Podcasts about obviamente

  • 1,267PODCASTS
  • 2,411EPISODES
  • 41mAVG DURATION
  • 5WEEKLY NEW EPISODES
  • Nov 30, 2025LATEST

POPULARITY

20172018201920202021202220232024

Categories



Best podcasts about obviamente

Show all podcasts related to obviamente

Latest podcast episodes about obviamente

Convidado
Guiné-Bissau:"A CEDEAO deve fazer cumprir a legitimidade das urnas"

Convidado

Play Episode Listen Later Nov 30, 2025 7:47


Foi nomeado neste sábado, 29 de Novembro, o novo Governo de transição da Guiné-Bissau, liderado por Ilídio Vieira Té, antigo ministro das Finanças do executivo deposto. O analista político guineense Rui Jorge Semedo, denuncia “a encenação golpista” e espera que a missão de alto nível da CEDEAO, que deve chegar ao país em breve, "faça cumprir a legitimidade das urnas". Que comentário lhe merece este novo governo de transição? É a confirmação dessa encenação golpista e que está fortemente ligado com as estratégias do ex-Presidente Umaro Sissoco Embaló para continuar a controlar o poder. A começar pelo primeiro-ministro Ilídio Vieira Té- que foi director de campanha do Sissoco Embaló- e alguns membros desse governo de transição, além de figuras também ligadas ao sector castrense. Portanto, isso na verdade, não é um governo legítimo. Como todos sabem, é um governo imposto que não cumpre com a legitimidade, nem com a vontade saída das urnas. Portanto, eu acho que os guineenses defensores da democracia e dos direitos humanos estão a acompanhar impávidos e serenos, convictos de que a situação será revertida. Obviamente com o esforço dos próprios guineenses, mas também com o apoio da comunidade internacional. Este que esse governo simboliza a encenação em que os guineenses foram colocados desde o dia 26 de Novembro. Um governo sem credibilidade? Sem credibilidade e sem legitimidade. Acabamos de sair do processo eleitoral na votação do dia 23 de Novembro e os guineenses merecem ter um governo que não seja imposto pela vontade das armas, mas sim pela vontade popular. Eu acho que mais tarde ou mais cedo, os guineenses terão essa oportunidade de reverter esta situação vergonhosa e grave. Estamos perante um atentado grave contra a democracia. Como é que vê esta nomeação do João Bernardo Vieira para a pasta dos Negócios Estrangeiros? O João [Bernardo Vieira] sempre suportou as agendas autoritárias do Presidente Sissoco Embaló. Portanto, é um prémio que ganhou e está muito feliz, contente. Porém, é um prémio sem legitimidade. A meu ver, ele acabou por cometer um grande erro da sua vida. Porque sendo um político, formado na área do direito, talvez deveria ser o primeiro a defender a legitimidade democrática. Ele sabe quem ganhou as eleições. mas como o interesse dele, como outras figuras, é chegar sempre ao poder, então o importante é pensar em si e não no bem comum dos guineenses. João Bernardo Vieira, enquanto responsável pela diplomacia, não terá nenhuma influência junto da comunidade internacional. Então, estamos diante de um governo de fachada e a contribuição de João Bernardo Vieira será insignificante, tanto ele como os restantes membros do executivo. Este governo -e as pessoas que ali estão, não tem pernas para andar. CEDEAO adiou para segunda-feira a chegada a Bissau, o que é que se espera desta missão de alto nível? Que faça cumprir a legitimidade das urnas. É o mínimo que se espera. Na verdade, chegámos onde chegámos pela cumplicidade da comunidade internacional. É preciso ser honesto e frontal. Umaro Sissoco Embalá e toda a sua equipa desrespeitarm a Constituição da República da Guiné-Bissau, acabarão com a legitimidade democrática arruinaram o Supremo Tribunal, o Parlamento e o Executivo. Durante todos esses anos, nenhuma governou sem considerar a questão da República. A comunidade internacional, com as suas representações aqui na Guiné-Bissau, nunca fiez nada; particularmente, a CEDEAO. Portanto, chegámos onde chegámos por desleixo da comunidade internacional e agora nós esperamos uma contribuição valiosa, não uma contribuição irresponsável, uma contribuição contundente para poder contornar esta situação. Este novo executivo ou vai continuar a ser comandado por Umaro Sissoco Embaló a partir do Congo Brazzaville, como especula alguma imprensa guineense? A própria classe castrense está a ser comandada por Umaro Sissoco Embaló. Quem deu as ordens para colocar o Domingos Simões Pereira na cadeia? E as outras pessoas? Então, se ele está a comandar os militares, porque não faria o mesmo com o executivo de transição? Outro grande erro da CEDEAO foi preocupar-se com Embaló, mesmo sabendo que foi ele quem fez toda essa encenação, então deveria estar num lugar seguro, onde as suas comunicações iriam ser controladas, mas lhe deixaram-no ir para um país onde também não se respeita o Estado de direito democrático. Então ele está à vontade para fazer e continuar a fazer aquilo que ele tem feito com o povo guineense.   A posição do antigo Presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, e a do primeiro-ministro senegalês, Ousmane Sonko, que falaram em encenação de golpe de Estado na Guiné-Bissau, acha que pode mudar o xadrez político? Acho que podem influenciar essas posições. Podem influenciar a percepção da comunidade internacional, relativamente ao que está a acontecer na Guiné-Bissau. Os guineenses gostaram muito da frontalidade e da transparência, mas sobretudo da coragem que estes dois dirigentes tiveram para denunciar o que está a acontecer na Guiné-Bissau. Portanto, esperamos que com estas duas declarações, estes dois posicionamentos, possam ter uma acção mais responsável, mais humana, perante aquilo que está a acontecer neste momento. Aliás, de acordo com a imprensa senegalesa, foram mesmo as palavras do Ousmane Sonko que levaram à saída do país do Umaro Sissoco Embaló…. Também não duvido. Acho que deve ser isso mesmo, porque Sonko, com as suas declarações assumiu, que é um defensor da democracia e dos direitos humanos.   Mas que peso tem o Congo Brazzaville?   O Congo não e um Estado democrático. Denis Sassou-Nguesso, no poder há mais de duas décadas, é o modelo de Sissoco Embaló. Como também os outros ditadores que se espalham pelo continente africano. Sissoco Embaló revê-se no comportamento dessas pessoas para poder aplicar o mesmo na Guiné-Bissau. E foi o que ele fez durante todo esse tempo. Por isso, talvez o Congo é o melhor refúgio para ele, para continuar a comandar de longe os militares e os políticos e a açambarcar os nossos direitos.   Na sua opinião, qual é a solução para o país?   A solução é respeitar a vontade das urnas, permitindo que a CNE anuncie os resultados eleitorais. Ficou claro, para todos nós, que o vencedor foi o Fernando Dias da Costa. Deve-se permitir que o Fernando Dias da Costa assuma as suas responsabilidades e contribua para a reorganização e revitalização dos órgãos da soberania. Só assim, os guineenses poderão começar a sentir-se mais seguros e poderão sonhar com um amanhã [melhor]. Acredita que as actas eleitorais continuam intactas, longe das mãos dos militares? Os homens da Comissão Executiva da CNE estão todos sob custódia dos militares, assim como alguns magistrados da Procuradoria-Geral da República que trabalharam no processo de fiscalização do processo eleitoral. Portanto, segundo algumas informações oficiais, os dados estão seguros. Esperemos que assim seja, para que se possa, quando se consiga fazer, reunir todas as condições, para que os resultados possam ser lidos e validados.

Crónica Cultural
El Louvre aumentará de precio para los no europeos

Crónica Cultural

Play Episode Listen Later Nov 28, 2025 2:23


El museo más visitado del mundo aumentará 45% el precio de su entrada. Una medida que se aplicará solo a los visitantes no europeos a partir de 2026. El aumento fue aprobado el jueves por el consejo de administración del gran museo parisino. Según se informó, el precio de la entrada para visitar las colecciones permanentes pasará de 22 a 32 euros, lo que constituye un alza del 45%. Este aumento se aplicará solamente a los visitantes de fuera del Espacio Económico Europeo, que incluye la Unión Europea, Islandia, Liechtenstein y Noruega. Según cifras oficiales, el Louvre recibe casi 9 millones de personas cada año, de las cuales el 69% son extranjeras. “Lo considero casi como una estafa. Cuando uno viene a París, es un lugar que hay que visitar, y aumentarle el precio sería como muy injusto. No deberían aumentarle solo a los extranjeros. Todos venimos a ver lo mismo, que sean parisinos o no”, opinó Valeria, quien vino desde Chicago con su familia para ver el Louvre. Este aumento se aplicará a los estadounidenses, que constituyen el primer contingente de visitantes extraeuropeos, así como a los turistas chinos, japoneses, rusos o latinoamericanos, entre otros. El aumento de las tarifas del Louvre permitirá financiar la renovación del obsoleto sistema de seguridad, evidenciado en octubre pasado con el hurto de las joyas de la corona francesa. Pero algunos consideran injusto que sean los turistas quienes paguen los platos rotos. En todo caso, el Louvre abandonará su política de tarifa universal, algo que ya se implemente en otros países. “Se me hace excesivo. Los turistas ahorramos bastante para poder venir y conocer este tipo de sitios”, dijo Diana, una turista mexicana. “Hasta cierto punto lo entiendo. En algunas partes de México hacen lo mismo. Al turista extranjero le cobran más. Obviamente, 32 euros es una cantidad elevada. Espero que los valga”, dijo Itzel, otra mexicana que se aprestaba a visitar el Louvre por primera vez. El aumento para los no europeos entrará en vigor el 14 de enero. El Louvre espera recolectar entre 15 y 20 millones de euros por año.

Oxigênio
#206 – Traduzir a Antiguidade: memória e política nos textos greco-romanos

Oxigênio

Play Episode Listen Later Nov 27, 2025 41:07


Você já parou pra pensar quem traduz os livros que você lê e como esse trabalho molda a forma como entende o mundo? Neste episódio, Lívia Mendes e Lidia Torres irão nos conduzir em uma viagem no tempo para entendermos como os textos gregos e latinos chegam até nós. Vamos descobrir por que traduzir é sempre também interpretar, criar e disputar sentidos. Conversamos com Andrea Kouklanakis, professora permanente na Hunter College, Nova York, EUA, e Guilherme Gontijo Flores, professor da Universidade Federal do Paraná. Eles compartilharam suas trajetórias no estudo de línguas antigas, seus desafios e descobertas com o mundo da tradução e as questões políticas, históricas e estéticas que a prática e as teorias da tradução abarcam. Esse episódio faz parte do trabalho de divulgação científica que a Lívia Mendes desenvolve no Centro de Estudos Clássicos e Centro de Teoria da Filologia, vinculados ao Instituto de Estudos da Linguagem e ao Instituto de Estudos Avançados da Unicamp, financiado pelo projeto Mídia Ciência da FAPESP, a quem agradecemos pelo financiamento. O roteiro foi escrito por Lívia Mendes e a revisão é de Lidia Torres e Mayra Trinca. A edição é de Daniel Rangel. Se você gosta de literatura, história, tradução ou quer entender novas formas de aproximar o passado do presente, esse episódio é pra você. __________________________________________________________________ ROTEIRO [música, bg] Lívia: Quem traduziu o livro que você está lendo? Lívia: E se você tivesse que aprender todas as línguas dos clássicos que deseja ler? Aqueles livros escritos em russo, alemão ou qualquer outra língua diferente da sua? Lívia: E aqueles livros das literaturas que foram escritas em línguas que chamamos antigas, como o latim e o grego? Lidia: A verdade é que, na maioria das vezes, a gente não pensa muito sobre essas questões. Mas, no Brasil, boa parte dos livros que lemos, tanto literários quanto teóricos, não chegaria até a gente se não fossem os tradutores. Lidia: Essas obras, que fazem parte de todo um legado social, filosófico e cultural da nossa sociedade, só chegaram até nós por causa do trabalho cuidadoso de pesquisadores e tradutores dessas línguas, que estão tão distantes, mas ao mesmo tempo, tão próximas de nós. [música de transição] Lívia: Eu sou a Lívia Mendes. Lidia: E eu sou a Lidia Torres. Lívia: Você já conhece a gente aqui do Oxigênio e no episódio de hoje vamos explorar como traduzimos, interpretamos e recebemos textos da Antiguidade greco-romana. Lidia: E, também vamos pensar por que essas obras ainda hoje mobilizam debates políticos, culturais e estéticos. Lívia: Vem com a gente explorar o mundo da antiguidade greco-romana que segue tão presente na atualidade, especialmente por meio da tradução dos seus textos. [vinheta O2] Andrea [1:05-2:12]: Então, meu nome é Andrea Kouklanakis e, eu sou brasileira, nasci no Brasil e morei lá até 21 anos quando eu emigrei para cá. Lívia: O “cá” da Andrea é nos Estados Unidos, país que ela se mudou ainda em 1980, então faz um tempo que ela mora fora do Brasil. Mas mesmo antes de se mudar, ela já tinha uma experiência com o inglês. Andrea Kouklanakis: Quando eu vim pra cá, eu não tinha terminado faculdade ainda, eu tinha feito um ano e meio, quase dois anos na PUC de São Paulo. Ah, e mas chegou uma hora que não deu mais para arcar com a responsabilidade financeira de matrícula da PUC, de mensalidades, então eu passei um tempo trabalhando só, dei aulas de inglês numa dessas escolas assim de business, inglês pra business people e que foi até legal, porque eu era novinha, acho que eu tinha 18, 19 anos e é interessante que todo mundo era mais velho que eu, né? Os homens de negócios, as mulheres de negócio lá, mas foi uma experiência legal e que também, apesar de eu não poder estar na faculdade daquela época, é uma experiência que condiz muito com o meu trabalho com línguas desde pequena. Lívia: Essa que você ouviu é a nossa primeira entrevistada no episódio de hoje, a professora Andrea Kouklanakis. Como ela falou ali na apresentação, ela se mudou ainda jovem pros Estados Unidos. Lidia: E, como faz muito tempo que ela se comunica somente em inglês, em alguns momentos ela acaba esquecendo as palavras em português e substitui por uma palavra do inglês. Então, a conversa com a Andrea já é um início pra nossa experimentação linguística neste episódio. Andrea Kouklanakis: Eu sou professora associada da Hunter College, que faz parte da cidade universitária de Nova York, City University of New York. E eles têm vários campus e a minha home college é aqui na Hunter College, em Manhattan. Eh, eu sou agora professora permanente aqui. Lívia: A professora Andrea, que conversou com a gente por vídeo chamada lá de Nova Iorque, contou que já era interessada por línguas desde pequena. A mãe dela trabalhava na casa de uma professora de línguas, com quem ela fez as primeiras aulas. E ela aprendeu também algumas palavras da língua materna do seu pai, que é grego e mais tarde, estudou francês e russo na escola. Lidia: Mas, além de todas essas línguas, hoje ela trabalha com Latim e Grego.Como será que essas línguas antigas entraram na vida da Andrea? Andrea Kouklanakis: Então, quando eu comecei aqui na Hunter College, eu comecei a fazer latim porque, bom, quando você tem uma língua natal sua, você é isenta do requerimento de línguas, que todo mundo tem que ter um requerimento de língua estrangeira na faculdade aqui. Então, quando eu comecei aqui, eu fiquei sabendo, que eu não precisava da língua, porque eu tinha o português. Mas, eu falei: “É, mas eu peguei pensando a língua é o que eu quero, né?” Então, foi super assim por acaso, que eu tava olhando no catálogo de cursos oferecidos. Aí eu pensei: “Ah, Latim, OK. Why not?. Por que não, né? Uma língua antiga, OK. Lívia: A professora Andrea, relembrando essa escolha por cursar as disciplinas de Latim, quando chegou na Hunter College, percebeu que ela gostou bastante das aulas por um motivo afetivo e familiar com a maneira com que ela tinha aprendido a língua portuguesa aqui no Brasil, que era diferente da forma como seus colegas estadunidenses tinham aprendido o inglês, sem muita conexão com a gramática. Lidia: Ela gostava de estudar sintaxe, orações subordinadas e todas essas regras gramaticais, que são muito importantes pra quem quer estudar uma língua antiga e mais pra frente a gente vai entender bem o porquê. [som de ícone] Lívia: sintaxe, é a parte da gramática que estuda como as palavras se organizam dentro das frases pra formar sentidos. Ela explica quem é o sujeito, o que é o verbo, quais termos completam ou modificam outros, e assim por diante. [som de ícone]: Lívia: Oração subordinada é uma frase que depende de outra para ter sentido completo. Ela não “anda sozinha”: precisa da oração principal pra formar o significado total. [música de transição] Lidia: E, agora, você deve estar se perguntando, será que todo mundo que resolve estudar língua antiga faz escolhas parecidas com a da professora Andrea? Lidia: É isso que a gente perguntou pro nosso próximo entrevistado. Guilherme Gontijo: Eu sou atualmente professor de latim na UFPR, no Paraná, moro em Curitiba. Mas, eu fiz a minha graduação em letras português na UFES, na Federal do Espírito Santo. E lá quando eu tive que fazer as disciplinas obrigatórias de latim, eu tinha que escolher uma língua complementar, eu lembro que eu peguei italiano porque eu estudava francês fora da universidade e eu tinha que estudar o latim obrigatório. Estudei latim com Raimundo Carvalho. Lívia: Bom, parece que o Guilherme teve uma trajetória parecida com a da Andrea e gostar de estudar línguas é uma das premissas pra se tornar um estudioso de latim e de grego. Lidia: O professor Raimundo de Carvalho, que o Guilherme citou, foi professor de Latim da Federal do Espírito Santo. Desde a década de 80 ele escreve poesias e é um importante estudioso da língua latina. Ele quem traduziu a obra Bucólicas, do Vírgílio, um importante poeta romano, o autor da Eneida, que talvez você já deva ter ouvido falar. O professor Raimundo se aposentou recentemente, mas segue trabalhando na tradução de Metamorfoses, de outro poeta romano, o Ovídio. Lívia: O Guilherme contou o privilégio que foi ter tido a oportunidade de ser orientado de perto pelo professor Raimundo. Guilherme Gontijo: Eu lembro que eu era um aluno bastante correto, assim, eu achava muito interessante aprender latim, mas eu estudei latim pensando que ele teria algum uso linguístico pras pessoas que estudam literatura brasileira. E quando ele levou Catulo pra traduzir, eu lembro de ficar enlouquecido, assim, foi incrível e foi a primeira vez na minha vida que eu percebi que eu poderia traduzir um texto de poema como um poema. E isso foi insistivo pra mim, eu não tinha lido teoria nenhuma sobre tradução. Lívia: Um episódio sobre literatura antiga traz esses nomes diferentes, e a gente vai comentando e explicando. O Catulo, que o Guilherme citou, foi um poeta romano do século I a.C.. Ele é conhecido por escrever odes, que são poemas líricos que expressam admiração, elogio ou reflexão sobre alguém, algo ou uma ideia. A obra do Catulo é marcada pelos poemas que ele dedicou a Lésbia, figura central de muitos dos seus versos. Guilherme Gontijo: Eu fiz as duas disciplinas obrigatórias de latim, que é toda a minha formação oficial de latim, acaba aí. E passei a frequentar a casa do Raimundo Carvalho semanalmente, às vezes duas vezes por semana, passava a tarde inteira tendo aula de latim com ele, lendo poetas romanos ou prosa romana e estudava em casa e ele tirava minhas dúvidas. Então, graças à generosidade do Raimundo, eu me tornei latinista e eu não tinha ideia que eu, ainda por cima, teria ali um mestre, porque ele é poeta, é tradutor de poesia. Lidia: Essa conexão com a língua latina fez o Guilherme nunca mais abandonar a tradução. Ele disse que era uma forma natural de conseguir conciliar o seu interesse intelectual acadêmico e o lado criativo, já que desde o início da graduação ele já era um aspirante a poeta. Lívia: É importante a gente lembrar que o Guilherme tem uma vasta carreira como autor, poeta e tradutor e já vamos aproveitar pra deixar algumas dicas dos livros autorais e dos autores que ele traduziu. Lívia: Guilherme é autor dos poemas de carvão :: capim (2018), Todos os nomes que talvez tivéssemos (2020), Arcano 13 em parceria com Marcelo Ariel. Ele também escreveu o romance História de Joia (2019) e os livros de ensaios Algo infiel: corpo performance tradução (2017) em parceria com Rodrigo Gonçalves e A mulher ventriloquada: o limite da linguagem em Arquíloco (2018). Se aventurou pelo infanto-juvenil com os livros A Mancha (2020) e o Coestelário (2021), ambos em parceria com Daniel Kondo. E traduziu autores como Safo, Propércio, Catulo, Horácio, Rabelais e Whitman. Lidia: Os poetas Rabelais e Whitman são autores modernos, viveram nos séculos XVI e XIX, já os outros poetas são da antiguidade romana, aquele período aproximadamente entre o século IV a.C. e o século V d.C. Lívia: Então, o Guilherme traduz tanto textos de línguas modernas quanto de línguas antigas. E, a gente perguntou pra ele se existe alguma diferença no trabalho do tradutor quando vai traduzir um texto de uma língua moderna, que está mais próxima de nós no tempo, e quando vai traduzir do latim ou do grego, que são línguas mais distantes temporalmente. Lívia: O Guilherme falou que quando ele vai traduzir de uma língua moderna pra outra língua moderna existem duas possibilidades: traduzir diacronicamente, que é quando o tradutor escreve o texto na língua produzida como se fosse da época mesmo que ele foi escrito. E a outra possibilidade é traduzir deslocando o autor temporalmente, e fazendo a linguagem do texto conversar com a linguagem contemporânea. Lidia: Pode parecer um pouco confuso de início, mas ouve só o exemplo do Guilherme da experiência de tradução que ele teve com o Rimbaud, que é um autor francês. Guilherme Gontijo: Por exemplo, fui traduzir Rimbaud, o Rimbaud do século XIX. Quando eu vou traduzir, eu posso tentar traduzir pensando diacronicamente e aí eu vou tentar traduzir o Rimbaud pra ele parecer um poeta do século XIX em português. E aí eu vou dar essa sensação de espaço temporal pro leitor contemporâneo agora. É, o Guilherme de Almeida fez um experimento genial assim, traduzindo o poeta francês François Villon para uma espécie de pastiche de galego-português, botando a linha temporal de modo que é isso, Villon é difícil para um francês ler hoje, que a língua francesa já sofreu tanta alteração que muitas vezes eles leem numa espécie de edição bilíngue, francês antigo, francês moderno. A gente também tem um pouco essa dificuldade com o galego-português, que é a língua literária da Península ali pra gente, né? Ah, então essa é uma abordagem. Outra abordagem, eu acho que a gente faz com muito menos frequência, é tentar deslocar a relação da temporalidade, ou seja, traduzir Rimbaud, não para produzir um equivalente do Rimbaud, século XIX no Brasil, mas pra talvez criar o efeito que ele poderia criar nos seus contemporâneos imediatos. Lívia: Ou seja, a ideia aqui seria escrever um texto da maneira como se escreve hoje em dia, meio que transpondo a história no tempo. Lidia: Pra quem não conhece, fica aqui mais uma dica de leitura: o poeta francês Arthur Rimbaud, que o Guilherme citou, viveu entre 1854 e 1891 e escreveu quase toda sua obra ainda adolescente. Ele renovou a poesia moderna com imagens ousadas, experimentação formal e uma vida marcada pela rebeldia. Abandonou a literatura muito jovem e passou o resto da vida viajando e trabalhando na África. Lívia: Mas, e pra traduzir da língua antiga, será que esse dois caminhos também são possíveis? Guilherme Gontijo: Quando eu vou traduzir do latim, por exemplo, eu não tenho esse equivalente. Não existe o português equivalente de Propércio. O português equivalente de Propércio como língua literária é o próprio latim. Lívia: Ou seja, o que o Guilherme quis dizer é que não existe uma possibilidade de traduzir um texto latino como ele soava na antiguidade, porque o latim é a língua que originou as línguas modernas latinas, e a língua portuguesa é uma delas, junto com o espanhol, o francês e o italiano. Lidia: Mas, o que pode acontecer é uma classicização dos textos antigos e o Guilherme enfatizou que acontece muito nas traduções que a gente tem disponível do latim pro português. A classicização, nesses casos, é traduzir os textos da antiguidade com o português do século XVIII ou XIX, transformando esses textos em clássicos também pra nós. Guilherme Gontijo:Curiosamente, a gente, quando estuda os clássicos, a gente sempre fala: “Não, mas isso é moderno demais. Será que ele falaria assim?” Acho curioso, quando, na verdade, a gente vendo que os clássicos tão falando sobre literatura, eles parecem não ter esses pudores. Aliás, eles são bem menos arqueológicos ou museológicos do que nós. Eles derrubavam um templo e botavam outro templo em cima sem pensar duas vezes enquanto nós temos muito mais pudores. Então, a minha abordagem atual de traduzir os clássicos é muito tentar usar as possibilidades do português brasileiro, isso é muito marcado pra mim, uma das variedades do português brasileiro, que é a minha, né? De modo ativo. Lívia: Só pra dar um exemplo do que faz a língua soar clássica, seria o uso do pronome “tu” ao invés de “você”, ou, os pronomes oblíquos como “eu te disse” ou “eu te amo”, porque ninguém fala “eu lhe amo” no dia a dia. Lidia: E esse é justamente o ponto quando a gente fala de tradução do texto antigo. Eles não vão ter um equivalente, e a gente não tem como traduzir por algo da mesma época. Guilherme Gontijo: Então, a gente precisa fazer um exercício especulativo, experimental, pra imaginar os possíveis efeitos daqueles textos no seu mundo de partida, né? A gente nunca vai saber o sabor exato de um texto grego ou romano, porque por mais que a gente tenha dicionário e gramática, a gente não tem o afeto, aquele afeto minucioso da língua que a gente tem na nossa. Lívia: Essas questões de escolhas de tradução, que podem aproximar ou afastar a língua da qual vai se traduzir pra língua que será traduzida se aproximam das questões sociais e políticas que são intrínsecas à linguagem. [música de transição] Lidia: Assim como qualquer outro texto, os escritos em latim ou grego nunca serão neutros. Mesmo fazendo parte de um mundo tão distante da gente, eles reproduzem projetos políticos e identitários tanto da antiguidade quanto dos atuais. Andrea Kouklanakis: Eu acho que esse aspecto político e histórico dos estudos clássicos é interessante porque é uma coisa quando você tá fazendo faculdade, quando eu fiz pelo menos, a gente não tinha muita ideia, né? Você tava completamente sempre perdida no nível microscópico da gramática, né? De tentar a tradução, essas coisas, você tá só, completamente submersa nos seus livros, no seu trabalho de aula em aula, tentando sobreviver ao Cícero. Lívia: Como a Andrea explicou, os estudos que chamamos de filológicos, soam como uma ciência objetiva. Eles tentam achar a gênese de um texto correto, como uma origem e acabam transformando os estudos clássicos em um modelo de programa de império ou de colonização. Andrea Kouklanakis: Então, por exemplo, agora quando eu dou aula sobre o legado dos estudos clássicos na América Latina Agora eu sei disso, então com os meus alunos a gente lê vários textos primários, né, e secundários, que envolvem discurso de construção de nação, de construção de império, de construção do outro, que são tecidos com os discursos clássicos, né, que é essa constante volta a Atenas, a Roma, é, o prestígio dos estudos clássicos, né? Então, a minha pesquisa se desenvolveu nesse sentido de como que esses latino afro brasileiros, esses escritores de várias áreas, como que eles lidaram na evolução intelectual deles, na história intelectual deles, como que eles lidaram com um ramo de conhecimento que é o centro do prestígio. Eles mesmo incorporando a falta de prestígio completa. O próprio corpo deles significa ausência total de prestígio e como que eles então interagem com uma área que é o centro do prestígio, sabe? Lidia: Então, como você percebeu, a Andrea investiga como os escritores afro-latino-americanos negociaram essa tradição clássica, símbolo máximo de prestígio, com suas histórias incorporadas a um lugar sem prestígio, marcadas em seus corpos pelo tom de pele. Lívia: Esse exercício que a professora Andrea tem feito com seus alunos na Hunter College tem sido uma prática cada vez mais presente nos Estudos Clássicos da América Latina e aqui no Brasil. É um exercício de colocar um olhar crítico pro mundo antigo e não apenas como uma forma de simplesmente celebrar uma antiguidade hierarquicamente superior a nós e a nossa história. Lidia: Nesse ponto, é importante a gente pontuar que a professora Andrea fala de um lugar muito particular, porque ela é uma mulher negra, brasileira, atuando em uma universidade nos Estados Unidos e em uma área de estudos historicamente tradicional. Lívia: Ela relatou pra gente um pouco da sua experiência como uma das primeiras mulheres negras a se doutorar em Estudos Clássicos em Harvard. Andrea Kouklanakis: Eu também não queria deixar de dizer que, politicamente, o meu entendimento como classista foi mais ou menos imposto de fora pra mim, sobre mim como uma mulher de cor nos estudos clássicos, porque eu estava exatamente na década de final de 90, meio final de 90, quando eu comecei a fazer os estudos clássicos na Harvard e foi coincidentemente ali quando também saiu, acho que o segundo ou terceiro volume do Black Athena, do Bernal. E, infelizmente, então, coincidiu com eu estar lá, né? Fazendo o meu doutorado nessa época. E na época existiam esses chat rooms, você podia entrar no computador e é uma coisa estranha, as pessoas interagiam ali, né? O nível de antipatia e posso até dizer ódio mesmo que muitas pessoas expressavam pela ideia de que poderia existir uma conexão entre a Grécia e a África, sabe? A mera ideia. Era uma coisa tão forte sabe, eu não tinha a experiência ou a preparação psicológica de receber esse tipo de resposta que era com tantos ânimos, sabe? Lidia: Com esse relato, a professora Andrea revelou pra gente como o preconceito com a população negra é tão explícita nos Estados Unidos e como ela, mesmo tendo passado a infância e a adolescência no Brasil, sentiu mais os impactos disso por lá. Lívia: Mas, fora o preconceito racial, historicamente construído pelas nossas raízes de colonização e escravização da população negra, como estudiosa de Estudos Clássicos, foi nessa época que a Andrea percebeu que existia esse tipo de discussão e que ainda não estava sendo apresentada pra ela na faculdade. Andrea Kouklanakis: Depois que eu me formei, eu entrei em contato com a mulher que era diretora de admissão de alunos e ela confirmou pra mim que é eu acho que eu sou a primeira pessoa de cor a ter um doutorado da Harvard nos Estudos Clássicos. E eu acho que mesmo que eu não seja a primeira pessoa de cor fazendo doutorado lá, provavelmente eu sou a primeira mulher de cor. Lidia: Vamos destacar agora, alguns pontos significativos do relato da professora Andrea. [som de ícone] Lívia: O livro que ela citou é o Black Athena, do estudioso de história política Martin Bernal. A teoria criada pelo autor afirmava que a civilização clássica grega na realidade se originou de culturas da região do Crescente Fértil, Egito, Fenícia e Mesopotâmia, ao invés de ter surgido de forma completamente independente, como tradicionalmente é colocado pelos historiadores germânicos. [som de ícone] Lívia: Ao propor uma hipótese alternativa sobre as origens da Grécia antiga e da civilização clássica, o livro fomentou discussões relevantes nos estudos da área, gerando controvérsias científicas, ideológicas e raciais. [som de ícone] Lidia: Em contrapartida às concepções racistas vinda de pesquisadores, historiadores e classicistas conservadores, a professora Andrea citou também um aluno negro de Harvard, o historiador e classicista Frank Snowden Jr.. [som de ícone] Lívia: Entre seus diversos estudos sobre a relação de brancos e negros na antiguidade, está o livro Before Color Prejudice: The Ancient View of Black, em português, Antes do Preconceito Racial: A Visão Antiga dos Negros. Um aprofundamento de suas investigações sobre as relações entre africanos e as civilizações clássicas de Roma e da Grécia e demonstra que os antigos não discriminavam os negros por causa de sua cor. [som de ícone] Lidia: O livro lança luz pra um debate importantíssimo, que é a diferença de atitudes dos brancos em relação aos negros nas sociedades antigas e modernas, além de observar que muitas das representações artísticas desses povos se assemelham aos afro-americanos da atualidade. Andrea Kouklanakis: Mas, então é isso, então essa coisa política é uma coisa que foi imposta, mas a imposição foi até legal porque aí me levou a conhecer e descobrir e pesquisar essa área inteira, que agora é uma coisa que eu me dedico muito, que é olhar qual que é a implicação dos estudos clássicos na política, na raça, na história e continuando dando as minhas aulas e traduzindo, fazendo tradução, eu adoro tradução, então, esse aspecto do estudo clássico, eu sempre gostei. [música de transição] Lívia: O Guilherme também falou pra gente sobre essa questão política e histórica dos Estudos Clássicos, de que ficar olhando pro passado como objeto desvinculado, nos impede de poder articular essas discussões com a política do presente. Guilherme Gontijo: E acho que o resultado quando a gente faz isso é muitas vezes colocar os clássicos como defensores do status quo, que é o que o um certo império brasileiro fez no período de Dom Pedro, é o que Mussolini fez também. Quer dizer, vira propaganda de estado. Lidia: Mas, ao contrário, quando a gente usa os clássicos pra pensar as angústias do presente, a gente percebe que é uma área de estudos que pode ser super relevante e super viva pra qualquer conversa do presente. Lívia: E, na tradução e na recepção desses textos antigos, como será que essas questões aparecem? O Guilherme deu um exemplo pra gente, de uma tradução que ele fez do poeta romano Horácio. [som de ícone] Lidia: Horácio foi um poeta romano do século I a.C., famoso por escrever poesias nos formatos de Odes, Sátiras e Epístolas, e defendia a ideia do “justo meio” — evitar excessos e buscar a medida certa na vida. Guilherme Gontijo: Tô lembrando aqui de uma ode de Horácio, acho que esse exemplo vai ser bom. Em que ele termina o poema oferecendo um vai matar um cabrito pra uma fonte, vai oferendar um cabrito para uma fonte. E quando eu tava traduzindo, vários comentadores lembravam de como essa imagem chocou violentamente o século XIX na recepção. Os comentadores sempre assim: “Como assim, Horácio, um homem tão refinado vai fazer um ato tão brutal, tão irracional?” Quer dizer, isso diz muito mais sobre a recepção do XIX e do começo do XX, do que sobre Horácio. Porque, assim, é óbvio que Horácio sacrificaria um cabrito para uma fonte. E nisso, ele não está escapando em nada do resto da sua cultura. Agora, é curioso como, por exemplo, o nosso modelo estatal coloca a área de clássicas no centro, por exemplo, dos cursos de Letras, mas acha que práticas do Candomblé, que são análogas, por exemplo, você pode oferecer animais para divindades ou mesmo para águas, seriam práticas não não não racionais ou não razoáveis ou sujas ou qualquer coisa do tipo, como quiserem. Né? Então, eu acho que a gente pode e esse é o nosso lugar, talvez seja nossa missão mesmo. Lívia: Como o Guilherme explicou, nós no Brasil e na América Latina temos influência do Atlântico Negro, das línguas bantas, do candomblé, da umbanda e temos um aporte, tanto teórico quanto afetivo, pra pensar os clássicos, a partir dessas tradições tão próximas, que a própria tradição europeia tem que fazer um esforço gigantesco pra chegar perto, enquanto pra gente é natural. Lidia: E não podemos nos esquecer também da nossa convivência com várias etnias indígenas, que possuem comparações muito fortes entre essas culturas. Guilherme Gontijo: Eu diria, eu entendo muito melhor o sentido de um hino arcaico, grego, ouvindo uma cantiga de terreiro no Brasil, do que só comparando com literatura. Eu acho que é relevante para a área de clássicas, não é uma mera curiosidade, sabe? Então, eu tenho cada vez mais lido gregos e romanos à luz da antropologia moderna, contemporaneíssima, sabe? Eu acho que muitos frutos aparecem de modo mais exemplar ou mais óbvio quando a gente faz essa comparação, porque a gente aí tira de fato os clássicos do lugar de clássicos que lhes é dado. [música de transição] Lívia: Pra além dessas discussões teóricas e políticas, a tradução é também um ato estético e existem algumas formas de repensar a presença da poesia antiga no mundo contemporâneo a partir de uma estética aplicada na linguagem e nos modos de traduzir. Lidia: No caso do Guilherme, ele vem trabalhando há um tempo com a tradução como performance. Guilherme Gontijo: E aí eu pensei: “Não, eu poderia traduzir Horácio para cantar”. Eu vou aprender a cantar esses metros antigos e vou cantar a tradução na mesmíssima melodia. Quer dizer, ao invés de eu pensar em metro no sentido do papel, eu vou pensar em metro no sentido de uma vocalidade. E foi isso que eu fiz. Foi o meu o meu doutorado, isso acabou rendendo a tradução de Safo. Lívia: Além das traduções publicadas em livros e artigos, o Guilherme também coloca essas performances na rua com o grupo Pecora Loca, que desde 2015 se propõe a fazer performances de poemas antigos, medievais e, às vezes, modernos, como um modo de ação poética. Lidia: Inclusive a trilha sonora que você ouviu ali no início deste trecho é uma das performances realizada pelo grupo, nesse caso do poema da Ode 34 de Horácio, com tradução do próprio Guilherme e música de Guilherme Bernardes, que o grupo gentilmente nos passou. Guilherme Gontijo: Isso pra mim foi um aprendizado teórico também muito grande, porque você percebe que um poema vocal, ele demanda pra valorizar a sua ou valorar a sua qualidade, também a performance. Quer dizer, o poema não é só um texto no papel, mas ele depende de quem canta, como canta, qual instrumento canta. Lívia: O Guilherme explicou que no início eles usavam instrumentos antigos como tímpano, címbalo, lira e até uma espécie de aulos. Mas, como, na verdade, não temos informações precisas sobre como era a musicalidade antiga, eles resolveram afirmar o anacronismo e a forma síncrona de poesia e performance, e, atualmente, incorporaram instrumentos modernos ao grupo como a guitarra elétrica, o baixo elétrico, o teclado e a bateria. Guilherme Gontijo: Então, a gente tem feito isso e eu acho que tem um gesto político, porque é muito curioso que a gente vai tocar num bar e às vezes tem alguém desavisado e gosta de Anacreonte. Olha, caramba, adorei Anacreonte. É, é, e ela percebe que Anacreonte, ela ouviu a letra e a letra é basicamente: “Traga um vinho para mim que eu quero encher a cara”. Então ela percebe que poesia antiga não é algo elevado, para poucos eleitos capazes de depreender a profundidade do saber grego. Ó, Anacreonte é poema de farra. Lidia: A partir da performance as pessoas se sentem autorizadas a tomar posse dessa herança cultural e a se relacionar com ela. O que cria uma forma de divulgar e difundir os Estudos Clássicos a partir de uma relação íntima, que é a linguagem musical. Guilherme Gontijo: E a experiência mais forte que eu tive nisso, ela é do passado e foi com o Guilherme Bernardes. Lembro que dei uma aula e mostrei a melodia do Carpe Diem, do Horácio. Da Ode. E tava lá mostrando o poema, sendo bem técnico ali, como é que explica o metro, como é que põe uma melodia, etc, etc. E uns três dias depois ele me mandou uma gravação que ele fez no Garage Band, totalmente sintética. De uma versão só instrumental, quer dizer, o que ele mais curtiu foi a melodia. E a gente às vezes esquece disso, quer dizer, um aspecto da poesia arcaica ou da poesia oral antiga romana é que alguém poderia adorar a melodia e nem prestar tanta atenção na letra. E que continuariam dizendo: “É um grande poeta”. Eu senti uma glória quando eu pensei: “Caraca, um asclepiadeu maior tocou uma pessoa como melodia”. A pessoa nem se preocupou tanto que é o poema do Carpe Diem, mas a melodia do asclepiadeu maior. [som de ícone] Lívia: Só por curiosidade, “asclepiadeu maior” é um tipo de verso poético greco-latino composto por um espondeu, dois coriambos e um iambo. Você não precisa saber como funcionam esses versos na teoria. Essa forma poética foi criada pelo poeta lírico grego Asclepíades de Samos, que viveu no século III a.C., por isso o nome, o mais importante é que foi o verso utilizado por Horácio em muitas de suas odes. [música de transição] Lidia: Agora, já encaminhando para o final do nosso episódio, não podemos ir embora sem falar sobre o trabalho de recepção e tradução realizado pela professora Andrea, lá na Hunter College, nos EUA. Lívia: Além do seu projeto sobre a presença dos clássicos nas obras de escritores afro-latino-americanos, com foco especial no Brasil, de autores como Lima Barreto, Luís Gama, Juliano Moreira e Auta de Sousa. A professora também publicou o livro Reis Imperfeitos: Pretendentes na Odisseia, Poética da Culpa e Sátira Irlandesa, pela Harvard University Press, em 2023, e as suas pesquisas abarcam a poesia homérica, a poética comparada e as teorias da tradução. Lidia: A professora Andrea faz um exercício muito importante de tradução de autores negros brasileiros pro inglês, não somente das obras literárias, mas também de seus pensamentos teóricos, pra que esses pensamentos sejam conhecidos fora do Brasil e alcance um público maior. Lívia: E é muito interessante como a relação com os estudos da tradução pra professora Andrea também tocam em um lugar muito íntimo e pessoal, assim como foi pro Guilherme nas suas traduções em performances. Lidia: E ela contou pra gente um pouco dessa história. Andrea Kouklanakis: Antes de falar da língua, é eu vou falar que, quando eu vejo a biografia deles, especialmente quando eu passei bastante tempo com o Luiz Gama. O que eu achei incrível é o nível de familiaridade de entendimento que eu tive da vida corriqueira deles. Por exemplo, Cruz e Souza, né? A família dele morava no fundo lá da casa, né? Esse tipo de coisa assim. O Luiz Gama também quando ele fala do aluno lá que estava na casa quando ele foi escravizado por um tempo, quando ele era criança, o cara que escravizou ele tinha basicamente uma pensão pra estudantes, que estavam fazendo advocacia, essas coisas, então na casa tinham residentes e um deles ensinou ele a ler, a escrever. O que eu achei interessantíssimo é que eu estou há 100 anos separada desse povo, mas a dinâmica social foi completamente familiar pra mim, né? A minha mãe, como eu te falei, ela sempre foi empregada doméstica, ela já se aposentou há muito tempo, mas a vida dela toda inteira ela trabalhou como empregada doméstica. E pra mim foi muito interessante ver como que as coisas não tinham mudado muito entre a infância de alguém como Cruz e Souza e a minha infância, né? Obviamente ninguém me adotou, nada disso, mas eu passei muito tempo dentro da casa de família. que era gente que tinha muito interesse em ajudar a gente, em dar, como se diz, a scholarship, né? O lugar que a minha mãe trabalhou mais tempo assim, continuamente por 10 anos, foi, aliás, na casa do ex-reitor da USP, na década de 70 e 80, o Dr. Orlando Marques de Paiva. Lívia: Ao contar essa história tão íntima, a Andrea explicou como ela tenta passar essa coincidência de vivências, separada por cem anos ou mais no tempo, mas que, apesar de todo avanço na luta contra desigualdades raciais, ainda hoje refletem na sua memória e ainda são muito estáticas. Lidia: Essa memória reflete na linguagem, porque, como ela explicou, esses autores utilizam muitas palavras que a gente não usa mais, porque são palavras lá do século XVIII e XIX, mas o contexto chega pra ela de uma forma muito íntima e ainda viva, por ela ter vivenciado essas questões. Andrea Kouklanakis: Eu não sou poeta, mas eu tô dando uma de poeta, sabe? E quando eu percebo que tem algum estilo assim, a Auta de vez em quando tem um certo estilo assim, ambrósia, não sei do quê, sabe? Eu sei que ela está querendo dizer perfume, não sei o quê, eu não vou mudar, especialmente palavras, porque eu também estou vindo da minha perspectiva é de quem sabe grego e latim, eu também estou interessada em palavras que são em português, mas são gregas. Então, eu preservo, sabe? Lívia: Então, pra Andrea, no seu trabalho tradutório ela procura mesclar essas duas questões, a sua relação íntima com os textos e também a sua formação como classicista, que pensa a etimologia das palavras e convive com essa multiplicidade de línguas e culturas, caminhando entre o grego, o latim, o inglês e o português. [música de transição] [bg] Lidia: Ao ouvir nossos convidados de hoje, a Andrea Koclanakis e o Guilherme Gontijo Flores, percebemos que traduzir textos clássicos é muito mais do que passar palavras de uma língua pra outra. É atravessar disputas políticas, revisitar o passado com olhos do presente, reconstruir memórias coloniais e imaginar novos modos de convivência com as tradições antigas. Lívia: A tradução é pesquisa, criação, crítica e também pode ser transformação. Agradecemos aos entrevistados e a você que nos acompanhou até aqui! [música de transição] [créditos] Livia: O roteiro desse episódio foi escrito por mim, Lívia Mendes, que também fiz a locução junto com a Lidia Torres. Lidia: A revisão foi feita por mim, Lidia Torres e pela Mayra Trinca. Lidia: Esse episódio faz parte do trabalho de divulgação científica que a Lívia Mendes desenvolve no Centro de Estudos Clássicos e Centro de Teoria da Filologia, vinculados ao Instituto de Estudos da Linguagem e ao Instituto de Estudos Avançados da Unicamp, financiado pelo projeto Mídia Ciência da FAPESP, a quem agradecemos pelo financiamento. Lívia: Os trabalhos técnicos são de Daniel Rangel. A trilha sonora é de Kevin MacLeod e também gentilmente cedida pelo grupo Pecora Loca. A vinheta do Oxigênio foi produzida pelo Elias Mendez. Lidia: O Oxigênio conta com apoio da Secretaria Executiva de Comunicação da Unicamp. Você encontra a gente no site oxigenio.comciencia.br, no Instagram e no Facebook, basta procurar por Oxigênio Podcast. Lívia: Pra quem chegou até aqui, tomara que você tenha curtido passear pelo mundo da antiguidade greco-romana e entender um pouco de como os textos antigos chegam até nós pela recepção e tradução. Você pode deixar um comentário, na sua plataforma de áudio favorita, contando o que achou. A gente vai adorar te ver por lá! Até mais e nos encontramos no próximo episódio. [vinheta final]

