Podcasts about samora

  • 110PODCASTS
  • 226EPISODES
  • 52mAVG DURATION
  • 1WEEKLY EPISODE
  • Jun 24, 2025LATEST

POPULARITY

20172018201920202021202220232024


Best podcasts about samora

Latest podcast episodes about samora

The Art of It All
What if we built our world around healing? with Samora Pinderhughes

The Art of It All

Play Episode Listen Later Jun 24, 2025 50:48


This week I'm joined by Samora Pinderhughes, a composer, pianist, vocalist, filmmaker, and multidisciplinary artist known for striking intimacy and carefully crafted, radically honest lyrics alongside high-level musicianship. The New York Times describes Samora as “one of the most affecting singer-songwriters today, in any genre” that “turn(s) the experience of living in community inside-out, revealing all its personal detail and tension, and giving voice to registers of pain that are commonly shared but not often articulated.”Samora has collaborated with artists across boundaries and scenes including Common, Herbie Hancock, Glenn Ligon, Sara Bareilles, Robert Glasper, Simone Leigh, Daveed Diggs, Kyle Abraham, Titus Kaphar, and Lalah Hathaway, to name a few. He has been mentored by Anna Deavere Smith, Vijay Iyer, Jason Moran, and others.Samora is also the creator and executive & artistic director of The Healing Project, a growing arts organization that orients around the question: What if we built our world around healing?Follow Samora on Instagram at @samorapinderhughesFollow The Healing Project on Instagram at @healingprojectsoundClick here to listen to Am I Human? and to get involved with the #EndTheException campaign. Follow the show on IG at @theartofitallshow and follow the host at @dariasimoneharper! Don't forget to rate, review, and subscribe. Sharing an episode with a friend never hurts either;)

Convidado
O Balanço dos herdeiros da independência de Moçambique

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 24, 2025 22:29


Moçambique assinala neste 25 de Junho de 2025, os 50 anos da sua independência. Por esta ocasião, a RFI propõe-vos um percurso pela história do país e a sua luta pela liberdade. No décimo quarto episódio desta digressão, evocamos o balanço que é feito hoje pelos herdeiros da luta de libertação. Neste dia 25 de Junho, Moçambique recorda os 50 anos da sua independência. Um aniversário que coincide com um momento político ainda marcado pelas recentes manifestações pós-eleitorais e a sua severa repressão. Num país cuja metade da população tem menos de 15 anos mas onde os recursos económicos não têm sido suficientes para responder a todas as necessidades, aumenta a frustração. Um sentimento que é tanto mais agudo que existe uma percepção nítida de que a corrupção, designadamente o caso das ‘dividas ocultas', tem condicionado o desenvolvimento do país. Uma questão que a RFI abordou com Teresa Boene, pesquisadora do Centro de Integridade Pública. "O nível de corrupção no país tem vindo a crescer. O Índice de Percepção da corrupção indica que de 2014 a 2024, o país regrediu em cerca de seis pontos. E este caso das ‘dívidas ocultas' é um dos maiores casos de corrupção no país, que teve repercussões internacionais e impactos severos na economia moçambicana. Impactos que foram evidentes na dívida pública, que cria uma pressão nas finanças públicas. Nós recentemente também lançamos um artigo que fala sobre o nível da dívida pública no país, que já supera um trilhão de meticais. E a descoberta das ‘dívidas ocultas' também minou a confiança dos credores internacionais, tendo cortado o apoio externo que Moçambique tinha. E isto levou para que o Governo tivesse que financiar o seu défice fiscal através de empréstimos internos, sendo que os encargos associados a esses são maiores. E isso cria uma pressão sobre as finanças públicas", constata a pesquisadora. "Para superar ou ultrapassar a situação que o país está a passar, há uma necessidade de se garantir a segurança e estabilidade. Qualquer economia não prospera em um ambiente de instabilidade e insegurança. Por outro lado, há uma necessidade de se lutar contra a corrupção, que também é um mal que deteriora a economia", preconiza Teresa Boene ao referir que o CIP também insiste na necessidade de se investir na indústria transformadora em Moçambique de modo a impulsionar "uma mais-valia" para os recursos de que o país dispõe. A insegurança que se faz sentir sob diversas formas e nomeadamente em Cabo Delgado, no extremo norte do país, tem condicionado a economia mas igualmente o próprio processo político do país, constata João Feijó, Investigador do Observatório do Meio Rural. "Esse conflito não tem fim à vista. Já passou por várias fases. Houve aquela fase inicial de expansão, depois houve o ataque a Palma, numa altura em que a insurgência controlava distritos inteiros de Mocímboa da Praia, grande parte de Macomia. Depois, a entrada dos ruandeses significou uma mudança de ciclo. Passaram a empurrar a insurgência de volta para as matas. Conseguiram circunscrevê-los mais ou menos em Macomia, mas não conseguiram derrotá-los. A insurgência consegue-se desdobrar e fazer ataques isolados. (…) Ali é preciso reformas políticas, mas que o governo insiste em negar. E então continuamos há quase oito anos neste conflito, neste impasse", lamenta o estudioso. Dércio Alfazema, activista moçambicano dos Direitos Humanos, considera que o país tem tido dificuldade em abstrair-se dos efeitos de 50 anos quase contínuos de conflitos e crises. "É muito difícil nós nos colocarmos como um exemplo do respeito dos Direitos Humanos num contexto em que estamos há 50 anos em ciclos permanentes de violência e violência extrema » refere o activista para quem « a questão dos Direitos Humanos ainda é um desafio. Constitucionalmente está estabelecido. Os políticos, sobretudo o Presidente da República, o actual, têm estado recorrentemente a chamar a atenção, mesmo para os militares, nas zonas de conflito, como Cabo Delgado, onde temos a situação de terrorismo. Ele tem estado a chamar a atenção para se respeitar a questão dos Direitos Humanos, mas assegurar que na íntegra, são preservados, é difícil não só para Moçambique como também para outras partes do mundo onde nós temos e temos estado a acompanhar essas situações de conflito", diz Dércio Alfazema. Questionado sobre a desconfiança induzida no seio da sociedade moçambicana por processos eleitorais marcados por suspeitas e fraude e violências, o activista considera que "ainda não há uma estrutura que garanta a confiança tanto dos actores políticos, do cidadão, da população, como também das próprias instituições. As instituições também têm documentado e nós vimos nessas últimas eleições o Conselho Constitucional a reportar que alguns partidos trouxeram editais falsos, mas reivindicavam o resultado com base nesses editais falsos. Então, ainda há muita falta de sensibilidade em relação aos processos políticos eleitorais e como é que estes processos contribuem para a forma como a gente se relaciona e para a estabilidade do país". Na óptica de João Feijó, assiste-se nestes últimos anos a uma tentativa de centralização do poder e o diálogo político em curso é uma miragem. "Desde o novo milénio até hoje, estamos a acelerar novamente as tentativas de centralização, de partidarização do Estado por via a garantir aquilo que se chama, na linguagem sociológica, de acumulação primitiva do capital", considera o estudioso que ao recordar que frequentemente surge a interrogação "se a oposição está preparada para governar". Na verdade, diz João Feijó, "a questão que se deve colocar é ao contrário : se a Frelimo está preparada para sair do poder. Neste momento que estamos agora a ter é um momento de fim de ciclo, de ilegitimidade crescente da Frelimo, em virtude das políticas que foram desencadeadas nos últimos anos, que fizeram aumentar a pobreza que de 2014-2015 passou de 47% para 60%. E estamos a falar de cerca de 20 milhões de pobres neste país". Céptico, o sociólogo também o é relativamente ao processo de diálogo encaminhado nestes últimos meses pelo partido no poder com restantes forças de oposição. "Isto é um teatrinho. É uma encenação para dar a ideia de que existe diálogo. Porque o principal actor que deveria participar no diálogo é o candidato mais votado pela oposição, que era Venâncio Mondlane, que está literalmente excluído deste acordo e nem sequer tem lá alguém que o represente. Então qualquer tentativa de diálogo alargado que não inclua este actor, aos olhos da população, é um acto ridículo. Em segundo lugar, porque ao mesmo tempo que se fala em diálogo, há toda uma perseguição política em relação a Venâncio Mondlane, com vista a fragilizá-lo politicamente", denuncia João Feijó. No mesmo sentido, a activista social Quitéria Guirengane não esconde a sua preocupação e considera que o país "dorme sobre uma bomba-relógio". "Assusta-me o facto de nós dormirmos por cima de uma bomba relógio, ainda que seja louvável que as partes todas estejam num esforço de diálogo. Também me preocupa que ainda não se sinta esforço para a reconciliação e para a reparação. Nós precisamos de uma justiça restauradora. E quando eu olho, eu sinto um pouco de vergonha e embaraço em relação a todas as famílias que dia e noite ligavam desde Outubro à procura de socorro", considera a militante feminista que ao evocar o processo de diálogo, diz que "criou algum alento sob o ponto de vista de que sairiam das celas os jovens presos políticos. No entanto, continuaram a prender mais. Continua a caça às bruxas nocturna". "Não é este Moçambique que nós sonhamos. Por muito divididos que a gente esteja, precisamos de pensar em construir mais pontes do que fronteiras. Precisamos pensar como nós nos habilitamos, porque nos últimos meses nos tornamos uma cidade excessivamente violenta", conclui a activista que esteve muito presente nestes últimos meses, prestando apoio aos manifestantes presos e seus familiares. Aludindo igualmente à frustração que se expressou nas marchas no final do ano passado e no começo de 2025, o antropólogo Omar Ribeiro Thomaz da Universidade de Campinas no Brasil recorda as palavras que ouviu de um jovem estudante da cidade da Beira, aquando de uma pesquisa de terreno em 2015. "Quando os portugueses estavam aqui, eles diziam que o colonialismo era para sempre. Aí veio a revolução e acabou com o colonialismo. Aí a revolução diz que o socialismo era para sempre. Mas aí morreu o Samora, veio o plano de reajuste estrutural e aí veio o fim do socialismo e começou o liberalismo. Aí o liberalismo virou neoliberalismo. Conta para mim, professor, quando é que o liberalismo acaba e o que vem depois?", cita o professor universitário rematando que "existe uma percepção na população moçambicana de que essa situação de degradação não pode ser para sempre e que isso vai ter que mudar". Podem ouvir os nossos entrevistados na íntegra aqui:     A RFI conclui com uma palavra de agradecimento a todas as pessoas que participaram com o seu testemunho e as suas sugestões na elaboração desta série. Um grande obrigada também ao correspondente da RFI em Maputo, Orfeu Lisboa, a Osvaldo Zandamela e a Erwan Rome que nos acompanharam nesta digressão.

Trax FM Wicked Music For Wicked People
Karen's Roots & Toots Reggae Show Replay On www.traxfm.org - 22nd June 2025

Trax FM Wicked Music For Wicked People

Play Episode Listen Later Jun 22, 2025 119:57


**Karen's Roots & Toots Reggae Show Replay On www.traxfm.org. This Week Karen Featured The New Album From Glen Washington -"Just Giving Thanks" (Released 16th May 2025) Plus Reggae/Lovers/Roots & Contemporary Reggae Trax From Saxman Jerry Johnson, King Kong x Little Lion Sound, Vanzo, John Brown's Body, Gus Walker, Fiona Faye ft Da Fuchaman, Ginjah, Samora x Ammoye, Royal Blu ft Protoje, Luciano, Zoe Mazah, G Ras x Tuff Steppas, Akeem Garrison x House Of Riddim & More #originalpirates #reggae #reggaemusic #loversrockreggae #ContemporaryReggae #rootsreggae Karen's Roots & Toots Reggae Show Every Sunday From 9AM UK Time Listen Live Here Via The Trax FM Player: chat.traxfm.org/player/index.html Mixcloud LIVE :mixcloud.com/live/traxfm Free Trax FM Android App: play.google.com/store/apps/det...mradio.ba.a6bcb The Trax FM Facebook Page : https://www.facebook.com/profile.php?id=100092342916738 Trax FM Live On Hear This: hearthis.at/k8bdngt4/live Tunerr: tunerr.co/radio/Trax-FM Radio Garden: Trax FM Link: http://radio.garden/listen/trax-fm/IEnsCj55 OnLine Radio Box: onlineradiobox.com/uk/trax/?cs...cs=uk.traxRadio Radio Deck: radiodeck.com/radio/5a09e2de87...7e3370db06d44dc Radio.Net: traxfmlondon.radio.net Stream Radio : streema.com/radios/Trax_FM..The_Originals Live Online Radio: liveonlineradio.net/english/tr...ax-fm-103-3.htm**

