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Expedição científica revela biodiversidade desconhecida nos Bijagós

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Play Episode Listen Later Jul 31, 2025 20:34


A investigação no arquipélago da Guiné-Bissau permitiu conhecer uma biodiversidade local rica e até então desconhecida, mas também mostra a presença alarmante de espécies não nativas num dos ecossistemas mais intactos da África Ocidental. O trabalho liderado equipa do Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR), em portugal, em colaboração com as instituições locais da Guiné-Bissau, Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP), e o Instituto Nacional de Investigação Pesqueira e Oceanográfica (INIPO), documentou, em 2023, 28 novos registos de invertebrados marinhos no arquipélago de Bijagós, incluindo seis espécies nunca antes observadas no Atlântico Oriental e encontrou duas novas espécies de camarão endémicas da região: a Periclimenes africanus e uma segunda, ainda não descrita, do género Palaemon. A expedição científica envolveu comunidades piscatórias e foi também elemento dinamizador da formação de técnicos locais. Em entrevista à RFI, Ester Serrão, coordenadora da expedição e investigadora da Universidade do Algarve e do CCMAR, refere que o sucesso da missão só foi possível graças à excelente colaboração das equipas de Portugal e da Guiné-Bissau. Ester Serrão começa por descrever o valor da biodiversidade dos Bijagós, facto que fez com que o arquipélago tenha sido classificado pela UNESCO como Património Mundial Natural. Ester Serrão, coordenadora da expedição e investigadora da Universidade do Algarve e do CCMAR: Em termos de natureza, é extraordinária. É uma zona onde os ecossistemas são geridos por entidades oficiais em grande estreita colaboração e dependente das pessoas que vivem nos Bijagós, que têm as suas próprias regulamentações, as suas próprias tradições e, portanto, toda a utilização da natureza é, desde há muito tempo, feita de uma forma muito integrada entre as pessoas que lá vivem e, em algumas zonas, nem sequer há pessoas, porque são muitas, muitas ilhas e, portanto, eles gerem certas ilhas mesmo como reservas que eles próprios criam devido a suas tradições e a considerarem que certas zonas, por exemplo, são sagradas, etc. Para além da riqueza natural que esta zona tem, por ser uma arquipélago com tantas ilhas e com tanta riqueza que vem da sua localização privilegiada e da situação, com umas ilhas mais próximas da zona de grandes rios, de grandes mangais e outras mais longínquas, mais afastadas, com águas mais transparentes, tudo isto, são zonas de poucas profundidades, etc. Toda esta situação geológica, oceanográfica e climática cria ecossistemas muito ricos. Para além disso, a gestão pelas pessoas não tem sido um foco de destruição significativo como tem sido muito mais noutras zonas vizinhas, digamos, e, portanto, recebeu este reconhecimento muito merecido de ser Património Mundial Natural. RFI: Esteve a coordenar um projecto nos Bijagós, quais os objectivos deste projecto quando se propôs avançar com esta investigação? Ester Serrão: O programa é para toda a costa atlântica de África. Os Bijagós é um dos locais particulares onde focámos mais atenção e o objectivo era conhecer a distribuição das espécies, que espécies existem, a composição das espécies marinhas menos conhecidas. Há muitos outros estudos, programas e projectos de outras entidades e de outros países sobre, principalmente, espécies mais carismáticas, como aves, como tartarugas, como mamíferos marinhos, até peixe. Nós focámos mais em aspectos da biodiversidade, então, complementares aos que se conheciam, pouco conhecidos, como o que chamamos genericamente florestas marinhas, que podem ser florestas animais, como os corais, as esponjas e outros grupos de invertebrados com os nomes difíceis de as pessoas conhecerem, e também grandes macroalgas, plantas marinhas, portanto, este tipo de biodiversidade que está debaixo da superfície do mar e que, normalmente, as pessoas não conhecem, porque só indo para debaixo do mar é que as conseguem ver, quanto muito na maré muito baixa. Mas, também, tivemos por objectivo dar a conhecer a informação toda que já existe, mas que não está facilmente disponível ao público, porque houve já muitos projectos, muitos estudos, etc., que estão publicados, por exemplo, em artigos científicos, ou em teses, ou em relatórios de projectos, e toda essa informação, se as entidades locais quiserem utilizá-la para a gestão, ou, por exemplo, para o dossiê da candidatura ao património mundial, era difícil chegar a toda esta informação. O que fizemos foi, penso, uma contribuição muito útil para a gestão, para a ciência, para os cidadãos, foi pôr a informação toda disponível, foi recolher a informação que existe em portais, em publicações, em relatórios, muitas vezes não publicada, nos dossiês, nas prateleiras, e juntar toda essa informação, colocá-la toda numa base de dados única, e disponibilizá-la num portal de utilização livre, gratuito, e qualquer pessoa pode ir lá, recolher os dados, ver os mapas de distribuição das espécies, etc. Por exemplo, no caso dos Bijagós, isto teve muita utilidade o dossiê, porque, quando perguntaram às entidades de conservação e gestão da natureza da Guiné-Bissau, quais são as espécies que existem dentro da zona a proteger, da zona a designar, comparativamente com fora, nós tínhamos recolhido neste projecto já essa informação toda. Tínhamos as coordenadas geográficas onde já tinham sido avistadas cada espécie, e toda a informação e todos os estudos tinham sido feitos anteriormente. Portanto, estamos a desenvolver este programa, não só para os Bijagós, como estamos a tentar desenvolver isto para toda a costa atlântica da África.   RFI: Este foi um trabalho realizado não só com gente que a acompanhou daqui da Universidade do Algarve, também envolveu investigadores da Guiné-Bissau e a comunidade local. Ester Serrão: A comunidade local é essencial, não se podia fazer este trabalho sem a comunidade local. O programa inteiro foi, logo de início, planeado com entidades locais. Foram, primeiro, feitas conversas e inquéritos sobre quais são as vossas necessidades, em que é que gostariam de ter mais formação ou mais apoio do ponto de vista científico, e depois desenvolvemos este programa, tanto para recolher informação em falta, como para fazer capacitação, ou seja, para melhorar o conhecimento em certas metodologias que poderiam ser úteis a quem já é profissional nestas instituições, mas que gostaria de melhorar a sua formação, por exemplo, em sistemas de informação geográfica, ou em estatística, ou em outras técnicas ou outros conhecimentos. E, portanto, em colaboração com as entidades locais, definimos quais eram as lacunas de conhecimento e estabelecemos o mestrado profissional para profissionais apenas, para pessoas que já trabalhavam, pelo menos, há cinco anos, por exemplo, nos institutos da pesca, nos institutos da conservação de natureza, em organizações não-governamentais, etc. Tivemos vários tipos de estudantes que vieram trabalhar neste programa, recolher também os dados e informação e integrá-los e levá-los de volta para os seus países. Portanto, as campanhas foram planeadas com as entidades locais e com estudantes para contribuir para as suas teses e para a informação que as entidades locais necessitavam. E depois, as campanhas locais foram organizadas com eles. Planeámos conjuntamente onde é que deveríamos ir fazer as amostragens, quais eram os sítios mais importantes, o que é que deveríamos ir estudar, e, portanto, o seu conhecimento local era indispensável. Nós fizemos um conhecimento complementar ao que eles já tinham, Acaba por ser uma sinergia, um daqueles casos em que o todo é mais do que só uma das partes isoladas. No caso dos Bijagós, por exemplo, a maior parte do trabalho foi desenvolvido com o Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas, que fazem um trabalho excelente na zona, com os recursos que têm, fazem um trabalho excelente, são exemplares, de facto. RFI: Foi recentemente publicado o resultado desta investigação. Quais são as descobertas mais assinaláveis, de maior relevo, que este vosso trabalho veio a revelar? Ester Serrão: A biodiversidade subaquática, a biodiversidade que fica debaixo da superfície do mar e que não é visível facilmente a qualquer um, tem muitas espécies e muitos habitais que não eram conhecidos anteriormente. O que foi mais surpreendente, que os próprios colaboradores, os outros biólogos das entidades locais nos diziam que ficavam surpreendidos, é que como nós íamos a mergulho com o escafandro autónomo, podíamos passar muito tempo dentro de água, olhar para o fundo e encontrar espécies que só se encontram estando ali, com cuidadinho, a olhar para o fundo e a ver, “ah! está aqui esta no meio das outras”, etc. Portanto, descobrimos florestas de corais, alguns corais que parecem árvores, porque são as que nós chamamos as gorgónias, os corais moles, muito ramificados, uns cor-de-rosa, outros amarelos, outros roxos, muitas cores, muito bonitas estas florestas de gorgónias, que não se conheciam, não estavam registadas para os Bijagós. Por exemplo, de corais e esponjas, muitas esponjas, também muito coloridas e grandes e ramificadas, que também parecem florestas. Muitas macroalgas, grandes florestas de grandes algas, vermelhas, castanhas, verdes. Pradarias marinhas, são umas plantas marinhas que até não são de grandes dimensões, nos Bijagós só existe uma espécie tropical que até é bastante pequena, mas que afinal está muito mais espalhada, existe em várias ilhas e em vários locais, muito mais do que se sabia anteriormente. Portanto, a descoberta e a cartografia da localização deste tipo de ecossistemas foi uma grande novidade e acho que é importante para chamar a atenção da riqueza dos Bijagós, que para além de tudo o que já se conhecia, que é uma riqueza extraordinária, o que terá sido talvez a maior novidade foi o nosso foco nestas outras espécies que normalmente têm menos atenção. RFI: Estamos a falar do lado revelador, mais positivo, que este projecto trouxe à tona, mas se calhar depois também poderá haver aspectos menos positivos, com os quais também se depararam. Possíveis espécies invasoras, possíveis efeitos de poluição, de alterações climáticas? Ester Serrão: Hoje em dia, tanto as alterações climáticas como as espécies invasoras são um problema global, que infelizmente afecta especialmente os países que pouco contribuem para o problema. Muitas vezes são os países menos desenvolvidos que mais natureza têm e que têm mais a perder com estes efeitos globais, que não foram criados tanto por eles, porque são criados mais por países mais industrializados, que já destruíram mais a sua natureza. Mas, então, no caso das espécies invasoras, acabamos por descobrir um grande número destas espécies invasoras que são invertebrados, agarrados às rochas e que competem com outras espécies que também necessitam do espaço nas rochas para se agarrarem, que são nativas. Tal como se nós pensarmos no meio terrestre, toda a gente compreende a competição pelo espaço de certas espécies. Por exemplo, nas plantas, o chorão, que é uma espécie que invade muitas áreas e não deixa que outras plantas se instalem, cobre tudo. Dentro do mar, podem pensar no mesmo aspecto, no mesmo problema, há rochas que ficam cobertas por espécies que são invasoras, que não são da zona e que impedem as espécies naturais nativas da zona de encontrar espaço para se