Pergunta Simples
Como se filma uma boa história? Manuel Pureza

Pergunta Simples

Play Episode Listen Later Nov 26, 2025 56:11


Há criadores que operam dentro das fronteiras técnicas do seu ofício. E há outros que as redesenham. Manuel Pureza pertence à segunda categoria — a dos artistas que não apenas produzem obras, mas insinuam uma forma diferente de olhar para o mundo. Ao longo da última década, Pureza foi aperfeiçoando um dialeto visual singular: um equilíbrio improvável entre humor e melancolia, entre disciplina e improviso, entre ironia e empatia. Cresceu no ritmo acelerado das novelas, onde se aprende a filmar com pressão, velocidade e um olho permanentemente aberto para a fragilidade humana. Dali trouxe algo raro: um olhar que recusa o cinismo fácil e que insiste que até o ridículo tem dignidade. Na televisão e no cinema, a sua assinatura tornou-se evidente. Ele filma personagens como quem observa amigos de infância. Filma o quotidiano com a delicadeza de quem sabe que ali mora metade das grandes histórias. Filma o absurdo com a ternura de quem reconhece, nesse absurdo, o lado mais honesto do país que habita. Um humor que pensa Pureza não usa humor para fugir — usa humor para iluminar. Em “Pôr do Sol”, o fenómeno que se transformou num caso sério de análise cultural, a comédia deixou de ser apenas entretenimento. Tornou-se catarse colectiva. Portugal riu-se de si próprio com uma frontalidade rara, quase terapêutica. Não era paródia para diminuir; era paródia para pertencer. “O ridículo não é destrutivo”, explica Pureza. “É libertador.” Essa frase, que poderia ser um manifesto, resume bem o seu trabalho: ele leva o humor a sério. Independentemente do género — seja melodrama acelerado ou ficção introspectiva — há sempre, no seu olhar, a ideia de que rir pode ser um acto de lucidez. Num país onde o comentário público tantas vezes se esconde atrás da ironia amarga, Pureza faz o contrário: usa a ironia para abrir espaço, não para o fechar. A ética do olhar Filmar alguém é um exercício de confiança. Pureza opera com essa consciência. Não acredita em neutralidade — acredita em honestidade. Assume que cada plano é uma escolha e que cada escolha implica responsabilidade. Entre atores, essa postura cria um ambiente invulgar: segurança suficiente para arriscar, liberdade suficiente para falhar, humanidade suficiente para recomeçar. Num set regido pelo seu método, a escuta é tão importante quanto a técnica. E talvez por isso os seus actores falem de “estar em casa”, mesmo quando as cenas são emocionalmente densas. A câmara de Pureza não vigia: acompanha. É aqui que a sua realização se distingue — não por uma estética rigorosa, mas por uma ética clara. Filmar é expor vulnerabilidades. E expor vulnerabilidades exige cuidado. Portugal, esse laboratório emocional O país que surge nas obras de Pureza não é apenas cenário: é personagem. É o Portugal das contradições — pequeno mas exuberante, desconfiado mas carente de pertença, irónico mas sentimental, apaixonado mas contido. É um país onde a criatividade nasce da falta e onde o improviso se confunde com identidade. Pureza conhece esse país por dentro. Viu-o nos sets frenéticos das novelas, nos estúdios apressados da televisão generalista, nas equipas improváveis de produções independentes. E filma-o com um olhar feito de amor e lucidez: nunca subserviente, nunca destructivo, sempre profundamente humano. Há nele uma capacidade rara de observar sem desistir, de criticar sem amargar, de rir sem ferir. Infância, imaginação e paternidade Numa das passagens mais íntimas desta conversa, Pureza regressa à infância — não como nostalgia decorativa, mas como território de formação. A infância, para ele, é o sítio onde nasce a imaginação, mas também o sítio onde se aprende a cair, a duvidar, a arriscar. Esse lugar continua a acompanhar o seu trabalho como uma espécie de bússola emocional. Falar de infância leva inevitavelmente a falar de paternidade. Pureza rejeita a figura do pai iluminado, perfeito, imune ao erro. Fala antes da paternidade real: aquela onde se erra, se tenta, se repara, se adia, se volta a tentar. A paternidade que implica fragilidade. A paternidade que obriga a abrandar num mundo que exige velocidade. Talvez seja por isso que, quando dirige, recusa o automatismo: a vida, lembra, é sempre mais complexa do que aquilo que conseguimos filmar. Escutar como acto político Se há uma frase que atravessa toda a conversa, é esta: “Nós ouvimos pouco.” No contexto de Pureza, ouvir é um verbo político. Num país saturado de ruído, opiniões rápidas e indignações instantâneas, escutar tornou-se quase um acto contracultural. Ele trabalha nesse espaço de atenção — aquele que permite às pessoas serem pessoas, antes de serem personagens, headlines ou caricaturas. É por isso que o seu trabalho ressoa: porque devolve humanidade ao que, tantas vezes, o discurso público reduz. O que fica No final, a impressão é clara: Manuel Pureza não realiza apenas obras. Realiza ligações. Realiza espelhos que não humilham. Realiza pontes entre o ridículo e o sublime. Realiza histórias que, ao invés de nos afastarem, nos devolvem uns aos outros. Há artistas que acrescentam ao mundo um conjunto de imagens. Pureza acrescenta uma forma de ver. E num tempo em que olhar se tornou um acto cada vez mais acelerado — e cada vez menos profundo — isso não é apenas uma qualidade artística. É um serviço público da imaginação. LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO Esta transcrição foi gerada automaticamente. A sua exatidão pode variar. 0:12 Ora, vivam bem vindos ao pergunta simples, o vosso podcast sobre comunicação? Hoje recebemos alguém que não apenas realiza séries e filmes, mas realiza no sentido mais profundo do termo, a forma como olhamos para nós próprios, a maneira como nos espelhamos. 0:28 Manuel pureza é daqueles criadores que trabalham com rigor e com leveza, com inteligência, com humor, com disciplina e com um caos. Ele cresceu nas novelas, aprendeu a filmar sob pressão, descobriu um olhar que combina ternura com ironia e tornou se uma das vozes mais originais da ficção portuguesa. 0:46 E é capaz de pegar no ridículo e transformá lo em verdade, de pegar no quotidiano e transformá lo em drama, de pegar no drama e transformá lo em riso. Tudo sem perder a humanidade, o coração e a ética de quem sabe que filmar é escolher, ter um ponto de vista e que escolher é sempre um ato moral. 1:06 Neste episódio, abrimos as portas ao seu processo criativo, às dúvidas e às certezas, às dores e às gargalhadas, às memórias da infância e às inquietações da idade adultam. Falamos de televisão como um espaço de comunhão. Das novelas como um ginásio, do humor, como o pensamento crítico da arte de ouvir e de ser pai no mundo acelerado, da vulnerabilidade que existe por detrás de uma Câmara e, claro, de Portugal, este país pequeno, cheio de afetos e de feridas, onde tudo é simultaneamente muito absurdo e muito verdadeiro. 1:38 Pureza fala com profundidade e como honestidade às vezes. Desconcertante é uma dessas conversas em que senti que estamos a ver para além do artista, estamos a ver a pessoa, a sensibilidade das dúvidas, a Esperança e a inquietação de alguém que pensa o mundo através das histórias que nos conta. 2:05 Ao longo desta conversa, percebemos como as histórias, para Manuel pureza, não são apenas entretenimento. São uma estrutura emocional de uma forma de organizar o caos, uma linguagem antiga que herdamos mesmo antes de sabermos ler ou escrever. Falamos do poder das narrativas para dar sentido à vida, mas também do seu lado perigoso, porque todas as histórias têm um ponto de vista, todas têm escolhas e omissões, todas moldam a forma como vemos o que é real. 2:33 E ele, pureza. Assume isto sem medo. Assume que filma com olhar assumidamente subjetivo e que essa subjetividade é precisamente a sua assinatura. Não procura parecer neutro, procura ser honesto. Também exploramos a sua relação com o humor. 2:49 O humor que nunca é cínico, nunca é cruel, nunca é gratuito. O ridículo não é uma arma para diminuir os outros. É uma maneira de libertar, de expor o que há de comum entre nós, de desmontar o que é pomposo e de aliviar o peso de viver. 3:04 Diz na própria conversa que tudo pode ser ridículo e isso é uma forma de Redenção. O riso organiza o pensamento, afia o espírito, desarma o mundo e, talvez por isso, o pôr do sol. A série tem sido mais do que um fenómeno cômico, foi um fenómeno emocional quase terapêutico. 3:20 Um espelho carinhoso onde Portugal se reviu e se perdoou, um bocadinho. Falamos da ética, da ética, do olhar, de como se almar alguém. É sempre um ato de intimidade. De como se cria confiança dentro de um set de filmagens, como se dirige atores diferentes, como se acolhe fragilidades? 3:38 Várias. E falamos da amizade e esse tema que atravessa todo o trabalho de pureza, porque para ele, realizar não é apenas uma técnica, é uma escuta, uma presença, um cuidado. Ouvimos muitas vezes ao longo deste episódio, uma afirmação quase simples. Nós ouvimos pouco. 3:55 E quando alguém é capaz de. A olhar tanto e nos diz que ouvimos pouco. Vale a pena parar para escutar. E, claro, falamos de Portugal, um país pequeno, por vezes cínico, com uma profunda tendência para desconfiar do sucesso alheio. Um país que pureza filma com ironia, amor e lucidez. 4:14 E da inveja. Claro que falamos da inveja no país das novelas, do improviso, da criatividade teimosa, das personagens maiores que a vida. O país que ele conhece por dentro e por fora, e que aprende a amar com o humor, mesmo quando o humor é a única forma de suportá lo. Num dos momentos mais belos da conversa, falamos da infância, esse lugar de Liberdade, de curiosidade, de imaginação que pureza tenta manter vivo dentro de si. 4:39 E falamos também do que é ser pai, dos medos que isso acende, da responsabilidade que isso traz. Da paternidade iluminada, mas da paternidade real, onde se falha, se tenta, se repara, se ama e se recomeça. É um episódio cheio de emoções, pontos de vista e algumas surpresas. 5:01 Viva. Manuel pureza, olá, nós encontramo nos e na realidade, temos que dizer às pessoas desde já que há 2 características que nos unem na vida OKA primeira, gostar de pessoas. A segunda, sermos hipocondríacos. Ah, poças? 5:17 Bom, estou em casa sim, sim, sim. Poça altamente hipocondríaco? Sim. Olha, fala me das pessoas, para quem? Para quem não te conhece. Tu és realizador, és um dos mais originais e interessantes realizadores da ficção portuguesa, nomeadamente essa telenovela que subitamente se transformou num objeto de culto, uma coisa chamada pôr do sol. 5:40 Já agora digo te eu, a primeira vez que vi o pôr do sol, o primeiro episódio foi dos enganados. Achavas que era verdade. Pensei assim, é pá, mas o que é isto? Mas o que é que isto está? Mas, mas, mas, mas que coisa tão. EE depois. Lá está à terceira cena. 5:56 É aquela parte do ainda bem que ninguém ouviu o meu pensamento, claro, fala, me fala me desse fenómeno. Então esse fenómeno foi. Uma pulga, uma pulga, uma pulga, várias pulgas. Aliás, eu, eu, enquanto realizador, antes de começar a assinar as minhas séries, fiz 10 anos de telenovelas e fi Los numa lógica de ginásio. 6:22 Eu costumo dizer isto, ou seja, é uma tarefa difícil. É uma tarefa que luta contra. Vários tipos de preconceitos, não só meus, como de quem vê. É uma fábrica? É uma fábrica, sim. Aliás, será a coisa mais próxima de uma indústria audiovisual que nós temos em Portugal. 6:39 É, é, são as novelas. Não é? E isso filma se de que, de, de, de, de que horas? Até que horas? Filma se em horários que AACT se funcionasse não IA não preço, iria sim, iria tudo preço, não em boa verdade, até até podemos falar sobre isso mais à frente que é, eu estive envolvido nalgumas lutas laborais em relação à Malta, que faz novelas em Portugal. 6:58 Porque é pá, chega se a trabalhar trabalhava, se na altura 11 horas mais uma, quer dizer, IA receber colegas meus a receberem me francamente pouco, numa lógica de fazer 40 minutos diários de ficção útil, que é uma enormidade, uma alarvidade e que e que muitas vezes depois tem um efeito nefasto de das pessoas em casa. 7:17 Dizer assim é pá, isto é uma novela, isto não vale nada, mas o esforço das pessoas que estão a fazê la é hercúleo, é desumano. Não tem de ser forçosamente 11. Não tem furiosamente de levar as pessoas a apreciarem esse esforço como sinónimo de qualidade, porque muitas vezes as novelas não têm essa qualidade. 7:35 Portanto, não há tempo no fundo para respirar, para o tédio, para a repetição, para o prazer. Não, nem nem nem. Então por acaso que seja essa a função das novelas, até um certo ponto. As novelas historicamente são feitas para serem ouvidas, não para serem vistas, não é? Ou seja, não em países, não só Portugal, mas outros países machistas, em que as mulheres ficavam a tomar conta da casa e dali da casa, e não tinham trabalho. 7:57 Tinha uma televisão ligada para irem ouvindo. Por isso é que a novela é repetitiva. A novela é. Reiterativa há uma há uma métrica de comunicação. De comunicação, sim. E, portanto, se temos avançado tecnicamente e até qualitativamente nas novelas nos últimos 20 anos, porque temos? 8:13 Ainda estamos nos antípodas do que? Do que uma novela pode ser? A novela pode ser uma arma de educação fantástica. A novela pode ser um retrato. Quase numa perspetiva arqueológica do que é ser português em 2025. E não é disso que estamos a falar. Em quase nenhuma novela falamos disso, não é? 8:30 Talvez tenhamos 2 ou 32 ou 3 casos honestos de portugalidade nas novelas recentes. Ainda estou a falar, por exemplo, de uma novela que eu, eu não, eu não, não sou consumidor de novelas, confesso que não sou. Mas há uma novela que da qual me lembro da premissa que me pareceu interessante, que é uma coisa chamada golpe de sorte. 8:46 Uma mulher numa aldeia que ganhou o euromilhões. Isso pode ser bastante português. Parece me bem. Pode ser bom e tive um sucesso bastante grande e foi uma coisa honesta. Não era de repente alguém que é salvo por uma baleia no ataque de 2 tubarões e sobrevive porque foi atirada? Espera, enfim, ainda vou continuar, porque isso é uma realidade que acontece. Olha, porque é que nós, seres humanos, precisamos tanto de histórias para compreender o mundo? 9:08 Olha, eu acho que as histórias são o que nos estrutura, são aquilo que nos garante a sobrevivência. Até um certo.eu falo disto com os meus alunos. Eu às vezes dou uns workshops para atores e não só é só a palavra workshop dá me logo aqui, carrega me logo aqui umas chinetas um bocado estranhas. 9:24 O workshop downshoising downgraving assim não interessa estamos. Todos AAA praticar o inglês. O inglês neologisticamente falamos. A bom, a bom notícia é que nós, como falamos mal inglês, damos uns pontapés no inglês também terríveis, não é? Sim, sim, sim, mas sim, mas está o inglês. O inglês passou a ser uma espécie de língua Franca, exato, EEA. 9:41 Gente tem palavras bonitas para dizer. EEEEE não, diz. Voltamos às histórias, as histórias. E costumo falar disso com os meus alunos, que é que que passa por nós. Nós não nascemos com direitos humanos, não é? Não nascemos dentro do nosso, do nosso corpo. Não há aqui 11, saca com direitos humanos. 9:56 Houve alguém que inventou essa história e a escreveu numa numa carta universal dos direitos humanos e, portanto, a partir dessa narrativa de que as pessoas têm direito a ser felizes, direito a ter uma casa feliz, direito a ter uma família, direito a ser. A ter um trabalho, et cetera, essa narrativa e estou estou a, estou a, estou AA alargar Oo conceito, evidentemente essa narrativa salva nos todos os dias mais a uns do que a outros, infelizmente. 10:20 Então os dias correm, isso é muito frequente. Há há há zonas do mundo em que essa história não chega, não é? Essas histórias não chegam. A fantasia não chega. A fantasia, sobretudo, é essa coisa mais prática de, de, de, de nos regermos por aquela célebre história do Mello Brooks, não é? A Mello Brooks faz a história mais louca do mundo. 10:36 E o Moisés sobe ao sobe ao ao Monte e Deus dá lhe 15 mandamentos. Só que há uma das pedras que se parte. Ele diz, bom, ele deu me só 10. Inventou um bocado. Isto inventou mas 10 por acaso até um número melhor do que 15. Sim, 15 não dava. Jeito o marketing, ele lá da altura, o homem do marketing, disse disse 15. 10:53 Não dá jeito nada de ser mais redondo que não podem ser 17 nem 13. Não, não. Nem convém, não é para a enologia? Acho que não, não, não, não te ajuda nisso, mas eu acho que sim. As as histórias, sobretudo acima de tudo. Eu sou pai de 3 crianças. Uma criança mais velha que tem 14 anos e outra que tem 3 e outra que tem 11 ano e meio. 11:10 Já tens bom treino de conta histórias. Voltei a recuperá lo, não é? Ou seja, eu sempre andei sempre a treiná lo, porque esta é a minha profissão e é isso que me me entusiasma, não é? Ou seja, mais do que ter um ator que diz bem o texto que lá está e que o diz ipsis verbis como lá está, interessa me um ator que perceba o que é que quer ser dito e que o transforma numa história compreensível e emotiva. 11:29 Ou seja, no limite, é o que o Fellini diz, Oo Fellini diz. Oo cinema serve para para emocionar, seja para eu rir ou para chorar, serve para emocionar. EEO emocionar tem a ver com essa coisa das histórias. Quantas vezes é que tu não vês um é pá, o testemunho de alguém, uma carta que tu descobres 11 texto bonito, um poema simples ou soberbo, ou ou ou o que é que? 11:50 O que é que é uma boa história para mim, sim. Uma boa história é aquela que me lança perguntas, que te provoca sim, que me provoca perguntas, eu faço isso aos meus alunos lhe perguntar, qual é a tua história? E regregelas, confundem, qual é a tua história, qual é que é o meu bilhete de identidade? Então começam, Ah, nasci na amadora, depois foi não sei quê, depois não sei quantos, depois não sei quê, EEA mim, não me interessa, não me interessa mesmo saber se eles vieram da amadora ou não interessa me mais saber. 12:14 No outro dia, uma aluna dizia uma coisa fantástica, eu estou, eu estou aqui porque o meu irmão lê mal, é incrível, uau. E eu disse, então porquê? Eu já quero saber tudo sobre. Essa tua aluna? Queres ver o próximo episódio? Como é? A lógica é essa. Ou seja, eu acho que quando os miúdos estão a ler uma história como a Alice, querem saber quando é que ela cai no fundo do poço que nunca mais acaba. 12:31 Porque é que o poço nunca mais acaba? Porque é que no meio do poço se vão descobrindo retratos e coisas. E que poço é este? Que que coelho é este? Que coelho é que apareceu aqui a correr? E em princípio, não faz sentido nós, mas depois nós, nós nós entramos e embarcamos nesta história. E somos nós que a que a que a construímos. 12:47 Não é na nossa cabeça. Sim, sim. Na nossa cabeça, no nosso coração, de alguma maneira. Quer dizer, pensando, por exemplo, a minha experiência, a minha primeira experiência, aliás, a experiência que definiu a minha. Vontade de ir para para cinema e para o conservatório, et cetera. Conta te quando é que tu descobriste? 13:02 Foi haver uma lodon drive do David Lynch, eu tinha 15 anos. Que é um filme. Estranhíssimo, para filme extraordinário. Eu, eu não o entendo, lá está. Mas estás a ver? Portanto, mudou a tua vida e eu estou a sentir me aqui, o tipo mais perdido do mundo. Não, eu nem entendi o que é que eles estavam a falar. Não. A coisa fantástica desse filme é que é um filme absolutamente clássico, mas não está montado de maneira normal. 13:21 Ou seja, não há princípio, meio e fim por essa ordem. Mas ele é absolutamente clássico. É sobre a cidade dos sonhos, não é? É sobre um sonho. Sobre um sonho de uma mulher que desceu ao mais, mais mais horrível dos infernos de de Hollywood. E, portanto, aí eu vi me obrigado a participar nessa história. 13:39 Estás a ver? Tiveste que montar a história conforme estás a ver. Sim, e acho que isso é isso, é o que determina o que o que é uma boa história e o que é mero, no pior sentido de entretenimento. Podemos estabelecer aqui a diferença entre o que é que é uma. Uma história mais funcional, de uma história que nos que nos expande, porque todos nós, todos nós, temos a história. 14:01 Então, mas como é que foi? Olha o meu dia, eu vim para aqui, trabalhei, sentei, me e escrevi ao computador. E eu digo assim, não quero saber nada dessa história, quero mudas de canal, já não quero saber em cada muda de canal, às vezes mudamos até de conversa. Há há 27 páginas da literatura portuguesa que são muito características e toda a gente se lembra que é AAA caracterização da frente de uma casa chamada ramalhete. 14:24 E na altura, quando tínhamos 1415 anos, a dor achámos que era uma dor. Mas se se recuperarmos isso é provavelmente as coisas mais brilhantes, porque mistura precisamente o que tu estás a dizer, ou seja, uma coisa meramente funcional, não é? É. Esta era a casa e são 27 páginas e, ao mesmo tempo, essa casa é metáfora para o que se vai para o que se vai passar nos capítulos à frente é o. 14:47 Cenário. É EE, mais do que o cenário. É um personagem, não é aquela casa, é uma personagem. Porque os objetos podem ser personagens. Podem? Então não podem? Claro que sim. A Sério? Para mim, sim, claro que sim. Sem falar. Sem falar às vezes, eu prefiro atores que não falam do que com. Atores que? Não, eu digo isto muito dos meus atores. 15:03 É, prefiro filmar te a pensar do que a falar, porque. Porque isso é uma regra antiga do do cinema e da televisão, da ficção para televisão que é mostra me não me digas, não é? As as novelas são reiterativas, porque tem de ser tudo dito. A pessoa entra, diz, faz e pensa a mesma coisa. 15:19 E também não há muito dinheiro para para mostrar com com a qualidade e com é, dá. Há, não há é tempo. Talvez isso seja um sinónimo. Não havendo, se se houvesse mais dinheiro, haveria mais tempo e, portanto, eu acho que ainda assim seria absolutamente impossível alguém humano e mesmo desconfio que o site GPT também não é capaz de o fazer de escrever 300 episódios de uma história. 15:38 Eu estou. Eu estou a pensar aqui. Eu. Eu ouvi alguém a dizer, não me recordo agora quem, infelizmente, que era. Quando quando se faz um roteiro, aquilo que está escrito para se filmar uma determinada coisa, que todos os adjetivos que que lá estão escritos têm que ser mostrados, porque não adianta nada dizer. 15:55 Então entrou agora na cena, EEEE salvou a velhinha, certo? Está bem, mas isso não chega, não é? Sim, eu até te digo, eu, eu prefiro. Regra geral, os argumentos até nem são muito adjetivos, os argumentos, ou seja, o script nem é muito adjetivado. É uma coisa mais prática. Eu acho que essa descoberta está. 16:13 Não sei. Imaginem, imaginem a leres Oo estrangeiro do camus, não é? Tem Montes de possibilidades dentro daquele não herói, dentro daquela vivência, daquela existência problemática. Não é porque não se emociona, et cetera e tudo mais. 16:29 Como é que tu imagina que tinhas um argumento ou um script sobre sobre Oo estrangeiro? Eu acho que seria importante discuti lo profundamente com os atores. Tu fazes isso porque queres ouvir a opinião deles? Quero sempre eu acho que os atores que se os atores e as atrizes que são atores e atrizes, não são meros tarefeiros. 16:52 Qual é o fator x deles? O fator x? Deles, sim. O que é? Eu estou. Eu tive aí uma conversa aqui Na Na, neste, exatamente neste estúdio com com a Gabriela Batista, com a com a com a com a Gabriela Barros. E eu não preciso de saber e não sei nada sobre técnica, mas. 17:09 Eu, eu, eu imagino que qualquer munição que se dei àquela mulher, que ela vai transformar aquilo noutra coisa completamente diferente. O Woody Allen dizia uma coisa muito interessante que Era Eu sempre odiei ler e depois percebi que para conhecer mulheres interessantes, precisava de ler 2 ou 3 livros. 17:27 Para ser um pronto atual à certa. O que é que acontece com a Gabriela? A Gabriela é uma pessoa interessante. Os atores e as atrizes que são atores e atrizes são pessoas interessantes porque são inquietas, porque são atentas, porque percebem, porque conseguem. Conseguem ler não só uma cena, mas as pessoas que estão em cena com elas conseguem ler um realizador, conseguem ler uma história e, sobretudo, perceber. 17:50 Imagina se pensares no rei leão? Muitas vezes a pergunta sobre o que é que é O Rei Leão? As pessoas menos, menos levadas para as histórias dizem, Ah, é sobre um leãozinho. Que sofre? Não, não, não é sobre isso, é sobre família, é sobre herança, é sobre poder, é sobre legado, é sobre. No fundo, é sobre todos os conceitos que qualquer drama shakespeariano ou tragédia shakespeariana também é. 18:14 E, portanto, eu acho que quando tu encontras atores e atrizes a Sério, o fator x é serem interessantes porque têm ideias e porque pensam. Não se limitam a fazer pá. Um ator que se limita a fazer e diz o textinho muito, muito, muito certinho. É um canastal enerva me enerva, me dá vontade de lhes bater. 18:30 Não, não gosto disso, não me interessa. E isso não é sinónimo de desrespeito pelo argumento. É sublimar o argumento ou sublimar o scripta, a outra coisa que não é lida. É fermentar aquilo? Sim, eu diria que sim. É regar? Sim. Olha, eles oferecem te obviamente maneiras de fazer e a interpretação do texto, mas. 18:50 E tu tens a tua parte e a tua parte é aquilo que eu posso te chamar a ética do olhar, que é o teu ponto de vista o ponto de vista como eu queria dizer, como é que tu defines o ponto de vista? Como é que tu escolhes? Se queres fazer uma coisa mais fechada, mais aberta, de cima, de lado, o que é esse? E tu pensas nisso para além da técnica. 19:09 Sim, penso eu acho que o meu trabalho, Oo trabalho do realizador, no geral, é essa filtragem da realidade. Para, para encaminhar. Para encaminhar a história e encaminhar quem a vê ou quem, quem está a ver, para uma determinada emoção ou para uma determinada pergunta ou para determinada dúvida. 19:31 Para lançar de mistério. Enfim, eu, eu tenho. Eu sinto que eu tenho 41 anos, tenho já alguns anos de de realização, mas sinto que estou sempre não só a aprimorar, mas a encontrar melhor. Qual é a minha linguagem. 19:47 O pôr do sol não tem qualquer espécie de desafio do ponto de vista da linguagem. Ele é a réplica de uma de uma linguagem televisiva chata de de planos abertos, o plano geral. E agora vem alguém na porta, plano fechado na porta, plano fechado na reação, plano fechado na EE. Isso para mim, enquanto realizador, não foi um desafio maior. 20:05 Talvez tenha sido o desafio do corte, o desafio. Do ritmo da cena, da marcação da cena. Para, por exemplo. Há uma coisa que eu digo sempre e que é verdade no pôr do sol, sempre que as pessoas pensam, vão para o pé das janelas. Porque é uma cena de novela, não é? Eu vou aqui passar ao pé de uma janela e põem, se encostadas às janelas a pensar, não é pronto. 20:21 Isso tem muita. Influência olhando para o Horizonte? Horizonte longico não é essa aquelas coisas. Portanto, isso tem muita influência dos Monty Python, tem muita influência dos dos dos Mel Brooks, da vida, et cetera, porque eu, porque eu sou fã incondicional de tudo o que surge dessas pessoas. Mas, por exemplo, se me perguntares em relação à série que eu fiz sobre o 25 de abril, o sempre já é outra coisa, já não tem, já não há brincadeira nesse sentido. 20:45 E como é que eu conto? Como é que eu conto a história das pessoas comuns do dia mais importante para mim enquanto português, da nossa história recente para mim? E, portanto, essa filtragem, essa escolha, essas decisões têm a ver com. 21:03 Eu, eu. Eu sinto que sou um realizador hoje, em 2025, final de 2025, sinto que sou um realizador que gosta que a Câmara esteja no meio das personagens. No meio, portanto, não como uma testemunha afastada. Exato, não como uma testemunha, mas como uma participante. 21:18 Pode ser um, pode ser um personagem da minha Câmara. Pode, pode. Eu lembro me quando estava a discutir com o meu diretor de fotografia com o Vasco Viana, de quem? De quem sou muito amiga e que é uma pessoa muito importante para mim. Lembro me de estar a discutir com ele. Como é que íamos abordar a Câmara na primeira série que nós assinámos coiote vadio em nome próprio que se chama, até que a vida nos cepare era uma série sobre uma família que organizava casamentos e eram eram 3 visões do amor, os avós dessa desse casal que tinha essa quinta de casamentos, que vivia também nessa quinta, esse casal de avós, para quem o amor era para sempre o casal principal nos seus cinquentas, para quem o amor está a acabar por razão nenhuma aparente. 21:56 Desgaste, talvez. O amor às vezes acaba e é normal, e em baixo os filhos. Para ela, o amor às vezes, e para ele o amor é um lugar estranho, ou seja, repara. São uma série de aforismos sobre o amor que eu vou ter de filtrar com a minha Câmara. 22:11 Portanto, a maneira como eu filmo uso a voz em que o amor é para sempre está dependente de toque da mão que se dá da dança que se surge no Jardim dele, acordar a meio da noite, sobressaltado porque ela está junto à janela, porque está a começar a sofrer. De uma doença neurológica e, portanto, ele está a sarapantado e vai ter com ela e cobra com um cobertor. 22:31 Portanto, todos estes toques diferentes. No caso do casal principal que se estava a separar, eles nunca param muito ao pé um do outro e, portanto, a Câmara tem de correr atrás de um para alcançar o outro e nunca lá chega. Há uma tensão. Sim, há sempre uma tensão. E depois nos no. No caso dos mais novos, ainda era o mais específico. Mas diria que o Vasco sugere me e se falemos os 2 sobre isto. 22:51 E se a Câmara não for entre pé? E for respirada, não é, não é não é Câmara mão agitada, mas é eu sentir que há uma respiração Na Na lente que ela está um ligeiramente abanada. É o suficiente para, se eu estiver a esta distância da personagem e a Câmara estiver mais ou menos a respirar, eu sinto que eu próprio o espetador. 23:10 Estou sentado naquele sofá a olhar para aquela pessoa, a olhar para aquele, para aquela pessoa, para aquela realidade, para aquela família, para para aquelas ideias, não é? E para essa ideia? Que se tenta explanar, em 3 gerações, o que é o amor? A pergunta mais inútil que eu tenho para te fazer é, o que raio faz um diretor de fotografia num? 23:28 Filme, então o diretor de fotografia, para quem não sabe, é é Quem é Quem. No fundo, comigo decide a estética. Da imagem, a luz, a luz acima de tudo. Eu trabalhei já com vários direitos da sociografia, de quem gosto muito. O Vasco Viana é um deles, o Cristiano Santos é outro, porque é uma porque é. 23:44 Que se gosta de um e não se gosta tanto de outro? Não. Às vezes não tem a ver com isso. Eu não me lembro de um. Talvez em novelas que tenham trabalhado com diretos de sociografia, que, enfim, que foram bons, outros nem tanto. Mas eles constroem uma estética, constroem uma luz, um ambiente. Nas séries, sim. Não é no cinema, sim. 24:00 Na televisão. Acho que é muito complicado porque. Porque se obedece a critérios, sobretudo dos canais. Que vêm com uma frase, quando eu comecei a fazer novelas, ainda estávamos a discutir se a coisa havia de serem 16:9 ou 4 por 3. Portanto, parecia que ainda estávamos a quase na Roménia dos anos 60. 24:16 EEE não estávamos e, ao mesmo tempo, estávamos muito próximos disso. EEE. No fundo, o que o diretor da fotografia faz é essa escolha da cor, da luz, do enquadramento, claro que em concordância com aquilo que eu pensei, mas é a primeira pessoa que consegue consubstanciar. 24:35 A minha visão sobre a história é isso. Olha, OOA, escolha de um plano para filmar é uma escolha moral. Também estava te a ouvir, agora a falar do 25 de abril e de e, portanto, 11. A ideia que tu tens sobre as coisas depois interfere também na maneira como tu escolhes um plano. 24:51 O que é que vais filmar ou como é que vais? Filmar, eu acho que, sobretudo, tem a ver com o eco que a história tem em ti. Não é uma coisa acética nem agnóstica. É uma coisa implicada, não é uma coisa implicada, isto é, se há uma ideia tua enquanto autor. Sobre a história, que vais esmiuçar em imagens, é mais ou menos a mesma coisa. 25:11 Que tu sabes que a Sophia de Mello breyner aprendeu gramática na escola. Eventualmente português teve aulas de português. Suspeitamos que. Sim, pronto. Aprendeu a escrever, mas ninguém a ensinou a fazer poemas. Vem dela. E essa implicação na escolha das palavras, da métrica do soneto ou do verso, et cetera, ou da ou da Quadra, ou, enfim, seja o que for. 25:30 É uma coisa que lhe vem de uma decisão. Não é de uma decisão, nem que seja do espírito, não é? Eu acho que o realizador tem a mesma função quando quando se permite e, acima de tudo, quando se assume como realizador e não um tarefeiro a mesma coisa que o ator. 25:46 Olha, como é que tu estás a falar de ficção? Obviamente, mas a ficção tem um poder secreto que é alterar a realidade ou a nossa perspetiva sobre a realidade ou não. Quando eu vejo, quando eu vejo que tu filmas uma determinada coisa num determinado prisma, com uma determinada ideia, eu, eu já quase não consigo ver a realidade como a realidade é eu, eu, eu já já tenho mais uma camada de tu vais me pondo umas lentes, não é? 26:15 Quer dizer, olha para aqui, olha para acolá. Sim, mas repara, os livros têm o mesmo poder, não é? Desde que tu te deixes contagiar com uma ideia, a arte. A arte, seja ela. Seja ela sobre a forma de uma Mona lisa ou de uma comédia, não é é essa reconfiguração do real para ser percecionada pelo outro. 26:40 E o outro pode se deixar contagiar ou não se deixar contagiar. Imagina que tu não achavas piada nenhuma ao pôr do sol? Há pessoas que não acharam piadinha nenhuma ao pôr do. Sol desligas te não vais ver? Sequer. Mas não vais ver isso? O teu real continua, ou seja, a minha. A minha pretensão com o pôr do sol não é mudar o mundo. Não é mudar, é divertir, me em primeiro lugar e achar que isto pode pode divertir. 27:02 Pessoas pode fazer umas cócegas à moda? Pode fazer cócegas à moda, aliás, pode pôr o dedo na ferida até rir. Estás a ver. Sim, porque depois tu é assim aqui. A história obviamente é engraçada. EE aquilo dá vontade de rir, mas tu gozas com todo o tipo de preconceitos e mais algum que lá estão em cima da mesa. 27:17 Claro. E esse EE aí também se tem de fazer jus ao ao texto que me chega do Henrique dias. Ou seja. Eu, o Rui e o Henrique discutimos a ideia. Eu e o Rui tínhamos uma lista extensa de tudo o que se passa em novelas, quem é a esta hora, quem é que Há de Ser no meu telemóvel, beber copos, partir, copos, cavalos, bem, famílias ricas, et cetera. 27:36 Mas depois o Henrique tem esse condão de agarrar nessas ideias e de algumas de algumas storylines que nós vamos lançando, é pá. E fazer aqueles diálogos que são absolutamente fabulosos, não é? Quer dizer, lembro, me lembrei, me. Lembro me sempre de vários, mas há uma, há um, há um apidar no na primeira temporada, que é talvez o meu plano favorito, que é um dos membros da banda que vem a correr desde o fundo do plano e que cai em frente à Câmara e diz, não, não, eu estou bem. 27:59 Dê me um panado e um local que eu fico logo bué, pronto. Isto é uma coisa muito nossa, muito proximidade, que tem graça porque tu já ouviste alguém dizer isto e pronto. E quando se tem essa, quando se tem essa junção porreira de de sentidos, de humor. 28:17 A tendência é que isso crie, crie qualquer coisa de reconhecimento. O que nós encontrámos com o pôr do sol foi um reconhecimento, é pá, surpreendeu, me surpreendeu me ao máximo e depois açambarcou nos a todos e foi a Suburbano a sobrevoou me de uma maneira assustadora, foi, imagina, eu tive um acidente de Mota pouco tempo depois da primeira temporada acabar, fui ao chão e fiquei, fiquei magoado e fiz me nada de especial, estava no hospital. 28:46 E o enfermeiro chefe dizia, sistema anel, pureza, agora vou pôr aqui um megaze, não sei quê. Ou sistema anel, pureza, não sei quê, mas assim. 11 trato espetacular. Uma coisa muito, muito solene, muito solene, e é. Pá e nas tantas ele estava a fazer o tratamento e disse assim, é pá e vê lá se tens cuidado e eu, espera aí, houve aqui qualquer coisa, houve aqui um problema na Matrix ou então não sei o que é que aconteceu e o gajo diz, desculpe, desculpa, é que eu sou de massamá e eu sei o que é que é cheirar AIC 19, todos os dias que é uma tirada do pôr do sol posso chamar os meus colegas assim? 29:12 O que é que se passa? Entraram para aí 5 ou 6 enfermeiros. Dizer é pá, obrigado. Pelo pôr do sol, por isso é convidada, portanto, Na Na enfermaria. Todo todo arrebentado. E eles todos quando em dia e eu percebi pronto, isto bateu, bateu a um nível de podemos reconciliar a televisão com uma certa cultura pop que teve alguns exemplos extraordinários na comédia ao longo da nossa história. 29:34 Temos o Raul solnado, temos o Herman José, temos Oo Ricardo Araújo Pereira e o gato fedorento, o Bruno Nogueira. Esses. Esse, atualmente, o Bruno Nogueira e o Ricardo Araújo Pereira continuarão a? Fazer são fundações, no fundo, são coisas que a gente olha e diz assim, uou. Eu acho que experimentei um bocadinho disso. Ele experimentava esta equipa, experimentou um bocadinho disso, quando de repente temos pá, um Coliseu de Lisboa cheio para ver uma banda que está a fazer playback. 29:56 Nós fizemos isso com Jesus Cristo, não é? A banda do pôr do sol foi tocar, não tocou nada, ninguém deles. Nenhum dos tocou, não sabem tocar e. Esgotámos OOO Coliseu para ouvirmos uma cassete em conjunto e as pessoas foram. Para participar num episódio ao vivo que não era episódio, não estava a ser. Filmado sequer tu vendeste, tu vendeste uma fantasia que toda a gente sabe que não existia, mas a ideia de comunhão. 30:16 Foi nessa narrativa e eu acho que isto é uma coisa que nos anda a faltar cada vez mais, não é? Nós nós não temos essas comunhões. Tu vês uma série? Ou melhor, é mais frequente teres um diálogo com um amigo e diz assim, pá, tens de ver aquela série, não sei quê, é espetacular, não sei quê quantos episódios, viste? Vi meio, mas é espetacular. 30:32 E já não é aquela coisa de Bora fazer um? Serão lá em casa, em que juntamos amigos e vemos um filme? Como aconteceu antigamente, antes da televisão se alinear? Antes de antes da da televisão te permitir uma ilusão de poder da escolha, não é? Eu agora escolho o que vejo. E a televisão morreu? Nada, não. 30:49 Nem vai morrer. É como a rádio morreu, não é? Quer dizer, a gente volta e meia a rádio a. Rádio a rádio tem mais vidas que um gato. Não é pronto porque a rádio foi ver o apagão, não é? O apagão foi uma. O apagão foi um delírio. Apagou tudo para. Os da rádio? Claro, claro. Evidentemente, isso era o que havia. E isso é extraordinário, porque isso faz, nos faz nos perceber que a volatilidade das das novas tecnologias etcétera, pá, é porreiro, é óbvio. 31:11 Então agora temos aqui 2 telemóveis, estamos anão é? Estamos aqui a filmar. Temos boa parafernália, mas mas. No limite. Naquele momento em que achávamos todos que a Rússia atacar e não era nada disso, o que queríamos era ouvir alguém a falar. Connosco o fenómeno dos podcasts como este é eu, eu dou por mim assim que é. 31:30 Eu gosto de ouvir pessoas à conversa, porque me acalma e me baixa o ritmo do scroll. Há uma. Música, não é? E é EEEE, aprendes qualquer coisa. E por isso é que eu gosto de pessoas. Estás a ver quando eu, eu houve uma vez 11 coisa que me aconteceu que eu acho que que é pá, que eu nunca mais me esqueci, que foi um amigo meu. 31:48 Que, entretanto, nunca mais falámos, é um facto. As histórias foram para os sítios diferentes, mas um dia entrou me para casa, à dentro. Eram para aí 10 da noite e diz me assim, preciso de conversar. E perguntei, lhe mas o Gonçalo de quê? Não, pá de nada, preciso só de conversar. Tens tempo para conversar e eu fiquei. 32:07 Isso é uma grande declaração, isto é. Extraordinário. Pouco tempo depois, estava em Angola a fazer uma série, uma novela. Perdão, uma. A melhor novela que eu fiz na vida é que foi uma novela para Angola, uma coisa chamada jikounisse. E há um assistente meu, Wilson, que chega 2 horas atrasado ao trabalho, é pá e era um assistente de imagem, fazia me falta. 32:25 Ele chega, Ah, presa, peço desculpa, cheguei atrasado e tal só para o Wilson 2 horas atrasado, o que é que aconteceu? Tive um amigo que precisou de falar e eu juro te que me caiu tudo, eu não lhe. Eu quero ter um amigo assim, eu não. Posso, sim. Eu não me lembro disto acontecer em Portugal. 32:42 Para mim, disse. Para mim mesmo, eu não me lembro. De. De. De dar prioridade a um amigo em detrimento do trabalho. Porque o trabalho me paga as contas e os filhos e não sei quê. E o ritmo e a carreira. E eu reconheci me e de repente há um amigo meu que precisa de conversar. 32:58 Estamos a ouvir pouco. Então, não estamos eu acho que estamos. Estamos mesmo muito. Temos mesmo muito a ouvir, a ouvir muito pouco, acho mesmo, acho mesmo. Isso isso aflige me sobretudo porque há um, há um é pá. Eu estou sempre a dizer referências, porque eu, de repente, nestas conversas, lembro me de coisas. O Zé Eduardo agualusa assina 11 crónica, creio no público há, há uns anos, largos da importância de, de, de, de de fazer mais bebés, porque o mundo está tão perdido que só trazendo gente boa, muita gente boa de uma vez em catadupa. 33:29 É que isto melhora e eu acho, essa visão. Uma chuva de. Bebés uma chuva de bebés, mas de, mas de bebés bons, de bebés, inquietos, de bebés que fazem birras pelas melhores razões de bebés, que brincam sem computadores, sem coisas que que se que chafurdam na, na lama, et cetera, fazem asneiras. 33:45 Sim, sim, eu, eu, eu gosto muito de ser pai, mais até do que ser realizador, gosto muito de ser pai e acho que isso é é precisamente por essas, pelos meus filhos, claro que são os meus, mas se tivesse, se houvesse outras crianças. De que eu tomasse conta? Acho que era isso que é. 34:01 Tu perceberes que até uma certa idade nós não temos de nos armar noutra coisa que não ser só crianças. E acho que eu pessoalmente, acho que tenho 41 anos e às vezes sinto uma criança perdida até dizer chega EE, acho que pronto. 34:18 Enfim, o tempo vai adicionando, adicionando te camadas de responsabilidade. Agora temos temos de saber mexer microfones, inverter a água, et cetera, e meter fones, et cetera. Mas, no fundo, somos um bocado miúdos perdidos a quem? A quem se chama pessoas adultas porque tem de ser, porque há regras, porque há responsabilidades e coisas a cumprir. 34:35 Acho que só o Peter Pan é que se conseguiu livrar dessa ideia de poder. Crescer, coitado. Já viste? Pois é mesmo o Peter Pan sem andar com aquelas botas ridículas também. Exato. EE, qual é? Sabemos. E o capitar, não é? Pensando bem, a história dramática é o que quando estás com neuras a tua vida é um drama refugias te na comédia fechas te de ti próprio. 34:55 Não queres falar com ninguém? Quando estou com. Que é frequente é. Frequenta é? Então, o que é que te bate? O que é que te faz o. Que me bate é nos dias que correm e não só não conseguir tocar à vontade na minha função enquanto artista. 35:15 Isto eu vou te explicar o que é. Os artistas não precisam de ser de um quadrante político ou de outro. Eu eu sou de esquerda, assumidamente de esquerda. EEE, defenderei até à última este esses ideais. Ainda à esquerda, direita. Há, há, há. Eu acho que há, há. É cada vez menos gente com quem se possa falar de um lado e de outro. 35:32 Há uma. Polarização sim, sim, porque porque, enfim, isso são são outras conversas, mas o os artistas, no meu entender, estão a perder a sua perigosidade isso enerva me, ou seja, eu às vezes sinto que não estou anão, não estou a transgredir. 35:49 Não estou a ser perigoso, não estou a questionar, não estou. Estou a ir ao sabor de uma coisa terrível, que é ter de pagar as minhas contas. É o rame. Rame mais do que isso é eu deixar me levar pela corrida que é. Tenho de ter mais dinheiro, tenho de conseguir a casa, tenho de conseguir a escola dos putos tenho, não sei quê. 36:07 Devias ser mais um moscado, aquele que que dava umas picadelas aqui à. Eh pá devia questionar. Devia. Os artistas são se nasceram para isso e eu se me se eu me considero artista e às vezes isso é difícil. Dizer isso de mim, de mim para comigo. Eu imagina o Tiago Pereira, o Tiago Pereira que anda AA fazer um acervo da música portuguesa, a gostar dela própria, pelo pelo país todo, com gente antiga, com gente nova, com com gente toda ela muito interessante. 36:36 A importância de um Tiago Pereira no nosso, no nosso país, é é inacreditável. Quantas pessoas é que conhecem o Tiago Pereira? E, pelo contrário, não estamos focados Na Na última Estrela do ou do TikTok ou do big Brother ou de outra coisa qualquer. 36:51 Até podia ser uma coisa boa, estás a ver? Ou seja. Complementar uma coisa e outra. Sim, ou seja, eu, eu. A coisa que mais me interessa é saber quem é que com 20 anos, neste momento está a filmar em Portugal e há muita gente boa. Tu vês os projetos da RTP play e da RTP lab? E é gente muito interessante. Então, e porque é que? 37:06 Nós não estamos a estornar essa gente? E a e a potencial? Porque, porque a corrida? É mais importante, ou seja, tu queres a. Corrida dos ratos Na Na roda. É e é coisa de chegar primeiro, fazer primeiro, ganhar mais que o outro, não a solidariedade é uma, é uma fraqueza AA generosidade é uma fraqueza aplaudires alguém que é teu par é mais, é mais um penso para a tua inveja do que propriamente uma coisa de quem é que ganhamos? 37:34 Todos vamos lá. OOOO rabo de peixe, por exemplo, é um é um caso lapidar nesse sentido. Que é o rapaz? É extraordinário. É extraordinário neste sentido, eu? Posso? A primeira série é uma pedrada No No charco, que é uma coisa mágica o. 37:50 O Augusto Fraga, que é uma pessoa que eu, de quem eu gosto bastante e conheço o mal, mas gosto bastante, assina uma série que a primeira coisa que foi vista sobre essa série, ainda que estivéssemos a com 35000000 de horas ou 35000000 de horas, sim, vistas por todo o mundo. 38:08 Ah, não sei quantas pessoas, minhas colegas, tuas colegas, enfim, colegas de várias pessoas que estão a ver este mote caso dizem assim, ó, mas eles nem sequer fizeram o sotaque açoriano. Ah, e aquela e aquela ideia de não contrataram só atores açorianos? Pronto, sim, vamos ver uma coisa, porque porque é que vamos sempre para essa zona precisamente por causa da corrida, porque isto é importante. 38:32 A inveja é lixada? Nada. Fraga sim, a inveja é lixada e mais do que isso, esta inveja. É patrocinada pelo sistema, o sistema, o sistema sublima. Quando nós achamos que quem, quem, quem é nosso inimigo é quem faz a mesma coisa do que nós, nós temos menos de 1% para a cultura neste país. 38:50 E quando há dinheiro, quando há dinheiro, nós andamos a tentar queimar o outro para conseguirmos chegar ao dinheiro, ou seja, perante as migalhas. Nós não nos organizamos, a dizer assim. Pá a mão que está a dar as migalhas é que está errada. 39:05 Não. O que acontece é não. Mas eu já discutimos isso. Primeiro eu preciso de de amoedar as migalhas para mim e depois então discutimos, é uma. Corrida mal comparado de esfomeados. É, mas em vários. Mas é. Não estou a ver só na cultura, não é? Não é só na cultura. E. Já dizia o Zé Mário branco, arranja me um emprego. 39:22 O Zé Mário branco dizia tanta coisa tão mais importante, tão tão tão importante nos dias que correm, o Zé Mário branco, enfim. Mas eu até diria que isto, que este país que é pequeno. Que é pequeno em escala. Que é pequeno, que é pequena escala. 39:39 Podia ver nisso uma vantagem. Podíamos ver nisso uma vantagem, porque eu acho que o país somos nós e acho que as pessoas não. Não temos essa noção, não é EE essa e essa noção de que não dedicamos tempo suficiente a estarmos uns com os outros e de ligarmos as peças boas e de tornar isto uma coisa mais interessante, claro. 39:57 Interessa me, interessa me. Muito há uma cultura de mediocridade, não? Isso eu acho que não, o que eu acho é que há. Ou melhor, como é que se compatibiliza esse essa corrida dos ratos na roda, em busca da última migalha com coisas de excelência que subitamente aparecem? 40:13 Eu acho que quando tu sentes que isso é um acidente, rapaz, isso é um acidente, não é? É um acidente. Antes tinha tinha havido o Glória e nós tínhamos achado. Tio Glória era a primeira coisa da Netflix. Parece um bocado aquela coisa de o ator que é pá. 40:29 Eu sou um grande ator. Eu fiz uma formação no Bahrain para aprender a ser a fazer de post. Foi uma formação de meia hora, chega cá e dentro e vai dizer assim, é pá. Este gajo é bom meu. O gajo esteve no barrain. Vende-se bem este. Gajo é bom, não é? E de repente não. Ele esteve no barém a fazer de post e é melhor do que um puto que veio da PTC ou 11 miúda que veio da STCE está a tentar vingar. 40:50 Eu tive agora uma conversa por causa da da dos encontros da GDA para para o qual foi foi gentilmente convidado e foi foi incrível estar à conversa com Malta nova. Não é assim tão nova quanto isso, mas Malta entre os 25 e os 35 anos, atores e atrizes, em 4 mesas redondas em que IA assaltando eu, o António Ferreira, a Soraia chaves e a Anabela Moreira, é pá EEAEA dúvida é a mesma de que se houvesse uma mesas redondas de veterinários, de veterinários ou de médicos, ou de ou de assistentes sociais, que é como é que eu começo isto? 41:20 Como é que eu faço isto? Qual é o percurso, onde é que está? O repente GDA faz uma coisa incrível que é, vamos pôr as pessoas a conversar. É um bom início, pá, é um. Excelente início. E nós não andamos a fazer isso, não andamos a fazer isso, por mais associações que haja, por mais coisas, et cetera. E há gente a fazer este, a tentar fazer este trabalho. 41:38 Não há um sindicato da minha área que funcione. O sindicato dos criativos pode ser então? O sindicato, o Sena, o sindicato Sena. As pessoas queixam se que não é um sindicato, mas não estão nele. Quando eu digo que não há um sindicato, é o sindicato, existe. As pessoas é que não vão para lá e queixam se das pessoas que lá estão. 41:55 Isto não faz sentido nenhum. Ou seja, nós estamos sempre à espera que nos dêem. Mas é aquela coisa velha, essa coisa que foi o Kennedy, que disse não é não, não perguntes. O que é que o teu país pode fazer por ti? Pergunta te, o que é que tu podes fazer pelo teu? Portanto, não temos uma mecânica por um lado de devolução à sociedade daquilo que nós estamos AA receber e, por outro lado, de de agregação, num interesse comum, ou numa imaginação comum, ou em alguma coisa que podemos fazer juntos. 42:17 Eu, eu acho que, sobretudo, tem a ver com celebramos? Não, acho que não. Até porque é tudo uma tristeza, não? É, não, não, não. Eu acho que é assim. Eu acho é que é tudo muito triste porque não nos celebramos. Porque há razões enormes para nos celebrarmos, há razões mesmo boas, para nos celebrarmos. Bom, mas eu não quero deprimir te mas um tipo que chuta 11 coisa redonda de couro e que acerta numa Baliza é mais valorizado do que um poeta que escreveu o poema definitivo sobre o amor ou sobre a vida? 42:43 Mas isso, pão e circo? Isso pão e circo. E isso a bola também é importante. E está tudo bem? Eu sou. Mas tão importante. Não é? Porque eu eu gosto de futebol, gosto. Eu gosto de futebol, sou um, sou um. Sou um fervoroso adepto da académica de Coimbra e do. Falibana do Benfica, da da académica, sou da académica. 43:00 Está péssima, não é? A académica está terrível, mas é isso. Ou seja. Eu acho que tem, Maura continua, tem? Maura, claro. E terá sempre. Eu sou, sou, sou da briosa até morrer, mas. Mas de qualquer das maneiras, sinto que essa coisa que é, há espaço para tudo. Eu acho que eu o que faz falta? E animar a Malta? 43:17 É educar a Malta? É educar a Malta. Faz muita falta. Eu acho que faz muita falta a educação neste país. E isso tem a ver com política, tem a ver com escolhas, tem a ver com coragem. EAAA educação não tem sido muito bem tratada nos últimos tempos. 43:35 Se há gente que se pode queixar são os professores e os. Alunos, porque nós só descobrimos daqui a 10 anos ou 20 que isto não correu bem. Claro, mas já estamos a descobrir agora, não é? Depois, já passaram algum tempo sim. Quais é que são as profissões de algumas das pessoas que estão no hemiciclo que tu reconheces profissões não é? 43:52 De onde é que vêm? Vêm das jotas vêm. São juristas, normalmente economistas, certo? Mas um médico. Há um ou 2? Há um ou 2, há alguém que tu, um professor? Deixa de ser atrativo. A política devia ser essa coisa de eu reconhecer. 44:10 Figuras referenciais. Os melhores entre nós que que escolhidos para liderarmos, sim. Escolhidos por nós. Ou seja, porque é que eu acho isto? Mas eu acho isto desde sempre, sempre, sempre. Eu sei isto. Aliás, eu venho de uma casa que é bastante politizada. A minha casa, a minha família é bastante politizada. O apelido. 44:27 De pureza não engana. Pois não engana. Às vezes acham que ele é meu irmão, mas é meu pai. EE pá é um gajo novo. De facto, é um gajo novo. Mas é isso que é caneco. Quem são estas pessoas? Porque é que eu vou votar nestas pessoas, estas pá. A prova agora de Nova Iorque não é 11 Mayer de 34 anos, chamado zoranmandani, que de repente ganha as eleições sem os mesmos apoios, que teve outro candidato. 44:50 Não houve Bloomberg, não houve Trump, não houve nada. Houve um tipo que veio falar para as pessoas e dizer lhes o que é que vocês precisam, de que é que precisam, o que é que vos aflige, de que é que têm medo, que sonhos é que vocês têm? Isso é tão importante e tão raro. 45:06 Afinal, o método que funciona sempre não é fala com pessoas, conta uma história ou houve cria uma expectativa? Olha, porque é que o humor explica tão bem o mundo? Eu sei, também há o choro, porque é que o humor explica tão bem? Porque tudo pode ser ridículo. E é e é tão ameaçador, não é? 45:22 Claro, claro, claro. Olha o Rio, vai nu. Exatamente tal e qual tem a ver com isso, não é? E mais do que isso, é eu, eu acho. Eu sinto que nós vivemos num país que não tem assim tanto sentido de humor. E explico porquê nós não nos rimos tanto de nós. Rimos mais dos outros quando nos rimos de nós? 45:39 É é tipo, Ah, então, mas mas estão a falar de mim. Rimos de escárnio. Sim, os os melhores, as melhores pessoas, as melhores pessoas portuguesas a terem sentido humor são os alentejanos. Porque são eles que têm as melhores notas sobre eles. Que eles próprios contam? Exatamente quando tu tens um. 45:54 Eu não sou lisboeta, portanto, posso dizer mal à vontade de vocês todos que estão a ouvir. Quando o lisboeta disse assim também. Sou alto minhoto, portanto, já estamos. Estás à vontade, não é pronto quando o lisboeta disse. Tudo que seja abaixo, abaixo, ali do cavado é soul. É soul? Exatamente. Está resolvido, pá. A minha cena é coisa do quando o lisboeta diz, tenho aqui uma nota sobre alentejana dizer, Hum. 46:11 A minha família toda alentejana, pá. Não, não acho que acho que não é bem a coisa eu diria isso, ou seja, porque é que o amor explica tão bem o mundo, explica no sentido em que, de facto, isto esta frase não é minha, é do Henrique dias. E ele acho que acho que ressintetiza isto muitíssimo bem. O argumentista do pôr do sol, que é tudo, pode ser ridículo. 46:28 O gajo da bola de couro, um círculo de de de couro que é chutado para uma Baliza, é tão ridículo como é eventualmente alguma. De algum ponto de vista sobre a religião, sobre a política, sobre a economia, sobre os cultos? 46:46 Não é os cultos pessoalizados em líderes que de repente parece que vêm resolver isto tudo e são ridículos. Quer dizer, são ridículos acima de tudo. O mito do Salvador da pátria. O mito do Salvador da pátria não é? Depois ficou substanciado em 60 fascistas. Isso é para mim. Era expulsos ao ridículo. 47:02 Incomoda os imensos. Mas a gente já viu isto em vários momentos, desde momentos religiosos até momentos políticos que é. E este vem lá ao Messias, vem lá ao Messias. E o cinema português também. O próximo filme vem sempre salvar isto tudo. E é só um filme percebes o que eu estou a dizer? Ou seja, não. 47:18 Este é que é o filme que toda a gente vai ver e vai rebentar com as Caldas. Não, não tem de ser assim, é só um filme. Só me lembro da Branca de Neve, do João César Monteiro, não é que filmou uma coisa para preto, para negro? Sim, mas mais do que isso, estava a falar de termológica comercial que é, os exibidores estão sedentos? 47:35 Que venham um filme que faça muitos números e que salve o cinema, et cetera. A pressão que se coloca, se fosse fácil fazer um filme desses, até eles próprios administradores teriam ideias. Sim, faz mesmo. A campanha viral lembro me sempre é. Faz uma coisa que vai ocupar toda a gente vai falar exatamente e que vai ser uma coisa. 47:51 Extraordinária. Um escândalo, no melhor sentido. Não sei quê, não sei quê e depois não acontece porque não é assim que as coisas não é, as pessoas não vão, não vão. Nessas modas, aliás, as pessoas estão cada vez mais dentro. O paradoxo é que as pessoas estão cada vez mais exigentes. O que é bom? Sim, mas dentro desta lógica que temos falado, que é tiktoks, et cetera, volatilidade é uma coisa superficial e de repente já nem tudo cola. 48:12 O humor repara o humor. O Bruno Nogueira, por exemplo, é um bom exemplo disso que é o Bruno Nogueira faz 111 programa extraordinário vários. Faz os contemporâneos, faz o último a sair, depois faz o princípio meio e fim, que é uma coisa arrojadíssima. Sim, ele faz coisas sempre diferentes. 48:28 Não é ele. Ele. Ele quebra os padrões sempre. Mas se reparares agora, neste, no, no, no ruído, ele já não é a mesma coisa. É um programa de Sketch que tem lá uma história que num tempo distópico em que. Sim, mas aquilo resolve se a um conjunto de de Sketch e as. 48:45 Pessoas aderiram massivamente, portanto, eu acho que isto é assim. A roda vai dando voltas. Depois voltamos um bocado à mesma coisa. O Herman, por exemplo, o Herman que é um dos meus heróis da televisão. O Herman andou por todas essas ondas e agora está numa onda de conversa e tudo mais. 49:04 E continua a ter imensa. Graça mas ele pode fazer tudo o que? Quiser, não é? Pode. Chegou este mundo do mundo para poder fazer tudo. Sim, talvez não chegue a todas as gerações como chegava. Não é dantes. Eu lembro me, por exemplo, No No no célebre Sketch da da última ceia, não é? 49:20 Ele chegou a todas as gerações, houve umas gerações que odiaram isso foi incrível, eu adorei, eu adorei esse momento iá, e ele é também um dos meus heróis por causa desse momento, porque, porque, enfim, porque qual que lá está transgressor, perigoso artista? 49:38 O Herman é tudo isso sim. Pode a qualquer momento fazer dinamitar isto olha fora o humor, tu tens, posso chamar lhe maturidade emocional entre o felps e os infanticidas. O que, o que muda no teu olhar quando quando tu transpassas da comédia para, para, para o drama, o humor e a dor são são irmãos. 49:58 O sim, diria que sim, mas mais do que isso, é há coisas que me que me inquietam, não é? Eu com 41 anos e 3 filhos, EEE uma história já muito porreira. O que? É que te inquieta. Várias coisas. Olha esta coisa da do dos artistas, esta coisa da sociedade portuguesa, esta coisa de o que é que é ser português em 2025, o que é que é ter 41 anos em 2025? 50:21 A amizade, a amizade inquieta me há amigos que desaparecem e não é só porque morrem, há há. Há outros que desaparecem porque. Perdemos lhe o rasto. Ou isso, ou porque nos zangamos EEA coisa vai de vela e é assim. E a vida é dinâmica e. E às vezes questiono, me, não é? 50:37 Questiono me sobre quanto é que vale uma amizade, por exemplo, os enfatisídeos é sobre isso, não é? Ou seja, 22 amigos de 2 amigos de infância que aos 17 anos dizem, se aos 30 anos não estivermos a fazer aquilo que queremos fazer, matamo nos daquelas promessas adolescentes e de repente um deles apaixona se e casa se. 50:57 E ele às vezes não quer morrer e a amizade vai à vida. E aquele que ficou para sempre com 17 anos, que sou um bocado eu, não é? Porque eu acho os problemas aos 17 anos é que são os verdadeiros problemas da existência humana. Os outros são chatices da EDPE da epal estás a ver isso? São outros chatices pagar as contas, pagar contas é só isso, porque tudo o resto é só o que é que eu estou aqui a fazer? 51:17 Porque é que eu me apaixonei, porque é que ninguém gosta de mim, porque é que essas coisas são tão ricas, são tão boas de testemunhar eu tenho. Tenho um exemplo incrível de ter 11 filho extraordinário chamado Francisco, que tem 14 anos e que tem umas inquietações muito. 51:34 Muito boas pá, muito, muito poéticas, muito. É uma idade difícil. E boa. E tão boa. E tenho. Tenho muita sorte. Francisco é um miúdo incrível. Mas mesmo que não fosse, eu diria assim. Para ele e tu e tu estimulas ou acalmas as ânsias dele. Eu eu acho que sou eu e a mãe dele, acho que somos estimuladores da sua, das suas várias consciências, social, política, artística. 52:02 Mas temos uma, o respaldo que encontrámos naquele naquele ser humano, foi maior do que qualquer um incentivo que nós pudéssemos dar. Ou seja, nós lançámos um bocadinho, as paisadas para os pés dele e ele de repente floresceu. E é hoje em dia uma pessoa é um ser humano extraordinário e pronto. 52:19 E eu costumo dizer aos meus amigos que o primeiro filho muda a nossa vida, o segundo acaba com ela, uma terceira. Esta turística, sim, é pá. Eu acho que os 3 deram um cabo da minha vida. É uma dinâmica diferente, não é? 3. É, é ainda por cima estão os passados, não é? Um tem 14, outro tem 3, outro tem 1 ano e meio e para o ano provavelmente quero ter mais um filho, porque acho que é lá está eu estou com água, luz a tatuar aqui, algures, portanto, tu. 52:43 Vais salvar o nosso problema de de de naturalidade e demográfico. Eu espero que sim, eu já sou Oo chamado povoador dos olivais. Portanto, vão para sim, sim, olha o que é que te falta fazer para fecharmos o que é que anda o que é que andas a escrever o que é que anda, o que é que te anda a inquietar o que é que te anda aí a. 53:01 Debaixo do teu olho. Olha, estou concorri a uma bolsa para escrever um livro. Pode saber sobre o quê? Sim, sim, é um filme que eu não, que eu não tenho dinheiro para fazer e, portanto, vou fazer o livro. E depois pode ser que o livro reúna. E os bons livros dão sempre grandes filmes. 53:17 Ao contrário, os maus livros, eu sei que eu sei que vou ser fraquinha e, portanto, os maus livros dão bons filmes, os bons livros. Portanto, a tua expectativa é que o livro seja mau que é um grande filme? Sim, sim, não. Mas pelo menos seja seja livro. Isso é importante. Eu gosto imenso de livros. Gosto imenso de ler. É das coisas que eu mais gosto de fazer, é de ler. Fiz isso candidatei me EE. 53:33 Entretanto, estou a preparar uma série de outro género, completamente diferente, que é uma série de de fantástico de terror, escrita por 5 amigos, de que eu tenho muita estima. Por quem tenho muita estima, o Tiago r Santos Oo Artur, o Artur Ribeiro, o Luís Filipe Borges, o Nuno Duarte e o Filipe homem Fonseca. 53:51 Que é uma série chamada arco da velha, que terá estreia na RTPE, que se passa entre Portugal e a galiza e também vai ter uns toques de Brasil. E estou também a preparar outro projeto lá mais para a frente, que é provavelmente os projetos que eu mais quero fazer na vida até hoje, que estou a desenvolver com a Ana Lázaro, com a Gabriela Barros e com o Rui Melo. 54:13 É impossível falhar, já ganhaste. Completamente impossível falhar porque esta ideia original é da Gabriela e do Rui. Ei, e eles vieram ter comigo. E eu fiquei para já muito conten