Convidado
O cinejornal Kuxa Kanema, os filmes e arquivos da independência

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 22, 2025 20:21


Moçambique assinala neste 25 de Junho de 2025, os 50 anos da sua independência. Por esta ocasião, a RFI propõe-vos um percurso pela história do país e a sua luta pela liberdade. No oitavo episódio desta digressão, evocamos o cinema, os documentários e reportagens que se produziram na época da independência. Logo após a independência, o novo poder chefiado por Samora Machel entende que o país doravante livre precisa edificar-se sobre pilares comuns comuns. Um deles é a informação e o cinema. Neste sentido, é fundado o Instituto Nacional de Cinema e pouco depois, em 1976 começam a circular por todo o país unidades móveis de cinema que vão mostrar à população o jornal cinematográfico Kuxa Kanema, denominação que significa ‘o nascimento do cinema'. O objectivo é múltiplo : filmar os moçambicanos e ao mesmo tempo dar o seu reflexo, informá-lo, educá-lo e uni-lo em torno de uma mesma mensagem, evidentemente revolucionária. Desta época amplamente filmada e documentada, pouco resta, um incêndio tendo em 1991 reduzido a cinzas uma parte substancial dos arquivos do que se tornou o Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas. Restam os testemunhos daqueles que viveram esse período e filmaram tudo. Um deles, Gabriel Mondlane, dirigente da AMOCINE, Associação Moçambicana de Cineastas, recorda como foi parar a esse universo. "Tenho muita sorte de ter pertencido a essa primeira leva de gente que trabalhou no cinema. Eu acho que aquilo foi muito importante porque, na óptica dos políticos, no momento em que a independência chega, depois há a necessidade de restaurar muitas coisas. Estou a falar de sector económico que não estava a funcionar, no sector de comunicação e também no próprio Governo que acabava de se instalar em Moçambique. Precisava que o sector do cinema dinamizasse um pouco a área social, particularmente nas zonas rurais, onde as pessoas não percebiam muito bem o que estava a acontecer. Então, começamos a trabalhar e fundou-se aquele cinejornal que também, ao mesmo tempo, nos proporcionou a aquisição de equipamento para a projeção, como no caso da Caravana Cinema Móvel que andou pelas províncias e distritos. Portanto, eu comecei a trabalhar no cinema. O Kuxa Kanema foi um jornal que estava muito mais ligado àquilo que eram os objectivos do partido no poder. Acho que isso se deu bem porque contribuiu para aquilo que chamou se de ‘unidade nacional', porque as pessoas começaram a se conhecer através da imagem e isso foi muito bem. E também para a minha parte, foi muito positivo, porque foi um processo de aprendizagem muito positivo", começa por contar o realizador. Cinéfilo, apreciador de filmes de Kung-Fu e de cowboys, nada parecia predispor Gabriel Mondlane a enveredar por um percurso no mundo das salas obscuras. "Caí assim tipo paraquedas, porque eu nasci numa zona em que o cinema se falava muito pouco. E ao mesmo tempo, quando entro para aqui, foi uma espécie de uma escolha meio forçada, sem saber onde é que eu ia. Foram buscar-me na escola e depois levaram-me. Eu nem sabia o que é que era isto. Sabia do cinema, da projeção. Mas cinema atrás das câmaras? Nunca na vida tinha pensado que podia cair aqui. Mas pronto, foi o destino. Eu fui levado e comecei a fazer os cursos. Quando pouco a pouco, fui percebendo como é que é, hoje até digo ‘obrigado' a eles, porque eu nunca estaria a trabalhar numa coisa de que hoje gosto. Trabalhar no cinema. Eu estou aqui já há muitos anos. Não sei mais outra coisa a não ser fazer cinema. Então digo ‘obrigado' a eles", diz o cineasta. Ao recordar que, jovem, tinha um preconceito relativamente ao universo do cinema, Gabriel Mondlane refere que ia ao cinema "de forma irregular". "Aquilo no tempo colonial, nas salas de cinema, tinha que se ir com uma determinada idade. Então, às vezes, nós mentíamos sobre as nossas idades para poder entrar ali. Às vezes apanhávamos o fiscal que nos arranjava problemas. (…) Nós contribuíamos com um determinado dinheirito e algumas moedas e dávamos a um membro do grupo para entrar lá na sala para ver o filme, para depois contar aos outros, porque não tínhamos dinheiro para todos. Então aquele que fosse para lá dentro da sala, voltava com o filme todo na cabeça. Tinha que contar tudo com som, com gestos, com todo aquele clímax dramático que o filme dá. Então fui habituado a fazer isso. É isso que eu conhecia dos filmes. E também quando me pergunta se eu gostava ou não, eu não gostava porque eu detestava aqueles guardas. (…) Então pensávamos que o trabalho do cinema era aquilo. Era naquela sala. Então, quando eu fiquei a saber que vou trabalhar para o cinema, eu senti que iam levar-me para uma coisa de que não gosto, ter que andar atrás dos miúdos, a correr atrás dos outros. Mas pronto, depois foi tudo ao contrário. Na primeira entrevista que eu tive, fizeram-me perguntas para ver como é que nós estávamos em termos de conhecimentos na área do cinema. Eu disse que eu conheço cinema. ‘O que é que tu entendes de cinema?' Eu sei é que eu tinha que contar. Contei os filmes de kung-fu, de Bruce Lee e tal. Puseram-se a rir. Não percebi porque estavam a rir. Estavam a dizer que não era aquilo que queriam saber, era outra coisa. Só agora que estou um bocadinho mais maduro, percebo que falei besteira. Não era aquilo, pois não sabia do outro lado", conta o realizador. Ao recordar a época em que começou a aprender como se faz cinema, Gabriel Mondlane refere que "a formação séria mesmo foi a formação feita pelo Instituto Nacional de Cinema. Essa formação levou um ano intensivo. E isso foi bom porque os formadores eram estrangeiros, eram canadianos, britânicos. São eles que nos introduziam para as novas tecnologias, novos pensares do cinema." A seguir à formação, Gabriel Mondlane acompanha Samora Machel em comícios e reuniões que são invariavelmente fixadas em banda magnética para sua posterior difusão ou arquivamento. "Na verdade, eu comecei mais na área de sonoplastia e eu acompanhei Samora Machel. Na maior parte das vezes, eu viajei com Samora Machel até à morte dele. De uma forma estranha. Eu não fui na última viagem de Samora Machel. Isso é uma coisa estranha, mas todas as outras, maior parte das viagens, eu fui. Também porque nós éramos poucos que trabalhávamos nessa área. E então a alternância entre nós era muito pouca. Se eu não vou numa viagem, a próxima a seguir tinha que ir. Sempre viajei com Samora Machel", recorda o cineasta. Questionado sobre o objectivo de Samora Machel ao pretender guardar filmes de todos os acontecimentos em que participava, Gabriel Mondlane declara que ele "tinha uma outra visão sobre a história e sobre o arquivo. Se a gente quer revisitar a nossa história, só podemos rever a nossa história a partir desse arquivo aqui que foi criado no tempo de Samora. Depois do Samora morrer (em 1986), o Instituto Nacional de Cinema deixou de desempenhar o papel que estava a fazer. O arquivo também parou. Quer dizer, não há nenhum arquivo. Não está sendo apetrechado periodicamente. Não existe em Moçambique uma equipa que se ocupe só para a recolha de assuntos históricos. Não existem. Isso é que é um erro. É um erro grave. A história parou então, com Samora Machel ". "Para além dessas viagens, nós filmávamos todos os discursos que eram feitos. Naturalmente, havia discursos que chamavam de ‘material sensível' e que não podia passar para as pessoas. Naturalmente, havia uma espécie de censura. (…) Era necessário que viesse um chefe de departamento ideológico do partido para ir verificar se a linha política está lá ou não está. Mas o que interessa mais para mim é que a maioria do material que não entrou na divulgação está guardada. Mas e aquele material que se chamava ‘Segredo de Estado'? Esse material ‘Segredo de Estado', não sai. Então, havia duas formas de guardar esse material. Uma que acho que foi pensada, mas acho que não foi muito correcta, porque houve alguns discursos um pouco quentes que a gente gravava. Esse aí foi guardado de uma forma um pouco mais sigilosa. Mas havia materiais que nós gravávamos que tínhamos que entregar directamente à segurança. Logo que terminasse, a segurança levava. No meu ponto de vista, esse material perdeu-se porque eles não tinham laboratórios. (…) Então há materiais que a gente ficou sem saber onde que estão. Já não vale a pena contar com esses materiais porque passado mais de cinco anos, é o fim", refere o realizador. Para além do objectivo propagandístico do cinema daquela época, Gabriel Mondlane recorda que as autoridades pretendiam igualmente, através dos meios audiovisuais criar uma união dos moçambicanos em termos culturais. "O conceito era de criar uma identidade nacional através do cinema. É por isso que se testemunha o filme ‘Tempos de leopardos', fala sobre a luta armada. Essa história realmente era para mostrar quão as forças de libertação nacional conseguiram vencer uma grande máquina, a máquina colonial. Isso é um caso. Outros casos, os documentários que nós fazíamos eram documentários que tinham também um condão político. (…) Samora Machel não era pessoa de esconder a sua visão sobre as coisas. Havia outras coisas que não eram boas, como por exemplo, nos anos 80, Moçambique tinha dificuldade de alimentação. A economia estava completamente rebentada e não havia nada nas prateleiras das lojas. Mas mesmo assim nos deixou filmar e nós filmamos isso. Se fosse um outro regime, não deixaria a gente filmar aquilo porque era uma grande vergonha. Mas nos deixou filmar, como também ele mesmo nos convidou a filmar aquilo que chamou de ‘política ofensiva', ‘política organizacional', que se traduziu num documentário muito interessante, onde o Presidente Samora foi de armazém e armazém, a andar de loja em loja, verificar como é que as coisas estavam, como é que as comidas eram distribuídas ao povo, etc", relembra o cineasta. Por fim, ao lamentar a destruição de boa parte dos arquivos cinematográficos do país após um incêndio em 1991, nas instalações do actual Instituto Nacional de Audiovisual e Cinema de Moçambique, Gabriel Mondlane também dá conta das dificuldades atravessadas actualmente por ele e pelos seus pares. "A única coisa que já começou a ser difícil realmente é conseguir fundos. Nós temos que batalhar muito e conseguir ter amigos estrangeiros. Tu não tens amigos lá no estrangeiro, é difícil ter fundos aqui, sobretudo para filmes grandes. Talvez uma curta-metragem consiga alguma coisinha, com um agente económico aqui ou ali. Mas filmes grandes têm que procurar fora", diz o realizador. Podem ouvir o nosso entrevistado na íntegra aqui: Vejam aqui uma pequena visita guiada do museu do cinema em Maputo:

Convidado
As mulheres durante a luta de libertação de Moçambique e depois

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 22, 2025 20:39


Moçambique assinala neste 25 de Junho de 2025, os 50 anos da sua independência. Por esta ocasião, a RFI propõe-vos um percurso pela história do país e a sua luta pela liberdade. No nono episódio desta digressão, debruçamo-nos sobre o estatuto da mulher durante a luta de libertação, até aos dias de hoje em Moçambique. Quando se fala das mulheres nos tempos da luta é inevitável lembrar a figura de Josina Machel, primeira mulher do Presidente Samora Machel e também heroína da guerra de libertação. Nascida em 1945 em Vilankulos, no sul do país, no seio de uma família que se opõe ao colonialismo, Josina Machel ingressa na resistência em 1964. Envolvida em actividades de formação na Tanzânia, a jovem activista rejeita uma proposta de bolsa de estudos na Suíça para se alistar em finais dos anos 60 no recém-criado destacamento feminino da Frelimo, Josina Machel militando para que as mulheres tenham um papel mais visível na luta de independência. Ela não terá contudo oportunidade de ver o seu país livre. Dois anos depois de casar com Samora Machel com quem tem um filho, ela morre vítima de cancro aos 26 anos no dia 7 de Abril de 1971, uma data que hoje é celebrada como o dia da mulher moçambicana. Símbolo de resistência no seu país, Josina Machel ficou na memória colectiva como a encarnação do destacamento feminino. Óscar Monteiro, membro sénior da Frelimo, recorda as circunstâncias em que ele foi criado em 1966. "No processo político que nós vivemos em Moçambique, houve um momento em que as pessoas pensavam ‘nós temos uma linha política clara, justa, avançada'. E uma das questões muito importantes, era a atitude em relação às mulheres. Era normal, pela tradição que as mulheres fossem consideradas disponíveis como amantes. Quando Samora assume a direção, ainda me recordo de uma frase e se formos procurar esse documento, está lá a frase. Nós tínhamos criado o destacamento feminino em 1966, Samora tinha sido o instrumento disso. Então há uma frase que ele medita nessa altura. E a frase está lá. ‘Não criamos o destacamento feminino para fornecer amantes aos comandantes'. Estava só nesta frase. Já está aqui todo um programa que nós chamamos de emancipação da mulher, mas que é, no fundo, de igualdade de qualidade política da vida. Quer dizer, tu estás a fazer a luta de libertação. Isso não te permite fazer não importa o quê. Tu tens que ser uma pessoa diferente, uma pessoa melhor", explicita o responsável político. As mulheres que combateram foram uma faceta da condição feminina durante os anos de luta. Outros rostos, menos conhecidos e bem menos valorizados, são aqueles das chamadas ‘madrinhas de guerra'. Para dar alento aos soldados portugueses que partiam para a guerra sem saber se haveria regresso, o Estado Novo promoveu a correspondência entre milhares de mulheres e militares. Numerosas relações epistolares acabaram em casamento. Em Portugal, houve muitas. O que não se sabe tanto, é que em Moçambique também houve ‘madrinhas de guerra'. Um jovem antropólogo e fotojornalista moçambicano, Amilton Neves, conheceu-as e retratou as duras condições de vida que conheceram depois da independência. "Comecei a trabalhar sobre as ‘madrinhas de guerra' em 2016. Isso porque já pesquisava e encontrei um discurso do Presidente Samora que dizia que as ‘madrinhas de guerra' são ‘meninas retardadas'. Interessei-me por isso. Porquê as ‘madrinhas de guerra'? Que é isto? Então fui ao Arquivo Histórico, até à Torre do Tombo, em Lisboa, para perceber melhor. Porque as ‘madrinhas de guerra' não começam aqui. Começam em 1916 com a Grande Guerra em Portugal. E descobri que algumas ‘madrinhas de guerra' viviam aqui em Maputo, numa zona só. (…) Então, quem eram as ‘madrinhas de guerra'? Eram miúdas que eram recrutadas para escrever cartas para os militares de forma a incentivá-los e dizer que ‘não te preocupes, quando voltares da guerra, nós vamos casar. O Estado português sempre vai ganhar.' Então, neste exercício de troca de cartas, quando houve a independência, em 1975, as madrinhas de guerra foram perseguidas pelo novo regime. Então eu fui atrás dessas senhoras. Consegui identificá-las. Levou tempo porque elas estavam traumatizadas", refere o jovem fotojornalista. "As motivações dessas mulheres eram de fazer parte da classe alta naquela altura. Porque elas tinham acesso aos bailes, ao centro associativo dos negros, nesse caso, ao Centro associativo dos Mulatos, às festas que davam na Ponta Vermelha. Elas faziam parte da grande sociedade. Não era algo que poderíamos dizer que tinham algo benéfico em termos de remuneração. Acredito que não ", considera o estudioso referindo-se às razões que levaram essas pessoas a tornarem-se ‘madrinhas de guerra' que doravante, diz Amilton Neves, "vivem traumatizadas. Algumas se calhar foram a Portugal porque tinham uma ligação. Casaram. Mas a maioria ficou em Maputo" e sofreram uma "perseguição" que "não foi uma perseguição física, foi mais uma questão psicológica". Hoje em dia, muitas heroínas esquecidas de forma propositada ou não, ficam por conhecer. A activista política e social moçambicana, Quitéria Guirengane, considera que a condição das mulheres tem vindo a regredir em Moçambique. "Quando nós dizemos que há mulheres invisibilizadas pela História, vamos ao Niassa e vemos histórias como da Rainha Achivangila. Mulheres que na altura do tráfico de escravos conseguiram se opor, se posicionar, salvar, resgatar escravos e dizer ‘Ninguém vai escravizar o meu próprio povo'. Mas nós não colocamos nos livros da nossa história essas rainhas. Nós precisamos de ir ao Niassa descobrir que afinal, há mulheres que foram campeãs neste processo de luta. Estas histórias têm que ser resgatadas. Depois começamos a falar da Joana Simeão. Ninguém tem coragem de falar sobre isso. É um tabu até hoje. E você é visto como um leproso se tenta levantar este tipo de assuntos. E não estamos a dizer com isto que vamos esquecer a luta histórica de Eduardo Mondlane, que vamos esquecer a luta histórica de Samora Machel. Não. Eu não sou por uma abordagem de dizer que a história toda está errada. Todo o povo tem a sua história e tem a sua história oficial. Mas esta história oficial tem que se reconciliar, para reconciliar o povo, trazer as mulheres invisibilizadas pela história, mas também trazer todos os outros", diz a activista. Olhando para o desempenho das mulheres durante a luta de libertação, Quitéria Guirengane considera que elas "têm um papel incrível. Tiveram, tem e sempre terão um papel na luta de libertação. Terão um papel sempre activo no ‘peace building', no ‘peace making' no ‘peace keeping'. E é preciso reconhecer desde a mulher que está na comunidade a cozinhar para os guerrilheiros, desde a mulher que está na comunidade a informar os guerrilheiros, à mulher que está na comunidade a ser usada como isca para armadilhas, a mulher que está na comunidade a ser sequestrada, a ser alvo até de violações sexuais. Essas mulheres existem. Mas também aquelas mulheres que não são vítimas, não são sobreviventes, são as protagonistas do processo de libertação. E o protagonismo no processo de libertação, como eu disse, começa pelas rainhas míticas da nossa história, que não são devidamente abordadas. O reconhecimento deriva do facto de que, em momentos em que era tabu assumir um papel forte como mulher, elas quebraram todas essas narrativas e se posicionaram em frente à libertação. Depois passamos para esta fase da luta de libertação, em que se criam os famosos destacamentos femininos em que mulheres escolhem a linha da frente, escolhem a esperança em vez do medo e se posicionam", refere a também militante feminista. Volvidos 50 anos sobre a luta de libertação, apesar de ter formulado naquela época a vontade de fazer evoluir o papel da mulher na sociedade, Quitéria Guirengane considera que "se continua a travar as mesmas lutas". "A mulher ainda tem que reivindicar um espaço. É verdade que nós temos consciência que as liberdades, tal como se ganham, também se perdem. E que nenhum poder é oferecido, que nós temos que lutar. Mas é tão triste que as mulheres tenham sempre que lutar para fazer por merecer e os homens não tenham que fazer a mesma luta. Nós não só temos que lutar para chegar, mas também temos que lutar para manter e muitas das vezes colocadas num cenário de mulheres a lutarem contra mulheres", lamenta a activista. "Quando fazemos uma análise, uma radiografia, vamos perceber que a maior parte dos processos de paz foram dominados por homens. Quando nós tivemos no processo de paz, em 2016, finalmente duas mulheres na mesa, isso foi fruto do barulho que a sociedade civil fez naquela altura. A sociedade civil fez muito barulho e resultou numa inclusão de duas mulheres, uma da parte da Renamo, uma da parte do governo. Na mesa negocial entre uma dezena de homens que fez com que elas fossem apenas 12,58% de todo o aparato negocial do processo da paz. O que é que isto implica? Quando passamos para o processo de DDR, as comissões de negociação de DDR eram masculinas, todas elas homens. A desmilitarização foi entendida como um assunto de homens. A comissão sobre assuntos legais também era de homens, não havia mulheres. Quando nós olhamos para o processo de desmilitarização e ressocialização, nós percebemos que tínhamos 253 mulheres militares a serem desmobilizadas. E nesse processo, notava-se que foi pensado numa perspectiva de homens, não de compreender as especificidades e necessidades particulares", diz. Em jeito de conclusão, a activista muito presente na defesa dos Direitos das mulheres e liberdades cívicas, mostra-se "preocupada com as realidades da mulher com deficiência, da mulher na área de extractivismo, da mulher deslocada de guerra, da mulher deslocada por exploração mineira, da mulher rural, da mulher na agricultura, da mulher no sector informal, da mulher empresária. São realidades diferentes. Então não podemos meter num pacote de ‘one size fits all' e achar que as demandas são iguais. (…) Pior ainda : nos últimos seis meses da tensão social, a vida deixou de ser o nosso maior valor. Mulheres foram mortas, mulheres perderam os seus maridos, seus pais, seus filhos. Têm que acompanhar, levar comida para o hospital ou para as cadeias, sem nenhum apoio. E ninguém pensa nesta reparação. Então voltamos muito atrás. Eu diria que regredimos", afirma Quitéria Guirengane. Podem ouvir os nossos entrevistados na íntegra aqui: Vejam aqui algumas das fotos de Amilton Neves:

Convidado
Os campos de Reeducação e a condição dos dissidentes

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 22, 2025 20:32


Moçambique assinala neste 25 de Junho de 2025, os 50 anos da sua independência. Por esta ocasião, a RFI propõe-vos um percurso pela história do país e a sua luta pela liberdade. No décimo episódio desta digressão, evocamos os campos de reeducação. Ainda antes da independência, durante o período de transição em que Moçambique foi governado por uma autoridade híbrida luso-moçambicana, foram instituídos campos de reeducação, essencialmente na distante província do Niassa. O objectivo declarado desses campos era formar o homem novo, reabilitar pelo trabalho, as franjas da sociedade que eram consideradas mais marginais ou dissidentes. Foi neste âmbito que pessoas consideradas adversárias políticas foram detidas e mortas em circunstâncias que até agora não foram esclarecidas. Isto sucedeu nomeadamente com Uria Simango, Joana Simeão e Adelino Guambe, figuras que tinham sido activas no seio da Frelimo e que foram acusadas de traição por não concordarem com a linha seguida pelo partido. Omar Ribeiro Thomaz, antropólogo ligado à Universidade de Campinas no Brasil que se debruçou de forma detalhada sobre os campos de reeducação, conta em que circunstâncias começou a estudar este aspecto pouco falado da História recente de Moçambique. "Eu comecei a interessar-me porque eu comecei a conhecer pessoas que tinham sido objecto desse tipo de expediente autoritário, por um lado, e por outro lado, porque eu via uma grande ansiedade da população no que diz respeito ao desaparecimento de algumas pessoas que foram pessoas-chave no período tardio colonial moçambicano ou no período de transição do colonialismo para a independência. São figuras como Uria Simango, a Joana Simeão, o Padre Mateus, enfim, são pessoas que sumiram e que havia uma demanda para essas pessoas", começa por relatar o investigador. "Os campos de reeducação são pensados ainda no período de transição. Então, isso é algo que ainda deve ser discutido dentro da própria história portuguesa, porque no período de transição, o Primeiro-ministro era Joaquim Chissano, mas o governador-geral era português. Então, nesse momento, começam expedientes que são os campos de reeducação. Você começa a definir pessoas que deveriam ser objecto de reeducação, ao mesmo tempo em que você começa a ter uma grande discussão em Moçambique sobre quem são os inimigos e esses inimigos, eles têm nome. Então essas são pessoas que de alguma maneira não tiveram a protecção do Estado português. Isso é muito importante. Não conseguiram fugir. São caçadas literalmente, e são enviadas para um julgamento num tribunal popular. Eu estou a falar de personagens como a Joana Simeão, o Padre Mateus, Uria Simango, que são condenados como inimigos, como traidores. Esses são enviados para campos de presos políticos. A Frelimo vai usar uma retórica de que esses indivíduos seriam objecto de um processo de reeducação. Mas o que nós sabemos a partir de relatos orais e de alguns documentos que nós conseguimos encontrar ao longo do tempo, é que essas pessoas foram confinadas em campos de trabalho forçado, de tortura, de imenso sofrimento e que chega num determinado momento que não sabemos exactamente qual é, mas que nós podemos situar mais ou menos ali, por 1977, elas são assassinadas de forma vil", diz o antropólogo. "Quando você tem a Operação Produção, que é a partir de 1983, que é uma operação para você retirar de maneira forçada todos aqueles indivíduos classificados ou acusados de vagabundagem, de serem inimigos da revolução ou de prostituição, no caso das mulheres, são recolhidos e são enviados não só para o Niassa, mas no país inteiro, mas particularmente no Niassa, porque tem um subtexto moral, ou seja, a ideia de que o trabalho seria uma componente moral fundamental para a formação do ‘Homem novo'. Mas havia a ideia também por parte do Samora em particular, mas de muitas pessoas que constituíam a elite da Frente de Libertação de Moçambique, de que o Niassa seria a província mais fértil do país e que poderia se transformar numa espécie de local de produção de alimentos para o país como um todo. Então, isso vai perdurar em Moçambique por um período bastante significativo", refere o universitário. "A primeira grande operação chamada ‘Operação Limpeza' é de Outubro de 1974, que é justamente você limpar a Rua Araújo, que era a rua da prostituição. Mais ou menos 300 mulheres foram acusadas de prostituição e foram enviadas para campos de trabalho agrícola. Boa parte delas morre. E esse tipo de expediente se mantém em Moçambique entre os anos 70 até meados dos anos 80, quando, na verdade, a guerra civil inviabiliza o próprio empreendimento. Porque o campo, no contexto moçambicano, não é um lugar fechado, com muros de onde as pessoas não podem fugir. As pessoas eram jogadas em áreas rurais. Muitas delas não tinham nenhum tipo de experiência rural e não são campos onde o próprio Estado garantisse a chegada de alimentos. Então você gera uma situação de conflito muito pouco estudada ainda. Eu trabalhei numa região específica na província de Inhambane, em que as pessoas eram despejadas e muitas delas não tinham muito o que fazer. Ou você acaba estabelecendo uma relação de troca entre essas pessoas que vêm da cidade e camponeses do local, como é muito bem descrito num romance magnífico do escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho, ‘Campo de Trânsito'. Ou você tem -o que me foi dito por camponeses da região- um medo terrível, porque os reeducandos eram entregues a uma situação de abandono. Então eles acabavam roubando os camponeses, porque eles não tinham outra alternativa. E ao mesmo tempo, nós temos essa guerra que muito tardiamente vai ser definida como guerra civil. E é importante dizer que parte dos que vão alimentar esse exército de oposição à Frelimo, eram pessoas insatisfeitas destes próprios campos de trabalhos forçados", refere Omar Ribeiro Thomaz. O antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano, Primeiro-ministro durante o período de transição e em seguida chefe da diplomacia moçambicana depois da independência, justifica a instauração desses campos. "Reeducar era um princípio que nós tínhamos durante a própria luta de libertação. Se houvesse indisciplina, tínhamos formas de isolar as pessoas. Reeducar é reeducar mesmo, para voltar a reintegrá-los no nosso seio. Não era, como se costuma dizer aí, campos de concentração, etc", diz o antigo dirigente. "Houve pessoas que eram marginais, que era preciso encontrar uma forma de lhes dar uma formação. Isso inclui mesmo pessoas que até estavam nas cadeias. Criaram-se os centros de reeducação para esses indivíduos. Também houve o caso das prostitutas, que também se criou um campo para reabilitação porque sabia-se que faziam isto, porque é uma maneira de viver. Isso é claro que foi mal visto por muita gente que não compreendia a nossa visão e que pensavam que eram campos de castigo apenas. Mas eu tive uma boa experiência nesse capítulo porque quando eu era ministro dos Negócios Estrangeiros, convidei um grupo de diplomatas estrangeiros acreditados em Moçambique e fomos visitar o principal campo de reeducação de ex-reclusos. E os diplomatas que estiveram comigo nessa altura disseram me o seguinte ‘Ó senhor ministro, vocês deviam ter chamado isto prisões abertas e nós teríamos compreendido melhor'", declara Joaquim Chissano. Óscar Monteiro, membro sénior da Frelimo, recorda o que guiou inicialmente a instalação dos campos, mas reconhece que houve excessos. "Devo dizer que a escolha do nome é uma escolha infeliz. A reeducação fazia-se ali, dentro de nós, um bocado com esta ideia de que o trabalho regenera", refere o responsável político que ao ser questionado sobre o destino reservado aos dissidentes políticos como Uria Simango ou Joana Simeão, diz que "de facto isso aconteceu e que (os membros da Frelimo) não estão orgulhosos disso". Lutero Simango, líder do partido de oposição Movimento Democrático de Moçambique (MDM), perdeu o pai, Uria Simango, um dos membros-fundadores da Frelimo, mas igualmente a mãe. Ambos foram detidos e em seguida executados, Lutero Simango pedindo esclarecimentos ao poder. "O meu pai foi uma das peças-chaves na criação da Frente de Libertação de Moçambique. Ele nunca foi imposto. Os cargos que ele assumiu dentro da organização foram na base da eleição. Ele e tantos outros foram acusados de serem neocolonialistas. Foram acusados de defender o capitalismo. Foram acusados de defenderem a burguesia nacional. Toda aquela teoria, aqueles rótulos que os comunistas davam a todos aqueles que não concordassem com eles. Mas se olharmos para o Moçambique de hoje, se perguntarmos quem são os donos dos nossos recursos, vai verificar que são os mesmos aqueles que ontem acusavam os nossos pais", diz o responsável político de oposição. Questionado sobre as informações que tem acerca das circunstâncias em que os pais foram mortos, Lutero Simango refere continuar sem saber. "Até hoje ninguém nos disse. E as famílias, o que pedem é que se indique o local em que foram enterrados para que todas as famílias possam prestar a última homenagem. O governo da Frelimo tem a responsabilidade de indicar às famílias e também assumir a culpa, pedindo perdão ao povo moçambicano, porque estas pessoas e tantas outras foram injustamente mortas neste processo", reclama Lutero Simango. Neste processo, Sam Malema Guambe também perdeu e nunca conheceu o pai -Adelino Guambe-, fundador da UDENAMO, uma das organizações independentistas que estiveram na raíz da fundação da Frelimo. "Eu não cheguei a conhecê-lo. Eu de facto nem vi a cara dele. A minha avó nos contava aquela história. A minha mãe não queria tocar mais nesse assunto de Guambe, essa pessoa já não existe, Vamos deixar. Mas a minha avó sempre nos ensinava, nos dizia que nosso pai, as coisas que ele fazia", diz Sam Malema Guambe ao apelar a um diálogo, a "falar para a gente pôr todos mãos à obra, para fazer um Moçambique melhor, porque os nossos pais contribuíram muito para esse país". Inicialmente militante da Frelimo, Joana Simeão, entra em linha de colisão com o partido por discordar do monopartidarismo instaurado depois da independência. Acusada de ser agente da PIDE, será, como Uria Simango e Adelino Guambe, executada em circunstâncias por esclarecer. A filha, Emíade Chilengue, era um bebé. "Eu pessoalmente não tenho nenhuma memória de vivência com a minha mãe, uma vez que na altura dos acontecimentos eu era bebé. Tudo o que eu sei é através de notícias dos órgãos de comunicação social. (…) Por volta dos sete, oito anos, eu constantemente perguntava sobre a minha mãe e eles um dia vieram até mim com um recorte de jornal, creio que sobre a ação que determinou o fuzilamento dela e das outras pessoas que fizeram parte do grupo, e mostraram-me. E foi assim que eu fiquei a saber que a minha mãe já não estava entre os vivos", conta Emíade Chilengue. Ao dizer que também procurou ter mais informações, sem sucesso, a filha de Joana Simeão refere esperar que, no âmbito da celebração dos 50 anos da independência de Moçambique, que haja "alguma explicação para que haja, de facto, uma reconciliação nacional. No meu entender, não podemos, de forma alguma, comemorar 50 anos sem que esses dossiers sejam de alguma forma tratados com a devida atenção e respeito que é merecido". Podem ouvir os nossos entrevistados na íntegra aqui:      

