POPULARITY
Marcos Troyjo, ex‑presidente do Banco dos BRICS, fundador do BRICLab na Columbia e professor em Oxford, analisa o cenário geopolítico global e o lugar do Brasil na nova Guerra Fria entre China e Estados Unidos. Ele discute o conceito de “Sul Global”, explica a desglobalização e comenta como o país pode se tornar um ator “geopoliticamente pendular”.Neste episódio de “Hello, Brasil! – o país no divã”, Troyjo fala sobre BRICS, disputa por terras raras e minerais críticos, o papel do agronegócio e da matriz energética brasileira e os bastidores de sua saída do Novo Banco de Desenvolvimento. Ele também aborda as escolhas diplomáticas do Brasil em temas como Venezuela, Oriente Médio, eleições americanas e a volta de Trump com uma nova leitura da Doutrina Monroe.Na parte final, a conversa entra em 2026: “PT‑fadiga”, anti‑incumbência, o papel das elites brasileiras e o que o país precisa fazer para crescer 4% ao ano e fechar a distância em relação a economias como Portugal. Um diálogo franco, denso e técnico sobre como o Brasil é visto no mundo – e quais decisões podem destravar seu potencial nas próximas décadas.Capítulos:00:00 – APRESENTAÇÃO E TRAJETÓRIA DE MARCOS TROYJO05:22 – BRASIL: O GIGANTE QUE VAI MAL NA ESCOLA13:04 – DESGLOBALIZAÇÃO: DO FIM DA HIPERGLOBALIZAÇÃO À GUERRA FRIA 2.018:40 – TERRAS RARAS E MINERAIS CRÍTICOS: A NOVA JOIA DA COROA BRASILEIRA24:45 – POR QUE MARCOS TROYJO SAIU DO BANCO DOS BRICS31:31 – SUL GLOBAL: POR QUE TROYJO DIZ QUE É UMA FICÇÃO35:08 – “PAZ QUENTE”: COMO O BRASIL NAVEGA ENTRE CHINA E EUA39:36 – DIPLOMACIA BRASILEIRA E O RISCO DE PENDER PARA UM LADO43:51 – “PT‑FADIGA” E OS CENÁRIOS POLÍTICOS PARA 202659:24 – ELITES BRASILEIRAS E O “KPI” DO BRASILSobre Marcos Troyjo:Ex‑presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (Banco dos BRICS, 2020‑2023), fundador do BRICLab na Columbia University, professor visitante na Blavatnik School of Government (University of Oxford) e ex‑Secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia (2019‑2020).
Neste episódio especial sobre a Data Privacy Global Conference 2025, convidamos Conrado Klockner, Fernanda Martins e Ticianne Darín para discutirem temas que devem ganhar ainda mais centralidade em 2026. Conrado fala sobre controle e fiscalização das atividades de inteligência e datificação na segurança pública, Fernanda discute soberania digital e a articulação do Sul Global nas agendas de direitos digitais e democracia, e Ticianne nos ajuda a compreender design persuasivo, gamificação e padrões manipulativos (dark patterns) e seus impactos sobre autonomia, consumo e proteção de dados.A Data Privacy Global Conference aconteceu nos dias 8 e 9 de dezembro, na ESPM, em São Paulo. A DPGC é um encontro promovido pela Data Privacy Brasil para debater questões de fronteira e propor caminhos para que tecnologia, direitos e justiça social avancem juntos.Em sua quarta edição, a DPGC teve cerca de 300 participantes, com 21 mesas de discussão e palestras e cerca de 70 palestrantes, entre convidados nacionais e internacionais.Em 2025, a Data Privacy Global Conference contou com o patrocínio master de CGI.br e NIC.br, Google, Jusbrasil, Machado Meyer Advogados, Nubank, OpenAI, Pinheiro Neto Advogados, Privacy International e TikTok.
A inteligência artificial, em seus múltiplos sentidos, tem dominado a agenda pública e até mesmo o direcionamento do capital das grandes empresas de tecnologia. Mas você já parou para pensar na infraestrutura gigantesca que dê conta de sustentar o crescimento acelerado das IAs? O futuro e o presente da inteligência artificial passa pela existência dos datacenters. E agora é mais urgente que nunca a gente discutir esse assunto. Estamos vendo um movimento se concretizar, que parece mais uma forma de colonialismo digital: com a crescente resistência à construção de datacenters nos países no norte global, empresas e governos parecem estar convencidos a trazer essas infraestruturas imensas com todos os seus impactos negativos ao sul global. Nesse episódio Yama Chiodi e Damny Laya conversam com pesquisadores, ativistas e atingidos para tentar aprofundar o debate sobre a infraestrutura material das IAs. A gente conversa sobre o que são datacenters e como eles impactam e irão impactar nossas vidas. No segundo episódio, recuperamos movimentos de resistência a sua instalação no Brasil e como nosso país se insere no debate, seguindo a perspectiva de ativistas e de pesquisadores da área que estão buscando uma regulação mais justa para esses grandes empreendimentos. ______________________________________________________________________________________________ ROTEIRO [ vinheta da série ] [ Começa bio-unit ] YAMA: A inteligência artificial, em seus múltiplos sentidos, tem dominado a agenda pública e até mesmo o direcionamento do capital das grandes empresas de tecnologia. Mas você já parou para pensar na infraestrutura gigantesca que dê conta de sustentar o crescimento acelerado das IA? DAMNY: O futuro e o presente da inteligência artificial passa pela existência dos data centers. E agora é mais urgente que nunca a gente discutir esse assunto. Estamos vendo um movimento se concretizar, que parece mais uma forma de colonialismo digital: com a crescente resistência à construção de datacenters nos países no norte global, empresas e governos parecem estar convencidos a trazer os datacenters com todos os seus impactos negativos ao sul global. YAMA: Nós conversamos com pesquisadores, ativistas e atingidos e em dois episódios nós vamos tentar aprofundar o debate sobre a infraestrutura material das IAs. No primeiro, a gente conversa sobre o que são datacenters e como eles impactam e irão impactar nossas vidas. DAMNY: No segundo, recuperamos movimentos de resistência a sua instalação no Brasil e como nosso país se insere no debate, seguindo a perspectiva de ativistas e de pesquisadores da área que estão buscando uma regulação mais justa para esses grandes empreendimentos. [ tom baixo ] YAMA: Eu sou o Yama Chiodi, jornalista de ciência e pesquisador do campo das mudanças climáticas. Se você já é ouvinte do oxigênio pode ter me ouvido aqui na série cidade de ferro ou no episódio sobre antropoceno. Ao longo dos últimos meses investiguei os impactos ambientais das inteligências artificiais para um projeto comum entre o LABMEM, o laboratório de mudança tecnológica, energia e meio ambiente, e o oxigênio. Em setembro passado, o Damny se juntou a mim pra gente construir esses episódios juntos. E não por acaso. O Damny publicou em outubro passado um relatório sobre os impactos socioambientais dos data centers no Brasil, intitulado “Não somos quintal de data center”. O link para o relatório completo se encontra disponível na descrição do episódio. Bem-vindo ao Oxigênio, Dam. DAMNY: Oi Yama. Obrigado pelo convite pra construir junto esses episódios. YAMA: É um prazer, meu amigo. DAMNY: Eu também atuo como jornalista de ciência e sou pesquisador de governança da internet já há algum tempo. Estou agora trabalhando como jornalista e pesquisador aqui no LABJOR, mas quando escrevi o relatório eu tava trabalhando como pesquisador-consultor na ONG IDEC, Instituto de Defesa de Consumidores. YAMA: A gente começa depois da vinheta. [ Termina Bio Unit] [ Vinheta Oxigênio ] [ Começa Documentary] YAMA: Você já deve ter ouvido na cobertura midiática sobre datacenters a formulação que te diz quantos litros de água cada pergunta ao chatGPT gasta. Mas a gente aqui não gosta muito dessa abordagem. Entre outros motivos, porque ela reduz o problema dos impactos socioambientais das IA a uma questão de consumo individual. E isso é um erro tanto político como factual. Calcular quanta água gasta cada pergunta feita ao ChatGPT tira a responsabilidade das empresas e a transfere aos usuários, escondendo a verdadeira escala do problema. Mesmo que o consumo individual cresça de modo acelerado e explosivo, ele sempre vai ser uma pequena fração do problema. Data centers operam em escala industrial, computando quantidades incríveis de dados para treinar modelos e outros serviços corporativos. Um único empreendimento pode consumir em um dia mais energia do que as cidades que os abrigam consomem ao longo de um mês. DAMNY: Nos habituamos a imaginar a inteligência artificial como uma “nuvem” etérea, mas, na verdade, ela só existe a partir de data centers monstruosos que consomem quantidades absurdas de recursos naturais. Os impactos sociais e ambientais são severos. Data centers são máquinas de consumo de energia, água e terra, e criam poluição do ar e sonora, num modelo que reforça velhos padrões de racismo ambiental. O desenvolvimento dessas infraestruturas frequentemente acontece à margem das comunidades afetadas, refazendo a cartilha global da injustiça ambiental. Ao seguir suas redes, perceberemos seus impactos em rios, no solo, no ar, em territórios indígenas e no crescente aumento da demanda por minerais críticos e, por consequência, de práticas minerárias profundamente destrutivas. YAMA: De acordo com a pesquisadora Tamara Kneese, diretora do programa de Clima, Tecnologia e Justiça do instituto de pesquisa Data & Society, com quem conversamos, essa infraestrutura está criando uma nova forma de colonialismo tecnológico. Os danos ambientais são frequentemente direcionados para as comunidades mais vulneráveis, de zonas rurais às periferias dos grandes centros urbanos, que se tornam zonas de sacrifício para o progresso dessa indústria. DAMNY: Além disso, a crescente insatisfação das comunidades do Norte Global com os data centers tem provocado o efeito colonial de uma terceirização dessas estruturas para o Sul Global. E o Brasil não apenas não é exceção como parece ser um destino preferencial por sua alta oferta de energia limpa. [pausa] E com o aval do governo federal, que acaba de publicar uma medida provisória chamada REDATA, cujo objetivo é atrair data centers ao Brasil com isenção fiscal e pouquíssimas responsabilidades. [ Termina Documentary] [tom baixo ] VOICE OVER: BLOCO 1 – O QUE SÃO DATA CENTERS? YAMA: Pra entender o que são data centers, a gente precisa antes de tudo de entender que a inteligência artificial não é meramente uma nuvem etérea que só existe virtualmente. Foi assim que a gente começou nossa conversa com a pesquisadora estadunidense Tamara Kneese. Ela é diretora do programa de Clima, Tecnologia e Justiça do instituto de pesquisa Data & Society. TAMARA: PT – BR [ Eu acho que o problema da nossa relação com a computação é que a maioria parte do tempo a gente não pensa muito sobre a materialidade dos sistemas informacionais e na cadeia de suprimentos que permitem que eles existam. Tudo que a gente faz online não depende só dos nossos aparelhos, ou dos serviços de nuvem que a gente contrata, mas de uma cadeia muito maior. De onde ver o hardware que a gente usa? Que práticas de trabalho são empregadas nessa cadeia? E então, voltando à cadeia de suprimentos, pensar