netflix tiktok donald trump hollywood brothers european union portugal desde matrix os estamos brasil rio antes era hist quando qual uma quer ent bloomberg espero tudo rom ia esse ant sim nas sol ele depois agora vem aa tamb deus isso ao pelo aaa quais mois parece david lynch ainda foi malta fazer sem muito herman sabemos reden seja fala monte peter pan falamos primeiro gpt espera claro anal pereira perd tens monty python temos nem pronto muitas pois ei mayer sketch ee bora assume no no ferreira angola chegou esperan num conta bahrain lisboa essas falar bom liberdade tiago contar talvez pensando gra podem mel brooks vasco quase quero estou tenho esses imagina pouco fonseca faz mello posso inf vende deixa realiza obrigado voltamos isto henrique quantas sou influ dali gon benfica corrida messias olha neve portanto hum filipe dizer jesus cristo vontade enfim excelente crescer monteiro mota obviamente estrela acho nenhum gosto coimbra horizonte jardim jeito completamente pergunta fellini houve extraordin oo pureza branca perdemos regra franca rui nova iorque tive alunos tornou eram caldas gda evidentemente rtp beb fiz naquele ptc queres fraga na na ouvimos oooo rame viu escutar deles aic polariza atores voltei rir exatamente cresceu aprendeu nessas oka eee devia filma lembro quadra eventualmente complementar independentemente conseguem eea pensei o rei le coliseu soraia eeo imaginem filmar ricardo ara eeee entraram filmado connosco bruno nogueira gajo eeeee tiago pereira exato herman jos rimos cristiano santos aact ooa gabriela barros
Mezclas Abruptas
Cómo encontrar tu lugar, con Alex Lago

Mezclas Abruptas

Play Episode Listen Later Nov 25, 2025 68:13


Cuando conocí a Alex Lago me di cuenta que estaba pasando por uno de esos momentos en la vida donde por fin encuentras a tu pandilla y a tu lugar. Y por eso quise invitarlo a platicar a Mezclas Abruptas. Alex Lago es un actor mexicano a quién debes de reconocer por la serie VGLY de HBO. Acabamos de lanzar su nuevo podcast ¿Qué Tranza, Mi Bubble? donde ha entrevistado al cast y miembros de la producción de la serie, y músicos como El Malilla, Eme Malafe, Simpson a Huevo y Millonario. Obviamente hablamos de actuación, de historias de lealtad entre amigos, pero sobre todo de música: Hasta descubrimos su amor por el metal, aunque yo pensaba que con Alex era puro reggaeton y música callejera nacional. Explora los altavoces, barras de sonido y todo lo que ofrece la plataforma en https://www.sonos.com/es-mx/home.  En esta Mezcla Abrupta, Alex Lago y yo pusimos sobre la mesa:

ILTjuegos
NOMINACIONES GAME AWARDS & BLACK OPS 7 MEME [ILT Juegos -Twitch Edition- #65]

ILTjuegos

Play Episode Listen Later Nov 21, 2025 127:40


️ Esta semana destriparemos con cariño las nominaciones a los Game Awards y los GOTY del señor Dori: las sorpresas, lo que nos ha hecho arrugar la nariz y nuestras quinielas. Obviamente hablaremos del gran favorito del año: Clair Obscur: Expedition 33, que viene con récord de nominaciones y el aura de llevarse el GOTY y mucho más. Y como no queríamos rajar solos de esto, nos acompañará en el programa un invitado de excepción: Pablo del podcast La Regla del 3. Si alguien puede hablarnos del juego con propiedad es él, que se marcaron un especial multiepisódico maravilloso. Pero tranquilos, que aquí no solo vivimos de premios y dramas: tendremos también nuestra querida sección de noticias de mierda. Porque sí, amigos! siempre, SIEMPRE hay noticias de mierda. Y yates. A veces también hay yates. Déjanos tu opinión en los comentarios ❤️ - INTRO (00:00:00) - PRESENTACIÓN (00:02:36) - OJETE AVIZOR (00:11:10): *NOMINACIONES GAME AWARDS & GOTY* - NOTICIAS DE MIERDA (01:40:00): Ubisoft en la mierda / *Black Ops 7 se convierte en MEME* / HP vuelve (en la sombra) / El nuevo yate de Gabe Newell - ENDING (02:06:35) ❤️LIKE & SUBSCRIBE ⏬¡Síguenos o pasa el rato con nosotros aquí!⏬ - Twitch: https://twitch.tv/ILTjuegos - YouTube: https://www.youtube.com/@iltjuegos - iVoox: https://www.ivoox.com/podcast-iltjuegos_sq_f1446764_1.html - Spotify: http://spotify.iltjuegos.com - Apple Podcasts: http://itunes.iltjuegos.com - Telegram: https://t.me/ILTjuegos - Instagram: https://www.instagram.com/iltjuegos - X (Twitter): https://x.com/iltjuegos - TikTok: https://www.tiktok.com/@iltjuegos ❤️Agradecimientos❤️ - Gracias a tod@s por vernos o escucharnos cada semana. - Gracias a Arcade Planet por patrocinar el programa. - Gracias a Jose Manuel Fernández 'Spidey' por el tema chiptune del outro y a todo Metodologic por estar siempre ahí. - Gracias a Suno por brindarnos una IA para hacer el tema de la intro "Los chachos se han pasado al Twitch". - Gracias a https://ocremix.org y a todos los artistas que aparecen en el streaming con sus creaciones como cama musical y que hacen este programa mejor. Si estás escuchando la versión podcast de este streaming, recordarte que puedes consultar los artistas de todos los temas a través de la versión streaming (Twitch o YouTube) de este episodio de ILT Juegos.

Pergunta Simples
Como comunicam os bebés antes das palavras? Pedro Caldeira da Silva