Convidado
As negociações e a proclamação da independência de Moçambique

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 21, 2025 20:46


Moçambique assinala neste 25 de Junho de 2025, os 50 anos da sua independência. Por esta ocasião, a RFI propõe-vos um percurso pela história do país e a sua luta pela liberdade. No quinto episódio desta digressão, evocamos a independência de Moçambique. Após vários anos em várias frentes de guerra, capitães das forças armadas portuguesas derrubam a ditatura no dia 25 de Abril de 1974. A revolução dos cravos levanta ondas de esperança em Portugal mas também nos países africanos. A independência pode estar por perto, mas é ainda preciso ver em que modalidades. Óscar Monteiro, militante sénior da Frelimo e um dos membros da delegação que negociou os acordos de Lusaka juntamente com Portugal, recorda como recebeu a notícia. “No dia 25 de Abril, tenho a primeira notícia sobre o golpe de Estado em Portugal, quando procurava ouvir a Rádio França Internacional. Nós estávamos num curso político e eu estava à procura do noticiário da RFI quando ouço ‘Cette fois, c'est pour de bon' (desta vez, é a valer). Então parece que houve mesmo qualquer coisa em Portugal e a partir daí começamos a procurar informações. No dia 27, nós produzimos uma declaração que eu acho que foi dos mais bonitos documentos políticos em que participei. Continuamos a dar aulas porque era a nossa tarefa. A luta não termina só assim. Mas à tarde o Samora chamou-nos, nós tínhamos um telefone de campanha daqueles com manivela. ‘Venham cá porque a coisa parece ser séria'. Então fomos para lá e começamos a produzir. Devo dizer que estávamos num muito bom momento politicamente e por isso que não ficamos perturbados. Dissemos ‘Sim senhor, muito bem. Felicitamo-nos por esta vitória do povo português, mas a nossa luta é pela independência.' (...) Sabe que o Manifesto das Forças Armadas tinha só uma linha, a linha final, que dizia depois de 20 e tal pontos sobre a democratização de Portugal, dizia que ‘a solução do problema do Ultramar é política e não militar.' Quer dizer, foi agarrados nessa linha que nós começámos as primeiras conversações. Aí devo dizer e relevar que nós nunca falamos suficientemente do papel do Dr. Mário Soares, que propõe logo conversações com os movimentos de libertação. E, portanto, estamos a falar logo no dia 5 de Maio por aí. Ele vem a Lusaka. Nós ensaiamos esse momento. Então vamos para lá, mas como é que cumprimentamos? Então dissemos ‘Não vamos cumprimentar, dizendo o seguinte -até me recordo da frase- Apertamos a mão porque o senhor representa um Portugal novo'. Sabe que para evitar intimidades excessivas, até pedimos aos zambianos, porque as conversações foram em Lusaka para não os forçar a vir a Dar-es-Salaam, que era muito conotado com o apoio aos movimentos de libertação. E ele surpreendeu-nos quando nós começamos com a nossa expressão ‘saudamos o novo Portugal'. Ele disse ‘deixe-me dar-lhe um abraço' e atravessou a mesa que nós tínhamos posto para separar e dá um abraço ao Presidente Samora. Eu acho que isso foi de uma grande generosidade humana, porque a opinião pública portuguesa não estava preparada para aceitar a independência. Nós éramos os ‘terroristas', nós éramos ‘os pretos', nós éramos ‘os incapazes.' Como é que eles vão ser capazes de governar? O que explica depois o abandono em massa dos colonos. Portanto, nós começamos este período de negociações com muitos factores contra nós. Eu acho que foi a qualidade e a generosidade dos moçambicanos que permitiu que este processo tivesse andado bem. (...) Eu sei que a solidariedade da opinião pública portuguesa, não da classe política mais avançada, não do Movimento das Forças Armadas, foi mais para com os colonos do que para connosco. E houve a ideia de que nós, intimidamos os colonos. Não. Os colonos, intimidaram-se com o seu próprio passado. Quer dizer, cada um deles pensava como tinha tratado o seu empregado doméstico, como tinha tratado o negro no serviço e fugia, fugia de si-próprio, não fugia de perseguições. Nessa altura, e honra seja feita ao Presidente Samora, ele desdobrou-se em declarações até que, a um certo ponto algumas pessoas disseram Mas olha lá, vocês estão sempre a falar da população portuguesa que não deve sair, que são tratados como iguais. Vocês já nem falam muito a nós moçambicanos negros. Mas era deliberado, era deliberado porque nós sabíamos que a reconstrução do país só com moçambicanos negros ia ser muito difícil. E felizmente -é um ponto que vale a pena neste momento focar- houve muitos jovens, a nova geração, brancos, mulatos, indianos que eram estudantes da universidade, que tinham criado um movimento progressista e que foram eles, naquela fase em que era preciso pessoas com alguma qualificação, que foram os directores, os colaboradores principais dos ministros. E é momento também de prestar homenagem a essa nova geração. Foi um grupo progressista que se pôs declaradamente ao lado da independência. Também tiveram as suas cisões. Houve outros que foram embora. São transições sociais muito grandes. Nós próprios estamos a passar transições muito grandes”, diz Óscar Monteiro. Pouco depois do 25 de Abril, as novas autoridades portuguesas e a Frelimo começaram a negociar os termos da independência de Moçambique. O partido de Samora Machel foi reconhecido como interlocutor legítimo por Portugal e instituiu-se um período de transição num ambiente de incerteza, recorda o antigo Presidente Joaquim Chissano. “A nossa delegação veio com a posição de exigir uma independência total, completa e imediata. Mas pronto, tivemos que dar um conteúdo a esse ‘imediato'. Enquanto a delegação portuguesa falava de 20 anos, falávamos de um ano e negociamos datas. Deram então um consenso para uma data que não feria ninguém. Então, escolhemos o 25 de Junho. Daí que, em vez de um ano, foram nove meses. E o que tínhamos que fazer era muito simples Era, primeiro, acompanhar todos os preparativos para a retirada das tropas portuguesas com o material que eles tinham que levar e também em algumas partes, a parte portuguesa aceitou preparar as nossas forças, por exemplo, para se ocupar das questões da polícia que nós não tínhamos. Houve um treino rápido. Depois, na administração, nós tínhamos que substituir os administradores coloniais para os administradores indicados pela Frelimo. Falo dos administradores nos distritos e dos governadores nas sedes das províncias. Nas capitais provinciais, portanto, havia governadores de província e administradores de distritos e até chefes de posto administrativo, que era a subdivisão dos distritos. E então, fizemos isso ao mesmo tempo que nos íamos ocupando da administração do território. Nesses nove meses já tivemos que tomar conta de várias coisas: a criação do Banco de Moçambique e outras organizações afins, seguros e outros. Então houve uma acção dos poderes nesses organismos. Ainda houve negociações que foram efectuadas em Maputo durante o governo de transição, aonde tínhamos uma comissão mista militar e tínhamos uma comissão para se ocupar dos Assuntos económicos. Vinham representantes portugueses em Portugal e trabalhavam connosco sobre as questões das finanças, etc. E foi todo um trabalho feito com muita confiança, porque durante o diálogo acabamos criando a confiança uns dos outros”, lembra-se o antigo chefe de Estado moçambicano. Joaquim Chissano não deixa, contudo, de dar conta de algumas apreensões que existiam naquela altura no seio da Frelimo relativamente a movimentos contra a independência por parte não só de certos sectores em Portugal, mas também dos próprios países vizinhos, como a África do Sul, que viam com maus olhos a instauração de um novo regime em Moçambique. “Evidentemente que nós víamos com muita inquietação essa questão, porque primeiro houve tentativas de dividir as forças de Moçambique e dar falsas informações à população. E no dia mesmo em que nós assinamos o acordo em Lusaka, no dia 7 de Setembro, à noite, houve o assalto à Rádio Moçambique por um grupo que tinha antigos oficiais militares já reformados, juntamente com pessoas daquele grupo que tinha sido recrutado para fazer uma campanha para ver se desestabilizava a Frelimo”, diz o antigo lider politico. A 7 de Setembro de 1974, é assinado o Acordo de Lusaka instituindo os termos da futura independência de Moçambique. Certos sectores politicos congregados no autoproclamado ‘Movimento Moçambique Livre' tomam o controlo do Rádio Clube de Moçambique em Maputo. Até serem desalojados da emissora no dia 10 de Junho, os membros do grupo adoptam palavras de ordem contra a Frelimo. Na rua, edificios são vandalizados, o aeroporto é tomado de assalto, um grupo armado denominado os ‘Dragões da Morte' mata de forma indiscriminada os habitantes dos bairros do caniço. O estudioso moçambicano Calton Cadeado recorda esse momento. “Foi notório, naquela altura, que havia uma elite branca colonial que percebeu que ia perder os seus privilégios e ia perder poder. Isto é mais do que qualquer coisa, poder, influência, que eles tinham aqui, poder económico. Não estavam predispostos a negociar com a nova elite dirigente do Estado e temiam que eles fossem subalternizados. Então construíram toda uma narrativa de demonização da independência e das futuras lideranças, a tal ponto que criou um certo ódio dentro da sociedade portuguesa. E vale dizer que este ódio não era generalizado. Podemos ir ver nos jornais de 1974, temos o retrato de pessoas que vivenciaram abraços entre militares da Frelimo e militares portugueses que estavam a combater juntos e que diziam que não percebiam o motivo de tanta matança que existia entre eles, mas fizeram um abraço e estavam dispostos a fazer a reconciliação. Mas a elite branca e económica que tinha perdido e sentia que ia perder os privilégios, os benefícios, criou esta narrativa e esta narrativa foi consumida por algumas pessoas também dentro do círculo de defesa e segurança. Estou a falar da PIDE e da DGS a seguir. Não é toda a gente. Houve alguns círculos que conseguiram mobilizar algumas pessoas para fazer a desordem que aconteceu a seguir ao dia 7 de Setembro, que é a tomada do Rádio Clube. Depois tivemos o dia 21 de Outubro, que foi um dia sangrento, violento na história aqui em Moçambique. E quem estiver aqui em Maputo e for visitar a Praça 21 de Outubro e conversar com as pessoas que viviam naquelas zonas, percebem a violência que foi gerada. Infelizmente, essa foi uma violência que tomou conotações de cor de pele. Que era matar o branco, matar o negro. Mas foi uma coisa localizada, de curta duração, que não foi para além daqueles dias, porque a euforia da preparação e da visão da independência que vinha ali era mais forte do que o contágio de ódio que foi gerado entre estes grupos. Entretanto, não podemos menosprezar esse ódio que foi gerado. Essas perdas foram geradas porque as pessoas que perderam os privilégios não se resignaram, não se conformaram e, por causa disso, saíram de Moçambique. Foram se juntar a outros e fizeram o estrago que fizeram com a luta de desestabilização de 1976 a 1992, que aconteceu aqui”, conta Calton Cadeado. Vira-se uma página aos solavancos em Moçambique. Evita-se por pouco chacinas maiores. Antigos colonos decidem ficar, outros partem. Depois de nove meses de transição em que a governação é assegurada por um executivo hibrido entre portugueses e moçambicanos, o país torna-se oficialmente independente a 25 de Junho de 1975. Doravante, Moçambique é representado por um único partido. Uma escolha explicada por Óscar Monteiro. “Pouco depois do 25 de Abril. Começam a pulular pequenos movimentos. Há sempre pessoas que, à última hora, juntam algumas iniciais e criam um partido político. Houve quantidades de organizações e uma parte poderia até ser genuína, mas nós sentimos que essa era a forma de tentar frustrar a independência. Isso foi a primeira fase. Depois, houve outra coisa. Agora é fácil falar dessa época, mas naquele momento, nós estávamos a cravar um punhal no coração da África branca, e essa África branca ia reagir. Portanto, tínhamos a oeste, à Rodésia, tínhamos a África do Sul, Angola tinha Namíbia e África do Sul. Então, é neste contexto que nós temos que preparar uma independência segura, uma independência completa, Porque esta coisa de querermos ser completamente independentes é um vício que nos ficou mesmo agora. Nós queremos ser independentes”, explica o membro sénior da Frelimo ao admitir que ao optarem pelo monopartidarismo os membros da sua formação demonstraram “um bocado de autoconfiança excessiva e mesmo uma certa jactância”.

Eastside Community Church
2025 - LOST IN TRANSLATION (Samora Qwesha, 8 June 2025)

Eastside Community Church

Play Episode Listen Later Jun 20, 2025 55:46


Takin A Walk
Classic Music Saved Me with Samora Pinderhughes

Takin A Walk

Play Episode Listen Later Jun 15, 2025 31:01 Transcription Available


In this classic replay of Music Saved Me with Lynn Hoffman, she is joined by composer, pianist, vocalist Samora Pinderhughes. He is known for his innovative and socially conscious approach to music and multi-media creation and they discuss how he uses his art to delve into sociopolitical issues and advocate for social change. If you are a listener of this podcast, we invite you to explore how Samora's work moves from "protest to healing." A Note to our Community Your support means everything to us! As we continue to grow, we’d love to hear what guests you might find interesting and what conversations you’d like us to explore nest. Have a friend who might enjoy our conversations? Please share our podcast with them! Your word of mouth recommendations help us reach new listeners that could benefit from our content. Thank you for being part of our community. We’re excited for what’s ahead! Check out our newest podcast called “Comedy Saved Me” wherever you get your podcasts. Warmly Buzz Knight Founder Buzz Knight Media ProductionsSupport the show: https://takinawalk.com/See omnystudio.com/listener for privacy information.

Music Saved Me Podcast
Classic Music Saved Me with Samora Pinderhughes

Music Saved Me Podcast

Play Episode Listen Later Jun 15, 2025 31:01 Transcription Available


In this classic replay of Music Saved Me with Lynn Hoffman, she is joined by composer, pianist, vocalist Samora Pinderhughes. He is known for his innovative and socially conscious approach to music and multi-media creation and they discuss how he uses his art to delve into sociopolitical issues and advocate for social change. If you are a listener of this podcast, we invite you to explore how Samora's work moves from "protest to healing." A Note to our Community Your support means everything to us! As we continue to grow, we’d love to hear what guests you might find interesting and what conversations you’d like us to explore nest. Have a friend who might enjoy our conversations? Please share our podcast with them! Your word of mouth recommendations help us reach new listeners that could benefit from our content. Thank you for being part of our community. We’re excited for what’s ahead! Check out our newest podcast called “Comedy Saved Me” wherever you get your podcasts. Warmly Buzz Knight Founder Buzz Knight Media ProductionsSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Eastside Community Church
2025 - Made For The Moment (Samora Qwesha, 18 May 2025)

Eastside Community Church

Play Episode Listen Later May 24, 2025 53:21


Eastside Community Church
2025 - The Sermon On The Mount - Week 7(Samora Qwesha, 13 April 2025)

Eastside Community Church

Play Episode Listen Later May 18, 2025 47:51


You are a Lawyer Podcast
How to Advocate for Global Health with Your Law Degree feat. Samora Legros

You are a Lawyer Podcast

Play Episode Listen Later May 15, 2025 42:15


Samora Legros is an advisory manager, advocate, and board member of the Max & Thérèse Cadet Dental Fund, Inc. In this powerful episode, Samora and fellow board members share how a family legacy has grown into a 33-year commitment to improving oral healthcare in Haiti. From mobile dental clinics and maxillofacial surgeries to supporting the next generation of Haitian dentists, this is a story of service, strategy, and impact. You don't have to be a dentist to support public health—you just have to care.How You Can HelpThe Max & Thérèse Cadet Dental Fund, Inc. is a 501(c)(3) nonprofit organization based in the U.S. that raises funds to directly support operations at the dental clinic in Haiti. These funds pay for essential procedures, dental supplies, equipment upgrades, and full maxillofacial surgeries for those who could not otherwise afford care. Contributions of any amount make an impact, and monthly giving provides consistent support for this vital work.“We are small, but boy, we carry the mountains of Haiti,” expresses Jessie Cadet-Legros in Episode 192 of You Are a Lawyer.Lawyers and legal professionals can support the Cadet Dental Fund in unique ways: through strategic networking, pro bono consulting, fundraising, and amplifying the foundation's story. Whether by contributing financially or helping to widen the circle of support, advocates of all backgrounds—and especially those with legal skills—can play a key role in sustaining the clinic's mission. Visit cadetdentalfund.com to get involved.LISTEN TO LEARNHow one family's story became a national dental care movementThe real impact of advocacy and infrastructure in global healthHow lawyers can use their skills to support public health causesWE ALSO DISCUSSMaxillofacial surgery and dental care access in HaitiThe role of students and dental education at the clinicHow to support the Cadet Dental Fund and get involvedJoin the FREE mailing list!Get behind-the-scenes content from You Are A Lawyer. 1) Visit www.youarealawyer.com2) Add your email address to the Subscribe pop-up box OR3) Enter your email address on the right side of the screen4) Get emails from me (I won't fill your inbox with junk)!Interact with You Are A LawyerKyla Denanyoh hosts the You Are A Lawyer podcast. Follow the podcast:YouTube: https://www.youtube.com/@youarealawyerWebsite: https://www.youarealawyer.com

Sword and Pen
Sara Samora, Manufacturing Dive Reporter

Sword and Pen

Play Episode Listen Later Apr 21, 2025 29:42


On this episode of the Sword and Pen, MVJ Partnerships Director Devon Lancia sits down with Sara Samora, MVJ Advisory Board member, Manufacturing Dive journalist and Marine Corps veteran. Tune in to learn about Sara's journey to get to where she is today and her advice for fellow vets looking to get started in business coverage.Sword and Pen is a Military Veterans in Journalism production.

