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CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - A Visita ao Cárcere - Parte Final - Primeira Parte - Cap. 6

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later Jul 10, 2025 72:04


Curso com Transmissão ao vivo - 03/07/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - A Visita ao Cárcere - Parte 1 - Primeira Parte - Cap. 6

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later Jul 3, 2025 72:14


Curso com Transmissão ao vivo - 26/06/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

Convidado
Luta de libertação de Cabo Verde: “Claro que valeu a pena!”

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 26, 2025 20:12


Nos 50 anos da independência de Cabo Verde, a RFI publica uma série de reportagens sobre este tema. Neste 12° e último episódio, fomos perguntar a antigos combatentes e também aos filhos e netos da independência como está Cabo Verde e se a luta valeu a pena. “Claro que valeu a pena”, respondem muitos, de imediato, mas há reservas e alertas de que se podia "estar muito melhor”. Cinquenta anos depois da proclamação da independência, como está Cabo Verde? Fomos perguntar a quem lutou pela libertação nacional, como Pedro Pires, Silvino da Luz, Osvaldo Lopes da Silva, Amâncio Lopes, Maria Ilídia Évora, Josefina Chantre, Marline Barbosa Almeida, Alcides Évora, Manuel Boal, Óscar Duarte. Mas também quisemos saber a opinião dos filhos e netos da revolução, como a historiadora Iva Cabral, o rapper Hélio Batalha e os sociólogos  Redy Wilson Lima e Roselma Évora. “Não se pode negar que Cabo Verde cresceu em várias áreas”, considera Pedro Pires, o comandante que foi alto dirigente do PAIGC durante a luta de libertação e que depois ascendeu a primeiro-ministro e a Presidente da República. Mas é preciso continuar a trabalhar neste que é um “desafio permanente” de desenvolver o país, alerta. “Valeu a pena” é uma frase que se repete em muitos dos antigos combatentes. Comecemos por Silvino da Luz, que foi combatente e ministro nos primeiros governos de Cabo Verde, lembrando que o país é considerado um exemplo. “Fomos um exemplo nos países que acabavam de chegar à independência e, sobretudo, nas nossas condições. Fomos um exemplo a destacar e temos orgulho nisso.” Josefina Chantre, que tinha como frente de batalha a comunicação social quando trabalhava no secretariado do PAIGC em Conacri, também sublinha que valeu a pena, que voltaria a fazer “a mesma coisa de novo”, que foram feitas várias conquistas em todos os quadrantes, nomeadamente no estatuto da mulher. Mas ainda há desafios. “É gratificante comemorar os 50 anos. Os desafios mantêm-se, sobretudo a nível de mudança de mentalidade, para conseguirmos chegar a um patamar maior, porque estamos sempre a querer mais e melhor para as nossas populações, para as nossas crianças. É um desafio que eu faço aqui: que os nossos jovens realmente se apropriem da nossa história e que continuem o legado de Amílcar Cabral.” Iva Cabral, filha de Amílcar Cabral, o líder da luta de libertação, sublinha que a independência cumpriu o desejo essencial do pai: que o povo cabo-verdiano decida a sua história. “Eu acho que cumpriu muito. Estruturou-se um Estado, a educação para todos, saúde e uma sociedade que está avançando, apesar de todos os males. Mas, principalmente, o meu pai lutou por isso: o poder de construção da sua história e que o povo cabo-verdiano decida qual é a história futura dele. Isso era o principal que o meu pai queria, que os africanos tivessem o direito de construir a sua história.” A maior conquista é a auto-estima do povo cabo-verdiano, avalia outro comandante que foi ministro na primeira República de Cabo Verde, Osvaldo Lopes da Silva, apontando outras conquistas alcançadas em 50 anos. “Haverá sempre motivos de queixa. Haverá sempre razões para dizer que podíamos ter feito mais. Mas a verdade é que Cabo Verde era considerado um país inviável. Hoje em dia, ninguém tem dúvidas de que Cabo Verde é um país viável. Para mim, essa é a maior conquista. A autoestima do cabo-verdiano e a convicção de que podemos ir longe." “Claro que valeu a pena” porque de "ilhas esquecidas" se fez um povo, considera Amâncio Lopes, um dos antigos combatentes que lutou na Guiné pela independência da Guiné e Cabo Verde. “Eu considero que valeu a pena porque Cabo Verde eram umas ilhas pura e simplesmente esquecidas. Tornámo-nos um povo e isso vale a pena ou não vale? Vale." Ver as crianças a saírem alegres e numerosas da escola é a maior vitoria de Maria Ilídia Évora, que durante a luta, depois da formação militar, recebeu formação na área de enfermagem e obstetrícia para poder ajudar as mulheres e as crianças no país independente. “Valeu e muito. Uma coisa que preocupava muito o nosso líder em Cabo Verde e na Guiné era a educação, toda a gente ir para a escola, meninas e rapazes. A preocupação principal dele era ver o povo a desenvolver. Ele dizia: ‘Não há nenhum país no mundo que desenvolve com analfabetos, para o país desenvolver, tem que ter quadros.' Fico radiante quando vejo os alunos a saírem da escola e que não tinham essa possibilidade no tempo colonial. Quando eu vejo as crianças a sairem da escola com aquela alegria toda, eu também fico alegre porque eu digo sacrifiquei-me, mas valeu a pena.” Também o médico Manuel Boal, cuja frente de batalha era a saúde, faz um balanço positivo porque apesar dos parcos recursos, Cabo Verde consegue ser um exemplo em África. “Não há dúvida nenhuma que, 50 anos depois, Cabo Verde é um país que, apesar de pobre em recursos materiais, Cabo Verde consegue ter uma política e um programa de desenvolvimento que é considerado exemplar na região africana. Isso para nós, mostra que a luta valeu a pena.” “Evidentemente que a luta valeu a pena”, resume Alcides Évora que também foi treinado com armas mas acabou por fazer a maior parte da luta ao serviço do secretariado do PAIGC em Conacri. Para ele, Cabo Verde vingou-se de todos os que consideravam que seria um país inviável.“Evidentemente que a luta valeu a pena. Nós quando chegámos a Cabo Verde, os cofres do Estado não tinham absolutamente nada lá dentro. Muitos acharam que Cabo Verde era inviável, dada a sua escassez de chuva e falta de quadros. Muitos estrangeiros que chegavam cá diziam: ‘Vocês estão a tentar o impossível'. Mas esse impossível, tornou-se possível.” A luta também valeu a pena para Óscar Duarte, um dos cabo-verdianos que combatia na clandestinidade e que foi preso no campo de São Nicolau, em Angola, conhecido como "o Tarrafal angolano", mas onde as condições de sobrevivência eram bem piores. Meio século depois, admite que “Cabo Verde deu um pulo grande” e vai continuar a crescer.  “Bem, eu penso que Cabo Verde deu um pulo grande porque, como é sabido, Cabo Verde não tem nada em termos de recursos naturais. Na altura, quando nos tornámos independentes, os bancos não tinham dinheiro, portanto não havia praticamente nada. As ajudas começaram a aparecer e foram muito bem empregues. Eu estou contente, a evolução não irá parar e daqui a mais alguns anitos, Cabo Verde vai estar muito melhor ainda." Outra pessoa que tinha estado na clandestinidade em Cabo Verde, mas que não escapou aos temíveis interrogatórios da polícia política, foi Marline Barbosa Almeida. Para ela, 50 anos depois o balanço é também positivo. “Valeu a pena. Claro que valeu a pena. Cabo Verde podia estar melhor, sem dúvida, nós sempre ambicionamos por melhor. Mas eu acho que estamos muito bem e estamos a caminhar para uma vida melhor para todos. Há altos e baixos, como na vida." Os jovens são mais críticos e dizem que “a luta continua”. Claro que o país está melhor, mas é preciso o salto qualitativo para se cumprir Cabral, comenta o sociólogo Redy Wilson Lima. “Falta essa parte qualitativa. Cabo Verde deu um salto enorme, claramente, eu fui crescendo aqui, dá para perceber o progresso que nós fizemos em todos os aspectos. Agora, falta é qualificar este progresso. É isto que falta para realmente realizarmos o sonho de Cabral, que é ter uma terra diferente dentro da nossa terra, que infelizmente ainda não temos. Está melhor, mas ainda faltam desafios. Claro que não se compara com há 50 anos, mas podíamos estar muito, mas muito melhor.” Os ideais dos que lutaram pela libertação dos povos africanos em geral foram traídos, adverte o rapper Hélio Batalha que diz que “o futuro é longe e há que lutar hoje”.  “O legado de Amílcar Cabral, 50 anos depois da independência e 52 anos depois da sua morte, eu acho que deixa muito a desejar. Eu acho que o jovem cabo-verdiano conhece muito pouco a história, o legado e todo o projecto que Amílcar Cabral tinha para Cabo Verde, Guiné-Bissau e para a África no geral. Politicamente, há uma dicotomia de visão, o que atrapalha muito a imersão da juventude, o conhecer da juventude. Eu acho que se precisa fazer mais a nível de a nível dos sucessivos governos do PAICV e do MpD para impulsionar ainda mais o que é a nossa história.” Ainda há grandes desafios, mas também houve muitas conquistas a nível social, económico e político, avalia Roselma Evora, pesquisadora em ciência política e sociologia. Uma das principais é ter ultrapassado o problema histórico das fomes. “Cabo Verde é um país que por causa das secas, sofreu muito com a fome. É um país que teve sempre grandes quantidades de gente a morrer por causa de fome, por causa da seca. Teve alturas em que um terço da população morreu. Eu não digo que não continuemos a ter desafios e famílias a passarem por grandes necessidades de colocar comida à mesa, mas foi ultrapassada a questão da segurança alimentar. É uma conquista deste país.”     Se não for para beneficiar a população, não vale a pena lutar, considerava Amílcar Cabral. Muito se pode fazer ainda, mas muito também já foi feito. Basta olhar para alguns indicadores. Cinquenta anos depois, Cabo Verde está entre os países africanos com melhor classificação no Índice de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, que mede três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde, encontrando-se, em 2025, na posição 135 de 193 países.            Em 1975, Cabo Verde tinha uma economia muito frágil e uma população de cerca de 270 mil habitantes. A esperança média de vida era de aproximadamente 63 anos. De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas, em 2023, a população é de 509 mil habitantes, a esperança média de vida, segundo o Banco Mundial, é de 74 anos. No início dos anos 80, o desemprego era massivo e generalizado, em 2025, a taxa de desemprego é de 10,3%, de acordo com o INE. Na altura da independência, a taxa de analfabetismo era de 70%. Em 2023, esse valor era de 11,2%. Hoje em dia, a economia de Cabo Verde é impulsionada pelo turismo, que representa 25% do seu PIB, e o crescimento económico tem sido robusto, com 7,3% em 2024 (INE). Ainda de acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas, a taxa de pobreza absoluta em Cabo Verde foi de 24,75% em 2023 e a pobreza extrema, segundo o limiar internacional de 2,15 dólares por dia e por pessoa, era de 2,28% em 2023. Cabo Verde é ainda reconhecido pela sua estabilidade democrática, com transições pacíficas entre os dois principais partidos políticos desde a introdução do multipartidarismo em 1991. Por tudo isto, “valeu a pena”, mas “a luta continua”.   Pode ouvir aqui as entrevistas integrais:

CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - A Pregação do Evangelho - Parte Final - Primeira Parte - Cap. 5

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later Jun 26, 2025 75:11


Curso com Transmissão ao vivo - 12/06/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - A Pregação do Evangelho - Parte 1 - Primeira Parte - Cap. 5

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later Jun 12, 2025 69:16


Curso com Transmissão ao vivo - 05/06/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - Na Via Nomentana - Parte Final - Primeira Parte - Cap. 4

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later Jun 5, 2025 66:36


Curso com Transmissão ao vivo - 29/05/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - Na Via Nomentana - Parte 1 - Primeira Parte - Cap. 4

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later May 29, 2025 62:59


Curso com Transmissão ao vivo - 22/05/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - Sombras Domésticas - Parte Final - Primeira Parte - Cap. 3

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later May 22, 2025 67:51


Curso com Transmissão ao vivo - 15/05/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - Sombras Domésticas - Parte 1 - Primeira Parte - Cap. 2

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later May 15, 2025 71:36


Curso com Transmissão ao vivo - 08/05/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

O Mundo Agora
Democracia ofensiva: banir a extrema direita basta?

