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Em dezembro, Gisela João vai participar na festa dos 40 anos da BLITZ na Meo Arena, em Lisboa. No Posto Emissor, revelou em primeira-mão o espetáculo que irá apresentar nessa noite, relacionado com o novo disco que se encontra a preparar, com temas de José Afonso e não só. A libertação sexual que sente em palco e a crise de motivação que recentemente ultrapassou foram outros temas da conversa. O regresso de Nick Cave a Portugal e a morte de Liam Payne completam o podcast desta semana.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Portugal begeht in diesem Jahr 50 Jahre Nelkenrevolution, und damit das Ende der Diktatur. Die Feierlichkeiten haben schon 2022 begonnen und dauern insgesamt vier Jahre, bis 2026. Dann steht das nächste Jubiläum an: Das Inkraftreten der Verfassung sowie die erste demokratische Parlamentswahl jähren sich zum 50. Mal. Die Musik spielte für die unblutige Revolution eine wichtige Rolle. Etwa das Lied "E depois do adeus" (deutsch: "Und nach dem Abschied") von Paulo de Carvalho (Portugals Beitrag beim Grand Prix d'Eurovision 1974). Gerade einmal drei Punkte gab es für das Lied, das eine Revolution auslösen sollte - die Nelkenrevolution. Am 24. April 1974 wurde es in der Nacht "E depois do adeus" im portugiesischen Rundfunk gespielt, als erstes Geheimsignal an die aufständischen Truppen, kurz darauf bestätigt durch das Abspielen von "Grândola, vila morena" des antifaschistischen Sängers José Afonso, bis heute so etwas wie die Hymne der Nelkenrevolution. ARD-Korrespondentin Franka Welz ist der Rolle der Musik für Portugals Nelkenrevolution nachgegangen.
Marco Ferrari"Alla rivoluzione sulla Due Cavalli"con ritorno a Lisbona 50 anni dopoEditori Laterzawww.laterza.itCinquant'anni fa Victor e Vasco partirono da Parigi alla volta di Lisbona per assistere al trionfo della Rivoluzione dei garofani. Cinquant'anni dopo tornano sulle strade di Lisbona alla ricerca di un nuovo sogno per ricominciare. La storia di una generazione che insegue la possibilità di un mondo diverso a bordo di una Due Cavalli.Un libro di culto da cui è stato tratto un film di grande successo, vincitore del Festival di Locarno.Il 25 aprile 1974, una data che pare ormai lontana anni luce, avvenne in Portogallo un fatto straordinario: sulle note di Grândola, vila morena di José Afonso, un gruppo di ufficiali dell'esercito diede avvio a una rivoluzione che pose fine alla più longeva dittatura d'Europa, durata quarantasette anni, dieci mesi, ventiquattro giorni e qualche ora.I fiori nelle canne dei fucili, simbolo della Rivoluzione dei garofani, furono un momento di speranza per un'intera generazione che, dopo il golpe del Cile del 1973, le feroci repressioni in Grecia, il fallimento della Primavera di Praga del 1968 e la guerra del Vietnam, vedeva finalmente trionfare i propri ideali. Furono in molti, come i protagonisti di questo libro Victor e Vasco, a partire da ogni parte d'Europa per assistere, almeno una volta nella loro vita, al trionfo della rivoluzione. Ma ogni viaggio, anche o soprattutto se fatto su una mitica Due Cavalli, senza navigatori e fuori autostrada, è un'avventura, un tragitto fatto di incontri, inconvenienti e sorprese per «seppellire i tiranni con una risata».Cosa resta oggi di quel viaggio iniziatico? Lo scopriranno i lettori che ritroveranno Victor e Vasco cinquant'anni dopo ancora sulle strade di Lisbona, sempre alla ricerca di un nuovo sogno per ricominciare. Come se la gioventù fosse un'eterna nostalgia.Marco Ferrari, giornalista e scrittore spezzino, ha esordito nella narrativa nel 1988 con il romanzo Tirreno (Editori Riuniti), a cui hanno fatto seguito: I sogni di Tristan,Grand Hotel Oceano eTi ricordi Glauber per Sellerio; La vera storia del mitico undici per Ponte alle Grazie; Cuore Atlantico e Morire a Clipperton per Mursia; Le nuvole di Timor per Cavallo di Ferro; Sirenate per Il Melangolo; Un tango per il duceper Voland; Rosalia Montmasson. L'angelo dei Mille per Mondadori.Con Arrigo Petacco ha firmato Ho sparato a Garibaldi e Caporetto per Mondadori. Per Laterza è autore di Mare verticale. Dalle Cinque Terre a Bocca di Magra, L'incredibile storia di António Salazar, il dittatore che morì due voltee Ahi, Sudamerica! Oriundi, tango e fútbol.IL POSTO DELLE PAROLEascoltare fa pensarewww.ilpostodelleparole.itDiventa un supporter di questo podcast: https://www.spreaker.com/podcast/il-posto-delle-parole--1487855/support.
A estante desta semana embarca na aventura de O Ladrão de Arte, a história real do cleptomaníaco francês que tinha a casa cheia de objectos artísticos roubados em museus de toda a Europa, contada com um apurado sentido dramático por Michael Finkel. Também folheamos a correspondência trocada entre José Afonso e o jornalista Rocha Pato, reunida no livro Os Primeiros Anos. Acompanhamos, em Pais Vazios, a investigação de Philip Rothwell sobre a imagem da figura paterna na literatura portuguesa. E terminamos surrealmente em beleza com um livro já antigo de António José Forte especialmente recomendado por Herberto Helder: o autor de A Colher na Boca era um entusiasta de Uma Faca nos Dentes.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Sérgio Godinho criou canções que são símbolos de liberdade e de resistência, mas não se revê na etiqueta de música de intervenção. Diz simplesmente que se limita a falar da vida. Nos 50 anos do 25 de Abril, convidámos o músico, cantor, compositor, poeta, escritor, actor, “homem dos sete instrumentos”, para falar sobre os tempos da ditadura, do exílio e da criação dos seus primeiros discos. Sérgio Godinho é o nosso convidado desta edição, no âmbito das entrevistas que temos publicado em torno dos 50 anos do 25 de Abril.Foi em Paris que o músico começou a espelhar as dores e as esperanças dos “Sobreviventes” à ditadura portuguesa. Tinha deixado Portugal em 1965 com “sede de ter mundo” e porque estava determinado em não ir para a guerra colonial. Diz que encontrou a sua voz em português em Paris e foi aí que gravou os dois primeiros discos, “Os Sobreviventes” e “Pré-Histórias”. Ambos no Château d'Hérouville, onde José Mário Branco gravou “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, em que Sérgio Godinho também participou e onde Zeca Afonso gravou o álbum "Cantigas do Maio", nomeadamente a “Grândola Vila Morena”.Sérgio Godinho esteve nove anos fora de Portugal durante a ditadura. Estudou psicologia em Genebra, trabalhou na cozinha de um barco holandês enquanto atravessava o Atlântico, viveu, entre tanta coisa, o Maio de 68 em Paris e no 25 de Abril de 1974 estava em Vancouver, no Canadá.Cinquenta anos depois da Revolução dos Cravos, vamos tentar perceber “que força é essa”, a da música e a das palavras de Sérgio Godinho, que fazem com que as suas canções sejam parte do imaginário colectivo da banda sonora das lutas do antes e do pós-25 de Abril. RFI: Os seus dois primeiros discos, “Os Sobreviventes” e “Pré-Histórias”, são discos emblemáticos da canção de intervenção. Foram gravados em França. Qual era o estúdio e como é que decorreu toda esta fase? Sérgio Godinho, Músico: Foram gravados em Paris. O meu primeiro disco foi de 71. Quer dizer, gravei em 71. Gravei os dois discos antes do 25 de Abril, “Os Sobreviventes” e depois o “Pré-Histórias”. No “Pré-Histórias” já não estava a viver em França, estava a viver em Amesterdão, mas vim a França para gravar no mesmo estúdio.Eu depois vou falar desse epíteto "canção de intervenção", mas, para já, esse estúdio foi um estúdio que o Zé Mário [José Mário Branco] descobriu. É um estúdio que estava a estrear nos arredores de Paris, chamado Château d'Hérouville, onde também o Zeca [Afonso] gravou e onde se gravou o “Grândola Vila Morena”. Onde os Stones gravaram, o Elton John até tem um disco chamado “Honky Château”, que é uma homenagem, onde muitos depois gravaram porque era um estúdio que estava num sítio isolado e estava-se num bom ambiente.Agora, como parêntesis ou não, quanto a esse epíteto de canção de intervenção, isso é uma coisa que só surgiu a seguir ao 25 de Abril. E também que foi de vida muito curta, mas que deixou uma espécie de rasto como os cometas porque eu nunca compreendi muito bem e nunca me identifiquei muito bem com esse termo, canção de intervenção. Eu acho que é extremamente restritivo. O que é que é intervenção? Nós intervimos a vários níveis, não é?Prefere canção de protesto? Mas pode não ser de protesto. "A Noite Passada", que está no segundo disco, ou o "Pode alguém ser quem não é" não são de protesto. Algumas são canções que têm uma componente social, e até política, mas, sobretudo, são canções que contam o que é a vida e que contam muitas vezes histórias, têm muitas personagens. As minhas canções são canções também de interrogação, de percurso. Há muitas interrogações nas minhas canções. "Pode alguém ser quem não é" ou, nesse disco também, o "Barnabé". “O que é que tem o Barnabé que é diferente dos outros?” é uma interrogação e as respostas são dadas pelas pessoas que ouvem e parte das respostas são dadas por mim.Só para dizer que esse termo pode meter-nos assim numa etiqueta e arrumar convenientemente. Não consigo. Eu tenho canções que falam da vida, de questões sociais, políticas até, e que são canções íntimas. Eu tenho uma canção chamada 'Dancemos no mundo' que é uma canção que foi inspirada numa reportagem que houve na revista Expresso de casais separados por barreiras ideológicas, rácicas, políticas, etc, e do seu desejo de dançarem juntos neste mundo que é só um, no fim de contas, e que tem tantas fronteiras. Portanto, onde é que essa canção se vai posicionar? Isso insere-se nisso tudo, na vida.O disco “Os Sobreviventes” foi logo proibido pela PIDE em Portugal? Não é bem assim. Ele, depois de ter ganho um prémio de melhor letrista da Casa da Imprensa, foi retirado. Ele não foi proibido à partida. Repare que é assim: "Os Sobreviventes", todo "Os Sobreviventes" só saiu em 72 porque saiu em 71 quatro canções do disco, no formato que eles chamavam EP. Mas seja como for, o que acontece é que nessa altura estamos já no período de Marcello Caetano e, nessa altura, a própria censura já não sabia o que fazer com ela própria. Ou seja, havia uma incoerência muito grande. Por um lado, proibiam, mas depois permitiam outras coisas. Houve uma altura em que houve um abrandamento, digamos, naquilo que chamaram Primavera Marcelista, que eu nunca acreditei muito e provou-se.Primeiro sai o disco Os Sobreviventes, depois Pré-Histórias. São dois discos que têm músicas com mensagens muito claras. São discos bastante ousados, corajosos...Acho que sim, mas isso era a maneira como eu escrevia, era aquilo que eu queria dizer. Quer dizer, a coragem do Zeca que vivia cá [em Portugal] e fez "Os Vampiros" aí sim. Eu estava no estrangeiro. Mas sim, claro que são discos que mexem com o status quo, como é evidente, mas que têm canções de vários géneros, canções mais satíricas, canções que falam de problemas políticos ou sociais. No segundo, talvez a canção que ficou mais seja "A Noite Passada", o "Pode alguém ser quem não é" e "O Homem dos Sete Instrumentos" e não são canções de teor político.E a música "Que força é essa"?"Os Sobreviventes" é começado com o "Que força é essa" e acaba com uma canção com uma letra muito curta chamada “Maré Alta”, em que eu digo “aprende a nadar companheiro, que a maré se vai levantar, que a liberdade está a passar por aqui”. Isto era, a liberdade não estava a passar por aqui, mas era não só um desejo, mas uma afirmação. No fim de contas, por outras palavras, é dizer que o solo que nós pisamos é livre, defendamo-lo!Foi muito emocionante, como é evidente, quando eu voltei, logo a seguir ao 25 de Abril, ter cantado essa canção que nunca tinha cantado em Portugal, para um público que conhecia já porque conheciam esses dois primeiros discos e organizaram-se quase espontaneamente aqueles cantos livres da altura, em que estávamos todos no palco, todos ao molho.O que eram os cantos livres? Foram coisas que foram quase improvisadas na hora, com vários cantores. Estávamos no palco, sentados no chão e depois levantámo-nos para cantar duas ou três canções cada um e depois tornávamo-nos a sentar. Às vezes colaborávamos nas canções uns dos outros, mas foram coisas que foram feitas quase… Há sempre gente que organiza, mas não havia agências organizadas, não havia nada disso, não é? Aliás, durante um tempo, nós andámos, e quando falo de mim, falo do Zé Mário, do Zeca, como é evidente, mais tarde o Fausto, também o Vitorino, o Manuel Freire, o Francisco Fanhais, cantámos em várias terras onde era solicitada a nossa presença.Voltemos a Paris. Que papel é que teve Paris na sua formação musical e também política? Paris, naquela altura, era o epicentro dos cantores que, mais tarde, se viriam a chamar "cantores de intervenção". Mais tarde foram chamados…Eu lá conheci o Luís Cília, de quem sou amigo, um amigo activo. O Zé Mário infelizmente já não está entre nós, mas continuei amigo toda a vida e tivemos muitas parcerias. Nos nossos primeiros discos há parcerias de canções. “O Charlatão” até é uma que é dos nossos primeiros discos e que é comum aos nossos primeiros discos. Mas, claro que o Zeca conheci-o porque ele foi a Paris, por exemplo.Mas há mais que isso porque eu cheguei a Paris já vindo de viagens. Porque, entretanto, eu tornei-me um vagabundo existencial. Andei à boleia por toda a Europa no Inverno. Trabalhei na cozinha de um barco holandês, atravessei o Atlântico, fui até às Caraíbas trabalhando, passando pelos Açores que não conhecia e, nessa altura, já não podia vir a Portugal porque tinha sido chamado para o serviço militar/guerra colonial e não tinha respondido e nunca tive a intenção de responder. Não só porque não me identificava com essa guerra, como realmente não queria fazer isso. E escrevi canções que também acabam por se ligar com isso, para mim e para o Zé Mário.O Zé Mário tem uma canção no primeiro disco que se chama “Cantiga de Fogo e da Guerra” que foi um poema que eu fiz quando tinha 19 anos e que depois mostrei ao Zé Mário e ele disse “Ah, mas eu quero pôr isso em música”. Repare, eu cheguei em 67 a Paris, portanto, levei em cheio com o Maio de 68. E vivi-o intensamente porque eu não tinha compromissos, praticamente vivia na rua e ia dormir a casa! Uma casa que era uma “chambre de bonne” em Paris, era pobrezinho - ainda não sou assim muito rico [risos]! Mas vivi muito do dia-a-dia, dormi várias vezes na Sorbonne, todo aquele movimento. Ocupámos a casa dos estudantes portugueses, eu e muitos outros. Depois, a certa altura, estavam dez milhões de trabalhadores em greve e cantei em fábricas ocupadas na Renault, Citroën, etc.Onde havia muitos portugueses.Onde havia muitos portugueses. Eu, o Luís Cília, com a Colette Magny, uma cantora francesa. E eu ainda não tinha material próprio. Tinha uma canção que fiz na altura até em francês, que sei parte dela, mas nunca a recuperei totalmente, mas era uma canção que falava um bocado de Maio de 68. Comecei a fazer canções e comecei a praticar também o que é fazer musicalmente uma canção e letra também. Mas comecei a escrever em francês ou comecei por escrever em francês.Isso é curioso. Porquê?Porque tudo o que eu fazia em português soava-me a José Afonso ou Alexandre O'Neill. Até encontrar uma voz própria, voz poética, uma voz própria, eu tive dificuldade. Então, comecei a fazer canções porque tinha a necessidade de fazer canções porque estava a descobrir essa arte, chamemos-lhe assim. Tive muitas influências, com certeza francesas, até porque estávamos numa altura em que apareceu o [Jacques] Brel, em que antes tinha havido o [Charles] Trenet que é o pai deles todos. Mas apareceu Brel, apareceu o [Georges] Brassens, que é um artífice de canções absolutamente extraordinário, o [Léo] Ferré. Depois, a seguir o [Serge] Gainsbourg, mas é um bocado mais tarde.E também tinha muitas influências brasileiras, sobretudo o Chico [Buarque] e Caetano [Veloso] e antes a bossa nova. E anglo-saxónicas, com o aparecimento dos Beatles, dos Stones, dos Kinks, do Bob Dylan. Foram extremamente importantes para mim, para a minha formação musical, para os meus gostos musicais.E o José Afonso, para mim, quando apareceu, eu tinha 17 ou 18 anos. Foi quando eu percebi que se podia escrever de outra maneira em português e uma canção, que eu acho que é a canção paradigmática como “Os Vampiros”, é uma canção que é extremamente bem feita, que é uma metáfora poderosa e muito corajosa porque não há nada de mais evidente do que o que é que ele está a falar. Está a falar do regime e dos vampiros que comem tudo e não deixam nada. Aliás, eu canto essa canção bastantes vezes. Este ano, que são os 50 anos do 25 de Abril, estamos a reformular o nosso espectáculo e eu já tinha cantado “Os Vampiros”, uma versão muito pessoal dos "Vampiros", muito diferente, bastante pesada, com guitarras eléctricas bastante densas, pesadas, mas que é muito forte.Todas essas influências cruzadas fizeram com que eu também tivesse vontade de experimentar a canção. E só um pouco mais tarde, antes do meu primeiro disco, é que houve assim uma espécie de dique que se abriu e em que eu, de repente, percebi que podia escrever em português e que era em português que eu queria escrever e que o significado das palavras e das frases e das frases feitas que eu uso muito, era também uma maneira de eu não perder a minha ligação à língua portuguesa e a Portugal. A língua portuguesa sempre foi muito importante para mim, foi algo que se venerou em minha casa.Em 1969, entrei no musical “Hair”. Fiz audições quando soube que havia, já tinha ouvido falar do “Hair” que estreou em Nova Iorque. Isto era a terceira cidade onde estava a estrear e era a encenação da Broadway. E foi um grande sucesso em Paris, no Théâtre de la Porte de Saint-Martin. Houve 6.000 ou 7.000 candidatos, eu fiz audições e acabei por ser escolhido e estive lá muito tempo. Foi um belo estágio do que é estar num palco e também cantar, representar, fazer papéis múltiplos, cantar em várias situações e estar à vontade com isso. E eu acho que, desde sempre, tive esse gosto dos palcos, continuo a ter e continuo a praticá-lo.Em Paris, em 1970, participa no concerto “La Chanson de Combat Portugaise” na Maison de la Mutualité. Foi polémico. Como foi?Quer dizer, o Zeca Afonso veio de Portugal. Havia uma grande contestação por esquerdistas de uma ala maoista ou coisa assim que fizeram inclusivamente um panfleto a denunciar, digamos, o carácter, sei lá, “revisionista” do Zeca, ou “pequeno-burguês” e coisas assim. Enfim, foi uma coisa que foi mesmo lamentável. O Zeca cantou, o Luís Cília, o Tino Flores, eu, não sei se o Vitorino - que ainda não tinha obra - se não cantou também nesse âmbito.E houve pancadaria na sala e contestações, pancadaria entre grupos. Porque depois eram os que eram a favor e os que eram contra, mas tudo portugueses, não é? Quer dizer, aquilo era uma coisa... Havia muito esta coisa dos grupúsculos políticos que se arvoravam em detentores da verdade. E o Zeca ficou bastante incomodado com isso e respondeu e outros responderam também.O Luís Cília já adaptava poemas, fazia música sobre poemas, como outros também fizeram, e sempre fez parte da sua obra. E cantou um poema qualquer e houve alguém que lhe diz “Os operários não percebem isso. Porque é que estás a cantar essas coisas? Os operários não percebem isso”. E o Luís respondeu: “Também há operários estúpidos!” O que eu achei uma resposta lapidar! Como é que a cantiga foi uma arma, como cantava o José Mário Branco, contra o fascismo?Foi uma arma? Não sei, não sei. Eu acho que essa afirmação, “a cantiga é uma arma”, eu acho que é uma afirmação que eu nunca subscrevi isso totalmente. Quer dizer, acho que foi um pauzinho na engrenagem, por um lado, e também foi uma contribuição logo a seguir ao 25 de Abril para congregar as pessoas. Eu acho que isso é útil, mas não acho que isso transforme as pessoas em si.Essas coisas todas juntas podem ter uma influência positiva. Por exemplo, eu sei de amigos meus, alguns até ainda nem os conhecia, só conheci depois, que estiveram na guerra em Angola ou em Moçambique e que levaram cassetes que fizeram com as nossas canções e que mostraram aos soldados e havia uma outra realidade. Isso sim. Aí há uma utilidade. Aí pode-se dizer que é uma arma, digamos, dentro do exército.Um cavalo de Tróia?Um cavalo de Tróia. Mas eu só estava a referir-me à canção especificamente porque é preciso cuidado com a arrogância. E é preciso cuidado com considerar que somos tão transformadores. Eu não sou missionário. Quer dizer, eu acho que todas as coisas juntas podem ter uma utilidade, não é? Eu tenho muita consciência do que também são os limites.Mas a música foi um marco e há músicas que ficaram como símbolos da resistência contra o fascismo. Sim. Sim. Sem dúvida.Portanto, esse papel também foi o vosso. Sim, completamente, foi. E é por isso que eu continuo a cantar. E que, por exemplo, tenho grande prazer em cantar muitas vezes o “Maré Alta”. Aliás, quando falei de “Os Vampiros”, que canto e que não é meu, mas que é uma canção emblema. Sim, nesse aspecto é um emblema. Mas as canções estimulam as pessoas de tantas maneiras e isso dá-me alegria.Por exemplo, na canção “Espalhem a notícia”, há uma criança que nasce. Há muita gente que teve crianças e que me falou disso, das primeiras impressões e falou da alegria de vir ao mundo uma criança e que se relaciona muito com essa canção. Como é evidente, "O Primeiro Dia” é uma canção que diz muito a muitas pessoas de maneiras diferentes. Isso é o que me interessa. Sim, estimular as pessoas, com certeza, isso é o que me interessa e essas interpretações abertas também. O 25 de Abril foi "o primeiro dia do resto da vida" de muita gente…Sem dúvida, sem dúvida. Foi absolutamente transformador, é uma data charneira. E, para mim, que estive nove anos sem poder vir a este país, não é? Eu estava a viver, na altura, no Canadá, estava a viver em Vancouver, no Oceano Pacífico. Repare: estava pacífico e vim para a balbúrdia! [Risos] Voltei definitivamente em Setembro de 74.Essa data foi uma data em que há um antes e um depois. É o primeiro dia do resto das vidas de muita gente. Depois há muita gente que diz “Afinal de contas, o 25 de Abril não cumpriu todos os seus ideais”. Mas é um momento de revolução, é um momento utópico! Temos muitas insuficiências, estamos num país muito injusto ainda, com muitas desigualdades sociais, mas houve coisas que mudaram. Quando digo aos meus filhos que não havia escolas mistas no ensino oficial, é uma coisa que eles não concebem sequer porque cresceram em turmas que têm rapazes e raparigas! Agora, até há o género neutro.Será que, até certo ponto, também podemos dizer que o "À Queima Roupa" é um filho da Revolução dos Cravos?O “À Queima Roupa” foi gravado em 74 mas sai em 75, mas sim, de certo modo, é quando estava tudo "à queima roupa". De certo modo, é curioso que, sem eu querer, os títulos dos meus três primeiros discos reflectem um bocado um percurso porque “Os Sobreviventes” é todo aquele peso que está para trás…Quem eram “Os Sobreviventes”? Éramos todos nós. Todos nós. Depois, o “Pré-Histórias” é como se estivesse a anunciar que qualquer coisa vai acontecer, as Pré-Histórias. Mas eu, repito, isto não foi… Isto, aconteceu assim. E depois, o “À Queima Roupa” é um bocado tudo a acontecer ao mesmo tempo. Toda esta transformação cheia de erros, cheia de passos atrás e passos à frente.Estamos numa democracia para o bem e para o mal. Pode-se dizer que essa democracia não cumpriu tudo. Pois não, mas é por isso que é preciso continuar não só a votar - porque eu estava impedido de votar e muitos de nós ou então as eleições de Humberto Delgado foram completamente aldrabadas, não é? Portanto, estamos numa democracia com liberdade de imprensa, não há censura, digamos, em livros. Pode haver outros tipos mais insidiosos de censura, mas isso é outra conversa. E, de facto, não estamos nada no mundo ideal. Não. E a ascensão de forças de extrema-direita é muito preocupante pela maneira como se disseminam pela sociedade.O refrão de “Liberdade”, que é uma música que já tem 50 anos, “a paz, o pão, habitação, saúde, educação”… Como é que tanto tempo depois parece que a música foi escrita para os dias de hoje?É o que eu disse. Há muitas situações que continuam de uma extrema gravidade, mas cada um desses itens é um item para o qual se deve lutar para que haja um Portugal melhor, um país melhor. Esses itens e outros porque a justiça também não anda nada bem. Ainda há uma justiça de classe, por outro lado, há coisas que estão a ser feitas a nível da justiça que são corajosas, no desmantelar de muitas corrupções. Mas, isso é assim, é um longo caminho.Agora, eu até tenho composto menos, canto muito, mas tenho composto menos porque tenho estado mais virado, tive necessidade disso, para a ficção narrativa. Sai hoje, no dia em que estamos a fazer esta entrevista [8 de Fevereiro de 2024], o meu terceiro romance que se passa entre Portugal e França, que se chama “Vida e Morte nas Cidades Geminadas”. E essas cidades geminadas são Guimarães, de onde vem uma rapariga que emigrou com os pais para uma cidade perto de Paris chamada Compiègne, a 90 quilómetros de Paris, que é geminada, de facto, com Guimarães e que conhece um rapaz francês, Cédric. Ela chama-se Amália Rodrigues - porque o pai se chamava Rodrigues e adorava a Amália! E também canta fado nas horas vagas, embora esteja a tirar um curso de hotelaria e depois vem para Guimarães. Ele trabalha numa morgue. Fala-se muito da vida e fala-se muito da morte. Digamos que essa necessidade da ficção narrativa começou a aparecer também e não é incompatível com as canções porque as minhas canções também têm, muitas vezes, esboços de histórias, têm personagens, a Etelvina, Alice, Casimiro. O Casimiro é, enfim, uma personagem mítica. Mas fala-se muito de pessoas. Lá está, eu gosto de falar de pessoas.De pessoas e de situações sociais porque sente-se nas músicas esse cunho social e político… É por isso que são músicas intemporais?Mas a Etelvina não é uma canção política. No entanto, é uma canção que está no “À Queima Roupa” e é uma das canções mais fortes do “À Queima Roupa”. Acho que é importante não nos fixarmos num determinado… Continuo a dizer que não sou missionário.
It's the only revolution in world history (that we know of) that began with a Eurovision song. This week, Portugal marks 50 years since the Carnation Revolution ended decades of dictatorship. We speak to Alex Fernandes, author of a new accessible history of the revolution, about the day that changed everything. We're also talking about the UK's missed opportunity to give an entire generation fun memories (and skills, but mostly fun memories) and Milan's ice cream uproar. Alex's book, ‘The Carnation Revolution: The Day Portugal's Dictatorship Fell' is out now. You can find him on Twitter here and read his article on the music of the revolution here. Inspiration Station offerings: ‘E Depois Do Adeus' by Paulo de Carvalho; Grândola, Vila Morena by José Afonso and MARO on tour. Bonus entry: the ‘Feat. NATURE' playlist. Other resources for this episode: ‘What is behind the UK's labour shortage?' - UK in a Changing Europe, February 2024 ‘Percentage of businesses experiencing a shortage of workers in the United Kingdom in 2023, by industry sector' - Statista, November 2023 ‘Nature is an artist! Inside AKQA's design for mammoth Spotify and UN project, Sounds Right' - It's Nice That, April 2024 Instagram | Threads | Twitter | Mastodon | Bluesky hello@europeanspodcast.com
En 1972, el cantautor portugués José Afonso estrenó en público la canción ‘Grandola, vila morena'. Lo hizo en un concierto en la Universidad en Santiago de Compostela que habían organizado cuatro estudiantes gallegos que estaban enamorados de su música. No sabían entonces que dos años después, un 25 de abril de 1974, aquella canción se convertiría en el himno de la revolución que puso fin a la dictadura más longeva de la Europa occidental, la de Portugal. Este año se cumplen 50 años del día en el que los portugueses recuperaron sus libertades y la democracia de forma pacífica. De un día que pasó a la historia por la imagen de los claveles rojos colocados en los rifles de los soldados como símbolo de esperanza. En este episodio de ‘Hoy en EL PAÍS' conversamos con Maite Angulo, viuda de Benedito García Villar, el cantante del grupo gallego Voces Ceibes, que llevó hasta Santiago de Compostela a Zeca Afonso para dar un concierto en la universidad de la ciudad en el que se estrenó ‘Grândola, vila morena' y con Adelino Gomes, periodista portugués que cubrió la Revolución de los Claveles y que estuvo en los principales lugares en los que sucedieron los actos que cambiaron el país. Además, escuchamos los testimonios de José Alves da Costa, el cabo que se negó a disparar contra el capitán Maia y sus tropas sublevadas y l sargento Manuel Correia da Silva, que custodió al dictador, Marcelo Caetano, hacia su exilio para evitar su linchamiento público. Créditos: Guion y montaje: Dani Sousa Narración y grabaciones: Tereixa Constenla Diseño de sonido: Nacho Taboada Presenta: Ana Fuentes Dirige: Silvia Cruz Lapeña Edición: Ana Ribera Sintonía: Jorge Magaz Más información: La libertad llegó en abril hace 50 años: https://elpais.com/babelia/2024-04-13/la-libertad-llego-en-abril-hace-50-anos.html Memorias de la Revolución de los Claveles: el cabo que no disparó, el sargento que custodió a Marcelo Caetano y el capitán que asaltó la radio: https://elpais.com/internacional/2024-04-24/memorias-de-la-revolucion-de-los-claveles-el-cabo-que-no-disparo-el-sargento-que-custodio-a-marcelo-caetano-y-el-capitan-que-asalto-la-radio.html Si tienes quejas, dudas o sugerencias, escribe a defensora@elpais.es o manda un audio a +34 649362138 (no atiende llamadas)
Depois de “Ensaio sobre o Sequeira”, o seu 1º disco de originais, Luís Sequeira abre um novo ciclo no Pop Português com a sua forma diferente e única de o sentir. Neste episódio há, ainda, uma homenagem a José Afonso.
Episódio 886 de Dias Úteis, um podcast que lhe oferece um poema pela manhã, de segunda a sexta-feira. Por vezes também à tarde, nem sempre apenas poesia. É este o último episódio, pelo menos no formato em que ficou conhecido, do Dias Úteis. Após um mês a percorrer a palavra "Liberdade", publicamos esta última leitura à exacta hora em que passava, há 50 anos, "Grândola, Vila Morena", de José Afonso, no programa Limite, da Rádio Renascença. Poderiam ser tantos os textos que nos trazem à memória esse dia, pela escrita dos que o viveram ou até mesmo por aqueles que não a querem deixar esmorecer. Mas ficou este "Eu só queria um pónei", de Rui Zink, que não foi possível gravar com o autor, por limitações logísticas, das muitas que sempre marcaram presença neste projecto. Coube ao quase afónico editor fazer com que esta crónica, escrita para o Jornal de Letras há dez anos não deixasse de poder ser escutada. Ao Rui, um enorme agradecimento pela paciência e pelas diversas colaborações com o Dias Úteis. Os seus textos e as suas leituras continuam disponíveis, como as restantes quase 900 no https://diasuteispodcast.podbean.com/. Este podcast foi uma produção da Associação de Ideias, com música original de Marco Figueiredo, voz de introdução de José Carlos Tinoco e a ficha técnica lida por Raquel Bulha. O design gráfico foi de Catarina Ribeiro e a consultadoria especializada do Rui Branco. Na sombra, contou com o imprescindível apoio à produção de Ana Cristina Pereira. A concepção e edição foram de Filipe Lopes. Até um dia!
No momento em que lança novo álbum, “Não Sei do que É que se Trata, mas Não Concordo”, Vitorino estreia-se no Posto Emissor na véspera dos 50 anos do 25 de Abril para recordar o dia da Revolução dos Cravos, os tempos em que cantou nas ruas de Paris, a infância musical no Alentejo e a amizade com José Afonso. No podcast da BLITZ, falamos também sobre os novos álbuns de Taylor Swift e Pearl Jam.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Nous sommes le 25 avril 1974, à Lisbonne. La dictature, installée quarante-huit ans plus tôt par Salazar, vit ses derniers moments. Depuis mars, le processus révolutionnaire est en marche dans le plus grand secret. C'est par le biais de la Rádio Renascença que deux mots d'ordre sont lancés confirmant le début des opérations. Le premier est la chanson « E depois o Adeus » de Paulo de Carvalho, diffusée à 22h55 et précédée de la voix du speaker annonçant : « il est 23 h moins 5 min ». Le second est la diffusion d'une deuxième chanson « Grândola Vila Morena », à minuit vingt, le 25 avril. Le speaker lit la première strophe de la chanson avant de lancer ce disque interdit. Le Portugal va tourner la page de l'Estado Novo, le régime national-catholique, liberticide. Un régime qui va susciter de nombreuses révoltes internes, lesquelles vont être réprimées par la PIDE, police politique de l'État portugais, fondée sur le modèle de l'OVRA, la police politique de l'Italie fasciste, 39 ans plus tard, le 15 février 2013, Pedro Passos Coelho, le premier ministre social-démocrate, s'apprête à prendre la parole à l'Assemblée de la République, le parlement portugais. Il entend justifier la politique d'austérité menée par son gouvernement. Tout à coup, dans la tribune du public, un homme se dresse et entonne le début de « Grândola Vila Morena », « terre de fraternité, c'est le peuple qui commande ». Scandale dans l'hémicycle. Deux semaines plus tard, un million de personnes se rassemblent dans la capitale pour marcher contre la politique de régression sociale. On entend, dans la manifestation, le chant, devenu révolutionnaire moins de quarante plus tôt. Il sera repris dans toutes l'Europe. Cette chanson « Grânola Vila Morena », écrite par José Afonso, a été, il y a cinquante ans le signal de départ de la Révolution de œillets. La bande originale d'un moment emblématique de démocratie. Invité : Jean Lemaître. Auteur avec Mercedes Guerreiro de « Grânola Vila Morena, le roman d'une chanson » ; Aden. Sujets traités : Lisbonne, dictature, Salazar, Rádio Renascença, Paulo de Carvalho, Grândola Vila Morena, Pedro Passos Coelho, Portugal, révoltion, José Afonso, œillets Merci pour votre écoute Un Jour dans l'Histoire, c'est également en direct tous les jours de la semaine de 13h15 à 14h30 sur www.rtbf.be/lapremiere Retrouvez tous les épisodes d'Un Jour dans l'Histoire sur notre plateforme Auvio.be : https://auvio.rtbf.be/emission/5936 Et si vous avez apprécié ce podcast, n'hésitez pas à nous donner des étoiles ou des commentaires, cela nous aide à le faire connaître plus largement.
Quartel da Pontinha, Regimento de engenharia 1, noite de 24 de abril de 1974. O posto de comando do Movimento das Forças Armadas aguardava com ansiedade que “Grândola vila Morena”, canção de José Afonso, tocasse no programa “Limite” da Rádio Renascença. Era a senha para o inicio da operação “derrube do regime”, planeada pelo major Otelo Saraiva de Carvalho. Oiça a biografia desta figura ímpar e polémica no podcast narrativo Retratos de AbrilSee omnystudio.com/listener for privacy information.
A banda desenhada “La Révolution des Oeillets - 25 Avril 1974 - Le Jour de la Liberté” [“A Revolução dos Cravos - 25 de Abril de 1974 – O Dia da Liberdade”] conta a história da ditadura portuguesa e do golpe militar que a derrubou a 25 de Abril de 1974. A obra, da autoria de Sandra Canivet da Costa e com ilustrações de Jay Ruivo, está escrita em francês, é destinada a leitores a partir dos seis anos e sai a 24 de Abril em França e na Suíça. RFI: O que conta esta banda desenhada?Sandra Canivet da Costa, Autora da BD “La Révolution des Oeillets - 25 Avril 1974 - Le Jour de la Liberté”: "Quis fazer uma amostra às crianças do que era o salazarismo, a ditadura porque para as crianças que nasceram num país livre como a França ou a Suíça é difícil imaginar o que era. No início, a Matilde, nascida em França, está sempre a fazer comparação entre França e Portugal porque ela foi educada em França. Ela pergunta se o 25 de Abril é como a tomada da Bastilha. Então o avô vai explicar que não havia Bastilha como em França, mas efectivamente houve presos políticos que foram libertos. O avô vai explicar que no salazarismo não se podia ler o que queríamos. Não se podia dizer o que queríamos. Até o Ruben reage quando o avô diz que as mulheres não podiam viajar sem autorização do marido e o Ruben, que nasceu no Luxemburgo, diz que a mãe não teria gostado. Então, é mostrar as realidades do dia-a-dia do salazarismo e depois contar o que aconteceu, como é que os capitães se organizaram. É uma banda desenhada que também dá os factos, hora por hora, desse famoso dia, como esses capitães eram jovens e mostrar às crianças como é que em 24 horas a ditadura acabou. É assim uma viagem para as crianças."Fez uma banda desenhada destinada a crianças, que também é contada por crianças. Em quem se inspirou para fazer a Matilde e o Ruben? E porque é que decidiu contar esta história com duas crianças que viajam no tempo com o avô para perceber como é que era Portugal há mais de 50 anos?"O Ruben e a Matilde nasceram em 2020 e são os heróis do meu primeiro livro, “A Extraordinária História de Portugal”. A Matilde foi desenhada com uma fotografia da minha prima, mas sou eu porque eu fui uma criança da terceira geração aqui em França, e fui uma criança curiosa da história, mas que não tinha muitos livros em português. É por isso que as analogias que sempre faz a Matilde entre a França e Portugal sou eu porque eu sempre fiz assim. O Ruben, que nasceu no Luxemburgo e que é o herói também da “Extraordinária História de Portugal”, foi desenhado com fotografias do meu filho. Mas ele, como não nasceu em França, era para sair desta análise, sempre francesa, porque há portugueses também no Luxemburgo, na Suíça, na Alemanha... E às vezes tenho de pensar o que é que pensaria uma criança nesses países não influenciada pela educação francesa. Então nasceram assim as duas crianças."Foi também uma tentativa de preencher, de certa forma, um vazio na edição juvenil francófona? Fala-se sobre a história de Portugal na literatura juvenil francófona?"Pouco. É justamente isso. Quando escrevi o meu primeiro livro, “A Extraordinária História de Portugal”, foi devido a uma vontade de explicar a história às crianças em francês e procurei livros na internet. Fui ver até em Portugal se havia qualquer livro traduzido em francês e não encontrei. É por isso que agora estou a pensar com a editora Cadamoste Éditions, a minha editora…"Cadamoste Éditions é a editora que a Sandra fundou."Sim, que fundei para o primeiro livro e quero mesmo especializar a Cadamoste Éditions em livros para crianças. Este, por exemplo, “A Revolução dos Cravos”, vai ser o primeiro de uma colecção que se vai chamar “L'Histoire du Portugal avec Matilde et Ruben” [“A História de Portugal com Matilde e Ruben”]. Este é o primeiro número, vai haver dois ou três por ano e também vamos publicar livros para ensinar as crianças a falar português. Então vamos começar com os pequenotes, a aprenderem palavras simples, mas depois desenvolver para crianças mais velhas."A Sandra escreveu o argumento que começa com as perguntas dos netos, a Matilde e o Ruben. E é a pergunta do Ruben que leva o avô a contar a história. A pergunta é: “O povo português apenas é livre há 50 anos?" Porquê partir daqui, neste ano em que se comemoram justamente os 50 anos do 25 de Abril?"Ele é uma criança e 50 anos para uma criança de seis anos é o tempo dos dinossauros! Mas quando se pensa que são crianças que aprenderam a Segunda Guerra Mundial, a Primeira Guerra Mundial, é verdade que 50 anos afinal é muito pouco em comparação com outros eventos. Então vemos o Ruben a fazer cálculos numa tabela porque para ele a Europa é livre depois da Segunda Guerra Mundial. Ele é do Luxemburgo, a Matilde é de França, então porquê só 50 anos? E é por isso que era importante também para as crianças entenderem que todas as pessoas que têm mais de 40 anos ou mais de 30 anos foram educados por pessoas que viveram no salazarismo.Eu mesma, tendo nascido em França, nunca me tinha apercebido da influência da ditadura nas pessoas. Quando vivi em Lisboa, com 22 anos, quando os jovens da minha idade me diziam que “eu não tinha isso quando era pequena, eu não tinha isso”… Eles não tinham nascido no salazarismo, mas os pais tinham hábitos da ditadura e foram educados como se houvesse sempre uma ditadura. Acho interessante as crianças perceberem que os avós nasceram numa ditadura."Em poucas páginas aborda a polícia política, os bufos, a censura, a Mocidade Portuguesa, o partido único, a pobreza, o trabalho infantil, a inferiorização das mulheres, as guerras de libertação, os massacres da Baixa de Cassange em Angola, de Wiriyamu em Moçambique, a emigração massiva para França. Como é que se torna compreensível e digesta esta história para crianças e adolescentes francófonos?"Justamente. Eu tive um trabalho de argumentista de banda desenhada: é tentar não perder a criança, não ser chata ao escrever, e os desenhos do Jay Ruivo são essenciais, mas também falar do mais possível em poucas páginas porque se a banda desenhada é grande demais, a criança de seis anos é como um adulto que vê um romance de 400 páginas e vai hesitar em começar a ler. Uma criança é igual."Também conta as reuniões secretas do Movimento dos Capitães, o golpe militar de 25 de Abril de 1974, lembrando que uma das senhas, a Grândola Vila Morena de José Afonso foi mesmo gravada em França. Faz uma cronologia do 25 de Abril em poucas páginas. Como é que foi seleccionar estes momentos-chave? Contou com a ajuda de um historiador, o Yves Léonard. Ele ajudou-a também a seleccionar?"O Yves Léonard vai ser um co-autor para o segundo número. Para este, não aconteceu assim. Fui eu que fiz o argumento sozinha. Eu documentei-me porque em casa tenho uma grande biblioteca só com livros sobre Portugal e tentei tirar uma cronologia interessante para as crianças em livros portugueses e em livros em francês. Depois, o Yves Léonard leu-me e é, por isso, que eu lhe agradeço no início da banda desenhada porque ele leu e verificou porque o objectivo era não haver erros históricos na banda desenhada. E assim simpatizámos e agora vamos colaborar."Vai colaborar com o historiador Yves Léonard no segundo tomo da colecção. Vai ser sobre o quê?"Napoleão. Vai ser sobre a derrota de Napoleão em Portugal."Ainda relativamente a esta primeira banda desenhada, “A Revolução dos Cravos”, como é que os desenhos de Jay Ruivo tornam apelativa esta história?"Isso foi a minha sorte de arranjar um profissional porque o Jay Ruivo é um desenhador profissional que desenhou para jornais portugueses conhecidos, que tinha um pouco esquecido os desenhos e passado a outras actividades. Contactei muitos desenhadores em Portugal porque para mim era muito importante o desenhador ser educado em Portugal."Porquê? Por estar mais familiarizado com determinadas imagens?"Exactamente."Recorreram a arquivos, a fotografias de época?"Exactamente. Eu já tinha muito material no meu computador que forneci ao Jay Ruivo. Quando faço um argumento de banda desenhada, vou explicar exactamente o que uma personagem diz e depois vou descrever o desenho. “Quero um desenho assim; O Ruben tem de estar aqui; o papi-vovô tem de estar aqui”. Depois é o artista que compõe e que vai tomar liberdades."Esta história é escrita para as crianças, mas os pais e os avós também podem ler com os meninos. Isto também vai permitir, de certa forma, para quem vive na emigração, falar de um assunto que se calhar não falavam assim tanto em casa, nomeadamente a história do salto, ou seja, da emigração clandestina para França?"Foi o objectivo, foi até o objectivo da “Extraordinária História de Portugal”. Era justamente por isso que na contracapa havia uma avó que falava com as crianças. Há avós que sofreram muito e que têm vergonha, que têm a humildade de não falar disso. As únicas pessoas que podem fazer falar os avós são os netos. Eu vejo bem com o meu pai. Ele nunca falou connosco e as únicas pessoas com quem fala são os meus filhos. Quando eu vi isso, pensei que temos que fazer falar os avós com as crianças. Elas são uma ferramenta, as crianças, são elas que vão permitir o debate geracional que não há entre os filhos e os pais."
A banda desenhada “La Révolution des Oeillets - 25 Avril 1974 - Le Jour de la Liberté” [“A Revolução dos Cravos - 25 de Abril de 1974 – O Dia da Liberdade”] conta a história da ditadura portuguesa e do golpe militar que a derrubou a 25 de Abril de 1974. A obra, da autoria de Sandra Canivet da Costa e com ilustrações de Jay Ruivo, está escrita em francês, é destinada a leitores a partir dos seis anos e sai a 24 de Abril em França e na Suíça. RFI: O que conta esta banda desenhada?Sandra Canivet da Costa, Autora da BD “La Révolution des Oeillets - 25 Avril 1974 - Le Jour de la Liberté”: "Quis fazer uma amostra às crianças do que era o salazarismo, a ditadura porque para as crianças que nasceram num país livre como a França ou a Suíça é difícil imaginar o que era. No início, a Matilde, nascida em França, está sempre a fazer comparação entre França e Portugal porque ela foi educada em França. Ela pergunta se o 25 de Abril é como a tomada da Bastilha. Então o avô vai explicar que não havia Bastilha como em França, mas efectivamente houve presos políticos que foram libertos. O avô vai explicar que no salazarismo não se podia ler o que queríamos. Não se podia dizer o que queríamos. Até o Ruben reage quando o avô diz que as mulheres não podiam viajar sem autorização do marido e o Ruben, que nasceu no Luxemburgo, diz que a mãe não teria gostado. Então, é mostrar as realidades do dia-a-dia do salazarismo e depois contar o que aconteceu, como é que os capitães se organizaram. É uma banda desenhada que também dá os factos, hora por hora, desse famoso dia, como esses capitães eram jovens e mostrar às crianças como é que em 24 horas a ditadura acabou. É assim uma viagem para as crianças."Fez uma banda desenhada destinada a crianças, que também é contada por crianças. Em quem se inspirou para fazer a Matilde e o Ruben? E porque é que decidiu contar esta história com duas crianças que viajam no tempo com o avô para perceber como é que era Portugal há mais de 50 anos?"O Ruben e a Matilde nasceram em 2020 e são os heróis do meu primeiro livro, “A Extraordinária História de Portugal”. A Matilde foi desenhada com uma fotografia da minha prima, mas sou eu porque eu fui uma criança da terceira geração aqui em França, e fui uma criança curiosa da história, mas que não tinha muitos livros em português. É por isso que as analogias que sempre faz a Matilde entre a França e Portugal sou eu porque eu sempre fiz assim. O Ruben, que nasceu no Luxemburgo e que é o herói também da “Extraordinária História de Portugal”, foi desenhado com fotografias do meu filho. Mas ele, como não nasceu em França, era para sair desta análise, sempre francesa, porque há portugueses também no Luxemburgo, na Suíça, na Alemanha... E às vezes tenho de pensar o que é que pensaria uma criança nesses países não influenciada pela educação francesa. Então nasceram assim as duas crianças."Foi também uma tentativa de preencher, de certa forma, um vazio na edição juvenil francófona? Fala-se sobre a história de Portugal na literatura juvenil francófona?"Pouco. É justamente isso. Quando escrevi o meu primeiro livro, “A Extraordinária História de Portugal”, foi devido a uma vontade de explicar a história às crianças em francês e procurei livros na internet. Fui ver até em Portugal se havia qualquer livro traduzido em francês e não encontrei. É por isso que agora estou a pensar com a editora Cadamoste Éditions, a minha editora…"Cadamoste Éditions é a editora que a Sandra fundou."Sim, que fundei para o primeiro livro e quero mesmo especializar a Cadamoste Éditions em livros para crianças. Este, por exemplo, “A Revolução dos Cravos”, vai ser o primeiro de uma colecção que se vai chamar “L'Histoire du Portugal avec Matilde et Ruben” [“A História de Portugal com Matilde e Ruben”]. Este é o primeiro número, vai haver dois ou três por ano e também vamos publicar livros para ensinar as crianças a falar português. Então vamos começar com os pequenotes, a aprenderem palavras simples, mas depois desenvolver para crianças mais velhas."A Sandra escreveu o argumento que começa com as perguntas dos netos, a Matilde e o Ruben. E é a pergunta do Ruben que leva o avô a contar a história. A pergunta é: “O povo português apenas é livre há 50 anos?" Porquê partir daqui, neste ano em que se comemoram justamente os 50 anos do 25 de Abril?"Ele é uma criança e 50 anos para uma criança de seis anos é o tempo dos dinossauros! Mas quando se pensa que são crianças que aprenderam a Segunda Guerra Mundial, a Primeira Guerra Mundial, é verdade que 50 anos afinal é muito pouco em comparação com outros eventos. Então vemos o Ruben a fazer cálculos numa tabela porque para ele a Europa é livre depois da Segunda Guerra Mundial. Ele é do Luxemburgo, a Matilde é de França, então porquê só 50 anos? E é por isso que era importante também para as crianças entenderem que todas as pessoas que têm mais de 40 anos ou mais de 30 anos foram educados por pessoas que viveram no salazarismo.Eu mesma, tendo nascido em França, nunca me tinha apercebido da influência da ditadura nas pessoas. Quando vivi em Lisboa, com 22 anos, quando os jovens da minha idade me diziam que “eu não tinha isso quando era pequena, eu não tinha isso”… Eles não tinham nascido no salazarismo, mas os pais tinham hábitos da ditadura e foram educados como se houvesse sempre uma ditadura. Acho interessante as crianças perceberem que os avós nasceram numa ditadura."Em poucas páginas aborda a polícia política, os bufos, a censura, a Mocidade Portuguesa, o partido único, a pobreza, o trabalho infantil, a inferiorização das mulheres, as guerras de libertação, os massacres da Baixa de Cassange em Angola, de Wiriyamu em Moçambique, a emigração massiva para França. Como é que se torna compreensível e digesta esta história para crianças e adolescentes francófonos?"Justamente. Eu tive um trabalho de argumentista de banda desenhada: é tentar não perder a criança, não ser chata ao escrever, e os desenhos do Jay Ruivo são essenciais, mas também falar do mais possível em poucas páginas porque se a banda desenhada é grande demais, a criança de seis anos é como um adulto que vê um romance de 400 páginas e vai hesitar em começar a ler. Uma criança é igual."Também conta as reuniões secretas do Movimento dos Capitães, o golpe militar de 25 de Abril de 1974, lembrando que uma das senhas, a Grândola Vila Morena de José Afonso foi mesmo gravada em França. Faz uma cronologia do 25 de Abril em poucas páginas. Como é que foi seleccionar estes momentos-chave? Contou com a ajuda de um historiador, o Yves Léonard. Ele ajudou-a também a seleccionar?"O Yves Léonard vai ser um co-autor para o segundo número. Para este, não aconteceu assim. Fui eu que fiz o argumento sozinha. Eu documentei-me porque em casa tenho uma grande biblioteca só com livros sobre Portugal e tentei tirar uma cronologia interessante para as crianças em livros portugueses e em livros em francês. Depois, o Yves Léonard leu-me e é, por isso, que eu lhe agradeço no início da banda desenhada porque ele leu e verificou porque o objectivo era não haver erros históricos na banda desenhada. E assim simpatizámos e agora vamos colaborar."Vai colaborar com o historiador Yves Léonard no segundo tomo da colecção. Vai ser sobre o quê?"Napoleão. Vai ser sobre a derrota de Napoleão em Portugal."Ainda relativamente a esta primeira banda desenhada, “A Revolução dos Cravos”, como é que os desenhos de Jay Ruivo tornam apelativa esta história?"Isso foi a minha sorte de arranjar um profissional porque o Jay Ruivo é um desenhador profissional que desenhou para jornais portugueses conhecidos, que tinha um pouco esquecido os desenhos e passado a outras actividades. Contactei muitos desenhadores em Portugal porque para mim era muito importante o desenhador ser educado em Portugal."Porquê? Por estar mais familiarizado com determinadas imagens?"Exactamente."Recorreram a arquivos, a fotografias de época?"Exactamente. Eu já tinha muito material no meu computador que forneci ao Jay Ruivo. Quando faço um argumento de banda desenhada, vou explicar exactamente o que uma personagem diz e depois vou descrever o desenho. “Quero um desenho assim; O Ruben tem de estar aqui; o papi-vovô tem de estar aqui”. Depois é o artista que compõe e que vai tomar liberdades."Esta história é escrita para as crianças, mas os pais e os avós também podem ler com os meninos. Isto também vai permitir, de certa forma, para quem vive na emigração, falar de um assunto que se calhar não falavam assim tanto em casa, nomeadamente a história do salto, ou seja, da emigração clandestina para França?"Foi o objectivo, foi até o objectivo da “Extraordinária História de Portugal”. Era justamente por isso que na contracapa havia uma avó que falava com as crianças. Há avós que sofreram muito e que têm vergonha, que têm a humildade de não falar disso. As únicas pessoas que podem fazer falar os avós são os netos. Eu vejo bem com o meu pai. Ele nunca falou connosco e as únicas pessoas com quem fala são os meus filhos. Quando eu vi isso, pensei que temos que fazer falar os avós com as crianças. Elas são uma ferramenta, as crianças, são elas que vão permitir o debate geracional que não há entre os filhos e os pais."
A 29 de março de 1974, o Coliseu dos Recreios encheu-se para assistir ao primeiro encontro da canção portuguesa. Estavam anunciados nomes como Carlos Paredes, Adriano Correia de Oliveira, Fernando Tordo e José Afonso, quase todos eles com músicas proibidas pela censura. No final, entoaram em conjunto “Grândola vila morena”, música de Zeca Afonso editada em 1971 e que escapou milagrosamente à censura. Dias depois, esta seria uma das senhas do 25 de Abril. See omnystudio.com/listener for privacy information.
11.04, 21:30 - Vasco Ribeiro (Café Casa da Música) 12.04, 21:00 - Mozart e Bruckner (Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música) 12.04, 23:00 - Fogo Fogo 13.04, 21:00 - Sleaford Mods (1ª parte: Sereias) 13.04, 23:50 - Boys Noize (warm up de DJ Ana Pacheco) 14.04, 12:00 - Clássicos com História (banda Sinfónica Portuguesa) 14.04, 21:00 - Estrada Branca (Vinicius de Moraes e José Afonso)
Para comemorar os 50 anos do 25 de Abril de 1974, preparámos um conjunto de vários episódios, consecutivos, a partir da próxima semana, inteiramente dedicados a este tema, onde falaremos com convidados sobre o Estado Novo (1933-1974), a Guerra Colonial (1961-1974), o próprio 25 de Abril de 1974, o PREC (1974-1975) e a Descolonização (1974-1975). Não percam! ----- Ouve e gosta do podcast? Se quiser apoiar o Falando de História, contribuindo para a sua manutenção, pode fazê-lo via Patreon: https://patreon.com/falandodehistoria ----- Música: 'Grândola Vila Morena' de José Afonso, do álbum 'Cantigas de Maio, 1971. Edição de Marco António.
"ContraCantos" é o álbum de Miguel Calhaz que nos dá a ouvir, em voz e contrabaixo, canções de Abril de autores como Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto.
Francisco Fanhais assumiu a música como uma forma de resistência à ditadura portuguesa e diz que “apanhou o comboio dos cantores que lutavam contra o regime”. Em 1971, esteve com José Afonso, José Mário Branco e Carlos Correia no Château d'Hérouville a gravar a música que ainda hoje é o emblema da "Revolução dos Cravos": “Grândola Vila Morena”. Francisco Fanhais recorda-nos esse tempo. Nos 50 anos do 25 de Abril, a RFI publica entrevistas a vários resistentes ao Estado Novo. Neste programa, ouvimos Francisco Fanhais, presidente da Associação José Afonso, uma das vozes da música de intervenção portuguesa e que também foi aderente da LUAR, a Liga de União e de Acção Revolucionária. Francisco Fanhais foi um padre incómodo, assumidamente contra a guerra colonial, que não se calava. Nem na missa, nem nas aulas de religião e moral e muito menos nos discos que fez em Portugal: “Cantilena”, em 1969, e “Canções da Cidade Nova”, em 1970. Foi impedido de dar aulas, suspenso das funções de padre e, muitas vezes, impedido de cantar. Por isso, exilou-se em Paris entre 1971 e 1974. Foi para França à boleia com Zeca Afonso em Abril de 1971, participou em concertos para despertar consciências, esteve na LUAR, uma das organizações de luta armada contra a ditadura portuguesa, e só pôde voltar para Portugal depois da "Revolução dos Cravos".Algures entre Outubro e Novembro de 1971, às três da manhã, no Château d'Hérouville, acompanhou José Afonso, José Mário Branco e Carlos Correia na gravação dos passos que marcam o ritmo da música “Grândola Vila Morena”. Os quatro davam os famosos passos em cima de gravilha e tiveram de o fazer de madrugada para evitar o barulho dos carros ou outros ruídos que surgissem durante o dia. Horas mais tarde, gravavam a música que ficaria para a história e que foi a senha definitiva para o golpe militar que derrubou a ditadura portuguesa a 25 de Abril de 1974.RFI: Recorde-nos como decorreu a gravação de “Grândola Vila Morena”, em 1971, em França.Francisco Fanhais, Presidente da Associação José Afonso: Foi gravado em Hérouville. Estávamos os quatro a fazer os passos. O José Mário Branco, que era o director musical da gravação do “Cantigas do Maio”, o Zeca Afonso, o Carlos Correia, que era quem na altura acompanhava o José Afonso na viola, e eu. Estávamos os quatro então a fazer esses passos no estúdio que era no Château d'Hérouville.E pronto, “O povo é quem mais ordena”. Era a letra do poema que o Zeca tinha composto em 1964, de homenagem à Sociedade Filarmónica Fraternidade Operária e Grandolense. O Zeca tinha lá ido cantar, no dia 17 de Maio de 1964, e gostou muito do ambiente vivido nessa colectividade. E em homenagem a esse espectáculo que ele lá fez e à colectividade fez uns versos. Basicamente, foi o poema que ele compôs de homenagem à Sociedade Filarmónica Fraternidade Operária Grandolense. “O povo é quem mais ordena” e os militares… Imagino que teria sido talvez por causa deste verso - sou eu a imaginar porque se estivesse na pele deles era por estes versos que eu escolheria a música. Tinha sido uma música cantada um mês antes, num espectáculo público no Coliseu dos Recreios que passou à censura. Não repararam naquela. E então, por todas essas razões, foi a música escolhida para o sinal último musical para o desencadear das operações militares do 25 de Abril. Passou à meia-noite e vinte e assim que eles ouviram - todos aqueles que estavam de norte a sul, os militares implicados no Movimento das Forças Armadas para derrubar o fascismo - assim que ouviram na rádio, que era a única maneira de terem contacto de norte a sul era através de uma rádio que se ouvisse no país inteiro, não é? Não podiam telefonar, obviamente, porque estavam os telefones vigiados. Então, à meia-noite e vinte, quando o segundo sinal apareceu - o primeiro tinha sido o Paulo de Carvalho a dizer “E depois do adeus” - quando eles ouviram aquilo, cada um foi cumprir o papel que lhe estava destinado na folha de serviço para desencadear as operações do 25 de Abril. Mas foi ao som dos passos de pessoas que não são da tropa, neste caso, mas que se ligou bem com o que se estava a passar a nível militar.Também são os seus passos que ouvimos no início da música, portanto, os seus passos são também, entre aspas, os primeiros passos da Revolução dos Cravos? Materializados na música pode ser, mas os passos mais importantes foram dados por aqueles que, estando na guerra, sentiram a injustiça e o anacronismo que significava uma guerra colonial. Portanto, como a única maneira que havia de mudar o regime era pela força das armas - porque o regime tinha as armas, mas para o mudar tinha que haver também armas - quem tinha as armas eram aqueles que estavam na tropa e que, portanto, discordavam, estavam cansados de tanta guerra, uma guerra que levava 40 por cento do Orçamento do Estado, não é?Mas também quem tinha outro tipo de armas eram os que estavam fora a lutar contra essa guerra…Juntando umas armas às outras, digamos assim, fez-se o 25 de Abril, mas se não fosse a força dos militares... Cantar não é talvez suficiente, diz o primeiro verso de um poema do Manuel Alegre que se chama “Apresentação”. Cantar não era suficiente, portanto, tinha que vir alguém que, com as armas, convencesse que as coisas tinham que mudar.O que é que o Francisco Fanhais, enquanto participante na “Grândola Vila Morena” sentiu quando foi a música que, entre aspas, derrubou o regime? Fico muito contente. Não tenho mérito nenhum em terem sido os militares a escolher aquilo, mas fico contente e tenho um certo orgulho por saber que naquela música estão lá os meus passos e está lá a minha voz também, juntamente com a voz dos amigos que muito prezo. Mas sempre que oiço aquilo, vem-me à memória muita coisa e vem-me à memória a força com que nós cantámos aquilo, a força que nós imprimimos à “Grândola”, ao som, aos passos. E depois a dinâmica toda que envolveu a gravação do Cantigas do Maio, etc, o “Coro da Primavera”, vem-me à memória toda essa gravação, mas não posso deixar de recordar e de sentir com muita emoção essa alegria de saber que aqueles passos que nós demos foram um contributo musical e cultural para o desencadear do mais importante que foi o derrube do fascismo. Cantar não é suficiente, mas, como diz o poeta sul-americano “um grão não enche o celeiro mas ajuda companheiro”. E é isso que nos faz continuar. Porquê? Porque como diz o poema do Manuel Alegre que eu citei há bocadinho, que começa “Cantar não é talvez suficiente” e depois continua “Não porque não acendam de repente as noites tuas palavras irmãs do fogo, mas só porque as palavras são apenas chama e vento. E, contudo, canção. Só cantando por vezes se resiste, só cantando se pode incomodar quem à vileza do silêncio nos obriga”. Etc, etc. Continua o poema e depois, no fim, “Já disse: planto espadas e transformo destinos. E para isso basta-me tocar os sinos que cada homem tem no coração". E a música ajuda a tocar os sinos que cada homem tem no coração.Como é que se tornou cantor de música de intervenção e um padre resistente ao fascismo? Um padre, além de ser padre, é também, e basicamente e antes de tudo, um cidadão. E quando um cidadão vê os problemas que se passam à sua volta, não pode deixar de reagir. Em nome de quê? Em nome do ser humano que tem direito à justiça e à liberdade e à fraternidade e a tudo isso, não é? Portanto, se isso pertence ou faz parte do cidadão que quer ser cidadão vertical e de corpo inteiro, um padre que quer ser cidadão de corpo inteiro tem mais razões ainda para intervir e poder ser actuante na transformação do mundo. Porquê? Porque além de todas as outras razões que um cidadão que quer ser cidadão a sério tem, tem também todo aquele apelo que lhe vem do Evangelho. E, por isso, quando Jesus Cristo fala das injustiças e quando Jesus Cristo enaltece os humildes e rebaixa os ricos e os poderosos, etc, isso é uma mensagem muito forte que vem também ao encontro da outra mensagem interior de um cidadão que quer ser interveniente no seu tempo. Ao aperceber-me de todos os problemas que havia em Portugal, sobretudo o mais grave de todos, a guerra colonial, toda a situação que se vivia de falta de liberdade, de ditadura, de fascismo, de censura, da PIDE, tudo isso, uma pessoa não pode deixar de intervir, não pode deixar de se revoltar contra essa situação. E isso aconteceu-me a mim, como aconteceu a muitos outros colegas meus. Eu não estava isolado nisto, como não estavam isolados uma quantidade enorme de cristãos para quem o Evangelho era mais uma razão para não fecharem os olhos à realidade à sua volta. Portanto, eu, que sempre gostei de cantar, era natural que me exprimisse melhor através das músicas e através das canções, através dos textos, das letras, etc. E foi isso, de facto, que aconteceu.E descobriu a música de intervenção de Zeca Afonso…Para mim, o impulso máximo, não único, mas o máximo, o maior de todos foi justamente por ter-me cruzado um dia com a música do José Afonso, que foi em 1963. Eu ainda era estudante, estava no seminário e um padre amigo mostrou-me uma vez um disco pequenino onde vinha a música do José Afonso. Estávamos no seminário, estávamos em 63 e ele disse-me: “Tu vais ouvir esta música e vais gostar, de certeza, mas uma recomendação que eu te faço é que oiças baixinho, porque não se sabe quem é que pode estar a ouvir mesmo no seminário. Esse foi o meu primeiro encontro estritamente musical com o José Afonso em 63.Mais tarde encontrei-o pessoalmente e desse encontro nasceu uma amizade que durou para o resto da vida. Porquê? Porque eu comecei a pensar: “Como eu gostava de cantar como este homem canta. Gostava de cantar as letras, as músicas, a força, a voz, etc. E foi para mim um estímulo muito grande. E foi através dele que eu depois passei a integrar o grupo dos cantores que usavam a sua voz e a viola, os seus poemas para denunciar as injustiças que nessa altura vivíamos em Portugal.Começou a cantar e as suas músicas começam a ser ouvidas com alguma atenção pela PIDE... Sim. As nossas músicas, sobretudo no primeiro período daquela Primavera Marcelista, passavam um pouco mais nas malhas da censura, mas, a certa altura, a música e as sessões em que nós participávamos passaram a assumir uma proporção tal que era impossível que escapassem à censura e à vigilância da PIDE. Portanto, éramos proibidos de cantar e quando não éramos proibidos de cantar totalmente só podíamos cantar as músicas que a censura visasse. E, às vezes, acontecia o absurdo de, numa música, eles cortarem uma quadra ou outra e dizerem “Esta pode cantar, aquela não pode, esta pode, aquela não pode”. Foi a partir desse momento e, sobretudo, a partir de 1969, quando eu fui a um programa de televisão que havia em Portugal que era o Zip Zip e que foi pela mão do José Afonso que eu fui a esse programa porque ele estava impedido de participar nesse programa, a censura não deixava, mas tentou que outros que cantavam pudessem lá ir. Foi o meu caso. Não fui o único que ele apresentou ao Raúl Solnado que era um dos organizadores do programa, ele apresentou outros também. E foi a partir daí, portanto, 1969, que adquiri uma dimensão um bocado mais pública, mais evidente e passei a ser convidado para cantar um pouco por todo o lado, com consequências na minha vida prática de padre porque havia pessoas que tinham muita influência junto da Igreja e que se foram queixar daquilo que eu cantava, das posições que tomava, das críticas que eu fazia, das homilias em que denunciava as injustiças da guerra colonial, etc, etc. Eu era professor de moral no Liceu do Barreiro, cantava e era coadjutor na paróquia do Barreiro e essas três actividades foram-me completamente vedadas. Estive proibido de dar aulas no Liceu do Barreiro porque nas minhas aulas de religião e de moral, nós com os miúdos falávamos de tudo e até de religião! Estava proibido de exercer as minhas funções de padre, fiquei suspenso das minhas funções de padre e estava proibido de cantar como estavam todos os outros colegas meus, cuja participação e cuja actividade musical estava muito condicionada pela censura.Por estar proibido de cantar, de ser padre, de dar aulas, decidiu vir para França?Foi exactamente isso. Comecei a pensar: “Que rumo é que eu vou dar à vida?” Vim para França e escrevi até a um amigo que vivia em Estrasburgo, pedindo-lhe se me arranjava qualquer coisa para eu poder subsistir e ganhar para a bucha, como se costuma dizer. Ele não me respondeu e, mais tarde percebi porquê. Já depois do 25 de Abril, ao ir à Torre do Tombo ver o meu dossier da PIDE, estava lá a carta que eu lhe tinha escrito. Infelizmente era o corrente nessa época da ditadura e da censura, da repressão. E vim para cá para mudar de ares, enfim, para ver que rumo é que havia de dar à vida. Mas depois assumi, já estando cá, outros compromissos políticos mais radicais. Passei a integrar a organização política da LUAR e, a partir daí, era um bocado complicado, difícil mesmo, se não impossível, voltar a Portugal legalmente. Entretanto, uns amigos meus foram presos em Novembro de 73 e eu percebi que não era efectivamente a melhor altura para voltar a Portugal, tanto mais que depois a polícia me tinha procurado lá em minha casa, onde pensavam que eu estava, que era a casa da minha mãe, em Benfica, em Lisboa., mas eu não estava lá. Só voltei quando aconteceu o 25 de Abril. Fui no dia 29, cheguei lá no dia 30.Quando chegou a Paris, além da actividade na LUAR, pôde, finalmente, cantar livremente?Sim. Eu, quando cheguei, a primeira pessoa com quem contactei, tirando os amigos em casa de quem fiquei, mas das pessoas ligadas à música, a primeira pessoa com quem eu contactei foi com o Zé Mário e disse-lhe: “Olha, estou cá, não venho aqui para passar férias, gostava de fazer cá aquilo que não posso fazer em Portugal. Portanto, se achares que é oportuno, em sessões que às vezes se organizam de associações de portugueses, se achares que é oportuna e que pode ser necessária e que pode ser integrada a minha participação, eu estou à disposição”. E era isso que acontecia muitas vezes. O Zé Mário comunicava-me: “Tal dia temos uma sessão, estás livre?”. E eu sempre que podia, estava a fazer justamente aquilo que eu não podia fazer em Portugal e que gostava de fazer que era cantar para os emigrantes, essencialmente para os emigrantes, além de depois ter participado também noutras actividades, tanto políticas como culturais mais vastas. Participação num ou noutro programa na televisão francesa, como o Mosaïque, que era um programa centrado na divulgação das actividades da emigração e participei em duas emissões desse programa.Como era a reacção das pessoas aos concertos?As reacções das pessoas eram muito diversas. Vamos lá ver. Há associações de portugueses em França e dependia muito de quem estava à frente dessas associações de imprimir às manifestações colectivas, culturais, desportivas, etc, um certo cunho também que não fosse exclusivamente para a diversão pura e simples das sardinhadas, do futebol, dos ranchos folclóricos, etc. Tentavam justamente contribuir com o seu dinamismo e com o seu empenho político em dar aos emigrantes qualquer coisa mais para além daquilo que é o mais banal que se lhes dê, que é o fado e o folclore.E conseguia que a cantiga fosse uma arma, como diria o José Mário Branco?Nessas alturas, o nosso objectivo, através das músicas e através daquilo que dizíamos, era contribuir para que na emigração se estabelecesse uma outra dimensão política que não fosse exclusivamente ligada ao interesse perfeitamente legítimo das pessoas realizarem economicamente a sua vida. E contribuir para abrir um pouco os olhos para a situação que se vivia em Portugal, da qual muitas vezes as pessoas, se calhar até legitimamente, queriam esquecer o mais possível porque a vida de sofrimento lá em Portugal era tão grande, tão grande, tão grande, que o que queriam era deixar para trás, não é?Tentávamos contrariar um pouco e fazer um contra-vapor, dizendo que afinal o país precisa do empenho de todos, que as reservas dos emigrantes vão para lá, mas a gente não pode ser só mandar dinheiro e ter lá uma vida feliz, que temos que pensar um pouco colectivamente, etc, etc. As reacções eram diversas. Havia gente para quem isso dizia qualquer coisa, enfim, penso que podemos contribuir para abrirem os olhos para um outro tipo de realidade, uma outra dimensão da emigração. Mas havia outras pessoas que não ligavam nenhuma a isso. Eu lembro-me, uma vez, estava com o Zeca a cantar, o Zeca a falar de todas estas situações, mesmo depois do 25 de Abril, dizendo o que se tinha passado em Portugal, a Revolução, o ambiente que se vivia em Portugal, etc, etc. E estava um emigrante português encostado a uma coluna a ouvir aquilo e, se calhar, não estava a concordar nada ou estava-se perfeitamente nas tintas para aquilo que o Zeca estava a dizer e disse com um ar muito enfastiado: “Eh pá, canta-me um fado!” Eu olhei para o Zeca, o Zeca olhou para mim e ficámos os dois, assim como quem diz, “Eh pa, anda a gente aqui assim a dar o corpo ao manifesto, a tentar dar qualquer coisa mais do que o simples 'Fátima, folclore e futebol' e parece que é tempo perdido!” Mas não era, temos que insistir. As reacções das pessoas eram diversas. A força e a animação que punham na participação com que cantavam significava que aquilo que nós estávamos a sentir, estávamos a conseguir passar-lhes essa sensação.E a mensagem.E a mensagem.A “Cantata da Paz” é uma das músicas que marcou uma geração. Quais foram, para si, as suas músicas mais marcantes? Esta música, “Cantata da Paz”, está associada a um episódio que é o seguinte. A primeira vez foi cantada foi numa igreja, na passagem de ano de 1968 para 1969. O dia 1 de Janeiro é o Dia da Paz. Estávamos em Lisboa e houve uma cerimónia oficial na Igreja de São Domingos para celebrar o Dia Mundial da Paz. Estava o Cardeal Cerejeira, que era o bispo de Lisboa na altura, as autoridades civis e militares também. Isso foi numa igreja e para grande escândalo de um grupo de cristãos que lá estávamos, não houve uma única referência - num país em guerra - não houve uma única referência à situação que se vivia na guerra colonial. O que para nós era extremamente escandaloso e inaceitável.Então, no fim da cerimónia, houve um grupo de pessoas que fomos falar com o bispo e disseram: “Nós agora vamos continuar a vigília à nossa maneira" e fizemos a ocupação da Igreja de São Domingos. Estivemos lá até às cinco da manhã. Eram cerca de 150 pessoas cantando, rezando porque somos cristãos, lendo cartas de soldados e de pessoas que estavam na guerra, testemunhos directos em primeira mão, falando em tribuna livre, cada um falava e dizia o que lhe ia na alma sobre a guerra colonial e sobre essa vigília que estávamos a celebrar. Estava lá muita gente conhecida na altura, entre elas a autora da “Cantata da Paz” que é a Sophia de Mello Breyner. Foi aí que pela primeira vez, foi cantado o “Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar”. É um refrão simples de fixar. Eu continuo sempre a cantá-lo e é aquele a que as pessoas mais aderem.Falou da Sophia de Mello Breyner. Há uma canção sua que também é incontornável: “Porque”.“Porque os outros se mascaram e tu não”, essa eu gosto sempre de cantar também. Nessa altura, uma que foi muito conhecida também é o poema do Sebastião da Gama, “Cortaram as asas ao rouxinol”. É um poema que se chama “Cantilena”. Depois disso, canto coisas minhas, canto coisas do José Afonso. Gosto muito de cantar “Menino do Bairro Negro” sempre porque foi a primeiríssima música que eu ouvi do Zeca e traz-me à memória situações vividas em que conheci famílias com crianças que não puderam continuar a estudar porque não tinham dinheiro, mas eram inteligentes.Estou-me a lembrar de um episódio nessa fase em que estava proibido dessas três coisas. Apoiei momentaneamente, episodicamente, a Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos. Uma vez, com mais duas pessoas amigas, fomos visitar uma senhora que morava numa barraca ao pé da Costa da Caparica. O marido estava preso em Peniche e a senhora trabalhava a noite inteira a coser à máquina com um candeeiro de petróleo ao lado porque não havia luz eléctrica na barraca. Trabalhava para uma fábrica de camisas e ela tinha dois filhos: uma miúda com dez anos que estava na quarta classe e um miúdo que tinha seis ou sete anos. E perguntámos à senhora se quando a miúda acabasse a quarta classe, a miúda ia continuar a estudar. E ela disse-nos: “Como é que vocês querem que eu ponha a minha filha a estudar se aquilo que eu ganho aqui a noite inteira a coser a máquina mal me dá para pagar a renda da barraca? Para ir ver o meu marido todos os domingos a Peniche para que ele não se sinta abandonado pela família, para que ele continue firme nas suas convicções, para a alimentação dos miúdos, para os trazer limpinhos, asseados, etc. O dinheiro não dá para tudo. Quando ela acabar a quarta classe, ela vem trabalhar comigo para arredondar o orçamento familiar”. Os irmãos estavam a brincar em cima da cama, uma sala pequena, uma barraca pequena e pensávamos que eles estavam alheios à conversa. E qual não foi o nosso espanto quando a miúda, ao ouvir a mãe dizer “Como é que vocês querem que eu a ponha a estudar? O dinheiro não chega para tudo”, ela dá um grito em cima da cama a dizer “Oh mãe, mas eu sou inteligente!” Isso foi uma coisa que me marcou para o resto da vida porque eu nunca ouvi ninguém tão pequenino a gritar por justiça como essa miúda. Nunca ouvi ninguém. São situações que as pessoas sentiam na sua vida, como pessoas e como colectivo, como nação, como país, como um pássaro a quem cortaram as asas e o bico.Eram mensagens muito claras contra o fascismo e contra a guerra colonial…Sim, sim, sim. Um dia eu estava a cantar esta no Alentejo, a “Cortaram as asas ao rouxinol” e no fim estava lá um homem: “Oh amigo, podes ter a certeza de uma coisa: é que não há aqui ninguém que não tenha percebido o que é que tu querias dizer!”
Dedicamos o episódio de 9 de Janeiro ao Padre Santos - como era conhecido por uns - Calmeiro Matias - por outros. Missionário Redentorista, completaria hoje 82 anos, um Homem de uma paixão só, de uma fé indesmentível, de uma alegria contagiante. Marcou profundamente a vida daqueles com quem se cruzou. E continua. Juntam-se a nós umas quantas vozes, companheiros de tantas Horas, a contar-nos um pouco de como lhes faz parte da vida e a ler-nos pedaços de textos seus. Tem vários livros publicados e inúmeros textos online, se ficares com vontade de ler mais (esperamos que sim), deixamos aqui dois links que podes consultar: Livros: https://livrosporcorreio.blogspot.com/ Textos: https://calmeiro-matias.blogspot.com/ A Música: Senhora do Almortão, José Afonso [uma das que gostava de cantarolar]
"Santa-Bárbara, Capista de Zeca" realça a obra pioneira do artista plástico José Santa-Bárbara e a magnifica história que o uniu a José Afonso. Esta semana, voltamos aos livros com o autor Abel Soares da Rosa.
Neste episódio de ‘Abril conversas mil' juntamos o vocalista e músico Paulo Furtado e a advogada e jornalista Carmo Afonso, com o anfitrião João Oliveira, membro da comissão política do Comité Central do Partido Comunista Português. Paulo Furtado reflete os valores da igualdade, da qualidade de vida e da liberdade de expressão, particularmente neste último, no que diz respeito a um artista expressar uma opinião diferente da dominante sem consequências. Carmo Afonso afirma que as pessoas perderam o amor a determinados valores das conquistas de Abril e que é importante lutar, perante uma ameaça à Revolução, através da defesa da democracia, da paz e do livre sufrágio. Carmo Afonso recorda a Revolução de Abril através de um LP de José Afonso, “ao vivo no coliseu”, onde se emociona com a personificação de Abril numa das maiores figuras da música portuguesa. Paulo Furtado trouxe consigo “As Vozes do 25 de Abril”, também num disco que relata os momentos da Revolução – narrados pelo radialista Luís Filipe Costa – e que o remete para esse dia em 1974. 50 anos depois estarão a lutar e a defender a democracia e os valores de Abril, em liberdade. Disponível nas redes sociais do PCP e nas plataformas:
Neste episódio de Abril conversas mil juntamos a cineasta Leonor Teles e o músico Luís Clara Gomes, Moullinex, com a anfitriã Margarida Botelho, do secretariado do Comité Central do Partido Comunista Português. Moullinex reflete sobre a capacidade de sonhar ancorada na cultura, que é intrínseca à felicidade, e afirma que as conquistas de Abril ainda estão por cumprir. Leonor Teles afirma a importância da memória, pessoal e colectiva, e traz a fotografia de um passeio clandestino no Tejo, com Álvaro Cunhal. Moullinex escolhe o LP das “Cantigas do Maio” de José Afonso para recordar a Revolução de Abril e, influenciado pela sua família, reflete sobre a plenitude dos actos criativos através da liberdade. 50 anos depois estarão a descer a Avenida da Liberdade, no “feriado mais bonito do ano”, a lutar pela igualdade, por mais empatia e pelos direitos dos trabalhadores para continuar a cumprir Abril. Disponível nas redes sociais do PCP e nas plataformas:
Confira nesse episódio tudo sobre o universo dos lançamentos digitais e contamos a verdade por trás das estruturas e estratégias desse mercado. José Afonso é reconhecido no marketing digital e cofounder da Survey Brasil, Lançadora Digital que é a Startup Semifinalista do Innovation Awards Latam 2019, e detentora de contratos com as gigantes do entretenimento como Disney ESPN, Viacom e Sony. "Samurai", apelido como ficou conhecido e hoje a principal característica de sua marca pessoal, desvendou tudo sobre os lançamentos digitais nesse episódio imperdível!
04 - Trovante - Fizeram os Dias Assim2 45.mp3 06 - Vinicius de Morais et Maria Creuza - berimbau consolacao.mp3 07 - Quinteto academico - Watcha.mp3 08 - conjunto regional julio marinho - rusga de sao joao.mp3 09 - Isabelle Silvestre - cantar de émigraçao.mp3 10 - Manuel Freire - eles.mp3 11 - Quarteto 1111 - domingo em bidonville.mp3 12 - FOND Waldir Silva - Nem As Paredes Confesso Lisboa Antiga.mp3 13 - quim barreiros - sao macaio.mp3 14 - Rio grande - postal dos correios.mp3 17 - José Afonso - cançao dos desterços.mp3
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É um original de Zeca Afonso mas vou buscar a versão dos Sitiados, gravada para o álbum “Filhos da Madrugada”. Uma dupla metáfora: a primeira, da formiga que seguia novo rumo, a segunda, a da nova geração que cantava Zeca. Sitiados | Filhos da madrugada cantam José Afonso (vários – 2x LP) | 1994 |
"De Ouvido e Coração" é um projeto de Amílcar Vasques-Dias com Luís Pacheco Cunha em que a música de José Afonso é recriada num universo erudito com elementos de flamenco e jazz.
EU. Clides vence prémio José Afonso.
O jornalista António Costa Santos fala do 25 de Abril e de outras revoluções, de Praga ao Cairo, de Versailles a Ponte de Sor. Neste episódio, o Hugo e o António desencontraram-se nos seguintes livros: - Os Memoráveis, Lídia Jorge, Dom Quixote, março de 2014 - Cantar de Novo, José Afonso, Nova Realidade, 1970 - História em Duas Cidades, de Charles Dickens, Relógio d'Água, 1859 - O Livro do Riso e do Esquecimento, de Milan Kundera, D.Quixote, 1978 - Rue des voleurs, de Mathias Énard, Audiolib, Agosto de 2012 - Balada da Praia dos Cães, de José Cardoso Pires, BIS, 1982 - Proibido! de António Costa Santos, Editoria Guerra & Paz, 2009
No dia em que o Porto foi à Luz vencer, constatamos o óbvio: vivemos no país do futebol e o Jacaréu abre o programa com uma reflexão poética sobre o assunto. Nesta sexta-feira santa, falamos com Sílvio Miguel, dirigente do S.TO.P., o sindicato que esteve na vanguarda de todo este movimento reivindicativo, iniciado em dezembro, no sector da educação. Por volta da meia hora de emissão inicia-se a conversa com o António Apolinário Lourenço, sobre tudo e, sobretudo, sobre livros. O Apolinário destaca, aqui (ou não estivéssemos na Páscoa), a Bíblia, ou melhor, uma nova tradução da Bíblia, na sua forma mais completa - a partir da Bíblia Grega, ou seja, contendo o Novo Testamento e todos os livros do Antigo Testamento, tradução feita pelo seu colega da FLUC, Frederico Lourenço. (Quetzal). Além do “livro dos livros” há ainda lugar para falar de Fernando Pessoa que “no seu conjunto, também, deixou um evangelho poético” e de uma Editora multilingue, a Shantarin, especialmente dedicada à divulgação da literatura, das artes, do património e da história de Portugal (a partir de Santarém, Claro!). Conversas de Café à Mesa da Rádio, em FM-107.9 e na Net em www.ruc.fm e nas principais plataformas de streaming Personagens e intérpretes desta emissão: João Pedro Gonçalves, Jacaréu, Jorge Palma, José Afonso, Sílvio Miguel e António Apolinário Lourenço.
In der aktuellen Folge sprechen wir über Antonio Tabucchi und einige seiner Bücher. Und natürlich Lissabon. Waiting for Winter | Pereira erklärt | Kleine Missverständnisse ohne Bedeutung | Lissabonner Requiem | Das Sanduhrdiabolo | Die Nelken von José Afonso | Zuckerlimonade | Ein Geist namens Fernando Pessoa | Tabucchi | Eine Kopie von Hieronymus Bosch | Die Wohnung im Grab Erwähnte Bücher von Antonio Tabucchi: Erklärt Pereira Kleine Missverständnisse ohne…
Conversa com o professor da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto no 55.º episódio, oitavo da nova temporada.
Sein Lied «Grândola, Vila Morena» gab am 25. April 1974 das Startsignal für die Nelkenrevolution in Portugal. Für viele Portugiesinnen und Portugiesen ist José Afonso eine der wichtigsten Persönlichkeiten des Landes. Nun wird sein Werk im eigens gegründeten Verlag Mais 5 neu aufgelegt. Lehrer, Sänger, Antifaschist – die biographischen Facetten des 1987 verstorbenen Liedermachers sind vielfältig. Mit bildreicher Poesie kämpfte José Afonso gegen die Diktatur, wurde zum Sprachrohr der Arbeiter und Studenten, zur Ikone des Neubeginns. Seine Musik gilt als pionierhaft: Sie vereint Volksliedtraditionen mit afrikanischen Einflüssen, eine ausdrucksstarke Stimme mit spannenden Arrangements. Im Gespräch mit Afonsos Tochter Helena und anhand seiner musikalischen Meilensteine zeichnet Stefan Franzen das Bild eines Mannes, der mit seinem humanistischen Ansatz wieder hochaktuell ist.
Em 2022, Cátia Oliveira, mais conhecida como A Garota Não, levou as suas canções aos ouvidos de fãs de todas as idades - e às listas de melhores discos do ano. No primeiro Posto Emissor de 2023, a artista de Setúbal fala da suas inspirações, da sua juventude desafiante e das colaborações com Sérgio Godinho e Luca Argel. Os novos discos de U2 e Iggy Pop, as novidades nacionais para 2023 e o repto de Dino D'Santiago são outros temas do podcastSee omnystudio.com/listener for privacy information.
A agência do José Afonso Samurai já movimentou mais de R$100 milhões.
José Afonso, Lena d'Água,Anamar, Madredeus, Mler If Dada e outros Edição nº 380, de 1 de outubro de 2022
El Guateque es como el Guadiana, guapamente vuelve a guapear los sábados a las 22,05h en Onda Regional de Murcia (orm.es). Con su voz magnífica, única, casi operística, sus canciones oscuras y melodramáticas y un sonido a caballo entre rockabilly y country, Roy Orbison inspiró a futuros artistas como Bruce Sringsteen, John Lennon y Tom Petty. Elvis Presley consideraba su voz la más grande que había oído nunca. Good Morning Starshine fue originalmente del musical Hair de 1967 (tenía 7 años). La maravillosa interpretación de Oliver salió en 1969. El 19 de abril de 1968 se publicó en el Reino Unido, 'Odessey & Oracle', segundo álbum del grupo británico The Zombies, que ante las pobres ventas aceleró la disolución de la banda. Contenía, entre otras grandes composiciones, el tema 'Time of the Season'. Después de que Los Brincos lograran el número uno con “El pasaporte”, se antojaba imprescindible que Juan y Junior demostraran que también ellos podían vivir sin sus ex-compañeros, y con su primer single lo consiguieron. Con “Mónica”, Los Ángeles consiguen su último gran éxito y vuelven a rozar el nº1. Es una canción de amor muy elaborada con un formidable uso de la orquesta a cargo de Rafael Trabuchelli. Para algunos fue la gran canción de amor de la década. Voces Amigas eran cuatro, dos chicos y dos chicas, igual que “The Mamas and The Papas”, aunque en eso se quedaba toda la semejanza. “Canta con Nosotros”, compuesta por Herrero y Armenteros,fue su primer sencillo, y salió al mercado en las postrimerías del emblemático 68, subiendo en las listas como la espuma.Los 4 de la Torre han pasado a la historia del pop nacional por ser los principales adalides de la canción turística en la España del desarrollismo, el sesicientos, las suecas y el Ministerio de Información y Turismo de don Manuel Fraga. A principios de 1964 sale su primer EP: “Ven a bailar el Hully Gully Con Enrique Lozano ya fuera de la formación, Los Íberos editan en 1970 dos sencillos con temas extraídos de su único LP, editado el año anterior. Voz de niña, coros masculinos y un conjunto detrás dirigido por el maestro Martínez Mestres para el debut de la adolescente Marta Baizán. “Sé de un lugar” es un clásico compuesto por Tony Hatch para Petula Clark, que aquí grabaron Bruno Lomas y Silvana Velasco. You got a friend fue creado en el año 1971 por Carole King. Su etapa de compositora, junto a su primer marido Gerry Goffin, fue prolífica en canciones históricas pero fue en el álbum Tapestry donde apareció este tema. Brenda Lee fue un ídolo adolescente (una Princesa del Pop) durante la década de los 50 y 60. Su primera aparición en el cine fue en ‘Two Little Bears' en 1961 con un pequeño papel junto a Eddie Albert y Jane Wyatt donde interpretaba ‘Speak To Me Pretty'. En el Día del Libro rescatamos una melodía delicada, creada por Luis Eduardo Aute, y un estribillo escrito por Jesús Munárriz, «Todo está en los libros». Cabecera histórica que resuena en la memoria de todos los que veían la televisión en los años ochenta , y a Sánchez Dragó desde el programa Biblioteca Nacional. Y la Rosa: Leonardo Favio fue , amén de cineasta, cantante y compositor, uno de los grandes precursores de la balada romántica argentina que hacía furor en las décadas del 60 y 70. Una canción fue la contraseña que puso en marcha la revolución encabezada por los militares portugueses que acabó con la dictadura salazarista. Eran las 0.20 del 25 de abril de 1974 y por una emisora sonó Grândola, vila morena, que ha quedado inmortalizada como un símbolo del restablecimiento de la democracia en el país vecino. Su autor, José Afonso, popularmente conocido por el sobrenombre de Zeca, compuso el tema cautivado por el ambiente de fraternidad que saboreó durante una actuación en esta villa del Alentejo.
Para comemorar os 48 anos do 25 de abril, dedicámos um programa às canções que celebram liberdades e revoluções: desde as de José Afonso e Sérgio Godinho às de The Clash, Bruce Springsteen e Beyoncé. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Já é tradição anual no “Isto Não Passa na Rádio”: recuámos no tempo para ouvir o que se fez há 50 anos. Um programa com Big Star, Jorge Ben, Tim Maia, Aretha Franklin, José Afonso e Stephen Stills. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Miguel Araújo ― As canções da esperança, 2021. Budda Guedes ― Portugal desde a raiz, 2021. José Afonso ― Galinhas do mato, 1985. Luísa Tender ― Bomtempo: Complete piano sonatas, 2019. Ricardo Silva ― A guitarra e as violas, 2021. Edição nº 362, de 22 de janeiro de 2022
Celebramos el 20 aniversario de Mundofonías, que nació con el nombre de Mapamundi en el año 2001, repasando sintonías, retales sonoros y músicas que han formado parte de estas dos décadas de radio dedicada a las músicas de inspiración popular de todo el mundo. We celebrate the 20th anniversary of Mundofonías, which was born with the name Mapamundi in the year 2001, reviewing theme tunes, sound clips and music that have been part of these two decades of radio dedicated to popular inspired music from all over the world. · David Krakauer – Klezmer à la Bechet – A new hot one · Cherno More – Andalona – Cherno More · Aisha – Ara que ja ens coneixem – Els camells no prenen cafè · Chuchurumel – Galanducha – Posta restante · José Afonso – O que faz falta – Coro dos tribunais · Miquel Gil – Primavera – Orgànic · Sam Lee – The ballad of George Collins – Ground of its own · Caetano Veloso – Terra – Caetano Veloso Imagen: / Image: Juan Antonio Vázquez & Araceli Tzigane (📸 Mundofonías)
O livro intitulado José Afonso, Todas as Canções. Partituras, Letras, Cifras reúne estes materiais relativos a 159 canções da autoria do Zeca Afonso, compiladas e transcritas por Guilhermino Monteiro, José Mário Branco, João Lóio e Octávio Fonseca. Nestes dias, o novo tributo ao cantor da revolução foi celebrado com diversos eventos culturais celebrados nas cidades galegas de Vigo, Vila Garcia, Corunha, Ferrol e Compostela. Com a colaboração do Xico de Carinho, nós conversamos com Guilhermino Monteiro e com Henrique Marques.
Guerra aberta nas reedições de José Afonso
No PCM desta semana vamos percorrer o país pela Rota N2 - Amren2 e seremos conduzidos por José Afonso Gonçalves, secretário da associação que aproximou o norte e o sul de Portugal.
O apagão do Facebook e afins e as novas reedições de José Afonso.
O Amazônia em Cinco Minutos chega ao 18º episódio destacando o lançamento do documentário 'Pisar Suavente na Terra', que mostra os caminhos para a saída da crise ambiental na região. O roteiro é assinado por Bruno Malheiro, geógrafo e professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e Marcos Colón, professor da Universidade Estadual da Flórida e diretor de Beyond Fordlândia. O trailer do filme você encontra aqui. Nas últimas semanas, Amazônia Latitude trouxe uma série de conteúdos sobre o Marco Temporal. No episódio, comentamos o parecer do professor aposentado da Faculdade de Direito da USP, José Afonso da Silva. Um dos pontos analisados pelo advogado é a tão comentada constitucionalidade do marco temporal. Para isso, o professor lança uma pergunta: a tese é compatível com a constituição de 1988? O destaque musical é a cantora e compositora Kaê Guajajara, que por meio de sua música quebra o silêncio, trazendo à tona gritos de resistência que atravessam e acoam a meio milênio. Acesse www.amazonialatitude.com para mais episódios e conteúdo!
Evelyn Sieber from Reeperbahn and Nuno Saraiva from AMAEI, Lusitanian and WestwayLab on European projects and their importance for both local and European music sectors. Our guests cover how EU projects work, the value of inclusivity and capacity-building through projects like IMPALA Campus and the importance of EU support for cultural initiatives. They also share what they learned during the pandemic, what organising a festival looks like these days and what they are looking forward to in the future. As always, our guests tell us what's on their playlist.On Evelyn's playlist: Bear's Den, Lewis Capaldi, Nicklas Sahl On Nuno's playlist: José Afonso, Exotic Quixotic - Lusitanian Ghosts, Misia Furtak
01 - Annette Focks - Night Train to Lisbon 5 36 02 - Frankie extraits Dickon Hinchliffe 0 50 03 - Annette Focks - Night Train to Lisbon Raimund 5 42 04 - Tabou Cosi Come Viene (Conjunto Oliveira Muge) 2 59 05 - Annette Focks - Night Train to Lisbon Credits 5 37 06 - Religieuse Portugaise - Aldina Duarte Nao Vou 07 - Colin Stetson Color Out of Space Reservoir 7 33 08 - Religieuse Portugaise - Camané Ser Aquele 3 29 09 - F Schubert Moment Musical Op94 D780 No2 in A flat Major Alfred Brendel 6 03 10 - Misterios de Lisboa Mystères de Lisbonne Disco Film 3 50 11 - Fond Ossos 1997 dir Pedro Costa 3 38 12 - José Afonso ao vivo no Coliseu 1983 Grândola Vila Morena 2 25 13 - Fond Ossos - Vitor Os Saburas Carro Bedjo 5 06 14 - Volver Carlos Gardel 2 41 15 - Madredeus - Lisbon Story - Viagens Interditas 2 50 16 - Dans la ville blanche Générique Jean-Luc Barbier 1 29 17 - Fond Street of No Return Générique Début 3 22 18 - Dans la ville blanche Chanson Générique FIn Jean-Luc Barbier 1 41 19 - Fond Belarmino Manuel Jorge Velos 5 53 20 - Saltimbancos (1952) 2 36 21 - Fond Vertes années Manuel Paredes 5 58
01 - Boitezuleika - cao muito mau 02 - tais quais - limoeiro 03 - Alexandre Calixto - Evora cidade antiga 04 - José Afonso - verdes sao os campos 05 - Cantares regionais de Portel - olha a noiva que vai linda 06 - Vitorino - o rama o que linda rama 07 - Madredeus - a andorinha da primavera 08 - trio Alentejo - menina bonita 09 - Shila - chula