Trax FM Wicked Music For Wicked People
Karen's Roots & Toots Reggae Show Replay On www.traxfm.org - 13th April 2025

Trax FM Wicked Music For Wicked People

Play Episode Listen Later Apr 13, 2025 119:59


**Karen's Roots & Toots Reggae Show Replay On www.traxfm.org. This Week Karen Features Reggae/Lovers/Roots & Contemporary Reggae Trax From Dimensions, Sensamotion ft Stick Figure, Kenya Eugene, Van Gordon Martin, Mackeehan, Groundation ft Mykal Rose & Alpha Blondy, Lioness Afreeka, Green Lion Crew x Ka$e, Samora x Yeza, Duane Stephenson, Hector Roots Lewis, Chezidek x Greatest Friends, Lava, Kitty Corbin & More #originalpirates #reggae #reggaemusic #loversrockreggae #ContemporaryReggae #rootsreggae Karen's Roots & Toots Reggae Show Every Sunday From 9AM UK Time Listen Live Here Via The Trax FM Player: chat.traxfm.org/player/index.html Mixcloud LIVE :mixcloud.com/live/traxfm Free Trax FM Android App: play.google.com/store/apps/det...mradio.ba.a6bcb The Trax FM Facebook Page : https://www.facebook.com/profile.php?id=100092342916738 Trax FM Live On Hear This: hearthis.at/k8bdngt4/live Tunerr: tunerr.co/radio/Trax-FM Radio Garden: Trax FM Link: http://radio.garden/listen/trax-fm/IEnsCj55 OnLine Radio Box: onlineradiobox.com/uk/trax/?cs...cs=uk.traxRadio Radio Deck: radiodeck.com/radio/5a09e2de87...7e3370db06d44dc Radio.Net: traxfmlondon.radio.net Stream Radio : streema.com/radios/Trax_FM..The_Originals Live Online Radio: liveonlineradio.net/english/tr...ax-fm-103-3.htm**

Eastside Community Church
2025 - The Sermon On The Mount - Week 4(Samora Qwesha, 23 March 2025)

Eastside Community Church

Play Episode Listen Later Apr 8, 2025 38:11


Eastside Community Church
2025 - The Sermon On The Mount - Week 6(Samora Qwesha, 6 April 2025)

Eastside Community Church

Play Episode Listen Later Apr 8, 2025 56:31


Protagonist Podcasts
Episode 14 of The C w/ guest Ray Samora of the Orange & Black SoccerCast

Protagonist Podcasts

Play Episode Listen Later Mar 12, 2025 54:48


The Opening Weekend of The USL Championship has come and gone - Chris and Josh are joined on the show this week by Ray Samora of the Orange & Black SoccerCast to whip through the league results, take a peek at the table, and guess at what who will do what this coming weekend. Along the way we ask Ray to get stuck into some OCSC; explain how they play, and why they're going to be challenging for the top spots in the Western Conference.

SRF 3 punkt CH
Milune veröffentlicht ihr Debütalbum «Hearts Lust»

SRF 3 punkt CH

Play Episode Listen Later Mar 7, 2025 56:51


«SRF 3 Best Talent» Milune hat Grund zum Feiern: ihr erstes Album ist draussen! Thema bei «SRF 3 punkt CH». Ausserdem: Lost in Lona kündigen ein zweites Album an und Samora feiert den internationalen Frauentag mit dem neuen Song «Woman».

Eastside Community Church
2025 - LIVING AS A CALLED PERSON - Week 3 (Samora Qwesha, 9 February 2025)

Eastside Community Church

Play Episode Listen Later Feb 28, 2025 45:16


Eastside Community Church
2025 - LIVING AS A CALLED PERSON - Week 4 (Samora Qwesha, 16 February 2025)

Eastside Community Church

Play Episode Listen Later Feb 28, 2025 50:31


SRF 3 punkt CH
Von neuen Collabs, Alben und Singles

SRF 3 punkt CH

Play Episode Listen Later Feb 12, 2025 56:17


Splendid gründen sich neu und covern Polo Hofers «Wägem Geld». Andryy veröffentlicht bald sein Debütalbum. Und Luca Hänni und Samora geben neue Singles heraus. Alles davon hören wir bei «SRF 3 punkt CH» – der Sendung, die sich mit viel Liebe der Schweizer Musik widmet.

Eastside Community Church
2024 - Advent - Week 4 (Samora Qwesha, 22 December 2024)

Eastside Community Church

Play Episode Listen Later Dec 28, 2024 40:07


The Third Story Podcast with Leo Sidran
283: Samora Pinderhughes and Jack DeBoe

The Third Story Podcast with Leo Sidran

Play Episode Listen Later Dec 19, 2024 61:13


Composer, pianist, vocalist, and multidisciplinary artist Samora Pinderhughes and drummer/producer Jack DeBoe on their long standing collaborative relationship, what happens when art confronts life's heaviest themes, but the creators meet it with laughter, lightness, and trust.  Captured at Winter Jazzfest in early 2024, Samora and Jack talk about the album Venus Smiles Not in the House of Tears, the transformative Healing Project, mental health, and how laughter becomes a tool of resilience in the face of struggle. It's serious, it's playful, and it's deeply human. https://www.third-story.comhttps://leosidran.substack.com

Eastside Community Church
2024 - Advent - Week 3 (Samora Qwesha, 15 December 2024)

Eastside Community Church

Play Episode Listen Later Dec 15, 2024 38:05


Kingsley Flowz Podcasts
Amapiano Mix 01

Kingsley Flowz Podcasts

Play Episode Listen Later Nov 24, 2024 112:21


I finally added Amapiano to my mix repertoire. Crafted with love and covering the range of subgenres with a few classics and some brand new bangers. Hope y'all like it. Enjoy! 1. MaWhoo, Vyno Miller, Mas Musiq, Audrey Manana - Isbhakhabhaka [New Money Gang Records] 2. Mr JazziQ, Jandas, Djy Ma'Ten, LeeroSoul, Thatohatsi - Zenzile [Sound African Recordings] 3. Stixx, Kelvin Momo, Babalwa M - Giya (feat. Nvcho) [Kelvin Momo Production] 4. DJ THE MXO, TJ Mengus, Melo_T1 - Unga'khali [Ilox Records] 5. SjavasDaDeejay, LeeMcKrazy, EeQue, Eltee - Umgani Onjani [Sound African Recordings] 6. Musa Keys, Xduppy - Dzungu [TAYO Projects] 7. 2woBunnies, M00tion, Loony Q - Phela Ingasuka [2woBunnies Ent.] 8. DJ Maphorisa, Focalistic, Scotts Maphuma, Mr Pilato, SJE Konka, Cowboii, Ego Slimflow, Tebogo G Mashego - Biri Marung [New Money Gang Records] 9. Soweto's Finest - Siyavuma feat. Kamo Mphela, M.J, Tom London, Flakko, HolaDjBash and Njabz Finest (Re-Up) [Soweto's Finest] 10. Ikasi Lama Konka - Ding Dong feat. Lee Mckrazy [Kasi2Kasi Media House] 11. Uncle Waffles & Tony Duardo - [Red Dragon - EP CD1 #01] Tanzania (feat. Sino Msolo & BoiBizza) 12. Lolo SA - Bade Lami feat. Busta 929 and Almighty [Umsebenzi Wethu Records] 13. Schizophrenia ZA - Midnight in Kabega Park (Main 0432)[Under Pressure Records South Africa] 14. Governor, T&T MuziQ, Springle, Pushkin RSA - Tong Po [Soweto Republik] 15. Ice Beats Slide, Sbuda Maleather, 2.0 Worldwide, Jauza814 - Shaker Muchacha! [Less Is More Recordz] 16. Monsieur De Shada - Harlem Popo (Flowz Pheelz - finesse Remix) [unreleased] 17. Kabza De Small, Stakev - Rekere 2 [Piano Hub] 18. Shaunmusiq - Thata Ahh (feat. Young Stunna, Madumane & Tyla) [New Money Gang Records] 19. Lady Du, Kabza De Small, Mr JazziQ - Woza feat. Boohle [Platoon] 20. Kiing 911, Tkcreedlion - We Bounce [Rapture Music Group] 21. Rosey Gold, Soa Mattrix, B33Kay SA, Sinny ManQue - Kusha iLog Drum [Unity Music Africa] 22. Samora, Nani, Hlonivic, Mema_Percent - Makgasman[Hlonivic Music] 23. Major League DJz, Gilano, Piano City, Hulumany, Marlode & Owams, Kairo1829 - Ubumnandi [Piano City] 24. DR Thulz, Judah Bass - Phinda Mzala [Cairo Music] 25. Atmos Blaq, Mpho.Wav - ATMOS WAV I [Platoon] 26. Stixx, Kelvin Momos - Deep To Soul (feat. Mathandos) [Kelvin Momo Production]

Eastside Community Church
2024 - JUDE - Week 5(Samora Qwesha, 10 November 2024)

Eastside Community Church

Play Episode Listen Later Nov 18, 2024 51:06


Music Saved Me Podcast
Music Saved Me | Samora Pinderhughes : From Protest to Healing

Music Saved Me Podcast

Play Episode Listen Later Nov 7, 2024 30:58


Join your host Lynn Hoffman for this special episode of The Music Saved Me podcast with Samora Pinderhughes, a multi-faceted artist known for his innovative and socially conscious approach to music and multimedia creation.  Samora is a composer, pianist, vocalist and filmmaker who uses his art to examine sociopolitical issues and advocate for social change.  If you like this episode, please share with others. For more information on Music Saved Me check out https://musicsavedme.net  

Eastside Community Church
2024 - GOOD QUESTION - Week 4 (Samora Qwesha, 1 September 2024)

Eastside Community Church

Play Episode Listen Later Oct 28, 2024 44:36


Eastside Community Church
2024 - GOOD QUESTION - Week 5 (Samora Qwesha, 8 September 2024)

Eastside Community Church

Play Episode Listen Later Oct 28, 2024 48:51


Eastside Community Church
2024 - An End To IDOLS (Samora Qwesha, 6th October 2024)

Eastside Community Church

Play Episode Listen Later Oct 28, 2024 42:06


Eastside Community Church
2024 - JUDE - Week 3(Samora Qwesha, 27 October 2024)

Eastside Community Church

Play Episode Listen Later Oct 28, 2024 61:36


Convidado
"A Frelimo tem que perceber uma coisa: a população hoje não está com a Frelimo"

