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Curso com Transmissão ao vivo - 08/05/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela
Na Alemanha, França e Romênia, decisões judiciais tentam conter partidos autoritários — mas isso, por si só, talvez não seja suficiente. A última semana marcou mais um capítulo nas tensões entre a extrema-direita e a justiça — desta vez, na Europa. Thomás Zicman de Barros, analista político, especial para a RFIForam dias de decisões e indecisões. Na Alemanha, na segunda-feira (5), o Escritório de Proteção da Constituição declarou o partido AfD, Alternativa para a Alemanha, como um grupo extremista, citando sua proximidade com setores neonazistas e a negação do princípio de igualdade — de acordo com a lógica do partido, imigrantes seriam cidadãos de segunda classe.Essa classificação tem implicações jurídicas importantes: o partido passa a ser monitorado pelos serviços de inteligência e pode, em última instância, ser banido. Mas, diante da reação e da pressão de apoiadores da AfD, o mesmo órgão recuou na quinta-feira (8), afirmando que o caso ainda precisa ser mais bem avaliado.A indefinição gerou surpresa. Afinal, não é evidente que a AfD é um partido de extrema direita? Por que ainda se hesita em chamá-los pelo nome? Parte da resposta está no esforço — hoje quase reflexo — de acadêmicos e políticos de criar tipologias para grupos reacionários, como se a urgência estivesse em classificá-los, e não em enfrentá-los. Cria-se assim uma taxonomia que termina por complexificar o que, no fundo, deveria ser simples."Cinquenta tons de fascismo"No debate acadêmico, costuma-se distinguir diferentes tipos de ultradireita — os chamados "cinquenta tons de fascismo". Nessa tipologia, separa-se a extrema-direita da direita radical. A diferença teórica entre elas seria esta: a extrema-direita se caracteriza por buscar o poder por meio da força. Já a direita radical, embora também antidemocrática em seus valores, opera prioritariamente dentro das regras eleitorais e institucionais.Essa distinção pode ter alguma utilidade no terreno conceitual. Mas, na prática, tem sido usada para relativizar os riscos concretos que esses grupos representam, normalizando-os. No fim, essa taxonomia pouco nos ajuda a compreender o passado, tampouco o presente — e menos ainda a nos preparar para o futuro.Historicamente, a extrema direita recorreu a todos os meios para chegar ao poder. O caso da Alemanha dos anos 1930 é exemplar: a extrema direita ascendeu por vias legais, com apoio decisivo da centro-direita, que a normalizou e acreditou poder controlá-la.O resultado foi a destruição das instituições republicanas por dentro. Mesmo hoje, líderes eleitos não hesitam em flertar com o autogolpe assim que consolidam sua posição. O debate sobre banir ou não a extrema direita da vida política não se restringe à Alemanha, onde o quadro legal prevê explicitamente essa possibilidade.Na França, no mês passado, Marine Le Pen foi declarada inelegível após ser condenada por desvio de verbas do Parlamento Europeu. Se o veredito for mantido, ela estará fora das eleições de 2027, mesmo liderando as pesquisas.Já na Romênia, as conturbadas eleições de dezembro de 2024 — vencidas no primeiro turno pelo então desconhecido candidato de extrema-direita Călin Georgescu — foram anuladas pela Corte Suprema, após denúncias de manipulação da opinião pública por agentes russos nas redes sociais.Esses episódios nos obrigam a fazer uma pergunta difícil: tais medidas são legítimas? Cada caso tem suas especificidades, mas todos podem ser interpretados à luz de uma doutrina conhecida como democracia defensiva — ou democracia militante.O conceito foi formulado nos anos 1930 pelo jurista alemão Karl Loewenstein, exilado nos Estados Unidos após a ascensão do nazismo. A ideia central é que democracias não devem assistir passivamente à ascensão de forças que, uma vez no poder, trabalham para miná-las desde dentro.Como escreveu Karl Popper — filósofo austríaco e liberal convicto — no famoso paradoxo da tolerância: não se pode tolerar o intolerante, porque, ao ganhar espaço, ele destrói o próprio princípio da pluralidade.Vale lembrar: democracia nunca foi apenas uma questão de votos ou de eleições. Historicamente, o sufrágio universal e a escolha de representantes por meio do voto nem sempre foram considerados mecanismos democráticos — pelo contrário, a eleição era muitas vezes vista como um método aristocrático, destinado à seleção dos “melhores”. Medidas para banir extrema direita não bastamO que importa aqui é o núcleo constante da ideia de democracia: a igualdade. É isso o que está em jogo quando forças extremistas tentam capturar o aparato eleitoral para fins autoritários. Mas então essas medidas para banir a extremadireita bastam? Evidentemente, não. Impedir a participação da AfD, de Le Pen ou de candidatos extremistas em eleições pode ser necessário — mas não é suficiente.É preciso perguntar por que esses grupos têm, afinal, tanta força eleitoral. Nesse ponto, os defensores da democracia liberal também precisam fazer sua autocrítica. É preciso entender que a força da extrema-direita vem da crescente insatisfação de cidadãos precarizados, desamparados, angustiados.Cidadãos que percebem que, em sua forma atual, a democracia liberal não tem sido capaz de oferecer respostas convincentes aos dilemas contemporâneos. Nesse sentido, é preciso não apenas conservar a democracia, mas reconstruí-la em novas bases.Se a extrema direita impõe riscos concretos, não basta a democracia defensiva, é preciso uma democracia ofensiva — capaz de agir, disputar, transformar. Uma democracia que recupere e atualize seu princípio mais fundamental: a igualdade.É apenas com mais igualdade — e mais inclusão — que talvez se encontre, enfim, uma resposta à altura.
Curso com Transmissão ao vivo - 24/04/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela
Muito bom dia, boa tarde e boa noite queridos ouvintes, meu nome é Sérgio Sacani, sou editor do blog Space Today e do canal Space Today no Youtube e trago para vocês mais uma edição do podcast Horizonte de Eventos.E no programa de hoje!!!Vamos desenterrar a incrível e pouco conhecida saga da Kosmos 482, uma missão soviética destinada a Vênus em 1972 que falhou logo após o lançamento. Descobriremos como essa falha, em plena Guerra Fria, levou à queda de destroços misteriosos na Nova Zelândia e deixou uma cápsula espacial, um verdadeiro 'fantasma de Vênus', orbitando a Terra por mais de 50 anos! Exploraremos os desafios de pousar no inferno venusiano, os segredos por trás da missão, sua longa jornada orbital e o que sua história nos ensina sobre a exploração espacial e o crescente problema do lixo espacial.Então você já sabe, se prepara, chegou a hora da ciência invadir o seu cérebro!!!!Imaginem o cenário: estamos em 1972, no auge da Corrida Espacial. A União Soviética, após ver os americanos cravarem a bandeira na Lua, está determinada a manter sua dianteira na exploração dos planetas. O alvo da vez é Vênus, o nosso vizinho mais próximo, um mundo coberto por nuvens densas e com uma superfície tão hostil que desafia a imaginação. Uma nave sofisticada, parte do lendário programa Venera, é lançada com a missão de penetrar essa atmosfera esmagadora e talvez até pousar em solo venusiano.Mas algo, algo crucial, dá terrivelmente errado logo após o lançamento. O último estágio do foguete falha. A nave, em vez de seguir sua jornada interplanetária, fica presa, girando e girando ao redor da Terra numa órbita elíptica e instável, como um **carro que patina no gelo e não consegue sair do lugar**. O que poderia ter acontecido?E a história só fica mais estranha a partir daí.Poucos dias depois, objetos metálicos misteriosos começam a cair do céu na Nova Zelândia, do outro lado do mundo, causando espanto e teorias mirabolantes. Eram esferas de titânio com inscrições em russo! Seriam destroços da missão fracassada? O governo soviético nega veementemente qualquer relação. Por que tanto segredo?Enquanto isso, a nave principal se desfaz em órbita, seus pedaços reentrando na atmosfera ao longo dos anos... exceto um. Um fragmento específico, que muitos acreditam ser a parte mais importante da missão – a cápsula de descida, projetada para suportar o inferno de Vênus – permanece lá em cima. Por décadas! Cinquenta anos orbitando a Terra como um espectro silencioso da Guerra Fria, um segredo soviético flutuando no espaço, como uma **mensagem numa garrafa que nunca chegou ao seu destino**. O que aconteceu com essa cápsula? Ela ainda está lá? Ou já caiu?O que era exatamente essa missão Venera-72? Por que ela falhou de forma tão dramática? Que segredos essa cápsula perdida guardou por tanto tempo em sua jornada solitária? E o que a queda dos seus destroços nos ensina sobre a exploração espacial e seus perigos?Para entendermos completamente a história da Kosmos 482, precisamos primeiro ajustar nossos relógios e calendários. Voltemos para o início da década de 1970, mais precisamente para o ano de 1972. A Guerra Fria, aquela disputa tensa e multifacetada entre os Estados Unidos e a União Soviética, estava em pleno vapor, e um dos seus palcos mais visíveis e simbólicos era, sem dúvida, o espaço. Mas por que o espaço se tornou um campo de batalha tão importante nessa disputa ideológica?
Cinquenta por cento. Este é o máximo de rendimento com que o tricampeão mundial Phil Rajzman tem surfado durante o período de remissão do Linfoma não Hodgkin descoberto em janeiro de 2024.Do potencial máximo de 100% de sua capacidade física, Phil cai para 30% logo após as sessões bimestrais de imunoterapia e chega a 50% no fim de cada ciclo, antes de começar tudo de novo. É neste momento que está agora, enquanto compete as baterias do Longboard Pro no REMA Saquarema Surf Festival, que conta pontos para o ranking regional sul-americano do Qualifying Series de Longboard da WSL.A conversa com Carol Bridi e Rapha Tognini neste episódio de podcast passou ainda pela visão de Phil sobre as competições de longboard, nova geração, fabricação e versatilidade dos pranchões, long clássico e progressivo, as baterias vencidas contra o câncer e a relação profunda com o Hawaii, onde vive atualmente quando não está em Búzios, no Brasil. Como cereja do bolo, dislexia e hiperfoco, e os bastidores da lendária sessão em The Box, que foi eternizada em Surf Adventures 2.