sobre os materiais brutos e os minerais críticos e outras formas de extração, abusos de direitos humanos e trabalhistas que estão diretamente relacionados à produção dos materiais que precisamos pra computação em geral. ] So I think, you know, the problem with our relationship to computing is that, most of the time, we don’t really think that much about the materiality of the computing system and the larger supply chain. You know, thinking about the fact that, of course, everything we do relies not just on our own device, or the particular cloud services that we subscribe to, but also on a much larger supply chain. So, where does the hardware come from, that we are using, and what kind of labor practices are going into that? And then be, you know, further back in the supply chain, thinking about raw materials and critical minerals and other forms of extraction, and human rights abuses and labor abuses that also go into the production of the raw materials that we need for computing in general. DAMNY: A Tamara já escreveu bastante sobre como a metáfora da nuvem nos engana, porque ela dificulta que a gente enxergue a cadeia completa que envolve o processamento de tantos dados. E isso se tornou uma questão muito maior com a criação dos chatbots e das IAs generativas. YAMA: Se a pandemia já representou uma virada no aumento da necessidade de processamento de dados, quando passamos a ir à escola e ao trabalho pelo computador, o boom das IA generativas criou um aumento sem precedentes da necessidade de expandir essas cadeias. DAMNY: E na ponta da infraestrutura de todas as nuvens estão os data centers. Mais do que gerar enormes impactos sócio-ambientais, eles são as melhores formas de enxergar que o ritmo atual da expansão das IAs não poderá continuar por muito tempo, por limitações físicas. Não há terra nem recursos naturais que deem conta disso. YAMA: A gente conversou com a Cynthia Picolo, que é Diretora Executiva do LAPIN, o Laboratório de Políticas Públicas e Internet. O LAPIN tem atuado muito contra a violação de direitos na implementação de data centers no Brasil e a gente ainda vai conversar mais sobre isso. DAMNY: Uma das coisas que a Cynthia nos ajudou a entender é como não podemos dissociar as IAs dos data centers. CYNTHIA: Existe uma materialidade por trás. Existe uma infraestrutura física, que são os data centers. Então os data centers são essas grandes estruturas que são capazes de armazenar, processar e transferir esses dados, que são os dados que são os processamentos que vão fazer com que a inteligência artificial possa acontecer, possa se desenvolver, então não existe sem o outro. Então falar de IA é falar de Datacenter. Então não tem como desassociar. YAMA: Mas como é um datacenter? A Tamara descreve o que podemos ver em fotos e vídeos na internet. TAMARA: [ Sim, de modo geral, podemos dizer que os data centers são galpões gigantes de chips, servidores, sistemas em redes e quando você olha pra eles, são todos muitos parecidos, prédios quadrados sem nada muito interessante. Talvez você nem saiba que é um data center se não observar as luzes e perceber que é uma estrutura enorme sem pessoas, sem trabalhadores. ] Yeah, so, you know, essentially, they’re like giant warehouses of chips, of servers, of networked systems, and, you know, they look like basically nondescript square buildings, very similar. And you wouldn’t really know that it’s a data center unless you look at the lighting, and you kind of realize that something… like, it’s not inhabited by people or workers, really. DAMNY: No próximo bloco a gente tenta resumir os principais problemas socioambientais que os data centers já causam e irão causar com muita mais intensidade no futuro. [tom baixo ] VOICE OVER: BLOCO 2 – A ENORME LISTA DE PROBLEMAS YAMA: O consumo de energia é provavelmente o problema mais conhecido dos data centers e das IAs. Segundo dados da Agência Internacional de Energia, a IEA, organização internacional da qual o Brasil faz parte, a estimativa para o ano de 2024 é que os data centers consumiram cerca de 415 TWh. A cargo de comparação, segundo a Empresa de Pesquisa Energética, instituto de pesquisa público associado ao Ministério das Minas e Energia, o Brasil consumiu no ano de 2024 cerca de 600 TWh. DAMNY: Segundo o mesmo relatório da Agência Internacional de Energia, a estimativa é que o consumo de energia elétrica por datacenters em 2030 vai ser de pelo menos 945 TWh, o que representaria 3% de todo consumo global projetado. Quando a gente olha pras estimativas de outras fontes, contudo, podemos dizer que essas são projeções até conservadoras. Especialmente considerando o impacto da popularização das chamadas LLM, ou grandes modelos de linguagem – aqueles YAMA: Ou seja, mesmo com projeções conservadoras, os data centers do mundo consumiriam em 2030, daqui a menos de cinco anos, cerca de 50% a mais de energia que o Brasil inteiro consome hoje. Segundo a IEA, em 2030 o consumo global de energia elétrica por data centers deve ser equivalente ao consumo da Índia, o país mais populoso do mundo. E há situações locais ainda mais precárias. DAMNY: É o caso da Irlanda. Segundo reportagem do New York Times publicada em outubro passado, espera-se que o consumo de energia elétrica por data centers por lá represente pelo menos 30% do consumo total do país nos próximos anos. Mas porquê os datacenters consomem tanta energia? TAMARA: [ Então, particularmente com o tipo de IA que as empresas estão investindo agora, há uma necessidade de chips e GPUs muito mais poderosos, de modo que os data centers também são sobre prover energia o suficiente pra todo esse poder computacional que demandam o treinamento e uso de grandes modelos de linguagem. Os data centers são estruturas incrivelmente demandantes de energia e água. A água em geral serve para resfriar os servidores, então tem um número considerável de sistemas de cooling que usam água. Além disso tudo, você também precisa de fontes alternativas de energia, porque algumas vezes, uma infraestrutura tão demandante de energia precisa recorrer a geradores para garantir que o data center continue funcionando caso haja algum problema na rede elétrica. ] So, you know, particularly with the kinds of AI that companies are investing in right now, there’s a need for more powerful chips, GPUs, and so Data centers are also about providing enough energy and computational power for these powerful language models to be trained and then used. And so the data center also, you know, in part because it does require so much energy, and it’s just this incredibly energy-intensive thing, you also need water. And the water comes from having to cool the servers, and so… So there are a number of different cooling systems that use water. And then on top of that, you also need backup energy sources, so sometimes, because there’s such a draw on the power grid, you have to have backup generators to make sure that the data center can keep going if something happens with the grid. YAMA: E aqui a gente começa a entender o tamanho do problema. Os data centers são muitas vezes construídos em lugares que já sofrem com infraestruturas precárias de eletricidade e com a falta de água potável. Então eles criam problemas de escassez onde não havia e aprofundam essa escassez em locais onde isso já era uma grande questão – como a região metropolitana de Fortaleza sobre a qual falaremos no próximo episódio, que está em vias de receber um enorme data center do Tiktok. DAMNY: É o que também relatam os moradores de Querétaro, no México, que vivem na região dos data centers da Microsoft. A operação dos data centers da Microsoft gerou uma crise sem precedentes, com quedas frequentes de energia e o interrompimento do abastecimento de água que muitas vezes duram semanas. Os data-centers impactaram de tal forma as comunidades que escolas cancelaram aulas e, indiretamente, foram responsáveis por uma crise de gastroenterite entre crianças. YAMA: E isso nos leva pro segundo ponto. O consumo de água, minerais críticos e outros recursos naturais. TAMARA: [O problema da energia tem recebido mais atenção, porque é uma fonte de ansiedade também. Pensar sobre o aumento da demanda de energia em tempos em que supostamente estaríamos transicionando para deixar de usar energias fósseis, o que obviamente pode ter efeitos devastadores. Mas eu acredito que num nível mais local, o consumo de água é mais relevante. Nós temos grandes empresas indo às áreas rurais do México, por exemplo, e usando toda a água disponível e basicamente deixando as pessoas sem água. E isso é incrivelmente problemático. Então isso acontece em áreas que já tem problemas de abastecimento de água, onde as pessoas já não tem muito poder de negociação com as empresas. Não têm poder político pra isso. São lugares tratados como zonas de sacrifício, algo que já vimos muitas vezes no mundo, especialmente em territórios indígenas. Então as consequências são na verdade muito maiores do que só problemas relacionados à energia. ] I think the energy problem has probably gotten the most attention, just because it is a source of anxiety, too, so thinking about, you know, energy demand at a time when we’re supposed to be transitioning away from fossil fuels. And clearly, the effects that that can have will be devastating. But I think on a local level, things like the water consumption can matter more. So, you know, if we have tech companies moving into rural areas in Mexico and, you know, using up all of their water and basically preventing people in the town from having access to water. That is incredibly problematic. So I think, you know, in water-stressed areas and areas where the people living in a place don’t have as much negotiating power with the company. Don’t have as much political power, and especially if places are basically already treated as sacrifice zones, which we’ve seen repeatedly many places in the world, with Indigenous land in particular, you know, I think the consequences may go far beyond just thinking about, you know, the immediate kind of energy-related problems. YAMA: Existem pelo menos quatro fins que tornam os data centers máquinas de consumir água. O mais direto e local é a água utilizada na refrigeração de todo equipamento que ganha temperatura nas atividades de computação, o processo conhecido como cooling. Essa prática frequentemente utiliza água potável. Apesar de já ser extremamente relevante do ponto de vista de consumo, essa é apenas uma das formas de consumo abundante de água. DAMNY: Indiretamente, os data centers também consomem a água relacionada ao seu alto consumo de energia, em especial na geração de energia elétrica em usinas hidrelétricas e termelétricas. Também atrelada ao consumo energético, está o uso nas estações de tratamento de água, que visam tratar a água com resíduos gerada pelo data center para tentar reduzir a quantidade de água limpa utilizada. YAMA: Por fim, a cadeia de suprimentos de chips e servidores que compõem os data centers requer água ultrapura e gera resíduos químicos. Ainda que se saiba que esse fator gera gastos de água e emissões de carbono relevantes, os dados são super obscuros, entre outros motivos, porque a maioria dos dados que temos sobre o consumo de água em data centers são fornecidos pelas próprias empresas. CYNTHIA: A água e os minérios são componentes também basilares para as estruturas de datacenter, que são basilares para o funcionamento da inteligência artificial. (…). E tem toda uma questão, como eu disse muitas vezes, captura um volume gigante de água doce. E essa água que é retornada para o ecossistema, muitas vezes não é compensada da água que foi capturada. Só que as empresas também têm uma promessa em alguns relatórios, você vai ver que elas têm uma promessa até de chegar em algum ponto para devolver cento e vinte por cento da água. Então a empresa está se comprometendo a devolver mais água do que ela capturou. Só que a realidade é o quê? É outra. Então, a Google, por exemplo, nos últimos cinco anos, reportou um aumento de cento e setenta e sete por cento do uso de água. A Microsoft mais trinta e oito e a Amazon sequer reporta o volume de consumo de água. Então uma lacuna tremenda para uma empresa desse porte, considerando todo o setor de Data centers. Mas tem toda essa questão da água, que é muito preocupante, não só por capturar e o tratamento dela e como ela volta para o meio ambiente, mas porque há essa disputa também com territórios que têm uma subsistência muito específica de recursos naturais, então existe uma disputa aí por esse recurso natural entre comunidade e empreendimento. DAMNY: Nessa fala da Cynthia a gente observa duas coisas importantes: a primeira é que não existe data center sem água para resfriamento, de modo que o impacto local da instalação de um empreendimento desses é uma certeza irrefutável. E é um dano contínuo. Enquanto ele estiver em operação ele precisará da água. É como se uma cidade de grande porte chegasse de repente, demandando uma quantidade de água e energia que o local simplesmente não tem para oferecer. E na hora de escolher entre as pessoas e empreendimentos multimilionários, adivinha quem fica sem água e com a energia mais cara? YAMA: A segunda coisa importante que a Cynthia fala é quando ela nos chama a atenção sobre a demanda por recursos naturais. Nós sabemos que recursos naturais são escassos. Mais do que isso, recursos naturais advindos da mineração têm a sua própria forma de impactos sociais e ambientais, o que vemos frequentemente na Amazônia brasileira. O que acontecerá com os data centers quando os recursos naturais locais já não forem suficientes para seu melhor funcionamento? Diante de uma computação que passa por constante renovação pela velocidade da obsolescência, o que acontece com o grande volume de lixo eletrônico gerado por data centers? Perguntas que não têm resposta. DAMNY: A crise geopolítica em torno dos minerais conhecidos como terra-rara mostra a complexidade política e ambiental do futuro das IA do ponto de vista material e das suas cadeias de suprimento. No estudo feito pelo LAPIN, a Cynthia nos disse que considera que esse ponto do aumento da demanda por minerais críticos que as IA causam é um dos pontos mais opacos nas comunicações das grandes empresas de tecnologia sobre o impacto de seus data centers. CYNTHIA: E outro ponto de muita, muita lacuna, que eu acho que do nosso mapeamento, desses termos mais de recursos naturais. A cadeia de extração mineral foi o que mais foi opaco, porque, basicamente, as empresas não reportam nada sobre essa extração mineral e é muito crítico, porque a gente sabe que muitos minérios vêm também de zonas de conflito. Então as grandes empresas, pelo menos as três que a gente mapeou, elas têm ali um trechinho sobre uma prestação de contas da cadeia mineral. Tudo que elas fazem é falar que elas seguem um framework específico da OCDE sobre responsabilização. YAMA: Quando as empresas falam de usar energias limpas e de reciclar a água utilizada, eles estão se desvencilhando das responsabilidades sobre seus datacenters. Energia limpa não quer dizer ausência de impacto ambiental. Pras grandes empresas, as fontes de energia limpa servem para gerar excedente e não para substituir de fato energias fósseis. Você pode ter um data center usando majoritariamente energia solar no futuro, mas isso não muda o fato de que ele precisa funcionar 24/7 e as baterias e os geradores a diesel estarão sempre lá. Além disso, usinas de reciclagem de água, fazendas de energia solar e usinas eólicas também têm impactos socioambientais importantes. O uso de recursos verdes complexifica o problema de identificar os impactos locais e responsabilidades dos data centers, mas não resolve de nenhuma forma os problemas de infraestrutura e de fornecimento de água e energia causados pelos empreendimentos. DAMNY: É por isso que a gente alerta pra não comprar tão facilmente a história de que cada pergunta pro chatGPT gasta x litros de água. Se você não perguntar nada pro chatGPT hoje, ou se fizer 1000 perguntas, não vai mudar em absolutamente nada o alto consumo de água e os impactos locais destrutivos dos data centers que estão sendo instalados a todo vapor em toda a América Latina. A quantidade de dados e de computação que uma big tech usa para treinar seus modelos, por exemplo, jamais poderá ser equiparada ao consumo individual de chatbots. É como comparar as campanhas que te pedem pra fechar a torneira ao escovar os dentes, enquanto o agro gasta em minutos água que você não vai gastar na sua vida inteira. Em resumo, empresas como Google, Microsoft, Meta e Amazon só se responsabilizam pelos impactos diretamente causados por seus data centers e, mesmo assim, é uma responsabilização muito entre aspas, à base de greenwashing. Você já ouviu falar de greenwashing? CYNTHIA: Essa expressão em inglês nada mais é do que a tradução literal, que é o discurso verde. (…)É justamente o que a gente está conversando. É justamente quando uma empresa finge se preocupar com o meio ambiente para parecer sustentável, mas, na prática, as ações delas não trazem esses benefícios reais e, pelo contrário, às vezes trazem até danos para o meio ambiente. Então, na verdade, é uma forma até de manipular, ou até mesmo enganar as pessoas, os usuários daqueles sistemas ou serviços com discursos e campanhas com esses selos verdes, mas sem comprovar na prática. YAMA: Nesse contexto, se torna primordial que a gente tenha mais consciência de toda a infraestrutura material que está por trás da inteligência artificial. Como nos resumiu bem a Tamara: TAMARA: [ Eu acredito que ter noção da infraestrutura completa que envolve a cadeia da IA realmente ajuda a entender a situação. Mesmo que você esteja usando, supostamente, energia renovável para construir e operar um data center, você ainda vai precisar de muitos outros materiais, chips, minerais e outras coisas com suas próprias cadeias de suprimento. Ou seja, independente da forma de energia utilizada, você ainda vai causar dano às comunidades e destruição ambiental. ] But that… I think that is why having a sense of the entire AI supply chain is really helpful, just in terms of thinking about, you know, even if you’re, in theory, using renewable energy to build a data center, you still are relying on a lot of other materials, including chips, including minerals, and other things that. (…) We’re still, you know, possibly going to be harming communities and causing environmental disruption. [ tom baixo ] YAMA: Antes de a gente seguir pro último bloco, eu queria só dizer que a entrevista completa com a Dra. Tamara Kneese foi bem mais longa e publicada na íntegra no blog do GEICT. O link para a entrevista tá na descrição do episódio, mas se você preferir pode ir direto no bloco do GEICT. [ tom baixo ] VOICE OVER: BLOCO 3 – PROBLEMAS GLOBAIS, PROBLEMAS LOCAIS YAMA: Mesmo conhecendo as cadeias, as estratégias de greenwashing trazem um grande problema à tona, que é uma espécie de terceirização das responsabilidades. As empresas trazem medidas compensatórias que não diminuem em nada o impacto local dos seus data centers. Então tem uma classe de impactos que são globais, como as emissões de carbono e o aumento da demanda por minerais críticos, por exemplo. E globais no sentido de que eles são parte relevante dos impactos dos data centers, mas não estão impactando exatamente nos locais onde foram construídos. CYNTHIA: Google, por exemplo, nesse recorte que a gente fez da pesquisa dos últimos cinco anos, ela simplesmente reportou um aumento de emissão de carbono em setenta e três por cento. Não é pouca coisa. A Microsoft aumentou no escopo dois, que são as emissões indiretas, muito por conta de data centers, porque tem uma diferenciação por escopo, quando a gente fala de emissão de gases, a Microsoft, nesse período de cinco anos, ela quadruplicou o tanto que ela tem emitido. A Amazon aumentou mais de trinta por cento. Então a prática está mostrando que essas promessas estão muito longe de serem atingidas. Só que aí entra um contexto mais de narrativa. Por que elas têm falado e prometido a neutralidade de carbono? Porque há um mecanismo de compensação. (…) Então elas falam que estão correndo, correndo para atingir essa meta de neutralidade de carbono, mas muito por conta dos instrumentos de compensação, compensação ou de crédito de carbono ou, enfim, para uso de energias renováveis. Então se compra esse certificado, se fazem esses contratos, mas, na verdade, não está tendo uma redução de emissão. Está tendo uma compensação. (…) Essa compensação é um mecanismo financeiro, no final do dia. Porque, quando você, enquanto empresa, trabalha na compensação dos seus impactos ambientais e instrumentos contratuais, você está ignorando o impacto local. Então, se eu estou emitindo impactando aqui o Brasil, e estou comprando crédito de carbono em projetos em outra área, o impacto local do meu empreendimento está sendo ignorado. YAMA: E os impactos materiais locais continuam extremamente relevantes. Além do impacto nas infraestruturas locais de energia e de água sobre as quais a gente já falou, há muitas reclamações sobre a poluição do ar gerada pelos geradores, as luzes que nunca desligam e até mesmo a poluição sonora. A Tamara nos contou de um caso curioso de um surto de distúrbios de sono e de enxaqueca que tomou regiões de data centers nos Estados Unidos. TAMARA: [ Uma outra coisa que vale ser lembrada: as pessoas que vivem perto dos data centers tem nos contado que eles são super barulhentos, eles também relatam a poluição visual causada pelas luzes e a poluição sonora. Foi interessante ouvir de comunidades próximas a data centers de mineração de criptomoedas, por exemplo, que os moradores começaram a ter enxaquecas e distúrbios de sono por viverem próximos das instalações. E além de