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 21, 2024 22:20


Centenas de pessoas saíram esta manhã para as ruas em Maputo, mas também noutros pontos do país, em resposta ao apelo à greve e à manifestação lançado para esta segunda-feira pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que reclama a vitória nas eleições de 9 de Outubro e pretende igualmente protestar contra o assassínio, no fim-de-semana, do seu advogado, Elvino Dias, e do seu mandatário político, Paulo Guamba.  Ao longo destas últimas horas circularam inúmeras informações sobre situações de extrema tensão em Maputo, mas igualmente noutras partes do país, como por exemplo Pemba, com actos de vandalismo por parte de alguns manifestantes, confrontos, a utilização de gás lacrimogéneo e também tiros para o ar por parte das forças da ordem. Uma situação que acontece numa altura em que ainda se está em período eleitoral, dado que a CNE deve apresentar até quinta-feira os resultados definitivos das eleições gerais. Segundo dados preliminares, a Frelimo no poder saiu vitoriosa deste escrutínio, mas a oposição rejeita estes resultados alegando fraudes massivas. É este cenário que analisámos com João Feijó, investigador do Observatório do Meio Rural, que começa por abordar o duplo assassínio na sexta-feira à noite de Elvino Dias e Paulo Guamba. Acontecimentos que, segundo o estudioso, vêm na linha de outras mortes violentas ocorridas em plena luz do dia nestes últimos anos em Moçambique.RFI: O duplo assassínio do fim-de-semana aconteceu num contexto político já tenso. Qual era o objectivo a seu ver?João Feijó: Isto é algo aqui que infelizmente, se tornou uma realidade deste último mandato. Esta governação que acontece em Moçambique desde 2014, ficou célebre por diversos assassinatos de indivíduos que faziam a luta política de forma institucional. Logo em 2015, houve o assassinato de Gilles Cistac, que era um constitucionalista, um conhecido professor universitário catedrático da Universidade Eduardo Mondlane, que defendia a existência de espaço na Constituição de Moçambique para a descentralização, que era a reivindicação de Afonso Dhlakama (líder histórico da Renamo). Portanto, ele encontrou na Constituição um espaço que permitia o diálogo. Foi assassinado por causa dessas declarações por esquadrões da morte, por indivíduos que até hoje não estão identificados. E o assassinato foi em plena luz do dia, no centro da cidade, numa zona com câmaras. Portanto, é impossível que não se pudesse investigar. Depois, em 2019, assassinaram Anastácio Matavel, que era um indivíduo que tinha pertencido ao Comité Central da Frelimo, mas que estava agora numa organização da sociedade civil a organizar a observação eleitoral independente na província de Gaza e onde tinha já uma máquina que iria de alguma forma incomodar e perturbar o plano de fraude que existia em Gaza. E agora há este assassinato. Isto aqui foi o 'modus operandi' destes dois últimos mandatos deste Presidente. São factos e que demonstram a dificuldade deste Governo conviver com outras alternativas, outras visões e outras interpretações jurídicas. Ilustra o 'modus operandi' que era de agir de uma forma violenta para com aqueles que faziam oposição jurídica. Portanto, não era oposição nas matas, era oposição jurídica. Tudo isto aqui foi um ataque ao Estado de Direito, um ataque à democracia, um ataque aos direitos constitucionais das pessoas. Então, a leitura que os dados nos dão é que estes assassinatos traduzem uma visão de Estado bastante totalitária, bastante intolerante, onde a vontade de uma minoria deve prevalecer sobre uma vontade de uma maioria. Agora, o próximo Presidente vai ter o desafio de se afastar desta linha e de construir um país mais inclusivo, mais respeitador do Estado de direito e da democracia. É isto que está aqui em causa agora, dentro da Frelimo: o próximo Presidente criar a sua linha de governação que seja diferente desta. Não sei se ele vai ter espaço, se ele vai ter força porque vai enfrentar agora aquelas forças conservadoras retrógradas do anterior Presidente. Não sei se vai ter espaço para poder edificar um novo país. RFI: À luz dos casos que acaba de enumerar, julga que haverá um dia condições para se saber o que aconteceu exactamente neste fim-de-semana?João Feijó: Duvido imenso. A forma como estes indivíduos agiram foi semelhante à forma como agiram os indivíduos no assassinato de Gilles Cistac e de Anastácio Matavel, que foi à descarada, sem qualquer preocupação de fazer um crime perfeito, com grande aparato, usando armas militares, denunciando a corporação de onde são originários. Isto demonstra que eles fazem parte de serviços de segurança que são bastante poderosos, que controlam a força e controlam as armas. Então o próximo Presidente, até por uma questão de sobrevivência pessoal, não vai poder coordenar uma investigação independente disto, porque quem for fazer essa investigação, vai ter medo de investigar. Portanto, eu duvido que algum dia seja possível perceber quem foram os mandantes disto. Apesar das pessoas desconfiarem, nunca vai ser possível fazer uma investigação imparcial e responsabilizar estas pessoas, porque isso colocaria em risco o próprio partido. Seria um embaraço para o próprio partido reconhecer publicamente que foi o partido que fez. Isto não faz parte da forma de actuação do partido. Por outro lado, eles têm a obrigação de salvar a face uns dos outros de forma até a garantirem a sua sobrevivência interna dentro do partido e terem aliados dentro do partido. E por uma questão até de segurança dos próprios, porque seriam vítimas económicas ou mesmo mortais destes movimentos sinistros. RFI: Relativamente ao próprio movimento de greve geral, alguns sindicatos (a OTM-CS e o sindicato patronal CTA) reagiram a esse apelo à greve emitido por Venâncio Mondlane, e disseram não ter rigorosamente nada a ver com esse apelo à greve. Como é que interpreta isso? João Feijó: Há duas coisas que aqui é preciso ver: primeiro, os sindicatos em Moçambique são sindicatos politicamente controlados. A OTM é uma organização que esteve sempre debaixo do guarda-chuva do partido Frelimo. Aliás, é uma organização democrática de massas criada pelo partido Frelimo na década de 70, com o objectivo de ideologizar e de controlar politicamente as massas. Nos sindicatos independentes também há mecanismos de controlo político. Muitas vezes eles utilizam instalações para as suas sedes, que são instalações do partido Frelimo e conseguem usar aquilo a preços simbólicos. E então são formas de controlo político. Os sindicatos nunca, em Moçambique, convocaram uma greve nacional, não obstante os enormes problemas laborais que existem no sector formal, não obstante o facto do salário mínimo em Moçambique representar menos de um terço da cesta básica, ou seja, daquilo que é necessário para um trabalhador sobreviver. Não obstante todos os problemas laborais em Moçambique, os sindicatos nunca convocaram uma greve geral e sempre que o tentaram fazer foram coagidos, foram intimidados, foram aliciados a formas do controlo político. Os sindicatos jamais irão fazer uma coisa dessas enquanto existir estes mecanismos repressivos ou aliciadores do controlo deste movimento. Por outro lado, é preciso ver o que significa a palavra 'greve' em Moçambique, que é um conceito polissémico na Europa e no mundo formal. 'Greve' significa paralisação das actividades laborais e obedece a um conjunto de regras. Mas a palavra 'greve' em Moçambique tornou-se um outro conceito que significa paralisação das actividades por parte da população. Portanto, as pessoas não se deslocam, as pessoas impedem a circulação de carros, as pessoas perturbam as actividades normais da economia, bloqueando o trânsito. Ou até pode significar manifestação. Pode significar até na mente de muitas pessoas, o saque e a pilhagem. Portanto, a palavra 'greve' é uma palavra que se aplica não tanto ao sector formal, mas ao sector informal da economia e a esmagadora maioria da população está ativa no sector informal da economia. Então, quer dizer, o sector informal da economia não tem sindicatos. As pessoas estão auto entregues nas suas actividades económicas e vivem do 'desenrasca'. Vender bolinhos na rua ou vender recargas de telefone, ou fazem serviços de táxi ou transporte e por aí fora. Então, a palavra 'greve' é uma palavra que normalmente é dirigida a esta população que vive do 'desenrasca', que vive da sobrevivência diária e que não se revê na governação, que sente que a governação não cria políticas que os protejam e que sentem que não só não há políticas que os protegem, como o Estado, quando está presente, está presente para os oprimir. Porque por serem informais, são vistos como marginais e a Polícia Municipal exige-lhes o pagamento de taxas, confisca-lhes os bens. Então são pessoas que sentem uma grande revolta contra o Estado. O Estado não os protege e quando aparece, aparece para os prejudicar. Então, a palavra 'greve' é uma palavra com uma conotação mais política, dirigida a este lúmpen urbano e não tanto uma palavra de luta sindical, que também é política, claro, mas que tem a sua conotação.RFI: O presidente da Comissão da União Africana pediu hoje calma e "disposição pacífica" aos actores políticos do país. Como é que interpreta estas declarações? Isto é sinal de que Moçambique poderia estar sob escrutínio internacional e que, efectivamente, poderia haver posições mais fortes?João Feijó: Este apelo vai na linha de todos os apelos feitos de vários quadrantes, dos Estados Unidos, da União Europeia, da Noruega e do Canadá que já vieram mostrar a sua preocupação e os países do continente agora também -neste caso a União Africana- vem na mesma linha mostrar a sua preocupação em relação a esta tensão política que se está a radicalizar. E é um apelo positivo. O apelo ao respeito em relação às regras do jogo democrático, um apelo a não enveredar pela violência. É uma zona de grande investimento internacional. É uma zona que é um corredor energético para o exterior e uma instabilidade no país iria colocar em causa, no fundo, a estabilidade desses investimentos. Portanto, todos os países interessados em investimentos em Moçambique estão a ver esta situação com alguma preocupação. RFI: São esperados resultados definitivos por parte da Comissão Nacional de Eleições até 24 de Outubro, ou seja, daqui a muito poucos dias. Quais são as perspectivas, a seu ver?João Feijó: A avaliar pelas experiências anteriores, a CNE vai fechar os olhos a todas as evidências de fraude. Vai fechar os olhos aos problemas denunciados de enchimento de urnas, de editais que não estão assinados, editais falsos produzidos irregularmente, de situações de denúncia de corrupção de membros da assembleia de voto ou de expulsão de membros da assembleia de voto. Vai fechar os olhos a editais com 'números norte-coreanos' de vitórias de 100% de um partido em mesas de voto, em que 100% dos eleitores inscritos foram votar, inclusive em zonas transfronteiriças, como se ninguém tivesse morrido, como se ninguém tivesse viajado e todos os indivíduos recenseados fossem votar, ainda por cima no mesmo partido. Vai fechar os olhos a todas estas situações e vai simplesmente validar os resultados. A CNE é um órgão partidarizado onde todos os partidos estão presentes, mas onde a Frelimo está sobrerrepresentada e vai vencer sempre nas resoluções. O Presidente da CNE, mesmo que não concorde, talvez para salvar a sua face, até pode votar 'neutro', mas não vai impedir que estes resultados sejam validados e que a Frelimo vença com maioria absoluta. Desconfio que não vai haver nenhuma revisão de resultados e que simplesmente vão legitimar esta vitória da Frelimo com mais de 70% dos votos. São números que não convencem as pessoas, sobretudo a população urbana, que hoje vota sobretudo na oposição. Na verdade, não acho que haja algum partido que possa reivindicar a vitória, porque o nível de fraude, o nível de ilícitos eleitorais foi tão grave, tão omnipresente e foi desde o período de recenseamento até ao período de contagem dos votos, que os resultados estão tão 'martelados', que se torna muito complicado alguém poder reivindicar que venceu as eleições, porque na verdade houve tanta adulteração da vontade eleitoral. Começa a ficar complicado dizer que o partido A ou o partido B deve ter ganho as eleições. Vai ficar esta incógnita. Ninguém vai poder demonstrá-lo com evidência estatisticamente que ganhou ou vai ter dificuldades para o fazer. E assim gastou-se muito dinheiro em eleições para no final não haver um resultado que espelhe a vontade da população. Vai ficar a desconfiança de que estes escrutínios são ineficientes e inúteis e que é só um simples processo de gastar dinheiro, vai se tornar depois complicado no futuro Moçambique pedir financiamento para estes escrutínios. Eu penso que vai haver mais pressão no futuro para a revisão das regras eleitorais. Espero que o próximo Presidente tenha a capacidade de alterar essas regras, mas eu acho que ele não vai fazer. Até pode demonstrar alguma vontade política, mas nesse sentido de fazer reformas, mas mantendo sempre o controlo das regras do jogo. Porque o partido Frelimo sabe que a única hipótese de sobrevivência económica é através do acesso ao Estado, através do qual depois conseguem ter acesso aos recursos do Estado, aos concursos, às licenças de exploração de recursos naturais, aos empregos, às comissões destes negócios internacionais que têm sempre estas rendas que são distribuídas pela nomenclatura nacional. Então, por isso é que as lutas pelo acesso ao Estado são tão acesas, são tão incendiárias e por isso é que eu desconfio que o partido faça esta despartidarização das organizações eleitorais. Já vi esta promessa com Nyusi, mas depois não se concretizou, porque sabem perfeitamente que são estas regras do jogo manipuladas que garantem a sobrevivência do partido num contexto em que eles têm noção que estão a ser cada vez mais impopulares. Têm noção disso porque estão sempre rodeados de segurança. Porque se não tivessem medo da população, não estavam sempre tão rodeados de segurança. RFI: Julga que o sentimento de revolta que existe entre os apoiantes de Venâncio Mondlane possa de facto alastrar para outras categorias da sociedade e que isto possa eventualmente resvalar para algo mais grave?João Feijó: Atenção que a maior parte dos sectores da sociedade hoje em dia apoia a oposição. Há 20 anos atrás, os funcionários públicos eram os grandes apoiantes do partido Frelimo. Maputo, que era uma cidade onde se empregavam muitos funcionários públicos no aparelho central do Estado, votava claramente no partido Frelimo. Hoje é o contrário. Percebe-se claramente que em Maputo e Matola, a maioria da população vota na oposição, apesar de os resultados oficiais das eleições não transmitirem isso. O que a gente vê é que muitos funcionários públicos, hoje, votam na oposição. Eu conheço muitos funcionários públicos extremamente descontentes com a introdução da tabela salarial única, coisa que gerou muita frustração entre os funcionários públicos. Isto é evidente nos professores, no pessoal da saúde, no pessoal da Justiça, nas Forças de Defesa e Segurança. Durante estas eleições, houve muitas imagens que circularam de elementos das Forças de Defesa e Segurança a votarem ou até mesmo a apoiarem Venâncio Mondlane, onde na urna de voto tiravam foto ao seu distintivo junto ao X que marcavam em Venâncio Mondlane ou no 'Podemos'. Portanto, isto mostra que muitos sectores da sociedade hoje apoiam Venâncio Mondlane. Não é só aquela juventude urbana com muitos problemas de integração socioeconómica. É também a população empregada no sector formal da economia do Estado, mas também do sector privado, que vê este desgaste todo que teve a Frelimo e toda a trapalhada que a Frelimo fez nos últimos dez anos, desde o escândalo das 'dívidas ocultas' até passando pelo TSU, passando pela forma como foi gerido a guerra em Cabo Delgado, etc. Então, o Estado está muito fragilizado, o governo está muito fragilizado e perdeu o apoio de muitos sectores da população. Agora estes sectores não estão organizados, a oposição não está organizada. A Frelimo está organizada. Quando tomou o poder, em 1974, a Frelimo tinha grupos. Era um partido leninista que tinha uma estratégia. Tinha indivíduos que estavam infiltrados em Portugal a seguir ao 25 de Abril, que identificaram sectores da sociedade portuguesa que apoiavam os movimentos de libertação. O Aquino de Bragança teve essa missão e identificou no MFA, aliados que poderiam apoiar durante as negociações que depois aconteceram em Lusaka. Em Maputo tinha células já bastante organizadas nas escolas, nos bairros, nos locais de trabalho, onde orientavam as populações politicamente e usavam as pessoas politicamente e conseguiam, depois, sem telemóveis, sem redes sociais, transmitir o seu manifesto, as suas orientações, a sua estratégia política. Mas hoje a oposição não está ainda organizada desta forma. A Frelimo tem este lema de que a vitória prepara-se, a vitória organiza-se. Este princípio leninista e este princípio aplica-se inclusivamente à desorganização da oposição. Portanto, a oposição também não se organiza porque a Frelimo não deixa que a oposição se organize. Portanto, a primeira tarefa da Frelimo é desorganizar o seu adversário, bloquear verbas para campanha partidária, eliminar e criar obstáculos àqueles candidatos que possam ser mais desafiadores e incómodos ao partido. Proibindo estas marchas, estas organizações de manifestações, inclusivamente de marchas pacíficas. Então fica muito complicado para a oposição transformar este descontentamento estrutural num projecto organizado e alternativo de governação. Portanto, é um movimento de indivíduos que dão o peito às balas, que dão o peito ao gás lacrimogéneo, que queimam os pneus na rua, que provocam o medo, que paralisa,  mas que não provocam mudança estrutural. Não é uma alternativa ainda, mas não é uma alternativa, porque a Frelimo não permite que seja uma alternativa. E o problema disto é que isto está a dar razão àquele princípio que a Renamo tinha de que a única hipótese de transformação política em Moçambique era através da via militar, através da existência de uma guerrilha nas matas. Aquela ideia de que, como dizia Samora, o poder não se conquista, arranca-se. Ou seja, ao impedir a forma de participação democrática, ao assassinarem juristas, mandatários de partidos da oposição, a informação que estão a dar à população é que a única hipótese de participar politicamente é através da guerrilha agora urbana, porque houve já o DDR. Moçambique não pode ser construído desta forma. E esta músculo, esta musculatura toda, só vai contribuir para a instabilidade política, económica e social. E a Frelimo tem que perceber uma coisa: a população hoje não está com a Frelimo. 