O Mundo Agora

Play Episode Listen Later May 12, 2025 4:50


Na Alemanha, França e Romênia, decisões judiciais tentam conter partidos autoritários — mas isso, por si só, talvez não seja suficiente. A última semana marcou mais um capítulo nas tensões entre a extrema-direita e a justiça — desta vez, na Europa. Thomás Zicman de Barros, analista político, especial para a RFIForam dias de decisões e indecisões. Na Alemanha, na segunda-feira (5), o Escritório de Proteção da Constituição declarou o partido AfD, Alternativa para a Alemanha, como um grupo extremista, citando sua proximidade com setores neonazistas e a negação do princípio de igualdade — de acordo com a lógica do partido, imigrantes seriam cidadãos de segunda classe.Essa classificação tem implicações jurídicas importantes: o partido passa a ser monitorado pelos serviços de inteligência e pode, em última instância, ser banido. Mas, diante da reação e da pressão de apoiadores da AfD, o mesmo órgão recuou na quinta-feira (8), afirmando que o caso ainda precisa ser mais bem avaliado.A indefinição gerou surpresa. Afinal, não é evidente que a AfD é um partido de extrema direita? Por que ainda se hesita em chamá-los pelo nome? Parte da resposta está no esforço — hoje quase reflexo — de acadêmicos e políticos de criar tipologias para grupos reacionários, como se a urgência estivesse em classificá-los, e não em enfrentá-los. Cria-se assim uma taxonomia que termina por complexificar o que, no fundo, deveria ser simples."Cinquenta tons de fascismo"No debate acadêmico, costuma-se distinguir diferentes tipos de ultradireita — os chamados "cinquenta tons de fascismo". Nessa tipologia, separa-se a extrema-direita da direita radical. A diferença teórica entre elas seria esta: a extrema-direita se caracteriza por buscar o poder por meio da força. Já a direita radical, embora também antidemocrática em seus valores, opera prioritariamente dentro das regras eleitorais e institucionais.Essa distinção pode ter alguma utilidade no terreno conceitual. Mas, na prática, tem sido usada para relativizar os riscos concretos que esses grupos representam, normalizando-os. No fim, essa taxonomia pouco nos ajuda a compreender o passado, tampouco o presente — e menos ainda a nos preparar para o futuro.Historicamente, a extrema direita recorreu a todos os meios para chegar ao poder. O caso da Alemanha dos anos 1930 é exemplar: a extrema direita ascendeu por vias legais, com apoio decisivo da centro-direita, que a normalizou e acreditou poder controlá-la.O resultado foi a destruição das instituições republicanas por dentro. Mesmo hoje, líderes eleitos não hesitam em flertar com o autogolpe assim que consolidam sua posição. O debate sobre banir ou não a extrema direita da vida política não se restringe à Alemanha, onde o quadro legal prevê explicitamente essa possibilidade.Na França, no mês passado, Marine Le Pen foi declarada inelegível após ser condenada por desvio de verbas do Parlamento Europeu. Se o veredito for mantido, ela estará fora das eleições de 2027, mesmo liderando as pesquisas.Já na Romênia, as conturbadas eleições de dezembro de 2024 — vencidas no primeiro turno pelo então desconhecido candidato de extrema-direita Călin Georgescu — foram anuladas pela Corte Suprema, após denúncias de manipulação da opinião pública por agentes russos nas redes sociais.Esses episódios nos obrigam a fazer uma pergunta difícil: tais medidas são legítimas? Cada caso tem suas especificidades, mas todos podem ser interpretados à luz de uma doutrina conhecida como democracia defensiva — ou democracia militante.O conceito foi formulado nos anos 1930 pelo jurista alemão Karl Loewenstein, exilado nos Estados Unidos após a ascensão do nazismo. A ideia central é que democracias não devem assistir passivamente à ascensão de forças que, uma vez no poder, trabalham para miná-las desde dentro.Como escreveu Karl Popper — filósofo austríaco e liberal convicto — no famoso paradoxo da tolerância: não se pode tolerar o intolerante, porque, ao ganhar espaço, ele destrói o próprio princípio da pluralidade.Vale lembrar: democracia nunca foi apenas uma questão de votos ou de eleições. Historicamente, o sufrágio universal e a escolha de representantes por meio do voto nem sempre foram considerados mecanismos democráticos — pelo contrário, a eleição era muitas vezes vista como um método aristocrático, destinado à seleção dos “melhores”. Medidas para banir extrema direita não bastamO que importa aqui é o núcleo constante da ideia de democracia: a igualdade. É isso o que está em jogo quando forças extremistas tentam capturar o aparato eleitoral para fins autoritários. Mas então essas medidas para banir a extremadireita bastam? Evidentemente, não. Impedir a participação da AfD, de Le Pen ou de candidatos extremistas em eleições pode ser necessário — mas não é suficiente.É preciso perguntar por que esses grupos têm, afinal, tanta força eleitoral. Nesse ponto, os defensores da democracia liberal também precisam fazer sua autocrítica. É preciso entender que a força da extrema-direita vem da crescente insatisfação de cidadãos precarizados, desamparados, angustiados.Cidadãos que percebem que, em sua forma atual, a democracia liberal não tem sido capaz de oferecer respostas convincentes aos dilemas contemporâneos. Nesse sentido, é preciso não apenas conservar a democracia, mas reconstruí-la em novas bases.Se a extrema direita impõe riscos concretos, não basta a democracia defensiva, é preciso uma democracia ofensiva — capaz de agir, disputar, transformar. Uma democracia que recupere e atualize seu princípio mais fundamental: a igualdade.É apenas com mais igualdade — e mais inclusão — que talvez se encontre, enfim, uma resposta à altura.

CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - Um Anjo e um Filósofo - Parte Final - Primeira Parte - Cap. 2

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later May 8, 2025 72:51


Curso com Transmissão ao vivo - 24/04/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

Horizonte de Eventos
Horizonte de Eventos - Episódio 78 - KOSMOS 482 O Satélite Russo Que Vai Cair Na Terra

Horizonte de Eventos

Play Episode Listen Later May 5, 2025 43:00


Muito bom dia, boa tarde e boa noite queridos ouvintes, meu nome é Sérgio Sacani, sou editor do blog Space Today e do canal Space Today no Youtube e trago para vocês mais uma edição do podcast Horizonte de Eventos.E no programa de hoje!!!Vamos desenterrar a incrível e pouco conhecida saga da Kosmos 482, uma missão soviética destinada a Vênus em 1972 que falhou logo após o lançamento. Descobriremos como essa falha, em plena Guerra Fria, levou à queda de destroços misteriosos na Nova Zelândia e deixou uma cápsula espacial, um verdadeiro 'fantasma de Vênus', orbitando a Terra por mais de 50 anos! Exploraremos os desafios de pousar no inferno venusiano, os segredos por trás da missão, sua longa jornada orbital e o que sua história nos ensina sobre a exploração espacial e o crescente problema do lixo espacial.Então você já sabe, se prepara, chegou a hora da ciência invadir o seu cérebro!!!!Imaginem o cenário: estamos em 1972, no auge da Corrida Espacial. A União Soviética, após ver os americanos cravarem a bandeira na Lua, está determinada a manter sua dianteira na exploração dos planetas. O alvo da vez é Vênus, o nosso vizinho mais próximo, um mundo coberto por nuvens densas e com uma superfície tão hostil que desafia a imaginação. Uma nave sofisticada, parte do lendário programa Venera, é lançada com a missão de penetrar essa atmosfera esmagadora e talvez até pousar em solo venusiano.Mas algo, algo crucial, dá terrivelmente errado logo após o lançamento. O último estágio do foguete falha. A nave, em vez de seguir sua jornada interplanetária, fica presa, girando e girando ao redor da Terra numa órbita elíptica e instável, como um **carro que patina no gelo e não consegue sair do lugar**. O que poderia ter acontecido?E a história só fica mais estranha a partir daí.Poucos dias depois, objetos metálicos misteriosos começam a cair do céu na Nova Zelândia, do outro lado do mundo, causando espanto e teorias mirabolantes. Eram esferas de titânio com inscrições em russo! Seriam destroços da missão fracassada? O governo soviético nega veementemente qualquer relação. Por que tanto segredo?Enquanto isso, a nave principal se desfaz em órbita, seus pedaços reentrando na atmosfera ao longo dos anos... exceto um. Um fragmento específico, que muitos acreditam ser a parte mais importante da missão – a cápsula de descida, projetada para suportar o inferno de Vênus – permanece lá em cima. Por décadas! Cinquenta anos orbitando a Terra como um espectro silencioso da Guerra Fria, um segredo soviético flutuando no espaço, como uma **mensagem numa garrafa que nunca chegou ao seu destino**. O que aconteceu com essa cápsula? Ela ainda está lá? Ou já caiu?O que era exatamente essa missão Venera-72? Por que ela falhou de forma tão dramática? Que segredos essa cápsula perdida guardou por tanto tempo em sua jornada solitária? E o que a queda dos seus destroços nos ensina sobre a exploração espacial e seus perigos?Para entendermos completamente a história da Kosmos 482, precisamos primeiro ajustar nossos relógios e calendários. Voltemos para o início da década de 1970, mais precisamente para o ano de 1972. A Guerra Fria, aquela disputa tensa e multifacetada entre os Estados Unidos e a União Soviética, estava em pleno vapor, e um dos seus palcos mais visíveis e simbólicos era, sem dúvida, o espaço. Mas por que o espaço se tornou um campo de batalha tão importante nessa disputa ideológica?

Surf de Mesa
235 - As ondas pesadas e o hiperfoco de Phil Rajzman | Surf de Mesa no REMA Saquarema Surf Festival

Surf de Mesa

Play Episode Listen Later Apr 17, 2025 69:50


Cinquenta por cento. Este é o máximo de rendimento com que o tricampeão mundial Phil Rajzman tem surfado durante o período de remissão do Linfoma não Hodgkin descoberto em janeiro de 2024.Do potencial máximo de 100% de sua capacidade física, Phil cai para 30% logo após as sessões bimestrais de imunoterapia e chega a 50% no fim de cada ciclo, antes de começar tudo de novo. É neste momento que está agora, enquanto compete as baterias do Longboard Pro no REMA Saquarema Surf Festival, que conta pontos para o ranking regional sul-americano do Qualifying Series de Longboard da WSL.A conversa com Carol Bridi e Rapha Tognini neste episódio de podcast passou ainda pela visão de Phil sobre as competições de longboard, nova geração, fabricação e versatilidade dos pranchões, long clássico e progressivo, as baterias vencidas contra o câncer e a relação profunda com o Hawaii, onde vive atualmente quando não está em Búzios, no Brasil. Como cereja do bolo, dislexia e hiperfoco, e os bastidores da lendária sessão em The Box, que foi eternizada em Surf Adventures 2.

CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - Um Anjo e um Filósofo - Parte 1 - Primeira Parte - Cap. 2

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later Apr 17, 2025 73:07


Curso com Transmissão ao vivo - 10/04/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - Uma Família Romana - Parte Final - Primeira Parte - Cap. 1

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later Apr 10, 2025 64:30


Curso com Transmissão ao vivo - 03/04/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - Uma Família Romana - Parte 1 - Primeira Parte - Cap. 1

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later Apr 3, 2025 68:21


Curso com Transmissão ao vivo - 27/03/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - Apresentação do Livro - Carta ao Leitor

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later Mar 27, 2025 65:51


Curso com Transmissão ao vivo - 20/03/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

Convidado
A história do oficial de Marinha que trocou a ditadura pela liberdade

Convidado

Play Episode Listen Later Mar 27, 2025 44:12


O livro “Itinéraires du Refus”, de Jorge Valadas, conta a história de um jovem e, através dele, de um século marcado por escolhas e rupturas decisivas. Jorge Valadas optou pelo caminho da dissidência e da liberdade nos “anos silenciosos” da ditadura portuguesa. Disse não à guerra colonial e desertou da Marinha. Depois, participou activamente no Maio de 68, em Paris, militou contra a guerra no Vietname nos Estados Unidos, e viveu o período revolucionário em Portugal depois do 25 de Abril de 1974. Cinquenta anos depois, escreve que “desobedecer é o primeiro dever de liberdade”. O livro “Itinéraires du Refus” é apresentado, esta quinta-feira, em Paris. A ditadura, o medo, o silêncio, a deserção, o Maio de 68, o 25 de Abril e o exílio são alguns dos temas que percorrem “Itinéraires du Refus”, de Jorge Valadas. A partir da sua história e das suas escolhas e caminhos a contra-corrente, Jorge Valadas convoca uma história colectiva.“É o percurso da minha vida a partir do momento em que tomei uma decisão de fazer uma ruptura que marcou completamente a minha existência e as minhas relações com o mundo. Foi o momento do abandono da sociedade portuguesa com tudo o que ela me significava de opressivo e de repressivo em circunstâncias históricas particulares que eram as da guerra colonial e do regime salazarista. A minha recusa da sociedade portuguesa abriu-me, de certa maneira, para o mundo”, conta à RFI Jorge Valadas.  Contra o silêncio, contra o medo, contra a repressão. Contra a guerra colonial, o colonialismo e a ditadura. Jorge Valadas escreveu e assumiu os seus “itinerários”. Desertou da Marinha porque - como tantos milhares de homens - recusava a guerra contra os que lutavam pela independência. Disse não a todo um sistema repressivo que começava em casa, continuava na rua e se lia nos silêncios e obediências forçadas. No colete de forças da ditadura, “desobedecer é o primeiro dever de liberdade”, lemos no livro, e “o exílio é um caminho escolhido”. Falar da deserção à guerra colonial é romper silêncios em torno de um tema de que ainda pouco se fala e é também contrariar "um período de amnésia histórica enorme" em Portugal.Meses depois de chegar a França, vive o Maio de 68 e leva em cheio com o contraste entre o silêncio de Portugal e as maiores manifestações em França no século XX. Viveu e participou em tudo intensamente. E recordou-nos algumas das imagens e dos momentos mais marcantes. Nesta conversa, conta-nos também o que fazia junto com os camaradas da “tribo” do grupo Cadernos de Circunstância, em Paris, incluindo o episódio em que enviaram material para Portugal dentro de um “submarino comprado pelo regime fascista português à democracia francesa”. Entre os participantes, dois amigos que integrariam “o sector mais revolucionário do MFA na Revolução dos Cravos".Jorge Valadas também nos recorda sobre como viajou para os Estados Unidos com um passaporte falso feito pelo “aluno português do mestre Kaminsky”, um falsificador mítico, e como aí continuou a viver o seu Maio de 68. Curiosamente, o Maio de 68 continuaria, mais tarde, em Portugal, uma semana após o 25 de Abril de 1974, quando regressa no comboio Sud Express. Antes da efervescência das ocupações e das lutas - sobretudo das mulheres que acompanhou, por exemplo, na fábrica Santogal, no Montijo - há um episódio que Jorge Valadas recorda emocionado e que também conta no livro. É quando chega a Vilar Formoso e um soldado lhe agradece por ter desertado. Graças a ele e a homens como ele, é que se chegou à Revolução, disse o furriel.Ao longo do livro, o tema do exílio é outro fio condutor. “Um exílio que começa em Lisboa”, que é “uma força que liberta mas também que aliena”. Será este livro uma forma de reparar a “ferida do exílio” e de se reconciliar com Portugal? “Foi uma reparação, mas eu regresso a Portugal regularmente e nunca está reparado porque reaparece sempre (...) Reaparece sempre esse desconforto entre o que voltamos a encontrar e que nos reconcilia com o passado e aquilo que não queremos encontrar e que está lá de novo.”“Itinéraires du Refus” é o segundo livro da colecção “Brûle-Frontières” da editora Chandeigne & Lima, depois de “Souvenirs d'un futur radieux” de José Vieira. O livro foi publicado a 21 de Março e é apresentado esta quinta-feira, na Livraria Jonas, em Paris.

Vida em França
A história do oficial de Marinha que trocou a ditadura pela liberdade

Vida em França

Play Episode Listen Later Mar 26, 2025 44:12


O livro “Itinéraires du Refus”, de Jorge Valadas, conta a história de um jovem e, através dele, de um século marcado por escolhas e rupturas decisivas. Jorge Valadas optou pelo caminho da dissidência e da liberdade nos “anos silenciosos” da ditadura portuguesa. Disse não à guerra colonial e desertou da Marinha. Depois, participou activamente no Maio de 68, em Paris, militou contra a guerra no Vietname nos Estados Unidos, e viveu o período revolucionário em Portugal depois do 25 de Abril de 1974. Cinquenta anos depois, escreve que “desobedecer é o primeiro dever de liberdade”. O livro “Itinéraires du Refus” é apresentado, esta quinta-feira, em Paris. A ditadura, o medo, o silêncio, a deserção, o Maio de 68, o 25 de Abril e o exílio são alguns dos temas que percorrem “Itinéraires du Refus”, de Jorge Valadas. A partir da sua história e das suas escolhas e caminhos a contra-corrente, Jorge Valadas convoca uma história colectiva.“É o percurso da minha vida a partir do momento em que tomei uma decisão de fazer uma ruptura que marcou completamente a minha existência e as minhas relações com o mundo. Foi o momento do abandono da sociedade portuguesa com tudo o que ela me significava de opressivo e de repressivo em circunstâncias históricas particulares que eram as da guerra colonial e do regime salazarista. A minha recusa da sociedade portuguesa abriu-me, de certa maneira, para o mundo”, conta à RFI Jorge Valadas.  Contra o silêncio, contra o medo, contra a repressão. Contra a guerra colonial, o colonialismo e a ditadura. Jorge Valadas escreveu e assumiu os seus “itinerários”. Desertou da Marinha porque - como tantos milhares de homens - recusava a guerra contra os que lutavam pela independência. Disse não a todo um sistema repressivo que começava em casa, continuava na rua e se lia nos silêncios e obediências forçadas. No colete de forças da ditadura, “desobedecer é o primeiro dever de liberdade”, lemos no livro, e “o exílio é um caminho escolhido”. Falar da deserção à guerra colonial é romper silêncios em torno de um tema de que ainda pouco se fala e é também contrariar "um período de amnésia histórica enorme" em Portugal.Meses depois de chegar a França, vive o Maio de 68 e leva em cheio com o contraste entre o silêncio de Portugal e as maiores manifestações em França no século XX. Viveu e participou em tudo intensamente. E recordou-nos algumas das imagens e dos momentos mais marcantes. Nesta conversa, conta-nos também o que fazia junto com os camaradas da “tribo” do grupo Cadernos de Circunstância, em Paris, incluindo o episódio em que enviaram material para Portugal dentro de um “submarino comprado pelo regime fascista português à democracia francesa”. Entre os participantes, dois amigos que integrariam “o sector mais revolucionário do MFA na Revolução dos Cravos".Jorge Valadas também nos recorda sobre como viajou para os Estados Unidos com um passaporte falso feito pelo “aluno português do mestre Kaminsky”, um falsificador mítico, e como aí continuou a viver o seu Maio de 68. Curiosamente, o Maio de 68 continuaria, mais tarde, em Portugal, uma semana após o 25 de Abril de 1974, quando regressa no comboio Sud Express. Antes da efervescência das ocupações e das lutas - sobretudo das mulheres que acompanhou, por exemplo, na fábrica Santogal, no Montijo - há um episódio que Jorge Valadas recorda emocionado e que também conta no livro. É quando chega a Vilar Formoso e um soldado lhe agradece por ter desertado. Graças a ele e a homens como ele, é que se chegou à Revolução, disse o furriel.Ao longo do livro, o tema do exílio é outro fio condutor. “Um exílio que começa em Lisboa”, que é “uma força que liberta mas também que aliena”. Será este livro uma forma de reparar a “ferida do exílio” e de se reconciliar com Portugal? “Foi uma reparação, mas eu regresso a Portugal regularmente e nunca está reparado porque reaparece sempre (...) Reaparece sempre esse desconforto entre o que voltamos a encontrar e que nos reconcilia com o passado e aquilo que não queremos encontrar e que está lá de novo.”“Itinéraires du Refus” é o segundo livro da colecção “Brûle-Frontières” da editora Chandeigne & Lima, depois de “Souvenirs d'un futur radieux” de José Vieira. O livro foi publicado a 21 de Março e é apresentado esta quinta-feira, na Livraria Jonas, em Paris.

CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - Contextualização Histórica da Obra

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later Mar 17, 2025 71:41


Curso com Transmissão ao vivo - 12/03/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - Vida e Obra de Emmanuel

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later Mar 13, 2025 71:25


Curso com Transmissão ao vivo - 06/03/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - Onde tudo começou: Há Dois Mil Anos

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later Mar 6, 2025 73:31


Curso com Transmissão ao vivo - 27/02/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

CEMA Podcast
Curso Cinquenta Anos Depois - Reencarnação - Objetivos e Oportunidades

CEMA Podcast

Play Episode Listen Later Feb 27, 2025 70:53


Curso com Transmissão ao vivo - 20/02/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela

Um pulo em Paris
Apesar de garantia constitucional, aborto se tornou prática de médico militante na França

Um pulo em Paris

Play Episode Listen Later Jan 17, 2025 17:14


A lei que legalizou o aborto na França completa, nesta sexta-feira (17), 50 anos. Em 2024, esse direito foi reforçado com uma menção incluída na Constituição, mas, na prática, essa conquista das francesas, que é uma exceção mundial, continua ameaçada. O procedimento é mal remunerado pelo sistema público de saúde e perdeu atratividade para os médicos. A data tem sido marcada por denúncias e uma intensa cobertura da mídia para ouvir mulheres que enfrentaram dificuldades recentes para abortar. Por dever de memória e transmissão, feministas e profissionais da saúde que viveram o antes e o depois da promulgação da lei que “descriminalizou a interrupção voluntária da gravidez”, em 17 de janeiro de 1975, recordam os riscos que as mulheres corriam na época para abortar, os métodos empregados pelas "fazedoras de anjos" e as inúmeras mortes de jovens e mães por hemorragia e septicemia.Em meados dos anos 1970, a então ministra da Saúde, Simone Veil, enfrentou um plenário dominado por homens na Assembleia Nacional e aprovou essa imensa conquista, com o apoio do presidente francês Valéry Giscard d'Estaing.Cinquenta anos depois, a luta feminista continua, porque o artigo 34 da Constituição francesa diz que o aborto é "uma liberdade explicitamente garantida às mulheres", mas a aplicação desse direito é remetida a leis complementares. Já no ano passado, a iniciativa do presidente Emmanuel Macron foi acolhida como um ato simbólico, que se confirma insuficiente na prática.Atualmente, o foco de combate das feministas francesas é questionar o princípio da “liberdade de consciência” concedida aos médicos, prevista no Código de Saúde Pública. Essa cláusula ganhou força nos últimos anos, com o ressurgimento do movimento patriarcal ultraconservador na França e em escala internacional. Outra constatação é que o procedimento médico em si não é valorizado pelo sistema público de saúde e perdeu atratividade para os médicos. Desde 2020, um relatório parlamentar já apontava que o aborto era mal remunerado e tinha se tornado uma prática de “médicos militantes”. Esse fenômeno é no mínimo contraditório em relação às garantias que o Estado francês diz oferecer às mulheres, uma vez que o aborto é gratuito no país e 100% coberto pelo sistema público de saúde.Faz 23 anos que o aborto induzido pela pílula abortiva foi autorizado nos consultórios. Esse avanço para a saúde feminina, recomendado até a sétima semana de gravidez, foi festejado na época. Mas de acordo com os números oficiais, só 14% das parteiras, 19% dos ginecologistas e 1,5% dos clínicos gerais acompanharam mulheres nesse processo em 2023. Naquele mesmo ano, para mitigar a carência, as obstetrizes, parteiras com formação universitária, foram autorizadas a praticar o aborto instrumental em estabelecimentos de saúde. Médicos voluntários desaparecemNesta sexta-feira, a mídia transborda de relatos de francesas que enfrentaram dificuldades para encontrar um profissional no prazo que a lei estabelece para o aborto, seja por aspiração, até 14 semanas de gestação, ou com a pílula abortiva. A situação nas zonas rurais é mais complicada do que nas grandes cidades.Além da falta de médicos voluntários, o Movimento Francês de Planejamento Familiar, criado na década de 1960 e um orgulho das feministas, denuncia o fechamento de 130 unidades hospitalares dedicadas ao aborto nos últimos 15 anos.Esses centros desapareceram devido aos sucessivos cortes de orçamento na Saúde. O número de abortos se mantém relativamente estável desde a década de 1990, oscilando entre 220.000 e 230.000 casos por ano. De 2021 para cá, houve um aumento anual médio de 10 mil procedimentos. Mas como essa alta é recente e ainda acontece num contexto desfavorável à natalidade, é muito cedo para estabelecer as razões.Por outro lado, 50 anos depois da legalização do aborto persiste um "tabu gigantesco" na sociedade francesa sobre o assunto, na avaliação do Planejamento Familiar. O acesso à informação sobre o direito de abortar é a nova batalha, devido às campanhas de desinformação promovidas por movimentos ultraconservadores na internet.Pressão psicológica contra a mulher é crimeEm 2017, a França ampliou o conceito do crime de obstrução ao aborto, que agora pune não apenas ações físicas, mas também pressão psicológica ou campanhas de desinformação. As penas podem ser de até dois anos de prisão e uma multa de € 30.000 (cerca de R$ 185.000, segundo o câmbio atual).Mas os opositores ao aborto, ligados ao movimento católico ultraconservador e à extrema direita, têm multiplicado as táticas para perturbar o funcionamento das unidades de atendimento e constranger as mulheres a usufruir de um direito constitucional.Para perturbar o bom funcionamento do sistema e desencorajar os profissionais de saúde a praticar o aborto, os ativistas antiaborto fazem agendamentos massivos de consultas usando perfis falsos de pacientes nos sites de clínicas e hospitais; promovem depredações desses locais durante a madrugada; aparecem nos pontos de atendimento com cartazes que insultam as mulheres; sem falar no show de horrores nas redes sociais, com a postagem de imagens ensanguentadas de pura desinformação sobre as técnicas abortivas e o suposto sofrimento do embrião, que cientificamente não existe no primeiro estágio da gravidez.A avalanche de fake news se profissionalizou com as redes sociais e hoje conta com financiamento interno e proveniente do exterior. O país que se orgulha de suas políticas na área de direitos humanos e das mulheres tem novos desafios pela frente.

KrishnaFM
O conhecimento tem de ser recebido de uma fonte superior; então a pessoa pode se tornar sábia. Não importa se ela tem cinco anos ou cinquenta anos de idade kfm9190

KrishnaFM

Play Episode Listen Later Dec 26, 2024 68:30


TUTAMÉIA TV
11.12.2023 - Cinquenta pessoas foram mortas em um bombardeio em Dair Al-Balah

TUTAMÉIA TV

Play Episode Listen Later Dec 11, 2024 11:44


TUTAMÉIA faz a leitura do relato do que aconteceu na data de hoje, há um ano, na visão do escritor Atef Abu Saif, autor de "Quero Estar Acordado Quando Morrer", editado pela Elefante, que autorizou a produção deste trabalho. Atef Abu Saif nasceu no campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza, em 1973. Formou-se na Universidade de Birzeit, na Cisjordânia, com estudos de pós-graduação na Universidade de Bradford, Inglaterra, e no Instituto Universitário Europeu de Florença, Itália. É autor de cinco romances e dois livros de contos, além de ensaios políticos, como The Drone Eats with Me [O drone almoça comigo] (Comma, 2015) e A Suspended Life [Uma vida em suspenso] (Al-Ahleya, 2015). Colabora frequentemente com jornais e revistas árabes, além de já ter publicado no New York Times e no Guardian, entre outros meios de comunicação ocidentais. Já foi porta-voz do partido político Fatah e, em 2019, mudou-se para Ramallah, onde atuou até março/24 como ministro de Cultura da Autoridade Nacional Palestina. Ele estava em Gaza cumprindo uma agenda de trabalho quando grupos da resistência armada palestina realizaram uma série de ataques ao território israelense, prontamente respondidos por Israel com todo seu poderio militar. Encurralado na estreita faixa territorial sob intenso bombardeio junto com seu filho, parentes e outros 2,3 milhões de compatriotas, Atef começou a escrever — e escreveu todos os dias até que conseguiu sair de Gaza, quase três meses depois. “Quero estar acordado quando morrer” é resultado desse diário do genocídio, publicado simultaneamente por editoras de dez países. Inscreva-se no TUTAMÉIA TV e visite o site TUTAMÉIA, https://tutameia.jor.br, serviço jornalístico criado por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena. Acesse este link para entrar no grupo AMIG@S DO TUTAMÉIA, exclusivo para divulgação e distribuição de nossa produção jornalística: https://chat.whatsapp.com/Dn10GmZP6fV...

2PointDifference
EP50 - Como assim já temos cinquenta episódios?

2PointDifference

Play Episode Listen Later Nov 13, 2024 20:01


Episódio a solo bem curtinho e em estilo throwback! Próxima quarta-feira cá estaremos novamente (espero que com uma das convidadas com quem tenho tentado agendar), rumo às 10.000 reproduções!

Balada musical
Lenda da música francesa, Michel Jonasz lança novo álbum com maiores sucessos de sua carreira

Balada musical

Play Episode Listen Later Oct 12, 2024 9:48


Grande intérprete de música francesa das décadas de 70 e 80, Michel Jonasz fez parte da efervescência da disco-funk na França. Aos nostálgicos dessa época dourada, o artista acaba de lançar um novo álbum, com seus maiores sucessos. Michel Jonasz dispensa apresentações na França: sua carreira solo deslanchou com o hit “Dites-moi”, em 1974, o que abriu as portas para trabalhar junto a outros grandes nomes da música francesa, como Françoise Hardy.Cinquenta anos depois, o incansável artista teve a ideia de lançar uma compilação de seus maiores sucessos, “Soul”. Para fugir do formato “best of”, Michel Jonasz reuniu amigos, como o baterista Manu Katché e o pianista Jean Yves D'Angelo, e regravou os grandes hits de sua carreira, entre eles, “Joeur de Blues”, em destaque na playlist da Programação Musical da RFI. Aumente o som!Aumente o som! Ouça o Balada Musical todos os sábados nos programas da RFI e também no Spotify e no Deezer. E não deixe de conferir as playlists mensais da Programação Musical da RFI no YouTube, Deezer e Spotify! 

BacoCast
EP 110 Luxo, Carro e o Vinho - Os Cinquenta Anos do Tignanello

BacoCast

Play Episode Listen Later Oct 1, 2024 11:03


O mercado do luxo, dos carros e dos vinhos sempre estiveram presentes da história. Este episódio engloba os três temas onde duas marcas italianas se uniram para produzir uma obra de arte histórica, o automóvel Maserati GranCabrio Folgore para as comemorações do 50* aniversário do vinho Tignanello, um dos SuperToscanos mais prestigiados do mundo, produzidos pela família Antinori que está na sua 26* geração atualmente. Hostess : Dayane Casal / @dayanecasal / dayanecasal.com

O Antagonista
Oposição apresenta novo pedido de impeachment de Lula

O Antagonista

Play Episode Listen Later Jun 27, 2024 4:17


Cinquenta e sete deputados de oposição apresentaram, nesta quinta-feira, 27, mais um pedido de impeachment de Lula.Na visão dos parlamentares, o governo Lula cometeu crime de responsabilidade por uma pedalada fiscal, um crime semelhante ao que tirou Dilma Rousseff do poder em 2016.Ser Antagonista é fiscalizar o poder. Apoie o jornalismo Vigilante:  https://bit.ly/planosdeassinatura   Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.  Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.   https://whatsapp.com/channel/0029Va2S...   Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast.  Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br 

Fora da Política Não há Salvação
Política na Veia | 76 | Cinquenta dias de paralização

Fora da Política Não há Salvação

Play Episode Listen Later Jun 4, 2024 65:23


SEM ACORDO, GREVE NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS CONTINUA | Política na Veia AO VIVO A greve dos servidores da educação federal chega aos 50 dias e atinge, neste momento, 60 universidades e cerca de 39 institutos federais de ensino básico. Professores e outros trabalhadores do setor reivindicam, em especial, a recomposição dos salários em 4,5% ainda este ano. O governo federal, por sua vez, promete reajuste salarial zero este ano, mas com aumentos de 13,3% a 31% até 2026, começando em 2025. Ao mesmo tempo, no Paraná, a Assembleia Legislativa do estado deu aval a um projeto de lei que entrega a gestão de ao menos 200 escolas públicas à terceirização. A sessão começou de forma presencial às 14h, mas acabou suspensa depois que manifestantes ocuparam as galerias da Assembleia. Para conter as pessoas, agentes da Polícia Militar utilizaram bombas de gás lacrimogêneo e deixaram três pessoas feridas. Veja também: o "mercado" aumenta a pressão sobre a futura troca na chefia do Banco Central. O atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, termina seu mandato no dia 31 de dezembro. A "PEC das Praias", projeto que prevê a privatização de trechos do litoral, ganha as redes sociais - e vira até motivo de discussão entre Neymar e Luana Piovani. A vitória da candidata progressista Claudia Sheinbaum nas eleições presidenciais do México. E a primeira condenação de Donald Trump na justiça de Nova York. O POLÍTICA NA VEIA é transmitido ao vivo toda terça-feira, sempre às 11 horas, com a participação dos jornalistas Sergio Lirio (redator-chefe de CartaCapital) e Luis Nassif (Jornal GGN), e do cientista político Cláudio Couto, do canal do YouTube e podcast Fora Da Política Não Há Salvação. Siga o Fora da Política Não Há Salvação - BlueSky: https://bsky.app/profile/claudio-couto.bsky.social - Facebook: https://www.facebook.com/foradapoliticanaohasalvacao - Instagram: https://instagram.com/fora_politica_nao_salvacao - Mastodon: https://mastodon.social/@claudio_couto - Threads: https://www.threads.net/@fora_politica_nao_salvacao Seja membro do Clube do Canal de CartaCapital e tenha acesso a benefícios exclusivos: https://bit.ly/ClubeDoCanal Inscreva-se em nossos canais! https://www.youtube.com/@ForadaPoliticaNaohaSalvacao https://www.youtube.com/cartacapital https://www.youtube.com/@TVGGN Siga CartaCapital nas redes sociais: - Facebook: http://www.facebook.com/CartaCapital - Twitter: http://www.twitter.com/cartacapital - Instagram: http://www.instagram.com/cartacapital Siga o GGN nas redes sociais -Twitter: https://twitter.com/JornalGGN -Twitter: https://twitter.com/LuisNassif -Facebook: https://facebook.com/JornalGGN -Instagram: https://instagram.com/JornalGGN Assine e apoie CartaCapital: https://bit.ly/CartaYoutube Apoie o #ForadaPolíticaNãoháSalvação: https://benfeitoria.com/ApoioForadaPoliticaNaohaSalvacao Apoie a TV GGN Catarse: http://www.catarse.me/jornalggn #MeioAmbiente #Litoral #BancoCentral #TaxadeJuros #PolíticaMonetária #UniversidadePública #UniversidadesFederais #Greve #Educação #ContasPúblicas #PolíticaFiscal #GovernoLula #México #Eleições #Populismo #PecdasPraias #AnálisePolítica #ConjunturaPolítica #Democracia --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/fpns/message

Ooshin Podcast
Cinquenta Anos de Toxinas Solidificadas

Ooshin Podcast

Play Episode Listen Later Jun 4, 2024 2:10


Ensinamento de hoje: "Cinquenta Anos de Toxinas Solidificadas"

PQU Podcast
Episódio #276 - Cinquenta minutos, mais ou menos

PQU Podcast

Play Episode Listen Later May 29, 2024 18:06


No episódio 276 do PQU Podcast discuto algumas perguntas muito comuns ao psiquiatra em formação, e ao já formado! O que se esperar de uma primeira consulta psiquiátrica? Quanto tempo ela deveria durar? E, o que fazer quando o tempo reservado para ela não foi suficiente? Para tentar responder estas perguntas, trago da literatura algumas opiniões e, infelizmente, praticamente nenhuma evidência, e ainda compartilho com você a maneira como nós lidamos com estes impasses da prática psiquiátrica. Aproveite!

Expresso - Expresso da Manhã
Não há fome que não dê em fartura: novo aeroporto de Lisboa traz com ele uma nova ponte e comboio de alta velocidade

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later May 15, 2024 15:35


Cinquenta e três anos depois do primeiro anúncio, feito por Marcello Caetano em 1971, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, comunicou ao país que o novo aeroporto ficará em Alcochete. Como a nova localização é na margem sul, é precisa também uma terceira travessia sobre o Tejo e comboio de Alta Velocidade. Neste episódio, conversamos com Anabela Campos, jornalista do Expresso que acompanha o sector das obras públicas.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Café Brasil Podcast
Café Brasil 924 - Portugal dos Cravos - revisitado

Café Brasil Podcast

Play Episode Listen Later May 1, 2024 36:41


Assine o Café Brasil em https://canalcafebrasil.com.br  Lááááááááá em 2007, na pré-história do Café Brasil, gravei um episódio falando de Portugal e da Revolução dos Cravos, que neste ano de 2024 completa 50 anos. Cinquenta anos, cara! De 2007 para cá muita coisa mudou, os brasileiros migraram com força para Portugal e as duas culturas nunca foram tão combinadas, com os benefícios e problemas que isso sempre traz. No mês em que a Revolução dos Cravos completa 50 anos, eu vou revisitar o Café Brasil 40, de 2007.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Precisamos de Falar (Podcast)
Cinquenta Por Trinta

Precisamos de Falar (Podcast)

Play Episode Listen Later Apr 28, 2024 53:51


50 anos do 25 de Abril e 30 de Antena 3.

Convidado
“Que força é essa” Sérgio Godinho?

Convidado

Play Episode Listen Later Apr 27, 2024 31:05


Sérgio Godinho criou canções que são símbolos de liberdade e de resistência, mas não se revê na etiqueta de música de intervenção. Diz simplesmente que se limita a falar da vida. Nos 50 anos do 25 de Abril, convidámos o músico, cantor, compositor, poeta, escritor, actor, “homem dos sete instrumentos”, para falar sobre os tempos da ditadura, do exílio e da criação dos seus primeiros discos. Sérgio Godinho é o nosso convidado desta edição, no âmbito das entrevistas que temos publicado em torno dos 50 anos do 25 de Abril.Foi em Paris que o músico começou a espelhar as dores e as esperanças dos “Sobreviventes” à ditadura portuguesa. Tinha deixado Portugal em 1965 com “sede de ter mundo” e porque estava determinado em não ir para a guerra colonial. Diz que encontrou a sua voz em português em Paris e foi aí que gravou os dois primeiros discos, “Os Sobreviventes” e “Pré-Histórias”. Ambos no Château d'Hérouville, onde José Mário Branco gravou “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, em que Sérgio Godinho também participou e onde Zeca Afonso gravou o álbum "Cantigas do Maio", nomeadamente a “Grândola Vila Morena”.Sérgio Godinho esteve nove anos fora de Portugal durante a ditadura. Estudou psicologia em Genebra, trabalhou na cozinha de um barco holandês enquanto atravessava o Atlântico, viveu, entre tanta coisa, o Maio de 68 em Paris e no 25 de Abril de 1974 estava em Vancouver, no Canadá.Cinquenta anos depois da Revolução dos Cravos, vamos tentar perceber “que força é essa”, a da música e a das palavras de Sérgio Godinho, que fazem com que as suas canções sejam parte do imaginário colectivo da banda sonora das lutas do antes e do pós-25 de Abril.  RFI: Os seus dois primeiros discos, “Os Sobreviventes” e “Pré-Histórias”, são discos emblemáticos da canção de intervenção. Foram gravados em França. Qual era o estúdio e como é que decorreu toda esta fase? Sérgio Godinho, Músico: Foram gravados em Paris. O meu primeiro disco foi de 71. Quer dizer, gravei em 71. Gravei os dois discos antes do 25 de Abril, “Os Sobreviventes” e depois o “Pré-Histórias”. No “Pré-Histórias” já não estava a viver em França, estava a viver em Amesterdão, mas vim a França para gravar no mesmo estúdio.Eu depois vou falar desse epíteto "canção de intervenção", mas, para já, esse estúdio foi um estúdio que o Zé Mário [José Mário Branco] descobriu. É um estúdio que estava a estrear nos arredores de Paris, chamado Château d'Hérouville, onde também o Zeca [Afonso] gravou e onde se gravou o “Grândola Vila Morena”. Onde os Stones gravaram, o Elton John até tem um disco chamado “Honky Château”, que é uma homenagem, onde muitos depois gravaram porque era um estúdio que estava num sítio isolado e estava-se num bom ambiente.Agora, como parêntesis ou não, quanto a esse epíteto de canção de intervenção, isso é uma coisa que só surgiu a seguir ao 25 de Abril. E também que foi de vida muito curta, mas que deixou uma espécie de rasto como os cometas porque eu nunca compreendi muito bem e nunca me identifiquei muito bem com esse termo, canção de intervenção. Eu acho que é extremamente restritivo. O que é que é intervenção? Nós intervimos a vários níveis, não é?Prefere canção de protesto? Mas pode não ser de protesto. "A Noite Passada", que está no segundo disco, ou o "Pode alguém ser quem não é" não são de protesto. Algumas são canções que têm uma componente social, e até política, mas, sobretudo, são canções que contam o que é a vida e que contam muitas vezes histórias, têm muitas personagens. As minhas canções são canções também de interrogação, de percurso. Há muitas interrogações nas minhas canções. "Pode alguém ser quem não é" ou, nesse disco também, o "Barnabé". “O que é que tem o Barnabé que é diferente dos outros?” é uma interrogação e as respostas são dadas pelas pessoas que ouvem e parte das respostas são dadas por mim.Só para dizer que esse termo pode meter-nos assim numa etiqueta e arrumar convenientemente. Não consigo. Eu tenho canções que falam da vida, de questões sociais, políticas até, e que são canções íntimas. Eu tenho uma canção chamada 'Dancemos no mundo' que é uma canção que foi inspirada numa reportagem que houve na revista Expresso de casais separados por barreiras ideológicas, rácicas, políticas, etc, e do seu desejo de dançarem juntos neste mundo que é só um, no fim de contas, e que tem tantas fronteiras. Portanto, onde é que essa canção se vai posicionar? Isso insere-se nisso tudo, na vida.O disco “Os Sobreviventes” foi logo proibido pela PIDE em Portugal? Não é bem assim. Ele, depois de ter ganho um prémio de melhor letrista da Casa da Imprensa, foi retirado. Ele não foi proibido à partida. Repare que é assim: "Os Sobreviventes", todo "Os Sobreviventes" só saiu em 72 porque saiu em 71 quatro canções do disco, no formato que eles chamavam EP. Mas seja como for, o que acontece é que nessa altura estamos já no período de Marcello Caetano e, nessa altura, a própria censura já não sabia o que fazer com ela própria. Ou seja, havia uma incoerência muito grande. Por um lado, proibiam, mas depois permitiam outras coisas. Houve uma altura em que houve um abrandamento, digamos, naquilo que chamaram Primavera Marcelista, que eu nunca acreditei muito e provou-se.Primeiro sai o disco Os Sobreviventes, depois Pré-Histórias. São dois discos que têm músicas com mensagens muito claras. São discos bastante ousados, corajosos...Acho que sim, mas isso era a maneira como eu escrevia, era aquilo que eu queria dizer.  Quer dizer, a coragem do Zeca que vivia cá [em Portugal] e fez "Os Vampiros" aí sim. Eu estava no estrangeiro. Mas sim, claro que são discos que mexem com o status quo, como é evidente, mas que têm canções de vários géneros, canções mais satíricas, canções que falam de problemas políticos ou sociais. No segundo, talvez a canção que ficou mais seja "A Noite Passada", o "Pode alguém ser quem não é" e "O Homem dos Sete Instrumentos" e não são canções de teor político.E a música "Que força é essa"?"Os Sobreviventes" é começado com o "Que força é essa" e acaba com uma canção com uma letra muito curta chamada “Maré Alta”, em que eu digo “aprende a nadar companheiro, que a maré se vai levantar, que a liberdade está a passar por aqui”. Isto era, a liberdade não estava a passar por aqui, mas era não só um desejo, mas uma afirmação. No fim de contas, por outras palavras, é dizer que o solo que nós pisamos é livre, defendamo-lo!Foi muito emocionante, como é evidente, quando eu voltei, logo a seguir ao 25 de Abril, ter cantado essa canção que nunca tinha cantado em Portugal, para um público que conhecia já porque conheciam esses dois primeiros discos e organizaram-se quase espontaneamente aqueles cantos livres da altura, em que estávamos todos no palco, todos ao molho.O que eram os cantos livres? Foram coisas que foram quase improvisadas na hora, com vários cantores. Estávamos no palco, sentados no chão e depois levantámo-nos para cantar duas ou três canções cada um e depois tornávamo-nos a sentar. Às vezes colaborávamos nas canções uns dos outros, mas foram coisas que foram feitas quase… Há sempre gente que organiza, mas não havia agências organizadas, não havia nada disso, não é? Aliás, durante um tempo, nós andámos, e quando falo de mim, falo do Zé Mário, do Zeca, como é evidente, mais tarde o Fausto, também o Vitorino, o Manuel Freire, o Francisco Fanhais, cantámos em várias terras onde era solicitada a nossa presença.Voltemos a Paris. Que papel é que teve Paris na sua formação musical e também política? Paris, naquela altura, era o epicentro dos cantores que, mais tarde, se viriam a chamar "cantores de intervenção". Mais tarde foram chamados…Eu lá conheci o Luís Cília, de quem sou amigo, um amigo activo. O Zé Mário infelizmente já não está entre nós, mas continuei amigo toda a vida e tivemos muitas parcerias. Nos nossos primeiros discos há parcerias de canções. “O Charlatão” até é uma que é dos nossos primeiros discos e que é comum aos nossos primeiros discos. Mas, claro que o Zeca conheci-o porque ele foi a Paris, por exemplo.Mas há mais que isso porque eu cheguei a Paris já vindo de viagens. Porque, entretanto, eu tornei-me um vagabundo existencial. Andei à boleia por toda a Europa no Inverno. Trabalhei na cozinha de um barco holandês, atravessei o Atlântico, fui até às Caraíbas trabalhando, passando pelos Açores que não conhecia e, nessa altura, já não podia vir a Portugal porque tinha sido chamado para o serviço militar/guerra colonial e não tinha respondido e nunca tive a intenção de responder. Não só porque não me identificava com essa guerra, como realmente não queria fazer isso. E escrevi canções que também acabam por se ligar com isso, para mim e para o Zé Mário.O Zé Mário tem uma canção no primeiro disco que se chama “Cantiga de Fogo e da Guerra” que foi um poema que eu fiz quando tinha 19 anos e que depois mostrei ao Zé Mário e ele disse “Ah, mas eu quero pôr isso em música”. Repare, eu cheguei em 67 a Paris, portanto, levei em cheio com o Maio de 68. E vivi-o intensamente porque eu não tinha compromissos, praticamente vivia na rua e ia dormir a casa! Uma casa que era uma “chambre de bonne” em Paris, era pobrezinho - ainda não sou assim muito rico [risos]! Mas vivi muito do dia-a-dia, dormi várias vezes na Sorbonne, todo aquele movimento. Ocupámos a casa dos estudantes portugueses, eu e muitos outros. Depois, a certa altura, estavam dez milhões de trabalhadores em greve e cantei em fábricas ocupadas na Renault, Citroën, etc.Onde havia muitos portugueses.Onde havia muitos portugueses. Eu, o Luís Cília, com a Colette Magny, uma cantora francesa. E eu ainda não tinha material próprio. Tinha uma canção que fiz na altura até em francês, que sei parte dela, mas nunca a recuperei totalmente, mas era uma canção que falava um bocado de Maio de 68. Comecei a fazer canções e comecei a praticar também o que é fazer musicalmente uma canção e letra também. Mas comecei a escrever em francês ou comecei por escrever em francês.Isso é curioso. Porquê?Porque tudo o que eu fazia em português soava-me a José Afonso ou Alexandre O'Neill. Até encontrar uma voz própria, voz poética, uma voz própria, eu tive dificuldade. Então, comecei a fazer canções porque tinha a necessidade de fazer canções porque estava a descobrir essa arte, chamemos-lhe assim. Tive muitas influências, com certeza francesas, até porque estávamos numa altura em que apareceu o [Jacques] Brel, em que antes tinha havido o [Charles] Trenet que é o pai deles todos. Mas apareceu Brel, apareceu o [Georges] Brassens, que é um artífice de canções absolutamente extraordinário, o [Léo] Ferré. Depois, a seguir o [Serge] Gainsbourg, mas é um bocado mais tarde.E também tinha muitas influências brasileiras, sobretudo o Chico [Buarque] e Caetano [Veloso] e antes a bossa nova. E anglo-saxónicas, com o aparecimento dos Beatles, dos Stones, dos Kinks, do Bob Dylan. Foram extremamente importantes para mim, para a minha formação musical, para os meus gostos musicais.E o José Afonso, para mim, quando apareceu, eu tinha 17 ou 18 anos. Foi quando eu percebi que se podia escrever de outra maneira em português e uma canção, que eu acho que é a canção paradigmática como “Os Vampiros”, é uma canção que é extremamente bem feita, que é uma metáfora poderosa e muito corajosa porque não há nada de mais evidente do que o que é que ele está a falar. Está a falar do regime e dos vampiros que comem tudo e não deixam nada. Aliás, eu canto essa canção bastantes vezes. Este ano, que são os 50 anos do 25 de Abril, estamos a reformular o nosso espectáculo e eu já tinha cantado “Os Vampiros”, uma versão muito pessoal dos "Vampiros", muito diferente, bastante pesada, com guitarras eléctricas bastante densas, pesadas, mas que é muito forte.Todas essas influências cruzadas fizeram com que eu também tivesse vontade de experimentar a canção. E só um pouco mais tarde, antes do meu primeiro disco, é que houve assim uma espécie de dique que se abriu e em que eu, de repente, percebi que podia escrever em português e que era em português que eu queria escrever e que o significado das palavras e das frases e das frases feitas que eu uso muito, era também uma maneira de eu não perder a minha ligação à língua portuguesa e a Portugal. A língua portuguesa sempre foi muito importante para mim, foi algo que se venerou em minha casa.Em 1969, entrei no musical “Hair”. Fiz audições quando soube que havia, já tinha ouvido falar do “Hair” que estreou em Nova Iorque. Isto era a terceira cidade onde estava a estrear e era a encenação da Broadway. E foi um grande sucesso em Paris, no Théâtre de la Porte de Saint-Martin. Houve 6.000 ou 7.000 candidatos, eu fiz audições e acabei por ser escolhido e estive lá muito tempo. Foi um belo estágio do que é estar num palco e também cantar, representar, fazer papéis múltiplos, cantar em várias situações e estar à vontade com isso. E eu acho que, desde sempre, tive esse gosto dos palcos, continuo a ter e continuo a praticá-lo.Em Paris, em 1970, participa no concerto “La Chanson de Combat Portugaise” na Maison de la Mutualité. Foi polémico. Como foi?Quer dizer, o Zeca Afonso veio de Portugal. Havia uma grande contestação por esquerdistas de uma ala maoista ou coisa assim que fizeram inclusivamente um panfleto a denunciar, digamos, o carácter, sei lá, “revisionista” do Zeca, ou “pequeno-burguês” e coisas assim. Enfim, foi uma coisa que foi mesmo lamentável. O Zeca cantou, o Luís Cília, o Tino Flores, eu, não sei se o Vitorino - que ainda não tinha obra - se não cantou também nesse âmbito.E houve pancadaria na sala e contestações, pancadaria entre grupos. Porque depois eram os que eram a favor e os que eram contra, mas tudo portugueses, não é? Quer dizer, aquilo era uma coisa... Havia muito esta coisa dos grupúsculos políticos que se arvoravam em detentores da verdade. E o Zeca ficou bastante incomodado com isso e respondeu e outros responderam também.O Luís Cília já adaptava poemas, fazia música sobre poemas, como outros também fizeram, e sempre fez parte da sua obra. E cantou um poema qualquer e houve alguém que lhe diz “Os operários não percebem isso. Porque é que estás a cantar essas coisas? Os operários não percebem isso”. E o Luís respondeu: “Também há operários estúpidos!” O que eu achei uma resposta lapidar! Como é que a cantiga foi uma arma, como cantava o José Mário Branco, contra o fascismo?Foi uma arma? Não sei, não sei. Eu acho que essa afirmação, “a cantiga é uma arma”, eu acho que é uma afirmação que eu nunca subscrevi isso totalmente. Quer dizer, acho que foi um pauzinho na engrenagem, por um lado, e também foi uma contribuição logo a seguir ao 25 de Abril para congregar as pessoas. Eu acho que isso é útil, mas não acho que isso transforme as pessoas em si.Essas coisas todas juntas podem ter uma influência positiva. Por exemplo, eu sei de amigos meus, alguns até ainda nem os conhecia, só conheci depois, que estiveram na guerra em Angola ou em Moçambique e que levaram cassetes que fizeram com as nossas canções e que mostraram aos soldados e havia uma outra realidade. Isso sim. Aí há uma utilidade. Aí pode-se dizer que é uma arma, digamos, dentro do exército.Um cavalo de Tróia?Um cavalo de Tróia. Mas eu só estava a referir-me à canção especificamente porque é preciso cuidado com a arrogância. E é preciso cuidado com considerar que somos tão transformadores. Eu não sou missionário. Quer dizer, eu acho que todas as coisas juntas podem ter uma utilidade, não é? Eu tenho muita consciência do que também são os limites.Mas a música foi um marco e há músicas que ficaram como símbolos da resistência contra o fascismo. Sim. Sim. Sem dúvida.Portanto, esse papel também foi o vosso. Sim, completamente, foi.  E é por isso que eu continuo a cantar. E que, por exemplo, tenho grande prazer em cantar muitas vezes o “Maré Alta”. Aliás, quando falei de “Os Vampiros”, que canto e que não é meu, mas que é uma canção emblema. Sim, nesse aspecto é um emblema. Mas as canções estimulam as pessoas de tantas maneiras e isso dá-me alegria.Por exemplo, na canção “Espalhem a notícia”, há uma criança que nasce. Há muita gente que teve crianças e que me falou disso, das primeiras impressões e falou da alegria de vir ao mundo uma criança e que se relaciona muito com essa canção. Como é evidente, "O Primeiro Dia” é uma canção que diz muito a muitas pessoas de maneiras diferentes. Isso é o que me interessa. Sim, estimular as pessoas, com certeza, isso é o que me interessa e essas interpretações abertas também. O 25 de Abril foi "o primeiro dia do resto da vida" de muita gente…Sem dúvida, sem dúvida. Foi absolutamente transformador, é uma data charneira. E, para mim, que estive nove anos sem poder vir a este país, não é? Eu estava a viver, na altura, no Canadá, estava a viver em Vancouver, no Oceano Pacífico. Repare: estava pacífico e vim para a balbúrdia! [Risos] Voltei definitivamente em Setembro de 74.Essa data foi uma data em que há um antes e um depois. É o primeiro dia do resto das vidas de muita gente. Depois há muita gente que diz “Afinal de contas, o 25 de Abril não cumpriu todos os seus ideais”. Mas é um momento de revolução, é um momento utópico! Temos muitas insuficiências, estamos num país muito injusto ainda, com muitas desigualdades sociais, mas houve coisas que mudaram. Quando digo aos meus filhos que não havia escolas mistas no ensino oficial, é uma coisa que eles não concebem sequer porque cresceram em turmas que têm rapazes e raparigas! Agora, até há o género neutro.Será que, até certo ponto, também podemos dizer que o "À Queima Roupa" é um filho da Revolução dos Cravos?O “À Queima Roupa” foi gravado em 74 mas sai em 75, mas sim, de certo modo, é quando estava tudo "à queima roupa". De certo modo, é curioso que, sem eu querer, os títulos dos meus três primeiros discos reflectem um bocado um percurso porque “Os Sobreviventes” é todo aquele peso que está para trás…Quem eram “Os Sobreviventes”? Éramos todos nós. Todos nós. Depois, o “Pré-Histórias” é como se estivesse a anunciar que qualquer coisa vai acontecer, as Pré-Histórias. Mas eu, repito, isto não foi… Isto, aconteceu assim. E depois, o “À Queima Roupa” é um bocado tudo a acontecer ao mesmo tempo. Toda esta transformação cheia de erros, cheia de passos atrás e passos à frente.Estamos numa democracia para o bem e para o mal. Pode-se dizer que essa democracia não cumpriu tudo. Pois não, mas é por isso que é preciso continuar não só a votar - porque eu estava impedido de votar e muitos de nós ou então as eleições de Humberto Delgado foram completamente aldrabadas, não é? Portanto, estamos numa democracia com liberdade de imprensa, não há censura, digamos, em livros. Pode haver outros tipos mais insidiosos de censura, mas isso é outra conversa. E, de facto, não estamos nada no mundo ideal. Não. E a ascensão de forças de extrema-direita é muito preocupante pela maneira como se disseminam pela sociedade.O refrão de “Liberdade”, que é uma música que já tem 50 anos, “a paz, o pão, habitação, saúde, educação”… Como é que tanto tempo depois parece que a música foi escrita para os dias de hoje?É o que eu disse. Há muitas situações que continuam de uma extrema gravidade, mas cada um desses itens é um item para o qual se deve lutar para que haja um Portugal melhor, um país melhor. Esses itens e outros porque a justiça também não anda nada bem. Ainda há uma justiça de classe, por outro lado, há coisas que estão a ser feitas a nível da justiça que são corajosas, no desmantelar de muitas corrupções. Mas, isso é assim, é um longo caminho.Agora, eu até tenho composto menos, canto muito, mas tenho composto menos porque tenho estado mais virado, tive necessidade disso, para a ficção narrativa. Sai hoje, no dia em que estamos a fazer esta entrevista [8 de Fevereiro de 2024], o meu terceiro romance que se passa entre Portugal e França, que se chama “Vida e Morte nas Cidades Geminadas”. E essas cidades geminadas são Guimarães, de onde vem uma rapariga que emigrou com os pais para uma cidade perto de Paris chamada Compiègne, a 90 quilómetros de Paris, que é geminada, de facto, com Guimarães e que conhece um rapaz francês, Cédric. Ela chama-se Amália Rodrigues - porque o pai se chamava Rodrigues e adorava a Amália! E também canta fado nas horas vagas, embora esteja a tirar um curso de hotelaria e depois vem para Guimarães. Ele trabalha numa morgue. Fala-se muito da vida e fala-se muito da morte. Digamos que essa necessidade da ficção narrativa começou a aparecer também e não é incompatível com as canções porque as minhas canções também têm, muitas vezes, esboços de histórias, têm personagens, a Etelvina, Alice, Casimiro. O Casimiro é, enfim, uma personagem mítica. Mas fala-se muito de pessoas. Lá está, eu gosto de falar de pessoas.De pessoas e de situações sociais porque sente-se nas músicas esse cunho social e político… É por isso que são músicas intemporais?Mas a Etelvina não é uma canção política. No entanto, é uma canção que está no “À Queima Roupa” e é uma das canções mais fortes do “À Queima Roupa”. Acho que é importante não nos fixarmos num determinado… Continuo a dizer que não sou missionário.

Poemas da Nonô - Nonô Poem
“Cinquenta cravos vermelhos”

Poemas da Nonô - Nonô Poem

Play Episode Listen Later Apr 26, 2024 0:15


Quadras do projeto Poesias da Nonô - abril 2024 --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/poesiasdanono/message

Convidado
Vasco Lourenço, capitão de Abril, recorda “o interior da Revolução”

Convidado

Play Episode Listen Later Apr 24, 2024 23:49


Vasco Lourenço é um dos mais conhecidos "capitães de Abril" que conspirou para o golpe que acabou com 48 anos de ditadura em Portugal. Nos 50 anos da Revolução dos Cravos, o presidente da Associação 25 de Abril recorda as origens da conspiração, o dia do golpe e a importância que este teve para Portugal e para os territórios que lutavam pela independência. “Um acto único na história universal”, resume. Nos 50 anos do 25 de Abril, a RFI falou com vários resistentes ao Estado Novo. Neste programa, ouvimos Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril.A liberdade que tantos esperavam chegou numa madrugada de Abril. “O dia inicial inteiro e limpo”, que emergia “da noite e do silêncio”, como escreveu a poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen. Após 13 anos de guerra colonial, o Movimento das Forças Armadas, composto essencialmente por oficiais de média patente, impôs a queda do regime por um golpe militar. Entre os capitães de Abril está Vasco Lourenço, um dos “homens sem sono” que conspirou para o golpe que acabou com 48 anos de ditadura em Portugal.Promover os valores de Abril e manter viva a “Revolução dos Cravos” continua a ser o papel do homem que assume ter sido considerado como o “pai do movimento dos capitães”. Vasco Lourenço, de 81 anos, recebe-nos em Lisboa, na Associação 25 de Abril, a que preside desde que foi criada. Para ele, há que lembrar que o 25 de Abril foi “um acto único na história universal”.O 25 de Abril continua a ser um acto único na história universal. Não se via uma solução para a guerra, os militares do quadro permanente abriram os olhos, digamos assim, para a situação que existia, começaram a defender que as guerras têm que ter uma solução política e viram-se forçados, entre aspas, a revoltar-se contra as próprias Forças Armadas e contra o Governo, contra o poder ditatorial, fascista, colonialista que existia em Portugal.Cinquenta anos depois, Vasco Lourenço olha para a “Revolução dos Cravos” como missão cumprida.Eu costumo dizer que - e fazendo a referência ao que um dia um poeta disse - que o homem para se realizar tem que fazer três coisas na vida que é escrever um livro, plantar uma árvore e fazer um filho. Eu costumo dizer que já fiz essas três coisas, mas como tive a sorte de participar activamente numa acção coletiva - porque é preciso salientar que a acção do Movimento dos Capitães e depois do Movimento das Forças Armadas é essencialmente uma acção colectiva - cada um de nós com certeza que desempenhou o seu papel. Mas eu, como tive essa sorte, sinto-me ainda mais realizado enquanto homem.Antes de perceber que era preciso derrubar a ditadura com um golpe militar, Vasco Lourenço fez parte das forças que sustentavam o regime. Esteve na Guiné-Bissau de 1969 a 1971 e percebeu que era injusto combater quem lutava pela sua independência. Quando terminou a primeira comissão de dois anos, regressou a Portugal, estava decidido a não voltar para a guerra e, inclusivamente, estava disposto a desertar. Acabou por se envolver totalmente na conspiração contra o regime porque, como ele costuma dizer, queria "dar o piparote nos ditadores”.Vinha com um outro sentimento que era revoltado, absolutamente revoltado, porque tinha aberto os olhos para a realidade portuguesa e tinha percebido que estava a ser utilizado por um regime ilegítimo e de ditadura para impor um regime repressivo, sem liberdades e que impunha uma guerra que eu tinha concluído que era uma guerra injusta. Tinha percebido que quem estava no lado correcto a lutar pela sua independência era o outro lado e não era eu.Eu vinha decidido a não voltar à guerra. Se fosse necessário, tentaria sair da vida militar. Se não me deixassem sair da vida militar, eu vinha disposto a desertar e, portanto, a abandonar porque à guerra não voltaria. Mas vinha também decidido a outra coisa. Se antes de sair, eu pudesse utilizar a minha condição de militar para ajudar a dar o piparote, como eu costumo dizer, nos ditadores, eu fá-lo-ia. Assim que a oportunidade me surgiu, envolvi-me de corpo inteiro na conspiração.O Movimento dos Capitães começava a 9 de Setembro de 1973 numa reunião clandestina, em Alcáçovas, entre 136 oficiais do exército. O processo de luta passava por três fases: mostrar que o exército tinha perdido prestígio junto da população portuguesa; que o desprestígio vinha de as Forças Armadas serem o suporte do regime opressivo que impunha uma guerra há 13 anos; e que se aproximava a derrota na Guiné-Bissau com a ameaça de os militares virem a ser responsabilizados pela decisão do poder político. A solução passava, assim, por um golpe de Estado e por derrubar a ditadura.E dissemos: o nosso objectivo é recuperar o prestígio das forças do exército junto da população portuguesa porque não faz sentido que o exército não esteja acarinhado e prestigiado junto da população. E fez-se uma primeira pergunta: 'Mas estamos desprestigiados porquê? Nós até vamos à guerra, estamos a fazer a guerra, a sacrificar-nos para fazer guerra e a população não gosta de nós?' E a resposta foi muito fácil entre nós: 'Não gostam de nós porque olha para nós precisamente como suportes dessa guerra, desse Estado repressivo'. 'Ai é? Então se é assim, o que é que nós temos que fazer para recuperar o prestígio das Forças Armadas?' A resposta foi fácil: 'Deixar de ser o suporte desse regime repressivo e que impõe a guerra'. E depois veio a última pergunta: 'Está bem, mas como?' 'Fazendo um golpe de Estado'. E, portanto, quando nós avançamos para o golpe de Estado, a nossa convicção profunda é que íamos fazer aquilo que a população de uma maneira geral queria.Vasco Lourenço integrou, desde o início, o Movimento dos Capitães e coordenou a organização da reunião de Alcáçovas. A seguir, coordenou toda a parte operacional, mas um mês antes do 25 de Abril, foi transferido para para Ponta Delgada, nos Açores, e foi substituído por Otelo Saraiva de Carvalho no comando das operações. No dia da "Operação Viragem Histórica" Vasco Lourenço estava, então, em Ponta Delgada.Eu costumo dizer que com o Otelo correu muito bem. Comigo, não se sabe como é que teria corrido e falta fazer a prova!Depois de ter derrubado o regime, o Movimento das Forças Armadas apresentou ao país um programa político baseado nos 3 D's - Democratizar, Descolonizar e Desenvolver. Um programa que as oposições tinham defendido no Ill Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro, em Abril de 1973. O golpe militar de 25 de Abril de 1974 transformou-se numa revolução que incarnava as aspirações de liberdade pelas quais lutaram, durante 48 anos, os diferentes movimentos oposicionistas à ditadura. Para Vasco Lourenço, o 25 de Abril também teve um impacto internacional e "foi a primeira das grandes ondas de democratização dos grandes movimentos de democratização que, nessa altura, se iniciaram no mundo inteiro”.Cinquenta anos depois, muita coisa vai mal, mas Vasco Lourenço alerta que “continua a ser preferível uma democracia com todos os defeitos a uma ditadura qualquer, teoricamente sem defeitos”.Vasco Lourenço publicou, em 2009, o livro Do Interior da Revolução em que conta o que viveu nesses tempos, primeiro no Movimento dos Capitães e depois no MFA. Esteve na Comissão Coordenadora do Programa do MFA, no Conselho de Estado, no Conselho dos 20 e no Conselho da Revolução. Em 1982, quando terminou o período de transição e foi extinto o Conselho da Revolução, promoveu a constituição da Associação 25 de Abril, da qual é presidente da direcção. Vasco Lourenço foi condecorado com a grã-cruz da Ordem da Liberdade e a grã-cruz do Infante D. Henrique.

JORNAL DA RECORD
22/04/2024 | 3ª Edição: Polícia faz operação contra furto de celulares no Distrito Federal

JORNAL DA RECORD

Play Episode Listen Later Apr 22, 2024 3:37


A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu dois suspeitos de integrar uma quadrilha especializada em furtar celulares em grandes eventos. Cinquenta e dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos em bairros do Distrito Federal, de Goiás e de São Paulo. Veja também: Avião faz pouso de emergência no interior de São Paulo.

Resumão Diário
JN: presos os fugitivos do presídio federal de Mossoró, e Maduro publica lei para incorporar um pedaço da Guiana

Resumão Diário

Play Episode Listen Later Apr 5, 2024 5:18


Cinquenta dias de caçada e os fugitivos de Mossoró estão presos de novo. O ministro da Justiça disse que os dois pretendiam fugir do país. Uma testemunha afirmou que o responsável pela batida que matou uma pessoa em São Paulo tinha bebido. O veneuelano Nicolás Maduro publicou uma lei para anexar um pedaço da Guiana e o país vizinho avisa que não vai aceitar. O presidente americano Joe Biden mudou de tom depois das mortes de agentes humanitários em Gaza. E condicionou o apoio a Israel a medidas de proteção à vida de civis inocentes na guerra.

Colunistas Eldorado Estadão
Eliane: "Cessar-fogo não significa resolver a questão da guerra"

Colunistas Eldorado Estadão

Play Episode Listen Later Nov 22, 2023 18:46


O governo de Israel aprovou o acordo mediado pelo Catar para uma trégua temporária em Gaza, após 45 dias de guerra com o grupo terrorista Hamas, que domina o enclave. Cinquenta mulheres e crianças israelenses detidas em Gaza seriam libertadas em troca de um cessar-fogo temporário de quatro dias. "É importante pois tem apelo humanitário importante e é um interesse pragmático dos dois lados, mas isso não significa resolver a questão da guerra. Ninguém trabalha com a hipótese de que este cessar-fogo seja o indício do fim do conflito", diz Eliane.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Eliane Cantanhêde responde
"Cessar-fogo não significa resolver a questão da guerra"

Eliane Cantanhêde responde

Play Episode Listen Later Nov 22, 2023 18:46


O governo de Israel aprovou o acordo mediado pelo Catar para uma trégua temporária em Gaza, após 45 dias de guerra com o grupo terrorista Hamas, que domina o enclave. Cinquenta mulheres e crianças israelenses detidas em Gaza seriam libertadas em troca de um cessar-fogo temporário de quatro dias. "É importante pois tem apelo humanitário importante e é um interesse pragmático dos dois lados, mas isso não significa resolver a questão da guerra. Ninguém trabalha com a hipótese de que este cessar-fogo seja o indício do fim do conflito", diz Eliane.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Café Crime e Chocolate
189 - O Assassino do Alfabeto - Parte Final - Teorias

Café Crime e Chocolate

Play Episode Listen Later Jul 19, 2023 38:59


Cinquenta anos se passaram sem que a polícia de Rochester nos Estados Unidos pudesse dar um nome para o assassino de Carmen Colòn, Wanda Walkowiczs e Michelle Maenza. Porém isso não significa que pistas tenham parado de chegar e que novos suspeitos não apareçam no radar das autoridades. O que não falta para este caso são teorias e é neste episódio que vou comentá-las. Produção: Crimes e Mistérios Brasil Narração: Tatiana Daignault Edição: Tatiana Daignault Pesquisa e Roteiro: Tatiana Daignault  Fotos e fontes sobre o caso você encontra em www.cafecrimechocolate.com O Café Crime e Chocolate é um podcast brasileiro que conta casos de crimes reais acontecidos no mundo inteiro, com pesquisas detalhadas, narrado com respeito e foco nas vítimas. Não esqueça de se inscrever no podcast pela sua plataforma preferida, assim você não perde nenhum episódio. Siga-nos também em nossas redes sociais: Instagram - @cafe_crime_chocolate_podcast

CEPT Vinhedo
ESE Cap XVI - Servir a Deus e a Mamon + Livro -- Cinquenta Anos Depois -- Cap.II pt.1. Ano 1940, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.

CEPT Vinhedo

Play Episode Listen Later Mar 18, 2023 73:16


ESE Cap XVI - Servir a Deus e a Mamon + Livro -- Cinquenta Anos Depois -- Cap.II pt.1. Ano 1940, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.

CEPT Vinhedo
ESE Cap XV - Fora da Caridade não há salvação + Livro -- Cinquenta Anos Depois -- Cap.I pt.3. Ano 1940, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.

CEPT Vinhedo

Play Episode Listen Later Mar 11, 2023 67:05


ESE Cap XV - Fora da Caridade não há salvação + Livro -- Cinquenta Anos Depois -- Cap.I pt.3. Ano 1940, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.

CEPT Vinhedo
ESE Cap XIV - Honrai vosso pai e vossa mãe + Livro -- Cinquenta Anos Depois -- Cap.I pt.2. Ano 1940, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.

CEPT Vinhedo

Play Episode Listen Later Mar 4, 2023 68:07


ESE Cap XIV - Honrai vosso pai e vossa mãe + Livro -- Cinquenta Anos Depois -- Cap.I pt.2. Ano 1940, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.

CEPT Vinhedo
ESE Cap XIII - Que a vossa mão esquerda não saiba o que faz a direita + Livro -- Cinquenta Anos Depois -- Cap.I pt.1. Ano 1940, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.

CEPT Vinhedo

Play Episode Listen Later Feb 25, 2023 95:27


ESE Cap XIII - Que a vossa mão esquerda não saiba o que faz a direita + Livro -- Cinquenta Anos Depois -- Cap.I pt.1. Ano 1940, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.

CEPT Vinhedo
Livro -- Cinquenta Anos Depois -- PREFÁCIO. Ano 1940, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.

CEPT Vinhedo

Play Episode Listen Later Feb 11, 2023 31:48


Livro -- Cinquenta Anos Depois -- PREFÁCIO. Ano 1940, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.

Primeiro Tratamento
Primeiro Tratamento – Mariana Brasil – # 247

Primeiro Tratamento

Play Episode Listen Later Dec 21, 2022


Cinquenta episódios e um ano depois, Mari Brasil, uma das maiores agentes de roteiristas do país, retorna ao podcast para falar sobre como o mercado se comportou esse ano, dar dicas para roteiristas e falar sobre o futuro da profissão. No papo de abertura, nossas listas de surpresa, decepção, guilty pleasure, melhor filme e melhor … Continue lendo "Primeiro Tratamento – Mariana Brasil – # 247"