Curso com Transmissão ao vivo - 10/04/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela
Curso com Transmissão ao vivo - 03/04/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela
Curso com Transmissão ao vivo - 27/03/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela
Curso com Transmissão ao vivo - 20/03/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela
O livro “Itinéraires du Refus”, de Jorge Valadas, conta a história de um jovem e, através dele, de um século marcado por escolhas e rupturas decisivas. Jorge Valadas optou pelo caminho da dissidência e da liberdade nos “anos silenciosos” da ditadura portuguesa. Disse não à guerra colonial e desertou da Marinha. Depois, participou activamente no Maio de 68, em Paris, militou contra a guerra no Vietname nos Estados Unidos, e viveu o período revolucionário em Portugal depois do 25 de Abril de 1974. Cinquenta anos depois, escreve que “desobedecer é o primeiro dever de liberdade”. O livro “Itinéraires du Refus” é apresentado, esta quinta-feira, em Paris. A ditadura, o medo, o silêncio, a deserção, o Maio de 68, o 25 de Abril e o exílio são alguns dos temas que percorrem “Itinéraires du Refus”, de Jorge Valadas. A partir da sua história e das suas escolhas e caminhos a contra-corrente, Jorge Valadas convoca uma história colectiva.“É o percurso da minha vida a partir do momento em que tomei uma decisão de fazer uma ruptura que marcou completamente a minha existência e as minhas relações com o mundo. Foi o momento do abandono da sociedade portuguesa com tudo o que ela me significava de opressivo e de repressivo em circunstâncias históricas particulares que eram as da guerra colonial e do regime salazarista. A minha recusa da sociedade portuguesa abriu-me, de certa maneira, para o mundo”, conta à RFI Jorge Valadas. Contra o silêncio, contra o medo, contra a repressão. Contra a guerra colonial, o colonialismo e a ditadura. Jorge Valadas escreveu e assumiu os seus “itinerários”. Desertou da Marinha porque - como tantos milhares de homens - recusava a guerra contra os que lutavam pela independência. Disse não a todo um sistema repressivo que começava em casa, continuava na rua e se lia nos silêncios e obediências forçadas. No colete de forças da ditadura, “desobedecer é o primeiro dever de liberdade”, lemos no livro, e “o exílio é um caminho escolhido”. Falar da deserção à guerra colonial é romper silêncios em torno de um tema de que ainda pouco se fala e é também contrariar "um período de amnésia histórica enorme" em Portugal.Meses depois de chegar a França, vive o Maio de 68 e leva em cheio com o contraste entre o silêncio de Portugal e as maiores manifestações em França no século XX. Viveu e participou em tudo intensamente. E recordou-nos algumas das imagens e dos momentos mais marcantes. Nesta conversa, conta-nos também o que fazia junto com os camaradas da “tribo” do grupo Cadernos de Circunstância, em Paris, incluindo o episódio em que enviaram material para Portugal dentro de um “submarino comprado pelo regime fascista português à democracia francesa”. Entre os participantes, dois amigos que integrariam “o sector mais revolucionário do MFA na Revolução dos Cravos".Jorge Valadas também nos recorda sobre como viajou para os Estados Unidos com um passaporte falso feito pelo “aluno português do mestre Kaminsky”, um falsificador mítico, e como aí continuou a viver o seu Maio de 68. Curiosamente, o Maio de 68 continuaria, mais tarde, em Portugal, uma semana após o 25 de Abril de 1974, quando regressa no comboio Sud Express. Antes da efervescência das ocupações e das lutas - sobretudo das mulheres que acompanhou, por exemplo, na fábrica Santogal, no Montijo - há um episódio que Jorge Valadas recorda emocionado e que também conta no livro. É quando chega a Vilar Formoso e um soldado lhe agradece por ter desertado. Graças a ele e a homens como ele, é que se chegou à Revolução, disse o furriel.Ao longo do livro, o tema do exílio é outro fio condutor. “Um exílio que começa em Lisboa”, que é “uma força que liberta mas também que aliena”. Será este livro uma forma de reparar a “ferida do exílio” e de se reconciliar com Portugal? “Foi uma reparação, mas eu regresso a Portugal regularmente e nunca está reparado porque reaparece sempre (...) Reaparece sempre esse desconforto entre o que voltamos a encontrar e que nos reconcilia com o passado e aquilo que não queremos encontrar e que está lá de novo.”“Itinéraires du Refus” é o segundo livro da colecção “Brûle-Frontières” da editora Chandeigne & Lima, depois de “Souvenirs d'un futur radieux” de José Vieira. O livro foi publicado a 21 de Março e é apresentado esta quinta-feira, na Livraria Jonas, em Paris.
O livro “Itinéraires du Refus”, de Jorge Valadas, conta a história de um jovem e, através dele, de um século marcado por escolhas e rupturas decisivas. Jorge Valadas optou pelo caminho da dissidência e da liberdade nos “anos silenciosos” da ditadura portuguesa. Disse não à guerra colonial e desertou da Marinha. Depois, participou activamente no Maio de 68, em Paris, militou contra a guerra no Vietname nos Estados Unidos, e viveu o período revolucionário em Portugal depois do 25 de Abril de 1974. Cinquenta anos depois, escreve que “desobedecer é o primeiro dever de liberdade”. O livro “Itinéraires du Refus” é apresentado, esta quinta-feira, em Paris. A ditadura, o medo, o silêncio, a deserção, o Maio de 68, o 25 de Abril e o exílio são alguns dos temas que percorrem “Itinéraires du Refus”, de Jorge Valadas. A partir da sua história e das suas escolhas e caminhos a contra-corrente, Jorge Valadas convoca uma história colectiva.“É o percurso da minha vida a partir do momento em que tomei uma decisão de fazer uma ruptura que marcou completamente a minha existência e as minhas relações com o mundo. Foi o momento do abandono da sociedade portuguesa com tudo o que ela me significava de opressivo e de repressivo em circunstâncias históricas particulares que eram as da guerra colonial e do regime salazarista. A minha recusa da sociedade portuguesa abriu-me, de certa maneira, para o mundo”, conta à RFI Jorge Valadas. Contra o silêncio, contra o medo, contra a repressão. Contra a guerra colonial, o colonialismo e a ditadura. Jorge Valadas escreveu e assumiu os seus “itinerários”. Desertou da Marinha porque - como tantos milhares de homens - recusava a guerra contra os que lutavam pela independência. Disse não a todo um sistema repressivo que começava em casa, continuava na rua e se lia nos silêncios e obediências forçadas. No colete de forças da ditadura, “desobedecer é o primeiro dever de liberdade”, lemos no livro, e “o exílio é um caminho escolhido”. Falar da deserção à guerra colonial é romper silêncios em torno de um tema de que ainda pouco se fala e é também contrariar "um período de amnésia histórica enorme" em Portugal.Meses depois de chegar a França, vive o Maio de 68 e leva em cheio com o contraste entre o silêncio de Portugal e as maiores manifestações em França no século XX. Viveu e participou em tudo intensamente. E recordou-nos algumas das imagens e dos momentos mais marcantes. Nesta conversa, conta-nos também o que fazia junto com os camaradas da “tribo” do grupo Cadernos de Circunstância, em Paris, incluindo o episódio em que enviaram material para Portugal dentro de um “submarino comprado pelo regime fascista português à democracia francesa”. Entre os participantes, dois amigos que integrariam “o sector mais revolucionário do MFA na Revolução dos Cravos".Jorge Valadas também nos recorda sobre como viajou para os Estados Unidos com um passaporte falso feito pelo “aluno português do mestre Kaminsky”, um falsificador mítico, e como aí continuou a viver o seu Maio de 68. Curiosamente, o Maio de 68 continuaria, mais tarde, em Portugal, uma semana após o 25 de Abril de 1974, quando regressa no comboio Sud Express. Antes da efervescência das ocupações e das lutas - sobretudo das mulheres que acompanhou, por exemplo, na fábrica Santogal, no Montijo - há um episódio que Jorge Valadas recorda emocionado e que também conta no livro. É quando chega a Vilar Formoso e um soldado lhe agradece por ter desertado. Graças a ele e a homens como ele, é que se chegou à Revolução, disse o furriel.Ao longo do livro, o tema do exílio é outro fio condutor. “Um exílio que começa em Lisboa”, que é “uma força que liberta mas também que aliena”. Será este livro uma forma de reparar a “ferida do exílio” e de se reconciliar com Portugal? “Foi uma reparação, mas eu regresso a Portugal regularmente e nunca está reparado porque reaparece sempre (...) Reaparece sempre esse desconforto entre o que voltamos a encontrar e que nos reconcilia com o passado e aquilo que não queremos encontrar e que está lá de novo.”“Itinéraires du Refus” é o segundo livro da colecção “Brûle-Frontières” da editora Chandeigne & Lima, depois de “Souvenirs d'un futur radieux” de José Vieira. O livro foi publicado a 21 de Março e é apresentado esta quinta-feira, na Livraria Jonas, em Paris.
