Marqs e Tereza Dequinta atuam desde 2013 nas duas principais cidades do país, Praia e Mindelo. Odair Santos, correspondente da RFI, em Cabo Verde A dupla faz as chamadas "ações de rua" desde 2013 em Cabo Verde. "No ano passado pintamos a Embaixada do Brasil. Esta também foi a primeira vez que a gente veio a Mindelo, onde fizemos o laboratório rasta, um projeto da área de educação sobre artes urbanas", explicou Robézio, que voltou neste ano com Tereza para aumentar a pintura do muro da Embaixada do Brasil e participar do Festival de Literatura Morabeza. "Pintamos um muro em homenagem ao poeta cabo-verdiano, Jorge Barbosa, e uma parede na cidade do Mindelo sobre os 100 anos do torpedeamento dos dois navios brasileiros na Primeira Guerra", conta. Na cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente, Robézio Marqs e Tereza Dequinta pintaram as paredes da Academia Livre de Artes Integradas do Mindelo, conhecida como ALAIM - um espaço aberto de formação permanente em diferentes áreas artísticas, dirigido por uma atriz brasileira residente em Cabo Verde. A parceria com a Academia Livre de Artes Integradas do Mindelo existe desde de 2016. Robézio Marqs disse que, este ano, também reproduziu em pinturas alguns espetáculos apresentados no local. "Escolhemos fotos de alguns espetáculos e os reproduzimos com nossos traços e o realismo fantástico que trabalhamos", diz. Tereza Dequinta disse que na breve passagem pelo Festival Internacional Graffiti na ilha de São Vicente, que acontece até este domingo (26), pintaram duas das 16 casas colocadas à disposição de artistas de Cabo Verde, Portugal, Brasil, Grécia, Espanha, França e Itália. A dupla também destacou a relação de afeto que se criou com o país africano."É uma relação de afeto, de descoberta e de inspiração. A gente se sente familiarizado com algumas coisas daqui, muito parecidas com o Brasil, principalmente da região do sertão. Há a preocupação em receber bem, um esforço do povo." Para a artista Tereza Dequinta a relação criada com as pessoas em CaboVerde é um reconhecimento do trabalho feito nas ilhas de Santiago e São Vicente. "Fizemos muitos amigos. Toda a vez que a gente volta reencontramos as pessoas."

Brasil-África
Brasil-África - Brasil tem participação de peso em principal festival de teatro da África Ocidental