tudo isso, ainda tem a questão da poluição do ar, que é visível a olho nu. Há muitas partículas no ar onde há geradores movidos a diesel para garantir que a energia esteja sempre disponível. ] And the other thing is, you know, for people who live near them, they’re very loud, and so if you talk to people who live near data centers, they will talk about the light pollution, the noise pollution. And it’s been interesting, too, to hear from communities that are near crypto mining facilities, because they will complain of things like migraine headaches and sleep deprivation from living near the facilities. And, you know, the other thing is that the air pollution is quite noticeable. So there’s a lot of particulate matter, particularly in the case of using diesel-fueled backup generators as an energy stopgap. DAMNY: E do ponto de vista dos impactos locais, há um fator importantíssimo que não pode ser esquecido: território. Data centers podem ser gigantes, mas ocupam muito mais espaço que meramente seus prédios, porque sua cadeia de suprimentos demanda isso. Como a água e a energia chegarão até os prédios? Mesmo que sejam usados fontes renováveis de energia, onde serão instaladas as fazendas de energia solar ou as usinas de energia eólica e de tratamento de água? Onde a água contaminada e/ou tratada será descartada? Quem vai fiscalizar? YAMA: E essa demanda sem fim por território esbarra justamente nas questões de racismo ambiental. Porque os territórios que são sacrificados para que os empreendimentos possam funcionar, muito frequentemente, são onde vivem povos originários e populações marginalizadas. Aqui percebemos que a resistência local contra a instalação de data centers é, antes de qualquer coisa, uma questão de justiça ambiental. É o caso de South Memphis nos Estados Unidos, por exemplo. TAMARA: [ Pensando particularmente sobre os tipos de danos causados pelos data centers, não é somente a questão da conta de energia ficar mais cara, ou quantificar a quantidade de energia e água gasta por data centers específicos. A verdadeira questão, na minha opinião, é a relação que existe entre esses danos socioambientais, danos algorítmicos e o racismo ambiental e outras formas de impacto às comunidades que lidam com isso a nível local. Especialmente nos Estados Unidos, com todo esse histórico de supremacia branca e a falta de direitos civis, não é coincidência que locais onde estão comunidades negras, por exemplo, sejam escolhidos como zonas de sacrifício. As comunidades negras foram historicamente preferenciais para todo tipo de empreendimento que demanda sacrificar território, como estradas interestaduais, galpões da Amazon… quer dizer, os data centers são apenas a continuação dessa política histórica de racismo ambiental. E tudo isso se soma aos péssimos acordos feitos a nível local, onde um prefeito e outras lideranças governamentais pensam que estão recebendo algo de grande valor econômico. Em South Memphis, por exemplo, o data center é da xAI. Então você para pra refletir como essa plataforma incrivelmente racista ainda tem a audácia de poluir terras de comunidades negras ainda mais ] I think, the way of framing particular kinds of harm, so, you know, it’s not just about, you know, people’s energy bills going up, or, thinking about how we quantify the energy use or the water use of particular data centers, but really thinking about the relationship between a lot of those social harms and algorithmic harms and the environmental racism and other forms of embodied harms that communities are dealing with on that hyper-local level. And, you know, in this country, with its history of white supremacy and just general lack of civil rights, you know, a lot of the places where Black communities have traditionally been, tend to be, you know, the ones sacrificed for various types of development, like, you know, putting up interstates, putting up warehouses for Amazon and data centers are just a continuation of the what was already happening. And then you have a lot of crooked deals on the local level, where, you know, maybe a mayor and other local officials think that they’re getting something economically of value. In South Memphis, the data center is connected to x AI. And so thinking about this platform that is so racist and so incredibly harmful to Black communities, you know, anyway, and then has the audacity to actually pollute their land even more. DAMNY: Entrando na questão do racismo ambiental a gente se encaminha para o nosso segundo episódio, onde vamos tentar entender como o Brasil se insere na questão dos data centers e como diferentes setores da população estão se organizando para resistir. Antes de encerrar esse episódio, contudo, a gente traz brevemente pra conversa dois personagens que vão ser centrais no próximo episódio. YAMA: Eles nos ajudam a compreender como precisamos considerar a questão dos territórios ao avaliar os impactos. Uma dessas pessoas é a Andrea Camurça, do Instituto Terramar, que está lutando junto ao povo Anacé pelo direito de serem consultados sobre a construção de um data center do TIKTOK em seus territórios. Eu trago agora um trechinho dela falando sobre como mesmo medidas supostamente renováveis se tornam violações territoriais num contexto de racismo ambiental. ANDREA: A gente recebeu notícias agora, recentemente, inclusive ontem, que está previsto um mega empreendimento solar que vai ocupar isso mais para a região do Jaguaribe, que vai ocupar, em média, de equivalente a seiscentos campos de futebol. Então, o que isso representa é a perda de terra. É a perda de água. É a perda do território. É uma diversidade de danos aos povos e comunidades tradicionais que não são reconhecidos, são invisibilizados. Então é vendido como território sem gente, sendo que essas energias chegam dessa forma. Então, assim a gente precisa discutir sobre energias renováveis. A gente precisa discutir sobre soberania energética. A gente precisa discutir sobre soberania digital, sim, mas construída a partir da necessidade do local da soberania dessas populações. DAMNY: A outra pessoa que eu mencionei é uma liderança Indígena, o cacique Roberto Anacé. Fazendo uma ótima conexão que nos ajuda a perceber como os impactos globais e locais dos data centers estão conectados, ele observa como parecemos entrar num novo momento do colonialismo, onde a soberania digital e ambiental do Brasil volta a estar em risco, indo de encontro à violação de terras indígenas. CACIQUE ROBERTO: Há um risco para a questão da biodiversidade, da própria natureza da retirada da água, do aumento de energia, mas também não somente para o território da Serra, mas para todos que fazem uso dos dados. Ou quem expõe esses dados. Ninguém sabe da mão de quem vai ficar, quem vai controlar quem vai ordenar? E para que querem essa colonização? Eu chamo assim que é a forma que a gente tem essa colonização de dados. Acredito eu que a invasão do Brasil em mil e quinhentos foi de uma forma. Agora nós temos a invasão de nossas vidas, não somente para os indígenas, mas de todos, muitas vezes que fala muito bem, mas não sabe o que vai acontecer depois que esses dados estão guardados. Depois que esses dados vão ser utilizados, para que vão ser utilizados, então esses agravos. Ele é para além do território indígena na série. [ tom baixo ] [ Começa Bio Unit ] YAMA: A pesquisa, entrevistas e apresentação desse episódio foi feita pelo Damny Laya e por mim, Yama Chiodi. Eu também fiz o roteiro e a produção. Quem narrou a tradução das falas da Tamara foi Mayra Trinca. O Oxigênio é um podcast produzido pelos alunos do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp e colaboradores externos. Tem parceria com a Secretaria Executiva de Comunicação da Unicamp e apoio do Serviço de Auxílio ao Estudante, da Unicamp. Além disso, contamos com o apoio da FAPESP, que financia bolsas como a que nos apoia neste projeto de divulgação científica. DAMNY: A lista completa de créditos para os sons e músicas utilizados você encontra na descrição do episódio. Você encontra todos os episódios no site oxigenio.comciencia.br e na sua plataforma preferida. No Instagram e no Facebook você nos encontra como Oxigênio Podcast. Segue lá pra não perder nenhum episódio! Aproveite para deixar um comentário. [ Termina Bio Unit ] [ Vinheta Oxigênio ] Créditos: Aerial foi composta por Bio Unit; Documentary por Coma-Media. Ambas sob licença Creative Commons. Os sons de rolha e os loops de baixo são da biblioteca de loops do Garage Band. Roteiro, produção: Yama Chiodi Pesquisa: Yama Chiodi, Damny Laya Narração: Yama Chiodi, Danny Laya, Mayra Trinca Entrevistados: Tamara Kneese, Cynthia Picolo, Andrea Camurça e Cacique Roberto Anacé __________ Descendo a toca do coelho da IA: Data Centers e os Impactos Materiais da “Nuvem” – Uma entrevista com Tamara Kneese: https://www.blogs.unicamp.br/geict/2025/11/06/descendo-a-toca-do-coelho-da-ia-data-centers-e-os-impactos-materiais-da-nuvem-uma-entrevista-com-tamara-kneese/ Não somos quintal de data centers: Um estudo sobre os impactos socioambientais e climáticos dos data centers na América Latina: https://idec.org.br/publicacao/nao-somos-quintal-de-data-centers Outras referências e fontes consultadas: Relatórios técnicos e dados oficiais: IEA (2025), Energy and AI, IEA, Paris https://www.iea.org/reports/energy-and-ai, Licence: CC BY 4.0 “Inteligência Artificial e Data Centers: A Expansão Corporativa em Tensão com a Justiça Socioambiental”. Lapin. https://lapin.org.br/2025/08/11/confira-o-relatorio-inteligencia-artificial-e-data-centers-a-expansao-corporativa-em-tensao-com-a-justica-socioambiental/ Estudo de mercado sobre Power & Cooling de Data Centers. DCD – DATA CENTER DYNAMICS.https://media.datacenterdynamics.com/media/documents/Report_Power__Cooling_2025_PT.pdf Pílulas – Impactos ambientais da Inteligência Artificial. IPREC. https://ip.rec.br/publicacoes/pilulas-impactos-ambientais-da-inteligencia-artificial/ Policy Brief: IA, data centers e os impactos ambientais. IPREC https://ip.rec.br/wp-content/uploads/2025/05/Policy-Paper-IA-e-Data-Centers.pdf MEDIDA PROVISÓRIA Nº 1.318, DE 17 DE SETEMBRO DE 2025 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/medida-provisoria-n-1.318-de-17-de-setembro-de-2025-656851861 Infográfico sobre minerais críticos usados em Data Centers do Serviço de Geologia do Governo dos EUA https://www.usgs.gov/media/images/key-minerals-data-centers-infographic Notícias e reportagens: From Mexico to Ireland, Fury Mounts Over a Global A.I. Frenzy. Paul Mozur, Adam Satariano e Emiliano Rodríguez Mega. The New York Times, 20/10/2025. https://www.nytimes.com/2025/10/20/technology/ai-data-center-backlash-mexico-ireland.html Movimentos pedem ao MP fim de licença de data center no CE. Maristela Crispim, EcoNordeste. 25/08/2025. https://agenciaeconordeste.com.br/sustentabilidade/movimentos-pedem-ao-mp-fim-de-licenca-de-data-center-no-ce/#:~:text=’N%C3%A3o%20somos%20contra%20o%20progresso’&text=Para%20o%20cacique%20Roberto%20Anac%C3%A9,ao%20meio%20ambiente%E2%80%9D%2C%20finaliza. ChatGPT Is Everywhere — Why Aren’t We Talking About Its Environmental Costs? Lex McMenamin. Teen Vogue. https://www.teenvogue.com/story/chatgpt-is-everywhere-environmental-costs-oped Data centers no Nordeste, minérios na África, lucros no Vale do Silício. Le Monde Diplomatique, 11 jun. 2025. Accioly Filho. https://diplomatique.org.br/data-centers-no-nordeste-minerios-na-africa-lucros-no-vale-do-silicio/. The environmental footprint of data centers in the United States. Md Abu Bakar Siddik et al 2021 Environ. Res. Lett. 16064017: https://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/abfba1 Tecnología en el desierto – El debate por los data centers y la crisis hídrica en Uruguay. MUTA, 30 nov. Soledad Acunã https://mutamag.com/cyberpunk/tecnologia-en-el-desierto/. Acesso em: 17 set. 2025. Las zonas oscuras de la evaluación ambiental que autorizó “a ciegas” el megaproyecto de Google en Cerrillos. CIPER Chile, 25 maio 2020. https://www.ciperchile.cl/2020/05/25/las-zonas-oscuras-de-la-evaluacion-ambiental-que-autorizo-aciegas-el-megaproyecto-de-google-en-cerrillos/. Acesso em: 17 set. 2025. Thirsty data centres spring up in water-poor Mexican town. Context, 6 set. 2024. https://www.context.news/ai/thirsty-data-centres-spring-up-in-water-poor-mexican-town BNDES lança linha de R$ 2 bilhões para data centers no Brasil. https://agenciadenoticias.bndes.gov.br/industria/BNDES-lanca-linha-de-R$-2-bilhoes-para-data-centersno-Brasil/. Los centros de datos y sus costos ocultos en México, Chile, EE UU, Países Bajos y Sudáfrica. WIRED, 29 maio 2025. Anna Lagos https://es.wired.com/articulos/los-costos-ocultos-del-desarrollo-de-centros-de-datos-en-mexico-chile-ee-uu-paises-bajos-y-sudafrica Big Tech's data centres will take water from world's driest areas. Eleanor Gunn. SourceMaterial, 9 abr. 2025. https://www.source-material.org/amazon-microsoft-google-trump-data-centres-water-use/ Indígenas pedem que MP atue para derrubar licenciamento ambiental de data center do TikTok. Folha de S.Paulo, 26 ago. 2025. https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/08/indigenas-pedem-que-mp-atue-para-derrubar-licenciamento-ambiental-de-data-center-do-tiktok.shtml The data center boom in the desert. MIT Technology Review https://www.technologyreview.com/2025/05/20/1116287/ai-data-centers-nevada-water-reno-computing-environmental-impact/ Conferências, artigos acadêmicos e jornalísticos: Why are Tech Oligarchs So Obsessed with Energy and What Does That Mean for Democracy? Tamara Kneese. Tech Policy Press. https://www.techpolicy.press/why-are-tech-oligarchs-so-obsessed-with-energy-and-what-does-that-mean-for-democracy/ Data Center Boom Risks Health of Already Vulnerable Communities. Cecilia Marrinan. Tech Policy Press. https://www.techpolicy.press/data-center-boom-risks-health-of-already-vulnerable-communities/ RARE/EARTH: The Geopolitics of Critical Minerals and the AI Supply Chain. https://www.youtube.com/watch?v=GxVM3cAxHfg Understanding AI with Data & Society / The Environmental Costs of AI Are Surging – What Now? https://www.youtube.com/watch?v=W4hQFR8Z7k0 IA e data centers: expansão corporativa em tensão com justiça socioambiental. Camila Cristina da Silva, Cynthia Picolo G. de Azevedo. https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/ia-regulacao-democracia/ia-e-data-centers-expansao-corporativa-em-tensao-com-justica-socioambiental LI, P.; YANG, J.; ISLAM, M. A.; REN, S. Making AI Less “Thirsty”: Uncovering and Addressing the Secret Water Footprint of AI Models. arXiv, 2304.03271, 26 mar. 2025. Disponível em: https://doi.org/10.48550/arXiv.2304.03271 LIU, Y.; WEI, X.; XIAO, J.; LIU, Z.;XU, Y.; TIAN, Y. Energy consumption and emission mitigation prediction based on data center traffic and PUE for global data centers. Global Energy Interconnection, v. 3, n.3, p. 272-282, 3 jun. 2020. https://doi.org/10.1016/j.gloei.2020.07.008 SIDDIK, M. A. B.; SHEHABI, A.; MARSTON, L. The environmental footprint of data centers in the United States. Environmental Research Letters, v. 16, n. 6, 21 maio 2021. https://doi.org/10.1088/1748-9326/abfba1 Las Mentiras de Microsoft en Chile: Una Empresa No tan Verde. Por Rodrigo Vallejos de Resistencia Socioambiental de Quilicura. Revista De Frente, 18 mar. 2022. https://www.revistadefrente.cl/las-mentiras-de-microsoft-en-chile-una-empresa-no-tan-verde-porrodrigo-vallejos-de-resistencia-socioambiental-de-quilicura/. Acesso em: 17 set. 2025.
Em 2025, quatro efemérides nos convidam a revisitar viradas decisivas do século XX. Os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial lembram o impacto global do conflito e suas marcas ainda presentes. Os 70 anos da Conferência de Bandung retomam o momento em que países recém-independentes afirmaram novos caminhos para o Sul Global. E os 50 anos das independências de Angola e Moçambique celebram lutas anticoloniais que redefiniram a história africana e suas diásporas. Juntas, essas datas acionam memórias, disputas e futuros possíveis.Diante disso, o LPPE decidiu produzir uma série sobre essas três efemérides, considerando seus impactos em diferentes aspectos: como o cinema, a literatura etc. No episódio inaugural de Efemérides, exploramos como o cinema representa a guerra: narrativas, estéticas, usos políticos, disputas de memória e impactos duradouros na cultura visual.Uma conversa sobre filmes, história e os modos como olhamos para os conflitos através das telas com o professor Nilo André Piana de Castro. Ficha técnica Coordenação do Podcast História Presente: Prof.ª Angela RobertiCoordenação da série: Prof. Flaviano IsolanRoteiro: Flaviano IsolanEntrevistadores: Bruno Cícero (Bolsista LPPE-Uerj) e Flaviano IsolanEdição de áudio e vídeo: Fernando Ribeiro (Bolsista LPPE-Uerj)Programação visual: Ingrid Ladeira
Neste episódio, Filipe Mendonça conversa com o professor Diógenes Moura Breda (IERI-UFU e Unicamp) sobre a dependência científica e tecnológica na América Latina. A partir da tradição do pensamento latino-americano em ciência e tecnologia e da teoria marxista da dependência, o episódio discute o papel do Estado na produção científica, os limites da inovação no Brasil, a ilusão dos data centers como política industrial e as oportunidades estratégicas das terras raras. Um debate essencial sobre soberania, desenvolvimento e autonomia tecnológica no Sul Global. The post Dependência tecnológica na América Latina appeared first on Chutando a Escada.
Bom Dia 247_ Lula defende florestas no PIB do Sul Global 07_11_25 by TV 247
Neste episódio especial do Vozes do Planeta, Paulina Chamorro recebe a premiada jornalista Eliane Brum para uma conversa profunda e urgente sobre os caminhos que antecedem a COP 30 e os projetos em parceria para amplificar vozes da Amazônia e do Sul Global. Juntas, apresentam a Rádio SUMAÚMA em duas frentes poderosas: Navegando Contra o Fim do Mundo, uma travessia sonora pré-COP pelos rios amazônicos, e Direto do Centro do Mundo, uma cobertura viva e pulsante da COP 30 diretamente de Belém. Um episódio para quem acredita que comunicar é também resistir.
Bom dia 247_ Lula constrói o Sul Global na Indonésia _23_10_25_ by TV 247
Vamo-nos projectar para 2060. Esta é a data limite em que a China afirmou querer atingir a neutralidade carbono. Luis Mah, professor desenvolvimento global no Instituto Universitário de Lisboa, analisa connosco esta viragem do maior poluidor mundial, responsável por 80% do aumento global das emissões de gases com efeito de estufa nos últimos 10 anos. A China tem vindo a posicionar-se como líder da transição energética global, apesar de continuar dependente do carvão. Para Luis Mah, professor de desenvolvimento global no Instituto Universitário de Lisboa, “a China está a descarbonizar não só por questões ambientais, mas também por ambições geo-económicas”. De facto, ao investir em tecnologias verdes, como a energia solar e eólica, pretende exportá-las para o Sul Global. “A China já vende mais tecnologia verde ao Sul Global do que ao Norte mais rico”, afirma o professor, destacando o seu papel crescente em África. Embora continue a construir centrais a carvão : “Estamos talvez a assistir ao pico do consumo de carvão, um passo essencial para a transição”. No plano internacional, o afastamento dos Estados Unidos sob a presidência de Trump oferece uma oportunidade: “Pequim vê aqui uma janela para se afirmar como líder climático mundial”, defende o universitário.
A 80ª Assembleia Geral da ONU foi um palco de choques, reaproximações e debates cruciais para o nosso futuro. Em um mundo marcado por conflitos na Ucrânia e em Gaza, pela crise climática e por tensões geopolíticas, os discursos dos líderes moldaram o cenário internacional. Neste episódio, analisamos a defesa ferrenha do multilateralismo pelo presidente Lula, que apresentou propostas contra a fome e as mudanças climáticas. Revivemos o encontro inesperado e "com química" com Donald Trump, que, em seu retorno à tribuna, criticou a própria ONU e reafirmou sua política de "America First". Também destrinchamos o discurso explosivo de Gustavo Petro, da Colômbia, que acusou os EUA de usar a guerra às drogas para dominar o Sul Global. Não perca esta análise profunda dos bastidores e dos significados por trás das falas que definiram esta sessão histórica. Ouça agora o novo episódio do QG Podcast!Roteiristas: Isabel Bueno e Thiago BaboApresentadoras: Felipe Alcântara e Rafaela LimaEdição: Felipe AlcântaraSupervisão: Prof. Dr. Thiago Babo
Este painel reúne profissionais do audiovisual com trajetórias diversas para refletir sobre os caminhos e desafios da circulação de filmes entre o Brasil e o continente africano. A conversa propõe repensar rotas, interesses e assimetrias que moldam os circuitos de distribuição entre o Sul Global, com foco na construção de alianças sustentáveis e criativas.A partir de experiências práticas e contextos institucionais distintos, os participantes discutirão formas de fortalecer a cooperação internacional, estratégias de coprodução, formação de redes e políticas públicas voltadas à presença dos cinemas africanos e brasileiros em seus próprios territórios e no cenário global. A língua portuguesa será considerada como uma das possíveis pontes nesse processo — mas o foco estará em ampliar perspectivas e imaginar novos modelos de colaboração entre América do Sul, África e além.Convidados:• Emerson Dindo – diretor executivo do DiALAB | Brasil • Jorge Cohen – produtor da Geração 80 Produções | Angola • Mário Borgneth – cineasta, produtor e coordenador executivo do Programa CPLP Audiovisual 2025 | Brasil • Romeo Umulisa – diretor do Creative Africa Lab | RuandaMediação: Tatiana Carvalho Costa – professora, curadora e Presidente da APAN | Brasil *Debate em português e inglês sem tradução. Áudio original.
Presidente da nação africana, de língua portuguesa, reafirmou compromisso com multilateralismo e eleições pacíficas; Umaro Sissoco Embaló destacou necessidade de reformas na ONU para fortalecer Sul Global; ele apelou à cooperação internacional para enfrentar crises globais e reduzir desigualdades.
Vijay Prashad - Análise Crítica de Um Mundo em Guerra - Programa 20 MinutosNo Programa 20 Minutos, Breno Altman entrevista Vijay Prashad, um dos intelectuais mais respeitados da esquerda internacional, para uma análise crítica do mundo em guerra. A conversa aborda os conflitos entre o Norte e o Sul Global, a disputa por hegemonia, o papel dos EUA e da OTAN, a resistência dos povos e a necessidade de novas alternativas geopolíticas. Um debate essencial para compreender as contradições do nosso tempo.#VijayPrashad #Programa20Minutos #SulGlobal #Geopolítica #BrenoAltman
O convidado do Vozes da Vez desta semana é daqueles artistas que a gente apresenta com um sorriso no rosto. Seu currículo fala por si: cantor, compositor, rapper, integrante fundador do Planet Hemp e criador de pontes entre rap, dub, reggae, funk, rock e afrobeat. Formado no calor da cena carioca, BNegão conversou com a jornalista Fabiane Pereira sobre sua trajetória e sobre o lançamento do seu disco solo “Metamorfoses, Riddims e Afins”, um trabalho que confirma sua vocação para juntar pista de dança e pensamento crítico, tradição afro-diaspórica e texturas eletrônicas.
Acontece em Tianjin, na China, o segundo dia da Cúpula da Organização para Cooperação de Xangai. O evento reuniumais de 20 líderes internacionais para falar sobre segurança, energia e coordenação no chamado Sul Global. E ainda:- Acontece na quarta-feira, depois da cúpula da OCX, um desfile militar de grande porte chinês, com o objetivo de comemorar os 80 anos do fim da Segunda Guerra na Ásia- Onda de protestos na Indonésia acontece por conta de auxílios e gastos excessivos de políticos- Terremoto de magnitude 6 atinge o leste do Afeganistão, na noite deste domingo, deixando mais de 800 mortos e mais de 2.500 feridos. E número segue aumentandoVote no Mundo em 180 Segundos clicando aqui Notícias em tempo real nas redes sociais Instagram @mundo_180_segundos e Linkedin Mundo em 180 SegundosFale conosco através do redacao@mundo180segundos.com.br
Moeda comum do Brics? Uso de moedas nacionais no comércio exterior? Substituição pela moeda chinesa? O BdF Entrevista desta quinta-feira (31), recebe o professor de Economia Política Maurício Metri para uma conversa sobre desdolarização. Ele explica como o dólar se tornou a moeda comum no comércio exterior, quais as implicações disso e como o Sul Global pode se tornar menos dependente da moeda estadunidense.
O Brics está no olho do furação com os ataques de Donald Trump. Aproveitamos este momento para debater temas polêmicos em relação ao Brics: é um bloco? É anti-imperialista? Representa o “Sul Global”? Bora conversar!
Bom dia! ☕️Conheça os calçados da Yuool aqui.Dicas de leituras e trends literárias aqui com Papel Pólen.No episódio de hoje:
Acordo foi saudado por vários representantes da sociedade civil; ativistas do Sul Global pediram maior liderança para enfrentar desigualdades; temas como impostos para o desenvolvimento e taxação de “super ricos” também foram debatidos.
Brasília sediou o 11º. Fórum Parlamentar do BRICS, com foco em equidade, liderança e cooperação internacional, em um momento decisivo para a redefinição das relações multilaterais e da promoção da equidade de gênero. A conferência reuniu lideranças femininas dos países-membros e associados para discutir o papel estratégico das mulheres no desenvolvimento sustentável, inovação e diplomacia. O encontro teve como tema central “Mulheres, Poder e Transformação: Liderando a Nova Agenda do Sul Global” e reuniu chefes de Estado, ministras, parlamentares, empresárias, acadêmicas, ativistas e representantes da sociedade civil dos países do bloco.
O Congresso Nacional promove nesta semana o 11º Fórum Parlamentar do Brics com a participação de aproximadamente 150 deputados ou senadores de 15 nações. Além de parlamentares dos 11 membros permanentes do bloco, formado inicial por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o encontro contará com delegações de países parceiros, como Cuba, Bolívia, Nigéria, Cazaquistão e Belarus. Entre os temas debatidos estarão iniciativas legislativas na área de regulação da Inteligência Artificial, saúde global, crise climática, desenvolvimento econômico, reforma na governança mundial para paz e segurança e sobre a participação das mulheres nos diversos temas. Em entrevista à Rádio Eldorado, o embaixador Rubens Barbosa, que preside o Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), disse que não há expectativa de consenso entre todos os participantes no documento a ser divulgado ao final do encontro, mas destacou que os países devem reforçar a necessidade cooperação entre as nações emergentes do chamado Sul Global.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O Congresso Nacional recebe, entre os dias 3 e 5 de junho, o XI Fórum Parlamentar do Brics , com a participação de 31 casas legislativas e cerca de 150 parlamentares de outros países. Neste 2025, o Brasil ocupa a presidência do Brics, com o lema ‘Fortalecendo a Cooperação do Sul Global por uma Governança mais Inclusiva e Sustentável', tem como um dos temas prioritários as mudanças climáticas. O jornalista Cesar Mendes conversou com Laís Sacramento, consultora do Senado e especialista em meio ambiente, sobre os temas. Laís fala sobre o financiamento climático, o papel fundamental na transição para uma economia verde, sustentável e com menos emissões de gases do efeito estufa. A consultora também destaca o princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, adotado pelas 196 nações signatárias do Acordo de Paris (2015) e explica os quatro eixos prioritários propostos pelo Brasil para o Grupo de Trabalho sobre Meio Ambiente do Brics.
Depois de anos ao lado de Planet Hemp e Seletores de Frequência, BNegão chega na praça com o primeiro trabalho solo, Metamorfoses, Riddims e Afins. Segundo ele, o trabalho consagra a transição do músico para as raízes brasileiras e latinas, se distanciando de influências que formaram outros trabalhos do artista. Sem medo de se posicionar, BNegão Conversa Bem Viver.Foto: Jozzuu
No Fórum CELAC-China, Lula reforçou a união regional, a luta contra desigualdades e defendeu mais protagonismo do Sul Global. O presidente também destacou a importância da COP 30 e criticou distorções no comércio internacional e na governança global.Sonoras:
Na China, Lula garante US$ 1 bilhão em investimentos para produção de SAF no Brasil e firma parcerias em energia renovável, tecnologia e agroindústria. Comércio entre os países bate recorde e reforça aliança estratégica entre as maiores economias do Sul Global.Sonoras:
TUTAMÉIA acompanha ao vivo primeiros momentos do encontro dos presidentes Lula e Putin no Kremlian, depois da grande parada militar e das cerimonias no marco dos 80 anos da vitoria da União Soviética sobre o nazismo.LULA disse: Vivemos em tempos muito difíceis. Muitas das coisas que acreditávamos que aconteceriam depois da Segunda Guerra Mundial, como o fortalecimento do multilateralismo, o fortalecimento da ONU, o crescimento do livre comércio, acreditávamos que essas coisas aconteceriam a longo prazo, para que houvesse garantias de paz no mundo. Mas, infelizmente, não vivemos nessa paz hoje.As decisões que foram tomadas e que foram expressas pelo Presidente dos Estados Unidos, a política tarifária para todos os países, enterram a questão do livre comércio, a questão do fortalecimento do multilateralismo e também enterram o respeito pelas nações livres, que não podemos esquecer.Minha visita hoje tem como objetivo fortalecer a construção da nossa parceria estratégica. O Brasil tem interesse político, cultural e comercial, e também temos interesse na Rússia em tecnologia e ciência. Da sua parte, também há muitos interesses no Brasil. Somos nações enormes, estamos em lados opostos do globo.Nós somos o Sul Global e agora temos a oportunidade de criar algo que fará nossos relacionamentos comerciais crescerem. Temos cerca de 12,5 bilhões de dólares [em volume de negócios] – um fluxo bastante deficitário para o Brasil. Mas vemos que há potencial de crescimento, e ele é muito grande. É por isso que estamos aqui.
Bom dia 247: Lula aposta tudo no Sul Global (11.5.25) by TV 247
O novo mapa do IBGE põe o Brasil no centro do mundo e vira o Sul para cima. Não é só cartografia — é geopolítica simbólica. A mensagem é clara: “o Sul Global lidera”. Mas a inversão esbarra em convenções técnicas e ignora marcos históricos, culturais e políticos. Até onde a simbologia política pode redesenhar o mundo?Conheça os livros que indico na minha lista de desejos da Amazon - https://amzn.to/351TTGKSe você acha nosso trabalho relevante e reconhece as horas dedicadas à pesquisa e formulação de todo o conteúdo, você pode se tornar apoiador do blog. Veja como em https://paulofilho.net.br/apoieoblog/Não deixe acompanhar o Blog do Paulo Filho, em http://www.paulofilho.net.br e de nos seguir nas redes sociais:Receba notificações diárias sobre assuntos estratégicos e geopolíticos no Telegram - https://t.me/paulofilho90Siga-nos no Twitter - https://x.com/PauloFilho_90Siga-nos no Linkedin - https://www.linkedin.com/in/paulo-filho-a5122218/Siga-nos no Instagram - https://www.instagram.com/blogdopaulofilho/ Conheça os livros que indico na minha lista de desejos da Amazon - https://amzn.to/351TTGK
NESTA EDIÇÃO. Ásia volta a ganhar protagonismo nas exportações da Petrobras, com queda nas vendas para os EUA. Aneel recomenda renovação do contrato de distribuição da EDP Espírito Santo, primeira das 18 concessionárias em análise de extensão do contrato. Com acordo aprovado em assembleia, Eletrobras fica desobrigada de investir nas obras da usina nuclear de Angra 3. Companhia também elegeu novo conselho de administração. Portugal e Espanha têm fornecimento de energia restabelecido após apagão; Rystad vê dificuldades para equilibrar o fornecimento intermitente das renováveis na região. No Rio, ministros das Relações Exteriores dos Brics pedem financiamento climático e industrialização de minerais críticos em países do Sul Global.
Jorge Mario Bergoglio foi o primeiro Papa latino-americano, o primeiro jesuíta a chegar ao topo da Igreja Católica e, a par do seu humanismo e progressismo, levou até ao Vaticano uma visão do mundo vinda das “periferias” – da fé, da sociedade e também das geográficas, do que hoje se chama de Sul Global. Poucos dias após a sua morte, aos 88 anos, Teresa de Sousa e Carlos Gaspar discutem o seu legado, o seu “exemplo”, os debates “impossíveis” que começou na Igreja, mas também o seu posicionamento controverso sobre a invasão russa da Ucrânia ou as relações com a República Popular da China. Num pontificado acompanhado pela ascensão dos populismos, da xenofobia, da extrema-direita e da guerra, qual é hoje a verdadeira influência do Papa e da Igreja Católica nas relações internacionais? “Francisco conseguiu, a nível mediático, [representar] a ideia de um ‘anti-Trump’”, diz Teresa de Sousa no episódio desta semana do podcast Diplomatas. “Ele era a figura que mais rebatia, pelo seu exemplo, a ideia dos autocratas e dos que se vêem a si próprios como homens fortes”, defende a jornalista. “Ele encarna muito a figura do anti-Trump, do homem bom, do homem que apela ao melhor das pessoas – quer sejam americanos, europeus ou latino-americanos –, quando Trump apela ao pior das pessoas.” Neste episódio, discutiu-se ainda a disponibilidade do Governo dos Estados Unidos para reconhecer a anexação russa da Crimeia, aceitar o congelamento da linha da frente na sua configuração actual e proibir a entrada da Ucrânia na NATO no futuro. O reconhecimento da anexação da península ucraniana pela Federação Russa, em 2014, seria “uma ruptura com o mais antigo dos princípios da diplomacia norte-americana, que vem dos tempos do isolacionismo, que é a de não tomar posição em relação a disputas territoriais”, sublinha Carlos Gaspar. “Do ponto de vista da diplomacia americana, é uma viragem importante. Nem sequer a China reconhece a anexação da Crimeia”, nota o investigador do IPRI-NOVA. “É uma concessão excessiva e difícil de explicar.”See omnystudio.com/listener for privacy information.
Em apenas oitenta dias, os pilares da globalização liberal começaram a ruir, minados por quem mais beneficiou dela: os próprios Estados Unidos. Mas será o trumpismo uma ideologia estruturada para refazer o mundo, ou apenas um sintoma de declínio imperial? A Europa vê-se paralisada entre dois polos: a antiga aliança com os EUA — agora hostis — e a ascensão de uma China confiante, que se posiciona como o centro de uma nova ordem global. Num cenário multipolar, o velho continente corre o risco de se tornar irrelevante. A Nova Rota da Seda simboliza esta transição, com a China a assumir o papel de maior investidor global, especialmente no Sul Global. Estaremos perante um novo imperialismo ou uma nova visão da globalização? Bruno Maçães, político e académico, mergulha nas consequências do trumpismo, no papel transformador da China e no colapso da ideia de “Ocidente”. Através da sua experiência internacional e pensamento estratégico, oferece pistas sobre um mundo em mutação — onde a estabilidade do passado já não é garantida.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Bom dia 247_ Lula_ um herói do Sul Global _29_3_25_ by TV 247
Olá, ouvintes! Diversas pesquisas apontam para um fenômeno tão interessante quanto curioso que ocorre no Brasil: as classes emergentes – grupo formado por pessoas que saíram da miséria no século XXI e ascenderam socialmente – tendem a votar na extrema-direita. Mas você sabia que esse não é um fenômeno exclusivamente brasileiro? Ele também pode ser observado em outros países do Sul Global.Neste episódio, discutimos a relação entre as extremas-direitas e as classes emergentes. Para isso, exploramos algumas transformações do capitalismo global no século XXI e como elas criaram as bases materiais para o crescimento desses movimentos. Também analisamos as semelhanças entre países como Brasil, Índia e Filipinas, que, ao apresentarem um bom desempenho econômico nas últimas décadas e retirarem milhões de pessoas da miséria, registraram um forte apoio a políticos de perfil autoritário.Por fim, examinamos dados que revelam como as classes emergentes foram um dos principais grupos de apoio a Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. Além disso, analisamos as pesquisas atuais de aprovação do governo Lula, que mostram que esse segmento está entre os mais insatisfeitos.Ficou interessado? Então coloque seu fone, dê o play e aproveite mais um episódio do Estação Brasil!Se você gostou do episódio, considere apoiar nosso trabalho para manter o Estação no ar.Pix: estacaobrasilfm@gmail.comOu torne-se membro em: apoia.se/estacaobrasilfm
Neste episódio, recebemos novamente Felipe Pepe, autor e organizador de The CRPG Book: A Guide to Computer Role-Playing Games, que voltou a nossa mesa virtual para conversar sobre o livro de Brendan Keogh, The Videogame Industry Does Not Exist: Why We Should Think Beyond Commercial Game Production. Neste livro, o autor descreve a precária realidade da produção de videogames e porque devemos buscar uma nova alternativa. "A indústria de videogames, somos invariavelmente informados, é um negócio multibilionário de alta tecnologia conduzido por grandes corporações na América do Norte, Europa e Leste Asiático. Mas, na realidade, a maioria dos videogames hoje é feita por pequenos grupos de pessoas trabalhando com orçamentos apertados, confiando em plataformas de software existentes e disponíveis gratuitamente e esperando, muitas vezes em vão, chegar ao estrelato — em suma, pessoas trabalhando como artistas. Visando diretamente essa desconexão entre percepção e realidade, The Videogame Industry Does Not Exist apresenta uma imagem mais precisa e matizada de como a vasta maioria dos fabricantes de videogames trabalha." Leia também A Colonização da História dos Video Games, artigo do Felipe que foi citado durante o episódio e ouça sua última participação no Regras do Jogo #204 – CRPGs, imprensa de games e o Sul Global. Ajude a financiar o Holodeck Design no Apoia.se e Orelo.cc ou fazendo doações pelo PicPay. Siga o Holodeck Design no Twitter, Facebook, Instagram e TikTok e entre no grupo para ouvintes do Telegram! Nossos episódios são gravados ao vivo em nosso canal na Twitch e YouTube, faça parte também da conversa. Participantes Fernando Henrique Anderson do Patrocínio Felipe Pepe Cupons de Desconto regrasdojogo – 10% Descontos em todas as camisas da Veste Esquerda. Músicas: Persona 5 – Beneath The Mask lofi chill remix
As ameaças de Trump ao BRICS, com tarifas de 100% contra a desdolarização, nada mais são do que a face brutal do imperialismo norte-americano, que busca perpetuar sua dominação sobre a Latinoamérica e o Sul Global. A resistência do bloco, liderada pelo Brasil, é um passo crucial na luta por soberania e justiça, desafiando a hegemonia do dólar e construindo alternativas anti-imperialistas.Contamos neste episódio com a participação de Luiz Aguiar, doutor em História Comparada pela UFRJ, especializado em Geopolítica e Relações Internacionais, que nos ajudou a compreender o panorama geral dessa questão.______Acesse ohistoriante.com.brConheça os cursos do prof. Luiz Aguiar: História da Política Externa Brasileira e Introdução à Geopolítica das Grandes Potências______APOIE O HISTORIANTE! No apoia.se/historiante ou no app da Orelo, contribua com R$4 mensais. Além de nos ajudar, você tem acesso ao nosso grupo de recompensas! Você também pode colaborar com qualquer valor em nosso PIX ohistoriante@gmail.com______Cast: Cleber Roberto, Pablo Magalhães e Katiane Bispo.Edição: Reverbere EstúdioCapa: foto de Shutterstock/Oleg Elkov. Waving flags of the BRICS countries against the clear blue sky. The summit of Brazil, Russia, India, China and South Africa. 1417142897______Leia os artigos do Portal Águia, nosso parceiro de conteúdos!______OUÇA O HISTORIANTE NA ORELO! A cada play nós somos remunerados, e você não paga nada por isso! https://orelo.cc/ohistoriante______OUÇA NOSSA PLAYLIST______- OBRIGADO APOIADORES! Alex Andrade; Aldemir Anderson; Andreia Araujo de Sousa; Aciomara Coutinho; Arley Barros; Bruno Gouvea; Carolina Yeh; Charles Guilherme Rodrigues; Eduardo dos Santos Silva; Eliezer Gomes Fernandes; Frederico Jannuzzi; Flavya Almeida; Flávio Cavalcante Veiga; Flávio José dos Santos; Helena de Freitas Rocha e Silva; Hélio de Oliveira Santos Junior; Jarvis Clay; João Victor Dias; João Vitor Milward; Jorge Caldas Filho; Juliana Duarte; Juliana Fick; Katiane Bispo; Marcelo Raulino Silva; Marco Paulo Figueiredo Tamm; Márcia Aparecida Masciano Matos; Núbia Cristina dos Santos; Poliana Siqueira; Raquel; Ronie Von Barros Da Cunha Junior; Sae Dutra.
Essa semana falamos amplamente sobre os jogos de luta, sua importância na Ásia e a ligação com os países do Sul Global, que a partir de uma realidade precarizada, abraçou jogos como The King of Fighters e Street Fighter. Para falar sobre isso, recebemos diretamente do site Jogabilidade, Fernando Tengu, jornalista e tradutor que acompanha a cena de jogos de luta há décadas. Ajude a financiar o Holodeck Design no Apoia.se e Orelo.cc ou fazendo doações pelo PicPay. Siga o Holodeck Design no Twitter, Facebook, Instagram e TikTok e entre no grupo para ouvintes do Telegram! Nossos episódios são gravados ao vivo em nosso canal na Twitch e YouTube, faça parte também da conversa. Participantes Fernando Henrique Anderson do Patrocínio Fernando Tengu Cupons de Desconto regrasdojogo – 10% Descontos em todas as camisas da Veste Esquerda. Músicas: Persona 5 – Beneath The Mask lofi chill remix Nujabes – World without words
Adriana Barbosa, CEO da PretaHub e presidente do Instituto Feira Preta, fala sobre empreendedorismo negro no Brasil, consumo e a trajetória do debate de raça desde que fundou a iniciativa, há 22 anos. A empresária faz um paralelo com o futebol e aponta um engajamento maior da geração atual, simbolizada pelo jogador Vini Jr., em comparação com as anteriores, como a de Neymar. Ao relatar a experiência na Feira Preta, a executiva reforça a importância do olhar que teve para o movimento mercadológico, além do ativismo. Hoje em expansão internacional, Adriana aborda ainda como tem se conectado a outras redes e defende: "Começamos a olhar a diáspora africana como um sexto território. Nesse sentido, nosso trabalho não tem fronteiras e começamos a estabelecer relação com outros países e iniciativas que trabalham com a questão racial e o empoderamento econômico. Acreditamos no levante do Sul Global e no levante econômico da população negra e indígena.” Siga o Falas W2W para não perder os próximos programas e acompanhe o Women to Watch em outros canais: Site: https://womentowatch.com.br Instagram: @womentowatchbrasil LinkedIn: https://www.linkedin.com/showcase/womentowatchbrasilSee omnystudio.com/listener for privacy information.
O movimento religioso pentecostal, surgido nos Estados Unidos no começo do século 20, espalhou-se rapidamente pelo Sul Global, desafiando o Vaticano a intensificar seus esforços de evangelização entre muçulmanos, principalmente depois dos atentados extremistas de 11 de setembro de 2001. Com as guerras no Afeganistão e no Iraque tornando perigosa a presença de missionários americanos, cristãos latino-americanos foram mobilizados para dar continuidade a essa missão global. Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova YorkNo livro Soul by Soul (Columbia Global Reports, 2023), a jornalista Adriana Carranca aborda a expansão do cristianismo evangélico pentecostal usando como fio condutor a experiência de uma família missionária brasileira que se muda para o Afeganistão. Carranca é uma jornalista conhecida por seu trabalho como correspondente de guerra, tendo coberto conflitos no Oriente Médio, na Ásia e na África, além de temas como direitos humanos, questões de gênero e política internacional.A Rádio França Internacional conversou com a autora durante o lançamento de sua primeira obra em inglês no teatro Martin E. Segal, na Universidade da Cidade de Nova York, na última terça-feira (17). Ela falou sobre as razões para o crescimento exponencial do número de missionários brasileiros no Brasil e no exterior.Segundo ela, um movimento pouco conhecido vem ganhando força nos últimos anos: famílias brasileiras estão indo, de forma clandestina, para países de maioria muçulmana, como Afeganistão, Iraque e Síria, com o objetivo de evangelizar esses povos. Por isso, o encontro com um casal brasileiro, dono de uma pizzaria em Cabul, levantou as suspeitas da experiente repórter: "Na época, pensei que eles poderiam ser mercenários, pessoas independentes que vão lutar nesses países por contrato, ou então traficantes, porque o Afeganistão tem muito ópio", relembra. No entanto, logo ficou claro que essa família tinha outro propósito: disseminar a fé cristã em regiões de difícil acesso.O Brasil, embora tenha uma forte tradição católica, desponta como o segundo país que mais envia missionários evangélicos ao exterior. "É um número absurdo de pessoas", comenta Adriana. Esse crescimento tem suas raízes no movimento pentecostal, que, no início, se espalhou pela América Latina com a premissa de que a palavra de Deus estava sendo distorcida pela Igreja Católica. "Eles começaram a traduzir a Bíblia para várias línguas, com a ideia de que precisavam espalhar a palavra de Deus, pois acreditavam que a Igreja Católica estava distorcendo essa mensagem", explica.O pentecostalismo encontrou terreno fértil na América Latina, em parte devido à mistura de influências culturais e religiosas. "Foi facilmente aceito, também pela influência africana na região. O pentecostalismo prega que não há hierarquia na igreja, que todos são filhos de Deus e qualquer pessoa pode receber o Espírito Santo", aponta a autora. Esse modelo igualitário atraiu muitas pessoas, especialmente nas comunidades mais pobres. "No Brasil, a mensagem era: 'Você pode se tornar pastor, mesmo que não saiba ler ou escrever, porque o poder do Espírito Santo vai te guiar'", conta.Reserva de missionários na América LatinaA expansão desse movimento foi significativa, e, em 2002 e 2003, líderes começaram a ver os perigos de enviar missionários americanos para regiões de conflito, como o Afeganistão. "Houve muitos casos de assassinatos, e os líderes se perguntavam o que fazer. Foi quando perceberam que tinham um 'exército' não utilizado na América Latina. Decidiram enviar latino-americanos, pois eles não eram alvos de ataques como os americanos", explica Adriana.Após o atentado de 11 de setembro de 2001, o cenário se tornou ainda mais arriscado para os americanos. "O campo ficou muito perigoso, e então começaram a enviar latino-americanos em massa para o Oriente Médio e a Ásia", acrescenta. Os missionários latino-americanos, sem depender de grandes recursos, encontravam maneiras de se sustentar. "Eles não precisavam do dinheiro das igrejas americanas para sobreviver. Arranjavam o que fazer por lá", comenta.O trabalho missionário, no entanto, é cercado de complexidades. No Afeganistão, por exemplo, a maioria dos convertidos eram hazaras, uma minoria étnica e religiosa historicamente perseguida pelos talibãs. "Os talibãs são de etnia pashtun, enquanto os hazaras são uma minoria xiita. Eles são historicamente massacrados e perseguidos", diz Adriana. Ela não tem dúvidas de que parte das conversões acontece por necessidade de segurança, ajuda humanitária e pelo sentimento de estarem sendo abandonados por seus próprios irmãos de fé. "Os irmãos muçulmanos estão me matando, estão me perseguindo", relata.Pobreza no Afeganistão não assusta brasileirosUm outro fator curioso quanto à facilidade de adaptação dos missionários brasileiros em zonas de conflito é que a realidade de violência e pobreza no Afeganistão não choca tanto os missionários brasileiros quanto os americanos. "A pobreza no Afeganistão não é tão chocante para o brasileiro como é para os americanos. A própria violência também não assusta tanto. O Brasil, em termos de assassinatos, é o país com o maior número", ressalta Adriana. Em comparação, segundo ela, o Afeganistão, em números, é mais seguro do que o Brasil.Além do Oriente Médio, muitos missionários brasileiros tais como os que compõem a família central do livro de Carranca passam a ver a crise dos refugiados como uma oportunidade para evangelizar na Europa. "Viram isso como uma bênção", explica a jornalista. Para esses missionários, tudo faz parte de um plano maior. "Para eles, tudo era um plano de Deus desde o começo", conclui Carranca.
Lula falou, durante evento na Suíça, em criar um projeto de inteligência artificial para o sul global com o objetivo de “competir com os países mais ricos”.Segundo o petista, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) precisa trabalhar com a ONU e países para que “a gente construa um projeto de Inteligência Artificial que seja do Sul Global, para que a gente possa competir com os países mais ricos, que, ao criar a Inteligência Artificial, tentam manipular o restante da humanidade”.Felipe Moura Brasil e Carlos Graieb comentam:Ser Antagonista é fiscalizar o poder. Apoie o jornalismo Vigilante: https://bit.ly/planosdeassinatura Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp. Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais. https://whatsapp.com/channel/0029Va2S... Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast. Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br
Um relatório tornado público essa semana indica que Nestlé acrescenta açúcar a produtos destinados ao público infantil a partir dos 6 meses de idade. Além disso, indicou que há uma assimetria importante: os produtos em questão: linha Ninho e Mucilon, não têm açúcar adicionado na Europa, apenas no Sul Global. Área de membros do blog Ciência Low-Carb: Clique Aqui! Estamos no Instagram: Dr. Souto - Sari Fontana Para ser avisado sobre cada novo episódio e receber os links das matérias mencionadas e as referências bibliográficas por e-mail, cadastre-se gratuitamente em https://drsouto.com.br/podcast Adquira seu livro - UMA DIETA ALÉM DA MODA: Amazon (também na versão Kindle)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a cobrar que países ricos e industrializados estabeleçam metas mais ambiciosas no enfrentamento às mudanças climáticas e financiem projetos relacionados ao tema nos países pobres e em desenvolvimento em discurso na COP28, em Dubai. Segundo Lula, muitos países do chamado "Sul Global" (antigo Ter ceiro Mundo) não terão condições de implementar suas metas ou assumir novos compromissos. "Não falou nada de petróleo, mas, ao mesmo tempo, o Brasil está discutindo a entrada ou não na Opep e Lula acaba de sair de países grandes produtores do óleo, além de tratar de parcerias com Mohammad bin Salman. São mensagens dúbias. Para o público do Clima e Meio Ambiente, o discurso é um. Já no ambiente onde o Brasil é produtor de Petróleo, é outro", diz Eliane.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Pauta:1) G20 NA INDIA: FOI MESMO UMA VITÓRIA PARA O SUL GLOBAL?2) PUTIN SE ENCONTRA COM KIN JONG UN 3) ESTAMOS DE OLHO4) BOA NOTÍCIA
O jornalista angolano José Gama e a professora de direitos humanos Laura Macedo comentam neste episódio do podcast Latitude as falas do presidente Lula sobre levar empresários brasileiros para fazer negócios em Angola. Eles comentam os desvios de corrupção com a Odebrecht e falam do regime corrupto liderado por João Lourenço, herdeiro político de José Eduardo dos Santos. Apoie o jornalismo independente. O Antagonista está concorrendo ao prêmio IBEST 2023. Categoria 'Canal de Política' vote: https://app.premioibest.com Categoria 'Canal de Opinião' vote: https://app.premioibest.com Contamos com a sua ajuda para trazer o troféu para casa. Assine o combo O Antagonista + Crusoé: https://assine.oantagonista.com/ Siga O Antagonista nas redes sociais e cadastre-se para receber nossa newsletter: https://bit.ly/newsletter-oa Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br