Curso com Transmissão ao vivo - 12/03/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela
Curso com Transmissão ao vivo - 06/03/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela
Curso com Transmissão ao vivo - 27/02/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela
Curso com Transmissão ao vivo - 20/02/2025 - 18h - Anabela Freitas, Christiane de Aguiar e Claudia Vilela
A lei que legalizou o aborto na França completa, nesta sexta-feira (17), 50 anos. Em 2024, esse direito foi reforçado com uma menção incluída na Constituição, mas, na prática, essa conquista das francesas, que é uma exceção mundial, continua ameaçada. O procedimento é mal remunerado pelo sistema público de saúde e perdeu atratividade para os médicos. A data tem sido marcada por denúncias e uma intensa cobertura da mídia para ouvir mulheres que enfrentaram dificuldades recentes para abortar. Por dever de memória e transmissão, feministas e profissionais da saúde que viveram o antes e o depois da promulgação da lei que “descriminalizou a interrupção voluntária da gravidez”, em 17 de janeiro de 1975, recordam os riscos que as mulheres corriam na época para abortar, os métodos empregados pelas "fazedoras de anjos" e as inúmeras mortes de jovens e mães por hemorragia e septicemia.Em meados dos anos 1970, a então ministra da Saúde, Simone Veil, enfrentou um plenário dominado por homens na Assembleia Nacional e aprovou essa imensa conquista, com o apoio do presidente francês Valéry Giscard d'Estaing.Cinquenta anos depois, a luta feminista continua, porque o artigo 34 da Constituição francesa diz que o aborto é "uma liberdade explicitamente garantida às mulheres", mas a aplicação desse direito é remetida a leis complementares. Já no ano passado, a iniciativa do presidente Emmanuel Macron foi acolhida como um ato simbólico, que se confirma insuficiente na prática.Atualmente, o foco de combate das feministas francesas é questionar o princípio da “liberdade de consciência” concedida aos médicos, prevista no Código de Saúde Pública. Essa cláusula ganhou força nos últimos anos, com o ressurgimento do movimento patriarcal ultraconservador na França e em escala internacional. Outra constatação é que o procedimento médico em si não é valorizado pelo sistema público de saúde e perdeu atratividade para os médicos. Desde 2020, um relatório parlamentar já apontava que o aborto era mal remunerado e tinha se tornado uma prática de “médicos militantes”. Esse fenômeno é no mínimo contraditório em relação às garantias que o Estado francês diz oferecer às mulheres, uma vez que o aborto é gratuito no país e 100% coberto pelo sistema público de saúde.Faz 23 anos que o aborto induzido pela pílula abortiva foi autorizado nos consultórios. Esse avanço para a saúde feminina, recomendado até a sétima semana de gravidez, foi festejado na época. Mas de acordo com os números oficiais, só 14% das parteiras, 19% dos ginecologistas e 1,5% dos clínicos gerais acompanharam mulheres nesse processo em 2023. Naquele mesmo ano, para mitigar a carência, as obstetrizes, parteiras com formação universitária, foram autorizadas a praticar o aborto instrumental em estabelecimentos de saúde. Médicos voluntários desaparecemNesta sexta-feira, a mídia transborda de relatos de francesas que enfrentaram dificuldades para encontrar um profissional no prazo que a lei estabelece para o aborto, seja por aspiração, até 14 semanas de gestação, ou com a pílula abortiva. A situação nas zonas rurais é mais complicada do que nas grandes cidades.Além da falta de médicos voluntários, o Movimento Francês de Planejamento Familiar, criado na década de 1960 e um orgulho das feministas, denuncia o fechamento de 130 unidades hospitalares dedicadas ao aborto nos últimos 15 anos.Esses centros desapareceram devido aos sucessivos cortes de orçamento na Saúde. O número de abortos se mantém relativamente estável desde a década de 1990, oscilando entre 220.000 e 230.000 casos por ano. De 2021 para cá, houve um aumento anual médio de 10 mil procedimentos. Mas como essa alta é recente e ainda acontece num contexto desfavorável à natalidade, é muito cedo para estabelecer as razões.Por outro lado, 50 anos depois da legalização do aborto persiste um "tabu gigantesco" na sociedade francesa sobre o assunto, na avaliação do Planejamento Familiar. O acesso à informação sobre o direito de abortar é a nova batalha, devido às campanhas de desinformação promovidas por movimentos ultraconservadores na internet.Pressão psicológica contra a mulher é crimeEm 2017, a França ampliou o conceito do crime de obstrução ao aborto, que agora pune não apenas ações físicas, mas também pressão psicológica ou campanhas de desinformação. As penas podem ser de até dois anos de prisão e uma multa de € 30.000 (cerca de R$ 185.000, segundo o câmbio atual).Mas os opositores ao aborto, ligados ao movimento católico ultraconservador e à extrema direita, têm multiplicado as táticas para perturbar o funcionamento das unidades de atendimento e constranger as mulheres a usufruir de um direito constitucional.Para perturbar o bom funcionamento do sistema e desencorajar os profissionais de saúde a praticar o aborto, os ativistas antiaborto fazem agendamentos massivos de consultas usando perfis falsos de pacientes nos sites de clínicas e hospitais; promovem depredações desses locais durante a madrugada; aparecem nos pontos de atendimento com cartazes que insultam as mulheres; sem falar no show de horrores nas redes sociais, com a postagem de imagens ensanguentadas de pura desinformação sobre as técnicas abortivas e o suposto sofrimento do embrião, que cientificamente não existe no primeiro estágio da gravidez.A avalanche de fake news se profissionalizou com as redes sociais e hoje conta com financiamento interno e proveniente do exterior. O país que se orgulha de suas políticas na área de direitos humanos e das mulheres tem novos desafios pela frente.
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TUTAMÉIA faz a leitura do relato do que aconteceu na data de hoje, há um ano, na visão do escritor Atef Abu Saif, autor de "Quero Estar Acordado Quando Morrer", editado pela Elefante, que autorizou a produção deste trabalho. Atef Abu Saif nasceu no campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza, em 1973. Formou-se na Universidade de Birzeit, na Cisjordânia, com estudos de pós-graduação na Universidade de Bradford, Inglaterra, e no Instituto Universitário Europeu de Florença, Itália. É autor de cinco romances e dois livros de contos, além de ensaios políticos, como The Drone Eats with Me [O drone almoça comigo] (Comma, 2015) e A Suspended Life [Uma vida em suspenso] (Al-Ahleya, 2015). Colabora frequentemente com jornais e revistas árabes, além de já ter publicado no New York Times e no Guardian, entre outros meios de comunicação ocidentais. Já foi porta-voz do partido político Fatah e, em 2019, mudou-se para Ramallah, onde atuou até março/24 como ministro de Cultura da Autoridade Nacional Palestina. Ele estava em Gaza cumprindo uma agenda de trabalho quando grupos da resistência armada palestina realizaram uma série de ataques ao território israelense, prontamente respondidos por Israel com todo seu poderio militar. Encurralado na estreita faixa territorial sob intenso bombardeio junto com seu filho, parentes e outros 2,3 milhões de compatriotas, Atef começou a escrever — e escreveu todos os dias até que conseguiu sair de Gaza, quase três meses depois. “Quero estar acordado quando morrer” é resultado desse diário do genocídio, publicado simultaneamente por editoras de dez países. Inscreva-se no TUTAMÉIA TV e visite o site TUTAMÉIA, https://tutameia.jor.br, serviço jornalístico criado por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena. Acesse este link para entrar no grupo AMIG@S DO TUTAMÉIA, exclusivo para divulgação e distribuição de nossa produção jornalística: https://chat.whatsapp.com/Dn10GmZP6fV...
Episódio a solo bem curtinho e em estilo throwback! Próxima quarta-feira cá estaremos novamente (espero que com uma das convidadas com quem tenho tentado agendar), rumo às 10.000 reproduções!
Grande intérprete de música francesa das décadas de 70 e 80, Michel Jonasz fez parte da efervescência da disco-funk na França. Aos nostálgicos dessa época dourada, o artista acaba de lançar um novo álbum, com seus maiores sucessos. Michel Jonasz dispensa apresentações na França: sua carreira solo deslanchou com o hit “Dites-moi”, em 1974, o que abriu as portas para trabalhar junto a outros grandes nomes da música francesa, como Françoise Hardy.Cinquenta anos depois, o incansável artista teve a ideia de lançar uma compilação de seus maiores sucessos, “Soul”. Para fugir do formato “best of”, Michel Jonasz reuniu amigos, como o baterista Manu Katché e o pianista Jean Yves D'Angelo, e regravou os grandes hits de sua carreira, entre eles, “Joeur de Blues”, em destaque na playlist da Programação Musical da RFI. Aumente o som!Aumente o som! Ouça o Balada Musical todos os sábados nos programas da RFI e também no Spotify e no Deezer. E não deixe de conferir as playlists mensais da Programação Musical da RFI no YouTube, Deezer e Spotify!
O mercado do luxo, dos carros e dos vinhos sempre estiveram presentes da história. Este episódio engloba os três temas onde duas marcas italianas se uniram para produzir uma obra de arte histórica, o automóvel Maserati GranCabrio Folgore para as comemorações do 50* aniversário do vinho Tignanello, um dos SuperToscanos mais prestigiados do mundo, produzidos pela família Antinori que está na sua 26* geração atualmente. Hostess : Dayane Casal / @dayanecasal / dayanecasal.com
Cinquenta e sete deputados de oposição apresentaram, nesta quinta-feira, 27, mais um pedido de impeachment de Lula.Na visão dos parlamentares, o governo Lula cometeu crime de responsabilidade por uma pedalada fiscal, um crime semelhante ao que tirou Dilma Rousseff do poder em 2016.Ser Antagonista é fiscalizar o poder. Apoie o jornalismo Vigilante: https://bit.ly/planosdeassinatura Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp. Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais. https://whatsapp.com/channel/0029Va2S... Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast. Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br
Ensinamento de hoje: "Cinquenta Anos de Toxinas Solidificadas"
SEM ACORDO, GREVE NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS CONTINUA | Política na Veia AO VIVO A greve dos servidores da educação federal chega aos 50 dias e atinge, neste momento, 60 universidades e cerca de 39 institutos federais de ensino básico. Professores e outros trabalhadores do setor reivindicam, em especial, a recomposição dos salários em 4,5% ainda este ano. O governo federal, por sua vez, promete reajuste salarial zero este ano, mas com aumentos de 13,3% a 31% até 2026, começando em 2025. Ao mesmo tempo, no Paraná, a Assembleia Legislativa do estado deu aval a um projeto de lei que entrega a gestão de ao menos 200 escolas públicas à terceirização. A sessão começou de forma presencial às 14h, mas acabou suspensa depois que manifestantes ocuparam as galerias da Assembleia. Para conter as pessoas, agentes da Polícia Militar utilizaram bombas de gás lacrimogêneo e deixaram três pessoas feridas. Veja também: o "mercado" aumenta a pressão sobre a futura troca na chefia do Banco Central. O atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, termina seu mandato no dia 31 de dezembro. A "PEC das Praias", projeto que prevê a privatização de trechos do litoral, ganha as redes sociais - e vira até motivo de discussão entre Neymar e Luana Piovani. A vitória da candidata progressista Claudia Sheinbaum nas eleições presidenciais do México. E a primeira condenação de Donald Trump na justiça de Nova York. O POLÍTICA NA VEIA é transmitido ao vivo toda terça-feira, sempre às 11 horas, com a participação dos jornalistas Sergio Lirio (redator-chefe de CartaCapital) e Luis Nassif (Jornal GGN), e do cientista político Cláudio Couto, do canal do YouTube e podcast Fora Da Política Não Há Salvação. Siga o Fora da Política Não Há Salvação - BlueSky: https://bsky.app/profile/claudio-couto.bsky.social - Facebook: https://www.facebook.com/foradapoliticanaohasalvacao - Instagram: https://instagram.com/fora_politica_nao_salvacao - Mastodon: https://mastodon.social/@claudio_couto - Threads: https://www.threads.net/@fora_politica_nao_salvacao Seja membro do Clube do Canal de CartaCapital e tenha acesso a benefícios exclusivos: https://bit.ly/ClubeDoCanal Inscreva-se em nossos canais! https://www.youtube.com/@ForadaPoliticaNaohaSalvacao https://www.youtube.com/cartacapital https://www.youtube.com/@TVGGN Siga CartaCapital nas redes sociais: - Facebook: http://www.facebook.com/CartaCapital - Twitter: http://www.twitter.com/cartacapital - Instagram: http://www.instagram.com/cartacapital Siga o GGN nas redes sociais -Twitter: https://twitter.com/JornalGGN -Twitter: https://twitter.com/LuisNassif -Facebook: https://facebook.com/JornalGGN -Instagram: https://instagram.com/JornalGGN Assine e apoie CartaCapital: https://bit.ly/CartaYoutube Apoie o #ForadaPolíticaNãoháSalvação: https://benfeitoria.com/ApoioForadaPoliticaNaohaSalvacao Apoie a TV GGN Catarse: http://www.catarse.me/jornalggn #MeioAmbiente #Litoral #BancoCentral #TaxadeJuros #PolíticaMonetária #UniversidadePública #UniversidadesFederais #Greve #Educação #ContasPúblicas #PolíticaFiscal #GovernoLula #México #Eleições #Populismo #PecdasPraias #AnálisePolítica #ConjunturaPolítica #Democracia --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/fpns/message
No episódio 276 do PQU Podcast discuto algumas perguntas muito comuns ao psiquiatra em formação, e ao já formado! O que se esperar de uma primeira consulta psiquiátrica? Quanto tempo ela deveria durar? E, o que fazer quando o tempo reservado para ela não foi suficiente? Para tentar responder estas perguntas, trago da literatura algumas opiniões e, infelizmente, praticamente nenhuma evidência, e ainda compartilho com você a maneira como nós lidamos com estes impasses da prática psiquiátrica. Aproveite!
Cinquenta e três anos depois do primeiro anúncio, feito por Marcello Caetano em 1971, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, comunicou ao país que o novo aeroporto ficará em Alcochete. Como a nova localização é na margem sul, é precisa também uma terceira travessia sobre o Tejo e comboio de Alta Velocidade. Neste episódio, conversamos com Anabela Campos, jornalista do Expresso que acompanha o sector das obras públicas.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Assine o Café Brasil em https://canalcafebrasil.com.br Lááááááááá em 2007, na pré-história do Café Brasil, gravei um episódio falando de Portugal e da Revolução dos Cravos, que neste ano de 2024 completa 50 anos. Cinquenta anos, cara! De 2007 para cá muita coisa mudou, os brasileiros migraram com força para Portugal e as duas culturas nunca foram tão combinadas, com os benefícios e problemas que isso sempre traz. No mês em que a Revolução dos Cravos completa 50 anos, eu vou revisitar o Café Brasil 40, de 2007.See omnystudio.com/listener for privacy information.
50 anos do 25 de Abril e 30 de Antena 3.
Sérgio Godinho criou canções que são símbolos de liberdade e de resistência, mas não se revê na etiqueta de música de intervenção. Diz simplesmente que se limita a falar da vida. Nos 50 anos do 25 de Abril, convidámos o músico, cantor, compositor, poeta, escritor, actor, “homem dos sete instrumentos”, para falar sobre os tempos da ditadura, do exílio e da criação dos seus primeiros discos. Sérgio Godinho é o nosso convidado desta edição, no âmbito das entrevistas que temos publicado em torno dos 50 anos do 25 de Abril.Foi em Paris que o músico começou a espelhar as dores e as esperanças dos “Sobreviventes” à ditadura portuguesa. Tinha deixado Portugal em 1965 com “sede de ter mundo” e porque estava determinado em não ir para a guerra colonial. Diz que encontrou a sua voz em português em Paris e foi aí que gravou os dois primeiros discos, “Os Sobreviventes” e “Pré-Histórias”. Ambos no Château d'Hérouville, onde José Mário Branco gravou “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, em que Sérgio Godinho também participou e onde Zeca Afonso gravou o álbum "Cantigas do Maio", nomeadamente a “Grândola Vila Morena”.Sérgio Godinho esteve nove anos fora de Portugal durante a ditadura. Estudou psicologia em Genebra, trabalhou na cozinha de um barco holandês enquanto atravessava o Atlântico, viveu, entre tanta coisa, o Maio de 68 em Paris e no 25 de Abril de 1974 estava em Vancouver, no Canadá.Cinquenta anos depois da Revolução dos Cravos, vamos tentar perceber “que força é essa”, a da música e a das palavras de Sérgio Godinho, que fazem com que as suas canções sejam parte do imaginário colectivo da banda sonora das lutas do antes e do pós-25 de Abril. RFI: Os seus dois primeiros discos, “Os Sobreviventes” e “Pré-Histórias”, são discos emblemáticos da canção de intervenção. Foram gravados em França. Qual era o estúdio e como é que decorreu toda esta fase? Sérgio Godinho, Músico: Foram gravados em Paris. O meu primeiro disco foi de 71. Quer dizer, gravei em 71. Gravei os dois discos antes do 25 de Abril, “Os Sobreviventes” e depois o “Pré-Histórias”. No “Pré-Histórias” já não estava a viver em França, estava a viver em Amesterdão, mas vim a França para gravar no mesmo estúdio.Eu depois vou falar desse epíteto "canção de intervenção", mas, para já, esse estúdio foi um estúdio que o Zé Mário [José Mário Branco] descobriu. É um estúdio que estava a estrear nos arredores de Paris, chamado Château d'Hérouville, onde também o Zeca [Afonso] gravou e onde se gravou o “Grândola Vila Morena”. Onde os Stones gravaram, o Elton John até tem um disco chamado “Honky Château”, que é uma homenagem, onde muitos depois gravaram porque era um estúdio que estava num sítio isolado e estava-se num bom ambiente.Agora, como parêntesis ou não, quanto a esse epíteto de canção de intervenção, isso é uma coisa que só surgiu a seguir ao 25 de Abril. E também que foi de vida muito curta, mas que deixou uma espécie de rasto como os cometas porque eu nunca compreendi muito bem e nunca me identifiquei muito bem com esse termo, canção de intervenção. Eu acho que é extremamente restritivo. O que é que é intervenção? Nós intervimos a vários níveis, não é?Prefere canção de protesto? Mas pode não ser de protesto. "A Noite Passada", que está no segundo disco, ou o "Pode alguém ser quem não é" não são de protesto. Algumas são canções que têm uma componente social, e até política, mas, sobretudo, são canções que contam o que é a vida e que contam muitas vezes histórias, têm muitas personagens. As minhas canções são canções também de interrogação, de percurso. Há muitas interrogações nas minhas canções. "Pode alguém ser quem não é" ou, nesse disco também, o "Barnabé". “O que é que tem o Barnabé que é diferente dos outros?” é uma interrogação e as respostas são dadas pelas pessoas que ouvem e parte das respostas são dadas por mim.Só para dizer que esse termo pode meter-nos assim numa etiqueta e arrumar convenientemente. Não consigo. Eu tenho canções que falam da vida, de questões sociais, políticas até, e que são canções íntimas. Eu tenho uma canção chamada 'Dancemos no mundo' que é uma canção que foi inspirada numa reportagem que houve na revista Expresso de casais separados por barreiras ideológicas, rácicas, políticas, etc, e do seu desejo de dançarem juntos neste mundo que é só um, no fim de contas, e que tem tantas fronteiras. Portanto, onde é que essa canção se vai posicionar? Isso insere-se nisso tudo, na vida.O disco “Os Sobreviventes” foi logo proibido pela PIDE em Portugal? Não é bem assim. Ele, depois de ter ganho um prémio de melhor letrista da Casa da Imprensa, foi retirado. Ele não foi proibido à partida. Repare que é assim: "Os Sobreviventes", todo "Os Sobreviventes" só saiu em 72 porque saiu em 71 quatro canções do disco, no formato que eles chamavam EP. Mas seja como for, o que acontece é que nessa altura estamos já no período de Marcello Caetano e, nessa altura, a própria censura já não sabia o que fazer com ela própria. Ou seja, havia uma incoerência muito grande. Por um lado, proibiam, mas depois permitiam outras coisas. Houve uma altura em que houve um abrandamento, digamos, naquilo que chamaram Primavera Marcelista, que eu nunca acreditei muito e provou-se.Primeiro sai o disco Os Sobreviventes, depois Pré-Histórias. São dois discos que têm músicas com mensagens muito claras. São discos bastante ousados, corajosos...Acho que sim, mas isso era a maneira como eu escrevia, era aquilo que eu queria dizer. Quer dizer, a coragem do Zeca que vivia cá [em Portugal] e fez "Os Vampiros" aí sim. Eu estava no estrangeiro. Mas sim, claro que são discos que mexem com o status quo, como é evidente, mas que têm canções de vários géneros, canções mais satíricas, canções que falam de problemas políticos ou sociais. No segundo, talvez a canção que ficou mais seja "A Noite Passada", o "Pode alguém ser quem não é" e "O Homem dos Sete Instrumentos" e não são canções de teor político.E a música "Que força é essa"?"Os Sobreviventes" é começado com o "Que força é essa" e acaba com uma canção com uma letra muito curta chamada “Maré Alta”, em que eu digo “aprende a nadar companheiro, que a maré se vai levantar, que a liberdade está a passar por aqui”. Isto era, a liberdade não estava a passar por aqui, mas era não só um desejo, mas uma afirmação. No fim de contas, por outras palavras, é dizer que o solo que nós pisamos é livre, defendamo-lo!Foi muito emocionante, como é evidente, quando eu voltei, logo a seguir ao 25 de Abril, ter cantado essa canção que nunca tinha cantado em Portugal, para um público que conhecia já porque conheciam esses dois primeiros discos e organizaram-se quase espontaneamente aqueles cantos livres da altura, em que estávamos todos no palco, todos ao molho.O que eram os cantos livres? Foram coisas que foram quase improvisadas na hora, com vários cantores. Estávamos no palco, sentados no chão e depois levantámo-nos para cantar duas ou três canções cada um e depois tornávamo-nos a sentar. Às vezes colaborávamos nas canções uns dos outros, mas foram coisas que foram feitas quase… Há sempre gente que organiza, mas não havia agências organizadas, não havia nada disso, não é? Aliás, durante um tempo, nós andámos, e quando falo de mim, falo do Zé Mário, do Zeca, como é evidente, mais tarde o Fausto, também o Vitorino, o Manuel Freire, o Francisco Fanhais, cantámos em várias terras onde era solicitada a nossa presença.Voltemos a Paris. Que papel é que teve Paris na sua formação musical e também política? Paris, naquela altura, era o epicentro dos cantores que, mais tarde, se viriam a chamar "cantores de intervenção". Mais tarde foram chamados…Eu lá conheci o Luís Cília, de quem sou amigo, um amigo activo. O Zé Mário infelizmente já não está entre nós, mas continuei amigo toda a vida e tivemos muitas parcerias. Nos nossos primeiros discos há parcerias de canções. “O Charlatão” até é uma que é dos nossos primeiros discos e que é comum aos nossos primeiros discos. Mas, claro que o Zeca conheci-o porque ele foi a Paris, por exemplo.Mas há mais que isso porque eu cheguei a Paris já vindo de viagens. Porque, entretanto, eu tornei-me um vagabundo existencial. Andei à boleia por toda a Europa no Inverno. Trabalhei na cozinha de um barco holandês, atravessei o Atlântico, fui até às Caraíbas trabalhando, passando pelos Açores que não conhecia e, nessa altura, já não podia vir a Portugal porque tinha sido chamado para o serviço militar/guerra colonial e não tinha respondido e nunca tive a intenção de responder. Não só porque não me identificava com essa guerra, como realmente não queria fazer isso. E escrevi canções que também acabam por se ligar com isso, para mim e para o Zé Mário.O Zé Mário tem uma canção no primeiro disco que se chama “Cantiga de Fogo e da Guerra” que foi um poema que eu fiz quando tinha 19 anos e que depois mostrei ao Zé Mário e ele disse “Ah, mas eu quero pôr isso em música”. Repare, eu cheguei em 67 a Paris, portanto, levei em cheio com o Maio de 68. E vivi-o intensamente porque eu não tinha compromissos, praticamente vivia na rua e ia dormir a casa! Uma casa que era uma “chambre de bonne” em Paris, era pobrezinho - ainda não sou assim muito rico [risos]! Mas vivi muito do dia-a-dia, dormi várias vezes na Sorbonne, todo aquele movimento. Ocupámos a casa dos estudantes portugueses, eu e muitos outros. Depois, a certa altura, estavam dez milhões de trabalhadores em greve e cantei em fábricas ocupadas na Renault, Citroën, etc.Onde havia muitos portugueses.Onde havia muitos portugueses. Eu, o Luís Cília, com a Colette Magny, uma cantora francesa. E eu ainda não tinha material próprio. Tinha uma canção que fiz na altura até em francês, que sei parte dela, mas nunca a recuperei totalmente, mas era uma canção que falava um bocado de Maio de 68. Comecei a fazer canções e comecei a praticar também o que é fazer musicalmente uma canção e letra também. Mas comecei a escrever em francês ou comecei por escrever em francês.Isso é curioso. Porquê?Porque tudo o que eu fazia em português soava-me a José Afonso ou Alexandre O'Neill. Até encontrar uma voz própria, voz poética, uma voz própria, eu tive dificuldade. Então, comecei a fazer canções porque tinha a necessidade de fazer canções porque estava a descobrir essa arte, chamemos-lhe assim. Tive muitas influências, com certeza francesas, até porque estávamos numa altura em que apareceu o [Jacques] Brel, em que antes tinha havido o [Charles] Trenet que é o pai deles todos. Mas apareceu Brel, apareceu o [Georges] Brassens, que é um artífice de canções absolutamente extraordinário, o [Léo] Ferré. Depois, a seguir o [Serge] Gainsbourg, mas é um bocado mais tarde.E também tinha muitas influências brasileiras, sobretudo o Chico [Buarque] e Caetano [Veloso] e antes a bossa nova. E anglo-saxónicas, com o aparecimento dos Beatles, dos Stones, dos Kinks, do Bob Dylan. Foram extremamente importantes para mim, para a minha formação musical, para os meus gostos musicais.E o José Afonso, para mim, quando apareceu, eu tinha 17 ou 18 anos. Foi quando eu percebi que se podia escrever de outra maneira em português e uma canção, que eu acho que é a canção paradigmática como “Os Vampiros”, é uma canção que é extremamente bem feita, que é uma metáfora poderosa e muito corajosa porque não há nada de mais evidente do que o que é que ele está a falar. Está a falar do regime e dos vampiros que comem tudo e não deixam nada. Aliás, eu canto essa canção bastantes vezes. Este ano, que são os 50 anos do 25 de Abril, estamos a reformular o nosso espectáculo e eu já tinha cantado “Os Vampiros”, uma versão muito pessoal dos "Vampiros", muito diferente, bastante pesada, com guitarras eléctricas bastante densas, pesadas, mas que é muito forte.Todas essas influências cruzadas fizeram com que eu também tivesse vontade de experimentar a canção. E só um pouco mais tarde, antes do meu primeiro disco, é que houve assim uma espécie de dique que se abriu e em que eu, de repente, percebi que podia escrever em português e que era em português que eu queria escrever e que o significado das palavras e das frases e das frases feitas que eu uso muito, era também uma maneira de eu não perder a minha ligação à língua portuguesa e a Portugal. A língua portuguesa sempre foi muito importante para mim, foi algo que se venerou em minha casa.Em 1969, entrei no musical “Hair”. Fiz audições quando soube que havia, já tinha ouvido falar do “Hair” que estreou em Nova Iorque. Isto era a terceira cidade onde estava a estrear e era a encenação da Broadway. E foi um grande sucesso em Paris, no Théâtre de la Porte de Saint-Martin. Houve 6.000 ou 7.000 candidatos, eu fiz audições e acabei por ser escolhido e estive lá muito tempo. Foi um belo estágio do que é estar num palco e também cantar, representar, fazer papéis múltiplos, cantar em várias situações e estar à vontade com isso. E eu acho que, desde sempre, tive esse gosto dos palcos, continuo a ter e continuo a praticá-lo.Em Paris, em 1970, participa no concerto “La Chanson de Combat Portugaise” na Maison de la Mutualité. Foi polémico. Como foi?Quer dizer, o Zeca Afonso veio de Portugal. Havia uma grande contestação por esquerdistas de uma ala maoista ou coisa assim que fizeram inclusivamente um panfleto a denunciar, digamos, o carácter, sei lá, “revisionista” do Zeca, ou “pequeno-burguês” e coisas assim. Enfim, foi uma coisa que foi mesmo lamentável. O Zeca cantou, o Luís Cília, o Tino Flores, eu, não sei se o Vitorino - que ainda não tinha obra - se não cantou também nesse âmbito.E houve pancadaria na sala e contestações, pancadaria entre grupos. Porque depois eram os que eram a favor e os que eram contra, mas tudo portugueses, não é? Quer dizer, aquilo era uma coisa... Havia muito esta coisa dos grupúsculos políticos que se arvoravam em detentores da verdade. E o Zeca ficou bastante incomodado com isso e respondeu e outros responderam também.O Luís Cília já adaptava poemas, fazia música sobre poemas, como outros também fizeram, e sempre fez parte da sua obra. E cantou um poema qualquer e houve alguém que lhe diz “Os operários não percebem isso. Porque é que estás a cantar essas coisas? Os operários não percebem isso”. E o Luís respondeu: “Também há operários estúpidos!” O que eu achei uma resposta lapidar! Como é que a cantiga foi uma arma, como cantava o José Mário Branco, contra o fascismo?Foi uma arma? Não sei, não sei. Eu acho que essa afirmação, “a cantiga é uma arma”, eu acho que é uma afirmação que eu nunca subscrevi isso totalmente. Quer dizer, acho que foi um pauzinho na engrenagem, por um lado, e também foi uma contribuição logo a seguir ao 25 de Abril para congregar as pessoas. Eu acho que isso é útil, mas não acho que isso transforme as pessoas em si.Essas coisas todas juntas podem ter uma influência positiva. Por exemplo, eu sei de amigos meus, alguns até ainda nem os conhecia, só conheci depois, que estiveram na guerra em Angola ou em Moçambique e que levaram cassetes que fizeram com as nossas canções e que mostraram aos soldados e havia uma outra realidade. Isso sim. Aí há uma utilidade. Aí pode-se dizer que é uma arma, digamos, dentro do exército.Um cavalo de Tróia?Um cavalo de Tróia. Mas eu só estava a referir-me à canção especificamente porque é preciso cuidado com a arrogância. E é preciso cuidado com considerar que somos tão transformadores. Eu não sou missionário. Quer dizer, eu acho que todas as coisas juntas podem ter uma utilidade, não é? Eu tenho muita consciência do que também são os limites.Mas a música foi um marco e há músicas que ficaram como símbolos da resistência contra o fascismo. Sim. Sim. Sem dúvida.Portanto, esse papel também foi o vosso. Sim, completamente, foi. E é por isso que eu continuo a cantar. E que, por exemplo, tenho grande prazer em cantar muitas vezes o “Maré Alta”. Aliás, quando falei de “Os Vampiros”, que canto e que não é meu, mas que é uma canção emblema. Sim, nesse aspecto é um emblema. Mas as canções estimulam as pessoas de tantas maneiras e isso dá-me alegria.Por exemplo, na canção “Espalhem a notícia”, há uma criança que nasce. Há muita gente que teve crianças e que me falou disso, das primeiras impressões e falou da alegria de vir ao mundo uma criança e que se relaciona muito com essa canção. Como é evidente, "O Primeiro Dia” é uma canção que diz muito a muitas pessoas de maneiras diferentes. Isso é o que me interessa. Sim, estimular as pessoas, com certeza, isso é o que me interessa e essas interpretações abertas também. O 25 de Abril foi "o primeiro dia do resto da vida" de muita gente…Sem dúvida, sem dúvida. Foi absolutamente transformador, é uma data charneira. E, para mim, que estive nove anos sem poder vir a este país, não é? Eu estava a viver, na altura, no Canadá, estava a viver em Vancouver, no Oceano Pacífico. Repare: estava pacífico e vim para a balbúrdia! [Risos] Voltei definitivamente em Setembro de 74.Essa data foi uma data em que há um antes e um depois. É o primeiro dia do resto das vidas de muita gente. Depois há muita gente que diz “Afinal de contas, o 25 de Abril não cumpriu todos os seus ideais”. Mas é um momento de revolução, é um momento utópico! Temos muitas insuficiências, estamos num país muito injusto ainda, com muitas desigualdades sociais, mas houve coisas que mudaram. Quando digo aos meus filhos que não havia escolas mistas no ensino oficial, é uma coisa que eles não concebem sequer porque cresceram em turmas que têm rapazes e raparigas! Agora, até há o género neutro.Será que, até certo ponto, também podemos dizer que o "À Queima Roupa" é um filho da Revolução dos Cravos?O “À Queima Roupa” foi gravado em 74 mas sai em 75, mas sim, de certo modo, é quando estava tudo "à queima roupa". De certo modo, é curioso que, sem eu querer, os títulos dos meus três primeiros discos reflectem um bocado um percurso porque “Os Sobreviventes” é todo aquele peso que está para trás…Quem eram “Os Sobreviventes”? Éramos todos nós. Todos nós. Depois, o “Pré-Histórias” é como se estivesse a anunciar que qualquer coisa vai acontecer, as Pré-Histórias. Mas eu, repito, isto não foi… Isto, aconteceu assim. E depois, o “À Queima Roupa” é um bocado tudo a acontecer ao mesmo tempo. Toda esta transformação cheia de erros, cheia de passos atrás e passos à frente.Estamos numa democracia para o bem e para o mal. Pode-se dizer que essa democracia não cumpriu tudo. Pois não, mas é por isso que é preciso continuar não só a votar - porque eu estava impedido de votar e muitos de nós ou então as eleições de Humberto Delgado foram completamente aldrabadas, não é? Portanto, estamos numa democracia com liberdade de imprensa, não há censura, digamos, em livros. Pode haver outros tipos mais insidiosos de censura, mas isso é outra conversa. E, de facto, não estamos nada no mundo ideal. Não. E a ascensão de forças de extrema-direita é muito preocupante pela maneira como se disseminam pela sociedade.O refrão de “Liberdade”, que é uma música que já tem 50 anos, “a paz, o pão, habitação, saúde, educação”… Como é que tanto tempo depois parece que a música foi escrita para os dias de hoje?É o que eu disse. Há muitas situações que continuam de uma extrema gravidade, mas cada um desses itens é um item para o qual se deve lutar para que haja um Portugal melhor, um país melhor. Esses itens e outros porque a justiça também não anda nada bem. Ainda há uma justiça de classe, por outro lado, há coisas que estão a ser feitas a nível da justiça que são corajosas, no desmantelar de muitas corrupções. Mas, isso é assim, é um longo caminho.Agora, eu até tenho composto menos, canto muito, mas tenho composto menos porque tenho estado mais virado, tive necessidade disso, para a ficção narrativa. Sai hoje, no dia em que estamos a fazer esta entrevista [8 de Fevereiro de 2024], o meu terceiro romance que se passa entre Portugal e França, que se chama “Vida e Morte nas Cidades Geminadas”. E essas cidades geminadas são Guimarães, de onde vem uma rapariga que emigrou com os pais para uma cidade perto de Paris chamada Compiègne, a 90 quilómetros de Paris, que é geminada, de facto, com Guimarães e que conhece um rapaz francês, Cédric. Ela chama-se Amália Rodrigues - porque o pai se chamava Rodrigues e adorava a Amália! E também canta fado nas horas vagas, embora esteja a tirar um curso de hotelaria e depois vem para Guimarães. Ele trabalha numa morgue. Fala-se muito da vida e fala-se muito da morte. Digamos que essa necessidade da ficção narrativa começou a aparecer também e não é incompatível com as canções porque as minhas canções também têm, muitas vezes, esboços de histórias, têm personagens, a Etelvina, Alice, Casimiro. O Casimiro é, enfim, uma personagem mítica. Mas fala-se muito de pessoas. Lá está, eu gosto de falar de pessoas.De pessoas e de situações sociais porque sente-se nas músicas esse cunho social e político… É por isso que são músicas intemporais?Mas a Etelvina não é uma canção política. No entanto, é uma canção que está no “À Queima Roupa” e é uma das canções mais fortes do “À Queima Roupa”. Acho que é importante não nos fixarmos num determinado… Continuo a dizer que não sou missionário.
Quadras do projeto Poesias da Nonô - abril 2024 --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/poesiasdanono/message
Vasco Lourenço é um dos mais conhecidos "capitães de Abril" que conspirou para o golpe que acabou com 48 anos de ditadura em Portugal. Nos 50 anos da Revolução dos Cravos, o presidente da Associação 25 de Abril recorda as origens da conspiração, o dia do golpe e a importância que este teve para Portugal e para os territórios que lutavam pela independência. “Um acto único na história universal”, resume. Nos 50 anos do 25 de Abril, a RFI falou com vários resistentes ao Estado Novo. Neste programa, ouvimos Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril.A liberdade que tantos esperavam chegou numa madrugada de Abril. “O dia inicial inteiro e limpo”, que emergia “da noite e do silêncio”, como escreveu a poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen. Após 13 anos de guerra colonial, o Movimento das Forças Armadas, composto essencialmente por oficiais de média patente, impôs a queda do regime por um golpe militar. Entre os capitães de Abril está Vasco Lourenço, um dos “homens sem sono” que conspirou para o golpe que acabou com 48 anos de ditadura em Portugal.Promover os valores de Abril e manter viva a “Revolução dos Cravos” continua a ser o papel do homem que assume ter sido considerado como o “pai do movimento dos capitães”. Vasco Lourenço, de 81 anos, recebe-nos em Lisboa, na Associação 25 de Abril, a que preside desde que foi criada. Para ele, há que lembrar que o 25 de Abril foi “um acto único na história universal”.O 25 de Abril continua a ser um acto único na história universal. Não se via uma solução para a guerra, os militares do quadro permanente abriram os olhos, digamos assim, para a situação que existia, começaram a defender que as guerras têm que ter uma solução política e viram-se forçados, entre aspas, a revoltar-se contra as próprias Forças Armadas e contra o Governo, contra o poder ditatorial, fascista, colonialista que existia em Portugal.Cinquenta anos depois, Vasco Lourenço olha para a “Revolução dos Cravos” como missão cumprida.Eu costumo dizer que - e fazendo a referência ao que um dia um poeta disse - que o homem para se realizar tem que fazer três coisas na vida que é escrever um livro, plantar uma árvore e fazer um filho. Eu costumo dizer que já fiz essas três coisas, mas como tive a sorte de participar activamente numa acção coletiva - porque é preciso salientar que a acção do Movimento dos Capitães e depois do Movimento das Forças Armadas é essencialmente uma acção colectiva - cada um de nós com certeza que desempenhou o seu papel. Mas eu, como tive essa sorte, sinto-me ainda mais realizado enquanto homem.Antes de perceber que era preciso derrubar a ditadura com um golpe militar, Vasco Lourenço fez parte das forças que sustentavam o regime. Esteve na Guiné-Bissau de 1969 a 1971 e percebeu que era injusto combater quem lutava pela sua independência. Quando terminou a primeira comissão de dois anos, regressou a Portugal, estava decidido a não voltar para a guerra e, inclusivamente, estava disposto a desertar. Acabou por se envolver totalmente na conspiração contra o regime porque, como ele costuma dizer, queria "dar o piparote nos ditadores”.Vinha com um outro sentimento que era revoltado, absolutamente revoltado, porque tinha aberto os olhos para a realidade portuguesa e tinha percebido que estava a ser utilizado por um regime ilegítimo e de ditadura para impor um regime repressivo, sem liberdades e que impunha uma guerra que eu tinha concluído que era uma guerra injusta. Tinha percebido que quem estava no lado correcto a lutar pela sua independência era o outro lado e não era eu.Eu vinha decidido a não voltar à guerra. Se fosse necessário, tentaria sair da vida militar. Se não me deixassem sair da vida militar, eu vinha disposto a desertar e, portanto, a abandonar porque à guerra não voltaria. Mas vinha também decidido a outra coisa. Se antes de sair, eu pudesse utilizar a minha condição de militar para ajudar a dar o piparote, como eu costumo dizer, nos ditadores, eu fá-lo-ia. Assim que a oportunidade me surgiu, envolvi-me de corpo inteiro na conspiração.O Movimento dos Capitães começava a 9 de Setembro de 1973 numa reunião clandestina, em Alcáçovas, entre 136 oficiais do exército. O processo de luta passava por três fases: mostrar que o exército tinha perdido prestígio junto da população portuguesa; que o desprestígio vinha de as Forças Armadas serem o suporte do regime opressivo que impunha uma guerra há 13 anos; e que se aproximava a derrota na Guiné-Bissau com a ameaça de os militares virem a ser responsabilizados pela decisão do poder político. A solução passava, assim, por um golpe de Estado e por derrubar a ditadura.E dissemos: o nosso objectivo é recuperar o prestígio das forças do exército junto da população portuguesa porque não faz sentido que o exército não esteja acarinhado e prestigiado junto da população. E fez-se uma primeira pergunta: 'Mas estamos desprestigiados porquê? Nós até vamos à guerra, estamos a fazer a guerra, a sacrificar-nos para fazer guerra e a população não gosta de nós?' E a resposta foi muito fácil entre nós: 'Não gostam de nós porque olha para nós precisamente como suportes dessa guerra, desse Estado repressivo'. 'Ai é? Então se é assim, o que é que nós temos que fazer para recuperar o prestígio das Forças Armadas?' A resposta foi fácil: 'Deixar de ser o suporte desse regime repressivo e que impõe a guerra'. E depois veio a última pergunta: 'Está bem, mas como?' 'Fazendo um golpe de Estado'. E, portanto, quando nós avançamos para o golpe de Estado, a nossa convicção profunda é que íamos fazer aquilo que a população de uma maneira geral queria.Vasco Lourenço integrou, desde o início, o Movimento dos Capitães e coordenou a organização da reunião de Alcáçovas. A seguir, coordenou toda a parte operacional, mas um mês antes do 25 de Abril, foi transferido para para Ponta Delgada, nos Açores, e foi substituído por Otelo Saraiva de Carvalho no comando das operações. No dia da "Operação Viragem Histórica" Vasco Lourenço estava, então, em Ponta Delgada.Eu costumo dizer que com o Otelo correu muito bem. Comigo, não se sabe como é que teria corrido e falta fazer a prova!Depois de ter derrubado o regime, o Movimento das Forças Armadas apresentou ao país um programa político baseado nos 3 D's - Democratizar, Descolonizar e Desenvolver. Um programa que as oposições tinham defendido no Ill Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro, em Abril de 1973. O golpe militar de 25 de Abril de 1974 transformou-se numa revolução que incarnava as aspirações de liberdade pelas quais lutaram, durante 48 anos, os diferentes movimentos oposicionistas à ditadura. Para Vasco Lourenço, o 25 de Abril também teve um impacto internacional e "foi a primeira das grandes ondas de democratização dos grandes movimentos de democratização que, nessa altura, se iniciaram no mundo inteiro”.Cinquenta anos depois, muita coisa vai mal, mas Vasco Lourenço alerta que “continua a ser preferível uma democracia com todos os defeitos a uma ditadura qualquer, teoricamente sem defeitos”.Vasco Lourenço publicou, em 2009, o livro Do Interior da Revolução em que conta o que viveu nesses tempos, primeiro no Movimento dos Capitães e depois no MFA. Esteve na Comissão Coordenadora do Programa do MFA, no Conselho de Estado, no Conselho dos 20 e no Conselho da Revolução. Em 1982, quando terminou o período de transição e foi extinto o Conselho da Revolução, promoveu a constituição da Associação 25 de Abril, da qual é presidente da direcção. Vasco Lourenço foi condecorado com a grã-cruz da Ordem da Liberdade e a grã-cruz do Infante D. Henrique.
Raimundo Narciso, um dos fundadores da ARA, o braço armado do PCP que esteve em actividade entre 1970 e 1973, e Maria Machado, a esposa que ajudava a preparar os engenhos explosivos na cozinha, contaram à RFI algumas das histórias desta organização de resistência armada à ditadura. Cinquenta anos depois do derrube da ditadura em Portugal, o casal “revolucionário” recorda, ainda, como era viver na clandestinidade e na luta permanente. Nos 50 anos do 25 de Abril, a RFI falou com vários resistentes ao Estado Novo. Neste programa, ouvimos Raimundo Narciso, fundador da Acção Revolucionaria Armada (ARA), e Maria Machado, que já era combatente antifascista antes de se juntar ao futuro marido.Raimundo Narciso e Maria Machado, conheceram-se em Moscovo, nos anos 60, e escreveram juntos uma história de resistência armada à ditadura portuguesa. Hoje, aos 85 e 74 anos, contam-nos alguns desses episódios.Maria Machado trabalhou, desde jovem, na tipografia clandestina dos pais, depois integrou a Acção Revolucionária Armada, em que Raimundo Narciso era um dos membros do comando central, com Jaime Serra e Francisco Miguel. A ARA foi o braço armado do Partido Comunista Português e esteve em actividade entre 1970 e 1973. O objectivo era lutar contra a guerra colonial, derrubar a ditadura e conquistar a liberdade.“O objectivo da ARA era acções armadas contra o esforço da guerra colonial, mas com a preocupação de não atingir pessoas, de não matar pessoas. Não fazer terrorismo, nem atingir objectivos civis e, portanto, atacar apenas o aparelho militar, a estrutura militar, mas não os militares porque a ARA não queria matar ninguém”, começa por contar Raimundo Narciso.A 26 de Outubro de 1970 surgiu um comunicado que reivindicava a primeira acção armada da ARA contra o navio Cunene, em Lisboa, que era usado no transporte de tropas, armamento e mercadorias para a guerra colonial. O navio, o mais moderno cargueiro das linhas de África, foi então alvo de duas explosões.“Eles aqui tentaram abafar um pouco, mas lá fora houve repercussões”, recorda Maria Machado.Uma das maiores operações da ARA, e com enorme impacto político, foi a sabotagem na base aérea de Tancos, na madrugada de 8 de Março de 1971. A operação "Águia Real" destruiu ou danificou 28 aeronaves e helicópteros destinados às guerras nos territórios colonizados.“Foi a acção de Tancos. Fomos lá destruir os helicópteros quase todos que havia na base aérea. Aquilo foi uma coisa portentosa”, exclama Raimundo Narciso, acrescentando que se destruíram mais helicópteros do que o esperado porque estavam todos no mesmo hangar. Maria Machado recorda que a preparação dessa acçao começou na cozinha de casa.Eram bombas incendiárias que eles depois espalharam pelos helicópteros. Essas bombas fizemos nós lá em casa, com pó de alumínio, nós os dois. Fiquei toda prateada!Houve ainda, a destruição de parte do Quartel-General da NATO, em Oeiras, o Comiberlant, em Outubro de 1971, nas vésperas da sua inauguração. Era aí que passaria a funcionar um sofisticado centro de comunicações da NATO, algo que a ARA considerava como um acto de provocação e uma prova da colaboração dos países da NATO com a ditadura portuguesa e a guerra colonial. O objectivo da acção era alertar a atenção da comunidade internacional para os problemas políticos portugueses, dada a presença da comunicação social estrangeira na inauguração. Na preparação, o casal levou, inclusivamente, a filha para as imediações do local.A nossa filha também andou connosco a vigiar. Ela era pequenina, ia no carrinho e a gente andava ali, junto à estrada, a olhar para lá, para ver como é que aquilo andava, que vigilância é que aquilo tinha. Ninguém desconfiava.A ARA foi, ainda, responsável por várias outras acções que pretendiam fragilizar o regime ditatorial. A 12 de Janeiro de 1972, a organização fez nova operação contra a guerra colonial, tendo como alvo equipamento pronto para embarcar para África no navio Muxima, no Cais de Alcântara, em Lisboa. A 9 de Agosto, no dia de tomada de posse de Américo Tomás, a ARA consegue cortar a energia no país com acções de sabotagem.Todas as acçoes estão descritas no livro ARA: Acção Revolucionária Armada. A História Secreta do Braço Armado do PCP, que Raimundo Narciso publicou no ano 2000. A obra conta também o tormentoso processo da criação da ARA, a perseguição da PIDE e mostra como “as pessoas que iam para a clandestinidade” não eram “heróis, loucos ou mártires”, apenas “pessoas como as outras”, mas “talvez mais informadas, mais indignadas ou mais trituradas pelo sistema”.Enquanto preparavam e realizavam as operações, Raimundo Narciso e Maria Machado tiveram de mudar várias vezes de casa. Estavam a viver juntos, na clandestinidade, desde 1968. Em 1972 e 1973, a PIDE procurava intensamente a direcção da ARA e colocou a fotografia dos três membros do Comando Central nos jornais e na televisão, oferecendo um prémio a quem ajudasse a encontrá-los. O casal revolucionário seguia à risca as regras da clandestinidade. Ainda que Maria tenha participado no reconhecimento de várias acções e na preparação técnica de outras, muita coisa ela não sabia. Ainda assim, na cozinha, ela estava aos comandos.Ele tinha trabalho de organização, reunia com fulano, beltrano, sicrano, mas eu não. Eu estava em casa. Eu só tinha contacto com os camaradas que iam a casa reunir com ele. Reunir para discutir as coisas das acções armadas em que eu não participava também. Eu ajudava, mas, por exemplo, nem essa do Comiberlant eu desconfiei, quando andei lá a verificar as coisas com a minha filha. Eu ajudava [a preparar os engenhos explosivos], mas não tinha que saber quais eram os objectivos. Imagine, sei lá, se fôssemos presos?Estar grávida na clandestinidade foi outro desafio. O parto da filha acabou por acontecer numa maternidade pública, com muitas peripécias pelo meio e invenções de moradas e dados biográficos. Quanto ao filho, foi das últimas crianças a nascer na clandestinidade no Estado Novo, pouco tempo antes da revolução que derrubou a ditadura, a 25 de Abril de 1974.Maria Machado “mergulhou” na clandestinidade aos 11 anos. Os pais eram funcionários do PCP e tinham uma tipografia clandestina, onde ela e a irmã imprimiam, por exemplo, o Avante! e O Militante. Os pais e a irmã acabariam por ser presos meses depois de ela ter saído de casa.Eu escapei quando me juntei com ele [Raimundo Narciso] porque até à altura em que me juntei com ele, eu estava com os meus pais e a minha irmã mais nova na clandestinidade. E eu juntei-me com ele em Março de 68 e os meus pais e a minha irmã mais nova foram presos nesse ano, em Agosto. A casa deles foi assaltada e tinha uma tipografia.Por sua vez, Raimundo Narciso entrou na clandestinidade em 1964. Deixou o curso e adoptou uma identidade falsa e uma residência secreta para criar o braço armado do PCP. Nessa altura, um amigo ofereceu-lhe uma bússola para ele se orientar e, de facto, durante os dez anos de clandestinidade nunca foi preso.Ele disse: toma lá esta bússola que é para te orientares na clandestinidade.Sessenta anos depois, Raimundo Narciso mostra-nos a bússola que o orientou na luta contra a ditadura até à Revoluçao dos Cravos. Um objecto que quer doar ao Museu do Aljube, Resistência e Liberdade para que não se perca o rumo da democracia e porque “não há futuro sem memória”.
A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu dois suspeitos de integrar uma quadrilha especializada em furtar celulares em grandes eventos. Cinquenta e dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos em bairros do Distrito Federal, de Goiás e de São Paulo. Veja também: Avião faz pouso de emergência no interior de São Paulo.
Cinquenta dias de caçada e os fugitivos de Mossoró estão presos de novo. O ministro da Justiça disse que os dois pretendiam fugir do país. Uma testemunha afirmou que o responsável pela batida que matou uma pessoa em São Paulo tinha bebido. O veneuelano Nicolás Maduro publicou uma lei para anexar um pedaço da Guiana e o país vizinho avisa que não vai aceitar. O presidente americano Joe Biden mudou de tom depois das mortes de agentes humanitários em Gaza. E condicionou o apoio a Israel a medidas de proteção à vida de civis inocentes na guerra.
ENTREVISTANDO A AUTORA CLARA ENIA - ROMANCE DEPOIS DOS CINQUENTA
Voltamos com tudo em 2024 fazendo uma lista dos últimos CINQUENTA jogadores estrangeiros que jogaram no Trio de Ferro! Confira nossa tier list, com os caras que entraram pra história, os que fizeram sucesso, os que cumpriram seu papel, os que decepcionaram e os CABEÇAS DE BAGRE!
Francisco Louçã conta a história da fundação da Liga Comunista Internacionalista. defendendo que esta acrescentou reflexão estratégica e foi uma das porta-vozes, se não a principal, da vaga do Maio de 68 e da sua rejeição do estalinismo e do campismo. Um artigo lido por Carlos Carujo.
No virar da página para um novo ano, revistamos os acontecimentos que marcaram o ano 2023: uma guerra que se prolonga na Ucrânia até outra que começou entre Israel e o grupo islamita Hamas. Este foi também o ano mais quente já registado na história. Israel decretou estado de alerta de guerra depois de ter sido alvo de um ataque do grupo islamita Hamas a 7 de Outubro. O líder do braço armado do grupo palestiniano confirmou a ofensiva e disse "ter disparado mais de cinco mil rockets". O ataque do Hamas durou mais de uma hora e tirou a vida a 1200 pessoas. Em resposta a este ataque sem precedentes, Israel anunciou um “cerco total” a Gaza, “sem electricidade, comida e combustível”.Foi a partir do enclave palestiniano, onde vivem cerca de 2,3 milhões de pessoas, que o Hamas se defende. O governo israelita recrutou 300.000 reservistas para "ir para a ofensiva".Ao 47º dia de conflito, o governo israelita deu luz verde a um acordo para garantir a libertação de 50 reféns detidos pelo Hamas em troca de prisioneiros palestinianos e de uma trégua de quatro dias na Faixa de Gaza. A ajuda humanitária foi reforçada com a entrada em vigor, a 24 de Novembro, de um cessar-fogo de quatro dias, prorrogada por 48 horas segundo o Hamas e o Qatar, insuficiente segundo as agências da ONU. Cinquenta reféns foram libertados, em conformidade com o acordo, em troca da libertação planeada de 150 palestinianos detidos em Israel. A passagem pelo ano destaca também um acontecimento que nos chega de 2022: a invasão russa na Ucrânia. Mortes às dezenas de milhares num conflito ofuscado por Gaza: em 2023, a contra-ofensiva não teve os efeitos esperados e Kiev receia que o apoio ocidental perca força.Em Janeiro, o exército russo, reforçado por 300.000 reservistas e apoiado pelos paramilitares do grupo Wagner, voltou a atacar Donbass, no leste da Ucrânia. A 23 de Fevereiro assinalou-se um ano ano do início da invasão russa na Ucrânia. Um conflito que tirou a vida a milhares de pessoas, destruiu infra-estruturas e mudou um país. No último ano, com a ajuda de aliados, Kiev resistiu aos ataques russos e acreditou na vitória. A 9 de Março Kiev ficou sem electricidade e em Lviv, os ataques fizeram mortos entre os civis. Em Maio, Moscovo acabava por reivindicar a captura de Bakhmut, no final da batalha mais longa e sangrenta desde o início da invasão russa. A contra-ofensiva de Kiev, aguardada pelos aliados ocidentais, foi lançada no início do mês de Junho para tentar reconquistar os territórios ocupados por Moscovo. Apesar dos milhares de milhões de ajuda militar ocidental, o exército ucraniano só conseguiu retomar aldeias no sul e no leste.A 24 de Junho, combatentes do grupo Wagner marcham em direcção a Moscovo. O Presidente Vladimir Putin denuncia a “traição” do líder, Yevgeni Prigojine, que ordena aos homens que “voltem” aos seus postos. A morte, dois meses depois, do chefe de Wagner num acidente de avião levantou questões, com os ocidentais e a Ucrânia a suspeitarem do envolvimento do Kremlin.Segundo o Observatório Europeu Copernicus, os meses de Junho a Outubro foram os mais quentes alguma vez registados. Estas temperaturas são acompanhadas por secas, incêndios ou furacões. O Canadá viveu assim este ano incêndios florestais, com mais de 18 milhões de hectares queimados e 200 mil pessoas deslocadas.Este foi também um ano de corrida espacial para encontrar água na Lua. A primeira missão lunar da Rússia em 47 anos falhou: a nave Luna-25 despenhou-se na Lua. A agência espacial russa, a Roskomos, disse que perdeu contacto com a nave não tripulada, pouco depois de ocorrer um problema quando a nave entrava em órbita de pré-aterragem. A Índia tornou-se no quarto país do mundo a conseguir aterrar na Lua, depois dos Estados Unidos, da Rússia na época da União Soviética e da China.A 20 de Agosto, poucos minutos depois da sagração da Espanha no mundial Feminina em Sydney, Luís Rubiales, então presidente da Federação Espanhola de Futebol, beijou de surpresa a atacante Jenni Hermoso na boca, provocando indignação internacional. Enquanto Jenni Hermoso denunciou um acto “sexista, impróprio e sem qualquer consentimento”, Luís Rubiales sustentou por muito tempo que se trata apenas de “um beijinho consentido”, antes de renunciar a 10 de Setembro do cargo. Acusado de “agressão sexual” pela Justiça, foi suspenso durante três anos de qualquer actividade relacionada ao futebol pela Fifa.A 19 de Setembro, o Azerbaijão atacou Nagorno-Karabakh, um território separatista de maioria arménia que Baku e Yerevan disputam há mais de três décadas. Este enclave montanhoso - que proclamou unilateralmente a sua independência em 1991, depois da queda da União Soviética, com o apoio da Arménia - foi palco de duas guerras entre as antigas repúblicas soviéticas do Cáucaso (de 1988 a 1994 e no outono 2020). Em 24 horas, as autoridades territoriais abandonadas por Yerevan capitularam e foi concluído um cessar-fogo. Após esta ofensiva relâmpago, que deixou quase 600 mortos, a maioria dos 120 mil habitantes fugiu para a Arménia, enquanto Nagorno-Karabakh anunciou a sua dissolução para dia 1 de Janeiro de 2024.O economista ultraliberal Javier Milei, 53 anos, tomou posse como presidente da Argentina a 10 de Dezembro, depois da vitória contra o centrista Sergio Massa. O “anti-sistema” prometeu uma terapia de choque para a terceira maior economia da América Latina, nas garras de uma inflação recorde: privatizações totais, cortes de “serra eléctrica” nos gastos públicos, e substituição do peso argentino pelo dólar, com a extinção do Banco Central. Entre as ideias polémicas estão a desregulamentação da venda de armas e uma “solução de mercado” para a doação de órgãos.Para 2024 estão previstas eleições presidenciais na Rússia e nos Estados Unidos da América e eleições europeias. "Os futuros actos eleitorais vão ser um teste à capacidade da Europa Ocidental e dos Estados Unidos de manterem intactos os modelos e democracias liberais", sublinha a internacionalista e docente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, Maria João Ferreira.
O governo de Israel aprovou o acordo mediado pelo Catar para uma trégua temporária em Gaza, após 45 dias de guerra com o grupo terrorista Hamas, que domina o enclave. Cinquenta mulheres e crianças israelenses detidas em Gaza seriam libertadas em troca de um cessar-fogo temporário de quatro dias. "É importante pois tem apelo humanitário importante e é um interesse pragmático dos dois lados, mas isso não significa resolver a questão da guerra. Ninguém trabalha com a hipótese de que este cessar-fogo seja o indício do fim do conflito", diz Eliane.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O governo de Israel aprovou o acordo mediado pelo Catar para uma trégua temporária em Gaza, após 45 dias de guerra com o grupo terrorista Hamas, que domina o enclave. Cinquenta mulheres e crianças israelenses detidas em Gaza seriam libertadas em troca de um cessar-fogo temporário de quatro dias. "É importante pois tem apelo humanitário importante e é um interesse pragmático dos dois lados, mas isso não significa resolver a questão da guerra. Ninguém trabalha com a hipótese de que este cessar-fogo seja o indício do fim do conflito", diz Eliane.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Cinquenta anos se passaram sem que a polícia de Rochester nos Estados Unidos pudesse dar um nome para o assassino de Carmen Colòn, Wanda Walkowiczs e Michelle Maenza. Porém isso não significa que pistas tenham parado de chegar e que novos suspeitos não apareçam no radar das autoridades. O que não falta para este caso são teorias e é neste episódio que vou comentá-las. Produção: Crimes e Mistérios Brasil Narração: Tatiana Daignault Edição: Tatiana Daignault Pesquisa e Roteiro: Tatiana Daignault Fotos e fontes sobre o caso você encontra em www.cafecrimechocolate.com O Café Crime e Chocolate é um podcast brasileiro que conta casos de crimes reais acontecidos no mundo inteiro, com pesquisas detalhadas, narrado com respeito e foco nas vítimas. Não esqueça de se inscrever no podcast pela sua plataforma preferida, assim você não perde nenhum episódio. Siga-nos também em nossas redes sociais: Instagram - @cafe_crime_chocolate_podcast
ESE Cap XVI - Servir a Deus e a Mamon + Livro -- Cinquenta Anos Depois -- Cap.II pt.1. Ano 1940, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.
ESE Cap XV - Fora da Caridade não há salvação + Livro -- Cinquenta Anos Depois -- Cap.I pt.3. Ano 1940, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.
ESE Cap XIV - Honrai vosso pai e vossa mãe + Livro -- Cinquenta Anos Depois -- Cap.I pt.2. Ano 1940, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.
ESE Cap XIII - Que a vossa mão esquerda não saiba o que faz a direita + Livro -- Cinquenta Anos Depois -- Cap.I pt.1. Ano 1940, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.
Livro -- Cinquenta Anos Depois -- PREFÁCIO. Ano 1940, Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.
Cinquenta episódios e um ano depois, Mari Brasil, uma das maiores agentes de roteiristas do país, retorna ao podcast para falar sobre como o mercado se comportou esse ano, dar dicas para roteiristas e falar sobre o futuro da profissão. No papo de abertura, nossas listas de surpresa, decepção, guilty pleasure, melhor filme e melhor … Continue lendo "Primeiro Tratamento – Mariana Brasil – # 247"
O livro «Novas cartas portuguesas» foi proibido pelo Estado Novo, em Abril de 1972. Cinquenta anos depois folheamos as páginas da libertação da mulher numa obra considerada «pornográfica e atentatória da moral pública».
No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta quinta-feira (14/04), o jornalista Breno Altman entrevistou José Genoíno que, além de ter sido deputado federal e presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, foi integrante da Guerrilha do Araguaia, que completa 50 anos.----Quer contribuir com Opera Mundi via PIX? Nossa chave é apoie@operamundi.com.br (Razão Social: Última Instancia Editorial Ltda.). Desde já agradecemos!Assinatura solidária: www.operamundi.com.br/apoio★ Support this podcast ★
Como o crescimento econômico poderá ser infinito num mundo cujos recursos têm um fim? Em 1972, um relatório dirigido pelos cientistas americanos Donella e Dennis Meadows, Jørgen Randers e William Behrens no MIT (Massachussets Institut of Technology) analisou em profundidade os limites do nosso modelo de crescimento e se tornou um livro best seller, que vendeu 30 milhões de exemplares no mundo. Cinquenta anos depois, a humanidade toma o rumo dos piores cenários antecipados pelos cientistas. Em quase todos os países e em especial nos desenvolvidos, tudo é feito em excesso: produção, consumo, poluição, alimentação, pesca, emissões de gases de efeito estufa. O livro previa que, se continuássemos na busca cada vez mais intensa por crescimento, o sistema planetário sofreria um "bug" no século 21. "O que podemos dizer claramente é que aquilo estava pré-configurado nos anos 1970 e início dos 1980, no relatório Meadows, são coisas que, a maior parte delas, foram confirmadas nas décadas seguintes e, algumas delas, de forma até mais intensa do que previsto, como as mudanças climáticas. Na época, elas foram levadas em conta de maneira limitada”, afirma o pesquisador-adjunto do CNRS (Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França) Aurélien Boutaud, doutor em Ciências da Terra, em entrevista ao programa C'est Pas Du Vent da RFI. "Então, as conclusões gerais do relatório não poderiam ser mais atuais." No ano em que foi redigido, o estudo teve o impacto de um primeiro grande alerta da comunidade científica, com repercussão mundial, sobre os riscos que estavam por vir. Desde então, nove limites planetários ao abuso dos recursos naturais e à atividade humana foram desenhados pelos especialistas – dos quais cinco já foram atingidos. “É difícil dizer quantos limites de fato existem, mas a literatura científica hoje identificou dez. São variáveis que determinam os grandes equilíbrios ecológicos da escala planetária, como a integridade da biosfera, da biodiversidade, a mudança no uso dos solos, a utilização de águas doces, os ciclos biogeoquímicos do fósforo e do azoto, entre outros”, explica Boutaud, autor de um livro sobre o tema. "O que constatamos é que, há um século e meio, alguns desses elementos estão sendo perturbados pela atividade humana, de uma forma que pode ser irreversível.” Mudança de paradigmas O pesquisador francês explica que as mudanças climáticas são um exemplo claro desses desequilíbrios da Terra, assim como a acidificação dos oceanos. Há 50 anos, estabilizar o crescimento econômico e da população mundial teriam sido suficiente para evitar uma degradação tão séria do planeta. Hoje, porém, todo o desafio é minimizar os danos. O consenso apontado em estudos como os do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas, indica que a única alternativa para evitar uma catástrofe ainda maior para as próximas gerações é o mundo desacelerar: reverter um modelo de progresso que busca cada vez mais. "Nós sempre precisaremos dos sistemas de produção industrial, da agricultura, da saúde etc. Mas como podemos reorganizar tudo isso de maneira que eles sejam não pouco, mas muito mais econômicos, sóbrios, em matéria de energia? Em muitos casos, isso nos parece possível”, comenta Matthieu Auzanneau, diretor do think tank The Shift Project, especializado na transição energética. Fim das energias fósseis Desde o Protocolo de Kyoto, primeiro marco internacional para tratar do problema, os cientistas apontam as energias fósseis como as maiores vilãs do círculo vicioso que conduz a Terra a graves alterações. No Acordo de Paris sobre o Clima, os líderes globais concordaram que seria necessário acelerar o abandono do carvão e petróleo – mas, na prática, quase nada foi feito nesse sentido. Agora, a guerra da Ucrânia leva a Europa a acordar para o perigo da dependência dos combustíveis russos – uma nova oportunidade para acelerar a transição energética. "Temos que esperar isso, mas me faz pensar em um doente que já recebeu um diagnóstico há muito tempo, mas que precisa chegar ao limite do que os médicos dizem. Sentir na pele os efeitos, para chegar à conclusão de que ele precisa parar de fumar”, lamenta Auzanneau. "Aqui na Europa, nós sabemos há muito tempo que somos dependentes demais dos recursos controlados por Vladimir Putin. E se já tivéssemos encaminhado a saída do petróleo, como previa Kyoto, Putin não teria tanto poder quanto tem hoje”, analisa.