Brasil-África

Play Episode Listen Later Nov 11, 2017 6:47


O Festival Internacional de Teatro do Mindelo, Mindelact é considerado o maior evento de artes cénicas da África Ocidental. Ele acontece todos os anos na ilha de São Vicente, em Cabo Verde, e este ano contou com a maior delegação de artistas e companhias de teatro do Brasil. Ao todo, sete grupos brasileiros se apresentaram este ano no evento que terminou neste sábado (11). Odair Santos, correspondente da RFI em Cabo Verde A 23ª edição do Festival Internacional de Teatro Mindelact contou com a participação do grupo de Teatro Caixa Preta, do Núcleo Vinicius Piedade e Companhia, do Desvio Coletivo, do Grupo Dragão 7, da Companhia Satyrus, da Palavra Z Produções Teatrais e da contadora de histórias, Clara Haddad, Alguns dos artistas brasileiros que participaram do evento partilharam as suas experiências com a RFI Brasil, na cidade do Mindelo. Para a diretora do grupo Desvio Coletivo, Priscilla Toscano, foi “muito importante” para ela e, principalmente, para o grupo, essa participação. “É a primeira vez do 'Desvio Coletivo' num país africano. A gente tem feito a peça 'Cegos' há quase seis anos e o objetivo é realizar o máximo de cidades possíveis. Recentemente, a gente esteve na Ásia e pra gente, no mesmo ano, poder vir e fazer a África é muito importante" explica Priscilla. O ator brasileiro Vinicius Piedade, do Núcleo Vinicius Piedade e Cia, apresentou no festival o drama 'Cárcere' que é uma reflexão sobre a liberdade. A peça conta a história de um personagem que é privado de sua liberdade e de seu piano. De acordo com Vinicius Piedade, o Brasil tem uma relação direta com a África e "para nós é extremamente relevante ter esse contato direto com os nossos irmãos africanos". O ator afirma que a relação entre Brasil e Cabo Verde "é muito natural" porque "qualquer brasileiro que vem pra cá vai se sentir em casa, o que certamente não vai acontecer no Senegal, que é mais perto de Cabo Verde no continente". Brasileiroes conhecendo brasileiros em Cabo Verde Por sua vez, o ator Júnior Lima, que faz parte do grupo Dragão 7 que promove no Brasil um festival de teatro onde se dá a troca de experiência entre artistas e companhias de teatro do Brasil e dos países africanos de língua portuguesa, destaca o fato do Mindelact impulsionar o intercâmbio teatral. Junior Lima cita, como exemplo, o fato de poder conhecer o trabalho dos colegas que vem, como ele, de São Paulo: "Uma oportunidade única de encontrar e conhecer pessoas que mesmo lá na cidade de São Paulo a gente não tem acesso. Eu antes de vir pra cá não conhecia o trabalho do 'Desvio Coletivo' e do Vinicius Piedade e foi aqui, graças ao Mindelact que a gente pôde se cruzar e conhecer". Júnior Lima disse que cada relação que teve em Cabo Verde foi muito rica e que "o pessoal cabo-verdiano é de fato muito afetuoso, que para você na rua, que quer saber de onde você veio, o que faz na vida e a que se dedica para te conhecer ". O ator do grupo Dragão 7 afirma que “para além do intercâmbio artístico, (a experiência) foi de trocas humanas e muitos especiais". União linguística Já o ator Bruno Mariozz, da Palavra Z Produções Teatrais do Rio de Janeiro, o Festival Internacional de Teatro do Mindelo reforça a união linguística entre o Brasil e Cabo Verde. “Eu acho que o Mindelact reforça esse conceito e troca da nossa língua. Apesar de alguns sotaques e palavras diferentes, a gente se une através da língua", ressalta Bruno Mariozz. Mais de 30 companhias de teatro de 12 países realizaram 50 espetáculos, em 12 palcos diferentes, do Mindelact. Oito dessas apresentações foram encenadas por companhias de teatro brasileiras.

Conversas à quinta - Observador
Afinal como foi a nossa última guerra civil?

Conversas à quinta - Observador

Play Episode Listen Later Jul 20, 2017 49:25


8 de Julho de 1832: D. Pedro IV desembarca no Mindelo. 24 de Julho de 1834: os liberais entram em Lisboa. Os miguelistas estão derrotados e o país mudará radicalmente. Foi a nossa última guerra civil.

Brasil-África
Brasil-África - Atriz brasileira Chica Carelli leva peça inspirada em "Ubu Rei" a Cabo Verde