Pergunta Simples

Play Episode Listen Later Nov 19, 2025 54:01


Hoje abrimos uma porta especial: a porta para o momento em que a comunicação ainda não tem palavras. É ali, naquele segundo primordial, que tudo aquilo que somos, sentimos e esperamos cabe num olhar, num ritmo, num gesto que ninguém nos ensinou — mas que todos reconhecemos. Antes de falarmos, já comunicamos. Antes de dizermos “mamã” ou “papá”, já perguntamos: “Estás aí para mim?” Este é um dos territórios mais fascinantes e menos compreendidos da vida humana: a comunicação dos bebés. Intuímos muita coisa. A investigação ilumina ainda mais. Mas a cada novo estudo percebemos que a comunicação nos primeiros dias de vida é infinitamente mais complexa, sofisticada e decisiva do que imaginávamos. Para nos guiar, contamos com o olhar de Pedro Caldeira da Silva, fundador da Unidade da Primeira Infância do Hospital D. Estefânia e pioneiro da psiquiatria dos bebés em Portugal. Um clínico que passou décadas a observar esta dança silenciosa entre bebés e adultos — e que nos ajuda a ver o que tantas vezes nos escapa. Como é que os bebés comunicam quando ainda não têm palavras? Um tema que merece reflexão é: Como é que os bebés comunicam antes das palavras? Pedro Caldeira da Silva A comunicação de um bebé recém-nascido não é um acaso nem um reflexo automático. É intenção. É relação. É um corpo que chama o outro. E há sinais claros dessa comunicação precoce: A imitação involuntária de expressões faciais. A procura insistente do rosto humano. A preferência pela voz da mãe entre todos os sons. A capacidade de criar padrões rítmicos e emocionais. A repetição — o primeiro esboço de diálogo. Antes de falar, o bebé já pergunta, já espera, já testa. E, sobretudo, já organiza emocionalmente o mundo que o recebe. E quando um bebé não comunica? O que significa o silêncio? Se a comunicação precoce é natural, a sua ausência levanta perguntas. Um bebé que não procura, não repara ou não repete, pode estar a emitir um sinal tão forte quanto o choro mais intenso. Nem todo o silêncio é igual. Há o silêncio que acalma — e há o silêncio que preocupa. Pedro Caldeira da Silva ajuda a distinguir: O silêncio protetor: o bebé recolhe-se, mas volta. O silêncio sinal: o bebé não volta, não responde, não entra no jogo relacional. E aqui entramos num dos temas mais sensíveis da atualidade: o aumento dos diagnósticos do espetro do autismo. O episódio não traz alarmismo — traz clareza. O que sabemos. O que ainda não sabemos. O que precisamos de observar com atenção genuína. Da primeira infância à adolescência: o que muda na forma de comunicar? A conversa leva-nos num arco completo: do recém-nascido ao adolescente. E percebemos algo essencial: a comunicação humana é um contínuo, não um salto. O bebé imita porque precisa de relação. A criança repete porque precisa de segurança. O adolescente contesta porque precisa de autonomia. E nestas fases, pais, mães e cuidadores vivem um misto de responsabilidade, dúvida, exaustão e culpa. É por isso que o episódio fala também dos “tutores de resiliência” — figuras decisivas que surgem quando a família não chega: professores, treinadores, amigos, adultos significativos que seguram o chão emocional de uma criança. Os ecrãs fazem mal? Ou faz mal a ausência do adulto? Este é um dos mitos mais persistentes. E a resposta surpreende. O problema não é o ecrã. É o bebé que passa horas a olhar para uma televisão que não o olha. É a criança que perde ritmo, toque, olhar e reciprocidade. É a relação que desaparece enquanto a tecnologia ocupa o espaço. Um ecrã nunca é prejudicial por si só. Prejudicial é a negligência, a ausência emocional do adulto, o vazio relacional. O tédio também comunica Vivemos uma infância hiperorganizada: horários, atividades, vigilância constante. E, com isso, quase eliminámos um elemento crucial: o tédio. O tédio é fértil. É a matéria-prima da criatividade, da descoberta, da exploração. É onde se inventa. É onde se cresce. Ao retirar o tédio, retiramos à criança uma das primeiras formas de autonomia interior. A ausência emocional: o silêncio que fere Talvez o ponto mais duro — e mais urgente — do episódio: a indisponibilidade emocional. Não é ausência física. É presença sem vínculo. É um adulto que está, mas não responde. Que ouve, mas não devolve. Que vê, mas não repara. Esse silêncio cava um buraco na criança — e as marcas chegam muitas vezes à adolescência e à idade adulta. Falar deste tema é desconfortável, mas necessário. Porque só nomeando podemos reparar. Podemos reparar aquilo que falhou? Sim. E é uma das mensagens mais luminosas da conversa. Mesmo quando falhou vínculo, tempo ou atenção, nada está perdido. A experiência molda-nos, mas não nos fixa para sempre. Basta uma relação capaz, um adulto atento, alguém com disponibilidade emocional para realinhar o caminho. Humanamente, isto é extraordinário. E é profundamente esperançoso. O que fica desta conversa? Que os bebés dizem muito antes das palavras. Que as crianças comunicam mesmo quando não explicam. Que os adolescentes falam mesmo quando parecem calados. E que comunicar continua a ser uma arte de observar, responder e reparar. No fundo, a pergunta que atravessa toda a vida — da primeira infância à idade adulta — é sempre a mesma: “O que precisas de mim agora?” LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO Esta transcrição foi gerada automaticamente. Por isso, ela pode não estar totalmente precisa. 0:12 Ora, vivam bem vindos ao pergunta simples, o vosso podcast sobre comunicação? Os abrimos uma porta rara, a porta para o momento em que a comunicação ainda não tem palavras. Um instante em que tudo aquilo que somos, sentimos e esperamos. Cabe num olhar, num ritmo, num gesto minúsculo que ninguém nos ensinou, mas que todos reconhecemos. 0:35 Antes de falarmos, já dizemos, muito antes de dizermos, mamã ou Papá, já perguntamos, estás aí? Para mim, isto é um dos territórios mais fascinantes e talvez dos menos compreendidos da vida humana, a comunicação dos bebés. 0:51 Pelo menos para mim, todos intuímos algumas coisas. Há muita investigação e há a cada passo. Factos novos sobre a comunicação dos bebés não a fala, mas a intenção de comunicar a forma como um recém nascido convoca o adulto, cria padrões, imita expressões e constrói de forma surpreendentemente sofisticada, o seu primeiro mapa emocional do mundo. 1:13 E entramos acompanhados por alguém que passou décadas a observar esta dança invisível. Pedro Caldeira da Silva, fundador da unidade da primeira infância do hospital dona Estefânia e pioneiro da psiquiatria dos bebés. Ele ajuda nos. A ver o que normalmente não vemos, o choro como mensagem, o sorriso como reforço, a imitação. 1:33 Como o pedido de relação mostra nos como um bebé antes de falar, já está a estabelecer expectativas, a construir memória e organizar o pensamento, testando se o mundo responde e porque. A comunicação não é só técnica, é, sobretudo, vínculo. 1:50 Vamos também perceber como é que estas primeiras conversas deixam marcas. Na forma como olhamos, na forma como escutamos, na forma como nos relacionamos mais tarde, já, adolescentes ou adultos. Isto episódio é sobre bebés, mas também é sobre nós. Sobre aquilo que herdamos, aquilo que aprendemos, aquilo que continuamos a tentar reparar. 2:19 É desconcertante perceber que um bebé de poucos dias já vem equipado com competências impressionantes, imitar expressões faciais, procurar um rosto, preferir a voz da mãe no meio de todos os solos do mundo, organizar padrões, criar uma espécie de música emocional interior que o ajuda a antecipar o que aí vem e, acima de tudo, comunicar ativamente antes de ter uma linguagem, uma linguagem, falar de bem entendido. 2:46 Mas. Também é inquietante perceber o oposto, quando o bebé não procura, não repete, não repara, não responde. O silêncio pode ser um pedido, pode ser um sinal, pode ser o início de algo que precisa de atenção. Pedro Caldeira da Silva explica nos como distinguir o silêncio que protege do silêncio que preocupa e fala abertamente sobre o aumento dos diagnósticos do espectro do autismo, sobre o que sabemos, sobre o que suspeitamos e sobre aquilo que ainda estamos a tentar compreender ao longo desta conversa. 3:14 Viajamos da primeira infância até à adolescência, entre os bebés que imitam sem saber e os adolescentes que contestam. Sabendo demasiado, falamos do não como o Marco da autonomia de tensão entre Pais e filhos, do peso da responsabilidade parental e da culpa permanente de quem acompanha e cuida. 3:32 Falamos do papel das mães e dos pais e de todos aqueles que, ao longo da vida, funcionam como tutores de resiliência. Professores, treinadores, amigos, aquelas figuras que nos seguram quando a família não consegue e falamos dos ecrãs. Mas aqui a resposta surpreendeu. 3:48 Me não é o ecrã que faz mal, é a negligência. O problema não é a tecnologia, é a ausência do adulto, é o bebé que passa horas em frente a uma televisão que não vê, é a criança que perde a interação, o toque, o olhar ou o ritmo. O ecrã não substitui em definitiva relação, a relação é o que mais conta. 4:07 Um outro tema central desta conversa é o tédio. Hoje quase não deixamos as crianças entediar. Se entre a escola, atividades, horários e vigilância constante, a infância perdeu o vazio fértil onde se inventava, explorava, construía e até se errava. 4:22 O tédio é uma forma de Liberdade e uma das matérias primas da criatividade recuperá lo. Pode ser um dos maiores gestos educativos do nosso tempo. Por fim, chegamos ao ponto que atravessa toda a conversa, a indisponibilidade emocional que é mais destrutiva que o abandono físico, é o estar presente no corpo, mas ausente no vínculo. 4:44 Uma presença que não responde, que não repara, que não devolve. Uma espécie de silêncio que cava um buraco dentro da criança. Um tema duro, sensível, mas absolutamente necessário. Pedro Caldeira da Silva, pioneiros da psiquiatria da primeira infância em Portugal, conhecido como a psiquiatra dos bebés pode ser isto, posso apresentá lo assim? 5:06 Bom, já levou alguns antes de mim, mas. Já levou outros antes de ti, então? Mas porque é que porque é que ficou? Porque é que ficou conhecido como como o psiquiatra dos bebés? Bem, porque a minha vida profissional no hospital foi sempre com bebés, trabalhei sempre na unidade da primeira infância. 5:26 Da primeiro do centro de saúde mental infantil Lisboa e depois do do hospital dona Estefânia, portanto, que era uma unidade de saúde mental para bebés e suas famílias, portanto, atendi bebés e crianças pequeninas até aos 3 anos. E o que nos dizem os bebés antes de falar? 5:44 Porque é um problema, não é. Quer dizer, como é que, como é que é, como é que como é que se fala com eles antes na antes deles dizerem Papá e mamã? Pois é a questão. Eu penso que é um bocadinho. Ao contrário, como é que eles falam connosco? Como é que eles falam connosco? E isto é que às vezes é necessário algum cuidado e alguma atenção e algum alguma observação continuada para para percebermos o que é que o que é que eles nos dizem? 6:10 E como é que eles falam, como é que eles nos falam? Bom, os bebés, os bebés têm competências que hoje em dia sabe se muito sobre isso, sobre as competências com que os bebés vêm já equipados de nascença. E que nos dizem genericamente isto, os bebés não são uns agentes passivos que recebem coisas de de nós. 6:32 Os bebés são agentes ativos na comunicação. Logo desde que nascem. E antes de nascerem e antes de nascerem. Portanto, aquela ideia de que a gente fala para a para a barriga da grávida é é uma ideia que faz sentido. É, é, é os bebés. 6:48 Os fetos já estabelecem padrões e, portanto, já se sabe, isto é, enfim, são observações e experientes, relativamente fáceis de fazer, que os bebés, quando nascem, têm uma preferência pela voz da mãe. Ah, lá estão os pais, depois é isso? Está mais próximo, não? 7:04 É e ouviram a mãe durante muito tempo e. Portanto, já lá está nasceram no fundo, quando têm uma consciência inicial de si próprio. Já é com esse ruído de fundo, com esse, com esse, com essa música de fundo. Não quero usar a palavra ruído. Sim, eu não sei se é bem a consciência de si próprio. 7:20 Isso está se a está, se a construir. Mas os bebés, como todos nós, somos fazedores de padrões, não é o nosso. A experiência repetida organiza a memória e a memória depois permite nos formar expectativas. Enfim, EE, isto depois leva nos ao pensamento. 7:39 É essa a maneira, portanto, a gente consegue começar a ver que aquilo é redondo. E que redondo, por acaso também é uma bola, por acaso também é uma roda. É desta maneira de associação. Pode ser, pode ser assim, mas em termos da comunicação e, portanto, através do som. Mas não só do som. 7:54 Depois, há uma série de outras de outras maneiras de os bebés comunicarem e receberem a informação da nossa parte. Então, e como é que um bebé comunica antes de falar, antes da verbalização, antes do verbo? Então, uma das coisas muito importantes que os bebés têm que fazer é assegurar que os grandes se interessam por eles e estão dispostos a cuidar deles. 8:17 E para isso, os bebés vêm com uma série de equipamentos para para nos fazer aproxima deles. Tem o radar? Têm, por exemplo, uma maneira de fazer com que o adulto se aproxime, que é chorar. Parece me um método bastante eficiente, muito. Eficiente e. 8:32 E eles, quando quando abrem aquela goela que aquilo é uma sirene, aquilo nota se muito. É uma coisa que nos incomoda sempre, portanto, é muito difícil nós não nos incomodarmos com o choro de bebé. Eu costumo dizer por brincadeiras, os meus colegas pediatras, só os pediatras é que já não se. 8:50 Porque ele? Porque ele vem muito, mas qualquer de nós se ouve um bebé chorar, sente que tem que fazer qualquer coisa ou fazer ou dar uma justificação. O que é que será? E todos os shows são são iguais. E não. E os os shows são diferentes. E os cuidadores, como é que chamamos mães? 9:07 Mas os pais relativamente rápido conseguem distinguir que se é um choro de fome, se é de dor, se é. Incómodo, enfim. Portanto, o chorar é uma maneira de aproximar Oo grande, mas o sorrir em resposta também é outra maneira de pronto reforçar a aproximação. 9:27 E nos atrair não é atrair. Olha o bebé está só. Olha o bebé que sorri. Eu estou a ter sucesso. Nós sabemos hoje em dia que os bebés recém nascidos têm uma competência de imitar as expressões faciais. Que no fundo tem este sentido. Também penso eu que tem este sentido que é reforçar bem. 9:45 Eu estou a ser reconhecido, estou a receber uma mensagem do bebé. O bebé recém nascido imita expressões sociais do do adulto. É um espanhol. É um, é como se fosse um. Espelho que a grande tática. É extraordinário e sobretudo porque é transitório. Depois isto desaparece até parecer a verdadeira comunicação, mas é 11 repetição em espelho e mais do que imitar o bebé, depois toma a iniciativa, pede. 10:08 A repetição da expressão facial para para nós fazermos outra vez, quando? Nós fazemos aquilo, o cucu, por exemplo, para para ver se. Por exemplo, abrir a boca, fazer assim com os lábios, deitar a língua de fora. E se nós conseguimos estabelecer um padrão com o bebé muito pequenino, uma semana e conseguimos envolvê lo, fazemos uma pausa e depois é o próprio bebé que. 10:31 Portanto, há uma dialética de comunicação, logo, desde o nascimento, há um. Equipamento de série. Bastante sofisticado, já, já, já percebi. Então como é que se cria um vínculo com esse pequeno ser antes das palavras? Então é como? É que a gente se desenrasca. 10:46 É com a repetição. É com a repetição. Quer dizer, nós, os cuidadores, têm alterações hormonais que também os predispõem um bocado para serem cuidadores, não é? A famosa ocitocina, que é. Hormona do amor. Que é uma hormona do cuidado, mas curiosamente é uma hormona de obsessão dos comportamentos obsessivos. 11:07 Então, e por isso é que nós temos que ter, estamos preocupados, os bebés está bem? Se está, está com o calor, se está a dormir bem, se está tudo a correr bem. Então, aqueles pais que são excessivamente preocupados, que estão quase imagino que que muitas vezes deu consultas AA bebés e aos pais. 11:26 Sim, bebé faz parte. Bebés e pais, sim. Estarem mais preocupados? Pode acontecer sim. Aqueles outros que não estão nada preocupados também. Pronto, também pode acontecer. Também, e isso e isso depois tem um impacto na no desenvolvimento da conferência. Um desapego não querer saber. 11:43 Com certeza, porque enfim, voltamos à à repetição da experiência, não é? Tudo isto tem que ser experimentado várias vezes para o bebé começar a antecipar o que é que pode esperar dos outros. E há bebés que crescem com, enfim, com esta ideia de que os outros não servem para nada. 12:04 Logo, desde tenra idade. Pois desde muito tenra idade. É uma espécie de quê de desamora? Que eles não conseguem ter a sessão sobre o outro e portanto, isto não conseguem construir depois esta ligação. E como se fossemos estranhos, é como se o bebé percebesse que não há ali um cordão umbilical emocional. 12:20 Sim. Sim, podemos pensar assim, e como é que isso cura? Depois, mais tarde, como é que se cura essa ferida? Com a modificação da experiência. E vamos a tempo. Vamos sempre a tempo, porque vamos sempre a tempo. No início, o disco está ali, está ali. 12:36 Virgem não é EE com uma grande capacidade, há. Um há um, enfim, há um conjunto de processos que nós sabemos que são específicos dos 3 primeiros anos de vida. E que são críticos. Em termos da arquitetura cerebral do tipo de ligações que se estabelece. 12:52 Dos neurónios que sobrevivem e dos que se desativam e, portanto, os 3 primeiros anos de vida são, digamos, nucleares para isto. Então temos que começar a perdoar aqueles adultos que, afinal, são uns estupores e que provavelmente não receberam esse. Esse perdoar, não se perdoar. 13:12 Não. Mas pode se compreender agora. Eu não sou radical desse ponto de vista. Eu acho que nós continuamos a ter experiências de toda a vida. Ao longo da vida, temos experiências fundamentais. E, portanto, não, não me agrada esta ideia fundamental que é ou é até aos 3 anos, ou estamos todos tramados ou. 13:32 Não há nada a fazer. Ainda bem que não é assim, porque ainda enfim, com certeza que nós temos mecanismos vicariantes de substituição das das redes nacionais para isto ser de alguma maneira recuperado agora que há pessoas que não são más, há. E estão aqui, bom o tom de vós e o ritmo. 13:50 Qual? Qual é o papel que tem na segurança emocional? Desse pequeno ser, desse bebé. Oo tom de voz agradável. Sim, estou a partir do pressuposto que 11 gritaria provavelmente tem um efeito exatamente ao contrário. Também tem outro pronto, isto faz parte da mensagem, não é? Faz parte da mensagem. 14:05 Os bebés entendem estas, a melodia e o ritmo da voz como parte de algo agradável e que induz um desejo de continuar, digamos assim. Portanto, a mensagem nós depois, enfim, uma boa parte do meu trabalho é observar, observar o que se passa entre o bebé e os cuidadores EE aí quando quando há enfim o bebé já tem algum tempo devido, alguns meses depois forma se uma dança ou um jogo de serve and vitain como usando uma expressão do ténis, portanto um atira a bola e depois e. 14:44 Eu tenho 11 curiosidade que é? Como o médico fica lá atrás da sua secretária, está próximo de bebés, está sentado, como é que fisicamente, como é que é 111? Consulta depende das consultas, mas nas consultas com bebés eu muito frequentemente não estou sozinho. 15:05 Há um observador que regista por escrito o que se passa entre os bebés e o pai e os pais enquanto eu estou a. Para os pais? Para não perder? Tempo não perder nada do que se observa. Não perder pitada. Portanto, há alguém em geral é um observador que está em formação e, portanto, há uma ótima informação. 15:23 Bela, desculpa, não é estar. Apenas ali a observar, observar o que se passa na interação entre os. E que e que notas são essas? O que é que está lá? Está escrito? Nesse registo obsessivo do que se passa entre entre o bebé e os pais. Neste sentido, olha, não olha, afasta, se aproxima, se agita, se a mãe embala. 15:44 Toca, não toca. Toca, não toca. O bebé afasta, se já anda, gatinha, vai buscar qualquer coisa. Mostra os pais, não mostra os pais, os pais respondem, não respondem, enfim, há um conjunto muito grande de situações que nós registamos e depois ouvimos depois numa numa reunião para ver o. 16:05 Conseguimos identificar. Além disso, fazem se vídeos de da interação em situações padronizadas para isto tudo isto é informação clínica. Para ver como é que, como é que, portanto, no fundo, nós claro que não somos seres individuais, mas enquanto seres comunicantes e emocionais. 16:25 Nós somos nós, mas a relação a esse vínculo, essa ligação, obviamente conta na, na, na, na, naquele grupo de pessoas, com certeza eu pensar mais. Clássico, No No início, enquanto não há, o bebé não tem, digamos, um grande pensamento ou uma memória. 16:41 A interação confunde se com a relação, quer dizer, a vida relacional do bebé é a interação, pois à medida que. Vamos crescendo um pouco em temos pensamento, já temos memórias, já pensamos coisas em relação. É mais do que a interação, não é? 16:58 Mas ao princípio é a interação, é o é o principal. E a primeira vez que os pais entram com a criança com o bebé no consultório, tiro lhes a pinta logo. Ou esforça se por não fazer nenhum prejuízo, ou ou ou capta logo informação logo na entrada, ou até não ou até cá fora na sala de espera. 17:20 Capta a informação na sala de espera, mas isso é uma técnica para todos os médicos, EE. Vai lá ver o quê, o que é que, o que é que vem à procura? Eu observo a, portanto, observo o que se passa. Não, não tenho assim, nada de. 17:37 Pré definido o que é que o que é que procuro um contacto rápido com o bebé, portanto, e aí dá me logo a ideia se o bebé ou se criança pequena reaja ao estranho ou não reaja ao estranho intestino, se procura apoio nos nos cuidadores, se vem comigo ou se fica agarrado aos pais, enfim, há se uma quantidade de de informação que nos dá. 18:00 Logo, ideia do que do estado das coisas? E este programa chama? Se pergunta simples, mas eu tenho uma pergunta complicada, os bebés gostam de si? São uma resposta muito complicada porque eu, devido à minha modéstia, não posso. Não vou mudar a pergunta, como é que faz para que os bebés gostem de si? 18:20 Não faço nada, nem nem me interessa que eles gostem de mim. A Sério? A Sério? É uma coisa que eu tenho muito cuidado e todos nós sabemos que temos muito cuidado. Não podemos seduzir os bebés. E os bebés gostam de nós quando se sentem que nós estamos interessados neles. 18:40 Mas nunca usando técnicas de sedução em relação. Nunca chupa chupas, não é? Não é? Estou a pensar nos avós, não é que estão sempre com as suas crianças e com os gilbertos a fazer todas as táticas. Que isso não é uma situação clínica? Claro que sim. Se a vida real é outra coisa. Uma neutralidade sim, uma neutralidade não. 18:56 Um interesse no bebé ou na criança pequena? Não. É, e a criança sente isso. Percebe imediatamente? Imediatamente. Imediatamente. E isto é uma coisa. Por exemplo, nas creches ou na nos jardins infantis, é uma coisa fundamental. As crianças percebem logo se os adultos estão interessados nelas ou não. 19:15 E reagem, e reagem de acordo, uau. Reagem de acordo neste sentido. Pronto, as coisas estão a correr bem. Há aqui uma resposta, há um envolvimento. Há aqui uma troca de. Movimento. Ou mas não se dão Ah, ou dão se ou não se dão. 19:32 E há um envolvimento, ou então a gente faz asneiras, erra porque. Mas nós erramos sempre, não é ou não? Erramos sempre, sim. Dá uma ideia. Quando é que vamos? O bebé diz, nos não é isto, não é isto. Portanto, quando o bebé diz que não e que não é uma pura rabugice, sim é. 19:50 Uma manifestação é uma manifestação de que é pá. Isto não, não é bem isto que está a correr. Às vezes nós provocamos alguma. Algum obstáculo na interação com os bebés também para ver como é que os bebés resolvem problemas ou as crianças pequenas, não é? 20:05 Não é só bebés, teria mais frequentemente são crianças, não é? Como é que já andam que já têm acesso à à linguagem também, embora rudimentar, mas às vezes criamos algumas dificuldades para perceber como é que a criança reage e responde. 20:24 Vamos falar de uma coisa mágica? Que é o momento em que o bebé diz a primeira palavra, o Papá, o mamã ou outra qualquer. O que é que acontece? O que é que que coisa formidável é essa de um pequeno ser equipado com esses radares todos? 20:44 Subitamente encontra uma palavra lá dentro. Não só encontra a palavra. Como consegue dizê la? Porque são aqui coisas, o que é que é que está a acontecer ali ali dentro? Isto é um processo continuado, não é? Antes de muito antes de dizer a palavra dos sons, não é? 21:00 Outra coisa que os bebés vêm equipados é com essa capacidade para chamar. Localizar chamando, não é? Ah, Ah, eu faço isto. E aquela senhora que eu depois vou chamar mãe aparece, não é? E ele rapidamente liga os pontos, não é depois? Vou praticando, não é? Vou praticando, estabelecendo umas expetativas e depois lá passa a babá, mama laga e o bagagá. 21:23 Enfim, a quantidade de sílabas vai, se vai se desenvolvendo e, portanto, até dá. Se este processo duplo não é, vai se desenvolvendo na capacidade para fazer vários sons. E a capacidade dos adultos para dar significado aos sons? Nós entendemos o que eles estão a dizer no. 21:39 Nós damos sentido ao que eles estão a dizer. É diferente. Queres, papa? A AI a mamã, diz mamã. E ela vai confirmando. E vai se repetindo, não é? Isto é, também há. Há uma aprendizagem. Os sons começam a ter significado, não é? 21:55 E começam a ter sentido. E começam a ter sentido. Então, e. Como é que nós podemos ajudar os pais cujas crianças, num determinado momento, ou ou ou ou estão? Não sei, não sei se posso usar a palavra atrasadas nesse primeiro balbuciaram nestas primeiras palavras, ou o Papá ou a mamã e os pais começam a ficar ansiosos a pensar, então, mas quando? 22:18 Quando é que? Quando é que o meu bebé que diz qualquer há uns muito precoces que que são, são, mas, mas, mas outros que que que demoram o seu tempo ou que e que ficam muito ansiosos? Porque é que. O que é que o que é que nós podemos dizer? Depende da observação. Enfim, temos que pensar em 2 coisas, comunicação e fala. 22:38 Para falar, é preciso ter uma série de competências de comunicação já desenvolvidas e quando elas existem, a fala há uma margem relativamente grande para a fala aparecer. Quando é que é suposto 11 criança começar a falar, é? Isso mesmo, há uma margem relativa. 22:54 Pronto, podemos passar bem. Enfim, o ditado diz, lá ou anandarás aos 2, falarás, enfim, pronto. Há assim uns uns limites que os pediatras de desenvolvimento enfim, têm na cabeça e muito bem nas consultas de vigilância também. 23:12 Pronto, ele deve falar aos 2 anos, deve dizer palavras e entre os 2 e os 3, juntar palavras. Mas mais importante que isso, muitas vezes é. Como o bebé expressa o pensamento. Mesmo antes da palavra, nós conseguimos falar, falar com ele. 23:29 Mesmo que ele não diga palavras, nós dizemos, OK, onde é que está o livro? Ele percebe o que é que é? Compreende o que é que vai sempre à frente da expressão. Portanto, os bebés percebem, sempre entendem, sempre mais do que. Então, e o que é que nós podemos fazer para estes bebés que que que até têm competências e vão desenvolvê las mas está um bocadinho mais mais preguiçosos, mais renitentes, com menos vontade de de falar connosco o que é que o que é que a. 23:51 Gente está a fazer isso, está tudo bem? Temos que waiting Sea, portanto, esperar e ver para ver. Com paciência. Mas imagino que os pais não sejam de pacientes, não é? Quer dizer, EE é uma preocupação natural? Pode. Ser pai e mãe está as 2. 24:07 Está preocupado isso? Faz parte, pronto. E muitas vezes perguntam nos mas está tudo bem? Passa alguma coisa? E nós às vezes observamos e achamos que sim, não está tudo bem. Ou então achamos que há dificuldades muito importantes. E que tem a ver aqui com a escuta, tem a ver com com a maneira como. 24:24 Haver um défice sensorial não é. Quer dizer, pode não ouvir e isso tem que ser despistado. Mas hoje em dia é um. É uma situação que tem Aparecido muito, muito, muito. São as perturbações do espectro do autismo. É um quadro muito preocupante, que pode ser muito preocupante e que tem vindo a aumentar. 24:46 De forma impressionante. Uma estatística a apontar para isso. Nós, em Portugal, não temos estatísticas, não é? Mas as estatísticas mundiais apontam para isso, não é? Não é uma coisa portuguesa, é uma coisa mundial. Não é um aumento de casos das perturbações de espectros de autismo. 25:05 Tem sido um galopante tão galopante que não pode ser verdade. Portanto, pode haver aqui 11 excesso de medição, 111 demasiada até uma atenção muito próxima. Disto, isto tem várias razões. Por exemplo, os os menus de doenças, não é, digamos assim, tem que chegar, aumentar. 25:23 Aumentou os critérios, alargou muito os critérios para se classificar uma perturbação de espectro noutismo. Não, não sou isto. Faz com. Com que haja uma estatística que eventualmente tens a. Gerar isto tem razões. Há razões económicas para isto, porque havendo um diagnóstico em certos países civilizados com. 25:40 Diagnóstico há tratamento? Há direito ao tratamento? Não. É, passa a haver um padrão. Então EEEE, estou sempre a pensar aqui agora, não nestas perturbações do do espectro do do autismo, mas entre as e. Tivemos a experiência agora na pandemia, entre as crianças poderem estar até aos 3 anos em casa, com a mãe, com o pai, com os avós, cada vez mais difícil. 26:01 Mas enfim, com os avós às vezes acontece. Versos desde muito cedo serem estimulados ao contacto com outras crianças no Jardim infantil e assistimos todos. E aos vírus também, mas, mas aos estímulos que que estão disponíveis, há uma receita mágica. Há alguns princípios gerais não se podem aplicar a toda a gente, claro, mas, enfim, na sequência daquilo que eu disse, a importância para os bebés, para as crianças pequenas, é a interação individual. 26:31 Mas os os miúdos pequenos não precisam nada de estar em grupo. Não precisam. Não precisam nada. Então nós não aprendemos em grupo, nós aprendemos. Eles já não somos pequeninos, não é? Portanto, eles precisam de um. Primeiro, primeiro, precisam de uma boa relação individual, continuada no tempo. 26:50 É por isso que nalguns países civilizados. Mais uma vez, a licença parental é alargada. Agora, Ah, não, mas cá isto não é assim. Então vamos fazer aqui. Vamos inventar aqui uma coisa que é cresce feliz e tal, que é o que é bom é os miúdos todos estarem em grupo A ser cuidados com uma pessoa. 27:09 Isto não é a experiência natural, nem aquilo que que é melhor para os para os bebés. Idealmente, deviam ficar até quando com os peixes. Até aos 3 anos de idade, as crianças não precisam de estar em grupo A ser cuidadas por 11 estranho, por um estranho. 27:25 E como mais ou menos competências, mas em geral com muito pouco conhecimento da vida emocional dos bebés. Quando uma criança diz não, isto é um ato de Independência ou é um ato de amor? Não sabe se nós sabemos, já há muito tempo, que é um dos marcadores do bom de desenvolvimento. 27:42 A Sério, a Sério. Então, aquilo que nos irrita profundamente. Porque a criança decidir dizer, não, não quero comer, não quero dormir. Não, não, não. É um sinal de autonomia? É um é um sinal daquilo que me estava a perguntar há pouco da consciência de si próprio. Portanto, devíamos celebrar. 28:00 Não devemos celebrar, não devemos discutir, faz parte. E sermos mais diretivos ou mais compreensivos, isto é, onde é que? Onde é que está o aqui? O elástico da coisa quer dizer, qual é o momento em em que a gente deve deve impor a nossa vontade de deuses adultos? 28:17 Ou quando nós devemos ser mais condescendentes? E deixar as coisas? Fluir bom há muitas maneiras de de criar crianças, muitas maneiras diferentes. Podemos fazer uma lista? As culturas familiares diferentes, tens essas histórias das famílias. 28:33 As pessoas têm muito, muitas maneiras diferentes. Nós temos vindo a evoluir, acho que sempre no sentido positivo. Abandonando um bocado esta ideia de que é uma coisa que eu costumo dizer muito nas minhas Apresentações, há 3. 28:50 Nós somos sempre tributários de 3 modos de pensar na infância, primeiro modo é dos dos puritanos, nós nascemos maus e temos que ser educados por ser corrigidos, ter que ser formatados, portanto, ajudar a crescer, a educar e corrigir. 29:08 Portanto, não faço, não faço, está quieto, não sei quê, não é? Ou então a nossa senhora, os bebés nascem bonzinhos e depois o que os estraga é a sociedade e, portanto, coitadinhos, são inocentes e pobres, e não sei quê. A teoria do bom selvagem. Do bom selvagem, exatamente. 29:25 Ou então não, senhora. Os bebés são competentes e e nós temos que os apoiar no desenvolvimento. E então, e voto em qual? Eu voto nesta última. Mas somos tributárias das outras, não? É, portanto, levamos com elas de qualquer maneira. Também há ainda uma terceira. 29:40 Penso que há uma quarta versão, que eu, das 3 primeiras, havia uma que estava a passar, que é os bebés não sabem nada, não nascem com nada e, portanto, tudo o que são sobre somos nós que lá poucos. Isso é um bocado é o empirismo? É. É um bocado egocêntrico também, não. É, é o empirismo. 29:55 Quer dizer, eu posso fazer um bebé tudo o que eu quiser. Não me parece, não é? Também não tenho, não tenho essa edição. Portanto, nem zero, nem maus, nem bons são competentes, não. É, é. Até porque eu tenho. Quer dizer, normalmente, por exemplo, quando nós conhecemos bebés, gémeos, eles estão a ser educados pelas mesmas pessoas no mesmo sítio, no mesmo ambiente. 30:17 E chamadas EE. E, na realidade, eles desenvolvem maneiras de ser e de pensar que são completamente diferentes um do outro, não é? Em geral. Quando não acontece, se temos um problema? Não, não, não necessariamente, não podem ser bastante parecidos. 30:33 E há coisas em que são. Há coisas em que são muito parecidos mesmo estudos de gémeos que foram separados e que depois se reencontram mais tarde e identificam que afinal. Usam as mesmas gravatas ou gostam da mesma comida? Assim vou. Dar uma boa série de de de televisão. Ah, uns programas sobre isso, penso que sabe, e. 30:50 E podemos fazer aquela pergunta aos pais que é, qual é o teu? Qual é o teu bebé preferido? Qual é o teu filho preferido? Podemos, mas os pais não, não devem responder. Mas do ponto de vista das crianças, os os filhos devem ser sempre únicos para os pais, não é. Portanto, devem ter uma individualidade. 31:07 O que faz todo o sentido bom, há uma altura em que a criança. Não sabe falar? A criança aprende a falar. Depois vai para a escola e passa lá muitas horas sentado a ler e a escrever. Não sei se o método de ensino é o melhor de todos ou não. Mas subitamente, eis que a criança chega ao alto dos seus 1213 anos e se anuncia como adolescente. 31:27 E perderam as palavras outra vez. Os adolescentes voltam outra vez anão querer falar muita coisa connosco. Ah, não, mas falam com eles próprios, falam com falam. Com quem lhes interessa? Exato. Falam com quem lhes interessa. Há aí, há aí, mais uma vez. 31:42 Há aí um novo processo de aquisição da autonomia, agora já mais estabelecido e mais, enfim, eficaz, digamos assim. Acho que é muito que também vem buscar muitas coisas da infância. É assim há adolescência, digamos que há muitas vezes é o reviver este processo de autonomização também. 32:02 Porque é que é tão difícil para nós falar com os adolescentes ou entender a sua linguagem muito própria? Isso não também não faz muito sentido, não? Acho que a gente não os entende com ou ou aquela maneira como como se comportam, como se rebelam, como, como se opõem. 32:20 Eu não acho que a adolescência seja uma doença. Acho que pronto é um. É um período da vida com fantástico, fantástico, com coisas fantásticas, em que a posição dos pais, às vezes pronto, deixa de ter aqui um lugar tão central. Essa às vezes custa muito aos pais. 32:37 Já não és o meu menino e tal. Já não é o bebé? Pois às vezes, Ah, passou este tempo. Eu ainda estou a tratá lo, como uma criança eu já tenho. Aqui já tenho 1 m e 80 já. Tenho 1 m e 80, ainda me vêm para a consulta ver ou é uma criança que? EE, às vezes isto custa muito aos pais de facto, e isto gera tensão depois, não é porque? 32:57 Mas a tensão é normal, que és uma tensão. Empurra nos para o crescimento, não é para fora, pois é normal. Agora, isso às vezes fica tão fixado e os conflitos agonizam. Se tanto, que pronto. Temos um problema? Sim. Então eu eu quero levar daqui até para as pessoas que não estão a escutar umas táticas de abrelatas que é. 33:17 Como é que a gente consegue estabelecer um diálogo e conseguir ir lá ver com como é que, como é que aquele nosso filho ou sobrinho ou neto adolescente, quando a gente precisa de saber coisas dele, quer dizer, como é que? Como é que vai a vida na escola, A Exceção das notas? 33:33 Como é que vai a vida emocional? Como é que? OKA primeira coisa é que temos que ter confiança naquilo que já pudemos lá, portanto. Já pusemos desde o do princípio até eles chegarem à adolescência. Temos que ter confiança que já lá pusemos coisas boas. 33:49 Que criamos uma matriz? Sim, e ajudamos 11 bom desenvolvimento. Pode haver um medo que que que se alguma coisa não correr bem, que a responsabilidade é nossa, porque a gente não isso há sempre não fez uma programação. Boa sempre. Programação, se calhar, jogo da culpa é uma coisa fantástica, não é? 34:05 É uma coisa fantástica. Portanto, os pais sentem se sempre. Culpados ou há vias de ciclopados? De em princípio, assim não é na dúvida. Na dúvida, sim. Pronto. A culpa é tua, as mães queixam se muito. Isso não é a culpa, é das mães? Sim. Mas a gente sabe se é uma das das das nossas piadas. 34:22 Não é a culpa é sempre das mães. Porque é que a culpa é das mães? Porque as mães são o principal cuidador desde o início. E as mães e depois há pronto? Não sei. O que é que será? As mães são aquelas que estão mais em cima, que estão mais no direto. 34:38 Fazem a microgestão das coisas em geral. Nas famílias tradicionais, o pai sabe das coisas e estabelece a norma geral. Mas quem toma as decisões importantes? Da casa, das casas, sim. São as mulheres, sim. São as mães e, portanto, desse ponto de vista, é tradicional que se ache que aquilo que se passou entre as mães e os bebés e as crianças pequenas. 35:02 Tenha mais responsabilidade. E eu e eu estou de acordo com isso. Acho que as mães são as pessoas mais importantes na vida da dos bebés das crianças pequenas? Acho que acho que sim. Então, e os pais têm, têm papel? Têm muito papel? Têm. Os pais, têm muito papel, mas primeiro que suporta as mães, o primeiro papel dos pais é que suporta as mães e depois os pais. 35:26 Têm, enfim, várias, várias funções. Que fazem melhor que as mães. Uma delas é mostrar o mundo, apresentar o mundo. Também não podemos dizer isso muito alto, mas estamos, estamos quê? Estamos estamos sempre em risco e os pais estão? Sempre em risco, tirar a criança debaixo da saia das da da mãe. 35:42 EE empurrar para o. Mundo é uma maneira de dizer sim, sim, é uma maneira de dizer. Às vezes o pai pode ajudar a. A mostrar que há mais mundo para além da mãe, sim. Portanto, quase aquela ideia de a mãe enquanto cuidadora e aquela que quer abraçar a criança e protegê la de todos os males do mundo EEOEO pai, enquanto aquele que diz, OK, vamos agora sair daí. 36:06 Que é que há um mundo lá fora para ver? Sim, caricaturando e resumindo, mas as mães também, em geral também têm um desejo, que os filhos cresçam, que os filhos se autonomizam. Mas têm mais medo. Não. Mas partem de outro princípio, partem de outro, de outra situação. 36:21 Não. Não sei se têm mais medo. A função do pai, que é mais de puxar para fora. Nós estamos agora numa num num momento em que, em que obviamente há uma diversidade no mundo. Estou a pensar, por exemplo, nas, na, na adoção, mas não só, mas filhos. De não de um pai e de uma mãe mais clássico, biológico, mas de um pai e um pai, de uma mãe e uma mãe. 36:43 Há alguma diferença funcional e emocional aqui nesta, nessa formação destas novas famílias, eu acho, e dessas funções. Eu acho que, enfim, eu não sei. Não tenho estudos para dizer se, de facto, há diferenças assim muito grandes. 37:01 Aquilo que eu me tenha percebido e nas famílias com que tenho falado é que muitas vezes este papel oscila. Mas há vezes há casais em que um dos progenitores tem mais uma função paterna, digamos, apresentar o mundo, estabelecer as normas grandes, e outro mais de função cuidadora, mas eu acho que isto é muito oscilante e variável. 37:24 E as crianças podem. E os jovens podem ir à procura de um avô ou um tio ou uma tia. Um podem podem ir à procura desses referenciais também. Podem. E eu acho que todos nós na nossa vida, tivemos aquilo que podemos chamar 11, tutor da resiliência, portanto, alguém fora da família, que foi muito importante para nós e nos ajudou a crescer. 37:44 É um mestre, não? É um mestre, sim, por exemplo, um mestre, um professor, um treinador, enfim, alguém que foi muito significativo para nós no nosso crescimento. Mas esse é um bom processo, não é, é? Ótimo, é ótimo e muito protetor. 38:02 Porque sentimos que há ali um alguém que primeiro lugar confiou em nós e que nos mostrou se calhar. Que investiu em nós não é que investiu em nós. E é importante que invistam em nós. É claro, com certeza. Então, desde o princípio, por isso é que as crianças percebem que nós estamos interessados nelas, nas crianças pequenas e. 38:18 Os pais que desistem das crianças. É um drama, não é? Isto é um drama. Pode haver muitos motivos para isso, não é? Mas há pais que não têm a capacidade. Crónica ou momentânea de cuidar de crianças? 38:33 Sim, isso existe. E o que é que o que é que é? Abandonam las não podem, não as cuidam. Podem sim. Enfim, nós sabemos que a pior coisa que as crianças passam não é o abandono nem é o abuso. 38:52 Muito que custa ouvir, isto é a indisponibilidade emocional. Portanto, é a presença sem. Sem responsabilidade, digamos assim. É não estar lá. É o que afeta mais o desenvolvimento. Porque criam o quê? Uma ideia de vazio? Dá esta sensação de desesperança aprendida. 39:11 A partir de quando é que nós aprendemos a nomear as emoções no fundo, quando é que como é que nós aprendemos AAA distinguir? Raiva de frustração do medo da vergonha. Essa paleta toda de de como é que eu consigo descobrir inicialmente que isto que eu sinto é raiva. 39:28 O que eu sinto aqui é outra coisa qualquer. É vergonha. A partir de certa altura. É. Quer dizer, isto é uma coisa que nós vamos nomeando para as crianças, vamos explicando às às crianças o que é que quer dizer este sentimento. 39:46 Que me dispõe mal, que me obriga AA bater com a crença no chão ou que me obrigado a pô Los. E sabemos que é Alegria. Olha, isso é raiva, isto é frustração. Isso vai sendo nomeado. UI, estou tão zangado. UI, estamos mesmo contente? 40:01 Uau, que surpresa com. Portanto, esta comunicação muito emocional ajuda a nomear aquilo que nós sentimos ou que as crianças sentem. E isso ajuda depois a digerir a emoção também e. Os nossos professores passamos muito tempo na escola, estão AA conseguir fazer uma boa tradução desses, dessas emoções. 40:22 Eu acho que no geral, sim, mas eu só vejo os casos que correm mal. E isso é um viés. É claro que é claro que é. Portanto, eu não posso generalizar os professores, porque eu, em geral, eu. Isso é que queixas dos professores. Quando a coisa corre mal, pois e como é que, como é que quando? 40:40 Quando chega a casa depois de 1 dia exposto a um conjunto dos males do mundo, se consegue reequilibrar. Havia 111 médico que me ensinou algumas coisas, bastante psiquiatra e dizia que entre cada consulta eu tinha que ir ao espelho ver se ainda se reconhecia. 41:08 ESIM, isso é um, é um, é uma parte do trabalho, é uma das consequências do trabalho pesadas. Isso, sobretudo, sobretudo quem trabalha com crianças muito pequenas, porque nos afeta mais o sentimento de estarmos em confronto com crianças, em sofrimento e estar mesmo em contacto com o sofrimento de crianças muito pequenas carrega. 41:28 Na sua alma esse lá está, se interessa se tem. Esse exato que é muito importante termos. Possibilidade de falar disto com outras pessoas, com colegas, com enfim, com amigos também, mas, mas sim, acho que depois nós também conseguimos sair disto por esta tentativa de compreensão, de tentar perceber, de nos interrogarmos, de estudarmos, fazer sentido daquilo que que se passa. 41:58 Mas. Há sempre alguma coisa que também mexe connosco, porque também nós já fomos bebés crianças pequenas. Está implicado no fundo, naquela relação. Com certeza, então. E como é que e como é que consegue lidar quando quando as coisas correm bem? Obviamente, imagino que seja 11 Alegria e 1 e 1 satisfação profissional naqueles casos em que as coisas são mais complicadas e que não encontrou exatamente o que estava à procura em que não encontrou o tom em que as coisas parecem estar teimosamente anão progredir. 42:30 É a vida, volto a tentar, não é? E consegue estar pacificado com essa, com essa ideia ou. Sim, acho que uma das funções muito importantes eu vejo muitas crianças com estes quadros deste de início do autismo, perturbações de desenvolvimento intelectual. 42:47 Uma das funções muito importantes dos dos médicos, dos técnicos com estas crianças é não desistir. Mesmo quando nós às vezes temos a ideia que é pá, isto, já não estou aqui a fazer nada. Mas há alguma coisa sempre que se consegue. Há alguma coisa sempre se consegue e uma coisa que se consegue mesmo é servirmos de modelo para a família, portanto, para. 43:08 Que a família não desista. Exatamente, exatamente é, vamos continuar, nós estamos aqui, estamos juntos nesta Batalha. Exatamente. E esses essas crianças depois, quando crescem, encontras nalgum momento já desencontrou como é que ou não? Ou já me pede. Já encontrei várias, em várias situações e é muito gratificante e há outros que eu vou seguindo na vida adulta também porque. 43:32 Porque são mais públicas, porque se os. Pais querem manter? Não, os pais querem manter um seguimento. Pronto, voltam como se como se fosse 111, rotina de tempos a tempos. Pronto, estiveram comigo na infância e agora estão na idade da luta. 43:47 E surgiu um problema, não sei quê, eu só quero ir àquele. Eu já conheço e falei com ele, mas isso? É uma tremenda prova de confiança. É mais do que tudo, não é sim que é. Eu vou ali, vou falar com aquela pessoa, porque eu confio naquela pessoa. 44:03 E eu lembro, me tenho uma boa experiência, eu quando era pequeno, jogava futebol com ele lá no gabinete. Joga futebol também jogava futebol com as crianças. No gabinete, sim. A Sério, sim, faz parte. É 11 das armas terapêuticas. Umas táticas lá está há bocadinho. Não me quis dizer quais eram essas táticas que eu também quer dizer. 44:20 Nós todos gostamos dessa táticas. A jogarem futebol no gabinete, não. Vamos ao médico, ele joga à bola, connosco. Isso é uma coisa extraordinária. Estamos todos esse ato de comunicar, de falar, de nos tocarmos, de nos olharmos nos olhos, está a ser suspeito, fortemente prejudicada, porque agora estamos todos a olhar para uns pequenos ecrãs que estão aqui em particular, os mais novos, que estão ali muito presos. 44:42 O que é que nos está a acontecer, o que é que o que é que isto nos está a fazer à cabeça? Lamento dizer, mas eu não sou do plano dos dos que demonizam os ecrãs. Alto. Temos uma ressurreição. Quer dizer que, afinal, isto não pode não ser tão catastrófico como isto? Com certeza estamos a entrar agora na fase do vamos proibir tudo até agora, vamos na fase do vamos usar tudo agora na fase proibimos. 45:01 Tudo. O problema não é os ecrãs, o problema é a negligência. Esse é que é o problema, se a criança está horas sem fim. E eu vi bebés que estavam. Bebés. Bebés crianças muito pequenas, bebés que não andavam ainda, que estiveram horas e dias e dias na cadeira de baloiço, em frente à televisão e. 45:29 E isso prejudica o seu desenvolvido? Não é o ecrã, é os. É os adultos. É os adultos. É negligência, porque, apesar de tudo, estão em frente à televisão ainda, se calhar, ainda aprenderam alguma coisa, mas do ponto de vista relacional. Perderam muito. 45:44 Portanto, o que deviam estar, nós devíamos era era estar a falar com elas, a interagir com elas, a fazer coisas com. Certeza isso. Nas famílias normais isso acontece e depois há tempo de ecrãs e pronto. E os pais, enfim, com aquela ideia que têm que educar, AI já estás muitas horas, não sei quê, acabou, já fiz o meu papel, já já pus limites, já pus limites e tal. 46:10 Pronto. Mas eu não acho que as pessoas devam viver apavoradas com os ecrãs. Estas estas gerações nasceram com os ecrãs, vivem com os ecrãs. Vão viver com os ecrãs e vão usar os ecrãs. O melhor que nós. Essa também é boa notícia, não é? Quer dizer, eles, eles são nativos digitais. 46:26 São que podem causar dependência. Os ecrãs pode sim, senhora. Pode causar doenças, é verdade, mas doenças na generalidade das das situações. Não. Então ias a ideia da das redes sociais e dos ídolos das redes sociais, agora chamados de influenciadores, esta podem criar uma ilusão de intimidade, lá está de serem uma coisa ou não. 46:51 É verdade, sim. Acho que podemos refletir bastante sobre isso, quais são os significados destas, destas, destas novas tecnologias? Mas eu não me parece que sejam muito diferentes do que sempre houve por outros meios. Bom, devemos deixar as crianças em paz. 47:07 Ouvi dizer, li me uma frase que é, o que é que o que é que quer dizer quando defende, deixem as crianças em paz. Estou me a lembrar do dos Pink Floyd, do Living the Kid, hello. Não é. Deixem lá as crianças em paz. Não fui eu que disse isso. Acho eu não, não, não, não, não. Eu apanhei, 1111 frase que dizia isso, deixar as crianças em paz. 47:27 Defende isso? Ou não, de certa maneira, enfim. Mas se deixar as crianças em paz é deixá las sozinhas. Vamos com calma. Isso é regligente? Mas às vezes é preciso mais uma vez confiar nas crianças, não ser muito intrusivo, mas é preciso investir nas crianças também, dar lhes oportunidades de conhecerem coisas boas e experimentarem. 47:58 Mas é uma coisa que, enfim, deste ponto de vista, é uma coisa que está que está prejudicado e que eu acho que pode afetar o desenvolvimento das crianças. É a falta de tempo livre. Hoje em dia, há muito pouco tempo livre. É um inferno, não é? 48:14 Se as crianças hoje em dia é um inferno. Também não digamos isso, fazem coisas agradáveis. Não é, mas são muitas. Eu estou a pensar. Tem a escola, muita escola. Depois os professores inventam trabalhos de casa, como estão a ver amanhã, depois aos treinos do futebol, do voleibol ou de outra coisa qualquer, a música, mais um inglês mais. 48:31 É verdade, é isso. Portanto, há uma quantidade de atividades estruturadas ao longo do dia. São pessoas muito simpáticas e que fazem coisas agradáveis. Mas o que resulta daqui é que as crianças estão sempre a receber ordens e a cumprir instruções. 48:47 O que? Se nós pensarmos do ponto de vista do mercado de trabalho, OK, estamos aqui a criar robôs adultos obedientes. Não é robôs, é obediente. Sabem seguir instruções, sabem fazer coisas. Isso é muito pouco criativo. Muitas coisas que nós aprendemos na escola não tem sentido nenhum. Das crianças não faz sentido nenhum a gente aprender aquilo, mas. 49:05 Podemos fazer uma lista exato, uma lista grande. Pronto, estamos aqui. Também queremos agradar àquela senhora professora que pronto. E os nossos pais também ficam muito contentes e a gente faz aquilo. Mas hoje em dia as crianças passam muito tempo nisto e estão muito pouco tempo sem supervisão, porque há a ideia dos perigos, dos raptos dos pedófilos. 49:25 Não sei quê. E, portanto, há. Há sempre um fantasma. Tem que estar sempre jihad e sempre a fazer a serem entretidos. Portanto, o que está a prejudicado hoje em dia é o tédio, é o direito ao tédio. Precisamos do tédio. É no tédio que nós criamos coisas. 49:43 É no tédio que nós não temos nada que fazer. Não temos nada que fazer. Depois inventamos qualquer coisa. Temos que ocupar o espaço do tempo, a cabeça. Mas, mas criamos qualquer coisa muitas das vezes na infância, são aquilo que se chama asneiras. 50:00 Mas isto é fundamental, é fundamental. Fazer asneiras é fundamental. Claro que é com. Esta parede, estás estás a fazer o que é que estão muito calados, estão a fazer alguma coisa, alguma coisa. De mas esta esta possibilidade de criar coisas é é fundamental para o crescimento. 50:23 As aventuras na rua, quando se subia os telhados ou se IA para os bicos ou se. Fazia o que fosse. Hoje em dia isto está muito prejudicado porque há sempre alguém para andarmos a dizer nos como é que é e como é que deve ser e como é que não pode ser. 50:39 Estamos sempre no aquário. Estamos sempre sim. E depois há esta tradição da escola portuguesa de que errar é errado, não? É e não é. E não, é claro que não é. Vamos fechar esta nossa conversa, o que é que gostaria que as pessoas dissessem mais umas às outras? 51:00 Vai tudo correr bem? Não dizer, vou dizer. Vai a manifestação de otimismo? Otimismo, sim. Que é um Eu Acredito em ti. Sim, vai tudo correr bem. Isso é uma frase de grande potência, não é? 51:18 Então saímos bem, mas pronto. Isso é um cheque em branco? Não é uma confiança, é um. É uma confiança. Mas, enfim, vai tudo correr bem. Quer dizer que eu vou estar cá para ver se for preciso alguma coisa? 51:34 Eu estou cá? Eu estou cá? No fundo, é o manual dos bons pais, não é? Vai à tua vida, cresce, Conquista o mundo se alguma coisa correr mal. Eu estou aqui se. Precisares de alguma coisa compra, mas sim, mas eu acho que sim. 51:51 E a infância nunca esteve também, como agora. Na história, na história do mundo, apesar destas coisas todas. Portanto, nós achamos sempre que o mundo está sempre pior. Isto agora é uma desgraça. Isto não, mas não. As coisas estão a melhorar. Havia 11 pessoa que dizia que os jovens hoje em dia são horríveis, insultam, os professores não têm maneiras à mesa. 52:12 Não parece nada, pois não? Isto. Quem disse isto foi o Sócrates, o filósofo antigo, não? É o homem das perguntas. Pronto. Já dizia. Isso já dizia isto. Mas claro que elas são mais competentes, claro que elas são mais comportadas, claro que elas. Sobrevivem mais, não é? 52:28 Morrem muito menos. São melhores que nós, não é isto, está isto, está a correr bem? Sim, claro que está. No fim deste episódio, ficamos com uma certeza luminosa, nada está fechado? Nunca. Mesmo quando algo falhou nos primeiros anos, mesmo quando faltou o vínculo, quando faltou o tempo, quando faltou a presença, há sempre espaço para reparar a experiência molda, nos. 52:50 Mas não nos aprisiona e, se houver alguém disposto a escutar a relação, pode reencontrar um caminho. Ficamos também com um desafio, olhar com mais cuidado. Os bebés dizem muito antes de falar, as crianças dizem mesmo muito, mesmo quando não explicam, os adolescentes dizem muito quando parecem dizer nada. 53:08 A comunicação humana continua a ser, acima de tudo, uma arte de observar e responder uma dança, uma pergunta permanente, o que é que precisas de mim agora? Obrigado por estar desse lado, obrigado por. Ouvir com calma, curiosidade e atenção precisamente aquilo que salva todas as relações humanas. 53:24 Este é uma pergunta simples, o vosso podcast sobre comunicação. Hoje fomos ao princípio de tudo. Amanhã voltamos para continuar a falar e a ouvir melhor, até para a semana.

Imagina Se Pega no Olho
Ep 148 - Uma aula sobre literatura gótica

Imagina Se Pega no Olho

Play Episode Listen Later Nov 19, 2025 112:21


Obviamente que a gente falou sobre Frankenstein – tanto do filme do del Toro quanto da obra original. E falamos também sobre a autora, Mary Shelley, sua vida, seus trabalhos para além da Criatura, seu jeito de contar histórias. Mas também falamos sobre o que é literatura gótica: onde, quando e como surgiu, seus muitos desdobramentos, suas múltiplas fases, seus aspectos estéticos e políticos. E também subimos mais um degrau e falamos sobre o gótico como um todo. É terror? É horror? É um mundo das trevas? Ou é mais do que apenas isso? Para esta conversa mais profunda em meio a um mar de novos especialistas em literatura gótica que pretensamente invadiram as redes sociais nas últimas semanas, convidamos um especialista de verdade: Cid Vale Ferreira, da editora Clepsidra. Episódio especial demais, tá valendo cada minuto.

Hablando Claro con Vilma Ibarra
17-11: Ciudadanos perciben riesgo sobre libertad de expresión en nuestro país.

Hablando Claro con Vilma Ibarra

Play Episode Listen Later Nov 17, 2025 53:38


La tercera encuesta sobre libertad de expresión y confianza en medios de comunicación en Costa Rica que se dio a conocer la semana pasada, dejó poco margen a la interpretación: siete de cada diez ciudadanos consideran que la libertad de expresión está en riesgo en el país; nueve puntos más que la medición del año pasado. Además, el estado de la libertad de expresión está estrechamente vinculado a la opinión que existe sobre el Presidente de la República, de modo tal que quienes evalúan positivamente su labor tienden a desconfiar más de los medios y de los periodistas y, por el contrario, quienes tienen una valoración más negativa sobre su gestión, muestran una mayor confianza. Tiempos de polarización de opiniones. Más de la mitad de los encuestados estiman que sí existe censura hoy en Costa Rica y por ello también más de la mitad han decidido dejar de expresar sus opiniones en redes sociales, por temor a consecuencias en el trabajo y en la vida cotidiana. Obviamente, hay medios y periodistas más confiables que otros, la televisión sigue siendo el medio tradicional favorito (después de las redes sociales) para informarse de los asuntos de la polis y, a pesar de la guerra digital, la mayoría de las personas confía poco en los influencers. Sobre esta Tercera Encuesta de Libertad de Expresión y Confianza en Medios de Comunicación de la Universidad de Costa Rica, conversamos con Yanancy Noguera, Presidenta del Colegio de Periodistas y Armando Mayorga, ex jefe de redacción del Diario La Nación.