SyFy Sistas
Samora Smallwood: A Woman to Watch

SyFy Sistas

Play Episode Listen Later Sep 13, 2024 79:31


“Manifest Yo Sh*t” The Sistas welcome award winning Actor/Creator/and Advocate Samora Smallwood. Take a load off and listen to three generations of Black women embrace their joy and manifest their shit. Samora Smallwood: https://www.samorasmallwood.com/ IG: @samoragloria
 Facebook: https://www.facebook.com/samora.smallwood Thank you Scott Rey, Convention Signing Agent Support the SyFy Sistas podcast on Patreon at:
https://www.patreon.com/syfysistas
 ALL SYFY SISTAS INFO AT YOUR FINGER TIPS: https://linktr.ee/syfysistas
Please subscribe/Follow/Like Thank you Dena Massenburg for our dope logo: @blackbeanz70
Thank you to our sound engineer DoS, the Anonymous: @dos_theanonymous_1 Thank you to our Associate Producers: Sailor Marj, Karen Dramera and Stephanie Baker. You can find the SyFy Sistas and our family of podcasts on The Trek Geeks Podcasts Network: https://trekgeeks.com
FANSETS - Our pins...have character. We want to thank our friends at FanSets for being the presenting sponsor of the Trek Geeks Podcasts: https://fansets.com

Trek Geeks Podcast Network
SyFy Sistas Samora Smallwood: A Woman to Watch

Trek Geeks Podcast Network

Play Episode Listen Later Sep 13, 2024 79:31


“Manifest Yo Sh*t” The Sistas welcome award winning Actor/Creator/and Advocate Samora Smallwood. Take a load off and listen to three generations of Black women embrace their joy and manifest their shit. Samora Smallwood: https://www.samorasmallwood.com/ IG: @samoragloria
 Facebook: https://www.facebook.com/samora.smallwood Thank you Scott Rey, Convention Signing Agent Support the SyFy Sistas podcast on Patreon at:
https://www.patreon.com/syfysistas
 ALL SYFY SISTAS INFO AT YOUR FINGER TIPS: https://linktr.ee/syfysistas
Please subscribe/Follow/Like Thank you Dena Massenburg for our dope logo: @blackbeanz70
Thank you to our sound engineer DoS, the Anonymous: @dos_theanonymous_1 Thank you to our Associate Producers: Sailor Marj, Karen Dramera and Stephanie Baker. You can find the SyFy Sistas and our family of podcasts on The Trek Geeks Podcasts Network: https://trekgeeks.com
FANSETS - Our pins...have character. We want to thank our friends at FanSets for being the presenting sponsor of the Trek Geeks Podcasts: https://fansets.com

Nuus
Anti-gay beweging reël openbare vergadering

Nuus

Play Episode Listen Later Aug 29, 2024 0:38


Die Stop Homosexuality and Same-Sex Marriages-beweging reël 'n openbare vergadering Saterdag by Samora-sokkerveld in Windhoek. Die vergadering sal teenkanting teen die bevordering en wettiging van homoseksualiteit in Namibië aanspreek en dit aanvoer as strydig met die oortuigings van die meerderheid Namibiërs, kulturele waardes en Christelike godsdiens. Dit sal ook 'n massabetoging beplan wat vir 9 September in Windhoek geskeduleer is. Kosmos 94.1 News het met die voorsitter van die beplanningskomitee, Pendapala Nakathingo, gepraat.

Run Come Riddims
RCR 24.1 Summer '24 Part 1

Run Come Riddims

Play Episode Listen Later Aug 1, 2024 109:58


Mambo Nairobi mbogi, tucheze! I see you in Freetown and Malmo, big up yourselves too! If you want a shout-out, get your friends to listen and rise in the rankings :) Adding artists from Ghana and Zimbabwe, do you know which ones? Long mix with some very hot tracks and riddims for those long summer days. Jah Frozen - Healing 0:01 Anaicon - Is This Love 2:04 SoulFyah Productions - Wood And Fire Riddim 3:52 Proverb Nesta I - South of Samora 5:58 Rastaman Chant Riddim - Filo Muzik Records 7:27 * Mikey General - Rastaman Chant 7:28 * Big Simon - Mama Said 8:57 * Mikelino Rutz - Quello Che Sei 10:59 * Luciano - Ethiopia Here I Come 12:44 A#keem - Change 15:34 James Lakay Feat. Burning Spectacular - Como El Rio 18:50 Perfect Giddimani - Ah Mi Yard 21:12 Lone Ranger - Forward Ever 23:24 Black Roots - Roots 24:21 Zion Head Feat. Anthony B - Enemies 25:37 Protoje - Legend Legend (Zion I Kings Remix) 28:28 Nuttea & Kabaka Pyramid - Egaux 30:42 Marlon Asher Feat. Sizzla - Never See Us Fall 32:29 Alborosie Feat. Jaz Elise - Faith 34:34 Exco Levi - One Life 36:52 Jah Rain - Garden of Eden 38:29 Allure Riddim - Diligence Music Life 41:00 * David Conscious - I Will Be Burning 41:02 * Diligence - Forever Love You Jah 43:04 * Bushy - Can't Hear 44:45 * AB Zion - Out Of Babylon 46:17 Jah Ziek - Dans Mon Truc 48:14 Stranjah Miller Feat. Spirit Revolution - Call On Jah 50:41 King Lorenzo - New Energy 53:05 Ginjah - Fire 55:12 Stranjah Miller - Time To Rise 58:18 Brimstone Riddim - Dutty Rock Productions 1:00:33 * Quan-Dajai – Brimstone 1:00:35 * Busy Signal – Jah You Know 1:02:50 * Aiesha – Delight 1:04:08 * Ras Ajai – No Drop U Guard 1:05:15 Lutan Fyah - Journey 1:07:11 The Meditations Feat. Major Popular - Carpenter To Rebuild 1:08:51 Ezekiah Rose Feat. Fahmulah - Flip 1:10:33 Hector Roots Lewis - Possibility 1:12:28 Richie Spice - Crazy World 1:14:19 Stranjah Miller - Born To Be A Star 1:15:58 Chezidek - Action Man 1:19:01 Blakk Rasta - Ohba Ohba Generation 1:20:50 Osagyefo - Live The Life U Love 1:23:26 Blakk Rasta - Bua 1:24:55 Top Shelf Feat. Lutan Fyah - Rise 1:26:52 Osagyefo - Ghana Is Suffering 1:29:35 King Lorenzo - I Like 1:31:39 Stick With You Riddim - DJ Densen & Oneness Records 1:33:47 * Kumar - Stick With You 1:33:48 * Tatik - Far Away 1:35:40 * Lyricson - Have Some Love 1:37:21 * Treesha, Denham Smith, DJ Densen - Vampire 1:39:05 Harvest For Life Riddim - Ambassador Musik Production 1:40:49 * Winstrong - Khaki Suit 1:40:54 * Robbie Rule - Never Give Up 1:42:28 * Inezi - Firm Up 1:44:36 * Jah Lil - Seasaw 1:46:45

Hunters and Unicorns
The Playbook Universe, Episode 19 | Arturo Marin - Transformed Sales Leader

Hunters and Unicorns

Play Episode Listen Later Jul 9, 2024 34:33


Summary of Arturo Marin's Transformation Journey: From Salesperson to Successful Leader Early Career Challenges Arturo Marin, the Chief Revenue Officer (CRO) of cast.ai, shares his remarkable transformation journey from being a talented salesperson to a successful leader. In the early stages of his career, Marin reflects on his time at SAP, where he was initially successful due to his "take-charge" personality. However, his inability to accept feedback and criticism from others led to a significant issue - his entire team quit. This critical moment forced Marin to realize the importance of adaptability and humility in leadership. Mentorship and Growth Marin's awakening was a turning point in his career. He met his first mentor, Bob Ranaldi, at PTC, who taught him the value of selling by emphasizing the importance of process, prioritizing transparency, and adapting to new challenges. Marin was initially hesitant to learn from Ranaldi but eventually developed the skills to lead and retain top talent, resulting in increased revenue. Marin's growth continued under the guidance of another mentor, Helio Samora, who instilled in him the responsibility that comes with leadership. Samora encouraged Marin to take on leadership roles, which ultimately led to his appointment as the director of Latin America. Leadership Roles and Success Marin's success in Latin America caught the attention of Jason Eubanks, who approached him to lead the Latin America team for Meraki, a Cisco acquisition. Despite initial hesitation, Marin took on the challenge and led the team to success. Throughout his journey, Marin credits his mentors for providing valuable guidance and support, which helped him evolve into a high-potential CRO. His mentors, including Helio and Bob, taught him the importance of following a process, prioritizing transparency, and adapting to new challenges. Key Takeaways and Insights Marin's story highlights several critical factors that contributed to his success in sales and leadership: 1. Mentorship: Marin emphasizes the importance of choosing leaders and mentors who can guide and mentor young salespeople, providing valuable advice and feedback. 2. Continuous Learning: Marin believes that being open to learning from others, asking for help, and surrounding themselves with people who are better than them have been critical to their success. 3. Adaptability: Marin's ability to adapt to new challenges and learn from his mistakes has been instrumental in his growth as a leader. 4. Diversity: Marin's experience with diverse mentors and leadership styles has taught him the value of embracing different approaches, which has greatly benefited his development as a leader. In conclusion, Arturo Marin's transformation journey from a talented salesperson to a successful leader serves as a testament to the power of mentorship, diversity, and continuous learning. His story provides valuable insights for those looking to build a successful career in sales and leadership.

Sounds of the Caribbean with Selecta Jerry
Sounds of the Caribbean with Selecta Jerry EP860

Sounds of the Caribbean with Selecta Jerry

Play Episode Listen Later Jul 4, 2024 278:03


This weeks show starts off with music from Peter Broggs, Don Carlos, Junior Reid, Earl Sixteen, Dennis Brown, Burning Spear, The Viceroys, King Kong, Ini Kamoze, Midnight Riders & Naram, George Nooks & Prince Hammer, Culture, Alton Ellis, Empress Sativa, Perfect Giddimani, BB Seaton & Skycru, and Arkaingelle and Sista Habesha. New music this week comes from Benjammin & The 18th Parallel, David Fendah, Linval Thompson, Nadia McAnuff and the Ligerians, Ras Teo, Manudigital, Anaves Music and Awa Fall, Jah Defender and Irie Shottaz, Kimeco, Maxi Priest and Clive Hunt, Samora & Natty King, Sammy Dread and Nazamba with OBF, Link & Chain, Mykal Rose, Hollie Cook and Subatomic Sound System, Don Fe and Jah Warrior, The Hempolics, Expo Levi, Little Kirk, Ras Jem and Jah T Jr.,and Jahill with Marina P. Also this week we ride the Harvest For Life Riddim featuring Inezi, Robbie Rule, and Winstrong. Enjoy! Peter Broggs - Rastafari Liveth (extended) - Never Forget Jah: The Early Years 1976-86 - Motion Don Carlos - Tribulation/Tribulation Dub - Tribulation  - Attack Junior Reid - Oh Happy Day - Dove 7” Earl Sixteen & King Alpha - Hard In This Time/Afrikan Bongo - Abendigo Records Channel One - Counter Attack - Maxfield Breakdown: Dubs & Intrumentals 1974-1979 - Pressure Sounds Dennis Brown - Revolution - Taxi 12” Burning Spear - Jah Is My Driver - Farover - EMI  The Viceroys - Over Hills & Valleys - Brethren & Sistren - Thompson Sound  King Kong - Door Peep/Door Peep Dub - Roots Renegade Records 7” Errol Brown - Lion Dub - Dub Over Dub - Heartbeat Records Ini Kamoze - They Don't Know - Ini Kamoze Meets Xterminator: Tramplin' Down Babylon - 9 Sound Clik Midnight Riders & Naram - Dread In America - Midnight Riders Meets Naram Rhythm Section - Red Robin Benjammin & The 18th Parallel - Warmonger - Fruits Records David Fendah - Life Is Free/Life Is Free Version - Bass Lee Music George Nooks - Moses - Africa Iron Gate Showcase - Dub Store Records Prince Hammer - Press Along Dreadlocks - Africa Iron Gate Showcase - Dub Store Records Culture - Iron Sharpening Iron - Too Long In Slavery - Virgin/Caroline Alton Ellis - Road To Slavery/Road To Slavery Dub - Fashion Records Linval Thompson - What Time Is It - Ganja Man - Irie Ites Hempress Sativa - Sound The Trumpet - Charka - Conquering Lion Records Perfect Giddimani - How Many Mornings - Ah Mi Yard - I Grade Records Nadia McAnuff & The Ligerians - Holy - Shelter From The Storm - SoulNurse Records Ras Teo - Ion Man - Ion Man - Forward Bound Records BB Seaton & Skycru - Bless Me Father/West Indian Takeaway Dub - Room In The Sky: Masters Of Reggae 2020 - Room In The Sky The Co-Operators feat. Joe Yorke - Hard Road - Sounds From The Fridge - Waggle Dance Records Manudigital feat. Liam Bailey - Enough - Digital UK Session - X Ray Production  Manudigital feat. Shumba Youth - Standing Firm - Digital UK Session- X Ray Production  Anaves Music feat. Awa Fall - Free Your Mind - Bass Jam - Anaves Music Jah Defender & Irie Shottaz - Another Day - Shottaz Records Arkaingelle & Habesha - Call On Jah/Call On Dub - Fyah Can't Cool - Habeshites Kimeco - El Shadai - Don Corleon Presents: Finally Riddim - Don Corleon Music Maxi Priest & Clive Hunt - Nyabingi Love - Iconic Azul Samora & Natty King - You Give Me Your Love - Staudenmann/21st Hapilos Digital Distribution Sammy Dread w/ Nazamba & OBF - Evening Love/She Nah Lie/Morning Dub - Dub Quake Records Link & Chain - 401-95 - Issachar Muzik Inezi - Firm Up - Harvest For Life Riddim - Ambassador Musik Robbie Rule - Never Give Up - Harvest For Life Riddim - Ambassador Musik Winstrong - Khaki Suit - Harvest For Life Riddim - Ambassador Musik Mykal Rose w/ Hollie Cook & Subatomic Sound System - Happy Is The Man Who Finds Wisdom/Happy Is The Man Who Finds Wisdom Dub - DubShot Records Nat Birchall & Al Breadwinner - Hornsman Rock - Tradition Disc In Dub - Tradition Disc Principals - Two Trick Pony - Treacherous Dub - Stereo Royal Zulu Vibes - Dub Dem Down - Alpha & Omega  - Zulu Vibes Don Fe & Jah Warrior - Musical History/Dub History - Jah Warrior Vibronics feat. Koko Vega - Lion Knight - Women On A Mission 2 - Scoops Cultural Warriors feat. Eek A Mouse & King Alpha - No Wicked - The Remixes Showcase - Evidence Music Cultural Warriors feat. Natural Black & King Alpha - Warrior Fi Jah/Warrior Fi Jah (vocal dub) - The Remixes Showcase - Evidence Music Joe Ariwa & Adam Prescott feat. Ranking Joe - Push The Machine/Dub The Machine - Ariwa Sounds Michael Prophet & The Hi Times Band - Just Talking/Just Dubbing - Greensleeves Presents: Channel One Sound System: Down In The Dub Vaults - VP Records The Hempolics - Night & Day/Night & Day Dub - KCT3 -  Hempolics Music Exco Levi - H.I.M. - Born To be Free - Penthouse Productions Little Kirk - Put The Most High Before Us - Irie Ites Ras Jem - Cutlass - Royalty - Jah T Jr. Jah T Jr. - Cutlass Dub - Royalty Dub - Jah T Jr. Jahill & Marina P - Miss & Mr. Rub A Dub - 3/8 Music O.B.F. & Iration Steppas - Love Sound System - Revalation Time - Dub Quake Records Digital Dubs feat. YT - Sound System Culture/Dub Echoes Riddim - Digital Dubs Protoje & Zion I Kings feat. Popcaan - In Life/In Life Dub - In Search Of Zion - Indiggnation Collective  

Um Milkshake Chamado Wanda
RITA LEE ETERNA! com Mel Lisboa e Guilherme Samora - #522

Um Milkshake Chamado Wanda

Play Episode Listen Later Apr 11, 2024 113:14


O que acontece quando juntamos a atriz que interpreta Rita Lee brilhantemente no teatro e o queridinho da cantora que foi responsável por contar a vida dela? Óbvio que seria o Wanda Lee, um episódio especial para relembrar a maior lenda brasileira da música. Tem tanta curiosidade e fatos incríveis sobre Rita Lee aqui que vocês não têm ideia! LOTUS Moda do Jovem Idoso Challenge do pé no gelo Fanáticos religiosos atacando a Rihanna Não cobrir a mão ao tossir Não usar fone de ouvido na rua MERYL Batidão Tropical Vol 2 Getty Museum @cooking_with_williamm Lenny Kravitz malhando Trailer de Coringa: Delirio a Dois “Santa Rita de Sampa” da Rita Lee Grupos de resgate de animais Espetáculo “Gostava Mais dos Pais” ME AJUDA WANDA! Como avisar ela que a comida está sem tempero? Ele é um gostoso perfeito, mas transpira DEMAIS! Cansei de ser a amiga que sempre organiza o rolê! Podcast #522 apresentado por: @phelipecruz @eusousamir @santahelena @mellisboa @guilhermesamora Edição / Produção: Felipe Dantas (dantas@papelpop.com / @apenasdantas) FAÇA PARTE DO CLUBINHO WANDA! Episódios extras toda segunda e sexta a partir de R$10! Apoiase: https://apoia.se/podcastwanda Orelo: https://orelo.cc/wanda Quer ter seu caso lido em nosso podcast? Mande um desabafo, uma rapidinha, ou pergunte curiosidades para o e-mail redacao@papelpop.com. Coloque qualquer coisa com "Wanda" no assunto! Toda quarta-feira, 20h, ao vivo no Youtube e, na quinta, em todas as plataformas de streaming.