Brasil-África

Play Episode Listen Later Mar 19, 2017 2:44


A atriz e diretora brasileira Chica Carelli, do Teatro Vila Velha, da Bahia, está em Cabo Verde para participar do projeto "K Cena", iniciativa cultural cujo objetivo é valorizar a língua portuguesa e o teatro como veículos para o desenvolvimento da identidade lusófona. Ela apresenta a peça “Somos Todos Ubu”, um espetáculo resultante da sua residência artística na cidade de Mindelo. Odair Santos, de Cabo Verde para a RFI Chica, que também é uma das fundadoras do Teatro Olodum na Bahia, trabalha com os alunos do 16º curso de teatro do Centro Cultural Português na ilha de São Vicente, em Cabo Verde. A atriz brasileira afirma que essa experiência é um desafio. "Tem sido uma aventura, eu vim aqui sem conhecer o país nem as pessoas, nesse projeto de intercâmbio importante, e tem sido muito desafiador", disse. "As pessoas são muito acolhedoras, o que favorece a construção da peça." Ema conta que a montagem de “Somos Todos Ubu”, que estreia no “Mês do Teatro em Cabo Verde”, em março, foi inspirada em dois textos   "Ubu Rei", de Alfred Jarry, e "O Rinoceronte", de Eugène Ionesco. "Ainda fizemos a loucura de juntar esses dois textos", comenta. Ela explica, sorridente, que "está sendo muito fácil trabalhar com os atores cabo-verdianos, porque eles são muito disponíveis e estavam abertos para propostas e foram descobrindo junto comigo o texto". Longa carreira teatral Chica Carelli tem 37 anos de carreira teatral e faz nessa peça uma analogia com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, personagem, segundo ela, “grotesco”. "Um cara sem escrúpulos que vem e usurpa o poder do rei, ocupa o lugar dele e começa a criar leis absurdas, com impostos impossíveis e soluções loucas. E a gente associa muito esse personagem grotesco ao Donald Trump e, ao mesmo tempo, a gente reflete: mas esse cara só está no poder porque alguém o colocou lá", conta. Para ela, a cultura africana tem influenciado pouco a pouco o teatro brasileiro. Ela cita como exemplo o Festival de Teatro " A Cena Tá Preta", que acontece em Salvador.  "É uma coisa que está crescendo, esse teatro que coloca as raízes africanas no palco. Mas, evidentemente, não chega a 20% da produção teatral", disse. Mas, apesar de ver alguns avanços, a atriz acredita que o negro ainda não é muito presente no teatro e na TV brasileira. Chica cita as novelas brasileiras que são exibidas em Cabo Verde e Angola, nas quais há poucos atores negros. "O negro não se vê retratado. Eu acho que é uma coisa que está em evolução, mas ainda está longe do que seria necessário", desabafa. Uma das alunas do 16º Curso de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo, Lisa, disse à RFI que "é uma experiência incrível e uma honra fazer parte do projeto" que resultou na peça “Somos Todos Ubu”.

On the Map, Off the Radar
A little taste of Cape Verde history and culture part I

On the Map, Off the Radar

Play Episode Listen Later Jan 7, 2016 8:01


In a dispatch from Mindelo on Sao Vicente, one of Cape Verde's northern islands, I talk with University of Mindelo graduate Soraya Monteiro about Cape Verde music and culture.

Em linha com o correspondente
Em linha com o correspondente - Em linha com Odair Santos

Em linha com o correspondente

Play Episode Listen Later Jul 24, 2015 3:04


Odair Santos, correspondente em Cabo Verde, deu-nos a partir da Ilha de S. Vicente, de onde era natural o poeta Corsino Fortes as primeiras reacções à morte do poeta cabo-verdiano, falecido hoje no Mindelo, muitas são jà as reacções ao seu desaparecimento, a começar pelo Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca.

Rádio AfroLis
Áudio 11 - Fusão de Jazz e Hip-Hop com Adilan Ferreira

Rádio AfroLis

Play Episode Listen Later Jun 25, 2014 20:01


Adilan Ferreira é cabo-verdiano, de Mindelo, ilha de São Vicente, mas vive em Lisboa há cerca de 7 anos. Foi em Lisboa que o jovem músico e letrista criou o movimento Jazz-Hop Portugal. Ouçam o programa desta quinta-feira e saibam o que é este movimento.

Klassikern
Klassikern om Cesaria Evora

Klassikern

Play Episode Listen Later May 26, 2012 9:35


Klassikern lördagen den 26 maj 10.45 i P1 Cesaria Evora var kvinnan som spred den melankoliska Mornan från Kap Verde till en världspublik. Hennes sånger handlade om öbornas liv och vardag. Om kärlekens förgänglighet, avvisandets smärta och om sorgen hos de landsförvisade som drömmer om att återvända. Hon var känd som "Barfotadivan" för att hon alltid uppträdde utan skor. I hamnstaden Mindelo, där Cesaria brukade sjunga, växte Miguel Pinto upp. Han träffade henne första gången redan i tonåran. Idag bor Miguel på Tyresö. När han var hemma på Kap Verde i december 2011 träffade han Cesaria en sista gång. Två dagar efter deras möte gick hon bort, 70 år gammal. i Klassikern berättar han för David Mehr om deras sista möte.