Frikismo puro
Frikismo Puro 11x10: Que precios le ponemos a la moda?

Frikismo puro

Play Episode Listen Later Nov 16, 2025 86:54


Que maravilla de semana llena de moda, IA, novedades y cositas que no van a dejar a nadie indiferente. Obviamente damos nuestra opinión rigurosa sobre lo vivido en el mundo de la tecnología de esta semana. Nos encantaría recibir tus comentarios sobre lo que ha sido esta semana. Nos lo puedes dejar en Ivoox o en el canal de telegram: https://t.me/FrikismoPuro_Comentarios Para mas información. www.frikismopuro.com Link de Amazon: https://amzn.to/35q5ixk Link de Patreon: https://www.patreon.com/FrikismoPuro

AOR Diamonds
AOR Diamonds | Episodio 478 | Forevermore - Episodio exclusivo para mecenas

AOR Diamonds

Play Episode Listen Later Nov 13, 2025 89:12


Agradece a este podcast tantas horas de entretenimiento y disfruta de episodios exclusivos como éste. ¡Apóyale en iVoox! Y como no puede ser de otro modo, en este episodio también empezamos con una auténtica bomba, la retirada de David Coverdale. Obviamente le dedicaremos un amplio minutaje en el arranque del episodio. Pero hay más, mucho más! David Coverdale, bendita jubilación Nuevos: Rob Moratti, Black Swan, Time Tripper, Treat, Mayhem Mavericks, Mean Street, Gotthard, Nite Stinger Message. Sambora y Alec John Such antes de Bon Jovi Clásicos: Garbo Talks, Primer Time, Synth a go-go: Sun City, Magic Dance Escucha este episodio completo y accede a todo el contenido exclusivo de AOR Diamonds. Descubre antes que nadie los nuevos episodios, y participa en la comunidad exclusiva de oyentes en https://go.ivoox.com/sq/75094

GW5 NETWORK
Los Jhay COnsejos / Bájale 2

GW5 NETWORK

Play Episode Listen Later Nov 12, 2025 56:27


¡Bienvenidos al único programa que te recuerda que hay dos palabras que te abrirán mucha puerta en la vida, hale y empuje! ¡Esto es otro sabio episodio de Bájale 2! Jhay Cortez, llegó hasta la casa de Alofoke. Obviamente hay que aprovechar el que eso lo están viendo entre 1-3 millones de personas diariamente. Y ya que llegó hasta allí, ¿porqué no dar algún consejo inútil para alguno de los inútiles que allí conviven? Insistimos, nuevamente, que quien ve ese programa, lo hace comiendo guineos. No se ofendan por lo que aquí hablamos, pero si te ofendes...¡Bájale 2! Grabado desde GW-Cinco Studio como parte de GW5 Network #tunuevatelevisión. Puedes ver toda la programación en www.gwcinco.com. síguenos en instagram @gw_cinco Patreon:   patreon.com/bienabiertas patreon.com/gw5network patreon.com/hablandopop

Emissão Especial
Raquel Vaz Pinto: "Se Rui Costa vencer é, obviamente, o meu presidente"

Emissão Especial

Play Episode Listen Later Nov 9, 2025 5:10


Raquel Vaz Pinto, candidata a vice-presidente para o Associativismo da lista de Noronha Lopes, aguarda os resultados com confiança e entusiasmo, e com a consciência de “quem fez tudo o que podia”. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Manhãzitos da 3
Marta Rocha especialista em Rosalía

Manhãzitos da 3

Play Episode Listen Later Nov 7, 2025 11:08


Está cá fora um dos álbuns mais aguardados do ano: LUX de Rosalía. Obviamente chamámos Marta Rocha para nos por a par de tudo o que precisamos de saber.

Convidado
Guiné-Bissau: PAIGC apoia Fernando Dias para “combater tentativa de impor tiranias no país”

Convidado

Play Episode Listen Later Nov 4, 2025 9:54


O PAIGC formalizou o apoio ao candidato presidencial independente Fernando Dias da Costa. O acordo surge depois da rejeição da candidatura do presidente do PAIGC às presidenciais e da coligação PAI-Terra Ranka às legislativas. Em entrevista à RFI, Domingos Simões Pereira, presidente do partido PAIGC, explica que “perante a supressão quase total dos direitos fundamentais, não há sacrifício que não possa ser consentido” para “combater esta tentativa de impor tiranias no nosso país”. O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo verde, PAIGC, formalizou esta segunda-feira, 03 de Novembro, o apoio ao candidato presidencial independente Fernando Dias da Costa, herdeiro do barrete vermelho de Kumba Ialá e dirigente de uma das alas do PRS, Partido da Renovação Social. O acordo surge depois da rejeição da candidatura do presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, às presidenciais e da coligação PAI-Terra Ranka às legislativas. RFI Português: Em que é que consiste este acordo? Domingos Simões Pereira, presidente PAIGC: Quem acompanha a actualidade política guineense deve saber que através de uma manipulação flagrante e escandalosa da nossa Corte Suprema, o PAIGC, os partidos que constituem a coligação e o seu respectivo candidato às eleições presidenciais, que era eu próprio, foram impedidos de participar nas eleições marcadas para o dia 23 de Novembro. Durante as últimas semanas, demos a conhecer o carácter escandaloso dessa decisão porque, por exemplo, no caso do candidato presidencial, a sua candidatura nem chegou à plenária do Supremo Tribunal de Justiça. Portanto, é este o quadro político actual na Guiné-Bissau. O PAIGC e, mais uma vez, os partidos que constituem a nossa condição compreendem que têm uma missão, têm uma missão de representar o povo guineense, de convocar o povo guineense para resgatar a liberdade, os direitos fundamentais e repor a normalidade constitucional. Para esse efeito, dos cinco candidatos que manifestaram interesse de poder contar com o nosso apoio, a nossa análise conduziu-nos à retenção do Fernando Dias da Costa, como o que está melhor posicionado, o que reúne os critérios que nós estabelecemos para decidir aportar-lhe o nosso apoio. Prefiro precisar da seguinte forma: em vez de dizer que nós estamos a aportar o nosso apoio, nós achamos que o Fernando Dias da Costa é a personalidade que neste momento encaixa melhor na nossa estratégia para continuar esta luta e poder resgatar o Estado de Direito Democrático na Guiné-Bissau. Quais foram os compromissos estabelecidos com esta formalização do apoio do PAIGC ao candidato Fernando Dias da Costa? Há aqui um compromisso para a campanha eleitoral, mas para o pós-eleitoral, em caso de vitória, também há? Sim. No pré-eleitoral nós aportamos o apoio possível, convocamos os nossos apoiantes, militantes, simpatizantes, o povo em geral a se juntar a nós e a votar no candidato Fernando Dias da Costa. E o Fernando Dias da Costa se compromete a repor a normalidade constitucional: a permitir que a Assembleia Nacional Popular possa ser restabelecida e, uma vez estabelecida, os outros órgãos de soberania possam funcionar em estrito respeito da nossa Constituição, o que não tem sido o caso. Portanto, temos todos os órgãos da soberania ameaçados ou condicionados no seu funcionamento. Mas quem é que ganha com este acordo? É o PAIGC ou é Fernando Dias? Espero que seja o povo guineense a quem nós estamos a dar uma opção. Porque não participar seria pedir ao povo guineense que seja o próprio a decidir de que forma enfrentar este quadro ditatorial. Sabemos que estamos perante um quadro difícil de explicar. Sabemos que estamos constrangidos a realidades que não são as normais. Compete a partidos políticos, neste caso com a missão histórica que o PAIGC tem, apresentar um quadro que facilite essa decisão junto do povo. É o que nós tentamos fazer. Portanto, não estamos aqui numa avaliação de quem ganha. Estamos numa lógica de propor ao povo guineense uma solução que possa manter-nos activos na luta política para o restabelecimento da normalidade. É a primeira vez que o PAIGC se vê impedido de participar numas eleições na Guiné-Bissau. Estavam esgotadas todas as diligências na Justiça? E porque não o boicote em vez de apoiarem um candidato? Se estavam esgotadas? Eu estou inclinado em dizer-lhe que não. Até porque até este momento, enquanto falamos, não há nenhuma decisão do Supremo Tribunal de Justiça a dizer por que razão é que eu não sou candidato e a participar das eleições presidenciais. Portanto, nós conhecemos as regras e se há uma entidade que se devia sentir obrigada a respeitar as regras, devia ser o Supremo Tribunal de Justiça. Mas esta é a realidade que nós vivemos na Guiné-Bissau. Uma realidade em que é impossível convencer a plenária do Supremo, uma vez que os dossiers não chegam à plenária do Supremo. Portanto, esta é a realidade.  Fala-me em boicote e eu garanto-lhe que nós consideramos essa opção. Mas o fenómeno boicote funciona bem e tem impacto nos países onde há uma prestação de contas, onde há um acompanhamento, onde a ética e a moral acompanham o exercício político. E, portanto, a partir de uma determinada fasquia de abstinência, se consideraria pouco legitimada a decisão popular. Mas nós sabemos o que temos em frente e sabemos que, mesmo que fossem só 10% dos guineenses a votar, Umaro Sissoco Embaló iria se autoproclamar como legítimo, plenamente reconhecido no cargo.  Por isso é que depois de analisar todas as opções, os partidos que constituem a nossa coligação entendem manter-se no activo neste processo político e escolher ir ao combate e tentar, por via do Fernando Dias da Costa, que o povo guineense tenha a opção de poder derrotar Umaro Sissoco Embaló nas urnas. Esta decisão não pode, eventualmente, deixar o eleitorado guineense confuso. Como é que o PAIGC vai convencer os seus eleitores a votar em Fernando Dias? Trata-se de uma candidatura independente, mas Fernando Dias é o herdeiro do barrete vermelho de Kumba Ialá e representa uma ala do PRS. Até agora; PRS e PAIGC eram rivais políticos, deixaram de o ser? Obviamente que não. Até porque se estivéssemos a falar de eleições legislativas, estaríamos a falar de outra forma. Mas deixe-me expandir esta minha análise em três grandes momentos. Penso que há uma coisa que não deve surpreender aos guineenses, desde 2014 que eu fui escolhido para dirigir o PAIGC, em três ocasiões vencemos eleições legislativas e eu nunca deixei de convidar outros partidos, nomeadamente o PRS, a nos acompanhar na governação. Tanto em 2014 como em 2018, como em 2023. Portanto, há aqui um princípio estabelecido de juntar a família guineense e propor soluções que sejam nacionais. Por outro lado, é importante que as pessoas conheçam a própria resenha histórica, o PRS sai do PAIGC. No período da luta de libertação, aquele a que nós designávamos por combatente, juntava, de um lado, o político e, do outro, o guerrilheiro. Com o evento da independência e posteriormente com o fenómeno democrático, o PAIGC foi o partido que se sentiu obrigado a separar de novo o político do combatente, aquele que passou a ser membro das Forças Armadas. Essa imposição foi exclusiva ao PAIGC, o que levou a que muitos militantes do PAIGC, por força da sua pertença às Forças Armadas, abandonassem o PAIGC e isso favoreceu a criação do PRS. Portanto, pode ser que até esta circunstância venha a favorecer uma reunificação que poderia ter um impacto político importante. Há ainda um outro elemento que eu não considero menos importante: todo o guineense é obrigado a acompanhar os últimos seis anos, que são os anos do mandato de Umaro Sissoco Embaló. E compreender que, perante aquilo que nós temos vivido, que é a supressão quase total dos direitos fundamentais, não há sacrifício que não possa ser consentido. Nós estamos a convocar a nação guineense para, todos juntos, esquecermos um bocado as nossas diferenças e salvarmos aquilo que é essencial.   Ou seja, pôr de lado as diferenças em nome de um bem maior. Absolutamente. Eu penso que não encontro dificuldade nenhuma em sustentar esta tese, porque esta tese corresponde àquilo que eu sempre representei no contexto político da Guiné-Bissau. Enquanto presidente do PAIGC vai participar na campanha eleitoral? Absolutamente. Sou um cidadão livre e militante de um partido que está a aportar o seu apoio a um candidato. E, portanto, obviamente que vou participar da campanha eleitoral. E não é uma campanha com sabor amargo por ter sido excluído da corrida? É muito amargo. Mas, tal como estou a convidar a nação guineense, devemos transformar esse amargo numa determinação para lutar e não o contrário. Devemo-nos mobilizar, devemos compreender que há uma coisa que não nos conseguem tirar, que é o direito ao voto. E esse voto deve servir de arma para, de facto, combater esta tentativa de impor tiranias no nosso país.

Convidado
“Filmo em Angola da mesma maneira que o Woody Allen filma Manhattan”, Carlos Conceição

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 31, 2025 19:23


'Baía dos Tigres' é a mais recente longa-metragem de Carlos Conceição. O realizador aclamado em festivais de cinema como Cannes, Berlinale ou Locarno, decidiu apresentar 'Baia dos Tigres', em estreia mundial, recentemente, no festival DocLisboa. Nas palavra de Carlos Conceição, “o filme tenta ir atrás dessa ideia que está a ser gravada uma nova existência por cima de uma existência prévia, mas estão lá fantasmas abstratos, sobrespostos, ruidosos, e que são fantasmas da história do século XX transversais a várias culturas.” Baia dos Tigres foi inteiramente rodado em Angola, país onde Carlos Conceição nasceu e que serviu de fonte de inspiração. A RFI falou com o realizador na capital portuguesa. Carlos Conceição começa por explicar como surgiu o filme 'Baia dos Tigres'. Carlos Conceição: O filme surgiu numa fase que eu, agora, já considero ultrapassada da minha carreira. Uma fase em que eu não tinha grandes perspectivas de como subsidiar o meu trabalho e que, por isso, apostava em ideias que eu conseguisse concretizar com pouco, com elementos que fossem reduzidos, mas intensos, como uma boa malagueta, que é capaz de fazer o melhor por um prato, só aquela malagueta. E a Baía dos Tigres sempre foi um mito para mim. Eu ouvia falar na Baía dos Tigres enquanto sítio desde que era criança. E por volta de 2015, 2016, provavelmente, fiquei, por portas e travessas, familiarizado com duas histórias que acabaram por ter uma grande ressonância na minha vida, ambas japonesas. Uma é o significado da palavra johatsu, que significa evaporação. É uma prática que acontece exclusivamente no Japão e, muitas vezes, com a ajuda de empresas especializadas. Consiste na pessoa eclipsar-se da sociedade, desaparecer. Essa empresa trata do desaparecimento total desta personagem, desta pessoa que os contrata. Isto acaba por ter um contorno que talvez seja comparável aos programas de proteção de testemunhas, porque todas estas pessoas acabam por assumir uma nova identidade, uma nova vida, uma nova história, um novo passado. Escolhem desaparecer pelas mais diversas razões, uma relação fracassada, dívidas de jogo, dívidas ao banco. Aquela coisa muito asiática que é a honra e que nós, na Europa, perdemos no século XV. Parece-me um conceito que, não estando completamente disseminado, não sendo exterior à cultura japonesa, parece-me um conceito interessante para os tempos de hoje. Não me interessa a mim como cidadão, interessa-me como leitor, como espectador, fazer uma história sobre uma pessoa que faz isso, que resolve desaparecer, que organiza o seu desaparecimento. E, paralelamente a isso, a descoberta da história verdadeira do soldado Hiroo Onoda, que foi um soldado japonês que esteve 30 anos perdido numa ilha das Filipinas, convencidíssimo por não ter contato nenhum com ninguém, aliás, inicialmente ele não estava sozinho, mas acabou por ficar, porque os dois companheiros com quem ele estava acabaram por morrer, e ele sozinho permaneceu 30 e tal anos nessa ilha selvagem, nas Filipinas, convencido que a guerra (2ª Guerra Mundial) continuava, e completamente fiel aos seus propósitos e àquilo que tinha sido formado para fazer. Foi uma grande dificuldade convencer o Onoda, quando ele foi descoberto, de que o assunto da Guerra Mundial já tinha acabado, e que aqueles credos todos dele estavam ultrapassados há 30 anos. Isto também é uma ideia que me interessa, como é que uma personagem percebe o tempo quando está isolada. Uma, no caso de uma das personagens do filme, é o desejo que o tempo pare, e, no caso da outra personagem, o desejo que o tempo ande mais depressa. Portanto, acho que o filme é sobre essa diferença, a diferença entre querer que o tempo pare e querer que ele ande mais depressa. RFI: A Baia dos Tigres é em Angola, no sudoeste de Angola. O que é que levou o Carlos Conceição a escolher ir filmar em Angola? Qual é a linha que se constrói que liga Angola a esta personagem? Ou a estes personagens, pois são dois personagens. Carlos Conceição: Podem ser, ou duas versões da mesma personagem. Eu filmo em Angola da mesma maneira que o Woody Allen filma Manhattan, ou o João Rosas filma Lisboa. É natural para mim, porque foi onde eu cresci. É mais fácil para mim filmar em Angola, em particular no sul, em particular no deserto, do que filmar em Lisboa. Para mim é mais difícil enquadrar em Lisboa. Ali sinto que estou muito seguro e, para onde quer que eu olhe, eu sei como é que o plano deve acontecer. E as narrativas que a maioria das vezes me surgem para contar são de alguma forma relacionadas com a minha própria vivência e, como tal, Angola está sempre envolvida de alguma maneira. Portanto, os meus filmes têm tido essa relação com Angola pelo menos os últimos três. O Serpentário, que é a minha primeira longa, e o Nação Valente, acima de tudo, e este filme. Que seria logo seguinte ao Serpentário, mas que estreia depois do Nação Valente, porque a vida dá muita volta, porque as coisas atrasam-se e metem-se pandemias e metem-se prazos e coisas do género. Mas acho que são dois filmes que são feitos num só gesto, de certa forma. Acho que a questão da Baía dos Tigres tem a ver com misticismo. Desde criança que eu ouvia falar da Baía dos Tigres como sendo uma ilha deserta, uma aldeia abandonada, uma cidade fantasma, como algumas que se vê nos westerns, relativamente perto, mas muito inacessível, muito difícil de lá chegar. Sempre foi uma ambição minha conhecer o sítio em si. E quando conheci, a primeira coisa que senti foi ... isto é um filme inteiro, este sítio é um filme. Eu já sei qual é o filme e tenho-o dentro de mim, tenho de o fazer e se não fizer vou morrer. Foi assim que o filme surgiu. Curiosamente, houve duas fases de rodagem. Na primeira nós não chegámos a conseguir ir à Baía dos Tigres. Estivemos na Floresta do Maiombe, em Cabinda. Estivemos no Uige, estivemos em Malanje, nas Quedas de Calandula, as Cataratas de Calandula. Depois filmámos muitas coisas à volta da zona onde eu cresci, que foi no Lubango, na Comuna da Huíla, na zona do ISPT, que é o Instituto Superior Politécnico de Tundavala e que tem uma mata enorme atrás, usámos como backlot. Obviamente, só depois disso é que conseguimos, numa segunda  viagem, organizar a chegada à Baía dos Tigres, que envolve toda uma logística complicadíssima. Entre muitas aventuras possíveis, chegar à Baía dos Tigres, à Ilha dos Tigres, que tem cerca de 30 km de comprimento por uns 11 Km de largura, mas que tem construções concentradas... chegar de barco implicava sair da povoação mais próxima, num barco, que provavelmente seria uma traineira, que levaria 6 a 7 horas a chegar à ilha. Fazer um percurso longitudinal desde o Parque Nacional da Reserva Natural do Iona até ao embarcadouro, que se usa para ir para a Ilha dos Tigres, seria impensável porque a costa continental é toda cheia de poços de areia movediça. Então, a única maneira de chegar ao embarcadouro, sem ser engolido pelas areias movediças, é fazê-lo a uma certa hora da manhã, quando durante cerca de 50 minutos a maré está baixa. Temos de ir quase em excesso de velocidade, em veículos 4x4, pela zona molhada de areia, a partir da cidade do Tômbua, e fazer um percurso que demora mais de uma hora a fazer dentro daquela janela temporal. Caso contrário, ficamos ou atolados pelas ondas ou atolados na areia, onde, aliás, se conseguem ver muitos destroços de experiências fracassadas neste género. Ao chegar ao tal embarcadouro, que é um sítio muito tosco, muito improvisado, está lá alguém com quem nós marcamos. É uma pessoa que se contrata com um barco, uma espécie de lancha. Depois fazemos um percurso de quase uma hora de barco por entre bancos de areia, num mar muito, muito agressivo, cheio de fauna, orcas, focas que espreitam da água a olhar para nós, pássaros que passam rasantes, chuva constante, até que, de repente, começa no horizonte a surgir aquela cidade fantasma, assim, meio embrulhada no nevoeiro.  Vê-se logo uma igreja amarela, uma coisa assim … , parece uma aparição. Há um misticismo à volta da experiência de lá chegar que o meu filme nunca conseguirá mostrar, por mais que eu me esforce, e que é muito difícil de captar. Eu tento, no filme, captar esse misticismo e essa fantasmagoria de maneiras diferentes. Criando alegorias, como o filme tem esta ideia da memória que se apaga. Eu imagino o filme um bocadinho como uma cassete ou uma bobina daquelas antigas, que tem de ser desmagnetizada, mas às vezes não fica completamente desmagnetizada, e, por isso, quando vamos gravar algo em cima, sobram restos de fantasmas de gravações passadas. Fisicamente, o filme tenta ir atrás dessa ideia que está a ser gravada uma nova existência por cima de uma existência prévia, mas estão lá fantasmas abstratos, sobrespostos, ruidosos, e que são fantasmas da História do século XX, transversais a várias culturas. RFI: São fantasmas do período em que a Angola estava colonizada por Portugal? São fantasmas da Guerra da Libertação? Carlos Conceição: É impossível não serem também esses fantasmas. Mas eu acho que são fantasmas do mundo contemporâneo, são fantasmas de 2025, são fantasmas do que está a acontecer em Gaza, do que está a acontecer na Ucrânia, são fantasmas deste ressurgimento da extrema-direita, são fantasmas do novo espaço que as ditaduras estão a ganhar, são fantasmas de coisas que deviam estar enterradas e não estão, e são fantasmas com várias origens. O filme tem, em certos momentos, elementos sonoros que vêm de discursos do Hitler, de Mussolini, de Oliveira Salazar, o Savimbi, a voz da Hanoi Hannah, que era uma vietnamita que transmitia mensagens aos soldados americanos a dizer, “vão-se embora, porque vocês vão morrer, o vosso governo traiu-vos”, e ela também aparece como um fantasma neste filme. Portanto, são esses fantasmas todos que, vindos do passado, constroem o presente. O momento presente que nós estamos a viver no mundo, é todo feito desses restos, na minha opinião, mal enterrados. RFI: O cinema é uma ferramenta para lidar com esses fantasmas? Carlos Conceição: Há uma certa obrigação antropológica em algum cinema, há uma responsabilidade histórica que o cinema deve atentar, mas eu não creio que o cinema deva ser uma arte utilitária exclusivamente. Acho que o cinema é mais interessante quanto mais livre for, e se calhar quanto mais fútil for. Eu vejo o cinema como uma espécie daqueles discos que se gravam e se mandam para o espaço, e acredito que daqui a uns anos, quando nós já cá não estivermos, vai aparecer uma espécie alienígena qualquer, ou uma espécie mais inteligente que nós, que tem estado aí escondida, que não aparece por nossa causa, e que vai descobrir uma carrada de filmes, e vai dizer, olha que interessante que era esta espécie que se autodestruiu. E é para isso que eu acho que o cinema serve. Eu vejo cada filme que faço como uma espécie de filho, até porque fazer um filme é uma espécie de gestação, dura o tempo de uma gestação, alguns mais, alguns trazem as minhas dores de cabeça comparáveis. E às vezes nós perguntamos para quê. Para mim essa é a resposta: é para deixar qualquer coisa, para deixar um legado, para deixar uma marca. Para deixar qualquer coisa que ajude a perceber como é que as coisas eram, como é que deviam ter sido, como é que não foram, por aí fora. RFI: Os primeiros filmes do Carlos Conceição foram curtas-metragens, os últimos três trabalhos foram longas-metragens. Não há uma vontade, não pode haver um desejo de voltar às curtas? Carlos Conceição: Eu penso que o universo das curtas, a existência cultural das curtas, é interessante, mas limitada. Eu fui muito feliz a fazer curtas-metragens, cheguei a dizer que me apetecia fazer curtas para sempre. O meu penúltimo filme, na verdade, não é uma longa-metragem, é uma média-metragem, tem 59 minutos, e eu tenho outro filme com 59 minutos para lançar em 2026. Esse formato de uma hora, para mim, é perfeito. Permite-se uma estrutura de curta-metragem em que nem tudo precisa de lá estar, de ser causa e efeito, nem de estar pejado de consequências, nem hiper-explicado, e ao mesmo tempo também não abusa das boas-vindas que recebe do público.Portanto, gosto de filmes que contêm esse universo mais curto, de certa forma. Para além do filme de 59 minutos que quero estrear para o ano que vem, se tiver sorte, também tenho uma ideia para uma curta-metragem que é toda feita com material que eu já tenho filmado, e que tem a ver com Angola também, curiosamente. Mas é uma curta muito mais sensorial e vai ser como música visual, vai ser baseado em ritmos de planos, e tempos e durações de planos, e o que é que corta para onde. Isso é um exercício que eu sinto que me agrada e que é uma coisa que eu quero fazer, que eu consigo fazer sozinho também. Até porque acho que estou precisando tirar umas férias depois desta maratona que têm sido os últimos três anos, talvez. RFI: Fazer sozinho é? Carlos Conceição: Quando eu digo fazer sozinho, às vezes refiro-me a ser só eu com uma câmera na mão, por exemplo, mas isso não quer dizer que depois a montagem vá ser eu sozinho. Eu gosto de pedir opinião às pessoas e depois já me aconteceu em determinados projetos eu saber exatamente como é que a montagem tende a acontecer, e seria eu dizer à pessoa que está comigo a montar que devíamos fazer assim, devíamos fazer assado, de forma a ir ao encontro da minha ideia. Já me aconteceu, como também acontece em particular no filme Baía dos Tigres, eu ter uma ideia e ficar à espera de ver o que é que a Mariana Gaivão tem para propor dentro da mesma ideia, enquanto montadora o que é que ela me vai contra-propor. E ela diz-me, dá-me dez minutos e volta daqui a dez minutos. E eu volto e ela tem uma proposta para fazer. A maioria das vezes estamos completamente síncronos. Acho que é muito importante essa parceria. Portanto, nós nunca estamos realmente sozinhos. Quando eu digo que posso fazer essa curta sozinho, eu acho que é material que eu fui juntando de outras rodagens, de outras coisas que não utilizei no Nação Valente, de coisas que não utilizei neste filme, e que eu acho que consigo sozinho em casa juntar e criar algo interessante com aquilo. É nesse sentido que digo fazer sozinho. Mas a verdade é que eu dependo sempre, obviamente, do meu colega Marco Amaral, que é o colorista que vai depois pôr aquilo com bom aspecto porque eu não sou diretor de fotografia, por isso ele tem de me salvar, de certa forma. Dependo, obviamente, de quem vai ajudar a fazer a montagem de som e a mistura de som. E, normalmente, eu trabalho com um núcleo muito duro, quase sempre a mesma família. Portanto, quando digo sozinho, às vezes posso estar a dizer que estou a autoproduzir, ou posso estar a dizer que é algo que eu consigo, se calhar, manufaturar, fazer de uma forma menos comunitária, menos convencional, menos industrial. RFI: O Carlos Conceição gosta de trabalhar com um núcleo duro, um núcleo próximo, o ator João Arraias faz parte desse núcleo. O que é que o faz investir nessa relação? Carlos Conceição: Há duas, três dimensões na resposta que eu posso dar. Em primeiro lugar, o João é um ator com capacidades únicas, que eu reconheço como muito valiosas e isso para um realizador é ouro. Pedir a um ator uma ação com meia dúzia de palavras e ele dar-nos exatamente aquilo ou, se calhar, melhor, não acontece todos os dias. Portanto, quando um ator tem esse super poder, nós agarramos nele e nunca mais o deixamos ir. A segunda questão tem a ver com o facto que eu me revejo imenso no João. Ele tem menos de 15 anos do que eu, quase 16, e houve uma altura, quando ele tinha 16, 17, era impossível, para mim, olhar para ele e não me estar a ver a mim. Houve vários filmes que surgiram por causa disso, nomeadamente o Versalhes, o Coelho Mau, e o Serpentário sem dúvida nenhuma. A terceira coisa é que nós somos muito amigos e trabalhar com amigos é o maior prazer do mundo. RFI: Baía dos Tigres teve a estreia mundial no Festival Internacional de Cinema DocLisboa, na origem dedicada aos documentários. Podemos identificar a Baía dos Tigres como um documentário? Carlos Conceição: O Godard dizia que todos os filmes são documentários sobre a sua rodagem, o seu processo de serem feitos. O Baía dos Tigres é uma ficção filmada segundo alguns credos do documentário. É tudo quanto posso dizer. Por ser o realizador do filme e o argumentista do filme, talvez não seja a pessoa mais indicada para o definir nesse sentido. Aliás, os filmes, normalmente, e é uma ideia que eu costumo tentar vender, os filmes não são como são por acidente ou por ingenuidade ou porque a pessoa que os fez não soube fazer melhor. Os filmes são normalmente resultado de um período de deliberação que é longo, ardo, obsessivo e desgastante para o seu realizador. Portanto, não há filme nenhum que seja como é porque o realizador não sabia fazer melhor. Isso quer dizer que, de certa forma, cada filme dita a sua própria gramática. E eu acho que é muito interessante que possa haver fusões entre os sistemas clássicos narrativos e as formas do documentário, o cinema mais contemplativo. Eu gosto, por exemplo, do cinema do Andy Warhol. Eu nunca me sentei a ver o Empire State Building durante oito horas, mas só saber que existe … Eu já vi aos bocados, não é? Mas saber que este filme existe e que pode ser visto dessa maneira, para mim, é uma fonte de inspiração enorme. Da mesma maneira, o James Benning, vários filmes da Chantal Akerman, tudo isso são manifestações cinematográficas de fusão que eu considero que quebram todas as gaiolas e acho que importante, se calhar, para lutar contra o mainstream. Eu acho o mainstream um bocadinho o inimigo principal do crescimento da arte. O mainstream obriga a fazer comparações, obriga a manuais. Acho que não há nada melhor para quebrar com essas gaiolas do que revisitar estes filmes de que eu estava a falar. RFI: Em relação a novos projetos, o que é que está a acontecer? Em off, tinham-me falado de um projeto sobre ópera. O que é que está para vir? Carlos Conceição: Eu tenho, neste momento, três projetos para serem lançados. Um é uma media-metragem de 59 minutos, do qual já tínhamos falado há pouco. O outro é um filme, uma longa-metragem que é uma experiência em linguagem mainstream, por assim dizer, que se chama Bodyhackers. E o terceiro projeto. que é o mais recente, ao qual eu dediquei os últimos 14 meses da minha vida, é um projeto para televisão e para cinema que envolve ópera. São narrativas separadas, autónomas, todas elas com um compositor português, algumas baseadas em fontes literárias, algumas dessas óperas, mas são essencialmente segmentos operáticos que resultarão simultaneamente num filme e numa série de televisão. RFI: O Carlos Conceição nasceu em Angola, viveu em Angola até hoje 22 anos, vai frequentemente a Angola. Qual é a imagem que tem do cinema produzido em Angola? Como é que olha para aquilo que acontece em Angola a nível da produção cinematográfica? Carlos Conceição: Gostava de ver mais, gostava de ver em mais sítios e gostava de ver mais pluralidade. Acho que estamos num momento perfeito para que se revelem novos talentos e comecem a aparecer mais pessoas e mais pessoas arrisquem. Qualquer pessoa com um telemóvel, neste momento, consegue fazer um filme e acho que não deve haver o medo de partir para essa aventura. Hoje em dia temos o HD disponível nos nossos telemóveis, nos smartphones, até nos mais corriqueiros. O que eu acho é que o cinema mais interessante, às vezes, surge daí, surge justamente daquela recusa à inércia. Há um filme dentro de nós, ele pode sair de qualquer maneira e sai. Basta nós queremos que ele saia e ele vem cá para fora. RFI: Já teve oportunidade de visionar algum produto assim feito, feito em Angola? Carlos Conceição: Sim, em particular um filme que eu comprei num semáforo em DVD e que me parece que não era uma versão final de montagem porque tinha a voz do realizador a dar instruções aos atores. Era um filme absolutamente inacreditável sobre uma mãe e umas filhas à procura de vingança por uma coisa que lhes tinha acontecido. Uma mulher que tinha sido injuriada a vida inteira, que usava uma pala no olho e as filhas quando tinham um desgosto morriam com uma hemorragia através da pele. O filme é de tal maneira incrível na sua imaginação que eu fiquei absolutamente estarrecido, senti-me uma formiga perante aquele filme que foi feito num subúrbio de Luanda para ser consumido num subúrbio de Luanda. Eu senti que a genialidade por trás daquilo era uma coisa que devia ser descoberta e valorizada. Ou seja, isso existe em Angola, por isso acho muito importante ir à descoberta disso.

Esportes
No ano do cinquentenário da independência, Cabo Verde garante vaga na Copa do Mundo

Esportes

Play Episode Listen Later Oct 26, 2025 7:08


O ano de 2025 estará para sempre no coração do povo de Cabo Verde. Além da celebração dos 50 anos da independência do arquipélago africano, a seleção de futebol do país garantiu pela primeira vez na sua história uma vaga para uma Copa do Mundo. Cabo Verde, o ponto mais ocidental da África localizado a quase 600 quilômetros da costa oeste do continente, será uma das três seleções estreantes classificadas até esse momento para a Copa de 2026, ao lado de Jordânia e Uzbequistão. Marcio Arruda e Ligia Anjos, da RFI em Paris Depois de garantir uma vaga para a seleção cabo-verdiana na Copa do Mundo de 2026 na última Data Fifa, o técnico Pedro Leitão Brito, conhecido desde a época de jogador como Bubista, falou sobre a celebração da conquista da vaga para o Mundial na época em que o país comemora o cinquentenário da independência. O treinador também contou como transformou seu grupo em uma seleção vitoriosa. "Por sermos um país pequeno, precisamos ter a ideia de que se o jogador trabalhar duro e tiver resiliência, terá condições de chegar a patamares superiores. A nossa equipe ultrapassou obstáculos para conseguir a classificação para a Copa", disse o técnico. "No início, havia muita desconfiança, mas, com o passar do tempo, fomos ficando cada vez mais unidos. Sempre tivemos o objetivo da classificação e trabalhamos em cima disso. Todo mundo fez a sua parte. Mas não é uma conquista individual; é uma classificação desse grupo, da seleção e da torcida. O povo cabo-verdiano está extremamente feliz com essa classificação, até porque estamos comemorando os 50 anos da nossa independência; então, juntou tudo para que fosse uma grande festa", contou. Estrangeiros de Cabo Verde A seleção comandada por Bubista mescla experiência, com o goleiro Vozinha de 39 anos, e juventude, com o artilheiro Livramento, de 24 anos. Também conta com muitos jogadores nascidos fora de Cabo Verde, como os franceses Willy Semedo e Logan Costa, os portugueses Bruno Varela e Telmo Arcanjo e os holandeses Deroy Duarte e Dailon Livramento. Cabo Verde teve uma campanha com sete vitórias, dois empates e apenas uma derrota, eliminando os favoritos Camarões e Angola no grupo D das eliminatórias africanas. Nos cinco jogos que disputou em casa, a equipe não tomou gol. Mesmo tendo se classificado em primeiro no grupo, o técnico Bubista destacou a importância do aumento do número de vagas para a próxima Copa do Mundo, que passará de 32 para 48 seleções. "A meu ver, o aumento do número de seleções na Copa do Mundo é um alívio grande para as seleções da África. Antigamente, você passava em primeiro lugar no grupo e ainda tinha de jogar um playoff extremamente difícil. Com o aumento no número de vagas, você consegue o primeiro lugar do grupo e garante a classificação. Isso estimula países a fazer mais investimentos em suas seleções", explicou o treinador. África do Sul, Argélia, Costa do Marfim, Egito, Gana, Tunísia – que vai enfrentar o Brasil em amistoso no mês que vem em Lille, na França –, Marrocos e Senegal, além de Cabo Verde, são as seleções africanas que já garantiram vagas na Copa do Mundo de 2026. Leia tambémOfensivo, Brasil de Ancelotti goleia a Coreia do Sul por 5 a 0, ganha elogios e empolga A África ainda pode ter mais uma seleção no Mundial do próximo ano. Camarões, República Democrática do Congo, Nigéria e Gabão disputam em novembro, no Marrocos, uma vaga na repescagem. “É uma satisfação grande para mim e para o continente ter nove seleções numa Copa. E ainda temos a possibilidade de ter mais uma”, disse. Com nove ou dez seleções, os africanos podem surpreender no Mundial. Perguntado se os tubarões azuis, como a seleção de Cabo Verde é conhecida, vão longe na Copa, o técnico tratou de calçar as sandálias da humildade e chutar a responsabilidade para outras equipes. “Nossa seleção ainda está em formação, mas a África estará bem representada. Há excelentes equipes aqui no continente com condições de jogar de igual para igual ou até mesmo superar qualquer adversário do mundo. Obviamente, sabemos das dificuldades, mas os obstáculos são feitos para serem ultrapassados”, disse. “Todas essas equipes têm jogadores que disputam as melhores competições na Europa, Ásia e América e eles não devem ter receio algum. É só ter confiança e coragem para trabalhar pelos objetivos", completou. Mas o treinador de Cabo Verde reconhece que não será fácil enfrentar seleções da primeira prateleira do futebol mundial. De acordo com o técnico, Cabo Verde pretende deixar a festa de lado e colocar o coração na ponta da chuteira para fazer grandes jogos na América do Norte no ano que vem. "Eu sei que o nível das outras equipes na Copa é extremamente alto. Tenho certeza de que vamos mostrar ao mundo a nossa qualidade e vamos jogar para dignificar o nosso país. Vamos fazer em todos os jogos aquilo que temos feito sempre. Nosso princípio é sempre pontuar", declarou o treinador da seleção. Cabo Verde será o segundo país menos populoso a disputar uma edição de Copa do Mundo. Com uma população de pouco mais de 500 mil habitantes, o país africano perde neste quesito apenas para a Islândia, que tem pouco mais de 300 mil habitantes e jogou a Copa de 2018, na Rússia. "Somos pequenos no mapa, mas com coração grande" Bubista, que foi zagueiro da seleção de Cabo Verde na virada do século, acredita que a classificação para a Copa do Mundo será um marco esportivo no país. O treinador, que assumiu a seleção cabo-verdiana em 2020, acha que o futuro é promissor não só no futebol, mas em outras modalidades esportivas. "Se houver um investimento sério e um trabalho criterioso, temos condições de dar cartas no mundo. Somos pequenos no mapa, mas com coração grande no mundo. Temos tido resultados bastante satisfatórios nos esportes. Temos cada vez mais condições de encontrar jovens atletas com potencial. Tem sido assim em várias modalidades, que recebem investimentos e conquistam bons resultados", opinou Bubista. A Copa do Mundo de 2026 será disputada nos Estados Unidos, México e Canadá a partir de 11 de junho. A grande final será jogada no dia 19 de julho.

Artes
Barber Shop Chronicles: "A barbearia é um refúgio, um espaço para sermos completamente vulneráveis"

Artes

Play Episode Listen Later Oct 21, 2025 13:57


Em Barber Shop Chronicles, o dramaturgo nigeriano-britânico Inua Ellams transforma as barbearias africanas e afro-europeias em verdadeiros teatros do dia-a-dia. De Lagos a Londres, de Kinshasa a Acra, esses barbershops tornam-se bancos de escola onde se aprende a ser homem, confessionários onde se depositam raivas e ternuras, praças públicas onde a palavra circula como uma bola de futebol. A peça esteve em cena no MC93 – Maison de la Culture de Seine-Saint-Denis, em Bobigny, um dos centros teatrais mais importantes da região parisiense.  Há lugares onde se corta o cabelo — e outros onde se refaz o mundo. Em Barber Shop Chronicles, o texto é ritmado, cheio de humor e de humanidade. Fala-se de identidade, de masculinidade, de diáspora — mas também de música, de cumplicidade e de alegria partilhada entre homens africanos. Na peça, a barbearia torna-se um espaço de palavra, quase um refúgio. Entre os 12 intérpretes, o actor José Mavà, franco-angolano, dá corpo a várias vozes. RFI: Para si, o que é que um barber shop revela do íntimo masculino, sobretudo em culturas africanas onde, tantas vezes, falar de si é um gesto contido? José Mavà: Vejo os barber shop como um sítio para refúgio, sim. Refúgio esse que muitas vezes não conseguimos encontrar em espaços convencionais e públicos. Existe este lugar e espaço para sermos completamente vulneráveis. O barber shop pode ser um confessionário, a nossa psiquiatria. Podemos aprender filosofia e até mesmo religião numa barber shop ! É interessante como tudo converge dentro deste espaço. Todas as conversas convergem e conseguimos, da mesma forma, ter uma certa dualidade entre o sério e o brincar.  RFI: Sente-se esta dualidade ao longo das duas horas desta peça? José Mavà: Sim, certamente. É algo que tentamos sempre partilhar. Lá está, um barber shop é também um local de partilha. RFI: Houve partilha na escrita da dramaturgia, entre os 12 intérpretes em cena e com o dramaturgo? José Mavà: Sim. A versão francesa desta peça foi readaptada para uma realidade francófona e foi feita pelo Junior Mthombeni. Ele é residente na Bélgica e simplesmente pegou no texto original de Inua Ellams. Obviamente que houve adaptações porque deparámo-nos com outras brincadeiras pelo meio, outras nuances, outros ritmos e dinâmicas. Mas a dramaturgia não foi partilhado unicamente pelos directores. Encontrámos sempre uma forma de estarmos na horizontal. Foi uma porta aberta para partilharmos aquilo que sabemos fazer melhor e com isso criar esta adaptação em conjunto que é a Barber Shop Chronicles. RFI: Esta peça tem viajado desde o início de Outubro, como é que tem sido a recepção do público, entre diferentes espaços, na Bélgica, aqui em França? José Mavà: Conseguimos medir isso através do feedback que temos no final. Obviamente que o nosso trabalho enquanto actores é entregar a mensagem e contar a história. Não nos prendemos apenas às reações. Porque cada pessoa digere a informação à sua maneira, não é? Mas devo dizer que todos os sítios são diferentes. Até mesmo cada sessão é diferente, porque é um espectáculo vivo, orgânico, onde procuramos também novas formas de contar a história. Então cada representação é diferente devido ao público, mas nós também nos tornamos diferentes... Isso também dá uma certa magia ao espectáculo. RFI: O José é angolano e esta peça viaja por várias cidades europeias. Falamos de seis pontos geográficos diferentes. Como é que a sua própria história se inscreve nesta geografia da diáspora africana? É curioso que me faça esta pergunta porque é algo que me questiona desde o início. De que forma é que eu, enquanto descendente de pais angolanos e congoleses, tenho essa cultura em mim? Como é que me insiro nesta realidade? E como é que eu moldo esta masculinidade para poder interpretar as personagens que interpreto? E a verdade é que, tendo em conta que todos nós somos homens negros em palco e uma mulher negra, conseguimos então partilhar as mesmas histórias. Chegamos a um ponto no ensaio em realizamos: "o que tu sentes é o que eu sinto, eu também já tive essa experiência antes", então não senti uma alienação. Porque um homem negro é um homem negro e no final do dia é isso que acontece, não é? RFI: Somos o que somos. Este texto joga-se com línguas, com sotaques, com ritmos. Como é que trabalhou essa musicalidade? José Mavà: Trabalhei essa musicalidade com os meus colegas. O elenco é composto por várias nacionalidades: do Senegal, dos Camarões, da Costa do Marfim. Então, o apoio dos meus amigos, dos irmãos e das irmãs que tenho aqui, foi incrível. Houve investimento de todos para que existisse esse grau de rigor e de veracidade nas coisas de que falamos. Depois depende muito das abordagens, não é? Quando eu olho para uma personagem do Senegal, de que forma é que me consigo relacionar com o Senegal? O que torna esta peça rica é também a diferença que existe não só na identidade de cada pessoa, mas também na multiplicidade de culturas que existem no continente africano. E é basicamente nisso que nos fincamos muito. RFI: É isso que gostaria que o público levasse consigo, além, claro, do espetáculo e do que está em cena? José Mavà: Sim, eu gostaria muito que o público nos visse enquanto seres humanos. Somos seres humanos antes de sermos negros. RFI: Ainda há muito trabalho a fazer quanto a isso. José Mavà: Estamos a caminhar... E é essencial que este tipo de trabalho exista. Para que possamos devolver o orgulho e ressignificar a identidade africana, mas também para mostrar que somos humanos. Temos histórias que são universais e pelas quais toda a gente passou, num certo momento. RFI: Quanto à questão do olhar sobre a masculinidade... Pouco se fala de masculinidade e aqui vocês são 11 em palco, e com uma mulher. E a peça acaba precisamente com um diálogo entre um homem e uma mulher. Que mensagem pretendem passar? Que na masculinidade existem mais fragilidades do que se pensa? José Mavà: Quero deixar isso ao critério de quem vê a peça. Mas é algo que pensámos bastante, a forma como a masculinidade é vista... Como disse no início, existem poucos espaços para que o homem, ou a energia masculina possa ser vulnerável. Talvez porque a sociedade tem já definidas as formas como um homem deve ser. Um homem deve ser forte. O homem tem que ser trabalhador. O homem tem que ser o provedor. Mas no final do dia acho que a pergunta é: quem somos nós? RFI: Um homem também pode ser sensível? José Mavà: Claro... Aliás, acho que é a sensibilidade que move, que faz avançar as coisas e a forma como deixamos que estas questões ou dúvidas, medos ou angústias, nos toquem. Estas questões fazem-me sentir sensível. E como é que respondo a essa sensibilidade? E voltamos à mesma pergunta: quem sou eu, quando sinto esta sensibilidade?

Daniel Ramos' Podcast
Episode 501: 15 de Octubre del 2025 - Devoción para la mujer - ¨Amanecer con Jesús

Daniel Ramos' Podcast

Play Episode Listen Later Oct 14, 2025 3:53


==============================================SUSCRIBETEhttps://www.youtube.com/channel/UCNpffyr-7_zP1x1lS89ByaQ?sub_confirmation=1==================================================== DEVOCIÓN MATUTINA PARA MUJERES 2025“AMANECER CON JESÚS”Narrado por: Sirley DelgadilloDesde: Bucaramanga, ColombiaUna cortesía de DR'Ministries y Canaan Seventh-Day Adventist Church===================|| www.drministries.org ||===================15 de OctubreMujer codiciable«Pero yo les digo que cualquiera que mira con deseos a una mujer, ya adulteró con ella en su corazón» (Mateo 5: 28, RVC).Y la culpa no era mía, ni donde estaba, ni cómo vestía», fue el grito de muchas mujeres mientras se manifestaban por la creciente ola de feminicidios alrededor del mundo. La violación de los derechos y la integridad de las mujeres se han visto terriblemente afectadas por hombres sanguinarios, fríos y fuera de sus cabales. En otras noticias, se dio a conocer el indignante caso de una anciana que fue violada por su agresor. Las reacciones de los cibernautas concordaban en una sarcástica pregunta: ¿lo había ella provocado con su vestimenta? Obviamente, no.¿Has pensado en qué época de la humanidad Jesús pronunció la sentencia del texto de hoy? Claro, la respuesta obvia es: en los tiempos de Jesús. Tiempos en los cuales la vestimenta, tanto de hombres como mujeres en tierra de Palestina, dista mucho de semejarse a las vestimentas actuales (aunque en algunos lugares de oriente la vestimenta es muy similar a los tiempos bíblicos).Si pensamos en una dama de aquellos tiempos, la imaginamos con vestido largo hasta los tobillos, un cinto para sujetar la túnica al cuerpo y un turbante para cubrir la cabeza. ¿Piensas que hay algo indecente en ese atuendo? Yo tampoco. Entonces, ¿por qué Jesús dijo lo que está registrado en el texto de hoy? Jesús, que conoce los pensamientos y las más bajas pasiones de los seres humanos, sabía que los hombres codician a las mujeres por el simple hecho de ser mujer. Los atributos y proporciones únicos que el Creador puso en nosotras, nos hacen atractivas hacia los varones a pesar de llevar un vestido a los tobillos. No obstante, esto no debe ser una excusa para vestir nuestro cuerpo, es decir, nuestro templo donde mora el Espíritu Santo, de una manera indecorosa.El mundo propone sus modas, algunas a mi parecer son lindas, mientras que otras no. Esto depende del gusto y personalidad de cada mujer y de la región donde viva. Sin embargo, las hijas de Dios saben que, al elegir, los atuendos siempre deben ser bajo las normas de la moda bíblica: decorosos y modestos. A pesar de ello, siempre habrá hombres con mentes perversas que te vean con codicia. Querida amiga, vistamos nuestros cuerpos con lo más esencial que es la gracia y el manto de justicia de Jesús, pues transportamos en ellos al Templo del Espíritu Santo. 

GENIAL
26 Datos sobre los gatos que te harán amarlos

GENIAL

Play Episode Listen Later Oct 9, 2025 15:52


¿Sabías que cada cultura tiene su propia palabra para el sonido que hace un gato? En inglés, hacen “Meow”. Los gatos de Corea dicen “Nyaong”, ¡y un felino de Turquía te saludará con un “Miyauv”! Obviamente, todo el mundo está obsesionado con estas adorables criaturas peludas. Genial ha descubierto unos cuantos datos nuevos e interesantes sobre nuestros amigos felinos y ha decidido compartirlos contigo. ¡Sin duda, algunos de ellos te sorprenderán! Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices

Wait, qué?
Ep. 194: Conversaciones de un viajero

Wait, qué?

Play Episode Listen Later Oct 8, 2025 78:10


Respondimos conversation starters sobre cómo viajamos, y cómo nos gusta viajar. Obviamente salió nuestro lado más sifrino.  Únanse a nuestro Patreon! Seamos besties aquí: https://www.patreon.com/waitque  No olviden suscribirse en YouTube, seguirnos en TikTok y en Instagram: @waitquepod.  Si este episodio les dio ganas de empezar terapia, recuerden usar este link para una primera consultoría en OpcionYo con 25% de descuento. Ingresen en nuestro link para más información. Links: Patreon: https://www.patreon.com/waitque Youtube: https://www.youtube.com/@waitquepod  Spotify: https://open.spotify.com/show/1UmGGR9rtkGNYRgbntACwq?si=1337227f5b4b45de  Instagram: https://www.instagram.com/waitquepod  TikTok: https://www.tiktok.com/@waitquepod  Buy me a coffee: https://www.buymeacoffee.com/waitque  OpcionYo: https://opciónyonueva.trb.ai/wa/18zyR0x Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices

Hola SEO |
No sabe por qué crece

Hola SEO |

Play Episode Listen Later Oct 5, 2025 12:24


Bienvenidos a FailAgain, una newsletter / podcast sobre crear contenido y estrategia.Analizo un creador que nos explica su crecimiento brutal en Instagram… y descubro que no tiene ni idea de lo que dice.CAUTIONMe topé con un vídeo donde un creador explicaba cómo había ganado 70.000 seguidores en Instagram con carruseles super estéticos. Photoshop, imágenes de Pinterest con esa luz aesthetic, tipografías bonitas...Y mientras lo veía, pensaba: “Esto ya lo he visto antes. Alguien lo va a copiar, no le va a funcionar, y se va a frustrar durante tres meses”.Probablemente ni siquiera él sabe por qué está creciendo de verdad.El problema de copiar sin analizarTodos hemos caído en esta trampa.Ves algo que funciona, piensas “yo puedo hacer eso”, te pones a crear... y pasan dos o tres meses sin que pase nada. Te frustras. Sorry, has perdido tiempo creando contenido que no va a ninguna parte.¿Por qué pasa esto?Porque solo estás viendo la punta del iceberg. Te fijas en el formato, en el diseño, en lo visible. Pero no analizas los factores que realmente importan y que están debajo de la superficie.Necesitas un filtro. Un sistema para detectar cuándo algo no va a funcionar para ti, aunque le haya funcionado a otra persona.Las 4 capas de análisis (para no copiar sin sentido)Cuando analizo cualquier caso de éxito, trabajo con cuatro capas. No son opcionales. Están siempre presentes. Lo que cambia es el peso de cada una.Capa 1: Demanda temática¿Hay gente buscando o necesitando ese contenido?Aquí analizas el tema en sí. ¿Cuánta gente potencial existe en ese nicho? ¿Hay tendencia o está en declive?No es lo mismo hablar de criptomonedas ahora que en 2021. Mismo contenido, demanda totalmente diferente.Capa 2: Conexión emocional¿El tema genera engagement de forma natural o tienes que forzarlo?Hay temáticas donde la conexión emocional ocurre sola:* Contenido polarizante: Genera opiniones y comentarios* Identidad: La gente se ve reflejada y reacciona* Transformación: Promete un cambio en tu vidaPiénsalo así: contenido de humor vs. fórmulas de Excel. Ambos son útiles. Pero uno se comparte 10.000 veces más porque cuando te ríes, quieres compartirlo.Capa 3: EjecuciónAquí es donde se centran los que te venden cursos.Formato, diseño, copy, producción. Todo el “cómo hacer”.Es importante, sí. Pero sin las otras capas, no sirve para nada. Puedes tener el mejor vídeo del mundo, pero si el tema no cumple con las capas anteriores, no vas a conseguir esos resultados explosivos que te prometen.Capa 4: Distribución y timing¿El formato aprovecha una tendencia natural de la plataforma?Si Instagram está premiando Reels, tiene sentido usar ese formato. Pero ojo: lo que funciona en una plataforma puede no funcionar en otra.El caso real: cuando el formato es solo un 10%Volvamos al creador de los 70.000 seguidores.Toda su estrategia, según él, se basa en carruseles estéticos. Pero cuando miras su contenido, descubres algo que apenas menciona: habla de Jesús, fe y espiritualidad para jóvenes.Ese detalle como que no importa, ¿no?Pues lo analicé con el framework:* Demanda: 2,1 billones de cristianos en el mundo. Millennials y Gen Z buscando respuestas espirituales. Competencia baja en contenido religioso bien producido y adaptado al formato digital.* Conexión emocional: Contenido religioso. Obviamente vas a tener una conexión profunda. Es altamente compartible entre personas que comparten la misma fe.* Ejecución: Sí, el diseño está cuidado. Las imágenes están bien trabajadas. Pero hay mil creadores con diseños igual de buenos en otros nichos que no crecen.* Timing: Carruseles pueden ser tendencia. El movimiento espiritual puede estar en auge. Pero no es el factor diferencial.La conclusión que nadie te cuentaEl creador atribuye el 100% de su éxito al formato.Para mí, el formato supone un 10-15%. El resto, el 85%, viene del tema que eligió. Eligió un tema con demanda masiva y capacidad de conexión brutal.Y esto no significa que sus contenidos no sean buenos. Lo son. Pero no es lo que él cree que está funcionando.Qué hacer con estoLa próxima vez que veas un caso de éxito y pienses “voy a hacer lo mismo”:* Para un momento* Aplica las 4 capas* Pregúntate: ¿qué está haciendo realmente que esto funcione?No se trata de que nada funciona o de que todo es mentira. Se trata de que lo que para ellos fue una explosión, para ti puede no serlo. Aunque tus contenidos sean buenos, bonitos e interesantes.Si no se cumplen las otras capas, no van a tener esa capacidad de explosión.Y ojo, esto no es para desanimarte. Es para que inviertas tu tiempo en cosas que tengan posibilidades reales de funcionar para ti.¿Has comprado algún cursito o seguido algún tutorial que luego te has dado cuenta que no iba a funcionar en tu proyecto? Soy todo orejas.Esta semana en YouTubePDSi quieres más análisis como este, pásate por Factoría Creativa. Ahí analizamos creadores, herramientas y compartimos info pensada para que crezcas sin caer en los cantos de sirena.Un abrazo, GuillermoPD2: ¿Quieres que analice algún creador o caso en concreto? Responde a este email y lo miro. This is a public episode. If you would like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit www.guitermo.com

Convidado
"Congresso Nacional de Reconciliação não acabará com a fome e a pobreza"

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 3, 2025 9:04


O Congresso de Reconciliação Nacional, organizado pela Igreja Católica angolana realiza-se na primeira semana de Novembro, antecedendo as celebrações dos 50 anos de independência. O Presidente da República João Lourenço confirmou a sua presença, a convite dos bispos da Conferência. Os mesmos que, recentemente, teceram duras críticas contra "a corrupção, a fome e a pobreza". Que temas serão debatidos neste Congresso e a que consensos pode chegar a sociedade angolana?  Inicialmente previsto para 29 e 30 de Outubro, o Congresso de Reconciliação Nacional foi adiado para a primeira semana de Novembro, após concertação com o chefe de Estado. O Presidente João Lourenço, que confirmou a sua presença no evento, não se encontrava disponível nas primeiras datas devido a uma cimeira da União Africana, segundo informou à imprensa local o Padre Celestino Epalanga.  Questionámos o mestre angolano em Ciência Política Almeida Henriques sobre este Congresso aberto a todos os cidadãos angolanos e não só aos fiéis católicos. O que revela a presença, simbólica ou política, do Presidente da República neste evento que se quer reconciliador e que advém num contexto social tenso de recentes manifestações, tentativas de greve e denúncias de detenções arbitrárias.   RFI: Como define o contexto em que se vai realizar este Congresso? Professor Almeida Henriques: Temos que olhar para a paz de uma forma extensiva. A paz não é só o calar das armas e se calhar temos de adicionar um outro elemento, a justiça social. Justiça social gera paz. Agora, é verdade que o contexto geopolítico não respira a saúde que se precisava. Numa perspectiva económica, a balança que se coloca, normalmente, é a da cesta básica. Quando a cesta básica está desenquadrada, normalmente a tensão começa-se a fazer sentir, do ponto de vista de insatisfação social. O Estado deve garantir a segurança, a justiça e a paz social. Portanto, quem não garantir esses elementos é melhor não existir. É assim que se pensa em ciência política. Ora bem, para o caso angolano, esses elementos existem. Mas na dimensão que se pretende? Obviamente não. Agora, o que é que se precisa fazer? Ler os sinais dos tempos, compreender os fenómenos e encontrar soluções para que de facto se busque o desejável. É este também o propósito do Congresso de Reconciliação Nacional. O que pensa da presença do Presidente da República neste evento? O Chefe de Estado, para além de ser Presidente da República, é um cidadão e ele é parte do processo da justiça social e da reconciliação nacional. A sua presença é simbólica e dá uma outra dimensão, dá uma outra aceitação de que as entidades políticas e religiosas estão unidas em torno de um propósito. Logo, não é estranho que o Presidente João Lourenço marque presença. Estarão também os líderes de outros partidos políticos, por exemplo, os partidos políticos da oposição? Em princípio, sim. E devem estar. Porque se não estiverem, estariam desvinculados do processo de paz e justiça social. A Igreja sempre está na linha de frente naquilo que é a pacificação dos espíritos. O cidadão angolano ainda assim, vive alguns efeitos, sobretudo os mais adultos, de um passado recente e às vezes a presença duma palavra divina reconforta o cidadão, e reconcilia o cidadão com o seu irmão. Portanto, a Igreja é um parceiro incondicional do Estado. Há poucos dias, no fim da II Assembleia Plenária Anual, a Igreja Católica teceu duras críticas às autoridades políticas, denunciando, entre outros, a corrupção como sendo "a pior desgraça dos últimos 50 anos", a fome e a pobreza. Estas realidades vão ser abordadas neste Congresso de Reconciliação Nacional? Em que medida é que podem ser alcançados consensos? Precisamos de perceber um detalhe. Este Congresso não será para acabar com a fome nem com a pobreza, mas é para apresentar indicadores daquilo que se vive e perspectivar mudanças.  Buscar caminhos sólidos que possam alavancar a economia. Buscarmos a estabilidade social, buscarmos a proteção social, buscarmos a assistência social, tudo isto olhando pelos mecanismos de combate à corrupção. Existem esses mecanismos, sim, mas precisamos de encontrar novas ferramentas. Porque não vamos dizer que a corrupção terminou. Ninguém pode dizer. Concretamente que temas serão debatidos neste Congresso? Vou buscar um elemento muito importante. Nós recentemente tivemos uma situação insólita. Vimos a vandalização dos bens públicos e eu lhe confesso, até 1991, isto era quase que impossível. Porquê? Porque era altura da construção da personalidade do cidadão angolano naquilo que era o amor à pátria, o espírito de pertença... Mas isso ficou desvalorizado porque a liberdade começou a ser confundida com a libertinagem. Estes valores têm que ser resgatados. E no discurso político, tem que se saber abordar elementos como estes. Como da questão da corrupção. Porque mais do que falar da paz, vai se falar desses elementos. Não tem como não se falar disto. Os discursos políticos não vão falar apenas "olhem, temos 50 anos de independência e hoje vamos preparar a Festa da Independência". Não. Política não é isto. E também a Igreja Católica não vai aparecer ali com discursos de preparar champanhe para o dia dos festejos dos 50 anos. Não vai ser isto. Há ainda outro tema recente. Várias organizações da sociedade civil angolana apelaram à comunidade internacional e à Igreja para não ficarem em silêncio diante das detenções arbitrárias e das mortes durante as manifestações, nomeadamente as de Julho. Acredita que o tema vai ser debatido e, se não o for, que reconciliação nacional é possível obter neste contexto? Cada área tem a sua responsabilização. É garantida a liberdade do cidadão angolano poder manifestar a sua vontade. E é normal que aconteça um cidadão reclamar, buscar justiça internacional, segurança internacional. Poderá ter havido excessos, mas na verdade, os excessos foram precipitados pelo próprio cidadão. Efectivamente, pode ter havido excesso de zelo. O excesso de zelo pode-se traduzir num crime, porque ninguém tem direito de tirar a vida. Nisto estamos todos de acordo. Se a sociedade civil tiver um momento de intervenção no Congresso, obviamente fará menção a isto. Mas se for tratado neste fórum, pode não ser um tema pacificador. Enquanto analista da vida política e social angolana, que mensagem gostaria que fosse passada ao povo angolano neste Congresso de Reconciliação Nacional? Que o povo angolano, digamos, sinta que o que nos une é mais importante e supremo do que aquilo que nos desune. Tenhamos o mesmo sentimento de partilha, tenhamos o mesmo sentimento de construção de uma sociedade equilibrada. E para que nós também, enquanto cidadãos, tenhamos orgulho da nossa cidadania, para que não tenhamos uma conduta que põe em causa a segurança nacional, porque somos nós que temos que proteger a nossa liberdade. Somos nós que temos que proteger a segurança nacional. E é verdade. Somos nós que temos que exigir os direitos que nos são, digamos, reservados por lei. Portanto, tudo tem que gerar equilíbrio, mas sempre esse equilíbrio dentro dos princípios de paz e justiça social, senão mesmo de reconciliação nacional.   Em Setembro deste ano, cinco organizações da sociedade civil instaram as Nações Unidas (ONU) a liderar uma investigação internacional independente sobre a morte de centenas de angolanos durante a greve dos taxistas, entre os dias 28 e 30 de Julho. As ONGs disponibilizam-se para fornecer todas as provas e documentação necessárias para apoiar a busca por justiça. Pouco tempo antes, no início do mês de Setembro, a justiça suspendeu a tentativa de outro movimento grevista. Os jornalistas da imprensa pública apelaram à greve, pela primeira vez desde a independência em 1975, para reivindicar melhores condições laborais. A greve foi suspensa pelo Tribunal de Luanda, que invocou uma "violação ao direito fundamental dos cidadãos se informarem".   O Sindicato dos Jornalistas Angolanos afirmou continuar determinado na reivindicação dos seus direitos, sem todavia avançar com o movimento de greve. 

Expresso - Expresso da Manhã
Pedro Andersson: “Tudo o que promete riqueza rápida sem risco é burla com 100% de certeza”

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Sep 23, 2025 15:21


As fraudes bancárias estão a aumentar em Portugal e são cada vez mais sofisticadas e difíceis de detetar. A Associação de Bancos Portugueses lançou uma campanha para ajudar a conhecer as situações a que deve estar atento e como evitar cair nestes esquemas. Neste episódio, conversamos com o jornalista da SIC Pedro Andersson.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Los Impopulares
Lazonapeligrosadondesepierdeelrespetoelunoporelotro - Capítulo 271

Los Impopulares

Play Episode Listen Later Sep 18, 2025 72:49


¿Cuál es el único comediante que ha sido apredreado por costeños de Valledupar durante un show? Aquí lo descubren. ¿Cuál es esa zona peligrosa donde se pierde el respeto el uno por el otro? Obviamente es el nombre del show de Diciembre y nació de este capítulo. Disfruten su bichita Conviértete en un seguidor de este podcast: https://www.spreaker.com/podcast/los-impopulares--4081707/support.

Daniel Ramos' Podcast
Episode 497: 14 de Septiembre del 2025 - Devoción para la mujer - ¨Amanecer con Jesús

Daniel Ramos' Podcast

Play Episode Listen Later Sep 13, 2025 3:55


==============================================SUSCRIBETEhttps://www.youtube.com/channel/UCNpffyr-7_zP1x1lS89ByaQ?sub_confirmation=1==================================================== DEVOCIÓN MATUTINA PARA MUJERES 2025“AMANECER CON JESÚS”Narrado por: Sirley DelgadilloDesde: Bucaramanga, ColombiaUna cortesía de DR'Ministries y Canaan Seventh-Day Adventist Church===================|| www.drministries.org ||===================14 de SeptiembreLa fe del grano de mostaza«Jesús les dijo: -Por vuestra poca fe. De cierto os digo que si tenéis fe como un grano de mostaza, diréis a este monte: "Pásate de aquí allá", y se pasará; y nada os será imposible» (Mateo 17:20).Con regularidad escucho decir que no importa el tamaño de la fe, pues aunque fuera del tamaño de un grano de mostaza, sería suficiente. Repasemos lo que dijo Jesús acerca de ese pequeño grano. En una parábola comparó al reino de los cielos con el grano de mostaza, haciendo hincapié en que, siendo la más pequeña de las semillas, vino a ser un árbol grande y frondoso en el que las aves hacen sus nidos (Mateo 13: 31-32).En cierta ocasión, un padre desesperado vino a Jesús pidiendo ayuda para su hijo: «Lo he llevado a tus discípulos y no lo han podido sanar». Cuando los discípulos le preguntaron a su Maestro por qué ellos no había podido realizar aquel milagro, él responde contundentemente: «Porque ustedes tienen muy poca fe». Y continuó, «si tuvieran fe como un grano de mostaza»... podrían mover montes (Mateo 17: 14-21).Nótese que no se está haciendo referencia al tamaño del grano, sino al tamaño de la fe que tiene ese pequeño grano. Su fe es tan grande que «aun siendo la más pequeña de las semillas, viene a ser la más grande de las plantas, al grado de convertirse en árbol». Sí, el grano es pequeño, pero su fe es grande.Nosotros somos ese pequeño grano, lo que está dentro de nosotros es nuestra fe. ¿De qué tamaño es? La respuesta de Jesús deja claro que no le satisface una fe pequeña. Él anhela que nuestra fe en él sea grande para que de esa manera podamos mover montañas. Obviamente, no quiso decirles que movieran de lugar las montañas literales del país, sino a las montañas de pruebas a las que día a día nos enfrentamos.La fe y determinación de ser leales a Dios, no libró a Sadrac, Mesac y Abednego del horno de fuego. Finalmente, ellos sí fueron lanzados dentro. No obstante, al ejercer su fe con tal osadía, dieron a Dios la oportunidad de manifestarse de manera sorprendente y sobrenatural. Lo escrito por el profeta Isaías se cumplió en la persona de ellos: «Cuando pases por el fuego, no te quemarás ni la llama arderá en ti» (Isaías 43: 2) La fe de los tres hebreos, había movido el monte. ¿Qué montaña moverá hoy tu fe? 

Nadia Maria Podcast
Epi 146 | “Unknown Number” vino a dejarnos locos.” | NMP

Nadia Maria Podcast

Play Episode Listen Later Sep 8, 2025 40:45


Obviamente iba a hablar de "Unknown Number", de mis impresiones, de las teorias conspirativas alrededor de esto y de por qué los de signo cancer tienen alto potencial de sufrir del sindrome de Münchhausen (chiste amigos).Conoce nuestro patrocinantes y sus hermosos productos: Ascension Organites:https://www.instagram.com/ascensionorgonitesHora Track:https://horatrack.com?utm_source=youtube&utm_medium=banner&utm_campaign=nadia-mariaRecuerda que siempre puedes ayudar a este podcast ingresando a: https://patreon.com/lanadiamariaY Siempre puedes ayudar dejando tu comentario y calificando con 5 estrellas todos los episodios que te gusten.@lanadiamaria en: instagram, tiktok, X y facebook.Dirección de Fotografía y video: Daniel “el cumanés” Aldamiz: https://www.instagram.com/aldamizcumanes_dpEdición: Joy Castañeda: https://instagram.com/enjoyvideo_

Noticias de América
El número de migrantes disminuye por primera vez en décadas en EE.UU.

Noticias de América

Play Episode Listen Later Aug 30, 2025 2:32


En los primeros seis meses de 2025, la población extranjera, con o sin papeles, se redujo en un millón y medio de personas. En junio, el país albergaba a 51,9 millones de migrantes, frente a los 53,3 millones de seis meses antes. RFI analiza el contexto de estas cifras con Adriana Rivera, directora de comunicaciones de la Coalición de Inmigrantes de la Florida Flick. Por primera vez en décadas, son más los inmigrantes que abandonan Estados Unidos que los que llegan, según un nuevo estudio, lo que constituye un primer indicio de que la estrategia de línea dura contra la migración del presidente Donald Trump está haciendo que la gente se marche, ya sea por deportación o por elección propia. En los primeros seis meses de 2025, la población extranjera, con o sin papeles, se redujo en un millón y medio de personas. De acuerdo con cifras del Instituto de Investigación Pew Center, una tendencia que confirma Adriana Rivera, directora de comunicaciones de la Coalición de Inmigrantes de la Florida Flick en la antena de RFI: "El presidente Trump paró la entrada de refugiados, el programa de refugiados, que es un programa internacional. Ya aquí no han entrado más personas a través del programa de refugio. Es muy difícil que te aprueben un asilo e incluso la gente que ha entrado con asilo, que todavía tienen asilo pendiente de gente que lleva años con asilos pendientes, tienen miedo que que el desenlace de de su petición de asilo sea negativa".+ En junio, el país albergaba a 51,9 millones de migrantes, frente a los 53,3 millones de seis meses antes.Los funcionarios del gobierno de Trump han aplaudido la salida neta, afirmando que las presiones sobre los servicios gubernamentales han disminuido y que los mercados de trabajo se han recuperado. Adriana Rivera considera que estas cifras reflejan de manera evidente el nuevo clima que se vive en Estados Unidos."La gente está viviendo con un nivel de miedo que yo nunca he experimentado. De hecho, yo soy ciudadana estadounidense y yo vivo con miedo. Mi familia vive con miedo. Se ha convertido en una atmósfera en donde incluso hablar otro idioma te puede poner un blanco en la espalda. Tener tatuajes, por ejemplo. Son tantas cosas completamente aleatorias y ridículas que uno ya no sabe verdaderamente ni cómo vivir en paz aquí. Obviamente hay muchas personas que están de acuerdo con esto, que lo celebran, pero hay muchísimas más que entienden que esto ya se está pasando de la raya y que esto es como un estado policiaco" dice para RFI y lanza un llamado de advertencia que hubiera sido inimaginable hace escasos meses. "Este país está cambiando. Día tras día se ven los policías, se ven los agentes federales en la calle, se ven los niños en las escuelas nerviosos, los vecinos que ya no salen como antes. Se ve una baja en cuánta gente está en el restaurante de la esquina. En este país la vida ha cambiado de un momento a otro y pues esto es una advertencia a las demás personas que que no copien lo que se está viviendo acá porque no es nada bonito", concluye.  Tras hacer campaña prometiendo deportaciones masivas, Trump ha introducido medidas radicales para reducir la migración. Su gobierno ha restringido el acceso al asilo en la frontera sur, ha endurecido los requisitos de visado para estudiantes y trabajadores del sector tecnológico y ha desplegado miles de agentes federales para detener y deportar a migrantes indocumentados

Noticias de América
El número de migrantes disminuye por primera vez en décadas en EE.UU.

Noticias de América

Play Episode Listen Later Aug 30, 2025 2:32


En los primeros seis meses de 2025, la población extranjera, con o sin papeles, se redujo en un millón y medio de personas. En junio, el país albergaba a 51,9 millones de migrantes, frente a los 53,3 millones de seis meses antes. RFI analiza el contexto de estas cifras con Adriana Rivera, directora de comunicaciones de la Coalición de Inmigrantes de la Florida Flick. Por primera vez en décadas, son más los inmigrantes que abandonan Estados Unidos que los que llegan, según un nuevo estudio, lo que constituye un primer indicio de que la estrategia de línea dura contra la migración del presidente Donald Trump está haciendo que la gente se marche, ya sea por deportación o por elección propia. En los primeros seis meses de 2025, la población extranjera, con o sin papeles, se redujo en un millón y medio de personas. De acuerdo con cifras del Instituto de Investigación Pew Center, una tendencia que confirma Adriana Rivera, directora de comunicaciones de la Coalición de Inmigrantes de la Florida Flick en la antena de RFI: "El presidente Trump paró la entrada de refugiados, el programa de refugiados, que es un programa internacional. Ya aquí no han entrado más personas a través del programa de refugio. Es muy difícil que te aprueben un asilo e incluso la gente que ha entrado con asilo, que todavía tienen asilo pendiente de gente que lleva años con asilos pendientes, tienen miedo que que el desenlace de de su petición de asilo sea negativa".+ En junio, el país albergaba a 51,9 millones de migrantes, frente a los 53,3 millones de seis meses antes.Los funcionarios del gobierno de Trump han aplaudido la salida neta, afirmando que las presiones sobre los servicios gubernamentales han disminuido y que los mercados de trabajo se han recuperado. Adriana Rivera considera que estas cifras reflejan de manera evidente el nuevo clima que se vive en Estados Unidos."La gente está viviendo con un nivel de miedo que yo nunca he experimentado. De hecho, yo soy ciudadana estadounidense y yo vivo con miedo. Mi familia vive con miedo. Se ha convertido en una atmósfera en donde incluso hablar otro idioma te puede poner un blanco en la espalda. Tener tatuajes, por ejemplo. Son tantas cosas completamente aleatorias y ridículas que uno ya no sabe verdaderamente ni cómo vivir en paz aquí. Obviamente hay muchas personas que están de acuerdo con esto, que lo celebran, pero hay muchísimas más que entienden que esto ya se está pasando de la raya y que esto es como un estado policiaco" dice para RFI y lanza un llamado de advertencia que hubiera sido inimaginable hace escasos meses. "Este país está cambiando. Día tras día se ven los policías, se ven los agentes federales en la calle, se ven los niños en las escuelas nerviosos, los vecinos que ya no salen como antes. Se ve una baja en cuánta gente está en el restaurante de la esquina. En este país la vida ha cambiado de un momento a otro y pues esto es una advertencia a las demás personas que que no copien lo que se está viviendo acá porque no es nada bonito", concluye.  Tras hacer campaña prometiendo deportaciones masivas, Trump ha introducido medidas radicales para reducir la migración. Su gobierno ha restringido el acceso al asilo en la frontera sur, ha endurecido los requisitos de visado para estudiantes y trabajadores del sector tecnológico y ha desplegado miles de agentes federales para detener y deportar a migrantes indocumentados

La Corneta Extendida
El síndrome de Estacolmo

La Corneta Extendida

Play Episode Listen Later Aug 12, 2025 63:22


¿Han escuchado la frase: "Pégame pero no me dejes"? Ésta podría ser la expresión más burda de lo que es el Síndrome de Estocolmo. Obviamente va mucho más allá, así que para ayudarnos a entenderla, en este episodio damos de nuevo la bienvenida al sorprendente doctor psiquiatra Enrique Camarena. Con él hablaremos de la historia y las características de éste que es, tal vez, el síndrome más sonado de todos.See Privacy Policy at https://art19.com/privacy and California Privacy Notice at https://art19.com/privacy#do-not-sell-my-info.

Se Rascó Así: El Manicomio Inhabitable
Ep. 272: Las Crónicas del Jurutungo Viejo

Se Rascó Así: El Manicomio Inhabitable

Play Episode Listen Later Aug 12, 2025 142:34


Radioactive Girl y Nana se encuentran en la Isla de “¿¡Pa'Qué!?” en una súper misión secreta. Obviamente para llegará uno de sus destinos tienen que pasar por una cantidad de obstáculos que no al mismo Donkey Kong se les presentaría. ¿Por qué realmente se fueron a Puerto Rico? Ah, esa es la pregunta.La Maldad regresa al Manicomio y nos brinda brevemente datos históricos sobre su abuela quien recientemente se encuentra en el descanso eterno. Un turista es asesinado en el sector La Perla en el Viejo San Juan luego de acudir a la “residencia” descanso Bad Bunny. Pero todos nos hacemos las siguientes preguntas. ¿Qué hacía ahí a las altas horas de la noche? ¿Por qué su prometida no lo acompañaba? ¿Por qué ignoró las advertencias de no ir? ¿Esto fué un incidente provocado o una inocente víctima de las circunstancias?Y como si fuera poco, los amigos de lo dañino quieren seguir jorobando el ecosistema de nuestro Borinquén al querer intentar traer una de las especies más peligrosas que existe en este planeta. La tarántula venenosa.Con las participaciones de Mío: El Huevo Feliz, Carlos “Voodoo Ranger” Solá, Gustavo “El Ácido” Cáez, Deborah “Radioactive Girl” Mateo, Natalia “Nana” Sánchez, Giancarlo “La Maldad” Martines y Alberto “Súper Servo” Reyes. Este episodio es dedicado a la memoria de Prof. Noemí Marcano Cuadrado 1929 - 2025Ahora puedes conseguir la mercancía oficial de SE RASCÓ ASÍ. ¡Visita nuestro “Güanime Store” y chequea lo nuevo que tenemos!https://guanime-store.printify.me/category/all/1¡Chequea nuestro Linktree!https://linktr.ee/serascoasi?utm_source=linktree_profile_share ADVERTENCIA: El material discutido en este programa no es apto para menores de 18 años y no representa la opinión de Spotify. Sugerimos discreción. ©2025 Se Rascó Así Productions. Derechos Reservados.

Wizards Of Ecom (En Español)
#340 - Cómo podemos subir el precio de nuestros productos sin perder ventas

Wizards Of Ecom (En Español)

Play Episode Listen Later Aug 5, 2025 28:19


Alejandro Seijas entiende el mundo del e-commerce desde adentro. Emprendedor desde muy chico, fundó dos empresas con facturaciones que superan los 360.000 dólares anuales y creó La Fábrica, un espacio para emprendedores que buscan escalar sus negocios. Su experiencia lo llevó a deducir que en un entorno cada vez más competitivo, subir los precios no es solo una opción posible, sino una estrategia necesaria. “Subir el precio de un producto no solamente te permite generar más rentabilidad, sino que también te permite escalar tu negocio a largo plazo”, afirma Alejandro. Con más personas vendiendo en internet, los costos por adquirir un cliente aumentaron, y ajustar el precio es una forma de responder a ese contexto sin comprometer la rentabilidad. Para tomar mejores decisiones al respecto, Alejandro aplica tres principios que guían su estrategia. El primero es apostar por productos que sean consumibles y repetibles, con potencial de compra en cantidad. Luego, se enfoca en aumentar el gasto promedio de cada cliente y reducir al máximo el costo por adquisición. “Mis productos están enfocados en que sean artículos que se puedan vender en cantidad y que sean consumibles”, explica. También trabaja sobre el pricing de manera progresiva. En lugar de ofrecer un valor demasiado alto de entrada, infla levemente el precio promedio del mercado y le suma un porcentaje que le permite conservar competitividad. “Lo que me funciona es que al precio medio le sumo el 10 por ciento… Obviamente inflo un poco el precio medio”, comparte. Aumentar el ticket promedio es otra de sus prioridades. Para eso, se apoya en estrategias como el cross-selling, que consiste en ofrecer productos relacionados con el que el cliente ya está por comprar. “Lo que hace es incrementar el ticket de compra del cliente”, asegura. Eso sí, para subir el precio sin perder ventas hay que trabajar en el valor percibido del producto. Alejandro advierte que si se trata de un artículo genérico, competir por precio con grandes plataformas puede ser un error. “Cuando uno comienza a vender no puede vender un producto caro… Ahí entra la estrategia del branding para poder aumentar el precio”, asevera. Para él, una vez que se valida el producto, se puede construir alrededor una marca sólida que le otorgue un diferencial: “Cuando uno hace branding de un producto que ya testeó, ya crea un mini monopolio… y atrae a una audiencia que le gusta pagar un poco más”. Alejandro también destaca que brindar información clara sobre lo que el producto incluye es una herramienta clave para eliminar objeciones. “Nunca está de más decir qué contiene el producto… es un plus porque quita muchas objeciones de los clientes”, señala. Y en el fondo, todo vuelve a la confianza. Para él, si un cliente elige un producto más caro es porque cree que ese producto va a cumplir lo que promete. “Prefiero comprar productos que son más caros para mí, pero que son confiables en temas de resultados”, confiesa. Subir el precio no es simplemente una decisión comercial, es una respuesta estratégica a las condiciones del mercado. Por eso, quedarse quieto no es una opción: “Cuando uno no sube el precio, el mercado te va a terminar aplastando… más ahora que hay más vendedores”, resalta nuestro invitado. Para sostener y escalar un negocio a largo plazo, hay que estar dispuestos a tomar decisiones audaces que protejan la rentabilidad y fortalezcan la propuesta de valor. Instagram: @alejandroseijasm

Oso Trava Podcast
OPTIMIZACIÓN PERSONAL ABSOLUTA | Oso Trava en Se Regalan Dudas

Oso Trava Podcast

Play Episode Listen Later Aug 4, 2025 82:01


Send us a textHace 6 años le escribí un mensaje a un podcast que comenzaba a sonar fuerte en Ciudad de México. Mi intención era sencilla: que me entrevistaran para hablar de mi empresa. Obviamente nunca obtuve respuesta. Spoiler: la entrevista sí llegó… solo que tardó seis años. Y aquí te la dejo.Hoy me senté con Ashley Frangie y Lety Sahagún, creadoras de Se Regalan Dudas, para hablar no solo de su historia, sino de cómo han convertido sus preguntas —y sus heridas— en herramientas poderosas de transformación.En esta conversación hablamos de:Cómo sanar cuando sientes que te rompiste por dentro, pero el mundo espera que estés bien.Qué significa realmente vivir con propósito, cuando ya no puedes sostener la versión que vendes hacia afuera.Y por qué el éxito no sirve de nada si no te sientes tú misma en el proceso.Yo también he vivido momentos en los que todo parecía estar bien desde afuera, pero por dentro… la historia era otra. En este episodio hablamos sin máscaras ni fórmulas mágicas, pero con muchas verdades que pueden ayudarte a reenfocar tu camino.Si estás buscando claridad, paz o simplemente sentirte acompañado(a) en tu proceso… aquí estamos.Una vida. Una oportunidad. Haz que valga la pena.

Con Las Bases Llenas Podcast de Beisbol
Eugenio Suárez: “Estar en los Yankees sería algo grande,” | Entrevista All-Star 2025

Con Las Bases Llenas Podcast de Beisbol

Play Episode Listen Later Jul 25, 2025 2:57


⚾ Desde la alfombra roja del MLB All-Star Game 2025, conversamos en exclusiva con Eugenio Suárez, uno de los peloteros latinos más consistentes de los últimos años y protagonista de una gran temporada.

Noticias de América
El presidente Milei cierra Vialidad, origen del caso contra Cristina Fernández

Noticias de América

Play Episode Listen Later Jul 9, 2025 2:44


El presidente argentino Javier Milei, mediante un decreto, ordenó el cierre de la Dirección Nacional de Vialidad, entidad pública responsable de administrar, ejecutar y supervisar obras viales a nivel nacional. En su lugar, se creará la 'Agencia de Control de Concesiones y Servicios Públicos del Transporte' para fiscalizar las concesiones viales.  La medida del cierre de la Dirección Nacional de Vialidad se tomó antes de que venciesen los 'superpoderes' que el Congreso otorgó al presidente argentino Javier Milei por un año para ejercer ciertas funciones del Poder Legislativo. Germán Galarza, analista político, comenta las razones detrás de este decreto: "Hay que decir que la gestión de Milei ya venía anticipando que Vialidad era uno de los apuntados para cerrar,  entendiendo que había desmanejos, que se podía -lo dice el Gobierno- ahorrar muchísimo dinero y entendiendo que no cumplía sus funciones". Galarza considera que el momento del anuncio no es casualidad: "Obviamente que la 'causa Vialidad' es el resultado del juicio por el que hoy está cumpliendo una condena Cristina Fernández de Kirchner. Fue el detonante tamibén, porque porque estamos muy, pero muy cerca, de tiempos electorales importantes, cruciales, para el gobierno nacional". "Son dos puntuales. Uno en septiembre, en un distrito importante para la República Argentina como es la provincia de Buenos Aires, y en el mes de octubre las elecciones nacionales a cargos por escaños en el Congreso de la Nación en la Cámara de Diputados", prosigue. "Es un mensaje claro a ese electorado, que hoy lo acompaña en proyecciones en más del 30%. Entonces, no es casualidad, obviamente. Lo venía anticipando el Gobierno nacional, pero lo hace en este tiempo, entendiendo que es un tiempo también estratégico en términos electorales", mantiene al respecto el analista Germán Galarza.   Leer tambiénLa Corte Suprema confirma la condena de Cristina Kirchner y su inhabilitación por corrupción "Argentina está implementando uno de los programas de estabilización más ambiciosos en la historia reciente de los mercados emergentes". Así comienza un informe reciente del Instituto de Finanzas Internacionales, la principal institución global en este sector. Sin embargo, las reformas en áreas estratégicas generan alarma y preocupación, según afirma Marcelo Torres exdiputado y exsubsecretario de Transporte del gobierno kirchnerista: "Estamos en una situación muy grave, muy compleja. Hoy la Dirección Nacional de Vialidad tiene 5.500 empleados, trabajadores que tienen especializaciones muy específicas, agrimensores, ingenieros, que vienen hace muchos años trabajando en un país muy extenso". "Solamente el 10% de las rutas nacionales son autovías en Argentina, el resto están a cargo del mantenimiento del Estado nacional a través de la Dirección Nacional de Vialidad. Esto realmente va generar una tragedia para los ciudadanos de nuestro país", concluye.  Por su parte, la Confederación General del Trabajo, uno de los sindicatos mas grandes en Argentina, advirtio que el cierre del organismo de Vialidad, así como el de las otras entidades ligadas a Seguridad Vial, pondrán en peligro a millones de personas que transitan por las rutas nacionales.

Wizards Of Ecom (En Español)
#335 - Lo que las marcas de Estados Unidos están haciendo (y tu tienda online en LATAM puede aprovechar)

Wizards Of Ecom (En Español)

Play Episode Listen Later Jul 1, 2025 17:56


Cuando se trata de escalar una tienda online, no todo es cuestión de suerte. Luis Camilo Torres, CEO de eMentory, lo sabe bien: ha facturado más de cinco millones de dólares y ha ayudado a más de 600 personas a vivir del e-commerce. Su recorrido comenzó con el dropshipping en plena pandemia, desde Cali, Colombia, y en solo dos meses ya había generado más de $10,000. “Obviamente, como estaba inexperto, perdí dinero iniciando”, admite, pero esa primera experiencia fue el inicio de una carrera imparable. Hoy, Luis lidera un modelo híbrido que combina productos propios con operaciones en dropshipping y tiendas Shopify. “Principalmente trabajamos en Shopify. Vendemos en múltiples nichos, pero los que más nos gustan son salud, bienestar y belleza, porque tocan puntos de dolor muy fuertes en los seres humanos”, relata. Con una operación que combina bodegas propias, proveedores aliados y logística de última milla, su foco está puesto en la velocidad y la eficiencia. Pero si hay algo que marca la diferencia, es su enfoque para validar productos: “Nosotros antes de mandar a desarrollar el producto medimos la demanda… invertimos en anuncios y cuando vemos que hay buenos números, lo mandamos a fabricar”, cuenta. Su estrategia es clara: tomar lo que ya funciona en mercados como Estados Unidos y adaptarlo a Latinoamérica. “Modelamos marcas que ya están funcionando en los Estados Unidos, en Europa, y lo adaptamos a un producto que toque los mismos puntos de dolor, con una narrativa parecida. Eso hace que casi todas las pruebas que lanzamos sean exitosas”, afirma. El contenido publicitario también forma parte esencial del proceso. Desde su agencia, desarrollan páginas de alta conversión, anuncios y piezas listas para dropshippers que apenas están comenzando. “Lo mejor que se podría hacer es ponérsela fácil. Darles todo ya armado… los anuncios listos, tomas del producto, contenido UGC, páginas de venta, elementos gráficos. Eso garantiza mejores resultados”, asegura nuestro invitado. Incluso para marcas americanas que desean ingresar al mercado LATAM, Luis propone convertirse en un facilitador: “Ponérsela fácil a los dropshippers es la clave. Si una marca de suplementos, por ejemplo, quiere penetrar Colombia, debe ofrecer combos, productos complementarios, guías o recetarios que aumenten el valor percibido”. En un ecosistema cambiante, donde muchos dan por muerto el dropshipping, Luis demuestra que el verdadero diferencial está en la ejecución: adaptar, simplificar, acelerar y ofrecer valor real. “Lo que nosotros hacemos es eso: ayudamos a las personas a tener sus tiendas a través de Internet, bajo la modalidad de marca propia o de dropshipping, aprovechando todo lo que hay en Latinoamérica”, finaliza. Con esa visión, Luis no solo impulsa negocios. Los transforma. Instagram: @luiscamilo23 Youtube: @luiscamilo_ecom

Batseñales
Batseñales T11E38 - 28 Años Después ☣️

Batseñales

Play Episode Listen Later Jun 26, 2025 70:16


Se nos infecta el podcast con un nuevo programa dedicado a 28 años después, el tardío regreso de la saga creada por Danny Boyle y Alex Garland en 2002. Obviamente, también aprovechamos para refrescar las dos primeras entregas. 3:49 | El batarang (Una película de Minecraft, Jiujitsufragistas, Sin piedad para nadie, Power Rangers: La película) 12:04 | Crítica sin spoilers + repaso a la saga 41:46 | Crítica con spoilers Nuestro Facebook https://www.facebook.com/podcastbat/ Nuestro Bluesky https://bsky.app/profile/batsenalespodcast.bsky.social Nuestro Instagram https://www.instagram.com/batsenales/ Nuestro Telegram https://t.me/batsePOD

Un Mensaje a la Conciencia
«Mi esposa es muy vanidosa»

Un Mensaje a la Conciencia

Play Episode Listen Later Jun 21, 2025 4:01


En este mensaje tratamos el caso de un hombre que «descargó su conciencia» de manera anónima en nuestro sitio www.conciencia.net y nos autorizó a que lo citáramos, como sigue: «Mi esposa es muy vanidosa. Se la pasa publicando fotos de ella en las redes sociales, y a mí no me gusta. Obviamente recibe muchos “Me gusta” de hombres amigos de ella, y la verdad es que no sé qué hacer. ¿Me pueden dar un consejo?» Este es el consejo que le dio mi esposa: «Estimado amigo: »Al parecer, usted piensa que su esposa está buscando la atención de otros hombres... [y] cree que ella publica esas fotos porque es vanidosa, pero nosotros creemos que hay otras explicaciones posibles. »Las redes sociales son un foro de interacción relativamente nuevo, pero ya hay muchas teorías que intentan clasificar a sus diferentes tipos de usuarios (sin incluir a los usuarios comerciales y los que anuncian productos). Hay además estudios diseñados para descubrir si hay una correlación entre ciertos comportamientos y tipos o trastornos de la personalidad de los usuarios en las redes sociales. »Se ha especulado que el narcisismo puede identificarse conforme a los tipos de selfies que la persona publica. ¿Son selfies de ella misma principalmente, o son más que nada de ella como parte de un grupo? Es posible que los narcisistas, que desean ser el centro de atención, sean propensos a publicar más selfies solos que formando parte de un grupo. »Si bien el deseo de acaparar la atención puede ser causado por el ensimismamiento y la vanidad,1 también puede resultar de la inseguridad y la ansiedad. Los que están muy interesados en el número de seguidores que tienen y en cuántos “Me gusta” reciben tal vez dependan de esos números para evitar sentir que están solos y que nadie los quiere. »... Lo que más le conviene a usted es ser quien [estimula a su esposa] de manera positiva. Dígale que le gusta su peinado o que le encanta su mirada. Ayúdela a sentirse segura en el amor que le muestra y en la relación que tiene con ella. Demuéstrele con palabras y con los hechos lo mucho que la valora. »Ofrezca sacar fotos de su esposa, tanto con usted como con otras personas. Asegúrese de que ella siempre tenga a mano una buena cantidad de nuevas fotos que incluyan a otros. »Quien depende de la belleza física para atraer la atención y admiración tendrá que afrontar, tarde o temprano, el paso del tiempo. Es que el tiempo pasa y con frecuencia la belleza se pierde. Hay un proverbio bíblico muy conocido que dice así: “Los encantos pueden engañar y la belleza no dura, pero la mujer que honra al Señor es digna de alabanza.”2 En otras palabras, el honrar a Dios y ver la vida desde el punto de vista de Él es lo que de veras hace hermosa a una mujer, aunque sea anciana y tenga arrugas. »A su esposa le hace falta que usted perciba y admire su belleza interna. Cuando observe que ella está siendo amable o generosa, dígaselo. Ayúdela a enfocarse en sus propias cualidades internas y no tanto en su belleza externa.» Con eso termina lo que Linda, mi esposa, recomienda en este caso. El caso completo puede leerse con sólo pulsar la pestaña en www.conciencia.net que dice: «Casos», y luego buscar el Caso 728. Carlos ReyUn Mensaje a la Concienciawww.conciencia.net 1 Aleksandra Atanasova, “How to Spot a Narcissist on Social Media [Cómo saber identificar a un narcisista en las redes sociales],” Social Media Today [Las redes sociales hoy], 26 noviembre 2016 En línea 24 abril 2022. 2 Pr 31:30 (NBV)

Noticias de América
Sesenta años después de su creación, Mafalda desembarca finalmente en Estados Unidos

Noticias de América

Play Episode Listen Later Jun 21, 2025 2:38


Mafalda, la rebelde preguntona llegó a Estados Unidos de la mano de Elsewhere Editions por primera vez en más de 60 años de existencia, luego de estar traducida en unos 30 idiomas y ser un éxito internacional. Pero, ¿estarán preparados para la mirada ácida de la niña consentida de Quino? Mafalda, la niña que odiaba la sopa, pisa por primera vez suelo estadounidense en inglés, de la mano de la editorial Elsewhere Editions con una colección de cinco volúmenes lista para causar el furor que tuvo en América Latina y algunos países de Europa. La obra fue traducida incluso al mandarín, pero no al inglés. De hecho, en Estados Unidos es una casi desconocida. Kuki Miller, directora de Ediciones de La Flor, la casa editorial de Mafalda, y amiga de Joaquín Salvador, su autor, más conocido como Quino, se pregunta si Estados Unidos ahora sí estará preparado. “Me encanta que se haya concretado, por supuesto, porque nosotros mucho tiempo intentamos y contestaban que no era para Estados Unidos. Incluso una de las editoriales grandes: primero dijeron que sí, después que había ido a los subsectores y los lectores habían opinado que no era posible hacerlo. Te estoy hablando de hace muchos años”, recuerda Miller. Leer tambiénMafalda, la niña rebelde, llega para sacudir los Estados Unidos de Trump “Entonces, la mujer de Quino, que era la que tenía particular interés, y se le había expuesto que había que publicarlo en inglés. Ella no hablaba de Estados Unidos, sino del idioma, insistió con nosotros. Hasta que finalmente dijo: ‘Y si no se puede hacer afuera, lo hacemos aquí'. Entonces hicimos nosotros en la Argentina una edición en inglés, pero se vendía aquí en colegios de habla inglesa, a muchos turistas, con la curiosidad de saber qué era este personaje tan famoso preferían llevárselo en inglés. Obviamente se exportaba, pero es muy pequeñas cantidades. Así que si esto tiene éxito, me parecería fabuloso”, dice. Kuki Miller destaca los valores universales que hacen de Mafalda toda una sensación internacional.  “Es humanista, es pacifista en este momento y en cualquier otro. Realmente, los problemas continúan iguales. Le tapás Vietnam y le ponés Gaza, y sigue siendo el mismo problema, ¿no?, es la base del pensamiento de Mafalda”, opina. Personajes como Manolito, Susanita y Felipe representan las corrientes ideológicas y sociales que agitaron la política argentina e internacional en la década de los 60 y 70, pero que, a su vez, siguen vigentes, pues ya en los años 90 Quino atribuye el éxito de su obra a que la sociedad no ha cambiado. 

The End of Tourism
S6 #7 | Ecologias de los Medios | Carlos Scolari

The End of Tourism

Play Episode Listen Later Jun 17, 2025 64:03


Mi entrevistado en este episodio es Carlos A. Scolari, Catedrático del Departamento de Comunicación de la Universitat Pompeu Fabra – Barcelona. Ha sido Investigador Principal de diversos proyectos de investigación internacionales y estatales, desde el proyecto H2020 TRANSLITERACY (entre 2015 y 2018) hasta el proyecto LITERAC_IA, que comenzó en 2024 y dirige junto a María del Mar Guerrero. Sus últimos libros son Cultura Snack (2020), La guerra de las plataformas (2022) y Sobre la evolución de los medios (2024). Ahora está trabajando en un libro sobre los fósiles mediáticos.Notas del Episodio* Historia de ecologia de los medios* Historia de Carlos* Diferencias entre el anglosfero y el hispanosfero* La coevolucion entre tecnologia y humanos* La democratizacion de los medios* Evolucion de los medios* Alienacion y addiccion* Como usar los medios conscientementeTareaCarlos A. Scolari - Pagina Personal - Facebook - Instagram - Twitter - Escolar GoogleSobre la evolución de los mediosHipermediaciones (Libros)Transcrito en espanol (English Below)Chris: [00:00:00] Bienvenido al podcast el fin de turismo Carlos. Gracias por poder hablar conmigo hoy. Es un gran gusto tener tu presencia aquí conmigo hoy. Carlos: No gracias a ti, Chris, por la invitación. Es un enorme placer honor charlar contigo, gran viajero y bueno, yo nunca investigué directamente el tema del turismo.Pero bueno, entiendo que vamos a hablar de ecología de los medios y temas colaterales que nos pueden servir para entender mejor, darle un sentido a todo esto que está pasando en el mundo del turismo. Bueno, yo trabajo en Barcelona. No vivo exactamente en la ciudad, pero trabajo, en la universidad en Barcelona, en la zona céntrica.Y bueno, cada vez que voy a la ciudad cada día se incrementa la cantidad de turistas y se incrementa el debate sobre el turismo, en todas sus dimensiones. Así que es un tema que está la orden del día, no? Chris: Sí, pues me imagino que aunque si no te gusta pensar o si no quieres pensar en el turismo allá, es inevitable tener como una enseñanza [00:01:00] personal de esa industria.Carlos: Sí, hasta que se está convirtiendo casi en un criterio taxonómico, no? ...de clasificación o ciudades con mucho turista ciudades o lugares sin turistas que son los más buscados hasta que se llenan de turistas. Entonces estamos en un círculo vicioso prácticamente. Chris: Ya pues, que en algún memento se que se cambia, se rompe el ciclo, al menos para dar cuenta de lo que estamos haciendo con el comportamiento.Y, yo entiendo que eso también tiene mucho que ver con la ecología de los medios, la falta de capacidad de entender nuestros comportamientos, actitudes, pensamientos, sentimientos, etcétera. Entonces, antes de seguir por tu trabajo y obras, este me gustaría preguntarte de tu camino y de tu vida.Primero me pregunto si podrías definir para nuestros oyentes qué es la ecología de los medios y cómo te [00:02:00] interesó en este campo? Cómo llegaste a dedicar a tu vida a este estudio?Carlos: Sí. A ver un poco. Hay una, esta la historia oficial. Diríamos de la ecología de los medios o en inglés "media ecology," es una campo de investigación, digamos, eh, que nace en los años 60. Hay que tener en cuenta sobre todos los trabajos de Marshall McLuhan, investigador canadiense muy famoso a nivel mundial. Era quizá el filósofo investigador de los medios más famosos en los años 60 y 70.Y un colega de el, Neil Postman, que estaba en la universidad de New York en New York University un poco, digamos entre la gente que rodeaba estos dos referentes, no, en los años 60, de ahí se fue cocinando, diríamos, lo que después se llamó la media ecology. Se dice que el primero que habló de media ecology que aplicó esta metáfora a los medios, fue el mismo Marshall McLuhan en algunas, conversaciones privadas, [00:03:00] cartas que se enviaban finales dos años 50, a principios de los 60, se enviaban los investigadores investigadora de estos temas?Digamos la primera aparición pública del concepto de media ecology fue una conferencia en el año 1968 de Neil Postman. Era una intervención pública que la hablaba de un poco como los medios nos transforman y transforman los medios formar un entorno de nosotros crecemos, nos desarrollamos, no. Y nosotros no somos muy conscientes a veces de ese medio que nos rodea y nos modela.El utilizó por primera vez el concepto de media ecology en una conferencia pública. Y ya, si vamos a principio de los años 70, el mismo Postman crea en NYU, en New York University crea el primer programa en media ecology. O sea que ya en el 73, 74 y 75, empieza a salir lo que yo llamo la segunda generación, de gente [00:04:00] formada algunos en estos cursos de New York.Por ejemplo Christine Nystrom fue la primera tesis doctoral sobre mi ecology; gente como, Paul Levinson que en el año 1979 defiende una tesis doctoral dirigida por Postman sobre evolución de los medios, no? Y lo mismo pasaba en Toronto en los años 70. El Marshall McLuhan falleció en el diciembre del 80.Digamos que los años 70 fueron su última década de producción intelectual. Y hay una serie de colaboradores en ese memento, gente muy joven como Robert Logan, Derrick De Kerchove, que después un poco siguieron trabajando un poco todo esta línea, este enfoque. Y ahí hablamos del frente canadiense, eh?Toda esta segunda generación fue desarrollando, fue ampliando aplicando. No nos olvidemos de Eric McLuhan, el hijo de Marshall, que también fue parte de toda esta movida. [00:05:00] Y si no recuerdo mal en el año 2000, se crea la asociación la Media Ecology Association, que es la Asociación de Ecología de los Medios, que es una organización académica, científica, que nuclea a la gente que se ocupa de media ecology. Si pensamos a nivel más científico epistemológico, podemos pensar esta metáfora de la ecología de los medios desde dos o tres perspectivas. Por un lado, esta idea de que los medios crean ambientes. Esta es una idea muy fuerte de Marsha McLuhan, de Postman y de todo este grupo, no? Los medios - "medio" entendido en sentido muy amplio, no, cualquier tecnología podría ser un medio para ellos.Para Marsha McLuhan, la rueda es un medio. Un un telescopio es un medio. Una radio es un medio y la televisión es un medio, no? O sea, cualquier tecnología puede considerarse un medio. Digamos que estos medios, estas tecnologías, generan un [00:06:00] ambiente que a nosotros nos transforma. Transforma nuestra forma, a veces de pensar nuestra forma de percibir el mundo, nuestra concepción del tiempo del espacio.Y nosotros no somos conscientes de ese cambio. Pensemos que, no sé, antes de 1800, si alguien tenía que hacer un viaje de mil kilómetros (y acá nos acercamos al turismo) kilómetros era un viaje que había que programarlo muchos meses antes. Con la llegada del tren, ya estamos en 1800, esos kilómetros se acortaron. Digamos no? Ahí vemos como si a nosotros hoy nos dicen 1000 kilómetros.Bueno, si, tomamos un avión. Es una hora, una hora y cuarto de viaje. Hoy 1000 kilómetro es mucho menos que hace 200 años y incluso a nivel temporal, se a checo el tiempo. No? Todo eso es consecuencia, digamos este cambio, nuestra percepción es consecuencia de una serie de medios y tecnologías.El ferrocarril. Obviamente, hoy tenemos los aviones. Las mismas redes digitales que, un poco nos han llevado esta idea de "tiempo [00:07:00] real," esta ansiedad de querer todo rápido, no? También esa es consecuencia de estos cambios ambientales generados por los medios y las tecnologías, eh? Esto es un idea muy fuerte, cuando McLuhan y Postman hablaban de esto en los años 60, eran fuertes intuiciones que ellos tenían a partir de una observación muy inteligente de la realidad. Hoy, las ciencias cognitivas, mejor las neurociencia han confirmado estas hipótesis. O sea, hoy existen una serie de eh metodología para estudiar el cerebro y ya se ve como las tecnologías.Los medios afectan incluso la estructura física del cerebro. No? Otro tema que esto es histórico, que los medios afectan nuestra memoria. Esto viene de Platón de hace 2500 años, que él decía que la escritura iba a matar la memoria de los hombres. Bueno, podemos pensar nosotros mismos, no, eh?O por lo menos esta generación, que [00:08:00] vivimos el mundo antes y después de las aplicaciones móviles. Yo hace 30 años, 25 años, tenía mi memoria 30-40 números telefónicos. Hoy no tengo ninguno. Y en esa pensemos también el GPS, no? En una época, los taxistas de Londres, que es una ciudad latica se conocían a memoria la ciudad. Y hoy eso, ya no hace falta porque tienen GPS.Y cuando han ido a estudiar el cerebro de los taxistas de Londres, han visto que ciertas áreas del cerebro se han reducido, digamos, así, que son las áreas que gestionaban la parte espacial. Esto ya McLuhan, lo hablaba en los años 60. Decía como que los cambios narcotizan ciertas áreas de la mente decía él.Pero bueno, vemos que mucha investigación empírica, bien de vanguardia científica de neurociencia está confirmando todas estos pensamientos, todas estas cosas que se decían a los años 60 en adelante, por la media ecology. Otra posibilidad es entender [00:09:00] esto como un ecosistema de medios, Marshall McLuhan siempre decía no le podemos dar significado,no podemos entender un medio aislado de los otros medios. Como que los medios adquieren sentido sólo en relación con otros medios. También Neil Postman y mucha otra gente de la escuela de la media ecology, defiende esta posición, de que, bueno, los medios no podemos entender la historia del cine si no la vinculamos a los videojuegos, si no lo vinculamos a la aparición de la televisión.Y así con todos los medios, no? Eh? Hay trabajos muy interesantes. Por ejemplo, de como en el siglo 19, diferentes medios, podríamos decir, que coevolucionaron entre sí. La prensa, el telégrafo. El tren, que transportaba los diarios también, aparecen las agencias de noticias. O sea, vemos cómo es muy difícil entender el desarrollo de la prensa en el siglo XIX y no lo vinculamos al teléfono, si no lo vinculamos a la fotografía, si no lo vinculamos a la radio fotografía, [00:10:00] también más adelante.O sea, esta idea es muy fuerte. No también es otro de los principios para mí fundamentales de esta visión, que sería que los medios no están solos, forman parte de un ecosistema y si nosotros queremos entender lo que está pasando y cómo funciona todo esto, no podemos, eh, analizar los medios aislados del resto.Hay una tercera interpretación. Ya no sé si es muy metafórica. No? Sobre todo, gente en Italia como el investigador Fausto Colombo de Milán o Michele Cometa, es un investigador de Sicilia, Michele Cometa que él habla de l giro, el giro ecomedial. Estos investigadores están moviéndose en toda una concepción según la cual, estamos en único ecosistema mediático que está contaminado.Está contaminado de "fake news" está contaminado de noticias falsas, está contaminado de discursos de odio, etcétera, etc. Entonces ellos, digamos, retoman esta metáfora ecológica para decir [00:11:00] precisamente tenemos que limpiar este ecosistema así como el ecosistema natural está contaminado, necesita una intervención de limpieza, digamos así de purificación, eh? También el ecosistema mediático corre el mismo peligro, no? Y esta gente también llama la atención, y yo estoy muy cerca de esta línea de trabajo sobre la dimensión material de la comunicación. Y esto también tiene que ver con el turismo, queriendo, no? El impacto ambiental que tiene la comunicación hoy.Entrenar una inteligencia artificial implica un consumo eléctrico brutal; mantener funcionando las redes sociales, eh, tiktok, youtube, lo que sea, implica millones de servidores funcionando que chupan energía eléctrica y hay que enfriarlos además, consumiendo aún más energía eléctrica. Y eso tiene un impacto climático no indiferente.Así que, bueno, digamos, vemos que está metáfora de lo ecológico, aplicado los medios da para dos o tres interpretaciones. Chris: Mmm. [00:12:00] Wow. Siento que cuando yo empecé tomando ese curso de de Andrew McLuhan, el nieto de Marshall, como te mencioné, cambio mi perspectiva totalmente - en el mundo, en la manera como entiendo y como no entiendo también las nuestras tecnologías, mis movimientos, etcétera, pero ya, por una persona que tiene décadas de estudiando eso, me gustaría saber de de como empezaste. O sea, Andrew, por ejemplo tiene la excusa de su linaje, no de su papá y su abuelo.Pero entonces, como un argentino joven empezó aprendiendo de ecología de medios. Carlos: Bueno, yo te comento. Yo estudié comunicación en argentina en Rosario. Terminé la facultad. El último examen el 24 de junio del 86, que fue el día que nacía el Lionel Messi en Rosario, en Argentina el mismo día. Y [00:13:00] yo trabajaba, colaboraba en una asignatura en una materia que era teorías de la comunicación.E incluso llegué a enseñar hasta el año 90, fueron tres años, porque ya después me fui vivir Italia. En esa época, nosotros leíamos a Marshall McLuhan, pero era una lectura muy sesgada ideológicamente. En América latina, tú lo habrás visto en México. Hay toda una historia, una tradición de críticas de los medios, sobre todo, a todo lo que viene de estados unidos y Canadá está muy cerca de Estados Unidos. Entonces, digamos que en los años 70 y 80 y y hasta hoy te diría muchas veces a Marshall McLuhan se lo criticó mucho porque no criticaba los medios. O sea el te tenía una visión. Él decía, Neil Postman, si tenía una visión muy crítica. Pero en ese caso, este era una de las grandes diferencias entre Postman y McLuhan, que Marshall McLuhan, al menos en [00:14:00] público, él no criticaba los medios. Decía bueno, yo soy un investigador, yo envío sondas. Estoy explorando lo que pasa. Y él nunca se sumó... Y yo creo que eso fue muy inteligente por parte de él... nunca se sumó a este coro mundial de crítica a los medios de comunicación. En esa época, la televisión para mucha gente era un monstruo.Los niños no tenían que ver televisión. Un poco lo que pasa hoy con los móviles y lo que pasa hoy con tiktok. En esa época en la televisión, el monstruo. Entonces, había mucha investigación en Estados Unidos, que ya partía de la base que la televisión y los medios son malos para la gente. Vemos que es una historia que se repite. Yo creo que en ese sentido, Marshall McLuhan, de manera muy inteligente, no se sumó ese coro crítico y él se dedico realmente a pensar los medios desde una perspectiva mucho más libre, no anclada por esta visión yo creo demasiado ideologizada, que en América Latina es muy fuerte. Es muy fuerte. Esto no implica [00:15:00] bajar la guardia, no ser crítico. Al contrario.Pero yo creo que el el verdadero pensamiento crítico parte de no decir tanto ideológica, decimos "esto ya es malo. Vamos a ver esto." Habrá cosas buenas. Habrá cosas mala. Habrá cosa, lo que es innegable, que los medios mas ya que digamos son buenos son va, nos transforman. Y yo creo que eso fue lo importante de la idea McLuhaniana. Entonces mi primer acercamiento a McLuhan fue una perspectiva de los autores críticos que, bueno, sí, viene de Estados Unidos, no critica los medios. Vamos a criticarlo a nosotros a él, no? Y ese fue mi primer acercamiento a Marshall McLuhan. Yo me fui a Italia en la decada de 90. Estuve casi ocho años fuera de la universidad, trabajando en medios digitales, desarrollo de páginas, webs, productos multimédia y pretexto. Y a finales de los 90, dije quiero volver a la universidad. Quiero ser un doctorado. Y dije, "quiero hacer un doctorado. Bueno. Estando en Italia, el doctorado iba a ser de semiótica." Entonces hizo un [00:16:00] doctorado. Mi tesis fue sobre semiótica de las interfaces.Ahi tuve una visión de las interfaces digitales que consideran que, por ejemplo, los instrumentos como el mouse o joystick son extensiones de nuestro cuerpo, no? El mouse prolonga la mano y la mete dentro de la pantalla, no? O el joystick o cualquier otro elemento de la interfaz digital? Claro. Si hablamos de que el mouse es una extensión de la mano, eso es una idea McLuhaniana.Los medios como extensiones del ser humano de sujeto. Entonces, claro ahi yo releo McLuhan en italiano a finales de los años 90, y me reconcilio con McLuhan porque encuentro muchas cosas interesantes para entender precisamente la interacción con las máquinas digitales. En el a 2002, me mudo con mi familia a España. Me reintegro la vida universitaria. [00:17:00] Y ahí me pongo a estudiar la relación entre los viejos y los nuevos medios. Entonces recupero la idea de ecosistema. Recupero toda la nueva, la idea de ecología de mi ecology. Y me pongo a investigar y releer a McLuhan por tercera vez. Y a leerlo en profundidad a él y a toda la escuela de mi ecology para poder entender las dinámicas del actual ecosistema mediático y entender la emergencia de lo nuevo y cómo lo viejo lucha por adaptarse. En el 2009, estuve tres meses trabajando con Bob Logan en the University of Toronto. El año pasado, estuve en el congreso ahí y tuvimos dos pre conferencias con gente con Paolo Granata y todo el grupo de Toronto.O sea que, tengo una relación muy fuerte con todo lo que se producía y se produce en Toronto. Y bueno, yo creo que, a mí hoy, la media ecology, me sirve muchísimo junto a otras disciplina como la semiótica para poder entender el ecosistema [00:18:00] mediático actual y el gran tema de investigación mío hoy, que es la evolución del la ecosistema mediático.Mm, digamos que dentro de la media ecology, empezando de esa tesis doctoral del 79 de Paul Levinson, hay toda una serie de contribuciones, que un poco son los que han ido derivando en mi último libro que salió el año pasado en inglés en Routledge, que se llama The Evolution of Media y acaba de salir en castellano.Qué se llama Sobre La Evolución De los Medios. En la teoría evolutiva de los medios, hay mucha ecología de los medios metidos. Chris: Claro, claro. Pues felicidad es Carlos. Y vamos a volver en un ratito de ese tema de la evolución de medios, porque yo creo que es muy importante y obviamente es muy importante a ti. Ha sido como algo muy importante en tu trabajo. Pero antes de de salir de esa esquina de pensamiento, hubo una pregunta que me mandó Andrew McLuhan para ti, que ya ella contestaste un poco, pero este tiene que ver entre las diferencias en los [00:19:00] mundos de ecología de medios anglofonos y hispánicos. Y ya mencionaste un poco de eso, pero desde los tiempos en los 80 y noventas, entonces me gustaría saber si esas diferencias siguen entre los mundos intelectuales, en el mundo anglofono o hispánico.Y pues, para extender su pregunta un poco, qué piensas sería como un punto o tema o aspecto más importante de lo que uno de esos mundos tiene que aprender el otro en el significa de lo que falta, quizás. Carlos: Si nos focalizamos en el trabajo de Marshall McLuhan, no es que se lo criticó sólo de América Latina.En Europa no caía simpático Marshall McLuhan en los 60, 70. Justamente por lo mismo, porque no criticaba el sistema capitalista de medios. La tradición europea, la tradición de la Escuela de Frankfurt, la escuela de una visión anti [00:20:00] capitalista que denuncia la ideología dominante en los medio de comunicación.Eso es lo que entra en América Latina y ahí rebota con mucha fuerza. Quizá la figura principal que habla desde América Latina, que habló mucho tiempo de América latina es Armand Mattelart. Matterlart es un teórico en la comunicación, investigador de Bélgica. Y él lo encontramos ya a mediados de los años 60 finales de los 60 en Chile en un memento muy particular de la historia de Chile donde había mucha politización y mucha investigación crítica, obviamente con el con con con con el capitalismo y con el imperialismo estadounidense. Quizá la la obra clásica de ese memento es el famoso libro de Mattelart y Dorfman, eh, eh? Para Leer El Pato Donald, que donde ellos desmontan toda la estructura ideológica capitalista, imperialista, que había en los cics en las historietas del pato Donald.Ellos dicen esto se publicó a [00:21:00] principio los 70. Es quizá el libro más vendido de la comic latinoamericana hasta el día de hoy, eh? Ellos dicen hay ideología en la literatura infantil. Con el pato Donald, le están llenando la cabeza a nuestros niños de toda una visión del mundo muy particular.Si uno le el pato Donald de esa época, por lo menos, la mayor parte de las historia del pato Donald, que era, había que a buscar un tesoro y adónde. Eran lugares africana, peruviana, incaica o sea, eran países del tercer mundo. Y ahí el pato Donald, con sus sobrinos, eran lo suficientemente inteligentes para volverse con el oro a Patolandia.Claro. Ideológicamente. Eso no se sostiene. Entonces, la investigación hegemónica en esa época en Europa, en Francia, la semiología pero sobre todo, en América latina, era ésa. Hay que estudiar el mensaje. Hay que estudiar el contenido, porque ahí está la ideología [00:22:00] dominante del capitalismo y del imperialismo.En ese contexto, entra McLuhan. Se traduce McLuhan y que dice McLuhan: el medio es el mensaje. No importa lo que uno lee, lo que nos transforma es ver televisión, leer comics, escuchar la radio. Claro, iba contramano del mainstream de la investigación en comunicación. O sea, digamos que en América latina, la gente que sigue en esa línea que todavía existe y es fuerte, no es una visión muy crítica de todo esto, todavía hoy, a Marshal McLuhan le cae mal, pero lo mismo pasa en Europa y otros países donde la gente que busca una lectura crítica anti-capitalista y anti-sistémica de la comunicación, no la va a encontrar nunca en Marshall McLuhan, por más que sea de América latina, de de de Europa o de Asia. Entonces yo no radicaría todo esto en un ámbito anglosajón y el latinoamericano. Después, bueno, la hora de McLuhan es bastante [00:23:00] polisemica. Admite como cualquier autor así, que tiene un estilo incluso de escritura tan creativo en forma de mosaico.No era un escritor Cartesiano ordenadito y formal. No, no. McLuhan era una explosión de ideas muy bien diseñada a propósito, pero era una explosión de ideas. Por eso siempre refrescan tener a McLuhan. Entonces normal que surjan interpretaciones diferentes, no? En estados unidos en Canadá, en Inglaterra, en Europa continental o en Latinoamérica o en Japón, obviamente, no? Siendo un autor que tiene estas características. Por eso yo no en no anclaría esto en cuestiones territoriales. Cuando uno busca un enfoque que no tenga esta carga ideológica para poder entender los medios, que no se limite sólo a denunciar el contenido.McLuhan y la escuela de la ecología de los medios es fundamental y es un aporte muy, muy importante en ese sentido, no? Entonces, bueno, yo creo que McLuhan tuvo [00:24:00] detractores en Europa, tuvo detractores en América latina y cada tanto aparece alguno, pero yo creo que esto se ido suavizando. Yo quiero que, como que cada vez más se lo reivindica McLuhan.La gente que estudia, por ejemplo, en Europa y en América latina, que quizá en su época criticaron a McLuhan, todas las teorías de la mediatización, por ejemplo, terminan coincidiendo en buena parte de los planteos de la media ecology. Hoy que se habla mucho de la materialidad de la comunicación, los nuevos materialismos, yo incluyo a Marshall McLuhan en uno de los pioneros des esta visión también de los nuevos materialismos. Al descentrar el análisis del contenido, al medio, a la cosa material, podemos considerar a macl también junto a Bruno Latour y otra gente como pionero, un poco de esta visión de no quedarse atrapados en el giro lingüístico, no, en el contenido, en el giro semiótico e incorporar también la dimensión material de la comunicación y el medio en sí.[00:25:00] Chris: Muy bien. Muy bien, ya. Wow, es tanto, pero lo aprecio mucho. Gracias, Carlos. Y me gustaría seguir preguntándote un poco ahora de tu propio trabajo. Tienes un capítulo en tu libro. Las Leyes de la Interfaz titulado "Las Interfaces Co-evolucionan Con Sus Usuarios" donde escribes "estas leyes de la interfaz no desprecian a los artefactos, sus inventores ó las fuerzas sociales. Solo se limitan á insertarlos á una red socio técnica de relaciones, intercambios y transformaciones para poder analizarlos desde una perspectiva eco-evolutiva."Ahora, hay un montón ahí en este paragrafito. Pero entonces, me gustaría preguntarte, cómo vea los humanos [00:26:00] co-evolucionando con sus tecnologías? Por ejemplo, nuestra forma de performatividad en la pantalla se convierte en un hábito más allá de la pantalla.Carlos: Ya desde antes del homo sapiens, los homínidos más avanzados, digamos en su momento, creaban instrumentos de piedra. Hemos descubierto todos los neandertales tenían una cultura muy sofisticada, incluso prácticas casi y religiosas, más allá de la cuestión material de la construcción de artefactos. O sea que nuestra especie es impensable sin la tecnología, ya sea un hacha de piedra o ya sea tiktok o un smartphone. Entonces, esto tenemos que tenerlo en cuenta cuando analizamos cualquier tipo de de interacción cotidiana, estamos rodeados de tecnología y acá, obviamente, la idea McLuhaniana es fundamental. Nosotros creamos estos medios. Nosotros creamos estas tecnologías.Estas tecnologías también nos reformatean. [00:27:00] McLuhan, no me suena que haya usado el concepto de coevolución, pero está ahí. Está hablando de eso. Ahora bien. Hay una coevolución si se quiere a larguísimo plazo, que, por ejemplo, sabemos que el desarrollo de instrumentos de piedra, el desarrollo del fuego, hizo que el homo sapiens no necesitara una mandíbula tan grande para poder masticar los alimentos. Y eso produce todo un cambio, que achicó la mandíbula le dejó más espacio en el cerebro, etcétera, etcétera. Eso es una coevolución en término genético, digamos a larguísimo plazo, okey. También la posición eréctil, etcétera, etcétera. Pero, digamos que ya ahí había tecnologías humanas coevolucionando con estos cambios genéticos muy, muy lentos.Pero ahora tenemos también podemos decir esta co evolución ya a nivel de la estructura neuronal, entonces lo ha verificado la neurociencia, como dije antes. Hay cambio físico en la estructura del cerebro a lo largo de la vida de una persona debido a la interacción con ciertas tecnologías. Y por qué pasa eso?Porque [00:28:00] la producción, creación de nuevos medios, nuevas tecnologías se ido acelerando cada vez más. Ahi podemos hacer una curva exponencial hacia arriba, para algunos esto empezó hace 10,000 años. Para algunos esto se aceleró con la revolución industrial. Algunos hablan de la época el descubrimiento de América.Bueno, para alguno esto es un fenómeno de siglo xx. El hecho es que en términos casi geológicos, esto que hablamos del antropoceno es real y está vinculado al impacto del ser humano sobre nuestro ambiente y lo tecnológico es parte de ese proceso exponencial de co evolución. Nosotros hoy sentimos un agobio frente a esta aceleración de la tecnología y nuestra necesidad. Quizá de adaptarnos y coevolucionar con ella. Como esto de que todo va muy rápido. Cada semana hay un problema nuevo, una aplicación nueva. Ahora tenemos la inteligencia artificial, etc, etcétera. Pero esta sensación [00:29:00] no es nueva. Es una sensación de la modernidad. Si uno lee cosas escritas en 1,800 cuando llega el tren también la gente se quejaba que el mundo iba muy rápido. Dónde iremos a parar con este caballo de hierro que larga humo no? O sea que esta sensación de velocidad de cambio rápido ya generaciones anteriores la vivían. Pero evidentemente, el cambio hoy es mucho más rápido y denso que hace dos siglos. Y eso es real también. Así que, bueno, nuestra fe se va coevolucionando y nos vamos adaptando como podemos, yo esta pregunta se la hice hace 10 años a Kevin Kelly, el primer director de la revista Wire que lo trajimos a Barcelona y el que siempre es muy optimista. Kevin Kelly es determinista tecnológico y optimista al mismo tiempo. Él decía que "que bueno que el homo sapiens lo va llevando bastante bien. Esto de co evolucionar con la tecnología." Otra gente tiene una [00:30:00] visión radicalmente opuesta, que esto es el fin del mundo, que el homo sapiens estamos condenados a desaparecer por esta co evolución acelerada, que las nuevas generaciones son cada vez más estúpidas.Yo no creo eso. Creo, como McLuhan, que los medios nos reforman, nos cambian algunas cosas quizás para vivir otras quizá no tanto, pero no, no tengo una visión apocalíptica de esto para nada. Chris: Bien, bien. Entonces cuando mencionaste lo de la televisión, yo me acuerdo mucho de de mi niñez y no sé por qué. Quizás fue algo normal en ese tiempo para ver a tele como un monstruo, como dijiste o quizás porque mis mis papás eran migrantes pero fue mucho de su idea de esa tecnología y siempre me dijo como no, no, no quédate ahí tan cerca y eso.Entonces, aunque lo aceptaron, ellos comprendieron que el poder [00:31:00] de la tele que tenía sobre las personas. Entonces ahora todos, parece a mí, que todos tienen su propio canal, no su propio programación, o el derecho o privilegio de tener su propio canal o múltiples canales.Entonces, es una gran pregunta, pero cuáles crees que son las principales consecuencias de darle a cada uno su propio programa en el sentido de como es el efecto de hacer eso, de democratizar quizás la tecnología en ese sentido? Carlos: Cuando dices su propio canal, te refieres a la posibilidad de emitir o construir tu propia dieta mediática.Chris: Bueno primero, pero puede ser ambos, claro, no? O sea, mi capacidad de tener un perfil o cuenta mía personal. Y luego como el fin del turismo, no? Y luego otro. Carlos: Sí, a ver. Yo creo que, bueno, esto fue el gran cambio radical que empezó a darse a partir la década del 2000 o [00:32:00] sea, hace 25 años. Porque la web al principio sí era una red mundial en los años 90. Pero claro la posibilidad de compartir un contenido y que todo el mundo lo pudiera ver, estaba muy limitado a crear una página web, etcétera. Cuando aparecen las redes sociales o las Web 2.0 como se la llamaba en esa época y eso se suma los dispositivos móviles, ahí se empieza a generar esta cultura tan difundida de la creación de contenido. Hasta digamos que hasta ese momento quien generaba contenido era más o menos un profesional en la radio y en la televisión, pero incluso en la web o en la prensa o el cine. Y a partir de ahí se empieza, digamos, a abrir el juego. En su momento, esto fue muy bien saludado fue qué bueno! Esto va nos va a llevar a una sociedad más democrática. 25 años después, claro, estamos viendo el lado oscuro solamente. Yo creo que el error hace 25 años era pensar solo las posibilidades [00:33:00] buenas, optimistas, de esto. Y hoy me parece que estamos enredados en discursos solamente apocalípticos no?No vemos las cosas buenas, vemos solo las cosas malas. Yo creo que hay de las dos cosas hoy. Claro, hoy cualquier persona puede tener un canal, sí, pero no todo el mundo crea un canal. Los niveles de participación son muy extraños, o sea, la mayor parte de la población de los usuarios y usuarias entre en las redes. Mira. Mete un me gusta. Quizá un comentario. Cada tanto comparte una foto. Digamos que los "heavy users" o "heavy producers" de contenido son siempre una minoría, ya sea profesionales, ya sea influencers, streamers, no? Es siempre, yo no sé si acá estamos en un 20-80 o un 10-90 son estas curvas que siempre fue así? No? Si uno ve la Wikipedia, habrá un 5-10 por ciento de gente que genera contenido mucho menos incluso. Y un 90 por ciento que se [00:34:00] beneficia del trabajo de una minoría. Esto invierte la lógica capitalista? La mayoría vive de la minoría y esto pasaba antes también en otros, en otros sistemas. O sea que en ese sentido, es sólo una minoría de gente la que genera contenido de impacto, llamémoslo así, de alcance mayor.Pero bueno, yo creo que el hecho de que cualquier persona pueda dar ese salto para mí, está bien. Genera otra serie de problemas, no? Porque mientras que genera contenido, es un profesional o un periodista, digamos, todavía queda algo de normas éticas y que deben cumplir no? Yo veo que en el mundo de los streamers, el mundo de los Tik tokers etcétera, etcétera, lo primero que ellos dicen es, nosotros no somos periodistas. Y de esa forma, se inhiben de cualquier, control ético o de respeto a normas éticas profesionales. Por otro lado, las plataformas [00:35:00] Meta, Google, todas. Lo primero que te dicen es nosotros no somos medio de comunicación. Los contenidos los pone la gente.Nosotros no tenemos nada que ver con eso. Claro, ellos también ahí se alejan de toda la reglamentación. Por eso hubo que hacer. Europa y Estados Unidos tuvo que sacar leyes especiales porque ellos decían no, no, las leyes del periodismo a nosotros no nos alcanzan. Nosotros no somos editores de contenidos.Y es una mentira porque las plataformas sí editan contenido a través los algoritmos, porque nos están los algoritmos, nos están diciendo que podemos ver y que no está en primera página. No están filtrando información, o sea que están haciendo edición. Entonces, como que se generan estas equivocaciones.Y eso es uno de los elementos que lleva esta contaminación que mencioné antes en el en los ámbitos de la comunicación. Pero yo, si tuviera que elegir un ecosistema con pocos enunciadores pocos medios controlados por profesionales y este ecosistema [00:36:00] caótico en parte contaminado con muchos actores y muchas voces, yo prefiero el caos de hoy a la pobreza del sistema anterior.Prefiero lidiar, pelearme con y estar buscar de resolver el problema de tener mucha información, al problema de la censura y tener sólo dos, tres puntos donde se genera información. Yo he vivido en Argentina con dictadura militar con control férreo de medios, coroneles de interventores en la radio y la televisión que controlaban todo lo que se decía.Y yo prefiero el caos de hoy, aún con fake news y todo lo que quieras. Prefiero el caos de hoy a esa situación. Chris: Sí, sí, sí, sí. Es muy fuerte de pensar en eso para la gente que no han vivido en algo así, no? Osea algunos familiares extendidos han vivido en mundos comunistas, en el pasado en el este de Europa y no se hablan [00:37:00] exactamente así.Pero, se se hablan, no? Y se se dicen que lo que lo que no tenía ni lo que no tiene por control y por fuerza. Entonces, en ese como mismo sentido de lo que falta de la memoria vivida, me gustaría preguntarte sobre tu nuevo libro. Y sobre la evolución de medios. Entonces me gustaría preguntarte igual por nuestros oyentes que quizás no han estudiado mucho de la ecología de los medios Para ti qué es la evolución de los medios y por qué es importante para nuestro cambiante y comprensión del mundo. O sea, igual al lado y no solo pegado a la ecología de medios, pero la evolución de los medios,Carlos: Sí, te cuento ahí hay una disciplina, ya tradicional que es la historia y también está la historia de la comunicación y historia de los medios. [00:38:00] Hay libros muy interesantes que se titulan Historia de la Comunicación de Gutenberg a Internet o Historia de la Comunicación del Papiro a Tiktok. Entonces, qué pasa? Esos libros te dicen bueno, estaba el papiro, después vino el pergamino, el manuscrito, después en 1450 vino Gutenberg, llegó el libro. Pero eso el libro no te cuentan que pasó con el manuscrito, ni que pasó con el papiro. Y te dicen que llega la radio en 1920 y en 1950 llega la televisión y no te dicen que pasó con la radio, que pasó con el cine.Son historias lineales donde un medio parece que va sustituyendo al otro. Y después tenemos muchos libros muy buenos también. Historia de la radio, historia de la televisión, historia de internet, historia del periodismo. Como dije antes, retomando una idea, de McLuhan no podemos entender los medios aislados.Yo no puedo entender la evolución de la radio si no la vinculo a la prensa, a [00:39:00] la televisión y otro al podcast. Okey, entonces digo, necesitamos un campo de investigación, llamémoslo una disciplina en construcción, que es una teoría y también es metodología para poder entender el cambio mediático, todas estas transformaciones del ecosistema de medios a largo plazo y que no sea una sucesión de medios, sino, ver cómo esa red de medios fue evolucionando. Y eso yo lo llamo una teoría evolutiva o una "media evolution" Y es lo que estoy trabajando ahora. Claro, esta teoría, este enfoque, este campo de investigación toma muchas cosas de la ecología de los medios, empezando por Marshall McLuhan pero también gente de la tradición previa a la media ecology como Harold Innis, el gran historiador, economista de la comunicación y de la sociedad, que fue quizás el intelectual más famoso en Canadá en la primera mitad del siglo XX. Harold Innis que influenció mucho a Marshall McLuhan [00:40:00] Marshall McLuhann en la primera página de Gutenberg Galaxy, dice este libro no es otra cosa que una nota al pie de página de la obra de Harold Innis Entonces, Harold Innis que hizo una historia de los tiempos antiguos poniendo los medios al centro de esa historia. Para mí es fundamental. Incluso te diría a veces más que McLuhan, como referencia, a la hora de hacer una teoría evolutiva del cambio mediático. Y después, obviamente tomo muchas cosas de la historia de los medios.Tomo muchas cosas de la arqueología de los medios (media archeology). Tomo cosas también de la gente que investigó la historia de la tecnología, la construcción social de la tecnología. O sea, la media evolution es un campo intertextual, como cualquier disciplina que toma cosas de todos estos campos para poder construir una teoría, un enfoque, una mirada que sea más a largo plazo, que no sea una sucesión de medios, sino que vea la evolución de todo el ecosistema mediático, prestando mucha atención a las relaciones [00:41:00] entre medios, y con esta visión más compleja sistémica de cómo cambian las cosas.Yo creo que el cambio mediático es muy rápido y necesitamos una teoría para poder darle un sentido a todo este gran cambio, porque si nos quedamos analizando cosas muy micro, muy chiquititas, no vemos los grandes cambios. No nos podemos posicionar... esto un poco como el fútbol. Los mejores jugadores son los que tienen el partido en la cabeza y saben dónde está todo. No están mirando la pelota, pero saben dónde están los otros jugadores? Bueno, yo creo que la media evolution sirve para eso. Más allá de que hoy estemos todos hablando de la IA generativa. No? Tener esta visión de de conjunto de todo el ecosistema mediático y tecnológico, yo creo que es muy útil.Chris: Mm. Wow Increíble, increíble. Sí. Sí. Pienso mucho en como las nuevas generaciones o las generaciones más jóvenes en el día de hoy. O sea, [00:42:00] al menos más joven que yo, que la mayoría, como que tiene 20 años hoy, no tienen una memoria vívida de cómo fuera el mundo, sin redes sociales o sin el internet. Y así como me voy pensando en mi vida y como yo, no tengo una memoria de vida como fuera el mundo sin pantallas de cualquier tipo, o sea de tele de compus. No solo de internet o redes. Carlos: Sí, no, te decia que mi padre vivió, mi padre tiene 90 años y él se recuerda en el año 58, 59, su casa fue la primera en un barrio de Rosario que tuvo televisión y transmitían a partir de la tarde seis, siete de la tarde. Entonces venían todos los vecinos y vecinas a ver televisión a la casa de mi abuela. Entonces cada uno, cada generación tiene sus historias. No? Chris: Ajá. Ajá. Sí. Pues sí. Y también, como dijiste, para [00:43:00] entender los medios como sujetos o objetos individuales, o sea en su propio mundo, no? Este recuerdo un poco de la metáfora de Robin Wall Kimmerer que escribió un libro que se llama Braiding Sweetgrass o Trenzando Pasto Dulce supongo, en español. Y mencionó que para entender el entendimiento indígena, digamos entre comillas de tiempo, no necesitamos pensar en una línea, una flecha desde el pasado hacia el futuro. Pero, un lago, mientras el pasado, presente, y futuro existen, a la vez, en ese lago.Y también pienso como en el lugar, el pasado, presente, y el futuro, como todos esos medios existiendo a la vez, como en un lago y obviamente en una ecología de su evolución de sus cambios. Carlos: Es, muy interesante eso. Después te voy a pedir la referencia del libro porque, claro, [00:44:00] McLuhan siempre decía que el contenido de un medio es otro medio. Entonces, puede pasar que un medio del pasado deja su huella o influye en un medio del futuro. Y entonces ahí se rompe la línea temporal. Y esos son los fenómenos que a mí me interesa estudiar. Chris: Mmm, mmm, pues Carlos para terminar, tengo dos últimas preguntas para ti. Esta vez un poco alineado con el turismo, y aunque no estas enfocado tanto en en el estudio de turismo. Por mis estudios y investigaciones y por este podcast, he amplificado esa definición de turismo para ver cómo existiría más allá de una industria. Y para mí, el turismo incluye también el deseo de ver una persona, un lugar o una cultura como destino, como algo útil, temporal en su valor de uso y por tanto, desechable. Entonces, me gustaría [00:45:00] preguntarte, si para ti parece que nuestros medios populares, aunque esto es un tiempo, digamos con más libertad de otros lugares o tiempos en el pasado, más autoritarianos o totalitarianos? Si te ves la posibilidad o la evidencia de que nuestros medios digamos como mainstream más usados, están creando o promoviendo un , un sentido de alienación en la gente por efectivamente quedarles a distancia al otro o la otra.Carlos: Yo ya te dije no, no tengo una visión apocalíptica de los medios. Nunca, la tuve. Esto no quita de que los medios y como dijimos antes, tienen problemas. Generan también contaminación. Llamémoslo así si seguimos con la metáfora, ? El tema de alienación viene desde hace [00:46:00] muchísimos años. Ya cuando estudiaba en la universidad, nunca sintonicé con las teorías de la alienación.El concepto de alienación viene del siglo XIX. Toda una teoría de la conciencia, el sujeto, el proletario, llamémoslo, así que tenía que tomar conciencia de clase. Bueno, las raíces de esa visión del concepto alienación vienen de ahí. Yo, a mí nunca me convenció, justamente. Y acá si interesante.El aporte de América Latina en teorías de la comunicación siempre fue diferente. Fue reivindicar la resignificación, la resemantización el rol activo del receptor, cuando muchas veces las teorías que venían de Europa o Estados Unidos tenían esta visión del receptor de la comunicación como un ser pasivo. En ese sentido, la media ecology nunca entró en ese discurso porque se manejaba con otros parámetros, pero digamos que lo que era el mainstream de la investigación de estados unidos, pero también de Europa, siempre coincidían en esto en considerar el receptor pasivo, alienado, [00:47:00] estupidizado por los medios. Y yo realmente nunca, me convenció ese planteo, ni antes ni hoy, ni con la televisión de los 70 y 80, ni con el tiktok de hoy.Esto no quita que puede haber gente que tenga alguna adicción, etcétera, etcétera. Pero yo no creo que toda la sociedad sea adicta hoy a la pantallita. Deja de ser adicción. Okey. Esto no implica que haya que no tener una visión crítica. Esto no implica que haya que eventualmente regular los usos de ciertas tecnologías, obviamente.Pero de ahí a pensar que estamos en un escenario apocalíptico, de idiotización total del homo sapiens o de alienación. Yo no lo veo, ni creo que lo los estudios empíricos confirmen eso. Más allá que a veces hay elecciones y no nos gusten los resultados.Pero ahí es interesante, porque cuando tu propio partido político pierde, siempre se le echa la culpa a los medios porque ganó el otro. Pero cuando tu partido político gana, nadie dice nada de los medios. Ganamos porque somos mejores, [00:48:00] porque tenemos mejores ideas, porque somos más democráticos, porque somos más bonitos.Entonces, claro te das cuenta que se usan los medios como chivo expiatorio para no reconocer las propias debilidades políticas a la hora de denunciar una propuesta o de seducir al electorado.Chris: Claro, claro. Ya pues estos temas son vastos y complejos. Y por eso me gusta, y por eso estoy muy agradecido por pasar este tiempo contigo, Carlos.Pero los temas requieren un profundo disciplina para comprender, o al menos según yo, como alguien que está muy nuevo a estos temas. Entonces, a nuestra época, parece que somos, según yo, arrastrados a una velocidad sin precedentes. Nuestras tecnologías están avanzando y quizás socavando simultáneamente nuestra capacidad de comprender lo que está sucediendo en el mundo. Los usamos como protesta a veces como, como mencionaste, [00:49:00] pero sin una comprensión más profunda de cómo nos usan también. Entonces tengo la curiosidad por saber qué papel desempeña la ecología de los medios en la redención o curación de la cultura en nuestro tiempo. Cómo podría la ecología de los medios ser un aliado, quizás, en nuestros caminos? Carlos: Sí, yo creo que esta idea estaba presente, no? En los teóricos de la media ecology, digamos la primera generación.Ahora que lo pienso, estaba también en la semiótica de Umberto Eco, no? Cuando decía la semiótica más allá de analizar cómo se construye significado, también aporta a mejorar la vida significativa, o sea, la vida cultural, la vida comunicacional, nuestro funcionamiento como sujeto, digamos. Y yo creo que en ese sentido, la media ecology también.Digamos, si nosotros entendemos el ecosistema mediático, vamos a poder sacarlo mejor [00:50:00] coevolucionar mejor. Vamos a ser más responsables también a la hora de generar contenidos, a la hora de retwittear de manera a veces automática ciertas cosas. Yo creo que es todo un crecimiento de vivir una vida mediática sana, que yo creo que hoy existe esa posibilidad.Yo estoy en Twitter desde el 2008-2009 y sólo dos veces tuve así un encontronazo y bloqueé a una persona mal educada. Después el resto de mi vida en Twitter, es rica de información de contactos. Aprendo muchísimo me entero de cosas que se están investigando. O sea, también están uno elegir otras cosas.Y por ejemplo, donde veo que yo hay que hay redes que no me aportan nada, no directamente ni entro. También es eso de aprender a sacar lo mejor de este ecosistema mediático. Y lo mismo para el ecosistema natural. Así como estamos aprendiendo a preocuparnos de dónde viene la comida, [00:51:00] cuánto tiempo se va a tardar en disolver este teléfono móvil por los componentes que tiene. Bueno, también es tomar conciencia de eso. Ya sea en el mundo natural, como en el mundo de la comunicación. Y yo creo que todos estos conocimientos, en este caso, la media ecology nos sirve para captar eso, no? Y mejorar nosotros también como sujetos, que ya no somos más el centro del universo, que esta es la otra cuestión. Somos un átomo más perdido entre una complejidad muy grande. Chris: Mm. Mm, pues que estas obras y trabajos y estudios tuyos y de los demás nos da la capacidad de leer y comprender ese complejidad, no?O sea, parece más y más complejo cada vez y nos requiere como más y más discernimiento. Entonces, yo creo que pues igual, hemos metido mucho en tu voluntad y capacidad de [00:52:00] hacer eso y ponerlo en el mundo. Entonces, finalmente Carlos me gustaría a extender mi agradecimiento y la de nuestros oyentes por tu tiempo hoy, tu consideración y tu trabajo.Siento que pues, la alfabetización mediática y la ecología de los medios son extremadamente deficientes en nuestro tiempo y su voluntad de preguntar sobre estas cosas y escribir sobre ellas es una medicina para un mundo quebrantado y para mi turístico. Entonces, así que muchísimas gracias, Carlos, por venir hoy.Carlos: Gracias. Te agradezco por las preguntas. Y bueno, yo creo que el tema del turismo es un tema que está ocupa lugar central hoy. Si tú estuvieras en Barcelona, verías que todos los días se está debatiendo este tema. Así que yo creo que bueno, adelante con esa reflexión y esa investigación sobre el turismo, porque es muy pertinente y necesaria.Chris: Pues sí, gracias. [00:53:00] Igual yo siento que hay una conexión fuerte entre esas definiciones más amplias de turismo y la ecología de medios. O sea, ha abierto una apertura muy grande para mí para entender el turismo más profundamente. Igual antes de terminar Carlos, cómo podrían nuestros oyentes encontrar tus libros y tu trabajo?Sé que hemos hablado de dos libros que escribiste, pero hay mucho más. Muchísimo más. Entonces, cómo se pueden encontrarlos y encontrarte?Carlos: Lo más rápido es en en mi blog, que es hipermediaciones.com Ahí van a encontrar información sobre todos los libros que voy publicando, etcétera, etc. Y después, bueno, yo soy muy activo, como dije en Twitter X. Me encuentran la letra CEscolari y de Carlos es mi Twitter. Y bueno, también ahí trato de difundir información sobre estos [00:54:00] temas.Como dije antes, aprendo mucho de esa red y trato de también devolver lo que me dan poniendo siempre información pertinente. Buenos enlaces. Y no pelearme mucho.Chris: Muy bien, muy bien, pues voy a asegurar que esos enlaces y esas páginas estén ya en la sección de tarea el sitio web de El fin del turismo cuando sale el episodio. Igual otras entrevistas y de tus libros. No hay falta. Entonces, con mucho gusto, los voy compartiendo. Bueno, Carlos, muchísimas gracias y lo aprecio mucho.Carlos: Muchas gracias y nos vemos en México.English TranscriptionChris: [00:00:00] Welcome to the podcast The End of Tourism, Carlos. Thank you for being able to speak with me today. It's a great pleasure to have you here with me today.Carlos: No, thank you, Chris, for the invitation. It is a great pleasure and honor to chat with you, a great traveler and, well, I have never directly investigated the subject of tourism.Well, I understand that we are going to talk about media ecology and collateral issues that can help us better understand, give meaning to all that is happening in the world of tourism. Well, I work in Barcelona. I don't live in the city exactly, but I work at the university in Barcelona, in the central area.Well, every time I go to the city, the number of tourists increases every day and the debate on tourism in all its dimensions increases. So it is a topic that is on the agenda, right?Chris: Yes, well I imagine that even if you don't like to think or if you don't want to think about tourism there, it is inevitable to have a personal lesson [00:01:00] from that industry.Carlos: Yes, to the point that it is almost becoming a taxonomic criterion, right? ...of classification or cities with a lot of tourists, cities or places without tourists that are the most sought after until they are filled with tourists. So we are practically in a vicious circle.Chris: Well, at some point I know that it changes, the cycle breaks, at least to account for what we are doing with the behavior.And I understand that this also has a lot to do with the ecology of the media, the lack of ability to understand our behaviors, attitudes, thoughts, feelings, etc. So, before continuing with your work and deeds, I would like to ask you about your path and your life.First, I wonder if you could define for our listeners what media ecology is and how you [00:02:00] became interested in this field? How did you come to dedicate your life to this study?Carlos: Yes. Let's see a little bit. There is one, this is the official history. We would say media ecology, it is a field of research, let's say, that was born in the 60s. We must take into account above all the work of Marshall McLuhan, a Canadian researcher who is very famous worldwide. He was perhaps the most famous media researcher philosopher in the 60s and 70s.And a colleague of his, Neil Postman, who was at New York University, was a bit, let's say, among the people who surrounded these two references, no, in the 60s, from there it was brewing, let's say, what was later called media ecology. It is said that the first person to talk about media ecology, who applied this metaphor to the media, was Marshall McLuhan himself in some private conversations, [00:03:00] letters that were sent to each other in the late 50s, early 60s, by researchers on these topics?Let's say the first public appearance of the concept of media ecology was a lecture in 1968 by Neil Postman. It was a public speech that talked about how the media transforms us and how the media transforms us, forming an environment in which we grow, develop, and so on. And we are sometimes not very aware of this environment that surrounds us and shapes us.He first used the concept of media ecology in a public lecture. And then, if we go back to the early 70s, Postman himself created the first program in media ecology at NYU, at New York University. So, in 73, 74 and 75, what I call the second generation began to emerge, of people [00:04:00] some of whom were trained in these courses in New York.For example, Christine Nystrom was the first PhD thesis on my ecology; people like Paul Levinson who in 1979 defended a PhD thesis directed by Postman on the evolution of the media, right? And the same thing happened in Toronto in the 70s. Marshall McLuhan died in December 80.Let's say that the 70s were his last decade of intellectual production. And there are a number of collaborators at that time, very young people like Robert Logan, Derrick De Kerchove, who later continued to work a bit along these lines, along these lines. And there we talk about the Canadian front, eh?This whole second generation was developing, expanding and applying. Let's not forget Eric McLuhan, Marshall's son, who was also part of this whole movement. [00:05:00] And if I remember correctly, in 2000, the Media Ecology Association was created, which is the Media Ecology Association, which is an academic, scientific organization that brings together people who deal with media ecology.If we think at a more scientific epistemological level, we can think of this metaphor of media ecology from two or three perspectives. On the one hand, this idea that media create environments. This is a very strong idea of Marsha McLuhan, of Postman and of this whole group, isn't it? The media - "medium" understood in a very broad sense, no, any technology could be a medium for them.For Marsha McLuhan, the wheel is a medium. A telescope is a medium. A radio is a medium and television is a medium, right? I mean, any technology can be considered a medium. Let's say that these media, these technologies, generate a [00:06:00] environment that transforms us. It transforms our way, sometimes our way of thinking, our way of perceiving the world, our conception of time and space.And we are not aware of that change. Let's think that, I don't know, before 1800, if someone had to make a trip of a thousand kilometers (and here we are approaching tourism) kilometers was a trip that had to be planned many months in advance. With the arrival of the train, we are already in 1800, those kilometers were shortened. Let's say no? There we see as if today they tell us 1000 kilometers.Well, yes, we take a plane. It's an hour, an hour and a quarter of a journey. Today, 1000 kilometres is much less than 200 years ago and even in terms of time, time has changed. Right? All of that is a consequence, let's say, of this change, our perception is a consequence of a series of media and technologies.The railroad. Obviously, today we have airplanes. The same digital networks that have somewhat brought us this idea of "time [00:07:00] real," this anxiety of wanting everything fast, right? That is also a consequence of these environmental changes generated by the media and technologies, eh? This is a very strong idea, when McLuhan and Postman talked about this in the 60s, they were strong intuitions that they had from a very intelligent observation of reality. Today, cognitive sciences, or rather neuroscience, have confirmed these hypotheses. In other words, today there are a series of methodologies to study the brain and we can already see how technologies...The media even affects the physical structure of the brain. Right? Another thing that is historical is that the media affects our memory. This comes from Plato 2,500 years ago, who said that writing would kill the memory of men. Well, we can think for ourselves, right?Or at least this generation, who [00:08:00] lived in a world before and after mobile apps. 30 years ago, 25 years ago, I had 30-40 phone numbers in my memory. Today I don't have any. And let's also think about GPS, right? At one time, taxi drivers in London, which is a Latin city, knew the city by heart. And today, that's no longer necessary because they have GPS.And when they went to study the brains of London taxi drivers, they saw that certain areas of the brain had shrunk, so to speak, which are the areas that manage the spatial part. McLuhan already talked about this in the 60s. He said that changes narcotize certain areas of the mind, he said.But well, we see that a lot of empirical research, very cutting-edge neuroscience research is confirming all these thoughts, all these things that were said in the 60s onwards, by media ecology. Another possibility is to understand [00:09:00] this as a media ecosystem, Marshall McLuhan always said we cannot give it meaning,We cannot understand a medium in isolation from other media. It is as if media only acquire meaning in relation to other media. Neil Postman and many other people from the school of media ecology also defend this position, that, well, we cannot understand the history of cinema if we do not link it to video games, if we do not link it to the appearance of television.And so with all the media, right? Eh? There are some very interesting works. For example, about how in the 19th century, different media, we could say, co-evolved with each other. The press, the telegraph. The train, which also transported newspapers, news agencies appeared. I mean, we see how it is very difficult to understand the development of the press in the 19th century and we don't link it to the telephone, if we don't link it to photography, if we don't link it to radio photography, [00:10:00] also later on.I mean, this idea is very strong. It is also one of the principles that I consider fundamental to this vision, which would be that the media are not alone, they are part of an ecosystem and if we want to understand what is happening and how all this works, we cannot, uh, analyze the media in isolation from the rest.There is a third interpretation. I don't know if it's too metaphorical, right? Above all, people in Italy like the researcher Fausto Colombo from Milan or Michele Cometa, he is a researcher from Sicily, Michele Cometa who talks about the turn, the ecomedia turn. These researchers are moving in a whole conception according to which, we are in a unique media ecosystem that is contaminated.It is contaminated by "fake news" it is contaminated by false news, it is contaminated by hate speech, etc., etc. So they, let's say, take up this ecological metaphor to say [00:11:00] We have to clean this ecosystem just as the natural ecosystem is contaminated, it needs a cleaning intervention, let's say a purification, eh?The media ecosystem is also in the same danger, isn't it? And these people are also calling attention, and I am very close to this line of work on the material dimension of communication. And this also has to do with tourism, right? The environmental impact that communication has today.Training an artificial intelligence involves a huge amount of electricity; keeping social networks running, eh, TikTok, YouTube, whatever, involves millions of servers running that suck up electricity and also have to be cooled, consuming even more electricity. And that has a significant impact on the climate.So, well, let's say, we see that this metaphor of the ecological, applied to the media, gives rise to two or three interpretations.Chris: Mmm. [00:12:00] Wow. I feel like when I started taking that course from Andrew McLuhan, Marshall's grandson, as I mentioned, it changed my perspective completely - on the world, on the way I understand and how I don't understand our technologies, my movements, etc. But now, from a person who has been studying this for decades, I would like to know how you started. I mean, Andrew, for example, has the excuse of his lineage, not his father and his grandfather.But then, as a young Argentine, he began learning about media ecology.Carlos: Well, I'll tell you. I studied communication in Argentina, in Rosario. I finished college. The last exam was on June 24, 1986, which was the day that Lionel Messi was born in Rosario, Argentina, on the same day. And [00:13:00] I worked, I collaborated in a class in a subject that was communication theories.And I even taught until 1990, three years, because after that I went to live in Italy. At that time, we read Marshall McLuhan, but it was a very ideologically biased reading. In Latin America, you must have seen it in Mexico. There is a whole history, a tradition of criticism from the media, especially of everything that comes from the United States, and Canada is very close to the United States.So, let's say that in the 70s and 80s and until today I would tell you that Marshall McLuhan was often criticized because he did not criticize the media. I mean, he had a vision. He said, Neil Postman, yes, he had a very critical vision. But in that case, this was one of the big differences between Postman and McLuhan, that Marshall McLuhan, at least in [00:14:00] public, he did not criticize the media. He said, well, I am a researcher, I send out probes. I am exploring what is happening.And he never joined in... And I think that was very clever of him... he never joined in this worldwide chorus of criticism of the media. At that time, television was a monster for many people.Children were not supposed to watch television. A bit like what happens today with cell phones and what happens today with TikTok. At that time, television was the monster. At that time, there was a lot of research in the United States, which was already based on the premise that television and the media are bad for people.We see that it is a story that repeats itself. I think that in that sense, Marshall McLuhan, very intelligently, did not join that critical chorus and he really dedicated himself to thinking about the media from a much freer perspective, not anchored by this vision that I believe is too ideologized, which is very strong in Latin America. It is very strong. This does not imply [00:15:00] letting down one's guard, not being critical. On the contrary.But I think that true critical thinking starts from not saying so much ideology, we say "this is already bad. Let's look at this." There will be good things. There will be bad things. There will be things, which is undeniable, that the media, even if we say they are good, will transform us. And I think that was the important thing about the McLuhanian idea.So my first approach to McLuhan was from the perspective of critical authors who, well, yes, come from the United States, they don't criticize the media. We're going to criticize him, right? And that was my first approach to Marshall McLuhan.I went to Italy in the 90s. I was out of college for almost eight years, working in digital media, web development, multimedia products, and pretext. And in the late 90s, I said, I want to go back to college. I want to be a PhD. And I said, "I want to do a PhD. Well. Being in Italy, the PhD was going to be in semiotics." So I did a [00:16:00] PhD. My thesis was on semiotics of interfaces.There I had a vision of digital interfaces that consider, for example, instruments like the mouse or joystick as extensions of our body, right? The mouse extends the hand and puts it inside the screen, right? Or the joystick or any other element of the digital interface? Of course. If we talk about the mouse being an extension of the hand, that is a McLuhanian idea.The media as extensions of the human being as a subject. So, of course, I reread McLuhan in Italian at the end of the 90s, and I reconciled with McLuhan because I found many interesting things to understand precisely the interaction with digital machines.In 2002, I moved with my family to Spain. I returned to university life. [00:17:00] And there I began to study the relationship between old and new media. Then I recovered the idea of ecosystem. I recovered the whole new idea, the id

united states america tv american new york university history tiktok canada children ai europe english google internet france media england japan mexico training canadian phd africa european italy evolution solo toronto spanish italian spain europa argentina web barcelona laws pero espa tambi chile cuando quiz cada peru latin wikipedia gps despu estados unidos latinas esto belgium historia era ahora somos latin america nunca italia hasta lionel messi toda ia wire nyu tener hispanic tourism frankfurt londres xx new york university sus tienes deja eso hemos jap otro francia pues nosotros otra fue quiero algunos latin american nuestras eastern europe plato primero latinoam termin inglaterra comunicaci entonces canad claro mm asociaci ellos rosario creo transforma xix escuela siendo habr buenos igual argentine sicily incluso chilean medios plat notas vemos neanderthals esos interface routledge tomo siento genera tik en europa donald duck inca anthropocene postman sicilia obviamente kevin kelly anglo saxons gutenberg mete estando entrenar pienso umberto eco estuve catedr las leyes llam ecolog prefiero admite anglophone papyrus marshall mcluhan dorfman frankfurt school robin wall kimmerer justamente digamos generan ganamos chriss braiding sweetgrass pensemos ahi osea neil postman cartesian recupero carlos s bruno latour okey evolucion aprendo mcluhan interfaz ideologically duckburg chris yeah chris well chris yes robert logan paul levinson marshal mcluhan chris okay carlos scolari chris aj
Grace21
GRACE21 T10E16 "Hablar con gran valor" parte 3

Grace21

Play Episode Listen Later Jun 16, 2025 35:41


En el capítulo 4 de Hechos, Pedro, Juan y otros hermanos, enfrentaron valientemente los argumentos, amenazas y hasta encarcelamiento por parte de los líderes espirituales y autoridades en Jerusalén debido a que ellos proclamaron el mensaje de Jesucristo, su muerte y resurrección. Obviamente, esto no fue del agrado de estas personas que tenían una terrible actitud antagonista contra los siervos del Salvador. Esto debe ponernos a pensar sobre los retos que como creyentes tenemos en este siglo 21. Busca tu Biblia y libreta de anotaciones. El Señor te colme de gran sabiduría y entendimiento.email: grace21podcast@gmail.com YouTube: @graceisaweaponInstagram: grace21_lifeGracias por todo tu apoyo y oraciones.Zelle: kidzon1@gmail.com CashApp: $kidzon1ATH Movil: 787-460-0169PayPal: paypal.me/kidzon1

Capital
SilverGold Patrimonio: “La tensión favorece a que los precios de los metales preciosos sigan subiendo”

Capital

Play Episode Listen Later Jun 16, 2025 6:50


Con Javier López, director CEO de SilverGold patrimonio, analizamos la situación de los metales preciosos, en un momento de incertidumbre geopolítica por los ataques mutuos entre Irán e Israel. “La tensión favorece a que los precios de los metales preciosos sigan subiendo”, asegura el invitado. Si hablamos de estos metales, no debemos pararnos solo en el oro. La plata también vive un momento de cotización al alza. ¿Qué potencial tiene la plata? El experto piensa que “hay mucho potencial por las necesidades de la industria, porque hay mucha escasez y por los costes de producción y financiación”. Para Javier López, se sigue usando cada vez metales que hasta hace poco estaban “infravalorados”. De los más destacados dentro de esta infravaloración se encuentra el paladio, el rodio o el platino. Aunque la plata también tiene estas características, el experto afirma que su uso está aumentando también por sus características como “reserva de valor”. ¿Hasta qué punto es fiable una inversión en este tipo de metales preciosos? “Obviamente hay que conocer las características de los metales, el oro y la plata siguen siendo refugio pero el resto no hay que olvidar que son industriales”, afirma el invitado. Para él y a diferencia del oro y la plata, estos metales “van a depender de cómo vaya evolucionando la industria”, lo que hace que estas inversiones sean mucho más “volátiles”, para el analista, que el oro y la plata.

Rádio Comercial - Momentos da Manhã
Obviamente, tenho que mudar de roupa.

Rádio Comercial - Momentos da Manhã

Play Episode Listen Later May 7, 2025 4:23


Jardinagem sem roupa, compras online, odores em aviões e o reality show mais estranho de sempre.

Sin Maquillaje, Altagracia Salazar
Batata, Yuca y Mapuey

Sin Maquillaje, Altagracia Salazar

Play Episode Listen Later May 5, 2025 29:20


La batata se pone de moda una vez al año, cuando es requerida para las habichuelas con dulce y luego es olvidada como alimento secundario durante 51 semanas.Sin embargo esa semana, que por demás es la semana mayor, la batata se convierte en una especie de diva culinaria y es frecuente encontrar compradores auscultando la posible compra en góndolas de supermercado y habrá dominicano o dominicana que hace una apología a la batata roja o a la batata amarilla. La mayoría coincide en que la batata naranja, importada para la clase media parejera, no llena los requerimientos del paladar dominicano.La batata necesita de relaciones públicas permanentes porque es un alimento popular, más consumido por los desfavorecidos que a la hora de decidir qué comer, lo hacen en función no del gusto sino del bolsillo. Como si le faltara un handicap, la batata es producida todavía de manera artesanal en el sur más pobre de la República Dominicana y por tanto no siempre recibe el tratamiento post cosecha adecuado para garantizar la calidad.El tubérculo más consumido en la República Dominicana es la yuca. La yuca es la oligarca de nuestra herencia arawaka y le ha quitado el hambre a millones de seres humanos desde hace siglos. Pero la yuca tiene problemas porque no es segura. Una yuca puede resultar amarga, dura, acojolada, hilachosa y la falta de educación de los compradores, que le rompen una esquina para saber si está buena, agrava el drama de la comercialización.Obviamente que hemos avanzado en eso de la yuca porque ya tenemos un producto en la que la parafina supera el emplaste de tierra negra con la que se protegía y al propio tiempo se falsificaba la yuca en los mercados para atribuirle la condición de “negrita de Moca”No hay duda de que la realeza culinaria en el mundo de los tubérculos de la República Dominicana la constituye el mapuey que es un primo hermano del ñame y la yautía, pero que tiene todos los privilegios de la élite: es poco abundante, no tiene producción masiva, es fino de trato y paladar, ha tenido poca intervención para su reproducción y sobre todo tiene origen definido. Entre yuca, batata y mapuey solo el último tiene nacimiento conocido.El mapuey no es estacional pero no abunda, hay que pagarlo más caro, casi siempre el doble de la yuca y hasta el triple de la batata, y es de los tres el que más dura en condiciones de calidad sin necesidad de refrigeración o de cualquier tratamiento externo.El mapuey no tiene híbridos, no se ha mezclado con nadie ni con nada, florece de racimo pero su reproducción es muy limitada.El país debería desarrollar una campaña para la producción masiva del mapuey aunque pareceria que nos conformaremos con la yuca y la batata.

Enfoque internacional
Siguen las manifestaciones en Georgia para pedir nuevas elecciones

Enfoque internacional

Play Episode Listen Later Apr 24, 2025 2:42


Las protestas en Georgia no han cesado desde octubre de 2024, tras las denuncias de fraude en las elecciones parlamentarias en las que el partido gobernante, Sueño Georgiano, ganó la mayoría de los escaños. En las calles, se sigue exigiendo la repetición de las elecciones y la liberación de los detenidos en las manifestaciones. Decenas de personas en la capital georgiana siguen protestando tras las elecciones del pasado año, denunciando el fraude electoral y exigiendo la repetición de los comicios, la liberación de los manifestantes detenidos y la vuelta al camino europeo.“Obviamente, actualmente, las prioridades han cambiado y ahora es la libertad de los presos políticos”, explica una joven en la protesta número 140 en Tiflis, en la que la población sigue pidiendo justicia y exigiendo el fin del Gobierno a través de cánticos que dicen “abajo los oligarcas” o “sin justicia no hay paz”.Los presos políticos a los que se refiere la joven corresponden a personas detenidas durante las protestas en Georgia que se iniciaron hace ya más de cinco meses. Todo el empezó el 26 de octubre de 2024, cuando el partido Sueño Georgiano (SG) ganó las elecciones parlamentarias renovando su mandato, el cual posee desde 2012.Sin embargo, según observadores internacionales, como la OSCE (Organización para la Seguridad y la Cooperación en Europa) o el Parlamento Europeo, éstas estuvieron repletas de irregularidades, como la compra de votos o la coacción de votantes. Organizaciones civiles, como la Asociación de Jóvenes Abogados de Georgia, pidieron anular los resultados en más de 2.000 colegios.Con estas acusaciones, la población en la capital y en otras grandes ciudades como Batumi o Kutaisi, empezaron a salir a las calles exigiendo la repetición electoral. Durante semanas en noviembre y diciembre eran cientos las personas que protestaban en el país.Unas movilizaciones que fueron reprimidas por el Gobierno: se denunció el abuso de violencia contra los manifestantes por partes de las fuerzas de seguridad estatales. Se establecieron multas para los que participaron en las protestas, y para identificarlos, el Parlamento instaló reconocimiento facial en las cámaras de la ciudad. Medios de comunicación independientes como Batumelebi y Netgazeti han sido cerrados y decenas de periodistas detenidos desde el inicio de las movilizaciones.Una crisis que se agudizó aún más cuando, en medio de las protestas, el primer ministro, Irakli Kobajidze, anunció la suspensión del proceso de adhesión a la UE hasta 2028.“Yo, personalmente, estoy en contra del régimen ruso, y lo que nuestro gobierno ilegítimo está haciendo es esconder que sus últimos pasos han sido guiados por el Gobierno ruso y lo que quieren construir aquí en Georgia es algo inaceptable para la gente que reclama libertad”, dice una manifestante.Los jóvenes en la capital georgiana piden volver al camino europeo y separarse de Rusia. El recuerdo de la guerra que destrozó el país en tan solo cinco días en 2008 aún es muy reciente, y la cercanía a Rusia despierta miedos aún no superados.Y aunque ya no sean cientos de personas y tan solo unas decenas que van a las puertas del Parlamento de Georgia, éstas no tienen pensado parar hasta, como cantan cada noche, “que haya justicia”.

Daniel Ramos' Podcast
Episode 474: 24 de Abril del 2025 - Devoción para la mujer - ¨Amanecer con Jesús¨

Daniel Ramos' Podcast

Play Episode Listen Later Apr 23, 2025 4:04


====================================================SUSCRIBETEhttps://www.youtube.com/channel/UCNpffyr-7_zP1x1lS89ByaQ?sub_confirmation=1==================================================== DEVOCIÓN MATUTINA PARA MUJERES 2025“AMANECER CON JESÚS”Narrado por: Sirley DelgadilloDesde: Bucaramanga, ColombiaUna cortesía de DR'Ministries y Canaan Seventh-Day Adventist Church===================|| www.drministries.org ||===================24 de Abril¿Hacia adónde dan tus ventanas?«Cuando Daniel supo que el edicto había sido firmado, entró en su casa; abiertas las ventanas de su habitación que daban a Jerusalén, se arrodillaba tres veces al día, oraba y daba gracias delante de su Dios, como solía hacerlo antes» (Daniel 6: 10).Siempre hemos leído acerca del edicto que llevó a Daniel al temible foso de los leones y yo agregaría hambrientos leones. Pero ¿sabemos por qué oraba con las ventanas abiertas que daban hacia Jerusalén? La respuesta la encontramos en 2 de Crónicas 6:38-39. «Si allí en el país adonde los llevaron cautivos se vuelven a ti con todo su corazón y con toda su alma, y oran hacia la tierra que les diste a sus padres, hacia la ciudad que tú elegiste, y hacia el templo que he edificado a tu nombre, dígnate escuchar desde los cielos, desde el lugar donde vives, su oración y su ruego; defiende su causa y perdona a tu pueblo cuando peque contra ti». David lo corrobora: «De rodillas, y en dirección a tu santo templo, alabaré tu nombre por tu misericordia y fidelidad, por la grandeza de tu nombre y porque tu palabra está por encima de todo» (Salmos 138: 2).No era casualidad la ubicación de esas ventanas, tampoco era una costumbre sin fundamento el orar en dirección a Jerusalén. Daniel tenía muy claro que, a pesar de ser útil en aquel lugar y estar cumpliendo su misión en la vida, ese no era su hogar. También es importante notar que el profeta no fue a orar solo porque se enteró del edicto. La frase descrita en el versículo de hoy, «como acostumbraba hacerlo», nos deja con certeza el entendido de que era un hábito el cual no iba a abandonar por ningún mandato terrenal.Cuando oras, ¿hacia dónde dan tus ventanas? ¿En verdad oras hacia la patria celestial? ¿Hacia dónde están dirigidos tus pensamientos mientras hablas con Dios? En ocasiones nuestros pensamientos divagan durante las oraciones personales y dan a todos lados menos al trono de la gracia. Hemos construido ventanas que dan hacia nuestros problemas, nuestros temores, nuestros afanes, nuestras metas; es decir, ventanas que dan hacia la tierra. Obviamente, desde Babilonia no se veía Jerusalén; sin embargo, las ventanas estaban en dirección cardinal hacia ella, y Daniel oraba hacia allá por la fe y el anhelo de volver cuando terminara el cautiverio.Querida amiga, de igual manera hoy no podemos ver la Nueva Jerusalén, pero por la fe confiamos que pronto estaremos de vuelta en el hogar celestial. Hoy, cuando ores, abre las ventanas de tu corazón, esas que dan hacia el cielo. 

Lugar Común
Lugar Común - Ma. 22 Abr 2025

Lugar Común

Play Episode Listen Later Apr 22, 2025


Lugar Común - Ma. 22 Abr 2025 22 de abril, a ningún tapatío se nos va a olvidar esta fecha. Las explosiones en 1992 siempre permanecerán en el inconsciente colectivo de la sociedad civil. El fallecimiento del Papa...tiene todos los reflectores de la prensa en todo el planeta . Obviamente estamos informadas, interesadas en los acontecimientos que han marcado un hito en la historia contemporánea. Pero una hora de distracción,aún en los funerales, se agradece. Por lo que nosotras hablaremos de comida de cuaresma, recetas personales para pasarla a gusto sin gastar tanto. Lugar Común martes 4 PM Radio Universidad de Guadalajara 104.3 FM Hoy en #LugarComún tenemos varios temas con Diana y Meche este martes.Escucha el programa en el 104.3FM https://t.co/pdUsiCQtM6— Radio Universidad de Guadalajara (@RadioUdeG) April 22, 2025

Cafe on a Budget
#264: La Verdadera Fórmula del EXITO!!

Cafe on a Budget

Play Episode Listen Later Apr 21, 2025 52:39


¿Cuál es la verdadera fórmula del éxito?Según una encuesta de Empower, el 84% piensa que la fórmula del éxito está en el trabajo duro.Obviamente te compartimos nuestra perspectiva de porque eso es incorrecto.Además, hablamos sobre:☑️ El "trabajo duro" como único camino al éxito☑️ Cómo encontrar lo que realmente te apasiona y te puede generar ingresos☑️ Por qué explorar es clave para encontrar tu camino☑️ El rol del propósito y el crecimiento personal en tu éxito financiero☑️ ¡Y ejemplos reales de negocios multimillonarios que empezaron como un side hustle!Si tú también te has sentido estancado o cuestionando si lo que haces hoy te llevará a donde quieres llegar… este episodio es para ti. Enlaces: ☕ ¿Listo/a para convertirte en la persona que maneja sus finanzas con poder? Separa tu llamada gratis de 15 minutos con nosotros y descubre tu próximo paso. https://calendly.com/coab/consulta-de-15-mins-con-coab CONSULTA INDIVIDUAL con Suhailly y Manolo: Agenda una consulta con nosotros donde le haremos una radiografía en detalle a tus finanzas y sabrás cual es el próximo paso a seguir para lograr tus metas financieras...SOLO 10 ESPACIOS DISPONIBLES!!https://www.cafeonabudget.com/offers/ALLEZ2Mn ❤️DOUBLE MONEY DATE con Suhailly y Manolo: Ven con tu pareja y ten tu Money Date con nosotros. A través de esta consulta aprenderán a trabajar en equipo para lograr sus metas financieras este 2025. Solo hay 10 espacios disponibles!!!https://www.cafeonabudget.com/offers/eQZJAZLG ❤️ GUÍA GRATIS: 5 Money Dates para conectar con tu pareja https://www.cafeonabudget.com/moneydate ☕GUÍA GRATIS: Descarga nuestra guía gratis de saldo de deudas con los 7 pasos para saldar tus deudas de alto interés en 2 años o menos...https://www.cafeonabudget.com/deudas Síguenos en nuestras Redes Sociales:InstagramFacebookTikTokYouTube

Legalmente Nerd
¿Qué el Nintendo Switch 2 cuesta CUANTO?

Legalmente Nerd

Play Episode Listen Later Apr 7, 2025 80:56


Obviamente hablamos del Nintendo Switch2, y nos fuimos en tremenda conversación sobre precio y como afectara la industria, pero eso no fue lo único que hablaron Gazoo Starr, Lola Wood, y El George. RESEÑAS Pulse The Handmaid's Tale The Friend NOTICIAS Así también podrían hacer Kill Bill 3: https://theplaylist.net/david-fincher-to-direct-brad-pitt-in-once-upon-a-time-in-hollywood-sequel-written-by-quentin-tarantino-exclusive-20250401/?utm_source=www.theinsneider.com&utm_medium=newsletter&utm_campaign=exclusive-leonardo-dicaprio-in-talks-to-join-brad-pitt-in-david-fincher-s-once-upon-a-time-in-hollywood-sequel&_bhlid=dad9dc0993d42c2c42542b586f685276870a15db Porque Tarantino no quiere trabajar: https://www.worldofreel.com/blog/2025/4/2/quentin-tarantino-is-not-shooting-a-new-film Disney ya entendió https://www.hollywoodreporter.com/movies/movie-news/tangled-live-action-remake-pause-disney-1236180940/ DEBATE Nintendo anuncia el Switch 2 https://www.theverge.com/nintendo/638604/nintendo-switch-2-direct-news-trailers-stream

Buscando Problemas
El Colapso de Estados Unidos

Buscando Problemas

Play Episode Listen Later Apr 2, 2025 80:22


Apóyame en Patreon.com/ElGeorge No estás alucinando, regresé después de casi un año de tener este podcast abandonado. El regreso es tan permanente como sea posible, y esta vez incluye video en mi canal de YouTube. Aunque este episodio será solamente audio, fue para sacar telarañas, desempolvar, y estirar las piernas, así que quien mejor que Manolo Matos, uno de los pioneros podcasteros puertorriqueños, creador de ATEOrizar, De Cachete, Cucubano, y Secretos, entre otros. Manolo lleva años viviendo en Kentucky, uno de los estados mas conservadores del país, por lo que quise preguntarle sobre el temperamento cotidiano en estos primeros (casi) 90 días de Elon Musk y Donald Trump. Obviamente hablamos de muchos otros temas, y eso es lo que me gusta de invitar a Manolo.