KPFA - Law & Disorder w/ Cat Brooks
Resistance in Residence Artist: Samora Pinderhughes

KPFA - Law & Disorder w/ Cat Brooks

Play Episode Listen Later Jan 28, 2024 31:28


The mission of law & disorder is to expose, agitate and build a new world where all of us can thrive. But how do we get there? How do we build a world many of us have only seen in our dreams? That's where we believe the artists come in. So, each week we feature an artist, holding down a weekly residency with us, helping us to imagine a different, more liberated world. This week's Resistance in Residence Artist is composer, pianist, vocalist, interdisciplinary artist, and sur-realist, Samora Pinderhughes. Check out Samora's website: https://www.samorapinderhughes.com/ — Subscribe to this podcast: https://plinkhq.com/i/1637968343?to=page Get in touch: lawanddisorder@kpfa.org Follow us on socials @LawAndDis: https://twitter.com/LawAndDis; https://www.instagram.com/lawanddis/ The post Resistance in Residence Artist: Samora Pinderhughes appeared first on KPFA.

Thriving Family Podcast
74. Get this classic look with a twist to make look & feel amazing this season with Sharifa Samora

Thriving Family Podcast

Play Episode Listen Later Sep 22, 2023 20:05


B+T interview the lovely Sharifa Samora on fashion, beauty and Motherhood. She describes herself as a millennial stay at home mom of three little kids and a wife to an amazing husband BUT also has a career as former model turned blogger and digital creator. She offers effortless style inspo, is a beauty & skincare enthusiast, and a luxury bagaholic. Find out more about Sharifa on her webiste: https://www.sharifasamora.com/. Follow Sharifa on IG: https://www.instagram.com/sharifasamora/ Get the Journal to Joy and check out our other Thrive Journals now: ⁠https://www.calmparent.net/thrive-journals⁠. Perfect to give as a gift! We're here for you, so please leave a review in the comments with topics that would be helpful to you and that you're interested in. See free giveaway info below! Get our free guide to sleep well every night! ⁠https://www.calmparent.net/sleep-well-every-night⁠ JOIN OUR MEMBERSHIP: https://www.calmparent.net/thriving-family-podcast-membership  Join us LIVE on Thursdays at 11:30am PT on IG: https://www.instagram.com/thrivingfamilypodcast/?hl=en Connect on FB: https://m.facebook.com/thrivingfamilypodcast/ YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCiqp1YF3rI909vsKko0G0zw   LinkedIn: https://www.linkedin.com/company/65412085/ CONTEST DETAILS! If you subscribe & leave a review of this podcast, you'll be entered to win a NOW Tone Therapy System by Solu (valued at $179 USD). No purchase or payment is necessary to enter, see the Terms and Conditions page of our site for more about the contest.NOW Tone Therapy System by Solu exclusive discount for our community:https://www.calmparent.net/now-tone-therapy-system-by-solu-yoga-for-your-mind. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/calm-parent/message

DW em Português para África | Deutsche Welle
31 de Julho de 2023 – Jornal da Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Jul 31, 2023 19:59


CEDEAO faz ultimato e impõe sanções à junta militar no poder no Níger. Em Moçambique, especialistas alertam para perigos de residências construídas em rochas no bairro Samora, em Tete. Ainda nesta emissão, não perca mais um episódio da radionovela Learning by ear – Aprender de Ouvido.

Speak English with Tiffani Podcast
505 : English Student Experience | Meet Samora Desrameaux

Speak English with Tiffani Podcast

Play Episode Listen Later Jun 28, 2023 26:26


In today's episode, you will learn more about one of my student's experiences with studying English.If you want to sign up for the free English email newsletter, go to https://speakenglishwithtiffani.com/newsletter

Graves to Gardens Podcast
S3 Ep. 14 | Until We're All Free

Graves to Gardens Podcast

Play Episode Listen Later Jun 20, 2023 76:36


What does it mean to celebrate freedom when all of us are not and may not ever experience this freedom that we speak of. The search for freedom is a physical, emotional, and spiritual endeavor that all too often is barricaded by a system that calls itself just. For the final episode of the season, I urge each one of you to listen, learn from and get involved with advocating for Keith LaMar's exoneration. As we many of us gather in celebration over Juneteenth, there is a man, like many who came before him and many who will come after, that awaits execution by the State of Ohio for a crime he did not commit. In today's episode you'll hear Keith call in from death row to share his truth and the dissonance between that reality and the one that the state would have you believe. In an effort for justice Keith reasoned with himself that he must tell his story to not only save himself but for those who will come after him. Along the way he has made many dear friends, one of which you'll meet today - Samora Pinderhughes. Samora is a brilliant musician whose talent was matched by the brilliance of Keith who too has an ear and a deep love for music. What blossomed from their meeting was intentional collaboration on Samora's 5-year long project, The Healing Project, in which Keith is now part of. This isn't an episode just focused on the atrocities surrounding Keith's case and current predicament; this is meant to showcase the wonderful harmony that is birthed when one companion on the outside and another on the inside step into each other's world and came together to create art. This episode is a celebration of artists, a recognition of the humanity of both artists in today's discussion and an appreciation for their contributions to the world of justice and music. To learn more about Keith LaMar's story, you can purchase his book Condemned. Also, make sure to follow and join the campaign Justice for Keith LaMar here on Instagram. All of Samora's music can be downloaded right from Apple Music. You can also check out his live performance with music from his album Grief and bonus song Process on Tiny Desk Concert powered by NPR Music. And to view his full performance of Transformation Suite click here. Be sure to also follow Samora on Instagram to stay connected to him and his work. You of course won't want to miss checking out the project that the now brothers created together as part of the Healing Project. Remember, the fight is not yet over - we do this until we're all free. Hebrews 13:6 "So we say with confidence, 'The Lord is my helper; I will not be afraid. What can mere mortals do to me? " ⁠⁠⁠⁠⁠⁠Instagram⁠⁠⁠⁠⁠⁠ ⁠⁠⁠⁠⁠⁠Website⁠

You are a Lawyer Podcast
The Value of Board Membership feat. Samora Legros

You are a Lawyer Podcast

Play Episode Listen Later May 11, 2023 44:19


Samora Legros sits on the Board of the Max Cadet Foundation, an organization created to celebrate his grandfather, a lawyer, judge, and dentist. Created with a dental clinic based in Port-au-Prince, Haiti, the Max Cadet Foundation serves children and adults living n Haiti by providing them with better dental care access. Samoa Legros had the opportunity to work at a law firm during summers and breaks. As he took on more challenging tasks, he succeeded and received more responsibility. Given his grandmother's age, Samora knew that his analytical skills and empathy would make him a wonderful lawyer. After graduating in 2007, Samoa worked full-time at the law firm and had another striking experience in law. He worked with a client facing eviction who could not work and needed guidance and mentorship. Recognizing the potential of the sword and shield, he understood how the law and policy could be used to assist and protect people. Samoa Legros highlights the significance of classes like trial advocacy, mediation, and effective communication in advocating for others. Professor Alvin Washington's teaching and problem analysis skills have empowered Samoa to confidently discuss and address the root causes of problems, enabling effective solutions, particularly in cases where individuals require urgent medical procedures.Connect with Samora LegrosSamora Legros is not licensed to practice law. Connect with Samora Legros at slegros123@gmail.comEngage with the Max Cadet Foundation at www.cadetdentalfund.com.Grab the book, A Long Walk Home, mentioned in the podcast: https://amzn.to/42K4z5bJoin the FREE mailing list!Get behind-the-scenes content from You Are A Lawyer. ‍1) Visit www.youarealawyer.com2) Add your email address to the Subscribe pop-up box OR3) Enter your email address on the right side of the screen4) Get emails from me (I won't fill your inbox with junk)!

Les enfants du bruit et de l'odeur
#37 Saison 3, Samora Curier- La migration étudiante, expérience de l'exil

Les enfants du bruit et de l'odeur

Play Episode Listen Later Apr 3, 2023 47:06


Cet épisode a été enregistré le 23 octobre 2022, à la gaité lyrique, lors du #Paris podcast festival, Mon invité est Samora CURIER.Né en Guadeloupe, il viendra s'installer à Paris en 2008 dans le cadre de ses études. Il est le producteur et réalisateur du podcast Mwakast sorti en 2018, suivi en 2023 par le #Mwakast Club, tous deux destinés à mettre en avant les spécificités de la culture antillaise en mélangeant sérieux humour et positivité. Ses épisodes traitent de sujets variés tels que, la musique, l'histoire, la pop culture, l'actualité, les traditions et bien d'autres encore.Samora a partagé au micro des enfants du bruit et de l'odeur son expérience de la scolarité entre la Guadeloupe et l'hexagone. De l'interdiction de parler créole Du programme scolaire De la réalité de cette expérience de migration Et de la grande solitude qui l'a mené jusqu'à la dépression. Samora en a profité pour rendre hommage à ses enseignants guadeloupéens et militants qui lui ont appris indépendamment du programme scolaire l'histoire et la géographie de la Guadeloupe.Alors prenez place et bonne écoute CREDITS :Création originale : Ulriche Ale etPrisca RATOVONASYProduction : Prisca RATOVONASYEnregistrement : Prisca RATOVONASYRéalisation, montage et mixage :Prisca RATOVONASYVoix off : Prisca RATOVONASYIdentité graphique : www.instagram.com/lareveuz_illustrations/Générique : Malika C. UNG & Prisca RATOVONASY ; KingdomCome de Theevs Licence : 903434Twitter: twitter.com/EnfantsduBruitInstagram: www.instagram.com/lesenfantsdubruietdelodeur/Facebook: www.facebook.com/lesenfantsdubrui…117420343385484/Youtube: www.youtube.com/channel/UCEmD_yaD3iQLMAikWJmofDQ Si vous souhaitez en savoir plus sur Samora Curier:Instagram :https://www.instagram.com/lemwakast/?hl=frFrance info : https://la1ere.francetvinfo.fr/le-mwakast-podcast-engage-du-guadeloupeen-samora-curier-1192414.htmlYouTube : https://www.youtube.com/channel/UCRoQyGLLPd9lwPUJtUwD2yw Hébergé par Acast. Visitez acast.com/privacy pour plus d'informations.

The Atlas Obscura Podcast
The Lion House

The Atlas Obscura Podcast

Play Episode Listen Later Jan 18, 2023 20:59


This abandoned lodge in Gorongosa National Park in Mozambique has been reclaimed by local lions - a story deeply enmeshed in the larger history of the country.  READ MORE IN THE ATLAS: https://www.atlasobscura.com/places/the-lion-house-gorongosa-mozambiqueFurther Reading: S is for Samora (book by Sarah Lefanu)Let My People Go (poem by Noémia de Sousa)Apartheid's Contras: An Inquiry Into the Roots of War in Angola and Mozambique (pdf book by William Minter)The Mozambican Civil War (1977-1992) (article by Samuel Momodu, BlackPast.org)Mozambique History Net (Resource)A Year in Gorongosa (film by Augusto Bila, narrated by Gabriela Curtiz)In Mozambique, a Living Laboratory for Nature's Renewal (article by Natalie Angier, The New York Times)Narrative Fortresses: Crisis Narratives and Conflict in the Conservation of Mount Gorongosa, Mozambique (article by Christy Schuetze)White Man's Game: Saving Animals, Rebuilding Eden, and Other Myths of Conservation in Africa (book by Stephanie Hanes)

New Day
58. How Can Music Help Us Understand Grief? With Samora Pinderhughes

New Day

Play Episode Listen Later Nov 18, 2022 34:23


In The Healing Project, multidisciplinary artist Samora Pinderhughes processes the raw emotions of grieving and explores the sociopolitical issues that fuel his abolitionist vision. Samora joins Claire to discuss what he learned about grieving while making his album Grief and how he and others have found healing through both music and community building.   Resources from the show Explore and listen to The Healing Project and the Grief album by Samora Pinderhughes   Do you have something you want Claire's help with? Send her a question to be featured on an upcoming episode by emailing us at newday@lemonadamedia.com or submitting one at www.bit.ly/newdayask.   Want to connect? Join the New Day Facebook Group!  https://www.facebook.com/groups/newdaypod   Click this link for a list of current sponsors and discount codes for this show and all Lemonada shows go to lemonadamedia.com/sponsors.   To follow along with a transcript and/or take notes for friends and family, go to lemonadamedia.com/show/newday/ shortly after the air date.   Follow Claire on IG and FB @clairebidwellsmith or Twitter @clairebidwell and visit her website: www.clairebidwellsmith.com.   Stay up to date with us on Twitter, Facebook, and Instagram at @LemonadaMedia.    Joining Lemonada Premium is a great way to support our show and get bonus content. Subscribe today at bit.ly/lemonadapremium.See omnystudio.com/listener for privacy information.

City Cast Salt Lake
It's Not Impossible for Utahns To Win the Lottery

City Cast Salt Lake

Play Episode Listen Later Nov 16, 2022 21:53


A lucky Californian recently won the record-setting $2.04 billion Powerball. But if Salt Lakers even wanted a chance at that money, they really had to work for it. Utah is one of five states that doesn't sell lottery tickets, and gambling of any kind is banned here. That means we're hopping in the car for a road trip to an Idaho gas station in the hopes of buying a life-changing lotto ticket. It's a longshot — but it's not impossible for one of us to win. Like Samora Magadla, a local flight attendant who scooped up winning tickets twice. Samora joins host Ali Vallarta to answer the usually hypothetical question: What would you do if you won the lottery? Subscribe to our daily morning newsletter here. You can find us on Instagram @CityCastSLC and Twitter @CityCastSLC. Looking to advertise on City Cast Salt Lake? Check out our options for podcast and newsletter ads at citycast.fm/advertise. Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices