POPULARITY
Nous sommes le 17 décembre 2011, il est 17h23. Dans l'hôpital de Baptista de Sousa, sur l'île de Sao Vicente, une famille entoure le lit d'une grande chambre lumineuse. Sur le lit, une vieille dame intubée tente d'adresser ses dernières paroles aux quelques proches qui l'accompagnent. Seulement dehors, sur le parvis de l'hôpital de Sousa qui surplombe la baie de Mindelo, c'est tout un pays qui retient son souffle. Son icône nationale, la chanteuse Cesaria Evora, est en train de rendre son dernier soupir. Mindelo, Cap Vert, le 17 décembre 2011. Il est 17h23 : c'est l'Heure H de mon histoire. Merci pour votre écoute Vous aimez l'Heure H, mais connaissez-vous La Mini Heure H https://audmns.com/YagLLiK , une version pour toute la famille.Retrouvez l'ensemble des épisodes de l'Heure H sur notre plateforme Auvio.be :https://auvio.rtbf.be/emission/22750 Intéressés par l'histoire ? Vous pourriez également aimer nos autres podcasts : Un jour dans l'Histoire : https://audmns.com/gXJWXoQL'Histoire Continue: https://audmns.com/kSbpELwAinsi que nos séries historiques :Chili, le Pays de mes Histoires : https://audmns.com/XHbnevhD-Day : https://audmns.com/JWRdPYIJoséphine Baker : https://audmns.com/wCfhoEwLa folle histoire de l'aviation : https://audmns.com/xAWjyWCLes Jeux Olympiques, l'étonnant miroir de notre Histoire : https://audmns.com/ZEIihzZMarguerite, la Voix d'une Résistante : https://audmns.com/zFDehnENapoléon, le crépuscule de l'Aigle : https://audmns.com/DcdnIUnUn Jour dans le Sport : https://audmns.com/xXlkHMHSous le sable des Pyramides : https://audmns.com/rXfVppvVous aimez les histoires racontées par Jean-Louis Lahaye ? Connaissez-vous ces podcast?Sous le sable des Pyramides : https://audmns.com/rXfVppv36 Quai des orfèvres : https://audmns.com/eUxNxyFHistoire Criminelle, les enquêtes de Scotland Yard : https://audmns.com/ZuEwXVOUn Crime, une Histoire https://audmns.com/NIhhXpYN'oubliez pas de vous y abonner pour ne rien manquer.Et si vous avez apprécié ce podcast, n'hésitez pas à nous donner des étoiles ou des commentaires, cela nous aide à le faire connaître plus largement. Distribué par Audiomeans. Visitez audiomeans.fr/politique-de-confidentialite pour plus d'informations.
Dans cet épisode, nous vous emmenons au Cap-Vert.Cet archipel volcanique au large de l'Afrique de l'Ouest séduit par ses paysages contrastés et son ambiance envoûtante. Son hospitalité chaleureuse et son atmosphère détendue font du Cap-Vert une destination unique qui invite à l'évasion et à la découverte. Quelles îles visiter au Cap-Vert pour un circuit de 10 jours ?São Vicente, pour sa cultureSanto Antão, pour ses randonnéesSal, pour ses plages.São VicenteSi vous souhaitez réserver un [séjour au Cap-Vert: https://www.selectour.com/cap-vert/sejour] et que vous vous posez la question sur quelle île choisir au Cap-Vert, nous vous conseillons de débuter par São Vicente.C'est une île riche en découvertes, des terres volcaniques et des petits villages perchés. On peut visiter Mindelo, capitale culturelle de l'archipel, classée au patrimoine mondial de l'UNESCO.São Vicente est aussi connu pour son carnaval, c'est sûrement l'événement le plus important de l'île chaque année et il regroupe énormément de visiteurs. Il s'apparente un petit peu au carnaval de Rio. Profitez-en pour monter sur le Monte Verde et surplomber toute l'île. São Vicente est méconnue pour ses plages préservées comme celle de Calo.Santo AntãoSeconde île à choisir si vous voulez visiter le Cap-Vert, il s'agit de Santo Antão.C'est l'île la plus verte et la plus fertile de l'archipel capverdien. Ils sont producteurs de fruits et légumes, connus pour le fromage de chèvre et ont des plats typiques tels que la cachupa.Découvrez Ponta do Sol, un démarrage de randonnée qui va nous permettre de faire le point sur le nord de l'île. Allez jusqu'au Pico da Cruz, une montagne à 1585 mètres de hauteur, où vous aurez une vue à 360 degrés sur Santo Antão et les autres archipels du Cap-Vert.Il y a de jolies plages méconnues comme celle de Tarrafal de Monte Trigo.On terminera par la vallée de Paul comparé à un véritable jardin d'Éden.SalDernière île à choisir si vous voulez visiter le Cap-Vert en 10 jours, direction l'île de Sal.Il y a la plage de Santa Maria où le sable est doré et les eaux sont d'un bleu cristallin. On peut visiter Pedra de Lume, un village où est abrité également les salines. On peut également proposer de faire une sortie en buggy sur la partie sable.On peut aussi aller du côté d'Espargos, capitale de l'île de Sal et ville dynamique où vous trouverez un marché avec des produits frais, des épices, des spécialités locales et des boutiques d'artisanat.Terminez par Buracona qui est surnommé l'œil bleu, c'est une grotte sous-marine qui est vraiment spectaculaire. Pourquoi voyager au Cap-Vert ?C'est une destination qui a plusieurs facettes : le côté nature, le côté randonnée, le côté balnéaire et le fait que ça peut se visiter toute l'année. N'hésitez plus, partez au Cap-Vert !Si vous souhaitez en savoir plus sur la destination et, pourquoi pas, préparer votre prochain [séjour au Cap-Vert: https://www.selectour.com/cap-vert/sejour], n'hésitez pas à faire appel à nos [experts: https://www.selectour.com/agent/recherche?postalCode=&city=&favoriteDestination=CV&page=2] ! À bientôt dans le cockpit !Hébergé par Ausha. Visitez ausha.co/politique-de-confidentialite pour plus d'informations.
O BioCatalog do Instituto de Engenharia e Ciências do Mar, da Universidade Técnica do Atlântico é um projecto de catalogação da biodiversidade de Cabo Verde e visa coleccionar todos os espécimes existentes no arquipélago. O BioCatalog é coordenado pelo Professor e Investigador especializado em Biologia Marinha, com Doutoramento em Biodiversidade, Genética e Evolução, Evandro Lopes. À RFI, o professor universitário explicou em que consiste, o projecto de catalogação da biodiversidade de Cabo Verde que pretende contribuir para implementação de um Museu de História Natural do país“O projecto BioCatalog é financiado pelo Fundo do Ambiente de Cabo Verde. Foi submetido pelo Centro de Observação e Investigação Ambiental, que é um centro de biólogos que está dentro da UTA. A partir daí, sediamos o projecto dentro da UTA para dar vazão à investigação científica que nós estamos a desempenhar desde há muitos anos. E o projecto visa coleccionar todos os espécimes e dar aquele carácter mais científico de identificação da biodiversidade de Cabo Verde e partilha da informação sobre a distribuição, localização e número de espécies que nós temos em Cabo Verde”. O biólogo, Evandro Lopes, adiantou que o projecto de catalogação da biodiversidade de Cabo Verde surgiu de uma necessidade do país ter um espaço de caracter museológico para acondicionar as amostras recolhidas“O BioCatalog foi criado por uma necessidade. Muitos investigadores que vinham para Cabo Verde faziam a colecta e depois não tinham onde colocar as amostras. Também nós que trabalhamos no campo, muitas vezes não tínhamos onde colocar as amostras. Então surgiu com uma necessidade de ter um espaço com um carácter museológico para que nós possamos condicionar as amostras e que possam ser utilizadas para teses, para doutoramento, mestrado, outros cientistas que possam nos usufruir esse material” sendo que “o projecto começou com espécies marinhas, seguimos para espécimes terrestres, com roedores, neste momento estamos à volta de 700 espécimes, mas em termos de tecidos já estamos para mais de 3 mil amostras de tecidos, porque nós coleccionamos, tanto os tecidos como espécime,s e espécimes muito grandes, tipo atuns. Nós temos gatos, coelhos, muitas vezes não dá para colocar todos os espécimes num museu basicamente, mas colocamos também um tecido de cada um. Todos os espécimes que temos aqui em colecção são só espécimes que encontramos sem Cabo Verde, isso não quer dizer que nós temos espécimes que não possam estar em outro local, por exemplo, nós estamos num ecossistema muito interessante que é a Macaronésia, e dentro da Macaronésia tem muitas espécies que estão, por exemplo, em Madeira, Açores, e que chegam até a Cabo Verde”. As amostras foram todas recolhidas de Santo Antão a Fogo. Neste momento, os investigadores recolham amostras na ilha Brava e nos ilhéus Rombos. Evandro Lopes explicou que há perspetiva de transformar o BioCatalog num museu com a construção do novo campus da UTA para receber espécimes maiores “como tubarão ou uma lula gigante”e mostrar tudo o espólio existente atualmente.O primeiro espécime do projecto de catalogação da biodiversidade do Instituto de Engenharia e Ciências do Mar, da Universidade Técnica do Atlântico é o Lagarto Gigante - Chioninia coctei, uma espécie de réptil endémica de Cabo Verde que se extinguiu no século XX e que foi restituído ao país em Setembro de 2017 pelo Príncipe Alberto II do Mónaco e, desde então, permaneceu sob a tutela da Presidência da República, na cidade da Praia, mas que o actual Chefe de Estado, José Maria Neves, entregou no mês passado à Colecção BioCatalog da UTA.O espaço que recebe visita durante a semana de curiosos, estudantes ou investigadores, mas “para usar o espécime para fazer algum estudo deve ser feito um requerimento e damos apoios pode fazer a sua análise, depois o espécime continua aqui no laboratório” explicou Evandro Lopes que adiantou que há amostras repetidas temporalmente e repetidas geograficamente “Repetidas geograficamente, nós estamos a pensar uma amostra de uma espécie que foi capturada em São Vicente, muitas vezes tem alguma diferença genética com uma espécie que foi capturada na Ilha de Santiago, então a ideia é ter toda a diferenciação genética e a diferenciação fenotípica também a nível do arquipélago. A ideia é ter pelo menos uma espécie de cada local; mas também, nós muitas vezes temos espécimes que nós colectamos temporalmente, muitas vezes apanhamos um espécime num ano e, depois no outro ano, vamos apanhar outra vez e por aí adiante. Nós estamos a falar, por exemplo, de invertebrados que a nível genético muitas vezes podem alterar ano para ano, nós podemos ter a diferenciação genética. Até a nível dos peixes, para ver o stock, nós temos de apanhar todos os anos para ver como é que está a evoluir a diversidade genética, porque tem uma relação directa com a sobrepesca, a diversidade genética aumenta quando a pesca diminui, por exemplo, então há muito mais informação quando nós apanhamos muitos indivíduos do que quando apanhamos somente um”.O projecto Biocatalog nasceu a partir do Centro de Observação e Investigação Ambiental do ISECMAR - Instituto de Engenharia e Ciências do Mar da Universidade Técnica do Atlântico que tem a sua sede na cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente. Centro que segundo o director do Biocatalog dá vazão a projectos direccionados a associações, visto que a universidade não consegue aceder a fundos direccionados às organizações não governamentais. O biólogo, Evandro Lopes disse ainda que o projecto de catalogação da biodiversidade de Cabo Verde consegue boas parcerias com universidades internacionais.“A nível internacional o projecto é visto com bons olhos e nós temos parcerias principalmente com Portugal – universidades do Porto e do Algarve e outras universidades europeias como de La Laguna, Las Palmas de Gran Canária, de Barcelona, de Vigo e de Mónaco. A Universidade Nova de Lisboa (Portugal) já está muito interessada em enviar alguma coisa aqui também para o BioCatalog para manter o projecto, dar mais visibilidade ao projecto”.Em Janeiro deste ano, o biólogo Evandro Lopes, Professor e Investigador do Instituto de Engenharia e Ciências do Mar da Universidade Técnica do Atlântico (ISECMAR-UTA), conquistou o prémio Cabo Verde Global Scientific Prize promovido pela Secretaria de Estado do Ensino Superior que reconhece projectos de investigação liderados por investigadores cabo-verdianos, tanto no país como na diáspora.O prémio foi atribuído ao projecto Biocatalog que tem como principal objectivo sistematizar informações e criar condições para uma partilha democrática e equitativa do conhecimento sobre a biodiversidade do arquipélago.
Não há muitas personagens com esta riqueza. Rodrigo Beenkens tem 61 anos, é um respeitado e reputado jornalista belga, mas tem uma costela (mais do que uma, na verdade) portuguesa. A mãe nasceu no Porto e emigrou para Bruxelas em 1958, apaixonada por um livreiro que conheceu na Feira Mundial dessa cidade. Rodrigo nasceu por lá, mas manteve sempre a ligação à terra do lado materno. Na visita ao DESTINO: SAUDADE, recorda o trabalho em oito Mundiais, sete Europeus e 30 Tours de France, mas sobretudo a constante atração emocional por Portugal, marca criada nas férias de infância em Mindelo, na casa ao lado de uma família aristocrata. «Um dia disseram-me que o senhor do lado chamava-se Pinto da Costa.» O futuro passará cada vez mais pela Foz do Douro. De preferência em frente ao mar, o ansiado companheiro.
A ilha de São Vicente acolhe até este sábado, o festival internacional de teatro do Mindelo, o Mindelact, que este ano é dedicado ao tema "Pérola", para marcar os 30 anos do maior festival de teatro de Cabo Verde e um dos eventos de artes cénicas mais célebres do continente africano. A RFI conversou, no Centro Cultural do Mindelo, com a actriz, Zenaida Alfama, produtora da 30ª edição do festival de teatro Mindelact. Zenaida Alfama disse que os 30 anos do evento são muito especiais. “É edição especial porque estamos a fechar um ciclo, digamos assim. 30 anos, não é brincadeira, tendo todas as dificuldades, mas temos conseguido manter o festival, mesmo na época mais difícil que foi a época de Covid, é um festival que não parou, fizemos o festival mesmo com todas as dificuldades. Este ano é um sabor maravilhoso porque é como ver algo a crescer a cada dia que passa, mesmo se temos sempre algumas dificuldades, porque somos ilhas, para trazer pessoas. Ás vezes as pessoas ficam retidas, qualquer dificuldade que temos, mas é sempre uma satisfação depois ver o público alegre, o público a relembrar. Fizemos uma exposição que é dos 30 anos do festival e as pessoas a relembrar, eu vi, eu já lembro, e é como ver uma criança que cresceu e agora está num patamar de adulto. Agora a esperança é que continue sempre nesse patamar e que melhore as condições de espaço e essas coisas que precisam ser melhoradas, que consigamos melhorar tudo isso para que o festival continue. Essa exposição que está ali a marcar os 30 anos, em foto, fica aqui com alguma nostalgia, é essa ideia mesmo de tocar o coração das pessoas”, disse Zenaida Alfama.A responsável do Festival também deu conta da satisfação que é ter artistas de vários países a passarem pelos palcos do Mindelact,“como uma senhora de 81 anos de idade que veio do Brasil para apresentar um espectáculo, já que está com previsão, do próximo ano, voltar na trilogia, no final da trilogia, porque já o primeiro foi só uma actriz, agora é dois, no trilogia vão ser três actrizes. Então é isso, o construir de toda uma equipa, de todo um público, de todo um espectáculo, de uma rede, de saber que o Festival Mindelact na África é um dos mais reconhecidos a nível internacional, é saber que voam a um festival, a um outro festival, em um encontro de contador de história, por exemplo, que as pessoas falam, é do Mindelact. Então é criar essa vontade das pessoas virem para o Mindelact, ver o espectáculo e participar no festival”.A actriz brasileira de 81 anos referenciada por Zenaida Alfama, produtora da 30ª edição do festival de teatro Mindelact é Dja Martins que fez a sua estreia internacional, em Cabo Verde, com a peça “Mãe baiana” que conta a história de uma avó que sofre a dor da perda do filho. Dja Martins partilhou a alegria de estar no continente africano.“Eu estou estreando internacionalmente com 81 anos e eu acho que isso não é para qualquer um, eu sou uma abençoada. Vim para a minha terra de origem, me senti aqui indo na casa da minha tia, vou ali na casa da minha tia Antónia, me senti assim aqui, como se eu estivesse o tempo todo aqui na África”, afirmou a actriz Dja MartinsTambém, no festival internacional de teatro do Mindelo, o Mindelact, há espectáculos nas praças da cidade, uma medida para socializar cada vez mais o teatro, aquele teatro feito para o povo, que vai onde o povo está. Assim, desde 2017, o Festival Mindelact aposta em levar o teatro às praças da ilha de São Vicente, todos os dias do evento.Na ponta da areia, kontam um storia! (conta-me uma história em português) Do núcleo teatral Arte33, de Portugal foi um dos espectáculos apresentados na Praça Amílcar Cabral no centro da cidade do Mindelo no festival de teatro - Mindelact. Uma peça constituída por 6 caixas de Teatro Lambe Lambe (três histórias recolhidas junto da comunidade da Trafaria e histórias recolhidas e contadas por gente de São Vicente). Uma história contada de forma animada como explica actriz Ana Nave do Núcleo teatral Aarte33“Fizemos este espectáculo, que se chama Na Ponta da Areia, numa vila piscatória, que fica do outro lado, fica em frente a Lisboa. Fomos descobrindo, com a ajuda do historiador Francisco Silva, que há uma relação muito grande entre a Trafaria, e por isso se chama Na Ponta da Areia, e Cabo Verde, por variadíssimas razões. Também porque há uma grande comunidade de cabo-verdianos por ali, e porque temos aqui uma das participantes, que é a Glória Lima, que também é de Cabo Verde. As histórias que fomos construindo foram a partir de histórias locais, mas que arranjamos, de alguma maneira, uma ponte neste mar que nos une e que nos separa, e fomos arranjando uma ponte com Cabo Verde. E por isso estamos muito honrados de estar aqui nesta edição do Mindelact, é a primeira vez que cá vimos, esperemos poder visitar mais vezes este festival”, afirmou a actriz, Ana Nave.E, neste sábado, encerra-se o Festival Internacional de Teatro do Mindelo – Mindelact é apresentado na Praça Currents de Acting for Climate da Noruega. Um espectáculo sobre simbiose, explorando o cuidado mútuo entre diferentes culturas, seres humanos e o mundo mais do que humano.Vejam aqui algumas imagens do Mindelact:Quem já passou pelo Mindelact é a nova companhia luso-cabo-verdiana Saaraci que levou ao palco 1 do festival internacional de Teatro do Mindelo, a peça Dona Pura e Os Camaradas de Abril. Fruto da adaptação da obra do escritor cabo-verdiano, Germano Almeida, com o mesmo nome.O espectáculo Dona Pura e Os Camaradas de Abril de uma hora e meia transita sobre a memória de 25 de Abril na perspectiva do colonizado. Uma encenação e direcção artística de João Branco, um dos fundadores do festival internacional de teatro do Mindelo“'Dona Pura e os Camaradas de Abril' é uma adaptação de uma obra original do Germano Almeida e é a 4ª vez que eu, como encenador, faço a mim mesmo o desafio de colocar obras do Germano em palco. Nós fizemos Dois Irmãos, fizemos Os Agravos de um Artista, As Mulheres na Laginha, que foi feita a partir excertos do Mar da Laginha, livro dele também, e agora com Dona Pura e os Camaradas de Abril, que foi uma obra escolhida porque, como sabes, em Portugal está a comemorar os 50 anos do 25 de Abril, desde o ano passado, e continua-se a comemorar essa importante efeméride de meio século da Revolução dos Escravos e surgiu esta oportunidade de concorrer para um edital para conseguir financiamento e obviamente que eu, tendo a minha identidade, como eu digo sempre, a minha identidade teatral, a minha identidade enquanto artista, ela é absolutamente de cabo-verdiana e eu, para falar do 25 de Abril, tinha que falá-la numa perspectiva crioula, numa perspectiva cabo-verdeana, daí que eu acho que o que pode sintetizar este espectáculo muito bem é o que nós fizemos foi introduzir o Capitão Ambrósio dentro do Grande Vila Morena, ou seja, introduzir o Cabo Verde dentro dessa revolução, uma perspectiva cabo-verdiana que foi feita a partir, obviamente, de um relato que eu acredito que é biográfico, eu nunca perguntei ao autor directamente, mas eu acredito que este estudante cabo-verdiano foi o próprio Germano, que conheceu uma senhora chamada Dona Pura, que ficou alojado na casa dela enquanto foi estudante de Direito em Portugal. E é isso, nós quisemos assinar lá o 25 de Abril dessa maneira, a equipa é praticamente toda ela cabo-verdiana, só o Pedro Lamares não é, mas é uma pessoa que gosta muito de Cabo Verde, apaixonado pelo Mindelo, e como o livro original tinha vários personagens que eram não cabo-verdianos, eram portugueses, ele acabou por ter esse desafio de fazer três personagens diferentes, todos eles europeus, dois portugueses e um italiano. Este espectáculo estreou no Alentejo, em Maio, depois foi apresentado na cidade do Porto, esteve em Montemor, outra vez no Alentejo, foi apresentado em Gaia, também perto da cidade do Porto, vai estar agora em Viana do Castelo, no Festival de Viana do Castelo, e encerramos essa circulação em Lisboa, dias 14 e 15 de Dezembro, e fechando este ciclo das apresentações do Dona Pura e os Camaradas de Abril”, disse João Branco.Ao longo dos nove dias do festival internacional de teatro do Mindelo decorre a Teatrolândia que inclui um Ciclo Internacional de Contadores de História, no qual artistas e contadores de histórias de diferentes partes do mundo compartilham narrativas de forma interactiva, estimulando a imaginação e o desenvolvimento da escuta nas crianças.E, na última noite da edição 30 do Festival de Teatro do Mindelo – o Mindelact encerra com uma homenagem a Amílcar Cabral no ano do centenário do Nascimento de Cabral, com a peça Cabral, a última lua de homem grande. Adaptada do romance do escritor cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa. O enredo parte do último dia de vida de Amílcar Cabral para falar do seu pensamento e da sua obra, numa co-produção Sikinada - Companhia de Teatro (Cabo Verde) e Teatro Art'Imagem (Portugal), dirigida por Flávio Hamilton e com uma equipa formada por artistas dos dois países.Para além de espectáculos de Teatro, o festival Mindelact tem ainda formações e exposições de fotografia.A 30ª edição do festival internacional de Teatro do Mindelo encerra na noite deste sábado com homenagens aos vários parceiros.
Nous recevons la réalisatrice portugaise et cap-verdienne Ana Sofia Fonsaca pour le film « Cesaria Evora, la diva aux pieds nus » et Oriane Lacaille pour l'album iViV dans la #SessionLive. (Rediffusion) Cesaria est un mystère qui ne s'élucide pas d'après Lusafrica, lire la suite sur le site de son label.Patrick Chamoiseau écrit :Cesaria Evora est faite de cet humus dans le sec de ces sables. Ce n'est pas une biographie, c'est une révélation obscure, chargée de terre, de vie, de musiques, de simplicité, d'amitié, d'amour, d'interrogation et de lucidité. J'ai compris dans ces pages que Cesaria Evora est à elle seule une terre créole où la diversité des imaginaires et des hommes donnait naissance à une musique valable pour tous, là où la mélodie, l'harmonie et la polyrythmie ont rencontré les souffrances des hommes : creuset du blues, du jazz et de la morna. J'ai compris que Cesaria Evora est aussi une douleur, la sienne d'abord, celle de sa vie, de ses amours terribles, de cette ivresse destructrice qui suppléait aux bourgeons abîmés de l'espoir. Et cette vie familière des extrêmes parle à la nôtre en un direct sensible. Quand elle chante, elle vient avec une existence entière rescapée des bars sordides et des dorures factices de chez les grandes gens, dotores du Cap-Vert qui voulaient l'écouter. Elle vient aussi avec son exil immobile, ce but d'exil irrépressible qui maintenant gît en chacun de nous, îles en dérive dans le monde qui fait monde. Elle vient avec une incomparable tristesse envers le tout possible. Elle dit le bonheur perdu mais à portée de main. Elle dit la blessure nègre en absence et silence. Elle dit le souvenir en ses limons précieux. Elle dit la mort et l'oubli, la fidélité et la patience, la liberté offerte sur des vagues amères où l'on ose mettre le pied. Elle dit le monde ouvert des îles tellement peu clos, tellement livré aux métissages et aux souffles de la terre. Elle dit sous la fatalité, la joie, l'espoir, la force ronde, la patience aiguisée. Ses pieds sont nus, sa voix est nue, son cœur nu est offert dans la parure de toutes les grâces. Chez les êtres humains, Cesaria est une reine.Texte écrit par Patrick Chamoiseau, paru dans Le Monde, à propos de la publication de la biographie écrite par Véronique Mortaigne, peu après la sortie de l'album « Cabo Verde » en février 1997. En 2023, c'est au tour de la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca de raconter la Cesaria Evora qu'elle a découverte pendant 5 ans en regardant des kilomètres d'archives privées.« Mon film se compose d'images et de sons provenant de diverses sources, presque toutes issues d'archives privées. Grâce à ce film, j'ai rencontré des personnes exceptionnelles qui nous ont beaucoup aidés et nous ont fait confiance, en nous donnant accès à leurs souvenirs mais aussi à leurs archives. Je ne peux que les remercier. »Dans ce documentaire, la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca utilise de nombreux plans de coupe de paysages capverdiens.« Je crois qu'il est nécessaire de comprendre l'environnement d'une personne pour la connaître. En ce qui concerne Cesária, il s'agit du Cap-Vert et plus particulièrement, de l'île de São Vicente et plus encore, de la ville de Mindelo. On ne parle pas seulement du sol sur lequel elle a marché mais de l'air qu'elle a respiré. Elle est cette mer bleue, ces montagnes arides, ce vent. On retrouve Mindelo dans sa personnalité, sa manière d'être, son humour... »La traduction de Ana Sofia Fonseca est assurée par Elisabeth Perello. Titres joués : Mar Azul, Lagrimas Negras Feat. Compay Segundo, Petit Pays, Sodade, Carnaval de São Vicente.Sortie en salle le 29 novembre 2023, bande annonce. Puis nous recevons Oriane Lacaille dans la #SessionLive pour la sortie de l'album iViV. Oriane Lacaille était prête sans le savoir. Quand elle rembobine la genèse d'iViV, le premier album sous son nom, elle décrit une étincelle qui a allumé un feu de joie. Notez le graphisme du titre, avec ses « i » comme des allumettes et ses « V » comme des flammes : iViV (Ça vit, en créole) consume un héritage, deux identités, trois musicien(ne)s et une brassée de rencontres pour alimenter le brasier. La chaleur du foyer procure son réconfort, son halo suggère une spiritualité et on y danse autour. Le feu couvait depuis longtemps. Il trouve son origine dans une maison haut-savoyarde remplie d'instruments lointains. Oriane y a grandi, après que ses parents eurent quitté La Réunion à la faveur de la nomination de sa mère comme professeure de français dans un lycée d'Annemasse. Son père a suivi. L'accordéoniste René Lacaille forme, avec Alain Péters et Danyèl Waro, le triangle rénovateur des musiques insulaires dans les années 1970. Le triangle est aussi la première percussion dont Oriane – née en 1986 – s'empare quand elle est enfant. Suivent les maracas, la clave, le kayamb et tout ce qui lui tombe entre les mains. Mais elle rêve d'abord d'être chanteuse : dans la génération précédant la sienne, le métier de musicienne n'est pas encore accessible aux femmes réunionnaises et ses tantes n'ont pas le droit de toucher aux instruments que tous ses oncles pratiquent avec son grand-père. Oriane et ses cousines plus âgées avant elle, sont les premières qui, grâce aux changements de mentalités obtenues de haute lutte par leurs aînées, ont la chance de perpétuer la tradition familiale.Dans le clan Lacaille, Oriane est le métronome : son sens du rythme est implacable et, dès ses 13 ans, elle devient le socle du groupe paternel. Durant les vacances scolaires puis à plein temps après son Bac, la percussionniste-choriste parcourt le monde avec son père qui improvise en intégrant des ingrédients avec la même générosité que quand il cuisine le cari ou le rougail dans ses marmites. Oriane, qui ne chante qu'en créole jusqu'à ses 20 ans, côtoie des artistes caribéens, africains, japonais ou indiens, intègre le jazz et les musiques de bal, sans dévier du ballant métronomique qui lui confère une sensation d'enracinement. Les racines d'Oriane Lacaille font le grand écart entre une mère métropolitaine et un père créole réunionnais. Elle se dit « Zoréol », moitié zoreil moitié créole, deux identités reliées par un fil sur lequel elle a longtemps cherché l'équilibre. De cette bâtardise assumée, elle embrasse aujourd'hui la richesse extraordinaire : ses deux cultures et ses deux langues sont au cœur d'iViV.Titres interprétés au Grand studio- iViV Live RFI- Lam La Mer Feat. Loy Erhlich et René Lacaille, extrait album iViV- Kaf Do Lo Live RFI.Line Up : Oriane Lacaille : chant, ukulélé soprano, diatonique et baryton, aouicha, kayanm, tambour, Heloïse Divilly : chant, batterie, kayanm, percussions, Yann-Lou Bertrand : chant, contrebasse.Son : Jérémie Besset & Mathias Taylor.► Album iViV (Ignatub - MDC - Pias2023)Réalisation : Hadrien Touraud.
Nous recevons la réalisatrice portugaise et cap-verdienne Ana Sofia Fonsaca pour le film « Cesaria Evora, la diva aux pieds nus » et Oriane Lacaille pour l'album iViV dans la #SessionLive. (Rediffusion) Cesaria est un mystère qui ne s'élucide pas d'après Lusafrica, lire la suite sur le site de son label.Patrick Chamoiseau écrit :Cesaria Evora est faite de cet humus dans le sec de ces sables. Ce n'est pas une biographie, c'est une révélation obscure, chargée de terre, de vie, de musiques, de simplicité, d'amitié, d'amour, d'interrogation et de lucidité. J'ai compris dans ces pages que Cesaria Evora est à elle seule une terre créole où la diversité des imaginaires et des hommes donnait naissance à une musique valable pour tous, là où la mélodie, l'harmonie et la polyrythmie ont rencontré les souffrances des hommes : creuset du blues, du jazz et de la morna. J'ai compris que Cesaria Evora est aussi une douleur, la sienne d'abord, celle de sa vie, de ses amours terribles, de cette ivresse destructrice qui suppléait aux bourgeons abîmés de l'espoir. Et cette vie familière des extrêmes parle à la nôtre en un direct sensible. Quand elle chante, elle vient avec une existence entière rescapée des bars sordides et des dorures factices de chez les grandes gens, dotores du Cap-Vert qui voulaient l'écouter. Elle vient aussi avec son exil immobile, ce but d'exil irrépressible qui maintenant gît en chacun de nous, îles en dérive dans le monde qui fait monde. Elle vient avec une incomparable tristesse envers le tout possible. Elle dit le bonheur perdu mais à portée de main. Elle dit la blessure nègre en absence et silence. Elle dit le souvenir en ses limons précieux. Elle dit la mort et l'oubli, la fidélité et la patience, la liberté offerte sur des vagues amères où l'on ose mettre le pied. Elle dit le monde ouvert des îles tellement peu clos, tellement livré aux métissages et aux souffles de la terre. Elle dit sous la fatalité, la joie, l'espoir, la force ronde, la patience aiguisée. Ses pieds sont nus, sa voix est nue, son cœur nu est offert dans la parure de toutes les grâces. Chez les êtres humains, Cesaria est une reine.Texte écrit par Patrick Chamoiseau, paru dans Le Monde, à propos de la publication de la biographie écrite par Véronique Mortaigne, peu après la sortie de l'album « Cabo Verde » en février 1997. En 2023, c'est au tour de la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca de raconter la Cesaria Evora qu'elle a découverte pendant 5 ans en regardant des kilomètres d'archives privées.« Mon film se compose d'images et de sons provenant de diverses sources, presque toutes issues d'archives privées. Grâce à ce film, j'ai rencontré des personnes exceptionnelles qui nous ont beaucoup aidés et nous ont fait confiance, en nous donnant accès à leurs souvenirs mais aussi à leurs archives. Je ne peux que les remercier. »Dans ce documentaire, la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca utilise de nombreux plans de coupe de paysages capverdiens.« Je crois qu'il est nécessaire de comprendre l'environnement d'une personne pour la connaître. En ce qui concerne Cesária, il s'agit du Cap-Vert et plus particulièrement, de l'île de São Vicente et plus encore, de la ville de Mindelo. On ne parle pas seulement du sol sur lequel elle a marché mais de l'air qu'elle a respiré. Elle est cette mer bleue, ces montagnes arides, ce vent. On retrouve Mindelo dans sa personnalité, sa manière d'être, son humour... »La traduction de Ana Sofia Fonseca est assurée par Elisabeth Perello. Titres joués : Mar Azul, Lagrimas Negras Feat. Compay Segundo, Petit Pays, Sodade, Carnaval de São Vicente.Sortie en salle le 29 novembre 2023, bande annonce. Puis nous recevons Oriane Lacaille dans la #SessionLive pour la sortie de l'album iViV. Oriane Lacaille était prête sans le savoir. Quand elle rembobine la genèse d'iViV, le premier album sous son nom, elle décrit une étincelle qui a allumé un feu de joie. Notez le graphisme du titre, avec ses « i » comme des allumettes et ses « V » comme des flammes : iViV (Ça vit, en créole) consume un héritage, deux identités, trois musicien(ne)s et une brassée de rencontres pour alimenter le brasier. La chaleur du foyer procure son réconfort, son halo suggère une spiritualité et on y danse autour. Le feu couvait depuis longtemps. Il trouve son origine dans une maison haut-savoyarde remplie d'instruments lointains. Oriane y a grandi, après que ses parents eurent quitté La Réunion à la faveur de la nomination de sa mère comme professeure de français dans un lycée d'Annemasse. Son père a suivi. L'accordéoniste René Lacaille forme, avec Alain Péters et Danyèl Waro, le triangle rénovateur des musiques insulaires dans les années 1970. Le triangle est aussi la première percussion dont Oriane – née en 1986 – s'empare quand elle est enfant. Suivent les maracas, la clave, le kayamb et tout ce qui lui tombe entre les mains. Mais elle rêve d'abord d'être chanteuse : dans la génération précédant la sienne, le métier de musicienne n'est pas encore accessible aux femmes réunionnaises et ses tantes n'ont pas le droit de toucher aux instruments que tous ses oncles pratiquent avec son grand-père. Oriane et ses cousines plus âgées avant elle, sont les premières qui, grâce aux changements de mentalités obtenues de haute lutte par leurs aînées, ont la chance de perpétuer la tradition familiale.Dans le clan Lacaille, Oriane est le métronome : son sens du rythme est implacable et, dès ses 13 ans, elle devient le socle du groupe paternel. Durant les vacances scolaires puis à plein temps après son Bac, la percussionniste-choriste parcourt le monde avec son père qui improvise en intégrant des ingrédients avec la même générosité que quand il cuisine le cari ou le rougail dans ses marmites. Oriane, qui ne chante qu'en créole jusqu'à ses 20 ans, côtoie des artistes caribéens, africains, japonais ou indiens, intègre le jazz et les musiques de bal, sans dévier du ballant métronomique qui lui confère une sensation d'enracinement. Les racines d'Oriane Lacaille font le grand écart entre une mère métropolitaine et un père créole réunionnais. Elle se dit « Zoréol », moitié zoreil moitié créole, deux identités reliées par un fil sur lequel elle a longtemps cherché l'équilibre. De cette bâtardise assumée, elle embrasse aujourd'hui la richesse extraordinaire : ses deux cultures et ses deux langues sont au cœur d'iViV.Titres interprétés au Grand studio- iViV Live RFI- Lam La Mer Feat. Loy Erhlich et René Lacaille, extrait album iViV- Kaf Do Lo Live RFI.Line Up : Oriane Lacaille : chant, ukulélé soprano, diatonique et baryton, aouicha, kayanm, tambour, Heloïse Divilly : chant, batterie, kayanm, percussions, Yann-Lou Bertrand : chant, contrebasse.Son : Jérémie Besset & Mathias Taylor.► Album iViV (Ignatub - MDC - Pias2023)Réalisation : Hadrien Touraud.
Nous recevons la réalisatrice portugaise et cap-verdienne Ana Sofia Fonsaca pour le film « Cesaria Evora, la diva aux pieds nus » et Oriane Lacaille pour l'album iViV dans la #SessionLive. (Rediffusion) Cesaria est un mystère qui ne s'élucide pas d'après Lusafrica, lire la suite sur le site de son label.Patrick Chamoiseau écrit :Cesaria Evora est faite de cet humus dans le sec de ces sables. Ce n'est pas une biographie, c'est une révélation obscure, chargée de terre, de vie, de musiques, de simplicité, d'amitié, d'amour, d'interrogation et de lucidité. J'ai compris dans ces pages que Cesaria Evora est à elle seule une terre créole où la diversité des imaginaires et des hommes donnait naissance à une musique valable pour tous, là où la mélodie, l'harmonie et la polyrythmie ont rencontré les souffrances des hommes : creuset du blues, du jazz et de la morna. J'ai compris que Cesaria Evora est aussi une douleur, la sienne d'abord, celle de sa vie, de ses amours terribles, de cette ivresse destructrice qui suppléait aux bourgeons abîmés de l'espoir. Et cette vie familière des extrêmes parle à la nôtre en un direct sensible. Quand elle chante, elle vient avec une existence entière rescapée des bars sordides et des dorures factices de chez les grandes gens, dotores du Cap-Vert qui voulaient l'écouter. Elle vient aussi avec son exil immobile, ce but d'exil irrépressible qui maintenant gît en chacun de nous, îles en dérive dans le monde qui fait monde. Elle vient avec une incomparable tristesse envers le tout possible. Elle dit le bonheur perdu mais à portée de main. Elle dit la blessure nègre en absence et silence. Elle dit le souvenir en ses limons précieux. Elle dit la mort et l'oubli, la fidélité et la patience, la liberté offerte sur des vagues amères où l'on ose mettre le pied. Elle dit le monde ouvert des îles tellement peu clos, tellement livré aux métissages et aux souffles de la terre. Elle dit sous la fatalité, la joie, l'espoir, la force ronde, la patience aiguisée. Ses pieds sont nus, sa voix est nue, son cœur nu est offert dans la parure de toutes les grâces. Chez les êtres humains, Cesaria est une reine.Texte écrit par Patrick Chamoiseau, paru dans Le Monde, à propos de la publication de la biographie écrite par Véronique Mortaigne, peu après la sortie de l'album « Cabo Verde » en février 1997. En 2023, c'est au tour de la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca de raconter la Cesaria Evora qu'elle a découverte pendant 5 ans en regardant des kilomètres d'archives privées.« Mon film se compose d'images et de sons provenant de diverses sources, presque toutes issues d'archives privées. Grâce à ce film, j'ai rencontré des personnes exceptionnelles qui nous ont beaucoup aidés et nous ont fait confiance, en nous donnant accès à leurs souvenirs mais aussi à leurs archives. Je ne peux que les remercier. »Dans ce documentaire, la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca utilise de nombreux plans de coupe de paysages capverdiens.« Je crois qu'il est nécessaire de comprendre l'environnement d'une personne pour la connaître. En ce qui concerne Cesária, il s'agit du Cap-Vert et plus particulièrement, de l'île de São Vicente et plus encore, de la ville de Mindelo. On ne parle pas seulement du sol sur lequel elle a marché mais de l'air qu'elle a respiré. Elle est cette mer bleue, ces montagnes arides, ce vent. On retrouve Mindelo dans sa personnalité, sa manière d'être, son humour... »La traduction de Ana Sofia Fonseca est assurée par Elisabeth Perello. Titres joués : Mar Azul, Lagrimas Negras Feat. Compay Segundo, Petit Pays, Sodade, Carnaval de São Vicente.Sortie en salle le 29 novembre 2023, bande annonce. Puis nous recevons Oriane Lacaille dans la #SessionLive pour la sortie de l'album iViV. Oriane Lacaille était prête sans le savoir. Quand elle rembobine la genèse d'iViV, le premier album sous son nom, elle décrit une étincelle qui a allumé un feu de joie. Notez le graphisme du titre, avec ses « i » comme des allumettes et ses « V » comme des flammes : iViV (Ça vit, en créole) consume un héritage, deux identités, trois musicien(ne)s et une brassée de rencontres pour alimenter le brasier. La chaleur du foyer procure son réconfort, son halo suggère une spiritualité et on y danse autour. Le feu couvait depuis longtemps. Il trouve son origine dans une maison haut-savoyarde remplie d'instruments lointains. Oriane y a grandi, après que ses parents eurent quitté La Réunion à la faveur de la nomination de sa mère comme professeure de français dans un lycée d'Annemasse. Son père a suivi. L'accordéoniste René Lacaille forme, avec Alain Péters et Danyèl Waro, le triangle rénovateur des musiques insulaires dans les années 1970. Le triangle est aussi la première percussion dont Oriane – née en 1986 – s'empare quand elle est enfant. Suivent les maracas, la clave, le kayamb et tout ce qui lui tombe entre les mains. Mais elle rêve d'abord d'être chanteuse : dans la génération précédant la sienne, le métier de musicienne n'est pas encore accessible aux femmes réunionnaises et ses tantes n'ont pas le droit de toucher aux instruments que tous ses oncles pratiquent avec son grand-père. Oriane et ses cousines plus âgées avant elle, sont les premières qui, grâce aux changements de mentalités obtenues de haute lutte par leurs aînées, ont la chance de perpétuer la tradition familiale.Dans le clan Lacaille, Oriane est le métronome : son sens du rythme est implacable et, dès ses 13 ans, elle devient le socle du groupe paternel. Durant les vacances scolaires puis à plein temps après son Bac, la percussionniste-choriste parcourt le monde avec son père qui improvise en intégrant des ingrédients avec la même générosité que quand il cuisine le cari ou le rougail dans ses marmites. Oriane, qui ne chante qu'en créole jusqu'à ses 20 ans, côtoie des artistes caribéens, africains, japonais ou indiens, intègre le jazz et les musiques de bal, sans dévier du ballant métronomique qui lui confère une sensation d'enracinement. Les racines d'Oriane Lacaille font le grand écart entre une mère métropolitaine et un père créole réunionnais. Elle se dit « Zoréol », moitié zoreil moitié créole, deux identités reliées par un fil sur lequel elle a longtemps cherché l'équilibre. De cette bâtardise assumée, elle embrasse aujourd'hui la richesse extraordinaire : ses deux cultures et ses deux langues sont au cœur d'iViV. Titres interprétés au Grand studio- iViV Live RFI- Lam La Mer Feat. Loy Erhlich et René Lacaille, extrait album iViV- Kaf Do Lo Live RFI.Line Up : Oriane Lacaille : chant, ukulélé soprano, diatonique et baryton, aouicha, kayanm, tambour, Heloïse Divilly : chant, batterie, kayanm, percussions, Yann-Lou Bertrand : chant, contrebasse.Son : Jérémie Besset & Mathias Taylor.► Album iViV (Ignatub - MDC - Pias2023)Réalisation : Hadrien Touraud.
Nous recevons la réalisatrice portugaise et cap-verdienne Ana Sofia Fonsaca pour le film « Cesaria Evora, la diva aux pieds nus » et Oriane Lacaille pour l'album iViV dans la #SessionLive. (Rediffusion) Cesaria est un mystère qui ne s'élucide pas d'après Lusafrica, lire la suite sur le site de son label.Patrick Chamoiseau écrit :Cesaria Evora est faite de cet humus dans le sec de ces sables. Ce n'est pas une biographie, c'est une révélation obscure, chargée de terre, de vie, de musiques, de simplicité, d'amitié, d'amour, d'interrogation et de lucidité. J'ai compris dans ces pages que Cesaria Evora est à elle seule une terre créole où la diversité des imaginaires et des hommes donnait naissance à une musique valable pour tous, là où la mélodie, l'harmonie et la polyrythmie ont rencontré les souffrances des hommes : creuset du blues, du jazz et de la morna. J'ai compris que Cesaria Evora est aussi une douleur, la sienne d'abord, celle de sa vie, de ses amours terribles, de cette ivresse destructrice qui suppléait aux bourgeons abîmés de l'espoir. Et cette vie familière des extrêmes parle à la nôtre en un direct sensible. Quand elle chante, elle vient avec une existence entière rescapée des bars sordides et des dorures factices de chez les grandes gens, dotores du Cap-Vert qui voulaient l'écouter. Elle vient aussi avec son exil immobile, ce but d'exil irrépressible qui maintenant gît en chacun de nous, îles en dérive dans le monde qui fait monde. Elle vient avec une incomparable tristesse envers le tout possible. Elle dit le bonheur perdu mais à portée de main. Elle dit la blessure nègre en absence et silence. Elle dit le souvenir en ses limons précieux. Elle dit la mort et l'oubli, la fidélité et la patience, la liberté offerte sur des vagues amères où l'on ose mettre le pied. Elle dit le monde ouvert des îles tellement peu clos, tellement livré aux métissages et aux souffles de la terre. Elle dit sous la fatalité, la joie, l'espoir, la force ronde, la patience aiguisée. Ses pieds sont nus, sa voix est nue, son cœur nu est offert dans la parure de toutes les grâces. Chez les êtres humains, Cesaria est une reine.Texte écrit par Patrick Chamoiseau, paru dans Le Monde, à propos de la publication de la biographie écrite par Véronique Mortaigne, peu après la sortie de l'album « Cabo Verde » en février 1997. En 2023, c'est au tour de la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca de raconter la Cesaria Evora qu'elle a découverte pendant 5 ans en regardant des kilomètres d'archives privées.« Mon film se compose d'images et de sons provenant de diverses sources, presque toutes issues d'archives privées. Grâce à ce film, j'ai rencontré des personnes exceptionnelles qui nous ont beaucoup aidés et nous ont fait confiance, en nous donnant accès à leurs souvenirs mais aussi à leurs archives. Je ne peux que les remercier. »Dans ce documentaire, la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca utilise de nombreux plans de coupe de paysages capverdiens.« Je crois qu'il est nécessaire de comprendre l'environnement d'une personne pour la connaître. En ce qui concerne Cesária, il s'agit du Cap-Vert et plus particulièrement, de l'île de São Vicente et plus encore, de la ville de Mindelo. On ne parle pas seulement du sol sur lequel elle a marché mais de l'air qu'elle a respiré. Elle est cette mer bleue, ces montagnes arides, ce vent. On retrouve Mindelo dans sa personnalité, sa manière d'être, son humour... »La traduction de Ana Sofia Fonseca est assurée par Elisabeth Perello. Titres joués : Mar Azul, Lagrimas Negras Feat. Compay Segundo, Petit Pays, Sodade, Carnaval de São Vicente.Sortie en salle le 29 novembre 2023, bande annonce. Puis nous recevons Oriane Lacaille dans la #SessionLive pour la sortie de l'album iViV. Oriane Lacaille était prête sans le savoir. Quand elle rembobine la genèse d'iViV, le premier album sous son nom, elle décrit une étincelle qui a allumé un feu de joie. Notez le graphisme du titre, avec ses « i » comme des allumettes et ses « V » comme des flammes : iViV (Ça vit, en créole) consume un héritage, deux identités, trois musicien(ne)s et une brassée de rencontres pour alimenter le brasier. La chaleur du foyer procure son réconfort, son halo suggère une spiritualité et on y danse autour. Le feu couvait depuis longtemps. Il trouve son origine dans une maison haut-savoyarde remplie d'instruments lointains. Oriane y a grandi, après que ses parents eurent quitté La Réunion à la faveur de la nomination de sa mère comme professeure de français dans un lycée d'Annemasse. Son père a suivi. L'accordéoniste René Lacaille forme, avec Alain Péters et Danyèl Waro, le triangle rénovateur des musiques insulaires dans les années 1970. Le triangle est aussi la première percussion dont Oriane – née en 1986 – s'empare quand elle est enfant. Suivent les maracas, la clave, le kayamb et tout ce qui lui tombe entre les mains. Mais elle rêve d'abord d'être chanteuse : dans la génération précédant la sienne, le métier de musicienne n'est pas encore accessible aux femmes réunionnaises et ses tantes n'ont pas le droit de toucher aux instruments que tous ses oncles pratiquent avec son grand-père. Oriane et ses cousines plus âgées avant elle, sont les premières qui, grâce aux changements de mentalités obtenues de haute lutte par leurs aînées, ont la chance de perpétuer la tradition familiale.Dans le clan Lacaille, Oriane est le métronome : son sens du rythme est implacable et, dès ses 13 ans, elle devient le socle du groupe paternel. Durant les vacances scolaires puis à plein temps après son Bac, la percussionniste-choriste parcourt le monde avec son père qui improvise en intégrant des ingrédients avec la même générosité que quand il cuisine le cari ou le rougail dans ses marmites. Oriane, qui ne chante qu'en créole jusqu'à ses 20 ans, côtoie des artistes caribéens, africains, japonais ou indiens, intègre le jazz et les musiques de bal, sans dévier du ballant métronomique qui lui confère une sensation d'enracinement. Les racines d'Oriane Lacaille font le grand écart entre une mère métropolitaine et un père créole réunionnais. Elle se dit « Zoréol », moitié zoreil moitié créole, deux identités reliées par un fil sur lequel elle a longtemps cherché l'équilibre. De cette bâtardise assumée, elle embrasse aujourd'hui la richesse extraordinaire : ses deux cultures et ses deux langues sont au cœur d'iViV. Titres interprétés au Grand studio- iViV Live RFI- Lam La Mer Feat. Loy Erhlich et René Lacaille, extrait album iViV- Kaf Do Lo Live RFI.Line Up : Oriane Lacaille : chant, ukulélé soprano, diatonique et baryton, aouicha, kayanm, tambour, Heloïse Divilly : chant, batterie, kayanm, percussions, Yann-Lou Bertrand : chant, contrebasse.Son : Jérémie Besset & Mathias Taylor.► Album iViV (Ignatub - MDC - Pias2023)Réalisation : Hadrien Touraud.
Neste programa, vamos dar um salto até alguns palcos de 2023, lugares onde se escreveram páginas de intervenção, de liberdade, de invenção e de empoderamento. No teatro, na dança, no cinema, na literatura, na música e em tantos outros “lugares”, vários artistas mostraram que criar também é resistir. O ano de 2023 foi marcado por projectos artísticos que criaram pontes e alargaram horizontes a partir do teatro, dança, literatura, música, cinema… A RFI acompanhou alguns e propõe neste programa uma viagem até certos desses momentos.Em Novembro, Maputo foi palco da 10ª edição da Bienal KINANI que também acolheu, este ano, a Bienal de Dança Africana. Uma bienal a dobrar com vários coreógrafos moçambicanos em cartaz a mostrar que Moçambique está “a viver um momento histórico” no mundo da dança. As palavras são de Quito Tembe, director artístico da KINANI, para quem a dança é “um lugar de intervenção”, pelo que o cartaz teve como algumas linhas de força a busca das raízes e a luta contra diversos tipos de opressão. “É importante olhar para a dança não somente como lugar do ‘estético belo' mas como um lugar de intervenção”, afirmou.Quito Tembe é um dos cinco comissários do Fórum de Curadores Internacionais da Bienal de Dança de Lyon, em França, um grupo que está a preparar projectos para a próxima edição de 2025. O trabalho começou este ano, em Setembro, na bienal francesa que é um dos encontros mais importantes da dança contemporânea a nível mundial e que foi, pela primeira vez, dirigida por um português. Tiago Guedes programou espectáculos que admitiu terem uma “militância social forte” para abrir "novas formas de encarar o mundo" e quis mostrar “a diversidade do que é a dança contemporânea” e “suprimir a palavra elitismo” deste universo. Por que é que é um acto artístico, social e político: é social no sentido em que nós defendemos que a Bienal é uma bienal popular, para toda a gente, então se é um acto social, ela tem que verdadeiramente chegar para além daquelas pessoas que já estão conectadas para a dança. Político no sentido das escolhas, ou seja, quando programas, tu escolhes o que dás a ver ao público e isso é um acto da escolha e um acto político também do que é que a dança pode ser hoje na sociedade, ou seja, como é que nós podemos ver o mundo através de um lado mais sensível ou mais brutal, ver o mundo através dos corpos e da escrita dos artistas. Isso para mim é algo que me interessa muito e que eu acho que é muito necessário nos dias de hoje.Um dos espectáculos que esteve em cartaz na Bienal de Dança de Lyon foi “Liberté Cathédral”, do Tanztheater Wuppertal, a companhia fundada pela coreógrafa alemã Pina Bausch, que vai passar a contar com a bailarina cabo-verdiana Luciény Kaabral. O convite surgiu depois de ela ter participado na “A Sagração da Primavera”, com 38 bailarinos de 14 países africanos, na "École des Sables", no Senegal e que foi exibido no documentário "Dancing Pina", de Florian Heinzen-Ziob.O convite teve um peso simbólico porque Pina Bausch é “uma lenda” que acompanhou o percurso de Luciény Kaabral na dança e que a ensinou “a contar uma história verdadeira” com o corpo.Fazer o belo, fazer para mostrar bonito não é o objectivo. Podemos chegar lá - ou aos olhos dos espectadores podemos chegar lá - mas nós não estamos a dançar para alguém. Eu lembro-me do que ela já tinha dito, e foi repassado pelos bailarinos que trabalharam com ela, que é: 'Dança como se ninguém estivesse a ver'. Ou seja, é realmente de dentro para fora e, muitas vezes, lá nos ensaios, é exactamente o que nós passávamos. Tantas horas a repetir a mesma coisa, mas não é repetir a fazer a mesma coisa. É repetir até que o corpo sinta e grave aquela emoção que gera esse movimento e todas as partes do corpo estão envolvidas. Através da respiração eu conseguia atingir isso, mas só conseguia porque havia uma emoção por trás, havia um sentimento que nem sempre tem a ver com a história da peça, mas que tem a ver comigo mesma, com a forma como eu me sinto naquele dia. Por isso é que eu digo que é contar uma história verdadeira.Dança e teatro a contarem histórias e a fazerem história também em português. Este ano, pela primeira vez, o Festival de Avignon teve aos comandos um artista não francês. O encenador, actor e dramaturgo português Tiago Rodrigues fez do festival um “combate pela liberdade artística” em que a vulnerabilidade humana se transformou em força para inventar outras formas de se viver.Eu julgo que nós seguimos os artistas. Esse é um dos combates do Festival de Avignon. É o combate pela criação, pela liberdade artística e seguir as ideias e os desejos e as urgências dos artistas. Portanto, não havia um tema, à partida, que procurássemos. Hoje, olhando para esta programação, há uma espécie de estrutura que emerge, um fio invisível que atravessa toda a programação, que é a capacidade que têm os artistas e as artistas de observar a vulnerabilidade humana, seja a vulnerabilidade colectiva, social, económica ou a vulnerabilidade individual, íntima, emocional, biológica, e transformar essa vulnerabilidade em criação. Olhar para a fragilidade, para a dificuldade, para a complexidade e ver aí um território fértil para a invenção e, muitas vezes, a invenção de uma fantasia, de um imaginário de outras formas de vivermos.Liberdade foi também o mote do Mindelact, Festival Internacional de Teatro do Mindelo, na ilha de São Vicente, em Novembro. Em conversa com a RFI, após a abertura oficial do Mindelact 2023, o director artístico do Mindelact, João Branco, destacou que, pela primeira vez, a programação foi maioritariamente composta por espectáculos dirigidos e interpretados por mulheres. “Eu acho isso extremamente importante, para além das múltiplas temáticas que estão sendo desenvolvidas, falando um pouco da nossa história”, afirmou.A vulnerabilidade e a força humanas também estão nas páginas de “Misericórdia”, o romance da escritora portuguesa Lídia Jorge que conquistou, a 9 de Novembro, o Prémio Médicis Étranger, em ex-aequo com "Impossibles Adieux", da sul-coreana Han Kang. Lídia Jorge é a primeira autora de língua portuguesa distinguida com o galardão, criado em França em 1970. “Misericórdia” é o palco de "uma batalha humana" onde as pessoas enfrentam o desafio do tempo mesmo que sejam atiradas para “uma outra humanidade”.Nós temos a ideia de que, a partir de certa idade, as coisas se apoucam. Que os sentimentos se apoucam, que a vida não tem mais a vivacidade que tinha. A minha experiência é exactamente o contrário! Acho que as pessoas, porque são colocadas perante o desafio do tempo, acabam por engrandecer e por expandir aquilo que são, a parte sentimental. Em geral, há uma ideia de que as pessoas idosas funcionam como uma espécie de 'uma outra humanidade'. Não é, têm exactamente em tudo os mesmos sentimentos que, naturalmente, se tem. O Hotel Paraíso, onde tudo isto decorre, acaba por ser um palco de batalha ! Digamos da batalha humana com o que tudo acontece. Não só as memórias de quem lá está, mas também a reacção destas mesmas figuras em relação àquilo que está a acontecer no mundo. Portanto, é um sítio que funciona como uma espécie de "pára-raios" do tempo.Outro “palco de batalha” é o dos migrantes também “atirados”, muitas vezes, para caminhos de “uma outra humanidade”. As dores da emigração cabo-verdiana abriram a "Semana da crítica” do Festival de Cannes, com o filme "Ama Glória". A protagonista é Ilça Moreno Zengo para quem “o filme mostra a real história da emigração”.Também no Festival de Cannes, no encerramento da mostra ACID, consagrada ao cinema independente, esteve o filme “Nome” do cineasta guineense Sana Na N'Hada. Uma viagem até aos anos da luta de libertação da Guiné-Bissau que, a 24 de Setembro deste ano comemorou os 50 anos da independência. A ficção do filme conta com imagens dos arquivos da luta de libertação filmadas pelo próprio cineasta nos “tempos da luta”.Combater o racismo e empoderar as mulheres são linhas de força do sétimo álbum da cabo-verdiana Lura, “Multicolor”. A artista apresentou o disco em Paris em Outubro. "É o disco de uma Lura mais afirmativa, com uma consciência maior do que se passa à minha volta e este disco toca várias temáticas que me preocupam e fazem parte de mim, a questão da identidade, da auto-estima, empatia e importar-se com o outro. E a força da mulher na sociedade", declarou à RFI, em Paris.Também a cantora cabo-verdiana Elida Almeida lançou no final de Janeiro novo álbum. "Di Lonji" que quer respeitar a tradição, mas de braços abertos para as influências que também compõem a música de Cabo Verde.Guardo a minha tradição, mas porque não inovar, se estamos a falar de um dos povos mais mestiços do Mundo? A nossa música também veio desta mestiçagem, veio destas misturas. Cada vez que íamos para o Brasil, para o México, para a Europa, trazíamos alguma coisa a mais para a nossa música, então porque parar agora com esta fusão? Eu sou a favor de continuar a abrir as portas.A "maioria das portas" foi aberta pela "diva dos pés descalços" que é homenageada no documentário “Cesária Évora” que chegou às salas francesas no final de Novembro. Uma viagem à intimidade da cantora cabo-verdiana que conta com imagens inéditas e testemunhos dos que conheceram a artista. O filme foi realizado por Ana Sofia Fonseca que quis mostrar “a complexidade humana da Cesária”.
El 17 de diciembre del año 2011 murió en Mindelo, en la Isla de São Vicente, Cabo Verde, la cantante caboverdiana Cesária Évora.
A Praça Amílcar Cabral, na cidade do Mindelo, ilha de São Vicente, acolhe até este domingo, a 8ª edição da URDI – Feira do Artesanato e Design de Cabo Verde. Decorre sob o lema “Emigração na poética das ilhas”, onde busca reflectir sobre a condição atlântica dos ilhéus, intrinsecamente ligada às diversas influências culturais que moldaram as ilhas ao longo dos tempos. “É uma feira que incentiva a partilha do saber-fazer e troca de experiência para que haja uma união dos artistas que temos em Cabo Verde” refere a técnica do Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design, Elisangela Monteiro, afirmando que 145 artesãos dos 22 municípios de Cabo Verde participam da Feira do Artesanato e Design.Este ano, a URDI destaca os municípios do Tarrafal de São Nicolau e de São Filipe na ilha do Fogo, pela ligação histórica com a emigração, tendo em conta o lema “Emigração na poética das ilhas”.Em Tarrafal de São Nicolau, os primeiros emigrantes foram para São Tomé e Príncipe, de onde surgiu a inspiração para o compositor, natural da localidade de Praia Branca, Armando Zeferino Soares, da célebre morna interpretada por Cesária Évora - Sodade.O presidente da Câmara Municipal de Tarrafal de São Nicolau, José Freitas, disse que trouxe para a Feira do Artesanato e Design de Cabo Verde o melhor do Tarrafal de São Nicolau, como a farinha de mandioca, a farinha de pau e o atum enlatado.São Filipe, na ilha do Fogo, com a tradição de emigração para os Estados Unidos da América é o outro município em destaque na 8ª edição da URDI – Feira do Artesanato e Design de Cabo Verde. A vereadora da cultura da Câmara Municipal de São Filipe, Lia Barbosa, disse que a participação do município na URDI é uma mais-valia para os artesãos e também dar a conhecer as festas das bandeiras e dos santos que começam em Janeiro e vão até Dezembro, bem como o vinho do Fogo.Os artesãos que participam no certame consideram a URDI com sendo um espaço onde o artesão bem como o artesanato são dignificados. A programação 8ª edição da URDI – Feira do Artesanato e Design de Cabo Verde que é desenvolvida até este domingo das 9h às 22 horas é bastante diversificada, para além da feira em si e dos concertos musicais, na Praça Amílcar Cabral, inclui a exposição 6.1, enquadrada no “Salão created in Cabo Verde”, em que as peças do concurso de design dos anos anteriores estão expostas em diversas montras, na Rua de Lisboa.Este evento inclui igualmente a exposição “Pasárgada” do artista plástico cabo-verdiano residente na Escócia, Irineu Rocha que acontece na Gare Marítima do Porto Grande; a Urdi Júnior, em que alunos do 10º ao 12º anos de Artes e Design Gráfico, da Escola Industrial e Comercial do Mindelo, embarcam no tema da emigração, propondo a reflexão e reinterpretação criativa deste fenómeno.Noutro aspecto, a URDI abrange igualmente o Food Design com a gastronomia tradicional das ilhas, o Urdi Depôs d'Hora com as noites musicais nos espaços de diversão da ilha de São Vicente e ainda “Grandes Conversas” no Centro Cultural do Mindelo, que buscam reflectir sobre a arte e a criatividade relacionadas à emigração, explorando seu papel no desenvolvimento criativo.Podem percorrer a feira aqui em imagens:
Nous recevons la réalisatrice portugaise et cap-verdienne Ana Sofia Fonsaca pour le film « Cesaria Evora, la diva aux pieds nus » et Oriane Lacaille pour l'album iViV dans la #SessionLive. Cesaria est un mystère qui ne s'élucide pas d'après Lusafrica, lire la suite sur le site de son label.Patrick Chamoiseau écrit :Cesaria Evora est faite de cet humus dans le sec de ces sables. Ce n'est pas une biographie, c'est une révélation obscure, chargée de terre, de vie, de musiques, de simplicité, d'amitié, d'amour, d'interrogation et de lucidité. J'ai compris dans ces pages que Cesaria Evora est à elle seule une terre créole où la diversité des imaginaires et des hommes donnait naissance à une musique valable pour tous, là où la mélodie, l'harmonie et la polyrythmie ont rencontré les souffrances des hommes : creuset du blues, du jazz et de la morna. J'ai compris que Cesaria Evora est aussi une douleur, la sienne d'abord, celle de sa vie, de ses amours terribles, de cette ivresse destructrice qui suppléait aux bourgeons abîmés de l'espoir. Et cette vie familière des extrêmes parle à la nôtre en un direct sensible. Quand elle chante, elle vient avec une existence entière rescapée des bars sordides et des dorures factices de chez les grandes gens, dotores du Cap-Vert qui voulaient l'écouter. Elle vient aussi avec son exil immobile, ce but d'exil irrépressible qui maintenant gît en chacun de nous, îles en dérive dans le monde qui fait monde. Elle vient avec une incomparable tristesse envers le tout possible. Elle dit le bonheur perdu mais à portée de main. Elle dit la blessure nègre en absence et silence. Elle dit le souvenir en ses limons précieux. Elle dit la mort et l'oubli, la fidélité et la patience, la liberté offerte sur des vagues amères où l'on ose mettre le pied. Elle dit le monde ouvert des îles tellement peu clos, tellement livré aux métissages et aux souffles de la terre. Elle dit sous la fatalité, la joie, l'espoir, la force ronde, la patience aiguisée. Ses pieds sont nus, sa voix est nue, son cœur nu est offert dans la parure de toutes les grâces. Chez les êtres humains, Cesaria est une reine.Texte écrit par Patrick Chamoiseau, paru dans Le Monde, à propos de la publication de la biographie écrite par Véronique Mortaigne, peu après la sortie de l'album « Cabo Verde » en février 1997. En 2023, c'est au tour de la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca de raconter la Cesaria Evora qu'elle a découverte pendant 5 ans en regardant des kilomètres d'archives privées.« Mon film se compose d'images et de sons provenant de diverses sources, presque toutes issues d'archives privées. Grâce à ce film, j'ai rencontré des personnes exceptionnelles qui nous ont beaucoup aidés et nous ont fait confiance, en nous donnant accès à leurs souvenirs mais aussi à leurs archives. Je ne peux que les remercier. »Dans ce documentaire, la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca utilise de nombreux plans de coupe de paysages capverdiens.« Je crois qu'il est nécessaire de comprendre l'environnement d'une personne pour la connaître. En ce qui concerne Cesária, il s'agit du Cap-Vert et plus particulièrement, de l'île de São Vicente et plus encore, de la ville de Mindelo. On ne parle pas seulement du sol sur lequel elle a marché mais de l'air qu'elle a respiré. Elle est cette mer bleue, ces montagnes arides, ce vent. On retrouve Mindelo dans sa personnalité, sa manière d'être, son humour... »La traduction de Ana Sofia Fonseca est assurée par Elisabeth Perello. Titres joués : Mar Azul, Lagrimas Negras Feat. Compay Segundo, Petit Pays, Sodade, Carnaval de São Vicente.Sortie en salle le 29 novembre 2023, bande annonce. Puis nous recevons Oriane Lacaille dans la #SessionLive pour la sortie de l'album iViV. Oriane Lacaille était prête sans le savoir. Quand elle rembobine la genèse d'iViV, le premier album sous son nom, elle décrit une étincelle qui a allumé un feu de joie. Notez le graphisme du titre, avec ses « i » comme des allumettes et ses « V » comme des flammes : iViV (Ça vit, en créole) consume un héritage, deux identités, trois musicien(ne)s et une brassée de rencontres pour alimenter le brasier. La chaleur du foyer procure son réconfort, son halo suggère une spiritualité et on y danse autour. Le feu couvait depuis longtemps. Il trouve son origine dans une maison haut-savoyarde remplie d'instruments lointains. Oriane y a grandi, après que ses parents eurent quitté La Réunion à la faveur de la nomination de sa mère comme professeure de français dans un lycée d'Annemasse. Son père a suivi. L'accordéoniste René Lacaille forme, avec Alain Péters et Danyèl Waro, le triangle rénovateur des musiques insulaires dans les années 1970. Le triangle est aussi la première percussion dont Oriane – née en 1986 – s'empare quand elle est enfant. Suivent les maracas, la clave, le kayamb et tout ce qui lui tombe entre les mains. Mais elle rêve d'abord d'être chanteuse : dans la génération précédant la sienne, le métier de musicienne n'est pas encore accessible aux femmes réunionnaises et ses tantes n'ont pas le droit de toucher aux instruments que tous ses oncles pratiquent avec son grand-père. Oriane et ses cousines plus âgées avant elle, sont les premières qui, grâce aux changements de mentalités obtenues de haute lutte par leurs aînées, ont la chance de perpétuer la tradition familiale.Dans le clan Lacaille, Oriane est le métronome : son sens du rythme est implacable et, dès ses 13 ans, elle devient le socle du groupe paternel. Durant les vacances scolaires puis à plein temps après son Bac, la percussionniste-choriste parcourt le monde avec son père qui improvise en intégrant des ingrédients avec la même générosité que quand il cuisine le cari ou le rougail dans ses marmites. Oriane, qui ne chante qu'en créole jusqu'à ses 20 ans, côtoie des artistes caribéens, africains, japonais ou indiens, intègre le jazz et les musiques de bal, sans dévier du ballant métronomique qui lui confère une sensation d'enracinement. Les racines d'Oriane Lacaille font le grand écart entre une mère métropolitaine et un père créole réunionnais. Elle se dit « Zoréol », moitié zoreil moitié créole, deux identités reliées par un fil sur lequel elle a longtemps cherché l'équilibre. De cette bâtardise assumée, elle embrasse aujourd'hui la richesse extraordinaire : ses deux cultures et ses deux langues sont au cœur d'iViV. Titres interprétés au Grand studio- iViV Live RFI- Lam La Mer Feat. Loy Erhlich et René Lacaille, extrait album iViV- Kaf Do Lo Live RFI.Line Up : Oriane Lacaille : chant, ukulélé soprano, diatonique et baryton, aouicha, kayanm, tambour, Heloïse Divilly : chant, batterie, kayanm, percussions, Yann-Lou Bertrand : chant, contrebasse.Son : Jérémie Besset & Mathias Taylor.► Album iViV (Ignatub - MDC - Pias2023)Réalisation : Hadrien Touraud.
Nous recevons la réalisatrice portugaise et cap-verdienne Ana Sofia Fonsaca pour le film « Cesaria Evora, la diva aux pieds nus » et Oriane Lacaille pour l'album iViV dans la #SessionLive. Cesaria est un mystère qui ne s'élucide pas d'après Lusafrica, lire la suite sur le site de son label.Patrick Chamoiseau écrit :Cesaria Evora est faite de cet humus dans le sec de ces sables. Ce n'est pas une biographie, c'est une révélation obscure, chargée de terre, de vie, de musiques, de simplicité, d'amitié, d'amour, d'interrogation et de lucidité. J'ai compris dans ces pages que Cesaria Evora est à elle seule une terre créole où la diversité des imaginaires et des hommes donnait naissance à une musique valable pour tous, là où la mélodie, l'harmonie et la polyrythmie ont rencontré les souffrances des hommes : creuset du blues, du jazz et de la morna. J'ai compris que Cesaria Evora est aussi une douleur, la sienne d'abord, celle de sa vie, de ses amours terribles, de cette ivresse destructrice qui suppléait aux bourgeons abîmés de l'espoir. Et cette vie familière des extrêmes parle à la nôtre en un direct sensible. Quand elle chante, elle vient avec une existence entière rescapée des bars sordides et des dorures factices de chez les grandes gens, dotores du Cap-Vert qui voulaient l'écouter. Elle vient aussi avec son exil immobile, ce but d'exil irrépressible qui maintenant gît en chacun de nous, îles en dérive dans le monde qui fait monde. Elle vient avec une incomparable tristesse envers le tout possible. Elle dit le bonheur perdu mais à portée de main. Elle dit la blessure nègre en absence et silence. Elle dit le souvenir en ses limons précieux. Elle dit la mort et l'oubli, la fidélité et la patience, la liberté offerte sur des vagues amères où l'on ose mettre le pied. Elle dit le monde ouvert des îles tellement peu clos, tellement livré aux métissages et aux souffles de la terre. Elle dit sous la fatalité, la joie, l'espoir, la force ronde, la patience aiguisée. Ses pieds sont nus, sa voix est nue, son cœur nu est offert dans la parure de toutes les grâces. Chez les êtres humains, Cesaria est une reine.Texte écrit par Patrick Chamoiseau, paru dans Le Monde, à propos de la publication de la biographie écrite par Véronique Mortaigne, peu après la sortie de l'album « Cabo Verde » en février 1997. En 2023, c'est au tour de la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca de raconter la Cesaria Evora qu'elle a découverte pendant 5 ans en regardant des kilomètres d'archives privées.« Mon film se compose d'images et de sons provenant de diverses sources, presque toutes issues d'archives privées. Grâce à ce film, j'ai rencontré des personnes exceptionnelles qui nous ont beaucoup aidés et nous ont fait confiance, en nous donnant accès à leurs souvenirs mais aussi à leurs archives. Je ne peux que les remercier. »Dans ce documentaire, la journaliste et réalisatrice Ana Sofia Fonseca utilise de nombreux plans de coupe de paysages capverdiens.« Je crois qu'il est nécessaire de comprendre l'environnement d'une personne pour la connaître. En ce qui concerne Cesária, il s'agit du Cap-Vert et plus particulièrement, de l'île de São Vicente et plus encore, de la ville de Mindelo. On ne parle pas seulement du sol sur lequel elle a marché mais de l'air qu'elle a respiré. Elle est cette mer bleue, ces montagnes arides, ce vent. On retrouve Mindelo dans sa personnalité, sa manière d'être, son humour... »La traduction de Ana Sofia Fonseca est assurée par Elisabeth Perello. Titres joués : Mar Azul, Lagrimas Negras Feat. Compay Segundo, Petit Pays, Sodade, Carnaval de São Vicente.Sortie en salle le 29 novembre 2023, bande annonce. Puis nous recevons Oriane Lacaille dans la #SessionLive pour la sortie de l'album iViV. Oriane Lacaille était prête sans le savoir. Quand elle rembobine la genèse d'iViV, le premier album sous son nom, elle décrit une étincelle qui a allumé un feu de joie. Notez le graphisme du titre, avec ses « i » comme des allumettes et ses « V » comme des flammes : iViV (Ça vit, en créole) consume un héritage, deux identités, trois musicien(ne)s et une brassée de rencontres pour alimenter le brasier. La chaleur du foyer procure son réconfort, son halo suggère une spiritualité et on y danse autour. Le feu couvait depuis longtemps. Il trouve son origine dans une maison haut-savoyarde remplie d'instruments lointains. Oriane y a grandi, après que ses parents eurent quitté La Réunion à la faveur de la nomination de sa mère comme professeure de français dans un lycée d'Annemasse. Son père a suivi. L'accordéoniste René Lacaille forme, avec Alain Péters et Danyèl Waro, le triangle rénovateur des musiques insulaires dans les années 1970. Le triangle est aussi la première percussion dont Oriane – née en 1986 – s'empare quand elle est enfant. Suivent les maracas, la clave, le kayamb et tout ce qui lui tombe entre les mains. Mais elle rêve d'abord d'être chanteuse : dans la génération précédant la sienne, le métier de musicienne n'est pas encore accessible aux femmes réunionnaises et ses tantes n'ont pas le droit de toucher aux instruments que tous ses oncles pratiquent avec son grand-père. Oriane et ses cousines plus âgées avant elle, sont les premières qui, grâce aux changements de mentalités obtenues de haute lutte par leurs aînées, ont la chance de perpétuer la tradition familiale.Dans le clan Lacaille, Oriane est le métronome : son sens du rythme est implacable et, dès ses 13 ans, elle devient le socle du groupe paternel. Durant les vacances scolaires puis à plein temps après son Bac, la percussionniste-choriste parcourt le monde avec son père qui improvise en intégrant des ingrédients avec la même générosité que quand il cuisine le cari ou le rougail dans ses marmites. Oriane, qui ne chante qu'en créole jusqu'à ses 20 ans, côtoie des artistes caribéens, africains, japonais ou indiens, intègre le jazz et les musiques de bal, sans dévier du ballant métronomique qui lui confère une sensation d'enracinement. Les racines d'Oriane Lacaille font le grand écart entre une mère métropolitaine et un père créole réunionnais. Elle se dit « Zoréol », moitié zoreil moitié créole, deux identités reliées par un fil sur lequel elle a longtemps cherché l'équilibre. De cette bâtardise assumée, elle embrasse aujourd'hui la richesse extraordinaire : ses deux cultures et ses deux langues sont au cœur d'iViV. Titres interprétés au Grand studio- iViV Live RFI- Lam La Mer Feat. Loy Erhlich et René Lacaille, extrait album iViV- Kaf Do Lo Live RFI.Line Up : Oriane Lacaille : chant, ukulélé soprano, diatonique et baryton, aouicha, kayanm, tambour, Heloïse Divilly : chant, batterie, kayanm, percussions, Yann-Lou Bertrand : chant, contrebasse.Son : Jérémie Besset & Mathias Taylor.► Album iViV (Ignatub - MDC - Pias2023)Réalisation : Hadrien Touraud.
Com o objectivo de homenagear e eternizar, na Rua de Lisboa, no coração da cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente, ilustres da arte e cultura cabo-verdiana, o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas criou o “Passeio Alma das Ilhas”. Até este momento, 51 nomes de figuras cabo-verdianas estão fixados na Rua de Lisboa. Em conversa com a RFI, Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, começou por explicar como surgiu a ideia de fazer o "Passeio Alma das Ilhas" na Rua de Lisboa.“A ideia era fazer um passeio de estrelas. Um passeio de consagração dos grandes nomes imitando o passeio da fama de Hollywood, Los Angeles, com as estrelas, coisa básica. No entanto, a equipa do CNAD - Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design – em parceria com o Atelier Pika Pedra veio com a ideia por que não homenagear Cesária Évora na sua ilha. Fizeram várias propostas sempre com Cesária Évora como figura central, guia para o ‘Passeio Alma das Ilhas' foi assim que nasceu o primeiro protótipo. Cada uma das pedras têm uma história com as pedras das ilhas e várias tonalidades mais bronze com a ideia de consagrar algo que apesar de ser usado no dia-a-dia, pisado, um pouco maltratado está presente no convívio do Mindelo, na Rua de Lisboa. Começamos com o nome dos imortais, pessoas que não tínhamos dúvidas de que estamos consagrados para sempre. A começar pelos que já faleceram e pouco a pouco ir introduzindo nomes de pessoas que estão vivas. Faltam ainda muitos nomes. Nós já ocupamos apenas um lado da estrada, mas a ideia é ocupar os dois lados da Rua de Lisboa e dar a volta se for necessário. O objectivo principal é que a Câmara Municipal de São Vicente tome posse do projecto para ser municipal, na perspectiva que a Rua de Lisboa um dia se torne uma via pedonal”, disse o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente.O símbolo escolhido para o "Passeio Alma das Ilhas", foi o pé, que representa a “Diva dos pés descalços”, Cesária Évora que recai, também, sobre a representatividade do percurso tanto da cultura pela via da simplicidade, como o do homem e da mulher cabo-verdiana nas suas lutas, conotado pela simbologia da resistência e resiliência, feito pelo Atelier Piká Pedra. Abraão Vicente disse que Cesária Évora foi um pretexto para homenagens aos grandes nomes de Cabo Verde, como músicos, compositores, cantores, escritores, cientistas, jornalistas, artistas plásticos e tantos outros que podem vir a ser homenageados no "Passeio Alma das Ilhas".“A Cesária Évora é somente um pretexto, o artesão Albertino Silva quando apresentou a imagem do pé era para fazermos algo com as características da ilha, com alguma identidade nacional, nós podíamos optar por algum muito simples, uma estrela, eu achei brilhante a ideia do Albertino Silva de usar a figura principal que internacionalizou a música cabo-verdiana, mas um pouco do percurso do povo cabo-verdiano. Cesária é pretexto para fazer esta homenagem com esse formato e não copiarmos taxativamente a ideia americana, por isso, Cesária é um pretexto” disse Abraão Vicente acrescentando que junto a cada nome será colocado um QR Code, que direcciona os visitantes para uma página com informações do artista, em português, francês e inglês.De entre os 51 nomes afixados no "Passeio Alma das Ilhas" da Rua de Lisboa, para além de Cesária Évora estão nomes de Codê di Dona, Celina Pereira, Luís Morais, Manuel D'Novas, Tito Paris, Tazinho, Paulino Vieira, Morgadinho, Nha Nacia Gomi, Bela Duarte, Orlando Pantera, Luísa Queiroz, Alex Silva, Travadinha, Dona Tututa, Vasco Martins, Oswaldo Osório, Aurélio Gonçalves, João Vário, D'Novas, Corsino Fortes, Bana, Titina, Ti Goi, Jorge Barbosa, Baltazar Lopes, Ildo Lobo, Eugénio Tavares, B.Leza, Ana Procópio, Maria Bárbara, Armando Tito, Luís Romano, Bibinha Cabral, Betú, Luís Rendall, Ano Nobu, Humbertona, Norberto Tavares, Ovídio Martins, Armênio Vieira, Manuel Figueira, Ntoni Denti D'Oru, Orlando Pantera, Jorge Barbosa, Vasco Martins, Aurélio Gonçalves, Jotamont, Titina, Katchás, Frank Cavaquinho e Germano Almeida.Ao ser abordado pela RFI, o escritor e prémio Camões de 2018, Germano Almeida, que ao longo desta semana foi homenageado em São Vicente pela extensão da Escritaria, o festival literário de Penafiel, em Portugal, refere estar feliz por ter o seu nome no “Passeio Alma das Ilhas” porque, a seu ver, é uma forma de lembrar a todos que São Vicente é uma ilha de cultura.“Acho que é sobretudo uma forma de nos lembrar que São Vicente é uma ilha de cultura e que tem gente que se lembrou de dar a conhecer a cultura cabo-verdiana, não somente a cultura mindelense, mas é uma ilha com cultura muito própria” disse Germano Almeida que disse que fica “muito contente, mas o mais importante é Cabo Verde, as nossas ilhas através dos seus filhos” disse o escritor Germano Almeida.O Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente disse que Cabo Verde ensaiou “uma espécie de Passeio da Fama com alguns nomes da diáspora mas a ideia é estender todo o passeio na rua de São Bento, em Lisboa”.A ilha de São Nicolau também conta com o seu passeio, denominado “Passeio Artístico”. Iniciativa da Câmara Municipal de Tarrafal de São Nicolau que contou com parceria do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas.Foram colocados 10 nomes de músicos daquela ilha: Paulino Vieira, Toy Vieira, Toy Djack, Toy Domingos, Vicente Cabral, Matias Santos Vieira, Maninho Almeida, Armando Cabral, Armando Zeferino e Francisco Santiago.A concepção deste “Passeio Artístico” contou com parceria financeira do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, no âmbito de um protocolo assinado entre o titular da pasta da cultura e das indústrias criativas, Abraão Vicente e o presidente da Câmara Municipal de Tarrafal, José Freitas, em Março deste ano.O projecto "Passeio Alma das Ilhas" da Rua de Lisboa está inserido num programa maior do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, que consiste na colocação de bustos de grandes nomes da cultura cabo-verdiana em pontos estratégicos dos municípios, nalguns casos já conta com o envolvimento das autarquias locais.Confiram aqui alguns dos nomes dos homenageados do “Passeio Alma das Ilhas”:
Kathleen from Plenty of Sunshine Travel met with Tammy from MSC for this week's cruise chat. If you found value in this video and wish to help this channel. You can send a donation using this link ~ https://bit.ly/KathleenPenner. I have had the privilege of meeting with MSC several times. Here is the playlist. Welcome to a World of Privacy and Luxury. From its elegant suites to its round-the-clock butler service and concierge reception, the MSC Yacht Club offers the kind of first-class experience expected by the most discerning travellers. Environmental excellence Self-sufficient with potable water production, advanced wastewater treatment, solar panels and zero single-use plastic. Year-round cruises in the Caribbean with four ships in summer 2024, three embarkation ports, and brand-new itineraries Caribbean cruises from Port Miami (MSC Seascape and MSC Magnifica) New itineraries to Bermuda or Canada/New England from New York City (MSC Meraviglia) 3 to 7-night cruises from Port Canaveral/Orlando (MSC Seashore) All ships from Northern American ports call at Ocean Cay MSC Marine Reserve. Year-round in the Western Mediterranean. 10 Ships in the summer of 2024, up to 21 Embarkation Ports New Itineraries with Various cruise lengths, from mini to 7-night and longer. Ships in the Med. from April 2024: MSC World Europa MSC Seashore MSC Fantasia MSC Grandiosa MSC Orchestra MSC Poesia MSC Seaside MSC Splendida MSC Seaview MSC Sinfonia . Grand Voyages in 2023 & 204 in a nutshell. There are 37 Voyages vs 2024 Voyages in 2022 & 2023 17 Ships vs 15 Ships in 2022 & 202310 to 30 Nights vs 13 to 30 Nights in 2022 & 2023 Asia, Africa, Europe America 35 Countries vs 50 Countries in 2022 & 2023. The Chance to make a dream come true! MSC World Cruise 2025. On MSC Magnifica. You will visit these ports. AITUTAKI, MOOREA PAPEETE, MARSEILLE, BARCELONA, CASABLANCA, MINDELO, GENOA, CIVITAVECCHIA, NAPLES MESSINA, ALEXANDRIA, SUEZ CANAL TRANSIT, AQABA, SHARM EL-SHEIKH, SAFAGA, BOUNTY, BAY PASSAGE, HANGA ROA VALPARAISO, RAROTONGA, SALVADOR DE BAHIA/RIO DE JANEIRO, BUENOS AIRES, PUERTO MADRYN, PHUKET PENANG, COLOMBO, PORT KLANG, TAURANGA, SINGAPORE, AUCKLAND, BROOME, BAY OF ISLANDS, CHRISTCHURCH, FREMANTLE, SYDNEY, PUERTO MONTT, PUERTO CHACABUCO, USHUAA, STANLET PENNESHAW, ADELAIDE MELBOURNE, EDEN, MILFORD SOUND (cruising Fiordland Park), NAPIER, BUNEDIN. 116 nights, 4 continents, 50 destinations, 7 overnights. The MSC World America is Debuting in Miami in spring 2025, but Reservations for her are open! . Quick Facts of World America Number of staterooms: 2,626 Number of guests: 6,762 Length | Beam | Height: 1,093ft| 154ft|220ft Public space: 430,000 ft Speed (Max): 21.8/22.7 knots. MSC WORLD AMERICA 7 NIGHTS OR 14 NIGHTS From Miami On Saturdays April to October 2025 Miami (Florida) Ocean Cay, MSC Marine Reserve, Bahamas, Cozumel Mexico, Costal Maya, Puerto Plata, Dominican Republic, Isla De Roatan, Honduras, san Juan, Puerto Rico. . Cruise Hospitality and Formula 1 Packages in Abu DhabiCabin Only PackageCabin + F1 Ticket PackageCabin + F1 Experience PackageCabin + F1 Premium Hospitality Package. If you want to learn more about MSC or any other cruise lines I have met with. Please get in touch with me at info@PlentyofSunshineTravel.com. You can also fill out this simple form https://bit.ly/3mxFUNd, and I will get back to you. . Subscribe to our channel and hit the notification bell to ensure you catch all upcoming cruise videos. Click HERE to see the images on this week's episode. Search #PlentyofSunshineTravel on Facebook or Instagram to see our posts. . . . #MSC #formula1 #msccruise #msccruises #mscandformula1 #CruiseSpecialist #Cruise #CruiseGuru #TravelAgent #luxurytravel --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/cruisingthewavespodcast/message
Hoje, mergulhamos no universo musical de Kavita Shah, jovem cantora, compositora e estudiosa de etnografia musical de Nova Iorque, com origens indianas. Formada em Harvard e fluente em 9 línguas, nomeadamente o francês, o espanhol, o português e o crioulo de Cabo Verde, Kavita Shah poderia ser descrita como uma pessoa guiada pela curiosidade. A sua curiosidade por outros mundos e outras culturas, uma curiosidade alimentada por uma infância numa família de editores indianos estabelecidos na Big Apple, vai levá-la muito nova a aprender o piano e a cantar num coro, antes de se impregnar das sonoridades dos lugares que vai conhecendo mais tarde, como o Brasil ou ainda Cabo Verde.Cerca de 10 anos depois do primeiro disco com sonoridades jazz intitulado "Visions" e depois também de participar noutros projectos, Kavita Shah acaba de lançar nestas últimas semanas o seu novo disco, "Cape Verdean Blues", que como o nome indica é o fruto das suas andanças em Cabo Verde.Antes de falarmos deste trabalho cuja musa é Cesária Évora e aquela suave nostalgia a que chamamos "saudade", decidimos fazer o percurso que levou Kavita Shah até Cabo Verde, porque o que interessa não é só o destino, é também a própria viagem. Uma viagem cuja primeira etapa foi o"Young People's Chorus of New York City", o coro infantil de Nova Iorque, quando tinha dez anos. Uma escolha "natural", conta Kavita Shah."Eu acho que foi uma coisa muito natural. Isso vinha de mim. Eu soube do coro através da minha escola que tinha um programa de música e o meu professor tinha dado um 'flyer' com informações para esse coro. Cheguei a casa, dei para os meus pais e todos os dias perguntava aos meus pais 'já ligaram ao coro? Já marcaram entrevista?' e eles respondiam 'ainda não, ainda não, vou fazer'. Eu, aos dez anos, não podia esperar mais e liguei. Acho que era uma vontade muito grande dentro de mim, era uma coisa de que precisava", conta a artista.Ao recordar o seu primeiro contacto com a lusofonia, a cantora diz que foi através de uma canção brasileira aprendida na escola que, meses depois, acabou por cantar num palco, durante uma viagem a Goa. Era ainda uma menina."Os meus professores eram muito abertos ao mundo (...) uma canção que nos ensinaram foi samba de Orfeu de Luís Bonfa. Eles escreveram num português de maneira muito visível em inglês com 'K', 'Kero viver, Kero sonhar'. Então, tinha aprendido esta música, logo antes de ir ao coro, tinha 9 anos, e naquele verão eu fui à Índia com a minha família, para as férias (...). A minha família é de Mumbai, então passamos férias em Mumbai e fomos quatro ou cinco dias a Goa. Foi o meu primeiro contacto com um lugar lusófono (...). Como eu tinha conhecimento daquela canção, num barco turístico, eu subi ao palco onde estava um guitarrista e eu disse 'olha, sei cantar uma canção em português. Posso cantar contigo?'. Eu tenho uma foto daquela noite, comigo cantando (...).É muito mágico pensar nisso porque eu tinha apenas 9 anos", lembra a cantora.Anos depois, então estudante de literatura, Kavita Shah, vai morar uns tempos para o Brasil. Esse período vai marcar uma viragem em vários sentidos, nomeadamente porque é nessa altura que vai assistir a um espectáculo que vai mudar a sua vida, um concerto de Cesária Évora."A Cesária veio cantar num festival de consciência negra no Brasil que decorria ao lado da minha casa. Eu já conhecia umas músicas dela, gostava muito, sentia que era interessante e diferente das outras músicas lusófonas que conhecia na altura, sobretudo brasileiras. Vê-la ao vivo, depois, foi outra coisa. Ela era uma artista muito especial, ela era muito confortável com ela mesma, estava descalça, bebendo Uísque, fumando, não estava a sorrir, não estava a dançar, não estava a fazer entretenimento. Ela só cantava do coração. Eu senti a autenticidade dela, a humanidade dela e ver uma mulher negra, forte, com aquela postura séria era para mim muito impactante", recorda a cantora que daí por diante, vai querer conhecer melhor as sonoridades de Cabo Verde.Uma música cantada por Cesária Évora, 'Sodade' vai tocar numa corda sensível de Kavita Shah que vai incluir esse título no primeiro álbum "Visions" em 2014, bem como no seu novo trabalho "Cape Verdean Blues"."'Sodade' virou um hino pessoal para mim (...), porque, só me dei conta disso muitos anos depois, acho que a sensação de saudade é uma sensação universal para quem, como eu, vive dentro de várias culturas, vive num espaço entre as coisas. Eu cresci com um sentimento de saudade na minha casa, que era uma saudade de um lugar que já não existe, a Índia dos meus pais, dos meus avós, que já não tinha aquela conexão (...). Depois, eu perdi o meu pai, eu tinha só 18 anos, ele era muito jovem, ele tinha só 46 anos, e logo depois, os meus quatro avós faleceram e eu não tenho irmãos, então foi muito súbito que eu perdi quase toda a minha família. Tinha saudade não só da cultura, mas também da minha vida", confessa a artista.O sonho de conhecer Cabo Verde acontece finalmente em 2016. Aí, vai conhecer a família musical de Cesária Évora, nomeadamente o guitarrista Bau."Fui para fazer uma pausa da vida de Nova Iorque. Fui lá para conhecer, com uma mente aberta (...). Foi por coincidência que logo depois que eu cheguei, conheci o Bau que era não só director musical da Cesária Évora mas é um dos guitarristas mais importantes da tradição, sobretudo a Morna (...). Ele transmitiu isto para mim e nós íamos desenvolvendo um trabalho juntos, mas foi só para o prazer, para trocar ideias, para cantar juntos. Eu ia para a casa dele e passávamos horas a falar sobre música, a tocar várias coisas, a explorar", recorda Kavita Shah ao contar que foi um amigo que sugeriu a ideia de fazer um disco a partir das suas sessões de pesquisa com Bau.Para além do conhecido guitarrista, "Cape Verdean Blues" também conta com os contributos dos artistas cabo-verdianos Miroca Paris e Fantcha, este disco colorindo com os tons da 'Morabeza" músicas vindas de outros horizontes, como "Flor de Lis" do artista brasileiro Djavan e "Chaki Ben", uma canção de embalar tradicional indiana. "Gosto muito de cantar esta canção com pessoas de outras culturas porque é uma canção fácil, dá para qualquer música entrar naquilo. É uma maneira de compartilhar a minha cultura, a minha família, com qualquer músico com quem esteja a trabalhar", diz a compositora.Com 12 faixas, o disco tem estado a ser apresentado em concertos nos Estados Unidos e em Portugal, antes de seguir para Cabo Verde. Kavita Shah vai actuar nos dias 10 e 11 de Novembro na Cidade da Praia e no dia 17 no Mindelo antes de cantar no dia 2 de Dezembro na sala do "Bal Blomet" aqui em Paris.Apesar de um ritmo "um bocadinho intenso, com muitos concertos", Kavita Shah tem outro horizonte, longínquo, mas que guarda num cantinho da mente: um disco que gravou há tempos com o seu quinteto. As sonoridades são jazz, com sabor a viagem."É um disco com muita inspiração da Índia e de uma viagem que eu fiz às aldeias ancestrais que estão na costa de Gujarate. Tive a sensação, quando eu fui lá, que eu já conhecia estas aldeias, mesmo que fosse a primeira vez que eu estava a ver, que estava conhecendo este lugar (...). Tive a sensação de que o meu caminho para conhecer a "minha saudade", para conhecer as minhas raízes, era normal não ir directamente de Nova Iorque para a Índia. Era normal para mim, ir através do Brasil, através de Cabo Verde, através de Portugal, através da França, para finalmente chegar lá. Era uma maneira de reconstruir a sensação de lar, a sensação de casa", diz a artista referindo contudo que, para já, não perde o foco. "Acho que vou precisar limpar um pouco a mente antes de mergulhar no mundo desse outro disco. Agora, estou 100% focada na música cabo-verdiana", diz num sorriso.
Descobri è l'album di debutto di Bertania Almeida, cantante capoverdiana di sicuro talento: lo pubblica Harmonia, l'etichetta di José da Silva, il manager e produttore discografico che ha costruito il successo internazionale di Cesaria Evora. Fino ad ora Bertania, che vive a Mindelo, la città di Cesaria nell'isola di Sao Vicente, ha cantato solo per passione, mentre di professione è architetto, e ha avuto una notorietà poco più che locale: se si deve giudicare dalla classe che mostra in Descobri c'è da sperare che le si apra una vera carriera musicale.
Nous sommes le 17 décembre 2011, il est 17h23. Dans l'hôpital de Baptista de Sousa, sur l'île de Sao Vicente, une famille entoure le lit d'une grande chambre lumineuse. Sur le lit, une vieille dame intubée tente d'adresser ses dernières paroles aux quelques proches qui l'accompagnent. Seulement dehors, sur le parvis de l'hôpital de Sousa qui surplombe la baie de Mindelo, c'est tout un pays qui retient son souffle. Son icône nationale, la chanteuse Cesaria Evora, est en train de rendre son dernier soupir. Mindelo, Cap Vert, le 17 décembre 2011. Il est 17h23 : c'est l'Heure H de mon histoire. Merci pour votre écoute Retrouvez l'ensemble des épisodes de l'Heure H sur notre plateforme Auvio.be : https://auvio.rtbf.be/emission/22750 Et si vous avez apprécié ce podcast, n'hésitez pas à nous donner des étoiles ou des commentaires, cela nous aide à le faire connaître plus largement.
A bailarina cabo-verdiana Luciény Kaabral vai integrar a companhia fundada pela coreógrafa alemã Pina Bausch, uma das referências da dança contemporânea. O convite surgiu depois de ter participado no projecto de recriação da peça de Pina Bausch, “A Sagração da Primavera”, com 38 bailarinos de 14 países africanos. O processo de criação, na "École des Sables", no Senegal, é retratado no documentário "Dancing Pina", de Florian Heinzen-Ziob, exibido este sábado, na cidade da Praia. Luciény Kaabral tem 22 anos, começou a dançar no grupo cabo-verdiano Raiz Di Polon aos 17 e fez o primeiro espectáculo aos 18 anos. No final do ensino secundário, estava à espera de uma bolsa de estudo para estudar medicina em Portugal, mas acabou por abraçar o caminho da dança que hoje descreve como “uma forma de devoção”. Foi, então, estudar para a Escola Superior de Dança, em Lisboa, com o apoio do programa Procultura que apoia artistas dos PALOP e Timor-Leste.Em 2019, Luciény Kaabral foi à audição para uma recriação da peça de Pina Bausch “Sagração da Primavera” e acabou por integrar o grupo de 38 bailarinos de 14 países africanos, dirigidos por bailarinos da companhia fundada pela coreógrafa alemã, o Tanztheater Wuppertal Pina Bausch. O grupo ensaiou durante meses na célebre "École des Sables", no Senegal, mas a pandemia impediu o arranque da digressão e só um ano e seis meses depois é que a peça estreou em Madrid, em Setembro de 2021. Dos 38 bailarinos, até agora, só a cabo-verdiana foi convidada a integrar a companhia actualmente dirigida pelo coreógrafo Boris Charmatz.O convite tem um peso ainda mais simbólico porque Pina Bausch é “uma lenda” que acompanhou o percurso de Lucieny na dança e que a ensinou “a contar uma história verdadeira” com o corpo.“Fazer o belo, fazer para mostrar bonito não é o objectivo. Podemos chegar lá - ou aos olhos dos espectadores podemos chegar lá - mas nós não estamos a dançar para alguém. Eu lembro-me do que ela já tinha dito, e foi repassado pelos bailarinos que trabalharam com ela, que é: 'Dança como se ninguém estivesse a ver'. Ou seja, é realmente de dentro para fora e, muitas vezes, lá nos ensaios, é exactamente o que nós passávamos. Tantas horas a repetir a mesma coisa, mas não é repetir a fazer a mesma coisa. É repetir até que o corpo sinta e grave aquela emoção que gera esse movimento e todas as partes do corpo estão envolvidas. Através da respiração eu conseguia atingir isso, mas só conseguia porque havia uma emoção por trás, havia um sentimento que nem sempre tem a ver com a história da peça, mas que tem a ver comigo mesma, com a forma como eu me sinto naquele dia. Por isso é que eu digo que é contar uma história verdadeira”, explicou a bailarina à RFI, na entrevista que pode ouvir aqui.Luciény Kaabral é uma das vozes do documentário "Dancing Pina", de Florian Heinzen-Ziob, que retrata o processo de recriação de duas peças de Pina Bausch: “A Sagração da Primavera”, na "École des Sables", onde Luciény ensaia ao lado de bailarinos de toda a África, e “Ifigénia entre os Tauros”, ensaiada pela companhia de bailado da Semperoper, na Alemanha. No filme, a cabo-verdiana recorda que a pessoa com quem começou a dançar no grupo Raiz Di Polon, o bailarino Nuno Barreto, lhe falava constantemente de Pina Bausch e, desde então, vê a coreógrafa, falecida em 2009, como “uma lenda”.“Comecei em 2018 a trabalhar com o bailarino Nuno Barreto, que faz parte da Raiz Di Polon, e ele chamava-me muito à atenção no sentido de que dançar não é reproduzir um determinado movimento, não é copiar. Tens que realmente procurar as emoções que são reais e, com isto, trabalhar o movimento porque, aí sim, é real. Então, sempre quando ele insistia nessa questão e eu não estava a compreender, ele mostrava os vídeos da Pina Bausch, os bailarinos da Pina Bausch e os ensaios dela. Eu sempre admirava muito o que ela fazia porque eram pequenos gestos do quotidiano que nem sequer ligamos, mas ela consegue tornar aquilo dança. Então, ela sempre esteve presente desde o início na forma como eu vejo a dança. (…) Para mim, Pina Bausch é sem dúvida uma referência de dança, uma lenda quase”, conta Luciény Kaabral.O documentário "Dancing Pina" é exibido este sábado [9 de Setembro] na Praia, na ilha de Santiago, e no dia 15 de Setembro no Mindelo, na ilha de São Vicente, na presença da bailarina que se encontra em Cabo Verde, este mês, no âmbito de vários projectos, entre criações coreográficas, workshops e oficinas. O filme estreou em França em Abril deste ano e vai estar disponível nas plataformas VOD na próxima terça-feira, 12 de Setembro.
Os presento a Txus. Un grande en todos los sentidos. Risueño, encantador y comprometido. Éste es el proyecto en el que colabora: Somos estos: https://www.facebook.com/Euskal-Trenbideetako-Langileak-Mugarik-Gabe-1054985084528169/ Y este es el Proyecto en Cabo Verde. https://www.espacojovemsv.org A estas familias nos dedicamos: https://instagram.com/espacojovemsv?igshid=OGRjNzg3M2Y= https://www.facebook.com/EspacoJovemSV "Espaço Jovem SV", un Centro Juvenil y Social de la ciudad de Mindelo en la Isla de São Viçente de Cabo Verde.
Os presento a Txus. Un grande en todos los sentidos. Risueño, encantador y comprometido. Éste es el proyecto en el que colabora: Somos estos: https://www.facebook.com/Euskal-Trenbideetako-Langileak-Mugarik-Gabe-1054985084528169/ Y este es el Proyecto en Cabo Verde. https://www.espacojovemsv.org A estas familias nos dedicamos: https://instagram.com/espacojovemsv?igshid=OGRjNzg3M2Y= https://www.facebook.com/EspacoJovemSV "Espaço Jovem SV", un Centro Juvenil y Social de la ciudad de Mindelo en la Isla de São Viçente de Cabo Verde.
Voilier, le magazine pour les passionnés de voile de Bateaux.com
Sao Nicolao et Sao Vicente font partie du groupe Nord-Ouest du Cap-Vert, appelé Barlavento pour bien indiquer leur position "au vent". Quand Sao Nicolao invite à plonger dans les coutumes et les traditions, Sao Vincente, terre natale de Césaria Evora et la ville de Mindelo sont une escale musicale et technique recherchée 👉 Lire l'article et voir les photos. En savoir plus sur les sujets abordés dans cet épisode : Cap-Vert Le magazine Bateaux.com apporte un éclairage nouveau aux plaisanciers au travers de 12 chaines d'information : Voilier.com MotorBoat.fr SemiRigide.com Multicoque.com Regate.com NavigationFluviale.com GrandeCroisiere.com Conseils Techniques Equipement et Accastillage SuperYachts.fr Culture Nautique GlisseNews.com Avec une diffusion en 5 langues (Français 🇫🇷, Anglais 🇺🇸, Allemand 🇩🇪, Italien 🇮🇹 et Espagnol 🇪🇸) et un lectorat reparti dans plus de 140 pays 🌍, Bateaux.com est considéré comme la première commaunauté de plaisanciers avec le réseau social dédié au nautisme Yacht-Club.com. Bateaux.com est édité de concert avec le magazine BoatIndustry.fr à destination des professionnels de la plaisance 🇫🇷, qui se décline à l'international avec BoatIndustry.de pour l'allemand 🇩🇪, BoatIndustry.com pour l'anglais 🇺🇸, BoatIndustry.es pour l'espagnol 🇪🇸 et BoatIndustry.it pour l'italien 🇮🇹. ✉️ N'hésitez pas à nous envoyer un commentaire ou une news en cliquant ici. 👉 Et n'oubliez pas de laisser 5 étoiles si l'information vous a plu 🙏.
Eventyrer på nye eventyrFra en støyende kafé i byen Mindelo på Kapp Verde, drøyt 70 mil vest for Dakar, treffer vi på Kjell-Harald Myrseth og seilbåten Snyspurven. På forhånd må vi beklage den noe støyende atmosfæren. En støy som Kjell-Harald og seilpartner Miriam ikke er like vant til. For da de i sommer seilte rundt Svalbard, var det knakingen fra isfjell og tassing fra isbjørnføtter de lyttet varsomt etter.Reisen er måletEtter noen vanskelige år med korona, solgte Kjell-Harald alt han eide, inkludert 25 grønlandshunder, for å kjøpe seilbåten «Snyspurven» og legge ut på tur. Først gikk det i jakt og fiske nord i Norge, før kursen ble satt sørover mot Danmark. Deretter nordover og helt rundt Svalbard, før kompasset igjen pekte sørover mot Afrikas kyst. Snart går turen mot Sør-Amerika, der han skal snuse på både Andesfjella og Patagonia.To døgn fanget i snøorkanI denne episoden er vi også innom hendelsen der Kjell-Harald nesten mistet livet i en ekstrem storm. Han grov seg fem snøhuler, men vinden filte all snø av fjellet. Etter over to døgn ble han omsider funnet. Da var hodet helt innpakket i snø som hadde festet seg i lua og skjegget.– Jeg hadde sikkert fem kilo med is og snø rundt hodet, sier Myrseth i dag, som er glad han berget livet – og takknemlig for de som bidro under redningsaksjonen.På vei sørover, savner Kjell-Harald kulda, fjellene og snøen – og ser fram til nye opplevelser både i Sør-Amerika og kanskje lenger nord på det amerikanske kontinentet. Du kan følge reisen til Kjell-Harald og Miriam på YouTube og Instagram.HØR OGSÅ: Polarkokken Adolf Henrik Lindstrøm - med pannekaker og godt humør kommer man langtLev livet villere!Bli gjerne med i vår nye Facebook-gruppe for Podkasten Villmarksliv.Støtte Podkasten Villmarksliv ved å abonner på Villmarksliv, Jakt eller Alt om fiske.Vil du ha et gratis nyhetsbrev fra bladene Villmarksliv, Jakt og Alt om Fiske? Meld deg på her!Du kan lytte til Podkasten Villmarksliv på:SpotifyPodkaster for iPhoneGoogle Podcasts Hosted on Acast. See acast.com/privacy for more information.
Criado pela startup Chuva, no Mindelo, o Ping permite fazer pagamentos e transferências por telemóvel.
Kathleen from Plenty of Sunshine Travel met with Lori from Holland America for this week's cruise chat. . Lori did an excellent brand overview and discussed the advantages of cruising with Holland America. . Holland America has 11 ships currently in their fleet. With Holland's indoor music walk, you can dance the night away to any style of music that fits you. . If you prefer a quiet side of life, you can go to their library and borrow a book. Holland has amazing restaurants for those of us who love food! From Steakhouses to Italian, Holland has it all! . Holland has great Alaska cruises, and you need to stay in Alaska for a few days before or after your cruise to experience Alaska the way it is meant to be experienced. I LOVE the 28-Day Alaska Arctic Circle Solstice Itinerary. This cruise is only offered once, and we need to go! It visits SEATTLE, Ketchikan, Wrangell, Sitka, Juneau, Prince Rupert, TRACY ARM FJORD, Haines, Skagway, Hubbard Glacier, Glacier Bay National Park, Valdez, Prince Wiliam Sound, Dutch Harbor. Kodiak, Homer. Anchorage, Seward, Nome, College Fjord, Little Diomede Island. This goes above the arctic circle. You will see so much of Alaska! . Another Itinerary only offered once is ~ Canada, New England, with Iceland. This visits: Boston, Massachusetts, US, Portland, Maine, US, Sydney, Nova Scotia, Canada, Corner Brook, Newfoundland, Canada, Red Bay, Labrador, Canada, Qaqortoq, Greenland, Cruising Prince Christian Sound, Isafjordur, Iceland, Akureyri, Iceland, eydisfjordur, Iceland, Djupivogur, Iceland, Reykjavik, Iceland, Grundarfjordur, Iceland, Nanortalik, Greenland, St Anthony, Newfoundland, Canada, St Johns, Newfoundland, Canada, Saint Pierre And Miquelon, Halifax, Nova Scotia, Canada, Bar Harbor, Maine, US, Boston, Massachusetts, US. . How about a 73-day Grand Africa Voyage? So often we don't think about combining cruises and safari but Holland has put those two together for us! This cruise goes to: Fort Lauderdale, Florida, US, Funchal (Madeira), Portugal, Arrecife, Lanzarote, Canary Islands, Spain, Agadir, Morocco, La Goulette (Tunis), Tunisia, Souda (Chania), Greece, Limassol, Cyprus, Suez Canal At Port Said, Transit The Suez Canal, Sharm El Sheikh, Egypt, Aqaba (For Petra), Jordan, Safaga, Egypt, Crossing The Equator, Victoria, Mahe, Seychelles, Zanzibar, Tanzania, Mamoudzou, Mayotte, Andoany (Hell-Ville), Nosy-Be, Madagascar, Maputo, Mozambique, Richards Bay, South Africa, Cape Town, South Africa, Luderitz, Namibia, Walvis Bay, Namibia, Luanda, Angola, Takoradi, Ghana, Abidjan, Ivory Coast, Banjul, Gambia, Dakar, Senegal, Mindelo, Cape Verde, San Juan, Puerto Rico, Fort Lauderdale, Florida, US. or a 73 day Grand South America and Antarctica voyage. Half Moon Cay, Tortola, Grand Cayman, Dominicam Barbados, Puerto Limón, Tobago, Devil's Island, PANAMA CANAL, Boca da Valeria, EQUATOR, Manta (Quito), Manaus, Fortaleza, Guayaquil (Quito), AMAZON RIVER, Santarém, Salaverry (Trujillo), Parintins, Alter do Chão, Callao (Lima), General San Martin (Pisco), A Salvador da Bahia, Coquimbo (La Serena), San Antonio (Santiago), lela Rébincon Cruceo, Buenos AiresArmação dos Búzios, Rio de Janeiro-Punta del Este, Montevideo, Castro, CHILEAN FJORDS, AMALIA OR BRUJO GLACIER, SARMIENTO CHANNELSTRAIT OF MAGELLAN, COCKBURN & BEAGLE CHANNELS, GLACIER ALLEY, Ushuaia, CAPE HORN/DRAKE PASSAGE, Punta Stanley, Falkland Islands. . . If you want to learn more about Holland America or any other cruise lines I have met with. Please get in touch with me at info@PlentyofSunshineTravel.com. You can also fill out this simple form https://bit.ly/3mxFUNd, and I will get back to you. . If you want see this video HERE is our YouTube Channel . Search #PlentyofSunshineTravel on Facebook or Instagram to see our posts. . . . #Holland #HollandAmerica #exploretheocean #HollandAmericaTravelAgent #travelagent #CruiseSpecialist #Cruise #CruiseGuru #TravelAgent #CanadianTravelAgent
Episode 133In episode 133, Chris updates us on his recent voyage and lectures on Queen Victoria, Baz wins this weeks Fact or Fiction and of course another week of news from the global cruise industry. Listener Garry sends shares images of Queen Victoria and MSC Poesia both in Sydney as part of their respective world cruises.Support the showListen, Like, Subscribe & Review on your favourite podcast directory.Share the podcast with someone you think will enjoy the showBuy Me A Coffee – This podcast is only possible thanks to our supporters, simply buying a coffee keeps us on air. It is just like shouting your mate a coffee, and we consider our listeners close mates. https://bit.ly/2T2FYGXSustainable Fashion – choose a TBCP design or design your own… all using organic cotton, green energy and zero plastic https://bit.ly/32G7RdhRun for a Reason – This year Chris will Run for a Reason, raising money for the Type 1 Diabetes Family Centre. The Family Centre is a unique WA based home away from home for people with type 1. The team work alongside people living with type 1 diabetes, to support them to live a full and rewarding life. Donations can be made here: https://lnkd.in/gjs7jXXjCruise NewsCunard announces Queen Anne's maiden visit to Australia as part of its 2024/25 Australia and New Zealand seasonQueen Elizabeth's record 131-day residency features circumnavigation of Australia, new sailings to Queensland and the South PacificEmbark on an extraordinary adventure next year thanks to luxury cruise line Cunard's new 2024/25 programme featuring Queen Elizabeth's highly anticipated Australia and New Zealand season and Alaska sailings, Queen Anne's maiden world voyage and a South American adventure aboard Queen Victoria.Queen Elizabeth – from Alaska to AustraliaDeparting from Vancouver on a series of voyages between May and September 2024, Queen Elizabeth invites guests to immerse themselves in a world of skyscraper-tall glaciers and mirror-like waters. Guests can discover the vibrant cultures and local traditions. A number of voyages visit the jewel in Alaska's crown, the Glacier Bay National Park, and Hubbard Glacier, another stunning highlight.Following her Alaska season, Queen Elizabeth will sail from San Francisco via Hawaii and Samoa to New Zealand and Australian shores (Q430), where she will spend a record 131 days. From early October 2024, she will embark on a series of extraordinary voyages from Sydney. Highlights include a 30-night Australian Circumnavigation (Q431B) calling into capital cities and hidden regional gems such as Broome whilst offering plenty of time to enjoy Cunard's signature experiences on board. The sought-after Christmas and New Year's voyage to New Zealand (Q501) is a journey of celebrations featuring a traditional Cunard Christmas and the opportunity for guests to be amongst the first in the world to welcome the new year during an overnight stay in Auckland. In addition to stunning Tasmania, Queensland and New Zealand itineraries, the 15-night South Pacific sailings (Q504) is a fantastic way to explore magnificent Fiji, Vanuatu and New Caledonia.Queen Elizabeth will then head to Japan, where highlights include a nine-night Golden Week voyage and a 19-night Grand Voyage to Nagasaki, Yokohama – the gateway to neon-lit Tokyo, and Osaka.Queen Anne's maiden calls Down UnderCunard's latest programme will also include a number of firsts for its newest ship Queen Anne, including her maiden visit to Australia and New Zealand.In January 2025, Queen Anne will embark on her first-ever World Voyage. Guests can experience the trip of a lifetime, spending 107 nights on board, visiting more than 30 ports in five continents (H504C). Nine overnight calls are also included, in ports such as San Francisco, Honolulu and Singapore, offering guests further opportunities to explore these destinations.From Honolulu, Queen Anne will make her way to Auckland via Samoa and Tonga, before crossing to Sydney (H506C, Auckland to Sydney, five nights) and sailing along Australia's magnificent east coast to Hong Kong with maiden calls in Brisbane, the Whitsunday Islands, Cairns and Darwin (H507, Sydney to Hong Kong, 19 nights).All four QueensInspired by the ever popular three Queens phenomenon, Cunard now offers a trip of a lifetime across all four Queens. Guests can join an extraordinary 38-night adventure starting in the European summer with a voyage around the Mediterranean on board Queen Victoria (V414C), then embarking on Cunard's new ship Queen Anne (H414B) for a voyage from Rome to Southampton before taking an iconic Transatlantic Crossing on Cunard's flagship Queen Mary 2 (M418). After sailing into New York as dawn breaks, guests will then fly to Vancouver to finish the final leg of the Four Queens Adventure by exploring glaciers, wildlife and the jaw dropping terrains of Alaska, with 10 nights on Queen Elizabeth (Q421).Queen Mary 2 and Queen VictoriaBetween January and May 2025, the fleet's flagship Queen Mary 2 will combine her unique Transatlantic Crossings with visits to multiple sun-kissed destinations across Europe and the Americas, while Queen Victoria embarks on an incredible 78-night South American adventure from Southampton to the warm shores of Brazil, Chile, and Ecuador (V503B).The programme includes over 130 voyages to 159 destinations across Cunard's four Queens, including 30 maiden calls for Queen Anne and five fleet maiden calls for Queen Elizabeth. Queen Elizabeth's Australia voyages will be available to book from 9am AEDT on 15 March 2023 exclusively for Cunard World Club Members. General sale of Queen Elizabeth's Australia residency begins at 9am AEDT on 16 March 2023. All other voyages will be available to book from 12am AEDT on 16 March exclusively for Cunard World Club Members. General sale begins at 12am AEDT on 17 March.P&O Cruises announces new entertainment partner and Arvia godmotherNicole Scherzinger to create spectacular shows for P&O Cruises and name new ship Arvia Multi award-winning performer Nicole Scherzinger is to create spectacular music and dance extravaganzas for P&O Cruises in an exclusive entertainment partnership.As part of a wider collaboration, the lead singer of one of the world's biggest girl bands, The Pussycat Dolls, will also name P&O Cruises newest ship Arvia in a world-first beachside ceremony on March 16, 2023 in Barbados.Arvia's naming ceremony will be broadcast live on YouTube on Thursday March 16, 2023 at 7pmTo watch the event live on YouTube please go to – https://bit.ly/arviasnamingceremonyMore details of the shows to be created by Nicole Scherzinger on Arvia and Iona will be revealed later this year.Carnival adds fourth ship to Galverston Carnival Cruise Line announced today it is expanding its offerings in Galveston, Tex., by bringing a fourth ship, Carnival Miracle, to the port that will offer Texas-sized sailings of nine-, 10-, 11- and 12 days beginning in the fall of 2024 through spring 2025. Reservations for these departures are now open for sale.Carnival Miracle will reposition from San Francisco to Galveston on Oct. 1, 2024, and operate a spectacular Carnival Journeys voyage that visits Cabo San Lucas, Mexico; Puntarenas, Costa Rica; Cartagena, Colombia; and a Panama Canal transit.Once in Galveston, Carnival Miracle will offer a series of 19 cruises beginning on Oct. 16, 2024. A sampling of some of the new itineraries now open for sale include:Nine-Day Exotic Western Caribbean Sailing departs Oct. 16, 2024, with stops in Montego Bay, Jamaica; Grand Cayman, Cayman Islands; Mahogany Bay, Isla Roatan; Belize; and Cozumel, Mexico.10-Day Panama Canal Sailing departs Nov. 15, 2024, featuring stops in Cozumel, Mexico; Limon, Costa Rica; Colon, Panama (and tours of the Panama Canal); and Mahogany Bay, Isla Roatan.11-Day Exotic Caribbean Sailing departs Nov. 25, 2024, with visits to Montego Bay, Jamaica; Amber Cove; Grand Turk; Princess Cays and Nassau, The Bahamas.12-Day Carnival Journeys Southern Caribbean Sailing departs Jan. 26, 2025, and visits Grand Cayman, Cayman Islands; Aruba; Bonaire; Curacao; Cozumel. Mexico.The 2,200-guest Carnival Miracle recently completed a dry dock where Carnival's stunning new red, white and blue livery was added to the ship's hull. The livery serves as an homage to the patriotic colors that also represent Carnival, which proudly sails as America's Cruise Line. Carnival Miracle features many of the signature venues guests know and love – from Guy's Burger Joint to the BlueIguana Cantina, the RedFrog and Alchemy bars, as well as WaterWorks Aqua Park and The Punchliner Comedy Club.Carnival Miracle will further diversify Carnival's deployment from Galveston, joining Carnival Breeze, which offers four- and five-day cruises; Carnival Dream, which sails mostly six- and eight-day cruises, and the new Excel-Class Carnival Jubilee featuring a rollercoaster, which arrives this December to begin week-long Western Caribbean sailings.Carnival Legend to Visit Renowned Destinations from Three European Homeports in 2024Carnival Cruise Line announced today it will expand its offering of seasonal European sailings in 2024 and opened reservations for a series of 17 cruises that will take guests to some of the world's most picturesque seaports aboard Carnival Legend. Once the 2024 Europe season is completed, Carnival Legend will mark its return to the U.S. at a new homeport in Tampa, Florida.Carnival Legend's European series begins with a 12-day Transatlantic cruise from Baltimore, Md, on April 15, 2024. This sailing will include visits to Ponta Delgada, Azores, Portugal; Malaga and Valencia, Spain.From Europe, the ship will operate a wide range of itineraries for guests who want to explore the distinctive beauty and rich culture of the region from three homeports in three different countries: Barcelona, Spain, Civitavecchia (Rome), Italy; and Dover (London), United Kingdom. Among the many sensational itineraries to choose from are:Eight-Day Mediterranean Sailing departs Barcelona, Spain on May 30, 2024, and visits Malta; Messina (Sicily), Italy; Naples (Capri/Pompeii), Italy; Rome (Civitavecchia), Italy; Livorno (Florence/Pisa), Italy; and Toulon (Provence), France.Nine-Day Western Europe Sailing departs Barcelona, Spain on June 7, 2024, and visits Malaga, Sevilla (Cadiz), and La Coruña, Spain; Lisbon and Leixões (Porto), Portugal; and Le Havre (Paris), France.Nine-Day British Isles Sailing departs Dover, UK on June 28, 2024, and visits Holyhead, Wales, UK; Glasgow (Greenock), Scotland; Belfast, Northern Ireland; Liverpool, England; Dublin (Dun Laoghaire) Ireland; and Cork (Cobh), Ireland.12-Day Iceland Sailing departs Dover, UK on July 7, 2024, and visits Dublin (Dun Laoghaire) Ireland; Belfast, Northern Ireland; Reykjavik, Iceland; Grundarfjordur, Iceland; Akureyri, Iceland; Seydisfjordur, Iceland; and Invergordon, Scotland.10-Day Greek Isles Sailing departs Civitavecchia (Rome), Italy on Aug. 27, 2024, and visits Mykonos, Greece; Kusadasi (Ephesus), Turkey; Santorini, Greece; Athens, Greece; Katakolon, Greece; Messina (Sicily) and Naples (Capri/Pompeii), Italy.Carnival Legend will sail Europe throughout the summer season and into the fall, departing Civitavecchia (Rome), Italy on Oct. 26, 2024, and visiting Cartagena, Spain; Funchal (Madeira) and Ponta Delgada (Azores), Portugal before crossing the Atlantic and stopping in Nassau, The Bahamas before arriving at the ship's new homeport of Tampa, Fla.The 2,200-guest Carnival Legend features several accommodation options, including 50 suites and more than 630 balcony staterooms. Guests will find many of the signature venues they know and love on board – from Guy's Burger Joint to the BlueIguana Cantina, the RedFrog and Alchemy bars, as well as WaterWorks Aqua Park and The Punchliner Comedy Club.In addition, Carnival Glory will sail a 14-day Transatlantic voyage on April 18, 2024, that features several popular European destinations, including Valencia, and Las Palmas (Canary Islands), Spain, before arriving to its new homeport of Port Canaveral, Fla.AIDA call in St. Johns / AntiguaIt's not something you see every day: on February 27, 2023, not one but three AIDA cruise ships moored in the port of St Johns on the Caribbean island of Antigua.The voyages of the three sister ships AIDAdiva, AIDAluna and AIDAperla, which all spend the winter months in Caribbean waters, intersected with each other for once last Monday. The spectacle was not only an exciting event for the guests, the captains also enjoyed the encounter very much: Captain Panagiotis Mantzavinos of AIDAdiva, Captain Sven Gärtner of AIDAluna and Captain Pedro Ziegler of AIDAperla took the opportunity for a meeting among colleagues. The ships' crew organized a party for the guests on the pier with music, drinks and even a FitforDrums workshop.Fred. Olsen Cruise Lines unveils brand new 106-night ‘Voyage of ExplorationDeparting from Southampton on 6th January 2025, flagship Bolette will follow a similar route to the first world circumnavigation by explorers Magellan and Elcano in 1519.The cruise, which will take guests to destinations including Brazil, Argentina, French Polynesia, Mauritius and South Africa, will also cruise the south coast of Australia as British navigator Matthew Flinders did in 1801, and will call into places visited by the likes of Captain James Cook and Alexander Selkirk – the Scottish Sailor who was the inspiration for the Robinson Crusoe novel.Itinerary: Southampton, England – Funchal, Madeira – Mindelo, São Vicente, Cape Verde – Rio de Janeiro, Brazil – Montevideo, Uruguay – Buenos Aires, Argentina – Cruising Magellan Strait – Punta Arenas, Chile – Cruising by Cape Deseado – Cruising Chilean Fjords – Castro, Chile – Valparaiso, Chile – Robinson Crusoe Island, Chile – Cruising by Alejandro Selkirk Island – Hanga Roa (Easter Island), Chile – Cruising by Pitcairn Island – Papeete, Tahiti, French Polynesia – Bora Bora, Society Islands, French Polynesia – Rarotonga, Cook Islands – Crossing the International Date Line – Nuku'alofa, Tonga – Sydney, Australia – Hobart, Tasmania, Australia – Melbourne, Australia – Albany, Australia – Fremantle (Perth), Australia – Port Louis, Mauritius – Port Réunion, Réunion Island – Gqeberha, South Africa – Cape Town, South Africa – Walvis Bay, Namibia – Jamestown, St Helena – Cruising by Ascension Island – Dakar, Senegal – Arrecife, Lanzarote – Lisbon, Portugal – Southampton, EnglandAnd moreJoin the show:If you have a cruise tip, burning question or want to record a cruise review get in touch with us via the website https://thebigcruisepodcast.com/join-the-show/ Guests: Chris Frame: https://bit.ly/3a4aBCg Chris's Youtube: https://www.youtube.com/c/ChrisFrameOfficialListen & Subscribe: Amazon Podcasts: https://amzn.to/3w40cDcApple Podcasts: https://apple.co/2XvD7tF Audible: https://adbl.co/3nDvuNgCastbox: https://bit.ly/2xkGBEI Google Podcasts: https://bit.ly/2RuY04u I heart Radio: https://ihr.fm/3mVIEUASpotify: https://spoti.fi/3caCwl8 Stitcher: https://bit.ly/2JWE8Tz Pocket casts: https://bit.ly/2JY4J2M Tune in: https://bit.ly/2V0Jrrs Podcast Addict: https://bit.ly/2BF6LnE Hosted on Acast. See acast.com/privacy for more information.
Ce 103e épisode de Pos. Report reçoit deux invités, qui ensemble, ont pris la quatrième place de la première étape de The Ocean Race entre Alicante et Mindelo, au Cap Vert, à bord de Biotherm, l'Imoca de Paul Meilhat, à savoir Anthony Marchand et Amélie Grassi. Cette dernière commence par faire une petite carte postale du Cap Vert, avec une escale particulière dans le sens où les équipes techniques n'ont pas le droit de monter à bord, charge aux équipages de bricoler ce qui doit l'être, ce qui a été fait à bord de Biotherm, avant de se consacrer, à partir de ce mardi, à la préparation météo de la deuxième étape qui part mercredi en fin de journée. Anthony Marchand revient ensuite sur la première étape, avec notamment une sortie de Méditerranée au près dans 60 nœuds qui a mis à mal les organismes, puis une descente au débridé vers le Cap Vert, pendant laquelle la vie à bord a encore été “hostile”, ce qui lui fait dire que cette entrée en matière était “engagée”. D'où le choix de l'équipage de ménager la monture “car on ne voulait surtout pas avoir de problème technique ; sur cette course qui est très longue, il faut prendre soin du bateau, encore plus en Imoca.” Le résultat de l'étape est jugé satisfaisant, l'ancien figariste estimant que les objectifs vont devenir de plus en plus élevés au fur et à mesure de la course, l'équipage découvrant le plan Verdier, mis à l'eau fin août dernier. Les deux marins racontent ensuite comment la vie à bord s'est organisée et la difficulté de se faire à manger ou de dormir sur un foiler lancé à pleine vitesse - “C'est très ingrat, ça m'a un peu surpris”, confie Anthony Marchand -, ce qui a d'ailleurs occasionné quelques brûlures avec de l'eau bouillante sur cette étape initiale pour Boris Herrmann, skipper de Malizia-Seaexplorer, et Damien Seguin à bord de Biotherm. Ils évoquent ensuite la deuxième étape à venir, 4 600 milles jusqu'au Cap, avec un équipage inchangé, mais également leurs programmes respectifs pour la suite de The Ocean Race, qu'ils ne disputeront pas en intégralité, chacun ayant son propre projet en parallèle. Pour Anthony Marchand, ce sera l'Ultim Actual, dont il a récemment été promu skipper à la place d'Yves Le Blevec, ce dernier se concentrant sur la direction du team Actual. Il explique comment cette transmission s'est effectuée : “Après la Route du Rhum, Yves m'a posé la question, j'ai eu le convoyage retour pour y réfléchir, il fallait cocher les cases”. Proche de l'équipe Actual - elle est la fille de Sandrine Bertho, directrice de projet et par ailleurs compagne d'Yves Le Blevec -, Amélie Grassi estime que ce passage de témoin s'est fait “naturellement, avec bienveillance et en harmonie avec l'équipe”. Le nouveau skipper d'Actual raconte ensuite comment il compte préparer le grand défi à venir, l'Arkea Ultim Challenge-Brest (départ le 7 janvier 2024), son objectif étant de “gravir petite colline par petite colline”. Amélie Grassi, après avoir dressé le bilan de sa saison 2022 en Class40 faite de “hauts et de bas”, dont un démâtage sur la Route du Rhum, évoque quant à elle la suite de ce projet sous les couleurs de La Boulangère Bio - jusqu'à fin 2024 -, avec une rentrée prévue sur Les Sables-Horta en juin, puis la préparation de la Transat Jacques Vabre, deux courses qu'elle disputera avec une équipière prochainement annoncée. L'avenir plus lointain ? L'ex étudiante en droit social n'exclut rien, entre Ultim, Imoca et autres rêves de large… Diffusé le 24 janvier 2023 Générique : Fast and wild/EdRecords Post-production : Grégoire Levillain
No âmbito do programa de celebração do Centenário de Amílcar Cabral que se assinala em 2024, a Fundação Amílcar Cabral, em parceria com a Fundação alemã Rosa Luxemburgo, promove a partir desta quarta-feira até ao dia 9 de Dezembro no Auditório do Centro Cultural do Mindelo, em Cabo Verde, o “Cinema-Debate Amílcar Cabral”. Durante este evento que é pensado para ser itinerante, vão ser promovidos debates e vão igualmente ser projectados 3 filmes alusivos à figura de Amílcar Cabral e à luta pela independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau: "O nascimento de uma Nação", um filme sueco datando de 1973, "Spell Rell", uma co-produção da Alemanha, Portugal, França e Guiné-Bissau elaborada em 2017 a partir de imagens de arquivo e "O Regresso de Amílcar Cabral", documentário de 1976 no qual trabalhou nomeadamente o realizador guineense Flora Gomes. Esta iniciativa proposta nomeadamente pela arquitecta angolana e comissária de exposições Paula Nascimento assenta igualmente no trabalho desenvolvido pela historiadora cabo-verdiana Ângela Coutinho. Em entrevista à RFI, esta investigadora ligada à Universidade Nova de Lisboa começa por evocar a génese deste projecto, a necessidade dos jovens abraçarem a História do seu país. Ao recordar que Amílcar Cabral, cujo activismo impulsionou a luta pela libertação de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, "é considerado como um dos maiores intelectuais de África do século XX", Ângela Coutinho refere que com este evento "pretende-se interpelar os mais jovens que em Cabo Verde, nos PALOP e em África em geral, têm estado um pouco alheados da História mais recente. As projecções servirão como forma de tentar cativar o interesse destes jovens e, para isso, contamos com equipas de vários académicos e artistas que têm reflectido sobre este legado". Ao evocar o volumoso acervo de documentação audiovisual que existe pelo mundo fora sobre Amílcar Cabral e a luta de libertação, a historiadora refere que "há muitas imagens que não têm sido divulgadas ao grande público. Alguns destes filmes, até hoje, ainda não foram traduzidos para a língua portuguesa. Durante estes dias, vamos fazer um resumo em língua portuguesa. Há ainda este trabalho a ser feito". Pouco antes do lançamento deste evento, a estudiosa admite que é a concretização de uma aspiração muito profunda. "Comecei a investigar este tema há quase trinta anos por iniciativa própria porque eu queria saber mais da minha história. Desde essa altura que tenho a ambição de partilhar as minhas reflexões e preocupações com os meus conterrâneos e concidadãos, porque é uma história que diz respeito a todos", refere Ângela Coutinho. O "Cinema-Debate Amílcar Cabral" arranca esta quarta-feira a partir das 18 horas locais no Auditório do Centro Cultural do Mindelo, na ilha cabo verdiana de São Vicente.
Dans ce 81ème épisode, Fatou-Maty raconte sa découverte du Cap-Vert
A aliança anglo-portuguesa comemora 650 anos – mas ela existiu mesmo ou é um mito? E ainda: o desembarque do Mindelo, que mudou o rumo das guerras liberais em 1832.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O cabo-verdiano Jorge Humberto promove este sábado, 7 de Maio, em Montreuil, perto de Paris, o seu mais recente trabalho discográfico. "Ôjemdia", estreado em Fevereiro, trata-se do oitavo álbum do "Trovador do Mindelo", que passando por Portugal se instalou na região de Paris. Cremilda Medina sobe também ao palco para abrilhantar a noite. A RFI acolheu o artista para falar do seu disco, do seu concerto, e da sua carreira de quase 30 anos. Acompanhe aqui uma música ao vivo na RFI de "Ôjemdia" de Jorge Humberto: "Sima quem ka querê nada".
2022
2022
2022
Manuel d' Novas foi um dos mais importantes trovadores de Cabo Verde e o compositor preferido de Cesária Évora, Bana, Ildo Lobo, entre outros. O seu filho, Neu Lopes, descreve-o como “um dos maiores compositores de sempre de Cabo Verde” e foi para o homenagear que realizou o documentário “Manuel d´Novas – Coração de Poeta”. "O Manuel d'Novas foi um dos maiores compositores de sempre de Cabo Verde. É um nome que está por detrás de várias músicas, de vários artistas, incluindo Cesária Évora. É um dos compositores mais profícuos e aquele que abordou praticamente quase tudo o que diz respeito a Cabo Verde”, resume Neu Lopes, realizador do documentário “Manuel d´Novas – Coração de Poeta”. “O meu pai é um herói nacional. Para mim é uma figura proeminente e é uma das figuras que, tal como Cesária Évora, é mais importante do que o Presidente da República praticamente (…) Para sempre vai-se falar do Manuel d'Novas”, continua o cineasta. Foi com a ternura de filho e a curiosidade de realizador que Neu Lopes decidiu homenagear Manuel d' Novas, um dos mais importantes e prolíficos compositores de Cabo Verde e o preferido de Cesária Évora, Bana e Ildo Lobo. Além da homenagem, o cineasta quis fazer “um documento para a posteridade” porque ainda não havia nenhum filme sobre Manuel d´Novas, de forma a que também “as pessoas passassem a conhecer um dos compositores que estavam por detrás de Cesária Évora, por exemplo”. “Há pessoas que dizem que o Manuel – e isso é uma grande verdade – revolucionou a morna, revolucionou a forma de fazer a coladeira. Ele seguiu, antes, compositores como o Ti Goi ou o Frank Cavaquinho, por exemplo, mas depois começou a fazer uma coisa que é própria dele. O Manuel conseguiu conquistar um espaço na cena musical cabo-verdiana que mais nenhum músico conseguiu até hoje”, conta o realizador. Apesar de ter nascido na ilha de Santo Antão, Manuel d' Novas é considerado um filho do Mindelo, na ilha de São Vicente, onde, por todo o lado, vários indícios apontam para a sua influência ainda tão presente. Em causa, provavelmente, a intemporalidade das suas músicas, como explica Neu Lopes. “A sua técnica é quase cinematográfica. Ele consegue transcrever exactamente o que se passa - não só o que sente, mas também o que se passa - e transforma aquilo praticamente em imagens e em sons que a pessoa, quando está a ouvir a música, está a viver no presente momento o que está a acontecer. Muitas dessas músicas são intemporais porque aconteceu antes mas está a acontecer agora e já sabemos que poderá vir a acontecer outra vez.” Por outro lado, ao retratar a cabo-verdianidade, Manuel d´Novas acabou por moldar essa mesma identidade. “Ele abarcou praticamente todos os temas, todos os assuntos com que o cabo-verdiano se identifica. A saudade, a emigração, o desejo de ir mas terá que regressar - para regressar tem de ir, como diz aquela morna - o amor, o amor à pátria, a nossa vivência mesmo. Depois, nas coladeiras sobretudo, ele mostra as nossas paródias, a nossa vivência, o nosso humor, a crítica social. Ele vai para a parte social, vai para a parte política (...) O Manuel d'Novas tem uma obra que é histórica”, sublinha Neu Lopes. O compositor escrevia em terra e no mar, aproveitando todos os espaços para absorver e criar. “Há pessoas que diziam que Manuel d'Novas é um profeta porque profetizava coisas e falava de assuntos que iam acontecer porque ele tem uma análise que vem das nossas raízes, foi um homem muito viajado, passou por muitos portos, conviveu com várias pessoas de todos os cantos do mundo praticamente. E outra coisa: ele praticamente esteve preso, o mar era praticamente como uma prisão. Quando passas meses e não tocas em portos, ou tocas num e não entras, é como uma prisão. Mas é uma prisão que ele soube aproveitar para a sua criatividade”, acrescenta o filho. A isso soma-se “aquele sentimento de saudade, de querer voltar à terra, de querer colaborar com alguma coisa mesmo estando fora”. Por isso, aproveitava ainda mais quando estava em terra firme. O documentário “Manuel d´Novas – Coração de Poeta” venceu os prémios “Melhor longa documental” e “Revelação Nacional” no Plateau – Festival Internacional de Cinema da Praia, em 2020. Neu Lopes é também um dos fundadores da Osga Filmes, uma associação fundada em 2015 que tem produzido vários filmes.
2022
Esta é uma história de amizade e amor pela música. O bar Jazzy Bird tem 25 anos e espelha o espírito do Mindelo, na ilha de São Vicente, em Cabo Verde. Aqui ouve-se simplesmente música e convive-se. Vou Monteiro, sócio-gerente do espaço, contou-nos essa história, momentos antes de mais um concerto ao vivo. Vou Monteiro nunca está quieto, muito menos antes de um concerto no seu bar, ou melhor, no passeio lá fora que rapidamente se enche para ouvir os músicos que ele convida. Estamos no Jazzy Bird, uma aventura com 25 anos que espelha o espírito do Mindelo, na ilha de São Vicente. Aqui ouve-se simplesmente música e convive-se. Esta noite, o "cabeça-de-cartaz" é Bau, um dos músicos da terra mais conhecidos e um “homem da casa”, já acarinhado pelo público do Jazzy Bird. Tendo em conta os 25 anos de existência e resistência, o bar pode ser considerado histórico mas é, antes de mais, uma história de família, amizade e amor pela música. “Uma das coisas que tornou este espaço histórico é esse tempo de existência, já lá vão 25 anos que estamos aqui”, começa por contar Vou Monteiro quando questionado se o Jazzy Bird é um ponto histórico do convívio e da música no Mindelo. A história começa quando era ainda menino porque o espaço é a antiga casa da avó, onde viveu. Um dia, ele e um amigo de infância, ambos “apaixonados pela música”, têm a ideia de transformar o espaço num bar que se distinguisse dos habituais botequins. Um bar para as pessoas sentarem e conviverem, diz. Vou Monteiro trabalhava na delegacia de saúde e não tinha “nenhuma queda para este tipo de negócio”. Mesmo assim, quando esse amigo Alexandre Novais estava de férias no Mindelo, decoraram o espaço, meteram “um frigorífico, três mesas”, e, num dia de Carnaval, a 27 de Fevereiro de 1997, decidem abrir. “Esse amigo que estava aqui de férias disse: ‘É hoje que vamos abrir!' Viemos aqui os dois com as bebidas locais, o ponche, o grogue… Era uma coisa que faltava em São Vicente porque não havia um espaço assim, onde as pessoas podiam sentar para conviver, para falar um bocadinho. Em São Vicente, sempre existiu aquilo que se chamava um botequim, com um balcão, as pessoas ficavam em pé, tomavam uma bebida e saíam de imediato. Esse conceito de sentar, conviver, nesse estilo de ‘pub' não existia”, recorda. Passado alguns anos, o Jazzy Bird começa a ter música ao vivo graças à motivação de outro amigo vindo de Portugal, o saxofonista Teck Duarte, ainda hoje homenageado por uma enorme fotografia no Jazzy Bird. “Ele fez toda a sua caminhada em Portugal, a tocar em grandes hotéis, em grandes espaços. Quando resolve regressar para a terra, ele já me conhecia desde menino, e no primeiro ou segundo dia que chegou, parou o carro aqui em frente, nessa porta, chamou-me, ai e tal, cumprimentou e disse: ‘Eu regressei, aqui é o local ideal para eu vir tocar aqui.' Eu respondi: ‘Não Teck, aqui não vamos fazer nada disso porque não tenho estrutura, não tenho mesa de som, não tenho nada'. E ele: ‘Deixa por minha conta'”. E foi assim que começaram a soar as notas ao vivo no bar. Primeiro, era o Teck Duarte sozinho, depois era ele e outros companheiros com o projecto Som das Ilhas. Seguiu-se o quarteto da nova geração de músicos Khaly Angel, Buna Lima, Yvan Medina e Kis Oliveira. A lista de artistas que por ali passaram, e passam, é longa, mas não se pode esquecer Bau, que toca no dia desta entrevista, nem Hernâni Almeida, na origem de outro projecto de Vou Monteiro. É precisamente com o guitarrista Hernâni Almeida e o amigo Alexandre Novais que Vou Monteiro cria o Mindel Summer Jazz, que já teve 9 edições e levou vários músicos dos quatro cantos do mundo ao Mindelo. Ou seja, tudo começou na casa da avó que se transformou numa casa da música ao vivo, “um local pequeno onde as pessoas se sentem em casa”. “Se já conseguimos resistir até aqui, agora é ir para a frente”, conclui Vou Monteiro, antes de ir correr ajudar os músicos a fazerem o “sound check” para mais um concerto. Oiça aqui a entrevista:
O projecto "Música gera Cultura - Música gera Economia" quer dinamizar a economia da cultura em São Vicente, Cabo Verde, através da realização de “concertos com história”, do enriquecimento de rotas turísticas com marcos culturais e de oficinas de capacitação para agentes turísticos e socioculturais. O projecto vai também permitir a gravação do novo disco de Gabriela Mendes. O projecto "Música gera Cultura - Música gera Economia" arrancou em Março e tem a duração de 24 meses. Consiste na gravação de um disco de Gabriela Mendes, em “concertos com história” em espaços de memória e de referência cultural, assim como em oficinas de capacitação para agentes turísticos e socioculturais. “O objectivo é identificar os espaços com história e criar novas rotas turísticas mais ricas, com aspectos culturais que possam diferenciar Mindelo e São Vicente”, explica Conceição Delgado, a coordenadora do projecto, sublinhando que esta referenciação dos espaços visa a valorização do património cultural e da memória colectiva. A ideia surgiu de um desafio lançado pela cantora cabo-verdiana Gabriela Mendes e depois a empresa de eventos Mariventos conseguiu a subvenção atribuída pela PROCULTURA PALOP – TL, financiada pela União Europeia e gerida pelo Instituto Camões. “O nosso objectivo é também incluir essas informações de ruas, de música, nos roteiros turísticos da ilha de São Vicente de forma a torná-los mais ricos e diferenciados em relação a outras paragens. Temos espaços emblemáticos onde viveram grandes artistas. Por exemplo, o primeiro ‘concerto com história', no dia 17 de Março, foi na pracinha em frente da casa do doutor Baltasar Lopes da Silva, que é uma das grandes figuras da nossa história, e esta praça não é conhecida, muita gente não sabia nem como chegar lá”, conta. Para os “concertos com história”, vão ser chamados a palco artistas locais porque “o objectivo é também gerar rendimentos para a classe artística: músicos, cantores, técnicos de som”, ou seja, “um sector que esteve completamente parado” durante a pandemia. Por isso, os concertos serão realizados nos “meses de menos actividade” para equilibrar relativamente aos “meses que são culturalmente muito ricos”. Este é, ainda, um “projecto da música tradicional” e “não vão ser cantados outros estilos que não sejam da música tradicional cabo-verdiana” porque a ideia é contribuir para a valorização da cultura. Oiça aqui a entrevista:
A cantora cabo-verdiana Gabriela Mendes está a preparar novo disco e promete manter-se fiel à essência da música tradicional do seu país. Gabriela Mendes defende que é a sua “missão” proteger e transmitir esse legado que aponta como “a riqueza” de Cabo Verde. A RFI conversou com a cantora no Mindelo, a sua terra, de onde nunca quis sair para ficar mais perto das raízes e da inspiração. Gabriela Mendes está a preparar o seu quarto álbum e adianta que “vai ser um disco de música tradicional mas com inovações”. “A Gabriela de hoje não é a mesma dos anos passados. Tenho mais maturidade, sinto a música de uma forma diferente. Tudo isso vai-se sentir na escolha dos temas e nos arranjos. Acredito que haverá pequenas fusões porque também gosto disso. Vai ser diferente, de certeza, do que já fiz até agora”, conta. “Vai ser tradicional, a morna, coladeira, que é onde eu me sinto melhor, mas bem diferente de quando a gente se encontrou em Paris, quando fiz Tradição”, acrescenta, lembrando que a capital francesa “é um dos sítios mais abertos à música de Cabo Verde” e que “o público francês é muito caloroso e muito receptivo”. Foi em 2007 que a cantora gravou, em Paris, o disco de estreia, “Tradição”, em que revisitou compositores como Manuel d'Novas, Vasco Martins, Tcheka ou Amândio Cabral e retomou os ritmos do património musical de Cabo Verde, hoje património mundial graças à morna. Seguiram-se “Um Renovo Musical”, gravado nos Estados Unidos, “Talking Drums”, gravado na Suíça, e, este ano, o novo disco vai ser gravado num estúdio no Mindelo. “É a primeira vez que eu vou gravar na minha terra, com as pessoas que eu costumo trabalhar. Acho que vai ser ainda melhor porque já não temos que nos deslocar e estar num ambiente diferente. A motivação e a inspiração vão estar lá 100%. A música, o clima, o ambiente, tudo isso vai afectar, de certeza, o disco”, explica. Gabriela Mendes nasceu em 1973, no Mindelo, na ilha de São Vicente, a terra de Cesária Évora, e acabou por ir ficando sempre nessa terra, apesar das oportunidades lá fora. “Eu gosto de estar perto das minhas raízes. Sinto-me bem cá e nunca senti necessidade de ter que viver no estrangeiro. Claro que se eu tivesse feito isso, talvez a minha carreira se tivesse posicionado de uma forma diferente, não sei, mas eu gosto de viver cá, é a minha casa. E gosto de sair de cá e ir para fora fazer concertos, passar momentos, mas não seria feliz vivendo fora de Cabo Verde”, admite, terminando a frase com um enorme sorriso. Ainda que “o sonho de todo o artista é dedicar-se 100% à sua arte”, no Mindelo, “quase ninguém consegue viver só da música” e a cantora também trabalha na área do turismo. No entanto, a música está sempre presente. “A música é o nosso quotidiano, é a nossa forma de estar, de ver o mundo, de sentir as coisas. Aqui vivemos em ilhas, a gente tem uma limitação e há sempre essa necessidade de se exprimir, por isso há muita música aqui. A melhor forma que o cabo-verdiano encontrou é através da música. A música está em todo o lado, em festas familiares, em convívios de amigos, a nossa música retrata a nossa vida, a nossa vivência, a nossa história”, descreve. O Mindelo é um viveiro de músicos e, desde criança, ela aprendeu as melodias tradicionais das mornas, funanás e coladeiras na rádio e nas festas locais. Depois, entrou na Escola Salesiana - de onde saíram nomes como Tito Paris, Paulino Vieira ou Bau - e tornou-se na solista do grupo coral. No final dos anos 90, encorajada por Bau, Voginha e Bius, Gabriela Mendes começou a dar concertos em bares e hotéis do Mindelo. O primeiro disco, “Tradição”, surge em 2007, em Paris, graças também ao músico Bau, que foi durante anos o chefe de orquestra de Cesária Évora. “Eu cresci ouvindo muita rádio. Eu sou de 73 e, nessa época, ouvia-se música tradicional essencialmente, mornas, coladeiras, galope, a Cesária, a Titina, a Betina Lopes, o Bana, a Celina Pereira. Toda essa gente é a minha referência em termos de canto e, depois, tive a oportunidade de trabalhar com músicos como o Bau, o Voginha, o Tey, convivi com o Manuel d'Novas, o Dani Mariano, o Jack Monteiro… Eu bebi dessa fonte, sinto-me mesmo honrada e privilegiada e esse é um dos motivos porque decidi ficar aqui: perto da minha fonte para continuar a alimentar-me.” Gabriela Mendes é uma defensora acérrima da música tradicional cabo-verdiana e teme as consequências do desinteresse da juventude por esta música. “Os jovens estão mais interessados pela música moderna e há um perigo que a nossa música possa perder-se no tempo, a nossa identidade, porque também somos um povo de muita mistura. Se isso vier a acontecer seria muito triste porque depois vamos querer recuperar e talvez já seja muito tarde porque muitos dos nossos grandes músicos, compositores, trovadores vão desaparecendo e se não há uma nova geração que retoma isso de forma consciente e forte há, sem dúvida, uma possibilidade de perda de identidade na nossa música.” Por isso, a cantora atribuiu-se como “missão” defender esse legado: “Sinto essa necessidade de dar a minha contribuição porque seria triste perdermos o que temos que é tão forte, que nos identifica, que é a nossa riqueza." Oiça aqui a entrevista:
Desenhar, cortar, colar, criar. Poderiam ser gestos mecânicos, mas não para um artesão cabo-verdiano. Beto Diogo diz que não faz sandálias, faz poesia. Cada sandália é um modelo único e deve ser tratado como tal. É a tal “alma da coisa”. A RFI esteve à conversa com este artesão no Mindelo, na ilha de São Vicente, em Cabo Verde. “Isto é parte da alma da coisa. Como costumo dizer: é como acariciar uma mulher, é como dar um carinho a uma mulher. Eu não gosto que batam nas obras, tem que se usar mesmo as mãos e isso para mim é dar carinho à peça. Eu gosto de ver as minhas peças bem tratadas e não gosto de vender a qualquer pessoa”, começa por explicar Beto Diogo. As suas peças são as sandálias e, nas suas mãos, são consideradas obras únicas que devem ser tratadas como tal. É a tal “alma da coisa”. Não basta desenhar, cortar, colar. É preciso criar. Com afecto e dedicação. Beto Diogo diz que não faz sandálias, faz poesia. O artesão poeta defende que o seu dom é mesmo moldar a sandália que vai encaixar perfeitamente em cada um. Beto Diogo é artesão profissional desde 2011. Começou em São Vicente, mudou-se para Santiago, mas continua a palmilhar as diferentes ilhas para vender sandálias e ensinar a sua arte porque é também artesão formador e tem um atelier móvel. “A ideia do atelier móvel é levar a arte às localidades porque há muitos jovens que não têm condições para se deslocarem aos centros de formação profissional e nós é que vamos ter com os jovens nas comunidades. Já fizemos na ilha do Fogo, na Brava, em Santiago, São Vicente e vamos também para Santo Antão”, conta o artesão, acrescentando que muitos dos seus formandos vivem hoje desta arte. Beto Diogo aprendeu o ofício “por curiosidade” e descobriu o seu “dom”. Em 2013, conseguiu fazer a sua carteira profissional. “Eu nasci com o dom, consegui criar uma pedagogia e hoje eu ensino e transmito.” Num mundo dominado pelas novas tecnologias e produtos realizados em grande escala, aqui, no atelier móvel do Beto, “é tudo feito à mão”, “com contrastes diferentes para mostrar a dinâmica do valor do artesanato porque de forma industrial já há muitos por aqui”. Ou seja, cada sandália é mesmo única: “É peça única. Como eu costumo dizer: Eu não faço sandálias, faço poesia. Em cada sandália eu aplico uma coisa, uma vivência e transmito-o de forma artesanal. É uma coisa que você não pode ler, mas você pode olhar”, descreve. Beto Diogo também fez investigação sobre as sandálias albercas em Cabo Verde e percorreu as várias ilhas à procura da origem dessas sandálias. As albercas são a sua inspiração e hoje reinterpreta-as numa linhagem mais contemporânea. Oiça aqui a conversa.
Yuran Henrique é uma das vozes da nova geração de artistas plásticos cabo-verdianos. O pintor e escultor tem patente uma exposição no Centro Cultural do Mindelo, na ilha de São Vicente, intitulada “Estação das Águas”, pouco depois de ter estado no mesmo espaço ao lado de Tchalê Figueira e de Bento Oliveira. Há pinturas em pano, esculturas em ferro, instalações, obras penduradas com molas e ironia, ideias tiradas da iconografia popular e que fazem simplesmente parte de um dia-a-dia comum a todos, mas que a todos falta contemplar. Yuran Henrique tem esse sentido contemplativo. O jovem artista, de 29 anos, é natural de São Vicente e desde muito cedo se interessou pela ilustração e arte urbana. “Comecei com a ilustração e com uma prática mais urbana. Eu não estudei arte e fui entendendo o que estava em torno de mim em termos de arte”, conta. “A escultura e a pintura são algo muito recente na minha vida. É fruto de uma pesquisa, é fruto de um entendimento no sentido de me conhecer a mim mesmo. Sempre estive a pesquisar o que é que eu podia fazer que viesse do meu pensamento e da minha maneira de entender o espaço onde vivo e a maneira como vejo o mundo”, explica. Nas suas obras, ele parte “de uma experiência de vida” e todo o espaço à volta pode servir de mote para pintar. “Uma parede descascada, o mar, o entorno em que estou servem de inspiração. E uso metáforas para falar de psicologia humana, da nossa fragilidade, do corpo que tem outras dimensões”, descreve, sublinhando que “são várias as realidades que justificam a tua realidade”. Yuran Henrique aponta como a sua principal referência o artista plástico cabo-verdiano Bento Oliveira, ao lado de quem esteve recentemente exposto também no Centro Cultural do Mindelo. “Desde muito cedo, comecei a frequentar o atelier dele [Bento Oliveira] e a entender um pouco da sua filosofia de vida e de entendimento da arte visual. Aprendi muito da arte visual com o Bento Oliveira. É dos meus artistas preferidos a nível mundial”, reconhece. Em 2016, Yuran Henrique fez parte do coletivo de artistas plásticos que participou na mostra de “Artes visuais – Cabo Verde Contemporâneo 2016”. No mesmo ano, o artista faz sua primeira exposição individual “Artérias do tempo”, em parceria com a Câmara Municipal da Praia. Em Abril de 2017, inaugurou a exposição “Reversos” no Palácio de Cultura Ildo Lobo, também na Praia, e em Julho do mesmo ano, participou na Bienal de Jovens Criadores da CPLP, em Portugal. Em Novembro de 2017, Yuran Henrique realizou uma nova mostra de pintura intitulada “Mitografias”, durante o festival de teatro “Mindelact”. Em 2018, expôs no Centro Atlântico de Arte Moderna de Gran Canaria e participou na exposição colectiva da XII Conferência dos Chefes de Estado da CPLP. Em 2019, Yuran Henrique esteve nas exposições colectivas “Palácio Fora de Portas” e “Jovens Talentos” e participou em várias residências artísticas nacionais e internacionais. É, ainda, cartoonista do jornal cabo-verdiano Expresso das Ilhas desde 2018.
O novo Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design de Cabo Verde (CNAD), no Mindelo, começou por ser “uma utopia”, de acordo com o seu director, Irlando Ferreira, mas está a transformar-se num “manifesto da contemporaneidade cabo-verdiana”. O projecto surge de um sonho inspirado pelos que outrora criaram o Centro Nacional de Artesanato e pretende ser “uma revolução a nível da economia da cultura” em Cabo Verde. “Uma utopia”, é assim que Irlando Ferreira descreve a reabilitação do Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design de Cabo Verde, o CNAD, que dirige desde 2015. O projecto recupera os sonhos dos artistas Manuel Figueira, Luísa Queirós e Bela Duarte que criaram o Centro Nacional de Artesanato (CNA), a primeira instituição cultural de Cabo Verde, logo após a independência. O objectivo era não deixar morrer o artesanato através do resgate e recolha dos objectos e saberes, com enfoque na panaria tradicional, para depois os ensinar. O centro foi extinto em 1997 e reabriu em 2011 como Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design. Irlando Ferreira é convidado para o dirigir em 2015 e propõe uma visão em que muitos não acreditaram mas que vai poder ser vista a partir de 28 de Julho. Na altura, Irlando Ferreira apresentou um projecto de requalificação e ampliação arquitectónica do CNAD, fortalecido pelo estatuto de instituição pública, em 2018. Para além de museu, com exposições, residências, centro de investigação, de formação e biblioteca, o CNAD apresenta-se como uma plataforma de desenvolvimento da arte, do artesanato e do design em Cabo Verde. E muito trabalho já foi feito, com a criação online do Sistema Integrado do Artesanato Nacional (SIART) e a implementação de um regulamento e carta de artesão. Há, ainda, a Feira de Artesanato e Design URDI, o primeiro concurso de design no país, o salão Created in Cabo Verde, as residências criativas, os catálogos e as chamadas “Grandes Conversas” que são também editadas em livro. O CNAD vai estar nas outras ilhas com laboratórios de formação de arte, artesanato e design e com a criação de lojas para escoar o artesanato local. Comecemos por visitar o museu que já está a quebrar muros mentais e físicos. Os muros em volta do centenário edifício, que era a residência do senador Vera Cruz, já caíram e foram substituídos por bancos de pedra que convidam a sentar, a abraçar o espaço e depois a entrar. Este edifício histórico, construído nos finais do século XIX e “que se confunde com a história desta cidade e deste país”, vai acolher a coleção do CNAD, na Galeria Manuel Figueira, e um espaço para artistas emergentes, na Galeria Zero. Há, ainda, o café e a loja. Atrás do palacete clássico está o novo edifício que vai acolher as exposições temporárias, o centro de formação, a biblioteca e o acervo do museu. O que chama, de imediato, a atenção é a fachada colorida, feita de tampas de bidons, que é muito mais do que se vê porque esconde uma outra criação, desta vez sonora e da autoria do músico Vasco Martins. No fundo, como todo o CNAD, trata-se de um “manifesto da contemporaneidade cabo-verdiana”, resume Irlando Ferreira. O segundo edifício, dos arquitectos Moreno Castellano e Eloisa Ramos, tem um traçado contemporâneo e linhas rectas, é funcional e disruptivo, e é a ponte para o futuro a partir do passado. O rés-do-chão começa com a Galeria Luísa Queirós, que pode receber artistas de Cabo Verde e de qualquer parte do mundo. No piso inferior, fica o espaço para o acervo, uma colecção com mais de 1700 peças. Seguem-se, nos diferentes pisos, a Galeria Bela Duarte, o Centro de Investigação e Biblioteca Nhô Damásio e o Centro de Formação Nhô Griga. Ou seja, cada espaço é uma homenagem ao núcleo fundador do CNA e aos mestres artesãos de Cabo Verde. “Não se pode querer fazer o contemporâneo, o novo, sem se respeitar e valorizar o percurso feito até então, senão ficamos a boiar. Toda a arte tem uma raiz e não cuidar dessa raiz é dar cabo dos ramos e das folhas”, descreve Irlando Ferreira. “O pensamento é um organismo vivo, vai evoluindo. Tens de ser sincero quando geres um projecto deste género. Quando és sincero na tua actuação, naturalmente vais encontrando caminhos e vais encontrando pessoas que consigam materializar aquela visão. Nós, individualmente, não conseguimos fazer a transformação. Temos que ter a visão, temos que ter a capacidade de fazer com que as pessoas acreditem naquela loucura, naquelas utopias (…) Quando nós desenhámos este projecto, quase ninguém acreditava”, conta o director. Irlando Ferreira mostra-nos, ainda, o espaço de residência para acolher artistas que aí vão poder trabalhar - e dormir - e, no último andar, o “open space” para o trabalho da equipa do CNAD. Do ponto de vista simbólico, a própria iniciativa de construir um edifício de raiz “é um passo bastante importante na história de Cabo Verde porque é a primeira vez que se constrói um equipamento cultural de raiz”. “É curioso porque se o CNA, lá atrás, é a primeira instituição cultural de Cabo Verde, logo a seguir à independência, vai repetir na história ser o primeiro equipamento criado de raiz para responder à cultura, sobretudo na dimensão visual”, acrescenta o director. Graças aos laboratórios de formação de arte, artesanato e design e à criação de lojas nas diferentes ilhas para vender as obras de arte, artesanato e design, o CNAD vai criar um novo modelo de gestão e financiamento cultural que pode ser considerado como “uma revolução, pelo menos, a nível das indústrias criativas e da economia da cultura” em Cabo Verde. Se precisar de ver para crer, a materialização da “utopia” do Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design de Cabo Verde está marcada para finais de Julho, no Mindelo, na ilha de São Vicente.
Kiki Lima diz que “sempre” pintou Cabo Verde. O artista cabo-verdiano leva para as suas telas, há mais de 50 anos, as gentes de Cabo Verde, o mercado do peixe, os pescadores, os músicos, as mulheres com filhos às costas, o baile, a morna, a coladeira e tanto mais. Fomos conhecer um pouco do seu universo, onde pintura, poesia e música andam de mãos dadas. São corpos mergulhados na azáfama do trabalho, no ritmo das mornas e coladeiras, no calor do sol africano que bate de chapa e que é dado com cores imediatas, primárias, garridas. As pinceladas são fugazes e alegres, o gesto é dinâmico e determinado, e os rostos são anónimos porque representam um povo: o cabo-verdiano. Esta é a pintura de Kiki Lima, o artista que levou para as telas as vivências do arquipélago, o baile, as conversas de rua, os músicos, o mercado do peixe, os pescadores, os vendedores ambulantes, as mulheres com filhos às costas, e muito mais. Kiki Lima recebe-nos em sua casa, no Mindelo, e a conversa leva-nos para a arte em geral, começando pela pintura, passando pela literatura, poesia e música. Ele próprio músico e compositor, mostra-nos uma canção do cabo-verdiano Rolando Semedo, intitulada “Cor (Ao Kiki Lima)”. “É uma bela homenagem”, diz, e, de facto, trata-se de uma homenagem ao pintor e à sua história. Vamos então à história... Euclides Eustáquio Lima (nome artístico Kiki Lima) nasceu em 1953 e encontrou as primeiras bisnagas de tinta a óleo na loja do senhor Maninho Duarte, no Mindelo, em 1974. Meses depois, fez um curso de Desenho e Pintura por correspondência que pagava com boa parte do seu ordenado. Na altura, era funcionário na central sindical UNTC-CS e recebe uma bolsa para estudar Direito do trabalho em Portugal, em 1983, mas ao segundo ano de curso, acaba por trocar o Direito pelas Belas-Artes de Lisboa. É então que a saudade da terra emigra para as telas que passam a ser habitadas pelo povo de Cabo Verde. “Eu lembro-me perfeitamente. Era um domingo de Páscoa, levantei às quatro da manhã para estudar a sebenta de Freitas do Amaral de direito administrativo. Eram nove da manhã e tinha lido quatro páginas! Fechei o livro, acordei a minha ex-mulher e disse 'Eu vou mudar de curso!' Vivia numa tensão muito grande porque em Lisboa entrei em contacto com um mundo muito maior das artes, vi que as minhas possibilidades eram outras e arrisquei”, recorda. “Fui para as Belas-Artes mas, antes de sair, disseram-me que eu era maluco porque trocar um curso de Direito pelas Belas-Artes é de malucos!”, acrescenta, com um enorme sorriso de orgulho pela coragem de outrora. Kiki Lima acabou por ficar 21 anos em Lisboa, mas voltou para Cabo Verde em 2004 por causa “dessa coisa que os cabo-verdianos têm da nossa terra, da saudade”. “Vi que era possível trabalhar aqui e lá. Estar aqui para ter o meu ambiente preferido para pintar e ter o meu mercado lá porque continuava a não ter mercado aqui – se bem que nessa altura já vendia a entidades oficiais, ministérios. Quando os meus filhos acabaram a faculdade, então resolvi voltar para casa. Um regresso a meio gás porque continuo muito ligado a Portugal.” Kiki Lima diz que “sempre” pintou Cabo Verde e admite que a sua pintura “identifica-se toda com Cabo Verde”. “Sempre procurei encontrar nas vivências cabo-verdianas a minha identidade, aquilo com que me identifico, e procurei transmiti-lo através da pintura”, explica. Essa assinatura - complementada pela pincelada, pela cor e pelo movimento - surgiu em Lisboa, quando a saudade bateu à porta e quando quis contrariar os preconceitos que rodeavam a comunidade. Kiki Lima quer mostrar o lado luminoso de Cabo Verde para pesar contra a imagem de delinquência que saía “nos jornais todos os dias” quando se falava em cabo-verdianos. “Eu resolvi mostrar que Cabo Verde não era violência, que era alegria, música, dança, uma forma de estar descontraída. Para exprimir a dança e essa alegria, eu tive que trabalhar muito a cor e o movimento. Fui explorar muito daquilo que tinha aprendido com o impressionismo para tratar a cor", conta. Ainda que o gesto amplo e as cores primárias sejam também expressionistas, Kiki Lima corrige logo, explicando que o expressionismo é associado a algo mais violento: “Eu fiz o expressionismo alegre e isso fez com que eu mudasse toda a minha técnica de pintura. Antes, eu usava pincéis estreitos, pequenos, mais impressionistas. Deixei de usar paleta de braço e usei paleta de mesa e trinchas largas para ter essa expressão não pormenorizada, mais gestual, mas cuidando sempre a base do desenho.” De certa forma, a sua pintura também contribuiu para "a chamada de atenção" da identidade cabo-verdiana, até pelas suas ligações ao movimento Claridade. Tanto é que há um trabalho universitário, de 2009, a fazer essa ligação, intitulado “O pictórico na poesia cabo-verdiana: dos Claridosos a Kiki Lima”, da autoria do brasileiro José Leite de Oliveira Júnior. “Com a independência nacional é que houve abertura e a procura da nossa identidade cultural. A identidade que já existia mas que foi reprimida durante a era colonial. Foi nessa altura que eu tomei os primeiros contactos com a Claridade, nomeadamente com o doutor Baltasar [Lopes da Silva), com o Manuel Lopes com quem convivi também em Lisboa, com o Nhô Roque, portanto, eu ainda me alimentei um pouco do espírito da Claridade (…) O que eu fiz foi passar e interpretar essa literatura e encontrar essa identidade na pintura”, conclui. Oiça aqui a entrevista.
Rufino Almeida, conhecido como Bau, é uma figura incontornável na música de Cabo Verde, mas nunca quis deixar a sua ilha, São Vicente. É que “isto de estar no meio do mar traz toda uma nostalgia” e acarreta inspiração, tanto mais que o Mindelo respira música. Para Bau, essa vitalidade artística é simplesmente porque “o cabo-verdiano tem o dom da música”. O encontro foi marcado para o Jazzy Bird, clube icónico do jazz e da música ao vivo na cidade do Mindelo, em São Vicente, onde Bau vai tocar regularmente. É noite de mais um concerto e o passeio da rua começa a encher como é habitual por estas bandas, onde a música faz parte do dia-a-dia e ainda mais da noite. Como explicar a vitalidade musical desta ilha? Bau responde: “O cabo-verdiano tem esse dom da música. São Vicente, principalmente, teve sempre um desenvolvimento musical diferente por causa do Porto Grande. Vinham aqui muitos músicos, havia muitas influências. No cinema ouvia-se muito música americana, swing e aquelas coisas. Então, o pessoal ganhou toda aquela desenvoltura em torno da música que é diferente das outras ilhas. Já não digo agora porque agora a coisa globalizou, o mundo ligou com a internet, mas antigamente não. Não se podia ter um livro com acordes. Era difícil, era só de ouvido.” E foi de ouvido, com o pai, que Bau aprendeu a tocar guitarra, cavaquinho e violino, os instrumentos que vão regressar, em breve, a estúdio. Rufino Almeida anda a preparar várias surpresas, nomeadamente trabalhos em nome próprio e participações em discos de outros artistas. Por enquanto, prefere não adiantar muito, dizendo simplesmente que vai entrar em estúdio “ainda este ano” no que toca aos novos projectos pessoais. Bau nunca deixou São Vicente, que descreve como a sua ilha, onde nasceu e cresceu rodeado de “todo o ambiente musical”. “Sinto-me feliz em viver aqui. Saio sempre para o estrangeiro para fazer os meus trabalhos, espectáculos, gravações, etc. Agora, com alguns estúdios aqui, aproveito e gravo aqui, salvo algumas coisinhas a nível de masterização e mistura que vou fazer fora”, conta. O Jazzy Bird está decorado com fotografias de vários músicos cabo-verdianos, incluindo uma de Cesária Évora, mesmo atrás do balcão. Bau dirigiu a orquestra da “diva dos pés descalços” vários anos e o que ficou foi muito mais que “Sodade”. “Todo aquele percurso que fiz com ela marcou-me muito por vários motivos. Foi uma grande cantora da música de Cabo Verde, principalmente morna e coladeira. Foi uma pessoa com um 'feeling' e um sentimento a cantar que é uma coisa extraordinária. Eu gostava muito. Eu gosto do que ela fez. Deixou um grande legado a nível musical. Foi uma experiência interessante. Andei em vários palcos do mundo durante quatro anos como chefe de orquestra, arranjador. Conheci vários músicos, várias pessoas…”, recorda. “Paris era a nossa segunda casa”, acrescenta, admitindo que gostaria de voltar aos palcos da capital francesa para apresentar os seus projectos. Depois das digressões com Cesária Évora, surgiu o convite para que a música “Raquel”, do seu primeiro disco a solo, entrasse no filme “Fala com Ela” de Pedro Almodóvar. “Raquel é uma mazurca bastante lenta. Ele ouviu a música, não sei onde. Ele ouviu, estava a fazer o filme e interessou-se pela música. Contactou o produtor que falou comigo e eu ‘Ok, por mim não há problema' (…) Teve um grande impacto. Houve vários compositores, Caetano Veloso e outros, que participaram na banda sonora. Foi muito bom, foi um grande reconhecimento realmente”, conta. Em Cabo Verde, canta-se a saudade, o amor à terra-mãe, o amor simplesmente, a coragem, a abertura ao mundo. E o que contam as melodias de Bau? “Nós temos um ‘feeling' da ilha. Isto de estar no meio do mar traz toda uma nostalgia, com as pessoas que saem para emigrar, etc. A morna toca-nos muito. É como o fado, como o blues, é uma música que traz muita emoção. Para nós, a morna é que identifica o sentimento cabo-verdiano”, resume, poeticamente, o músico. Veja aqui um pouco de um dos seus concertos, a solo, na véspera da entrevista com a RFI.
Toma Aí um Poema: Podcast Poesias Declamadas | Literatura Lusófona
José Gabriel Lopes da Silva, conhecido como Gabriel Mariano. Nasceu no dia 18 de Maio de 1928, em Cabo-Verde, Ilha de S. Nicolau, na Vila da Ribeira Brava, também conhecida como Stanxa. Gabriel Mariano, desde os tempos de estudante no Liceu Gil Eanes em Mindelo, S. ►► Apoie pequenas editoras. Compre livros de autores independentes! https://loja.tomaaiumpoema.com.br/ _________________________________ Gabriel Mariano — Carta de Longe Carta de longe lembrando a dispersão dolorosa. Carta de Boston América de Jorge Pedro Barbosa. Eram quarenta e só quatro em Cabo Verde ficaram. Tinha Brasil Argentina tinha Dakar-Senegal. América vinha primeiro já nos obscuros caminhos. Já nos obscuros caminhos da encruzilhada inicial já insinuando por perto Brasil Dakar-Senegal. Tinha Guiné Moçambique Angola veio e depois Macau Timor Venezuela Goa Brasil São-Tomé e dos quarenta só quatro em Cabo Verde ficaram. Caminhos brandos pra quem os pés já sangram doridos ainda meninos os pés os pés já sangram doridos. Ó meus destinos inquietos no inquieto mapa do mundo. Eram quarenta e só quatro em Cabo Verde ficaram. _________________________________ Use #tomaaiumpoema Siga @tomaaiumpoema Poema: Carta de Longe Poeta: Gabriel Mariano Voz: Jéssica Iancoski https://tomaaiumpoema.com.br ATENÇÃO Somos um projeto social. Todo valor arrecadado é investido na literatura. FAÇA UM PIX DE QUALQUER VALOR CNPJ 33.066.546/0001-02 ou tomaaiumpoema@gmail.com Até mesmo um real ajuda a poesia a se manter viva! #poesia | #poemas | #podcast
Toma Aí um Poema: Podcast Poesias Declamadas | Literatura Lusófona
José Gabriel Lopes da Silva, conhecido como Gabriel Mariano. Nasceu no dia 18 de Maio de 1928, em Cabo-Verde, Ilha de S. Nicolau, na Vila da Ribeira Brava, também conhecida como Stanxa. Gabriel Mariano, desde os tempos de estudante no Liceu Gil Eanes em Mindelo, S. ►► Apoie pequenas editoras. Compre livros de autores independentes! https://loja.tomaaiumpoema.com.br/ _________________________________ Gabriel Mariano — Caminho Longe Caminho caminho longe ladeira de São-Tomé Não devia ter sangue Não devia, mas tem. Parados os olhos se esfumam no fumo da chaminé. Devia sorrir de outro modo o Cristo que vai de pé. E as bocas reservam fechadas a dor para mais além Antigas vozes pressagas no mastro que vai e vem. Caminho caminho longe ladeira de São-Tomé Devia ser de regresso devia ser e não é. _________________________________ Use #tomaaiumpoema Siga @tomaaiumpoema Poema: Caminho Longe Poeta: Gabriel Mariano Voz: Jéssica Iancoski https://tomaaiumpoema.com.br ATENÇÃO Somos um projeto social. Todo valor arrecadado é investido na literatura. FAÇA UM PIX DE QUALQUER VALOR CNPJ 33.066.546/0001-02 ou tomaaiumpoema@gmail.com Até mesmo um real ajuda a poesia a se manter viva! #poesia | #poemas | #podcast
Foi há 22 anos que Zenaida Alfama interpretou a esposa do “Médico à Força”, de Molière, uma personagem do século XVII transformada numa mulher cabo-verdiana do século XXI. A peça foi encenada por João Branco e levada a palco pelo Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo, na ilha de São Vicente. “Médico à Força” foi a primeira “crioulização cénica” de Molière em Cabo Verde, a que se seguiria também “Escola de Mulheres”. Foi no ano 2000 que Zenaida Alfama transformou Martine, uma personagem do século XVII, numa mulher cabo-verdiana do século XXI. “A forma de estar, a forma de vestir com o meu figurino quase tipicamente cabo-verdiano, a forma de ver as coisas e o relacionamento entre a mulher e o médico que era bem cabo-verdiano, digamos assim”, descreve a actriz do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo. A peça é uma comédia mas começa com uma cena de violência doméstica, um tema intemporal. “Sim, começa com uma cena de violência doméstica, mas depois a mulher vai-se vingar do marido por causa da violência”, recorda. A peça de Molière, que era pela primeira vez apresentada em Cabo Verde, foi bem acolhida pelo público e contou com uma nova geração de actores. “O feedback foi bom (...) Estávamos numa época em que o teatro estava a explodir porque estávamos com actores novos, que estavam a sair do curso de teatro do Centro Cultural Português e que estavam com uma grande entrega.” O dramaturgo francês era assim alvo de uma “crioulização cénica”, uma metodologia teorizada pelo encenador João Branco e personificada pelo Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo. No fundo, tratava-se de apropriar-se do texto, traduzi-lo para crioulo e adaptá-lo aos costumes e à sociedade mindelense. “O nosso encenador sempre foi um pouco atrevido nos textos que escolhe para fazer adaptação. São coisas que são apresentadas pela primeira vez em Cabo Verde e ele sempre teve a ousadia de ir mais além”, acrescenta Zenaida Alfama. “No grupo há esse espírito de ver ou de pensar: ‘Se fosse aqui no Mindelo (que é no sítio onde nós vivemos) como é que seria, como é que as pessoas iriam agir?' Para que o público ao ver o espectáculo de Molière se pudesse identificar como se fosse algo de cá do Mindelo.” Por que é que Molière ainda faz rir e pensar nos dias de hoje? Para Zenaida Alfama é simplesmente porque se trata “de um clássico” e “é fácil colocá-lo num tempo presente”, assim como as críticas sociais que o texto comporta. Oiça aqui a entrevista a Zenaida Alfama. Além de “Médico à Força” de Molière, no ano 2000, o Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo também “crioulizou”, mais tarde, a peça “Escola de Mulheres”. Na nossa página pode encontrar e ouvir as entrevistas que fizemos também ao encenador e aos actores Rank Gonçalves, Janaína Alves e Fidélia Fonseca.
Ângelo Gonçalves, conhecido no mundo do teatro como Rank Gonçalves, participou na peça “Médico à Força” de Molière, encenada por João Branco, com o Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo, no ano 2000, em Cabo Verde. “Conseguimos crioulizar Molière”, recorda o actor, sublinhando que adaptaram o texto à “história mindelense” e que ecoou perfeitamente com a sociedade cabo-verdiana, “conservadora das tradições e das regras dos tempos antigos”. “Crioulizar Molière” foi colocar Cabo Verde no mapa dos grandes dramaturgos universais com a adaptação à realidade local de histórias escritas há mais de 300 anos e com críticas ainda pertinentes. Foi no ano 2000 que Ângelo Gonçalves, conhecido no mundo do teatro como Rank Gonçalves, participou no “Médico à Força”, de Molière, uma peça encenada por João Branco, com o Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo, que também levaram a palco “Escola de Mulheres”. Fomos à cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente, conversar com o encenador, mas também com Janaína Alves, Fidélia Fonseca e Zenaida Alfama, alguns dos actores que interpretaram personagens tão “molierescas” quanto “mindelenses”. Nesta entrevista, Rank Gonçalves falou connosco sobre o eco que o espectáculo teve junto do público e qual o sentido do texto do dramaturgo francês em Cabo Verde, uma sociedade que descreve como “conservadora das tradições e regras dos tempos antigos”. “A peça teve muito sucesso, a nossa bilheteira esgotou sempre. Eu gostei muito de ter participado numa peça de Molière e eu acho que nós conseguimos dar aquilo que Molière escreveu há 300 e tal anos. Cabo Verde saiu a ganhar em homenagear Molière e também conseguimos crioulizar Molière, fazer com que o sentíssemos com a nossa realidade”, descreve. Rank Gonçalves desempenhava o papel de Géronte, pai da jovem Lucinda que fica muda para não casar com o pretendente que o pai lhe arranjou. É aí que o “Médico à Força” – ou curandeiro, na versão crioulizada - desempenha - “à força”, claro está – o seu papel. “Eu era pai de uma miúda e eu é que controlava, é que cuidava dela (...) O que me marcou mais na peça era o choque de gerações entre eu e a minha filha. Ela queria fazer algumas coisas e eu, claro, achava que não podia fazer e que ela devia respeitar algumas regras da sociedade. Ela estava sempre rebelde, não queria saber e eu sempre com aqueles cuidados do pai de antigamente”, recorda Rank Gonçalves. Qual o sentido deste texto do dramaturgo francês em Cabo Verde? O actor explica que o texto “não fugiu muito do Molière de há 350 anos” e ecoou com a sociedade cabo-verdiana que “também é uma sociedade conservadora das tradições e regras dos tempos antigos”. “A história enquadrava-se bem dentro da sociedade que nós temos (...) Enquadra, enquadra. Os costumes, os hábitos, aquelas regras e o bom disso também é que tentámos adaptar com a história mindelense, a história da vivência, das meninas, dos costumes, dos hábitos mindelenses”, continua. “Recorremos ao curandeiro porque naquele tempo também, há 22 anos - mas ainda existem essas coisas - quando a coisa está complicada, as pessoas que crêem nessas coisas recorrem ao curandeiro para ajudar ou convencer a pessoa a não desviar do caminho.” Crioulizar a peça passou não só pela adaptação aos costumes e à sociedade mindelense, mas também pela própria tradução para a língua cabo-verdiana. Rank Gonçalves diz que foi “muito ousado mas não foi difícil”: “Nós tentámos fazer o máximo possível na tradução, eu acho que a tradução foi muito boa, não fugindo muito do texto de Molière, mas sempre adaptado ao crioulo e à nossa realidade. (...) Dentro da nossa realidade, não fugir muito ao texto essencial e de forma a que as pessoas pudessem sentir que o que escritor escreveu era algo de elevado, de bom, e que estava também adaptado à nossa realidade.” Quanto à reacção do público, foi êxito de bilheteira, conta o actor que é um histórico das peças do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo com o qual continua a subir ao palco regularmente. “A peça foi muito bonita. As pessoas gostaram muito. Aqui em São Vicente, todas as vezes que nós fizemos a peça, a lotação estava sempre esgotada. Fomos à Praia, também, e houve muito, muito sucesso e as pessoas ficaram muito contentes porque não conheciam Molière”, recorda. E, para terminar, Rank diz, orgulhosamente, que o seu grupo conseguiu “crioulizar Molière mas fazendo que a coisa saísse muito bem”. Oiça aqui a entrevista, acompanhada por um excerto de "Ponta do Sol" do músico cabo-verdiano Bau.
Cabo Verde é um berço de talentos musicais e, mesmo depois de Cesária Évora, ainda há vozes por descobrir. Quem o diz é José da Silva, fundador da editora Lusafrica, que regressou à terra natal e montou um estúdio na ilha cabo-verdiana de São Vicente. O produtor da “diva dos pés descalços” sublinha que conhecer Cesária Évora foi a sorte da sua vida e recorda como tudo aconteceu. José da Silva é o fundador da primeira editora independente de música africana, a Lusafrica, e o produtor que projectou a carreira de Cesária Évora. Fomos conversar com ele, na terra da “rainha da morna”, o Mindelo, na ilha de São Vicente, para onde ele se mudou há cerca de dois anos. “Praticamente morei fora toda a minha vida. Nasci na Praia, viajei logo com 20 dias, então, só agora é que estou a viver definitivamente em Cabo Verde. Reforma? Não! Eu estou a trabalhar, estou a trabalhar mesmo muito. Com a pandemia decidi concentrar-me mais na produção, tenho uma firma aqui há mais de 20 anos que é a Harmonia, decidi relançar o catálogo artístico da Harmonia, concentrando-me mais nos artistas jovens”, conta José da Silva, conhecido por muitos como Djo da Silva. “Depois de um ano aqui, decidi fechar definitivamente o meu estúdio em Paris, enviar o estúdio para aqui e abrir o estúdio aqui em São Vicente. Já tem um ano que está aberto e as produções são todas feitas lá. Também estou ligado à minha firma em França, a Lusafrica, e eu faço daqui também a produção dos artistas da Lusafrica. Por isso, trabalho muito, trabalho para o novo catálogo aqui, mas também para os artistas da Lusafrica, sou ‘manager' de vários artistas e trato das tournées a partir daqui”, continua. O produtor adianta que há espaço para “descobrir” novos artistas porque “Cabo Verde está cheio de diamantes. Nós somos um país incrível. Pequeno, mas com uma densidade de qualidade artística e de talento incrível (…). Há muitos cantores, muitos artistas de grande talento, jovens que, sem escola de música, têm uma capacidade vocal incrível e isso temos muito. Agora, o que nos falta é estruturas para formar essa gente e isso é algo que devemos pensar.” José da Silva chegou a apresentar um projecto de uma escola de profissionalização musical para Cabo Verde, mas não foi seleccionado. “É preciso verdadeiras escolas de música. Nós temos aqui coisas inventadas, não temos escola a sério. Um país que tem tanta riqueza, se monta uma máquina para formar artistas, vamos ter grandes resultados para o país (…) Temos um projecto que se chama Kriol Jazz Academy, apresentámos esse projecto à Procultura, terminámos no décimo lugar e só os seis primeiros eram financiados. Era uma escola mesmo a sério. Aqui é um país que tem mesmo talentos, então não precisamos da escola para formar desde o início. Aqui, o jovem com 15,18 anos já tem talento. Ele precisa é de ser formado para ser um profissional. Ele precisa de um curso de três anos para sair como profissional, seja músico ou cantor. Eu sei que sou capaz, em três anos, de pegar numa pessoa que tem talento e fazer dele um profissional.” Conhecer Cesária Évora “foi a sorte da minha vida” O produtor já contou vezes sem conta a história de como encontrou Cesária Évora e o sucesso que se seguiu, mas, agora que está de volta ao Mindelo e com alguma distância, recorda-nos como isso aconteceu. “Foi a sorte da minha vida passar um dia por um restaurante lá em Lisboa e encontrar a Cesária que estava a cantar e a partir daí ficámos muito amigos e comecei a ajudá-la. O primeiro passo era ajudá-la a entrar no mercado europeu e, pelo caminho, comecei a ver que havia tanta qualidade que eu tinha que tentar produzir e então comecei a improvisar-me produtor e cinco anos depois começámos a ter sucesso. Tive que me estruturar, organizar uma firma, empregar pessoas…” Nessa altura, José da Silva, que vivia em França, deixa o trabalho nos caminhos-de-ferro e, em 1988, cria a editora Lusafrica. “Eu sempre gostei da música e já antes de encontrar a Cesária eu estava no mundo da música. Já tinha criado uma banda, já tinha participado na banda como músico, eu é que organizava a banda, é que vendia o 'show', então já tinha alguma experiência de ‘management'. Quando encontrei a Cesária, propus-lhe fazer igual, buscar trabalho para ela nesse meio que eu conhecia que é o meio dos emigrantes cabo-verdianos na Europa. Uma pessoa sente que tem uma artista de grande qualidade e que temos possibilidade de ir longe. Então, acabei por parar o meu trabalho nos caminhos-de-ferro e montar uma firma e voltar a ser produtor a sério”, relembra. “A conquista do mundo com a Cesária foi muito importante para Cabo Verde porque nestas andanças com a Cesária levámos Cabo Verde connosco, criámos expectativa nas pessoas, criámos admiração e criámos também para os cabo-verdianos orgulho de ser cabo-verdiano e de ter uma artista que passa na televisão, nos grandes canais de rádio. Tudo isso contribuiu para um pequeno ‘boom' da cultura cabo-verdiana e culminou com o reconhecimento da morna [na UNESCO]”, explica. Sendo a principal embaixadora de Cabo Verde no mundo, Cesária Évora mereceria um museu nacional e não apenas o centro museológico que existe actualmente, considera o produtor, admitindo que nem ele nem a família de Cesária estão contentes com esse espaço. “Achamos que é algo que não está ao nível do que a Cesária deu ao país. Eu penso que o país deve a Cesária esse museu, eu já falei nisso várias vezes com os diferentes governos e presidente da Câmara. No início, o pequeno museu, esse espaço museológico foi feito para dar tempo de fazer o museu de raiz e nunca se chegou a esse tal museu de raiz. Ficou só no papel e na conversa e no discurso”, lamenta. Questionado sobre porque não avança ele com um museu privado, Djo da Silva responde que poderia fazê-lo, mas isso “seria grave para o país porque é o papel do Estado fazer isso”. “Claro que eu posso pegar e ir pedir apoio, ir pedir aos milhões de fãs da Cesária no mundo, mas seria algo de muito grave para Cabo Verde.”
Em Cabo Verde, estreia, esta sexta-feira, no Mindelo, em São Vicente, o espectáculo “A Cidade do Café” do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo. A companhia tem 29 anos e contribuiu para o renascer do teatro na ilha, a par do festival Mindelact, em iniciativas fomentadas pelo encenador João Branco. “A Cidade do Café” é uma homenagem ao Mindelo, a cidade cabo-verdiana do teatro. O espectáculo, do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo, é o segundo de uma trilogia dedicada à cidade, a partir dos textos do cronista Rocca Vera-Cruz. Trata-se de uma comédia, um género que os mindelenses apreciam acima de tudo, e há música ao vivo, com uma cantora, percussão, um grupo de dança e uma composição musical inédita dos músicos locais Djony do Cavaco, Ivan Medina e Jotacê. O elenco que compõe o espectáculo passa por três gerações de actores e actrizes mindelenses, como Rank Gonçalves, Fidélia Fonseca, Zenaida Medina, Janaína Alves, Lisa Fortes, Kristovan Morais, Romilda Silva, Nuno Delgado e Yanick Fortes. A peça sobe ao palco do Centro Cultural do Mindelo a 25, 26 e 27 de Março, para fechar o mês do teatro em Cabo Verde. Esta é a 65ª produção da companhia em 29 anos, uma vitalidade e uma resistência explicadas pelo carinho dos mindelenses pelo teatro e pela teimosia dos protagonistas do grupo, a começar pelo seu encenador, João Branco, o também director artístico do Mindelact, considerado como o maior festival de teatro da costa oeste-africana e que este ano se realiza de 4 a 13 de Novembro. Fomos entrevistar João Branco no Centro Cultural Português do Mindelo, onde, ao final da tarde, a biblioteca se transforma em sala de ensaios. Oiça aqui a conversa que terá novo programa em breve em torno da “crioulização cénica” iniciada em Cabo Verde por João Branco. Na segunda parte, vamos descobrir como o dramaturgo francês Molière foi crioulizado e se tornou também cabo-verdiano.
État Insulaire d'Afrique de l'Ouest, le Cap-Vert se compose d'un archipel de dix îles volcaniques. Parmi celles-ci, l'île de São Vicente, dont la ville principale est Mindelo. Mindelo est la deuxième ville du Cap-Vert, elle fait office de capitale culturelle et a pour particularité d'avoir vu naître la célèbre chanteuse Césaria Evora, et de l'avoir vu mourir, aussi. Notre politique de confidentialité GDPR a été mise à jour le 8 août 2022. Visitez acast.com/privacy pour plus d'informations.
Ça fait 10 ans que la chanteuse Cesaria Évora nous a quittés. C'est elle qui a rendu populaire dans le monde entier la Morna, cette musique du Cap Vert, mélange de larmes et de soleil. Par exemple dans ce blues océanique "Sodade", elle évoque le travail forcé et l'envie de retrouver les siens. Quand elle ne parcourait pas la planète, Cesaria vivait dans sa ville natale de Mindelo, sur l'île de Sao Vicente. Une des pépites de son répertoire est une chanson dans laquelle elle raconte le Carnaval de Sao Vicente, 3 jours de fête extravagante. Cesaria Evora, d'une générosité sans borne, disait qu'elle était la meilleure mutuelle de son île en couvrant les dépenses de tous ceux qui la côtoyaient. Ecoutez La pépite musicale avec Anthony Martin du 17 décembre 2021
Les histoires noires de Daniel St-Lary.
O escritor cabo-verdiano é este ano o homenageado do festival Escritaria que invade as ruas de Penafiel até domingo. Germano Almeida está a lançar “A Confissão e a Culpa”, o livro que fecha a trilogia do Mindelo. O autor admite que para ter tempo para a escrita, já deixou de fazer muita coisa.
In this episode of sports orbit, We'll look at Super Eagles away win against Cape Verde in the World Cup Qatar 2022 qualifying clash and also dissect the proposed controversial two-year World Cup plan and other exciting stories.
In this edition of sports orbit, We'll dissect Tuesday's FIFA World Cup Qatar 2022 qualifying clash between the Nigeria's Super Eagles and Blue Sharks of Cape Verde as Eagles landed on the island of Mindelo early today ahead of the match And other exciting stories. Pls, stay tune.
Esta semana, focamos o nosso olhar sobre a "A Vénus Crioula", o novo romance da autora cabo-verdiana Vera Duarte. Escritora, poetisa, jurista e antiga Ministra da Educação no seu país, Vera Duarte prepara-se para lançar esta nova obra, no próximo dia 10 de Setembro na 91ª edição da feira do livro de Lisboa, estes últimos tempos tendo sido particularmente ricos para a autora, distinguida este ano com o prémio literário Guerra Junqueiro que vai receber no dia 2 de Outubro na cidade da Praia. 2021 está igualmente a ser muito activo em termos de edição para a escritora. Há um pouco mais de um mês, publicou um livro de microcontos intitulado "Desassossegos e acalantos" e, no começo do ano, lançou "Contos Crepusculares - Metamorfoses", ambos frutos dos meses de confinamento resultantes da crise provocada pela pandemia. No seu mais recente livro, "A Vénus Crioula", publicado pela editora 'Rosa de Porcelana', Vera Duarte conta o destino de uma cantora de pés descalços que viaja pelo mundo fora. Ela tem a voz de Cesária Évora, de Sãozinha Fonseca e de tantas outras que inspiraram a autora que diz também ter carregado consigo durante anos a vontade de evocar a história trágico-marítima de Cabo Verde. "Quando era Ministra da Educação e do Ensino Superior, encontramo-nos uma vez, eu e o (então) Presidente Pedro Pires, em São Vicente no Centro Cultural do Mindelo, e em conversa ele disse-me 'há uma história tão grande por ser descoberta e estudada pelos investigadores cabo-verdianos que é a história trágico-marítima cabo-verdiana, porque não está praticamente nada feito'. Aquilo calou muito fundo quando ele fez essa observação e eu, que não sou nem historiadora nem socióloga, não posso ir por essa via, eu pensei 'um dia hei-de escrever um livro que de alguma forma tem uma história de naufrágios para contar'", relata a autora com quem a RFI abordou os seus mais recentes trabalhos, a mensagem que tenta fazer passar e o seu olhar sobre a actualidade.
2021 é o ano em que Cesária Évora completaria 80 anos de vida e é o ano em que se assinalam 10 anos desde que a "diva dos pés descalços" nos deixou.Para assinalar as datas, a editora Rosa de Porcelana decidiu organizar um conjunto de iniciativas para homenagear a cantora de maior reconhecimento internacional de toda a história da música popular de Cabo Verde.O lançamento da biografia "Cesária Évora", originalmente escrita em polaco por Elzbieta Sieradzinska, funciona como motor para a homenagem. Uma biografia que, por ser escrita por quem foi amiga e partilhou viagens com Cesária, vai além do palco e permite descobrir um pouco mais da intimidade e personalidade da cantora que colocou Cabo Verde no palco do mundo.. A editora luso-cabo-verdiana Rosa de Porcelana tem como responsáveis Filinto Elísio e Márcia Souto, os mentores das homenagens que já aconteceram na Ilha de Santo Antão, em Lisboa e na Praia, e em breve se vão realizar em Paris e no Mindelo. Na entrevista com a RFI, os editores desvendam um pouco da biografia que nos permite estarmos mais próximos de Cesária Évora e revelam algumas das iniciativas futuras de maior impacto da Rosa de Porcelana. Veja aqui alguns instantâneos da reportagem de Luís Guita, com os entrevistados e a obra (biografia) de Cesária Évora.
Depois de uma temporada em Portugal, no Teatro Nacional de São João (TNSJ), no Porto, e outra no Centro Cultural do Mindelo, em Cabo Verde, o espectáculo KastroKriola vai continuar a digressão por palcos cabo-verdianos. A partir de 3 de Julho está em cena no Auditório da Assembleia Nacional, na Praia. KastroKriola revisita uma das obras pioneiras da tragédia clássica em Portugal, à luz da actualidade cabo-verdiana. Adaptada pelo dramaturgo Caplan Neves e encenada por Nuno Cardoso, director artístico do TNSJ, Castro, de António Ferreira, sobre o drama de amor entre D. Pedro e Inês de Castro, dá origem a uma relação homoafectiva entre duas mulheres, Petra e Castro.Em entrevista à RFI, Caplan Neves e Nuno Cardoso ajudam-nos a descobrir KastroKriola.
Sessenta meninos e meninas frequentam as aulas no núcleo de ballet clássico da Academia Livre de Artes Integradas do Mindelo, na ilha de São Vicente, que conta com a parceria pedagógica da Escola de Dança do Funchal, em Portugal. Cerca de quarenta alunos são bolseiros, graças a parcerias com o Ministério da Cultura, a União Europeia e o Instituto Camões de Portugal, mas todos os meninos que frequentam o núcleo de ballet clássico têm bolsa integral dentro do objetivo da ALAIM que contribuir para quebrar a barreira existente, tanto em Cabo Verde como no estrangeiro, de que meninos não devem fazer ballet.
Destination Sailing Channel is sponsored by Seawater Pro. If you are buying a water maker follow the link below, and receive an additional free set of filters with your purchase. If you speak with Mike at Seawater Pro don't forget to mention Destination Sailing Channel, Check out our video when we installed our Seawater Pro watermaker.Use this link to get a free set of filters with your watermaker from Seawater Pro:https://seawaterpro.com/ref/8/Installation Video: https://youtu.be/7lo30PwPiIQIn this programme we look at the island of Bequia in the Grenadines . This is a favourite spot to drop the hook in the south of the Caribbean chain. And it has a lot to offer the yachtsman.You can see more of Mindelo in our series, they are the following episodes:Episode #43 https://youtu.be/lx-2uX3GhR0Episode #44 https://youtu.be/Cnf8SVoEkvYIf you enjoyed this program please leave a review!Thanks for Listening! Please subscribe and leave a comment. You could also watch this programme on Youtube at www.sailingoceanfox.com!To support our work ❤️ https://www.patreon.com/sailingoceanfoxOur videos are free for everyone to watch and always will be. However, we have an amazing community of Patrons who, for the cost of a cup of coffee a month, receive all sorts of benefits and perks. This support allows us to continue bringing our stories to you, so a BIG thanks to our wonderful Patrons. Click the link above to find out more. If Patreon isn't your thing, there are other ways to show your support with no cost for you! Just visit us at www.sailingoceanfox.com to know more.We changed all the billing process as well, so you pay only ONCE a month and that's it! As clear as possible!Join us on the link below ❤️❤️❤️https://www.patreon.com/sailingoceanfoxCheck the photos on Instagram , plus all the journey. We also have the Instagram stories where we register a few seconds of our day all the time. The best place for you to follow us as it is in real time. So much fun.https://instagram.com/sailingoceanfox/ Visit our website where we have our route on the map in real time. It is automatic updated and you can see where we are. You can also choose some official Ocean Fox merch and help to support our journey. https://www.sailingoceanfox.com/Have a look at the food we eat on board of Ocean Fox. A daily blog of our healthy lifestyle . We eat a Low Carb Mediterranean plant based diet and we just love it. Loads of fresh fish as we catch so much.https://www.facebook.com/healthyonboard/Please like and share all of that to help us going on this adventure. We are really enjoying this life and sharing everything with you it's been wonderful . Thank you very much, you guys are amazing supporting us with your likes and comments, we really feel that we have a new family out there. Much loveCarla & Simon
A organização não-governamental Biosfera 1, que promove a defesa da conservação das espécies costeiras, marinhas, dos habitats nas ilhas do Barlavento cabo-verdiano e mobiliza a sociedade civil para a proteção do ambiente, está a desenvolver um projeto-piloto de produção de Biogás e Fertilizante Líquido, a partir de um Biodigestor alimentado com dejetos de animais e restos orgânicos. O presidente da Associação Ambientalista Biosfera 1, Tommy Melo, explica que a ONG quer apostar fortemente, nos próximos cinco anos, na gestão dos resíduos e a proposta é de ter unidades de produção de Biogás e Fertilizante Líquido em comunidades rurais de difícil acesso. O Biodigestor para produção de Biogás e Fertilizante Líquido é uma tecnologia que vem conquistado terreno em toda América do Sul, principalmente nas escolas rurais. Em Cabo Verde, a Biosfera 1 implantou uma unidade numa quinta em Ribeira de Calhau, a pouco mais de vinte minutos do centro da cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente. Com os resultados do projeto piloto, a Biosfera 1 vai abordar os parceiros financeiros nacionais e internacionais para poder implementar o programa de produção de Biogás e Fertilizante Líquido, a partir de um Biodigestor alimentado com dejetos de animais e de humanos e ainda de restos orgânicos. Se conseguir o financiamento pretendido, a Associação Ambientalista Biosfera 1 quer também instalar o projeto na reserva natural da Santa Luzia, reaproveitando os dejetos dos assentamentos de pescadores e dos resíduos sólidos que acumulam na Praia dos Achados para a produção de biogás e fertilizante líquido.
Kolombiyalı yazar, romancı, hikâyeci, oyun yazarı Gabriel José de la Conciliación García Márquez ve Yeşil Burun Adaları'ye bağlı São Vicente, Mindelo'da doğan Cesária Évora'nın hikayesi.
" C'était notre destin ", dit Pierre. Pierre a raison. Nous devions faire escale aux îles au vent du Cap-Vert. Ce rendez-vous avec la beauté, nous ne pouvions pas le rater. Rien que notre arrivée dans cet archipel restera gravée dans nos mémoires. Nous avons contemplé les mêmes spectacles que les pirates d'antan qui abordèrent ces côtes perdues au beau milieu de l'Atlantique. Le saut des baleines à bâbord en guise d'accueil, les montagnes qui transpercent les nuages, un virement de bord épique pour rejoindre le port de Mindelo... Nos 5 sens saturent ! Et puis c'est le début du carnaval. Les membres de la batucada se réunissent pour répéter. Ainsi, dans un stade de foot du bout du monde, leur musique résonne. Elle fouette le sang et bouge les jambes. En l'entendant, on se sent pleinement vivants. L'onde de leurs percussions se propage sur tout l'océan et va dire à la Martinique notre soif d'aventure, de partage, de rires, de vent, de soleil, de saveurs, de rêves, de réconfort, d'espérance... Au moment de quitter les côtes cap-verdiennes nous réalisons combien ce voyage va nous changer, tous autant que nous sommes. Et en bien. Il va laisser sa trace positive sur toute notre vie. Toujours, nous pourrons puiser du bon de ces souvenirs d'Atlantique.
O DJ francês Thomas Bignon (DJ Tom B) criou uma compilação dedicada à música de São Tomé e Príncipe dos anos 70 e 80. “Léve Léve” é lançado a 31 de Janeiro pela editora suíça Bongo Joe Records e reúne nomes como África Negra, Conjunto Mindelo, Tiny das Neves e Pedro Lima, entre outros históricos. O disco chama-se “Léve Léve” e é o primeiro volume de um trabalho que Thomas Bignon promete continuar para fazer vibrar as pistas de dança e para salvaguardar uma memória musical que teme estar a perder-se. O projecto começou há cinco anos, ainda que Thomas Bignon se tenha deixado levar pelos ritmos lusófonos há muito mais tempo. Agora, diz que quer dar o devido palco a um país “leve leve que produz uma música com uma energia brutal”. “A mistura são-tomense é bem especial no sentido em que é uma mistura histórica entre as batidas angolanas, cabo-verdianas, ‘benga’ do Quénia, ‘afoxé’ brasileiro, 'soukous' do Congo e também tem uma influência que vem do Caribe. Essa batida local, a puxa, tem uma energia e uma força bem especial”, descreve. Por isso, o estilo principal que percorre o disco é “o puxa” e entre os nomes escolhidos estão “África Negra, Sangazuza, Pedro Lima, os conjuntos mais velhos como Mindelo, Leonenses, os Untués e coisas mais recentes como Sum Alvarinho, Conjunto Equador, Tiny das Neves”. Para a compilação, o DJ escolheu o que chama de “bombas de pista” para fazer dançar o público, mas “a selecção foi difícil porque tem muitas faixas que merecem figurar”. Depois desta primeira compilação, com a legenda “Volume 1”, haverá “com certeza” um “Volume 2”. “A ideia é democratizar essa música tão difícil de alcançar e tão cara”, continua, sublinhando que são discos muito raros, muitos deles por terem sido editados em pequenas quantidades. A acompanhar a compilação está um livro sobre a história de São Tomé e Príncipe e da sua música, mencionando, por exemplo, Os Untués, um dos primeiros grupos a ter sucesso fora, passando pelo Conjunto Mindelo nos anos 70, ou pelos África Negra, que são um dos exemplos das influências dos discos da África Central que chegavam ao arquipélago nos anos 80. “Em Abril fui lá para encontrar e entrevistar os velhos músicos dos conjuntos históricos, as lendas de lá, há alguns que estão vivos e que ainda tocam. Fiz uma dezena de entrevistas e tenho várias para fazer agora”, conta. Nos próximos tempos, além de continuar a trabalhar na próxima compilação, Thomas Bignon vai levar este disco a muitas pistas, “na Suíça, talvez em Lisboa até ao Verão, talvez em São Tomé também”. Oiça a entrevista nesta edição de Vida em França.
Morna is a music and dance genre from Cape Verde. Lyrics are usually in Cape Verdean Creole, and instrumentation often includes cavaquinho, clarinet, accordion, violin, piano and guitar.
Björn Fiedler vom GEOMAR ist wissenschaftlicher Koordinator des Ocean Science Center Mindelo und erklärt, wie und woran auf und um die Kapverdischen Inseln geforscht wird.
Falei com o Luís, que está à frente de Cachupa Psicadélica, no bar do Monumental, em Lisboa, enquanto bebíamos cerveja. Conversámos sobre o Eden Park, um cinema no Mindelo, em S. Vicente, Cabo Verde, onde ele cresceu, as Caldas da Rainha, a Amadora, religião e muitos outros tópicos.
En la edición de hoy de AfroClub habrá muchas cantantes africanas y serán de varias partes de África, pero para empezar hemos preferido centrarnos en mujeres de Etiopía, un país donde las voces femeninas destacan por la gran popularidad de la que disfrutan entre el público. Escucharemos a dos de las que más éxito tienen actualmente, Tigist Afework y Kuku Sebsebe, voces privilegiadas que continúan explorando uno de los ritmos más tradicionales del país que es el tizita. También disfrutaremos de la voz de Aster Aweke que en los años 90 llegó a ser muy conocida entre el público occidental, y ahora es famosa por sus multitudinarios conciertos en Etiopía, donde sigue siendo una de las cantantes más queridas. Para acabar este pequeño especial sobre este país, contaremos con otra voz extraordinaria, la de Gigi que hace unos años logró una de las cumbres de la fusión de la música etíope con el jazz, creando un sonido muy original.Pero no solo escucharemos voces femeninas de Etiopía, también nos vamos a Cabo Verde para escuchar a nuestra querida Cesaria Evora, de la que se acaba de editar una obra de 4 temas, donde se ha conservado íntegramente la voz de esta carismática cantante y se han añadido nuevos arreglos al estilo del carnaval de Mindelo. También están las sudafricanas Afrika Mamas, cantando a capela siguiendo la tradición de la música zulú, y recuperamos a ritmo de mbalax a una de las divas de la música senegalesa, Kiné Lam, con un mensaje comprometido con los derechos de las mujeres y el reconocimiento de su importancia en la estructuración de las sociedades africanas.La parte final de AfroClub de hoy la dedicamos a una de las músicas más fascinantes que se han hecho en África y que sorprendentemente no es demasiado conocida. Nos referimos a las grandes orquestas de ngoma de Tanzania de los años 80, bandas que estaban formadas muchas veces por más de 20 músicos y que rivalizaban entre ellas. Cada una de ellas contaba con un gran número de entusiastas seguidores, que las acompañaban allá dónde actuasen. De su música destacan las guitarras y las grandes secciones de metales, así como las harmonías vocales de sus cantantes, influenciados por la música congoleña. El término ngoma recoge el nombre de este ritmo, y también el que se le daba a la danza con la que se ejecutaba en las aldeas, así como a los instrumentos de percusión que se utilizaban en estos antiguos rituales. Escuchamos a tres de las más importantes de estas bandas: la International Orchestra Safari Sound, la Mlimani Park Orchestra y la Orchestra Maquis Original.
Os artistas cearenses Robézio Marqs e Tereza Dequinta, fazem parte do Acidum, um projeto que recria a arte urbana por meio de intervenções artísticas. O Acidum Project foi criado em 2006, em Fortaleza (CE). A dupla de artistas vem mostrando seu trabalho na Alemanha, Holanda, França, Estados Unidos e Canadá. Em Cabo Verde, no continente africano, Robézio Marqs e Tereza Dequinta atuam desde 2013 nas duas principais cidades do país, Praia e Mindelo. Odair Santos, correspondente da RFI, em Cabo Verde A dupla faz as chamadas "ações de rua" desde 2013 em Cabo Verde. "No ano passado pintamos a Embaixada do Brasil. Esta também foi a primeira vez que a gente veio a Mindelo, onde fizemos o laboratório rasta, um projeto da área de educação sobre artes urbanas", explicou Robézio, que voltou neste ano com Tereza para aumentar a pintura do muro da Embaixada do Brasil e participar do Festival de Literatura Morabeza. "Pintamos um muro em homenagem ao poeta cabo-verdiano, Jorge Barbosa, e uma parede na cidade do Mindelo sobre os 100 anos do torpedeamento dos dois navios brasileiros na Primeira Guerra", conta. Na cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente, Robézio Marqs e Tereza Dequinta pintaram as paredes da Academia Livre de Artes Integradas do Mindelo, conhecida como ALAIM - um espaço aberto de formação permanente em diferentes áreas artísticas, dirigido por uma atriz brasileira residente em Cabo Verde. A parceria com a Academia Livre de Artes Integradas do Mindelo existe desde de 2016. Robézio Marqs disse que, este ano, também reproduziu em pinturas alguns espetáculos apresentados no local. "Escolhemos fotos de alguns espetáculos e os reproduzimos com nossos traços e o realismo fantástico que trabalhamos", diz. Tereza Dequinta disse que na breve passagem pelo Festival Internacional Graffiti na ilha de São Vicente, que acontece até este domingo (26), pintaram duas das 16 casas colocadas à disposição de artistas de Cabo Verde, Portugal, Brasil, Grécia, Espanha, França e Itália. A dupla também destacou a relação de afeto que se criou com o país africano."É uma relação de afeto, de descoberta e de inspiração. A gente se sente familiarizado com algumas coisas daqui, muito parecidas com o Brasil, principalmente da região do sertão. Há a preocupação em receber bem, um esforço do povo." Para a artista Tereza Dequinta a relação criada com as pessoas em CaboVerde é um reconhecimento do trabalho feito nas ilhas de Santiago e São Vicente. "Fizemos muitos amigos. Toda a vez que a gente volta reencontramos as pessoas."
O Festival Internacional de Teatro do Mindelo, Mindelact é considerado o maior evento de artes cénicas da África Ocidental. Ele acontece todos os anos na ilha de São Vicente, em Cabo Verde, e este ano contou com a maior delegação de artistas e companhias de teatro do Brasil. Ao todo, sete grupos brasileiros se apresentaram este ano no evento que terminou neste sábado (11). Odair Santos, correspondente da RFI em Cabo Verde A 23ª edição do Festival Internacional de Teatro Mindelact contou com a participação do grupo de Teatro Caixa Preta, do Núcleo Vinicius Piedade e Companhia, do Desvio Coletivo, do Grupo Dragão 7, da Companhia Satyrus, da Palavra Z Produções Teatrais e da contadora de histórias, Clara Haddad, Alguns dos artistas brasileiros que participaram do evento partilharam as suas experiências com a RFI Brasil, na cidade do Mindelo. Para a diretora do grupo Desvio Coletivo, Priscilla Toscano, foi “muito importante” para ela e, principalmente, para o grupo, essa participação. “É a primeira vez do 'Desvio Coletivo' num país africano. A gente tem feito a peça 'Cegos' há quase seis anos e o objetivo é realizar o máximo de cidades possíveis. Recentemente, a gente esteve na Ásia e pra gente, no mesmo ano, poder vir e fazer a África é muito importante" explica Priscilla. O ator brasileiro Vinicius Piedade, do Núcleo Vinicius Piedade e Cia, apresentou no festival o drama 'Cárcere' que é uma reflexão sobre a liberdade. A peça conta a história de um personagem que é privado de sua liberdade e de seu piano. De acordo com Vinicius Piedade, o Brasil tem uma relação direta com a África e "para nós é extremamente relevante ter esse contato direto com os nossos irmãos africanos". O ator afirma que a relação entre Brasil e Cabo Verde "é muito natural" porque "qualquer brasileiro que vem pra cá vai se sentir em casa, o que certamente não vai acontecer no Senegal, que é mais perto de Cabo Verde no continente". Brasileiroes conhecendo brasileiros em Cabo Verde Por sua vez, o ator Júnior Lima, que faz parte do grupo Dragão 7 que promove no Brasil um festival de teatro onde se dá a troca de experiência entre artistas e companhias de teatro do Brasil e dos países africanos de língua portuguesa, destaca o fato do Mindelact impulsionar o intercâmbio teatral. Junior Lima cita, como exemplo, o fato de poder conhecer o trabalho dos colegas que vem, como ele, de São Paulo: "Uma oportunidade única de encontrar e conhecer pessoas que mesmo lá na cidade de São Paulo a gente não tem acesso. Eu antes de vir pra cá não conhecia o trabalho do 'Desvio Coletivo' e do Vinicius Piedade e foi aqui, graças ao Mindelact que a gente pôde se cruzar e conhecer". Júnior Lima disse que cada relação que teve em Cabo Verde foi muito rica e que "o pessoal cabo-verdiano é de fato muito afetuoso, que para você na rua, que quer saber de onde você veio, o que faz na vida e a que se dedica para te conhecer ". O ator do grupo Dragão 7 afirma que “para além do intercâmbio artístico, (a experiência) foi de trocas humanas e muitos especiais". União linguística Já o ator Bruno Mariozz, da Palavra Z Produções Teatrais do Rio de Janeiro, o Festival Internacional de Teatro do Mindelo reforça a união linguística entre o Brasil e Cabo Verde. “Eu acho que o Mindelact reforça esse conceito e troca da nossa língua. Apesar de alguns sotaques e palavras diferentes, a gente se une através da língua", ressalta Bruno Mariozz. Mais de 30 companhias de teatro de 12 países realizaram 50 espetáculos, em 12 palcos diferentes, do Mindelact. Oito dessas apresentações foram encenadas por companhias de teatro brasileiras.
8 de Julho de 1832: D. Pedro IV desembarca no Mindelo. 24 de Julho de 1834: os liberais entram em Lisboa. Os miguelistas estão derrotados e o país mudará radicalmente. Foi a nossa última guerra civil.
A atriz e diretora brasileira Chica Carelli, do Teatro Vila Velha, da Bahia, está em Cabo Verde para participar do projeto "K Cena", iniciativa cultural cujo objetivo é valorizar a língua portuguesa e o teatro como veículos para o desenvolvimento da identidade lusófona. Ela apresenta a peça “Somos Todos Ubu”, um espetáculo resultante da sua residência artística na cidade de Mindelo. Odair Santos, de Cabo Verde para a RFI Chica, que também é uma das fundadoras do Teatro Olodum na Bahia, trabalha com os alunos do 16º curso de teatro do Centro Cultural Português na ilha de São Vicente, em Cabo Verde. A atriz brasileira afirma que essa experiência é um desafio. "Tem sido uma aventura, eu vim aqui sem conhecer o país nem as pessoas, nesse projeto de intercâmbio importante, e tem sido muito desafiador", disse. "As pessoas são muito acolhedoras, o que favorece a construção da peça." Ema conta que a montagem de “Somos Todos Ubu”, que estreia no “Mês do Teatro em Cabo Verde”, em março, foi inspirada em dois textos "Ubu Rei", de Alfred Jarry, e "O Rinoceronte", de Eugène Ionesco. "Ainda fizemos a loucura de juntar esses dois textos", comenta. Ela explica, sorridente, que "está sendo muito fácil trabalhar com os atores cabo-verdianos, porque eles são muito disponíveis e estavam abertos para propostas e foram descobrindo junto comigo o texto". Longa carreira teatral Chica Carelli tem 37 anos de carreira teatral e faz nessa peça uma analogia com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, personagem, segundo ela, “grotesco”. "Um cara sem escrúpulos que vem e usurpa o poder do rei, ocupa o lugar dele e começa a criar leis absurdas, com impostos impossíveis e soluções loucas. E a gente associa muito esse personagem grotesco ao Donald Trump e, ao mesmo tempo, a gente reflete: mas esse cara só está no poder porque alguém o colocou lá", conta. Para ela, a cultura africana tem influenciado pouco a pouco o teatro brasileiro. Ela cita como exemplo o Festival de Teatro " A Cena Tá Preta", que acontece em Salvador. "É uma coisa que está crescendo, esse teatro que coloca as raízes africanas no palco. Mas, evidentemente, não chega a 20% da produção teatral", disse. Mas, apesar de ver alguns avanços, a atriz acredita que o negro ainda não é muito presente no teatro e na TV brasileira. Chica cita as novelas brasileiras que são exibidas em Cabo Verde e Angola, nas quais há poucos atores negros. "O negro não se vê retratado. Eu acho que é uma coisa que está em evolução, mas ainda está longe do que seria necessário", desabafa. Uma das alunas do 16º Curso de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo, Lisa, disse à RFI que "é uma experiência incrível e uma honra fazer parte do projeto" que resultou na peça “Somos Todos Ubu”.
In a dispatch from Mindelo on Sao Vicente, one of Cape Verde's northern islands, I talk with University of Mindelo graduate Soraya Monteiro about Cape Verde music and culture.
Odair Santos, correspondente em Cabo Verde, deu-nos a partir da Ilha de S. Vicente, de onde era natural o poeta Corsino Fortes as primeiras reacções à morte do poeta cabo-verdiano, falecido hoje no Mindelo, muitas são jà as reacções ao seu desaparecimento, a começar pelo Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca.
Adilan Ferreira é cabo-verdiano, de Mindelo, ilha de São Vicente, mas vive em Lisboa há cerca de 7 anos. Foi em Lisboa que o jovem músico e letrista criou o movimento Jazz-Hop Portugal. Ouçam o programa desta quinta-feira e saibam o que é este movimento.
Klassikern lördagen den 26 maj 10.45 i P1 Cesaria Evora var kvinnan som spred den melankoliska Mornan från Kap Verde till en världspublik. Hennes sånger handlade om öbornas liv och vardag. Om kärlekens förgänglighet, avvisandets smärta och om sorgen hos de landsförvisade som drömmer om att återvända. Hon var känd som "Barfotadivan" för att hon alltid uppträdde utan skor. I hamnstaden Mindelo, där Cesaria brukade sjunga, växte Miguel Pinto upp. Han träffade henne första gången redan i tonåran. Idag bor Miguel på Tyresö. När han var hemma på Kap Verde i december 2011 träffade han Cesaria en sista gång. Två dagar efter deras möte gick hon bort, 70 år gammal. i Klassikern berättar han för David Mehr om deras sista möte.