instalar, enquanto elas se reproduzem têm umas pequenas larvas que têm que se agarrar às rochas para originar o próximo coral, por exemplo, ou a próxima esponja, e que se estiver tudo coberto por uma espécie invasora já não se podem instalar. Muitos destes grupos têm uns nomes até pouco conhecidos das pessoas, como há uns briozoários, umas ascídias, outros grupos próximos dos corais, e que foram descobertos com abundância inesperada nesta zona, que é tão natural, não estamos à espera de encontrar tanta espécie invasora. Ora, como é que isso acontece? A maior parte destas espécies vem de zonas longínquas, a zona nativa não é mesmo ali perto, por isso é que são espécies exóticas. Vêm ou do Indo-Pacífico, algumas poderão ter vindo do outro lado do Atlântico, ou vêm todas do Indo-Pacífico e acabam por entrar ou de um lado do Atlântico ou do outro, e, portanto, a origem mais provável é o tráfego marítimo, a circulação de grandes navios, tanto de mercantis como até de pescas, que vêm não para dentro dos Bijagós, não há grandes navios, é uma zona muito baixa, mas ao longo de toda a costa atlântica da África, a circulação de navios é uma coisa enorme. Portanto, podem trazer espécies ou agarradas aos cascos ou nas águas de lastro, que são águas que enchem os porões num determinado sítio e depois largam num outro sítio diferente, e lavam as larvas e tudo o que estiver na água e vai se agarrar ao fundo. Portanto, podem essas espécies depois serem introduzidas, por exemplo, no Senegal, que é mesmo ali ao lado, e depois, através de pequenos objectos flutuantes ou agarradas aos cascos dos barcos mais pequenos, das canoas, etc., acabam por se ir espalhando e chegando mesmo aos Bijagós. Nas nossas amostragens, muitas espécies foram amostradas, que foram depois sequenciadas com o ADN para encontrar, para verificar qual o nome da espécie, através de métodos moleculares, que são métodos que permitem, de forma mais eficaz, ter a certeza que aquela espécie não é exactamente a mesma que outra muito parecida morfologicamente, mas que a sequência do ADN é diferente. As mais fáceis e mais rápidas de identificar foram as exóticas, porque aquela sequência já existia na base de dados, exactamente a mesma sequência daquela espécie já existia na base de dados, por exemplo, do Indo-Pacífico. Dizemos, isto é a mesma espécie do Indo-Pacífico que está aqui, ou a mesma espécie que existe nas Caraíbas, e não se sabia que estava aqui deste lado do Atlântico, não se sabia que existia em África. Afinal, algumas espécies são registos novos para a costa de África, e que provavelmente estão nos outros países todos da costa de África. Mas ainda não foram encontradas, porquê? Porque ainda não foi feita essa amostragem, que só se encontram se andarmos, de facto, nas rochas, como neste caso, andámos em mergulho, portanto, com atenção às rochas, a apanhar todas as pequenas espécies que eram diferentes umas das outras. É a mesma amostragem indicada e depois a sequenciação para verificar, de facto, é uma espécie que não é endémica dali. Há muitas outras espécies que ainda não foram identificadas e que não estavam directamente já presentes nas bases de dados, e portanto, elas podem vir a ser mesmo espécies novas, ainda não conhecidas para a zona. Mas a quantidade de espécies invasoras é um problema, porque algumas delas espalham-se bastante, têm uma grande cobertura, quando cobrem as rochas, de forma muito contínua e não deixam espaço para as outras espécies se instalarem. E ficamos a pensar como é que teria sido esta zona, como é que teriam sido os Bijagós antes destas espécies invasoras chegarem lá. Porque agora vemos que elas são muito abundantes e que ocorrem por todo lado. Algumas cobrem mesmo zonas muito significativas, onde anteriormente teriam estado espécies nativas e, portanto, pensamos, já chegámos um bocadinho tarde, gostaríamos de ter tido uma baseline, uma linha de base, do que é que teria sido o estado dos Bijagós, antes destas espécies invasoras todas terem colonizado estas zonas. Já fizeram alguma alteração, certamente, mas nunca vamos saber o que é, porque foi no passado e não ficou registado. RFI: O resultado desta investigação foi recentemente publicado. Depois deste resultado publicado, a investigação continua? Ester Serrão: Exacto. Este trabalho todo fazia parte da tese de mestrado de um aluno, profissional do Instituto das Pescas da Guiné-Bissau, o Felipe Nhanque. Portanto, fazia parte do mestrado profissional que criámos no Programa MarÁfrica e, com estes dados, criou-se um portal que disponibiliza os dados todos que foram recolhidos, não só nas nossas campanhas, como todos os que já existiam de todas as fontes anteriores, desde 1800 e tal. Está tudo, agora, disponível ao público. Portanto, ele, como foi formado nesta área, continua a procurar mais informação e a entregá-la para o portal. O portal é actualizado mensalmente, com toda a informação nova que existe, é o portal Mar África. Se procurarem Mar África, encontram o portal. Tem bases de dados para os Bijagós, para o Parque Nacional do Banco d'Arguin naMauritânia, para as áreas marinhas protegidas de Cabo Verde, para a zona de transição entre a Namíbia e Angola, a zona do Cunene, que é muito rica também. As primeiras zonas de foco são zonas especialmente ricas em biodiversidade, que colocámos os dados todos que foram recolhidos já disponíveis. E, portanto, continua a haver mais campanhas, nós próprios vamos continuar a ir lá, fazer mais campanhas em colaboração com as mesmas entidades e os mesmos investigadores para continuar a ajudar. Eles próprios foram equipados com este equipamento de mergulho, por exemplo, e também fizemos formação e continua a ser feita na parte da identificação molecular das espécies P ortanto, eles podem continuar por si só, mas nós também continuamos a colaborar. O programa continua em termos de uma colaboração contínua e sempre que há oportunidade fazemos mais algumas campanhas para complementar o trabalho e para continuar. Portanto, por um lado, continua de forma automática, todos os meses é actualizado o portal, com a informação nova que existe e, por outro lado, mais campanhas e mais trabalho de campo e mais colaboração do ponto de vista de reuniões directas e conversas directas. Estamos sempre em contacto, porque criámos uma rede, que não foi só para naquele momento fazer aquilo e terminar. Criámos uma rede de contactos que ficam para o futuro, porque muitas vezes eles contactam-nos e precisamos saber isto ou precisamos saber aquilo ou precisamos de ajuda nisto e nós fazemos o melhor possível, porque estão sempre disponíveis. Mas eles próprios já têm, por sua iniciativa, com os laboratórios mais equipados, os conhecimentos para fazer as coisas. Os complementos de informação que nós tentámos atribuir já estão disponíveis lá, cada vez precisam menos de nós, mas nós continuamos a querer sempre colaborar porque, de facto, é uma colaboração fascinante e que nós também apreciamos muito. RFI: Há diferentes iniciativas, diferentes programas de diferentes países que trabalham sobre a costa ocidental de África. Como é que o MarÁfrica pode contribuir, pode ser diferente em relação a esses outros programas, a esses outros projectos? Ester Serrão: Fundamentalmente importante e uma grande, grande contribuição que eu acho que tivemos com este programa e continua sempre, porque é permanentemente atualizado, é o portal de dados de biodiversidade, porque o acesso à informação é algo muito importante. A informação pode existir, mas se as pessoas não têm acesso fácil e acessível, acaba por não ser utilizada, o que acontece com imensos estudos. Há programas na costa atlântica de África, por exemplo, da União Europeia, da França, da Alemanha, da Holanda, etc., imensos, desde há décadas que há estudos e programas e projectos que recolhem informação e deixam um relatório, que fazem publicações científicas, fazem teses, etc., mas quando as entidades locais querem utilizar a informação para os seus fins de gestão, para definir quais são as áreas em que se pode fazer, por exemplo, uma determinada actividade, ou não se deve fazer outra porque se vai destruir algo, toda essa informação, apesar de ela existir, porque houve estudos que recolheram informação, não está facilmente disponível. Então, ao perceber isso, percebemos que é necessário disponibilizar a informação de forma livre, de forma compatível, porque cada estudo utiliza a sua forma de colocar os dados. E não só não estão acessíveis, como não são standardizados, não estão comparáveis uns com os outros. Não só entre países, cada um tem as suas formas de guardar dados, como, mesmo dentro de cada país, cada instituição tem alguns dados, outros têm outros, e muitas vezes, quem tem os dados e a informação são os investigadores que fizeram os estudos e que ou têm no seu computador, ou têm numa publicação, mas não estão numa base de dados em que se possam ser acessíveis. O que se vê é só um gráfico, ou um resultado, já com tudo integrado. Os dados de base são muito úteis, muito importantes, e nós percebemos que existiam imensos dados, imensa informação que foi recolhida, e que se for, se não se perder, se não se deixar que aquilo desapareça nos computadores, não sei onde, ou que fique em PDFs, ou que fiquem, em outras formas, pouco acessíveis. Portanto, não só recolhemos a informação como foi toda transformada, editada, para estar num formato compatível, portanto, todos os dados de todas as fontes foram transformados para um formato comum, e agora, estando num formato comum, consegue-se ir às bases de dados do Mar África e ver qual a distribuição de cada espécie, quando e onde é que já foi observada cada espécie, e assim perceber, por exemplo, em relação às alterações climáticas, quais são as distribuições das espécies actuais, quais foram os registos dessas espécies no passado, e depois usar esses dados até para prever quais serão as distribuições das espécies no futuro. Porque um dos objectivos é, por exemplo, se percebermos que uma espécie está no seu limite sul de distribuição, por exemplo, nos Bijagós, e não vai mais para sul, e que é possível, por exemplo, nas corvinas, é uma espécie com interesse comercial enorme da espécie que é apanhada em Portugal, chegam lá no limite sul, mas cada vez há menos, se calhar com alterações climáticas e as alterações ambientais está-se a ver que cada vez há menos, portanto, se calhar, é importante as entidades saberem que investir na pesca da corvina não é, se calhar, algo importante, isto é só para dar um exemplo de uma espécie que sabemos que é muito importante em alguns sítios, mas que no futuro a sua distribuição pode ser alterada. Portanto, o conhecer a distribuição actual das espécies permite não só planear como é que se faz a gestão hoje, nos ecossistemas que temos, e também permite fazer previsões de qual será a distribuição dos ecossistemas daqui a 50 anos, e fazemos hoje o planeamento da gestão costeira, já a pensar como é que as coisas vão ser daqui a 50 anos, ou daqui a 100 anos, porque já existem dados e modelos que nos permitem fazer essas previsões. É por isso que, por exemplo, na própria formação do Mestrado do Mar África, também tínhamos uma disciplina que era fazer modelos de previsão da distribuição das espécies no futuro, para que também possam integrar isso na sua própria actividade de gestão. Descubram aqui algumas das espécies existentes no mar do Bijagós: Link do Projecto MarAfrica : https://ccmar.ualg.pt/project/marafrica-network-monitoring-integrating-and-assessing-marine-biodiversity-data-along-west 

Convidado
Clandestinidade: a frente esquecida na luta de libertação de Cabo Verde?

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 26, 2025 20:03


Nos 50 anos da independência de Cabo Verde, a RFI publica e difunde várias reportagens sobre este tema. Neste quarto episódio, fomos à procura de pessoas que se dedicaram à luta na clandestinidade, algo que continua a ser uma das frentes menos visíveis na luta de libertação de Cabo Verde. Para conhecermos o trabalho feito nas ilhas, mas também na diáspora, as técnicas para ludibriar a polícia política, assim como as experiências daqueles que a PIDE prendeu nos "cárceres do Império", conversámos com Óscar Duarte, Gil Querido Varela, António Pedro da Rosa, Marline Barbosa Almeida, Adão Rocha e Manuel Faustino. Foi no ano 2000, na cidade da Praia, que os Tubarões Azuis conquistaram a X Edição da Taça Amílcar Cabral, talvez a mais importante vitória da selecção de Cabo Verde. A prova, com o nome do líder da luta pela independência, foi conquistada quando os jogadores eram treinados por Óscar Duarte, um nome que ficou conhecido no futebol português nos finais da década de 70: foi campeão pelo FC Porto em 1979 e chegou a vestir a camisola das Quinas no Parque dos Príncipes, em Paris, em 1978. Antes disso, Óscar Duarte tinha travado uma outra luta, a da libertação de Cabo Verde, o que o levou a estar preso quase dois anos no campo de São Nicolau em Angola, depois de ter passado pelo Tarrafal, da ilha de Santiago, e por Caxias, em Portugal. “Era das piores prisões que havia na era colonial. Quando a pessoa - para eles - cometesse qualquer erro, surravam nas pessoas. A mim também me bateram. Eu sou técnico agrícola e ao trabalhar na agricultura, se tirasse qualquer produto da agricultura batiam-me. Utilizavam esses dois utensílios: palmatória e chicote. Sabe o que é uma pessoa levar às vezes 200 palmatoadas na mão? Quando a mão incha, as veias ficam ensanguentadas. E batiam no rabo com a palmatória. Portanto, houve muita gente que morreu assim. Eu, durante o tempo que lá estive, uma vez houve um problema qualquer e - como era uma prisão natural, não havia prisão lá dentro - eu estive quase três meses numa cela com cinco palmos de comprido, três de largo. Eu sentava-me, esticava a perna e ocupava aquilo tudo. Era sempre escuro, onde fazia as minhas necessidades é que tinha de abrir a torneira também para beber e havia uma refeição por dia”, conta. Essa cela era a “frigideira durante o verão” e “frigorífico na época de cacimbo que é o frio”. “Durante esse tempo que estive na frigideira ou no frigorífico, era uma refeição por dia. Era só o pequeno almoço, fuba, um bocadinho de amendoim e uma chávena de café preto. Depois a pessoa ia perdendo peso. Houve muita gente que foi à loucura. Eu aguentei, mas houve muita gente que morreu por lá. E depois havia uma outra agravante, que era que quando iam buscar uma pessoa à noite, dificilmente apareciam. Matavam-nas”, recorda Óscar Duarte. Era preciso resistir para sobreviver. Resistir à "frigideira" ou "frigorífico", aos espancamentos, à fome, aos trabalhos forçados, à loucura. Óscar Duarte viu muita gente morrer. Um dia, um prisioneiro que tinha tentado fugir foi crucificado para todos verem. Mas Óscar Duarte resistiu. A dada altura, foi transferido do Campo de São Nicolau para o Campo da Foz do Cunene e também aí continuou a resistir e até a jogar à bola, entre lacraus, cobras e jacarés. “Tínhamos de trabalhar todos os dias, era deserto e tal, a temperatura era quase de 50 graus. Hoje, abríamos vala, amanhã tapávamos. Cortávamos pedra, depois arrumávamos. Só para ocupar tempo. Era um castigo. E depois tínhamos muito receio porque não tínhamos sequer uma aspirina, um vidro de álcool. Nada disso. E havia lá muito lacrau, se o lacrau picar uma pessoa é terrível porque tem veneno. Havia lacrau, havia cobras, havia tudo isso. Havia lá um rio e nós fizemos lá alguma agricultura com o limo do rio, misturámos com a terra e tirávamos sempre qualquer coisa. Às vezes íamos para o rio jogar a nossa bola e  jacarés com quatro metros e tal! Uma pessoa se se distrai, até podia ser apanhado pelo jacaré!”, lembra. Criado em 1962, o Campo de Recuperação de São Nicolau situava-se num território desértico no litoral angolano, a norte da então Moçâmedes (Namibe). Para lá eram enviados guerrilheiros suspeitos de actividades subversivas, por vezes acompanhados da família. Em 1964, estavam lá presas 651 pessoas. Em 1972, eram 1.123 prisioneiros. Óscar Duarte foi desterrado para lá por fazer parte da rede clandestina de militantes do PAIGC em Cabo Verde. “Eu fui para São Nicolau porque tínhamos um núcleo e trabalhávamos na clandestinidade. Na altura, a PIDE tinha a coisa muito bem controlada e por cada informação que a pessoa desse, eles pagavam 500 escudos. E nessa altura já era algum dinheiro. Deitámos uns panfletos em São Vicente e houve um indivíduo que pertencia ao nosso núcleo, que foi deitar panfletos no cinema, foi apanhado e depois torturaram-no. Inclusive ele falou-nos de um alicate nos testículos. Portanto, ele teve que 'cantar', teve que dizer tudo”, acrescenta. Óscar foi preso na cidade da Praia e submetido a tortura nos interrogatórios: uma semana virado para uma parede sem dormir e a ter alucinações da mãe a chorar. No Tarrafal da ilha de Santiago, em Cabo Verde, também era preciso resistir. Numa primeira fase, entre 1936 e 1956, ali estiveram presos portugueses que contestavam o regime fascista e o local ficou conhecido como “Campo da Morte Lenta”. Em 1962, passou a chamar-se “Campo de Trabalho de Chão Bom” e foi então que se tornou na cadeia de militantes nacionalistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde. Em Cabo Verde, a luta na clandestinidade começou a ser forjada, em 1959, por nomes como Abílio Duarte, do PAIGC, e José Leitão da Graça, ligado ao partido UPICV, que são obrigados a deixar o país devido à polícia política. Depois, vários militantes do PAIGC fizeram trabalho político para mobilizar a população em torno da causa independentista e para criar um ambiente favorável ao desembarque no arquipélago de guerrilheiros armados. Isso acabaria por não acontecer, mas foi minuciosamente preparado. A polícia política portuguesa também não permitiu o desenvolvimento da rede clandestina porque foi prendendo, ao longo do tempo, vários dos responsáveis nas ilhas. Foi o caso de Carlos Lineu Miranda, Fernando dos Reis Tavares, Jaime Schofield, Luís Fonseca e vários outros. Gil Querido Varela foi preso em 1968, interrogado e torturado pela polícia no Plateau, transferido para a Cadeia Civil da Praia e entra no Tarrafal em Abril de 1970. Sai em Janeiro de 71. Era suspeito de prática de “crime contra a segurança interior e exterior do Estado”. Gil Querido Varela era militante do PAIGC e fazia a luta política na clandestinidade. “Nós trabalhávamos, visitávamos amigos. Eu, por exemplo, ia à Ribeira da Barca, aproveitava no momento em que estava trabalhando no campo e lá ia fazer o trabalho político, [dizer] que devíamos entrar no PAIGC para libertar a terra. Quem já tinha visto a fome de 1947 - que eu vi uma parte - não ficava sem fazer nada. Vi crianças morrerem de fome, com o corpo inflamado de fome. Mães com crianças mortas nas costas que não tiravam para poderem achar esmola. Os colonialistas troçando da fome do povo. Eu já estava farto deles e entrei rápido no PAIGC. Quem viu aquela fome era impossível não lutar. Só quem não tem sentimento”, afirma Gil Querido Varela, aos 90 anos, enquanto nos mostra o Tarrafal ao lado do camarada António Pedro da Rosa, de 76 anos. O amigo, António Pedro da Rosa, também lutava na clandestinidade e foi detido em Agosto de 1970, interrogado e torturado, transferido para a Cadeia Civil da Praia e enviado para o Tarrafal em Fevereiro de 1971, de onde saiu a 1 de Maio de 1974. “A luta na clandestinidade nós fazíamos da seguinte forma: Eu tinha um colega, Ivo Pereira, que trazia sempre jornais, panfletos e líamos para os rapazes colegas. E tínhamos um livro também que era “Luta Armada”, líamos e explicávamos a alguns rapazes sobre esta situação. Por isso é que fazíamos este trabalho na clandestinidade, através de panfletos e livros que íamos estudar com os rapazes colegas. Íamos sentar aqui num sítio qualquer porque também já sabíamos que havia alguns rapazes que eram informantes da PIDE, porque cada informação que eles levavam para a PIDE eram 500 escudos e 500 escudos na altura era muito dinheiro. Por isso fizemos todo esse trabalho, mas com muito cuidado”, recorda António Pedro da Rosa, na biblioteca do campo de concentração do Tarrafal que vai ser candidato a Património Mundial da UNESCO. Voltaremos ao Tarrafal guiados por Gil Querido Varela e António Pedro da Rosa no oitavo episódio desta série, mas concentremo-nos, por agora, na luta clandestina que se fazia em Cabo Verde. Havia quem fingisse ser namorada de um dos presos do Tarrafal para levar mensagens do exterior. Foi o que fez Marline Barbosa Almeida que trabalhava na célula clandestina do PAIGC na Praia, criada em 1968, sob direcção de Jorge Querido, o coordenador das actividades clandestinas do PAIGC em Cabo Verde, entre 1968 e 1974. Foi assim que ela conseguiu levar para a prisão informação e mensagens, incluindo dentro de tubos de pasta dos dentes. “Nós tínhamos alguns guardas, conseguíamos conversar, então mandávamos bilhetes através de pastas de dentes que nós abríamos com aquela dobrinha. Então nós tirávamos a maioria da pasta, metíamos as informações num plástico, tornávamos a meter lá e mandávamos. Depois, o director da cadeia era cunhado da minha irmã e sabia no que é que eu andava. Mas como ele era católico, presumidamente democrata, eu arranjei “namoro” com um dos presos. E ia lá e nós éramos obrigados a ir com ele assistir à missa e depois eu ia ver o meu noivo. Foi assim que nós tínhamos informações do que se passava na cadeia e transmitíamos informações aos presos”, recorda. Além da pasta de dentes, as mensagens também circularam dentro de bíblias, acrescenta Marline, quando conversa com a RFI em sua casa, na cidade da Praia. “Houve até um caso interessante de um angolano que tinha sido liberto. Eu tinha ido à praia e ao regressar a casa, eu vi-o a sair da igreja do Nazareno com uma Bíblia na mão. Ele dirigiu-se a minha casa e eu estava precisamente a entrar. ‘É a senhora fulana de tal?' ‘Sim.' ‘Eu sou fulano de tal, saí do Tarrafal ontem e vim com mensagens dos seus amigos. E eu ‘Sim, sim, como é que eles estão? Há muito que não os vejo', enrolando porque eu não sabia quem era. Até que ele abriu a Bíblia, descolou as páginas, tirou o bilhete do Carlos Tavares e mostrou-me para certificar que era uma pessoa de confiança”, recorda. Marline Barbosa Almeida chegou a ser presa e a sofrer tortura. A luta na clandestinidade “era um trabalho difícil” porque “numa ilha não havia onde fugir, não há mato, não há onde esconder”. Por isso, serviam-se de “festas, bailes, piqueniques” para trocar informações e atrair mais pessoas para a causa. Depois, procuravam dar informações à sede do PAIGC, em Conacri, sobre as condições dos presos no Tarrafal. No livro “O PAIGC perante o dilema cabo-verdiano [1959-1974]”, o historiador José Augusto Pereira conta que a PIDE/DGS instalou-se em Cabo Verde em 1959 com a criação da subdelegação da cidade da Praia. Em 1961, são criados os postos da PIDE no Mindelo e no aeroporto do Sal. Em 1965 o posto de Chão Bom, na vila de Tarrafal, em Santiago, em 1968 o posto de São Filipe na ilha do Fogo. Teria 33 efectivos em 1973. Em 1974 a cidade da Praia albergava a sede da DGS e no resto da ilha haviam postos em Santa Catarina e Tarrafal. Depois, havia postos nas ilhas de São Vicente, Sal, Santo Antão, Fogo e Boa Vista. Um dos principais golpes da PIDE/DGS acabaria por ser a detenção de Jorge Querido em Janeiro de 1974, depois de anos a fintar a apertada vigilância da polícia política. O elemento básico da luta clandestina eram as células, cada uma tinha um responsável e o conjunto de responsáveis formava uma secção. Por sua vez, os responsáveis de secção formavam um sector e os responsáveis de sector formavam zonas. O trabalho político clandestino em Cabo Verde consistia em fazer agitação política e em capitalizar em prol da causa nacionalista todas as carências, como a pobreza, a fome e as injustiças sentidas pela população. Por outro lado, havia que acicatar o espírito de revolta, predispor as massas para o apoio a acções armadas, recolher e enviar informação para a direcção do PAIGC em Conacri e dar apoio logístico aos guerrilheiros nacionalistas quando se desse o desembarque no arquipélago. O que não viria a acontecer, como já explicámos noutros episódios desta série de reportagens. Havia, ainda, mobilização junto da diáspora cabo-verdiana. Adão Rocha fazia parte do grupo de Lovaina, na Bélgica, e o trabalho político era também essencial. “Tínhamos várias frentes de luta. A frente diplomática, que Amílcar Cabral prezava muito, ele achava que era uma parte importante da luta mesmo. Ele mesmo se distinguiu como um exímio diplomata. No fundo, era tentar contactar as autoridades dessa zona e sensibilizá-las para a justeza da luta de libertação das ex-colónias e, particularmente de Cabo Verde e da Guiné-Bissau. Também tínhamos uma frente de apoios, mobilização para a luta, o que se conseguia através de organizações não governamentais ali dessa zona, da Bélgica e também da Holanda, que na altura apoiavam as lutas de libertação. Também alguns governos, poucos, já apoiaram a luta ainda antes da independência. Tínhamos, ainda, a frente de divulgação da luta junto da sociedade europeia para sensibilizá-la mais uma vez sobre a questão da repressão colonial, a questão do fascismo em Portugal e criar um ambiente propício para que os seus governos também tivessem uma posição mais favorável em relação à luta. Mas o essencial da nossa luta prendia-se com a mobilização das comunidades emigradas”, conta. Na conversa com a RFI na Fundação Amílcar Cabral, na Praia, onde é membro do Conselho de Administração, Adão Rocha destaca que é preciso que a juventude saiba que, naquela altura, em muitos países, várias pessoas abandonaram os estudos para se juntarem à luta armada ou clandestina. Em Portugal, também havia luta clandestina e a cantiga também foi uma arma para os cabo-verdianos. Manuel Faustino era estudante de medicina em Coimbra quando compôs a primeira música, “Ca bo ba pa tropa”, em 1968, que era um apelo à fuga ao serviço militar. Em 1973, é lançado o LP “Música Cabo-Verdiana-Protesto e Luta”, gravado na Holanda e editado pelo PAIGC, em que aparece outra composição de Manuel Faustino. Chamava-se “Nho Queiton” e era uma denúncia directa à política de Marcello Caetano e à miséria no arquipélago. “Nho Queiton era uma referência a Marcello Caetano que tinha feito uma viagem a Cabo Verde e, então, era uma música que denunciava os propósitos políticos, demagógicos da visita dele. A visita dele inscrevia-se num contexto de tentar seduzir as pessoas, tentar aparecer como um rosto diferente de Salazar. E essa música que vem nesse ‘Long Play' era uma denúncia dessa visita, tentando desmascarar, dizendo que era uma manobra política que serve para nada e que a solução aos problemas era a independência”, conta Manuel Faustino, lembrando que o seu nome não aparece no disco “senão ia preso”.  A historiadora Ângela Benoliel Coutinho, autora de “Os Dirigentes do PAIGC: da fundação à ruptura: 1956-1980” admite que tenham havido algumas centenas de pessoas na luta clandestina, mas diz que é preciso um centro de pesquisa histórica sobre Cabo Verde para se poder estudar todas as temáticas da história contemporânea do país. “Há uma Associação dos Combatentes pela Liberdade da Pátria em Cabo Verde, que tem várias pessoas inscritas. Portanto, serão centenas. Pelas entrevistas que tenho feito, tenho presente o facto de que há pessoas que participaram e alguns até que tiveram um papel importante em dados momentos e não se inscreveram nessa associação. Já pude ter essa conversa com alguns dirigentes e penso que terão sido - entre os que integraram as células - algumas centenas. E depois há todo este apoio por parte da população, não só em Cabo Verde”, sublinha. Em Cabo Verde, em Portugal, na Guiné-Bissau, em Angola, mas também na Bélgica, na Holanda, no Senegal e noutros países para além das fronteiras do então Império Colonial Português, foram muitos os militantes e nacionalistas que lutaram na clandestinidade. Um número ainda não calculado de pessoas foram presas, torturadas e mortas, depois de perseguidas pela PIDE/DGS. Porém, mais de meio século depois, a acção na clandestinidade continua a ser uma das frentes menos visíveis na luta pela independência de Cabo Verde. Se quiser aprofundar este assunto, pode ouvir aqui as entrevistas integrais feitas aos diferentes convidados.

Convidado
Baía dos Tigres será a primeira área marinha protegida de Angola

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 11, 2025 7:58


Angola reafirmou o seu compromisso com a protecção dos oceanos e a mitigação das alterações climáticas durante a 3.ª Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC3), que decorre até sexta-feira, 13 de Junho, em Nice, França. A ministra do Ambiente de Angola, Ana Paula de Carvalho, avançou ainda que o processo de criação da primeira área de conservação marinha do país “está numa fase avançada, quase concluído. Falta a consulta pública e posterior aprovação em Conselho de Ministros”. A participar na 3.ª Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC3), que decorre até sexta-feira, em Nice, a ministra do Ambiente de Angola, Ana Paula de Carvalho, reforçou o apoio do país aos temas centrais da conferência: biodiversidade marinha, poluição por plásticos e o Tratado sobre a Biodiversidade em Áreas Fora da Jurisdição Nacional (Tratado BBNJ). A costa angolana, com seus 1.650 km de extensão entre Cabinda e Namibe, enfrenta crescentes desafios ambientais. Segundo a ministra do Ambiente de Angola, a subida do nível do mar e a acidificação das águas são consequências directas das alterações climáticas que já afectam a região. Fora da zona costeira, o sul do país sofre com secas severas, particularmente nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe. Para combater a escassez hídrica, o Governo implementou projectos de captação e canalização de água, essenciais para abastecimento humano e agro-pecuário. Fizemos um grande esforço para levar água ao Cunene e já começámos intervenções similares no Namibe, com planos futuros para a Huíla. A vida das comunidades depende disso. Angola está a implementar um Plano de Ordenamento da Orla Costeira que visa uma gestão integrada e sustentável do litoral. Em paralelo, está em curso um Plano de Eliminação Progressiva dos Plásticos de Uso Único, aprovado por despacho presidencial, com acções de curto, médio e longo prazo, que passam pela promoção de sacos reutilizáveis, a substituição de embalagens plásticas por materiais biodegradáveis e campanhas de sensibilização junto da indústria e da população. Criámos um plano de eliminação progressiva do plástico, com enfoque no curto prazo. Iniciámos uma campanha de sensibilização para preparar a indústria e a sociedade para esta transição ecológica. Entre as medidas práticas estão o aumento da espessura dos sacos plásticos, o estímulo ao uso de materiais biodegradáveis e a substituição de copos, palhinhas e cotonetes por alternativas sustentáveis. Além disso, os sacos plásticos nos supermercados vão começar a ser pagos, para incentivar o uso consciente. Ao pagar pelo saco, a população começa a levar o seu saco de casa. Já vemos sacos de pano nas padarias de algumas províncias. Isto também cria oportunidade para a economia local. (...)  Estamos a preparar o sector produtivo para essa transição, garantindo tempo e condições para a adaptação. A prioridade, neste momento, é a sensibilização e a introdução de alternativas viáveis. Primeira área de conservação marinha Um dos marcos mais relevantes para Angola é a criação da primeira área de conservação marinha do país, na Baía dos Tigres, província do Namibe. A zona, agora transformada numa ilha devido à erosão costeira, combina características de deserto e mar. O documento visa estabelecer regras claras para restringir a pesca e regular o turismo na Baía dos Tigres, protegendo os ecossistemas vulneráveis da região. A Baía dos Tigres é uma área única, entre o deserto e o mar. O processo está numa fase avançada, quase concluído. Falta a consulta pública e posterior aprovação em Conselho de Ministros. A ciência precede a política. Só após os estudos é que criamos o decreto que estabelece as balizas da protecção.

Reportage Afrique
Comment faire avancer la recherche en génomique en Afrique? [3/3]

Reportage Afrique

Play Episode Listen Later Mar 25, 2025 2:16


Il avait fallu dix ans de travail et plus de 2 milliards de dollars pour parvenir, en 2001, à séquencer pour la première fois le génome humain. Désormais, il suffit d'une poignée de jours et moins de 1 000 dollars afin de déchiffrer les lettres qui composent l'ADN d'un individu.Des scientifiques tentent de s'emparer de ces nouvelles technologies pour faire progresser la recherche sur le continent africain. De notre envoyée spéciale de retour de Durban,Maria Chimpolo mène des recherches en génomique dans la région de Cunene, au sud de l'Angola. Après l'accord des participants, elle collecte des échantillons de sang, les envoie ensuite dans des laboratoires pour extraire l'ADN et déchiffrer le génome de populations jusqu'à présent peu étudiées. Mais il lui est souvent difficile de trouver des fonds : « Le financement pose toujours problème. Lorsqu'on annonce que l'on souhaite étudier la diversité génétique, on n'obtient jamais de fonds nationaux, déplore la chercheuse. Donc, il faut aller chercher de l'argent à l'extérieur. »Une initiative nommée « Hérédité et santé humaine en Afrique » (H3Africa), financée à hauteur de 176 millions de dollars par des fonds américains et britanniques, a permis de soutenir pendant 10 ans une cinquantaine de projets sur le continent.Maintenant que le programme a pris fin, des pays tentent de lancer leurs propres travaux de séquençage, comme l'Afrique du Sud, sous la houlette de la chercheuse Rizwana Mia : « On va d'abord commencer à séquencer environ 10 000 génomes d'un groupe de patients que l'on suit déjà sur le long terme, en guise de phase pilote, pour étudier la faisabilité, détaille-t-elle. Puis, nous souhaiterions séquencer les génomes de 100 000 Sud-Africains, dans le cadre d'un plus grand programme. Nous vivons dans un pays très diversifié. Tout cela nous offrira donc un solide ensemble de données pour que nous puissions découvrir de nouveaux variants qui jouent un rôle significatif dans les maladies qui touchent nos populations. »Le Nigeria a des ambitions similaires et a commencé à collecter des échantillons, dans l'attente de financements pour lancer les séquençages.À lire aussiCes scientifiques qui tentent de faire progresser la recherche génomique en AfriqueCréer un réseau de centres d'excellence en génomiqueMais un groupe de chercheurs africains rêve d'aller encore plus loin et de créer, au niveau continental, un réseau de centres d'excellence en génomique. « Nous essayons pour l'instant de rassembler des fonds, afin de pouvoir créer ces centres d'excellence, explique la professeure Nicola Mulder, de l'université du Cap, l'une des porteuses du projet. Nous aimerions arriver à dix centres principaux, qui seraient entièrement capables de former du personnel en génomique, d'étudier les données de surveillance des pathogènes qui émanent des instituts nationaux de santé publique et de développer la médecine génomique pour les maladies transmissibles et non transmissibles. Nous avons quelqu'un de l'Africa CDC dans un de nos comités. Le but, c'est de travailler main dans la main avec eux, pour faire le lien entre la recherche académique et les politiques de santé publique. »Cependant, la suppression des financements américains sous la présidence de Donald Trump rendra sans doute plus compliquée l'obtention de fonds internationaux pour de nouveaux projets scientifiques.Retrouvez les autres épisodes de notre série :  En Afrique, développer les connaissances sur les variations du génome [1/3] Une étude de données génomiques en Afrique pourrait «éviter des décès inutiles» [2/3]

DW em Português para África | Deutsche Welle
29 de Novembro de 2024 - Jornal da Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Nov 29, 2024 20:00


Venâncio Mondlane apela que os moçambicanos pressionem Filipe Nyusi a demitir o comandante da PRM, Bernadino Rafael. Em entrevista à DW África, o general Abílio Kamalata Numa, antigo secretário-geral da UNITA, afirma que seria uma aberração se Biden não se encontrasse com Adalberto Costa Junior. Ainda em A fome e condições sociais precárias levam os cidadãos do Cunene a mudarem-se para a Namíbia.

Ciência
Angola: “Seca aumentou desde 2019 e já se registaram os piores cenários dos últimos 40 anos"

Ciência

Play Episode Listen Later Jun 18, 2024 7:42


Assinalou-se esta segunda-feira o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca. As Nações Unidas apelaram mais uma vez a métodos de prevenção da desertificação e recuperação de terras, alertam que a destruição avança ao ritmo de cerca de quatro campos de futebol por segundo e acrescentam que 40% da área terrestre está degradada. Em Angola, as províncias mais afectadas pelo processo de desertificação e pela seca estão localizadas no sul do país. Assinalou-se esta segunda-feira o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca. As Nações Unidas apelaram mais uma vez a métodos de prevenção da desertificação e recuperação de terras, alertam que a destruição avança ao ritmo de cerca de quatro campos de futebol por segundo e acrescentam que 40% da área terrestre está degradada. Este ano, o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca é assinalado sob o tema "Unidos pela Terra. Nosso legado, nosso futuro”.Segundo a ONU, segurança, saúde, fome e pobreza estão intrinsecamente ligadas à prosperidade da Terra. Terras prósperas sustentam vidas, meios de subsistência e ecossistemas. De acordo com os dados da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, o continente africano é o mais afectado pela problemática. Em Angola, as províncias mais afectadas pelo processo de desertificação e pela seca estão localizadas no sul do país.Belmiro Pascoal, biólogo e consultor ambiental, sublinha que em Angola “os períodos de seca aumentaram desde 2019 e já se registaram os piores cenários dos últimos 40 anos, onde o índice pluviométrico esteve a 65% abaixo do normal, o que levou mais de 1.3 milhões de pessoas a se deslocarem para outros países. Nós chamamos aqui de refugiados do clima. Isso em torno principalmente de três províncias: Cunene, Huíla e Namibe. Estima-se uma perda financeira em cerca de 168 mil milhões de kwanzas.”Questionado sobre os factores que contribuem para a desertificação, o biólogo angolano sublinha a “característica desértica” da região, “a questão da intermitência dos rios. Existem zonas onde a população obstruiu o caudal e a água já não chega mais a preencher o leito normal do rio”. Esses factores associados à crise climática, fruto da acção humana, que o mundo atravessa, acabam por acelerar o processo de desertificação do sul de Angola. Para responder e mitigar a problemática Belmiro Pascoal fala da necessidade de “mais quadros nacionais voltados para o desenvolvimento de projectos climáticos” no sul de Angola, “a questão do ordenamento do território, de forma a melhor distribuir da nossa população a nível do território”, sem esquecer a “melhoria das condições sociais da população”.O consultor ambiental ressalva de igual modo a importância da realização de “estudos geológicos, estudos climáticos, no sentido de poder minimizar os impactos geoclimáticos que já estamos a sofrer naquela zona,” além de “levar em consideração os trabalhos que as organizações de defesa do ambiente têm feito, no sentido de alertar e promover a educação ambiental”.

Semana em África
Guiné-Bissau volta a adiar audiência para a libertação de activistas

Semana em África

Play Episode Listen Later May 24, 2024 7:17


Voltou a ser adiada esta sexta-feira, 24 de Maio, a audiência de julgamento de um pedido de habeas corpus intentado pelos advogados de oito pessoas detidas desde sábado, na sequência de manifestações contra o regime na Guiné-Bissau. Em Moçambique, o Presidente do MDM, terceira força do país, revela preocupação com o alegado envolvimento de cidadãos residentes em Moçambique na tentativa de golpe de estado na República Democrática do Congo. Lutero Simango quer ver esclarecidas as supostas ligações destes homens ao general moçambicano Joaquim Alberto Chipande, um quadro sénior da Frelimo, partido no poder.O governo moçambicano e os profissionais da saúde ainda não chegaram a consenso para a suspensão da greve por melhores condições de trabalhado, iniciada a 29 de Abril. Face à situação, cerca de mil pessoas perderam a vida devido à falta de atendimento.Em Angola, várias famílias no sul do país recorrem a contentores de lixo à procura de comida, como consequência da fome, provocada pela seca que fustiga aquela região angolana. Segundo o padre Pio Wakussanga, da Associação Construindo Cidadania, a situação é ainda mais crítica na província do Cunene, onde a população se desloca à vizinha Namíbia à busca de alimentos em lixeiras.Uma investigação do consórcio de jornalistas Lighthouse Reports mostra que os fundos europeus estão a servir em países como Marrocos, Tunísia ou Mauritânia para financiar o transporte de migrantes negros para zonas remotas onde são depois abandonados. María Martín, jornalista do "El Pais" e que participou nesta investigação, explica que se trata de um processo comum, com o consócio a reunir mais de 50 testemunhos de vítimas deste tipo de tratamento.

Convidado
Casal “revolucionário” da ARA lembra história do braço armado do PCP

Convidado

Play Episode Listen Later Apr 23, 2024 16:03


Raimundo Narciso, um dos fundadores da ARA, o braço armado do PCP que esteve em actividade entre 1970 e 1973, e Maria Machado, a esposa que ajudava a preparar os engenhos explosivos na cozinha, contaram à RFI algumas das histórias desta organização de resistência armada à ditadura. Cinquenta anos depois do derrube da ditadura em Portugal, o casal “revolucionário” recorda, ainda, como era viver na clandestinidade e na luta permanente. Nos 50 anos do 25 de Abril, a RFI falou com vários resistentes ao Estado Novo. Neste programa, ouvimos Raimundo Narciso, fundador da Acção Revolucionaria Armada (ARA), e Maria Machado, que já era combatente antifascista antes de se juntar ao futuro marido.Raimundo Narciso e Maria Machado, conheceram-se em Moscovo, nos anos 60, e escreveram juntos uma história de resistência armada à ditadura portuguesa. Hoje, aos 85 e 74 anos, contam-nos alguns desses episódios.Maria Machado trabalhou, desde jovem, na tipografia clandestina dos pais, depois integrou a Acção Revolucionária Armada, em que Raimundo Narciso era um dos membros do comando central, com Jaime Serra e Francisco Miguel. A ARA foi o braço armado do Partido Comunista Português e esteve em actividade entre 1970 e 1973. O objectivo era lutar contra a guerra colonial, derrubar a ditadura e conquistar a liberdade.“O objectivo da ARA era acções armadas contra o esforço da guerra colonial, mas com a preocupação de não atingir pessoas, de não matar pessoas. Não fazer terrorismo, nem atingir objectivos civis e, portanto, atacar apenas o aparelho militar, a estrutura militar, mas não os militares porque a ARA não queria matar ninguém”, começa por contar Raimundo Narciso.A 26 de Outubro de 1970 surgiu um comunicado que reivindicava a primeira acção armada da ARA contra o navio Cunene, em Lisboa, que era usado no transporte de tropas, armamento e mercadorias para a guerra colonial. O navio, o mais moderno cargueiro das linhas de África, foi então alvo de duas explosões.“Eles aqui tentaram abafar um pouco, mas lá fora houve repercussões”, recorda Maria Machado.Uma das maiores operações da ARA, e com enorme impacto político, foi a sabotagem na base aérea de Tancos, na madrugada de 8 de Março de 1971. A operação "Águia Real" destruiu ou danificou 28 aeronaves e helicópteros destinados às guerras nos territórios colonizados.“Foi a acção de Tancos. Fomos lá destruir os helicópteros quase todos que havia na base aérea. Aquilo foi uma coisa portentosa”, exclama Raimundo Narciso, acrescentando que se destruíram mais helicópteros do que o esperado porque estavam todos no mesmo hangar. Maria Machado recorda que a preparação dessa acçao começou na cozinha de casa.Eram bombas incendiárias que eles depois espalharam pelos helicópteros. Essas bombas fizemos nós lá em casa, com pó de alumínio, nós os dois. Fiquei toda prateada!Houve ainda, a destruição de parte do Quartel-General da NATO, em Oeiras, o Comiberlant, em Outubro de 1971, nas vésperas da sua inauguração. Era aí que passaria a funcionar um sofisticado centro de comunicações da NATO, algo que a ARA considerava como um acto de provocação e uma prova da colaboração dos países da NATO com a ditadura portuguesa e a guerra colonial. O objectivo da acção era alertar a atenção da comunidade internacional para os problemas políticos portugueses, dada a presença da comunicação social estrangeira na inauguração. Na preparação, o casal levou, inclusivamente, a filha para as imediações do local.A nossa filha também andou connosco a vigiar. Ela era pequenina, ia no carrinho e a gente andava ali, junto à estrada, a olhar para lá, para ver como é que aquilo andava, que vigilância é que aquilo tinha. Ninguém desconfiava.A ARA foi, ainda, responsável por várias outras acções que pretendiam fragilizar o regime ditatorial. A 12 de Janeiro de 1972, a organização fez nova operação contra a guerra colonial, tendo como alvo equipamento pronto para embarcar para África no navio Muxima, no Cais de Alcântara, em Lisboa. A 9 de Agosto, no dia de tomada de posse de Américo Tomás, a ARA consegue cortar a energia no país com acções de sabotagem.Todas as acçoes estão descritas no livro ARA: Acção Revolucionária Armada. A História Secreta do Braço Armado do PCP, que Raimundo Narciso publicou no ano 2000. A obra conta também o tormentoso processo da criação da ARA, a perseguição da PIDE e mostra como “as pessoas que iam para a clandestinidade” não eram “heróis, loucos ou mártires”, apenas “pessoas como as outras”, mas “talvez mais informadas, mais indignadas ou mais trituradas pelo sistema”.Enquanto preparavam e realizavam as operações, Raimundo Narciso e Maria Machado tiveram de mudar várias vezes de casa. Estavam a viver juntos, na clandestinidade, desde 1968. Em 1972 e 1973, a PIDE procurava intensamente a direcção da ARA e colocou a fotografia dos três membros do Comando Central nos jornais e na televisão, oferecendo um prémio a quem ajudasse a encontrá-los. O casal revolucionário seguia à risca as regras da clandestinidade. Ainda que Maria tenha participado no reconhecimento de várias acções e na preparação técnica de outras, muita coisa ela não sabia. Ainda assim, na cozinha, ela estava aos comandos.Ele tinha trabalho de organização, reunia com fulano, beltrano, sicrano, mas eu não. Eu estava em casa. Eu só tinha contacto com os camaradas que iam a casa reunir com ele. Reunir para discutir as coisas das acções armadas em que eu não participava também. Eu ajudava, mas, por exemplo, nem essa do Comiberlant eu desconfiei, quando andei lá a verificar as coisas com a minha filha. Eu ajudava [a preparar os engenhos explosivos], mas não tinha que saber quais eram os objectivos. Imagine, sei lá, se fôssemos presos?Estar grávida na clandestinidade foi outro desafio. O parto da filha acabou por acontecer numa maternidade pública, com muitas peripécias pelo meio e invenções de moradas e dados biográficos. Quanto ao filho, foi das últimas crianças a nascer na clandestinidade no Estado Novo, pouco tempo antes da revolução que derrubou a ditadura, a 25 de Abril de 1974.Maria Machado “mergulhou” na clandestinidade aos 11 anos. Os pais eram funcionários do PCP e tinham uma tipografia clandestina, onde ela e a irmã imprimiam, por exemplo, o Avante! e O Militante. Os pais e a irmã acabariam por ser presos meses depois de ela ter saído de casa.Eu escapei quando me juntei com ele [Raimundo Narciso] porque até à altura em que me juntei com ele, eu estava com os meus pais e a minha irmã mais nova na clandestinidade. E eu juntei-me com ele em Março de 68 e os meus pais e a minha irmã mais nova foram presos nesse ano, em Agosto. A casa deles foi assaltada e tinha uma tipografia.Por sua vez, Raimundo Narciso entrou na clandestinidade em 1964. Deixou o curso e adoptou uma identidade falsa e uma residência secreta para criar o braço armado do PCP. Nessa altura, um amigo ofereceu-lhe uma bússola para ele se orientar e, de facto, durante os dez anos de clandestinidade nunca foi preso.Ele disse: toma lá esta bússola que é para te orientares na clandestinidade.Sessenta anos depois, Raimundo Narciso mostra-nos a bússola que o orientou na luta contra a ditadura até à Revoluçao dos Cravos. Um objecto que quer doar ao Museu do Aljube, Resistência e Liberdade para que não se perca o rumo da democracia e porque “não há futuro sem memória”.

Convidado
Aquecimento global: são necessários "fortíssimos investimentos na eficiência energética"

Convidado

Play Episode Listen Later Mar 20, 2024 11:57


A Organização Mundial da Meteorologia publicou ontem um novo relatório sobre a evolução do clima estimando que existe uma probabilidade elevada para que este ano seja marcado por temperaturas inéditas, depois de 2023 já ter sido o culminar de dez anos consecutivos de records de calor. Com efeito, de acordo com este documento, 2023 foi o ano mais quente jamais registado, com uma temperatura média na superfície do globo de 1,45°C acima do nível de referência da era pré-industrial.As consequências do aquecimento global, as ondas de calor, as inundações, as secas, os incêndios descontrolados e a intensificação dos ciclones tropicais provocam a "miséria e o caos", abalando o quotidiano de milhões de pessoas e provocando perdas económicas de vários bilhões de dólares, alerta a ONU, cujo secretário-geral, António Guterres, considera que o planeta está "à beira do abismo".Para abordar esta situação, a RFI falou com José Silva, líder da 'Juventude Ecológica Angolana' e com Francisco Ferreira, dirigente da ONG ambientalista portuguesa 'Zero'. Ao constatar o pessimismo das previsões das Nações Unidas, este último refere que este relatório constitui "mais um alerta" e que qualquer acção que possa ser conduzida a partir de agora só a longo prazo poderá surtir efeito."Não nos esqueçamos que o que possa ser feito vai demorar em termos de resposta do próprio clima. Portanto, estamos numa situação, eu diria, muito complicada. É mais um alerta muito substancial do ponto de vista da informação científica que foi trabalhada pela organização meteorológica Mundial. E espera-se, obviamente, que quem decida, o poder político, tenha a capacidade de olhar para estes dados e perceber da urgência e da necessidade de cumprir aquilo que tem vindo a ser decidido ou apontado nas várias conferências, nomeadamente na última que teve lugar no Dubai e que defende o fim da era dos combustíveis fósseis e fortíssimos investimentos nas renováveis e na eficiência energética", sublinha Francisco Ferreira.Questionado sobre o facto de os países ocidentais, nomeadamente europeus, terem optado por fazer uma pausa no cumprimento das suas metas ambientais, designadamente devido ao conflito na Ucrânia, o ambientalista português constata que esta situação "tem obrigado vários países a maiores investimentos no futuro de fontes que tenham menor impacto no ambiente, em particular a eólica, o solar, entre outras. Agora, para os outros países seguirem este caminho, é necessário um apoio fortíssimo em termos financeiros, para os países em desenvolvimento poderem seguir esse caminho e não continuarem a apostar na queima de carvão, de petróleo ou de gás natural".São efectivamente necessários investimentos importantes em acções de combate ao aquecimento global, constata igualmente José Silva, Presidente da ONG ambientalista 'Juventude Ecológica Angolana' que ao dar conta das medidas implementadas pelo governo angolano, reconhece que existem imensos desafios."É fundamental que se olhe para todo o país, que se olhe para os vários sectores que têm causado alguma emissão de gases com efeito de estufa. Acho que já há necessidade do país avançar para uma terceira comunicação relativamente aos gases que causam efeito de estufa. Já no passado, houve uma primeira e uma segunda comunicação sobre essa necessidade. Eu penso que a estratégia também prevê esta terceira comunicação. Há aqui também alguns aspectos que, por exemplo, a nível dos principais centros urbanos, podem ser melhorados, pelo menos para reduzir essa sensação térmica que vamos sentindo nos últimos tempos. Nós temos, por exemplo, uma cidade como Luanda onde o número de árvores ainda é muito reduzido. Acho que Luanda precisa de mais arborização. Está agora a ser implementado pelo Governo da Província um programa de arborização de Luanda que pretende chegar a 10 milhões de árvores até 2027, mas na verdade, ainda se vão sentindo poucos estes resultados. Foi um programa lançado em final de 2023. Em Dezembro houve algumas acções de plantações, mas ainda é muito cedo para que se sintam esses resultados", refere o activista angolano."Há que investir na conservação de áreas florestais, também alguma fiscalização no derrube de árvores das zonas de florestas. Isto é um desafio também que o país tem que ultrapassar, para além, naturalmente, da questão do combate à seca que se faz no país com a construção do canal do Cafu, com a construção de barragens que estão a ser erguidas na província do Cunene. Mas há também toda a necessidade de se fazerem investimentos no Cuando Cubango, na Huíla, no Namibe, para que realmente possa se mitigar e depois evitar a destruição de florestas" constata igualmente José Silva para quem "há a necessidade da estratégia nacional de luta contra alterações climáticas estar articulada com outras políticas públicas a nível da agricultura, a nível do sector de recursos minerais, para que não haja realmente choque".Questionado sobre o paradoxo de Angola ser simultaneamente um país produtor de petróleo e um país que também padece dos efeitos do aquecimento global, o militante ambientalista reconhece que Angola continua muito dependente dos rendimentos gerados pelo sector dos hidrocarbonetos, mas não deixa igualmente de constatar que noutras partes do mundo, a economia sustentável está longe de ser uma realidade."Este é um grande desafio que o país tem pela frente. Notamos nos discursos políticos essa posição de Angola, este compromisso em relação ao clima, em relação à adaptação, em ligação às alterações climáticas. Vamos vendo que algumas dessas companhias petrolíferas têm feito do ponto de vista da responsabilidade social e de alguns projectos que vão reduzir a sua pegada ecológica, que vão reduzir a emissão de carbono. Há este processo de descarbonização a nível mundial e Angola também é parte disso" diz José Silva referindo que "ainda assim, o petróleo continua a ser a principal fonte de financiamento da economia angolana. Daí que, por exemplo, para além da exploração de petróleo em offshore, agora também estão a ser feitas concessões para a exploração de bacias terrestres (...) Por isso é que às vezes continuamos um bocadinho desapontados em relação, por exemplo, às COP, às conferências e aos compromissos políticos, porque os países assumem esses compromissos na COP, mas depois, internamente, há essa necessidade de se desenvolver a economia"."Nós vimos membros na Europa, em países como a Alemanha, que tiveram que reactivar centrais de carvão para a produção de energia e muito mais. A própria China ainda faz o recurso de centrais de carvão. Estamos a falar de um elemento que é daqueles que causa a emissão também de gases de efeito de estufa, que provocam o aquecimento global e alterações climáticas. Mas é o que acontece. Daí que Angola também não foge a essa regra", conclui José Silva.

Ciência
Desflorestação e seca são as grandes problemáticas ambientais de Angola

Ciência

Play Episode Listen Later Dec 15, 2023 9:07


Angola é um dos países que mais perde florestas primárias. Estima-se que, na última década, tenham sido destruídos diariamente 925 hectares de floresta. A desflorestação e a seca são, nas palavras do biólogo angolano Timóteo Júlio, as duas grandes problemáticas ambientais do país. O assistente de projectos da Fundação Kissama lembra a necessidade de se encontrarem soluções “adaptadas às comunidades locais” de forma a mitigar os efeitos das alterações climáticas. No que toca à desflorestação o processo pode passar pela educação ambiental.É do conhecimento de todos que Angola enfrenta a questão da seca no sul do país, propriamente nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe, essa é uma das questões que tem levantado, um pouco, a preocupação do Governo angolano. A outra questão é o desmatamento, a desflorestação. Que é fruto das actividades humanas, da pressão social.Temos que tentar fazer o nosso máximo enquanto país e procurar compreender em que ponto estamos e para onde queremos ir, porque é necessário estabelecermos uma visão holística de que país queremos em 2050.Temos que ter uma abordagem muito mais clara e objectiva do que é que queremos exactamente fazer.Olhando para o orçamento geral do estado, qual é o investimento que o estado angolano tem feito para questões climáticas?Qual é o investimento que o estado angolano tem aplicado nas questões voltadas para o sector do ambiente? É dentro deste sector que estão as pessoas que pensam acerca deste assunto.A seca já não devia ser uma questão de mitigação, mas uma questão de adaptação.Timóteo Júlio explica que no caso da desflorestação, o problema não é a falta de legislação, mas sim a falta de fiscalização: Mecanismos legais existem, a questão que se coloca aqui é a fiscalização.A desflorestação não acontece somente por parte de empresas, também acontece por parte das comunidades locais e dentro das comunidades locais é muito difícil fiscalizar. Temos que olhar para o nosso plano de gestão territorial e definir exactamente que percentagem queremos proteger para poder dar abertura às comunidades locais.Uma das causas de desflorestação em Angola, é a agricultura, as comunidades precisam ter esses espaços para poderem cultivar e o abate de árvores é a primeira opção. Outro ponto está relacionado com a produção de carvão devido à falta de energia. O uso de carvão e de lenha por parte das comunidades ainda é muito elevado.O biólogo angolano Timóteo Júlio participou na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que decorreu de 31 de Novembro a 13 de Dezembro, no Dubai, Emirados Árabes Unidos. 

Convidado
COP 28: Transição energética continua a ser um grande desafio para Angola

Convidado

Play Episode Listen Later Dec 11, 2023 8:09


A COP 28, a decorrer no Dubai, entrou hoje nas últimas 48h. Dois dias dedicados a negociações, no final das quais deve sair o acordo final do documento. Para Angola, a transição energética é ainda um grande desafio para o país, apesar de já estar inserida dentro da matriz nacional e no plano nacional de desenvolvimento. A participar nesta Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas esteve Angola, que nesta edição contou com um pavilhão em nome próprio. O espaço serviu para o pais mostrar projectos, potenciais áreas de negócio e encontro bilaterais. No Dubai, os países da CPLP deram seguimento ao que tinham definido na Declaração do Lubango, em Abril passado, um debate sobre o tema “Clima Estável como Património Comum da Humanidade”.Em entrevista à RFI, Paula Francisco Coelho, secretária de Estado para a Acção Climática e Desenvolvimento Sustentável de Angola, apela aos países da CPLP a assumirem o clima como património comum da humanidade como uma bandeira deste bloco lusófono.Angola começou a albergar esta temática aquando da realização da reunião dos ministros do Ambiente na cidade do Lubango. Podemos assumir que este é o segundo encontro em que abordámos o clima como uma questão da humanidade, de património da humanidade. Angola prevê continuar com a temática e o apelo é que os países da comunidade a possam assumir como matéria da comunidade. Isto já está interligado entre os ministros do Ambiente, agora é levar para os próximos encontros, sobretudo da juventude, porque acreditamos ser crucial este entendimento. As questões ligadas às alterações climáticas são muito complexas entre si e nem todos estudamos física, química, geologia, entre outras matérias. Daí este engajamento, este empenho de podermos cada vez mais falar a uma só voz, numa só língua, tirar também vantagens de que somos aproximadamente mais de 230 milhões de habitantes e de podemos, nos vários continentes, levar a temática.Ou seja, os estados membros da comunidade passam a ser mensageiros da temática.É aí que está o engajamento de Angola para que dentro desta articulação, a cada intervenção, em qualquer um dos fóruns - internacionais, regionais ou outros - possamos ter um parágrafo da CPLP em todas as intervenções. ”Paula Francisco Coelho explicou ainda que a transição energética é ainda um grande desafio para o país, apesar de já estar inserida dentro da matriz nacional e no plano nacional de desenvolvimento.Angola não é imune aos efeitos das alterações climáticas, a seca no sul do país é um dos exemplos, questionada sobre as soluções no terrena, a secretária de Estado para a Acção Climática e Desenvolvimento Sustentável refere que “já foi feito o levantamento do estudo das ocorrências à bacia do Cunene” além de estarem em curso “projectos multissectoriais, com algumas das agências da Nações Unidas, com esta população, sobretudo local e um programa integrado com a FAO Angola, para potenciar mulheres para agricultura.” Além disso, sublinha o plano da seca, “que nesse momento está numa base de auscultação nacional para encontrarmos soluções locais e o plano nacional do combate à desertificação”, concluiu.A Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla original) arrancou a 30 de Novembro e estende-se até 12 de Dezembro, no Dubai, principal cidade dos Emirados Árabes Unidos.

Nuus
Ndeitunga baklei vir weiding in Angola

Nuus

Play Episode Listen Later Dec 8, 2023 0:33


Die groeiende aantal beeste in die Ohangwena-streek is besig om 'n las te word vir plaaslike boere wat te midde van die heersende droogtetoestande steeds sukkel om geskikte weidingsvelde te vind. Dit is van die faktore wat Namibiese beesboere noop om weigebiede in Angola te gaan soek, soos hulle nog altyd gedoen het. Angolese boere het egter begin om weivelde af te kamp en die beeste te verjaag. Kosmos 94.1 Nuus het met Sebastian Ndeitunga, goewerneur van Ohangwena, gepraat wat sê hy hoop om 'n gesprek met die goewerneur van die Cunene-provinsie in Angola te hê oor die kwessie.

DW em Português para África | Deutsche Welle
7 de Novembro de 2023 - Jornal da Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Nov 7, 2023 20:00


Em Moçambique, o Programa Mundial Alimentar Mundial vai reduzir a assistência humanitária em Cabo Delgado já a partir de 2024. Em Angola, na provincia do Cunene, um ano e meio depois da construção do Canal do Cafu, os populares esperam e desesperam por água. A República Democrática do Congo não tem emprego para os jovens. Dia da 4ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões.

Missionando
Bíblias para Angola: O valor da Palavra na língua materna

Missionando

Play Episode Listen Later Jul 31, 2023 2:00


Faça parte desta Campanha: https://apmt.org.br/biblias-para-angola-o-valor-da-palavra-na-lingua-materna/ Qual o valor de uma Bíblia? Conhecer mais sobre Deus através de sua Palavra e poder se deleitar com a mensagem salvadora do Evangelho é um privilégio que nem todos têm. Seja porque não há Bíblias traduzidas para muitas línguas ainda, ou porque a distribuição e acesso a elas pode ser caro e limitado para muitos povos. Como igreja sabemos que o valor da Palavra de Deus na língua materna de um povo é algo muito precioso. Em apoio à Igreja Presbiteriana de Angola, a APMT-IPB deseja comprar 1.000 Bíblias na língua Umbundo e Português, que serão distribuídas em 4 Igrejas e 7 congregações do sul de Angola, na província de Cunene, no Estado de Ondjiva. Convidamos você a fazer parte deste desafio, para que mais pessoas em Angola possam conhecer a Deus através das Escrituras em sua língua materna. Envolva sua igreja, SAFs, UMPs, UPAs, UCPs, Presbitérios e Sínodos. A campanha estará disponível no site da APMT até o final de setembro.

DW em Português para África | Deutsche Welle
12 de Janeiro de 2023 - Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Jan 12, 2023 20:00


Em Angola a UNITA reprova antecipadamente a proposta de OGE2023 e acusa o Governo de "privilegiar determinadas empresas". Ataques realizados por terroristas na zona norte de Moçambique comprometeram o processo de matrículas escolares para o presente ano letivo. Na província angolana de Cuando Cubando, a população diz que a cidade transformou-se numa espécie de "cemitério de obras paradas".

DW em Português para África | Deutsche Welle
18 de Abril de 2022 - Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Apr 18, 2022 19:53


Seca no sul de Angola: Governo prometeu ajuda, mas especialistas ouvidos pela DW dizem que é preciso fazer mais. Cada vez mais países africanos proíbem o consumo da shisha. Controlo desta proibição pode trazer alguns desafios. Ainda neste jornal, acompanhe mais um episódio da radionovela Learning by Ear - Aprender de Ouvido.

DW em Português para África | Deutsche Welle

Massacre na localidade ucraniana de Busha comove. Aumenta a condenação internacional às mortes de dezenas de civis. Em Moçambique, eleição de administradores distritais gera debate. Para a RENAMO trata-se de um processo irreversível. Visita de João Lourenço ao Cunene obriga a cancelamento de atividades letivas na província. Trazemos ainda o retrato do desemprego entre a juventude angolana.

DW em Português para África | Deutsche Welle
29 de Março de 2022 - Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Mar 29, 2022 19:59


Rússia e Ucrânia à caminho de um acordo de paz – indicam as duas delegações. Em Angola: Abriu hoje o ano judicial com as críticas sobre o vazamento de documentos no Tribunal Constitucional. Em Moçambique: Nova vaga de deslocados internos em Cabo Delgado preocupa ACNUR. Centenas de milhares de pessoas "continuam assoladas" pela seca e fome no sul de Angola.

South African Border Wars
Episode 51 – Xangongo the target as Operation Protea begins and the story of a freak smoke rocket shot

South African Border Wars

Play Episode Listen Later Mar 21, 2022 18:53


The air strikes on the targets for Operation Protea have ended, and now the mechanised units will begin their move on the targets, Xangongo and Peu Peu. 32 Battalion has already cleared the bunkers and trench positions in the north of Xangongo as you heard last episode. Attacking westward on the northern flank of Battle Group 20 was 40 under command of Commandant Deon Ferreira. They were to fight through the most northern FAPLA defences at Xangongo and capture the old Portuguese Fort overlooking the river. This fort was situated on high ground with an excellent view of the critical bridge across the Cunene River and the main road leading from Humbe into Xangongo. Whomever held this fort could influence the course of the battle with direct fire weapons, small arms and short range mortars. The high grounds at the fort and to the south of the main road, adjacent to the river, were important tactical features either for defence or attack. This included a high-rise water tower just to the south of the main road next to the river which was an excellent observation post to the west and over the town. The South Africans left it standing because they were going to use it. This high rising stretch of ground adjacent to the Cunene river formed the most western edge of the Xangongo defences. Later on Battle Group 10 would use the river and the high ground in combination for the defence of Xangongo once it was taken. The small town of Peu-Peu 10kilometers to the north also nestled alongside the Cunene River and Battle Group 30 was due for a stiff fight there. Back in Xangongo, as the mechanised units moved forward, machine-gun and AK47 fire increased until suddenly the chatter of a single Soviet 23mm anti-aircraft gun stopped the Battle Group dead in its tracks. This weapon was extremely effective in the hands of a trained crew – and that's what faced the SADF at this moment.

South African Border Wars
Episode 51 – Xangongo the target as Operation Protea begins and the story of a freak smoke rocket shot

South African Border Wars

Play Episode Listen Later Mar 21, 2022 18:53


The air strikes on the targets for Operation Protea have ended, and now the mechanised units will begin their move on the targets, Xangongo and Peu Peu. 32 Battalion has already cleared the bunkers and trench positions in the north of Xangongo as you heard last episode. Attacking westward on the northern flank of Battle Group 20 was 40 under command of Commandant Deon Ferreira. They were to fight through the most northern FAPLA defences at Xangongo and capture the old Portuguese Fort overlooking the river. This fort was situated on high ground with an excellent view of the critical bridge across the Cunene River and the main road leading from Humbe into Xangongo. Whomever held this fort could influence the course of the battle with direct fire weapons, small arms and short range mortars. The high grounds at the fort and to the south of the main road, adjacent to the river, were important tactical features either for defence or attack. This included a high-rise water tower just to the south of the main road next to the river which was an excellent observation post to the west and over the town. The South Africans left it standing because they were going to use it. This high rising stretch of ground adjacent to the Cunene river formed the most western edge of the Xangongo defences. Later on Battle Group 10 would use the river and the high ground in combination for the defence of Xangongo once it was taken. The small town of Peu-Peu 10kilometers to the north also nestled alongside the Cunene River and Battle Group 30 was due for a stiff fight there. Back in Xangongo, as the mechanised units moved forward, machine-gun and AK47 fire increased until suddenly the chatter of a single Soviet 23mm anti-aircraft gun stopped the Battle Group dead in its tracks. This weapon was extremely effective in the hands of a trained crew – and that's what faced the SADF at this moment.

DW em Português para África | Deutsche Welle
29 de Dezembro de 2021 - Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Dec 29, 2021 20:00


Passam hoje, 29 de dezembro, três anos desde a detenção do ex-ministro da Finanças de Moçambique Manuel Chang na África do Sul. Praga de gafanhotos deixa perto de 4 mil famílias em situação de vulnerabilidade na província angolana do Cunene. Na Etiópia regista-se um cessar-fogo no conflito em Tigray.

DW em Português para África | Deutsche Welle
23 de Dezembro de 2021 - Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Dec 23, 2021 19:56


Trabalho infantil: nas províncias angolanas do Bié e do Moxico, crianças correm risco de vida em busca de sustento nos comboios. Já província angolana do Cunene enfrenta escassez de combustível há mais de um mês e meio. Repórteres Sem Fronteiras: Jornalistas africanos estão a trabalhar em circunstâncias cada vez perigosas, segundo o novo balanço da organização.

The Overcast
Overcast 158: Bridge Over the Cunene by Gustavo Bondoni

The Overcast

Play Episode Listen Later Sep 22, 2021 37:32


Bridge Over the Cunene by Gustavo Bondoni. Narrated by Theresa Bakken. Hosted by J.S. Arquin. #fantasy #zombies    Botoso knew he was in trouble.He had no idea how in the world he was ever going to get back to the village.He had no idea where the village was.This was the first time he'd ever been outside the stockade without his mother or one of the other village adults to take care of him, and the sun was setting redly over the horizon. But he wasn't frightened.  He told himself that a future headman would never be frightened just because night was about to fall.  He would laugh the night off, and keep walking until he found the river.  He new the river was near his village. He also knew that he would make a great headman someday.  He was smart and compassionate.  After Simao Zabobo had left the clearing far behind, Botoso had emerged from hiding and immediately noticed that the headman had forgotten the goat.  The boy knew how important goats were to the village – he was old enough to know that the village's very survival depended on the supply of goats. So he worked at the clasp tying the goat to the tree and began his walk back the way he'd come.  At some points, it was difficult to decide which way he had to go, since one patch of low grass or clump of trees looked just like the next, but he wasn't worried.  A headman would never get lost. But he had.  And now the sun was all the way down, and it was hard to see where he was going.   AUTHOR Gustavo Bondoni is novelist and short story writer with over three hundred stories published in fifteen countries, in seven languages.  He is a member of Codex and an Active Member of SFWA. His latest novel is Test Site Horror (2020). He has also published two other monster books: Ice Station: Death (2019) and Jungle Lab Terror (2020), three science fiction novels: Incursion (2017), Outside (2017) and Siege (2016) and an ebook novella entitled Branch. His short fiction is collected in Pale Reflection (2020), Off the Beaten Path (2019) Tenth Orbit and Other Faraway Places (2010) and Virtuoso and Other Stories (2011).   In 2019, Gustavo was awarded second place in the Jim Baen Memorial Contest and in 2018 he received a Judges Commendation (and second place) in The James White Award.  He was also a 2019 finalist in the Writers of the Future Contest. His website is at www.gustavobondoni.com Twitter: @gbondoni NARRATOR Theresa loves immersing herself in the worlds that writers create.  She draws on her experience as an Emmy Award winning broadcast journalist, brings empathy to every character she voices and delivers professionalism in every project. She believes storytelling is essential and produces a podcast called the Desideratum Podcast celebrating and featuring the work of authors and narrators. https://theresabakkennarrator.com/  Social Media link tree: :https://linktr.ee/tbnarrator   Please help support The Overcast. Become a Patron Today! Subscribe on iTunes, Stitcher, or Spotify so you never miss an episode. While you're there, don't forget to leave a review!  

Semana em África
Semana em África - África do Sul: Jacob Zuma em luta com a Justiça

Semana em África

Play Episode Listen Later Jul 9, 2021 8:30


O antigo presidente sul-africano, Jacob Zuma, está sob detenção policial desde a noite de quarta-feira para iniciar uma pena de prisão de 15 meses  por ultraje à justiça ao recusar testemunhar no âmbito de investigações sobre a corrupção no seu país. Jacob Zuma poderá sair sob condicional depois de cerca de quatro meses, afirmou o ministro da Justiça sul-africano André Thomashausen, professor de Direito Internacional na UNISA, Universidade da África do Sul, acredita que o antigo chefe de Estado vai tentar usar desculpas para evitar a prisão. O Ruanda  confirmou esta semana o envio de tropas para Moçambique no âmbito da força regional a ser enviada pela SADC para Cabo Delgado. Chegou na sexta-feira a Cabo Delgado a ajuda humanitária da União Europeia. O terrorismo e as suas consequências estão a preocupar a organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), como revelou o representante em Mocambique, Paulo Gomis. O Presidente da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, alertou para a exclusão de alguns deslocados dos ataques terroristas no processo de distribuição dos donativos que chegam de varias partes do mundo. Ossufo Momade falava na província de Cabo Delgado, onde se encontra  para acompanhar de perto a situação das milhares de pessoas que fogem de ataques armados. O governo francês vai continuar a prestar apoio a Moçambique para melhor lutar com o terrorismo em Cabo Delgado. A garantia foi dada esta semana pelo embaixador, David Izzo. O Ministério Público guineense pediu esta semana ao Parlamento para levantar a imunidade do Deputado Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, para ser ouvido no âmbito de uma investigação por alegados crimes de corrupção e incitamento à guerra.  O Presidente angolano deu início esta sexta-feira, 9 de Julho, uma visita de trabalho de dois dias ao Cunene, no sul do país, onde se vai encontrar com os governadores das províncias mais afectadas pela seca. "O problema é que a seca é um desastre humanitário cujo progresso vai caminhando lentamente e que aconteceu muito silenciosamente", alerta o director-geral da ADRA, Sérgio Calundungo. Cabo Verde assinalou hoje os 46 anos da sua independência. Durante o acto central das comemorações, ao saudar a acção dos combatentes da liberdade. O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, não deixou de tecer advertências sobre as ameaças que pairam sobre a democracia em vários pontos do globo.

DW em Português para África | Deutsche Welle
1 de Junho de 2021 - Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Jun 1, 2021 20:00


Angola: Duas mil pessoas fugiram da fome nas províncias de Cunene e da Huíla. MADEM-G15 decide ficar na coligação que sustenta Governo guineense. Processo de vacinação contra a Covid-19 não está a avançar em África.

Convidado
Convidado - FAO acredita em abrandamento da praga de gafanhotos em Angola no fim da época das chuvas

Convidado

Play Episode Listen Later May 13, 2021 8:09


As pragas de gafanhotos em Angola já chegaram à província de Benguela, afectando as regiões Centro e Sul do país, e ameaçam a segurança alimentar destas populações nos próximos meses, segundo relatou à RFI, Mpanzo Domingos, consultar da Organização das Nacções Unidas para a Alimentação e a Agricultura, no terreno. Desde 2020, que as províncias do Centro e Sul de Angola têm sofrido com as pragas de gafanhotos, que dizimam as colheitas das populações locais. Uma situação que se vem juntar a condições meteorológicas extremas como seca prolongada ou cheias, criando assim uma situação de insegurança alimentar na região. "As populações que se encontravam em alto risco foram recebendo ajuda por parte do Governo de Angola. O nosso temor é que nos próximos meses, quando as reservas alimentares diminuírem devido ao problema da seca, esse factor poderá contribuir para a redução dessas reservas [...] A pandemia, a seca e a praga têm causado algum constrangimento em termos de segurança alimentar", declarou Mpanzo Domingos. Para acompanhar a situação destas pragas de insectos, o Governo angolano criou uma Comissão Multissectiorial onde colaboram diversos ministérios em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, também conhecida por FAO. Há cerca de 300 pessoas no terreno que constituem brigadas de combate a esta praga e são auxiliadas com veículos todo o terreno e aviões, que procedem à pulverização das zonas afetadas com pesticídas. Segundo Mpanzo Domingos, as autoridades estão também a apoiar as populações sempre que estas têm de se deslocar devido às pulverizações. "Estamos a desenvolver um programa de evacuação das áreas afectadas, assim, quando se pretende fazer uma pulverização, e fornecer-lhes um meio de subsistência, protegendo o gado. Até que o intervalo de segurança seja respeitado e que as populações regressem às suas àreas de origem", explicou. Segundo este especialista em segurança alimentar e agricultura, a praga estava originalmente confinada à província de Lubango, alastrou-se depois para Cunene e esta semana foi detetada em Namibe e Benguela. Mpanzo Domingos estima que a praga deve abrandar após o fim da época das chuvas. "Não se pode dar previsão clara, mas haverá uma redução da intensidade da praga em função do seu ciclo, normalmente os adultos levam 3 meses para desaparecer, mas podem deixar os seus ovos. Com o fim das chuvas possa haver um abrandamento da praga na região", concluiu.

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ASF: Com apenas um centro de oncologia no país, doentes precisam de "bagagem financeira e psicológica" - fevereiro 05, 2021

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Play Episode Listen Later Feb 5, 2021 59:04


O programa Angola Saúde em Foco é transmitido às sextas-feiras às 17h30 (hora de Angola). Todas as semanas angolanos de Cabinda ao Cunene conversam com todo o país e com um convidado especial sobre os seus anseios e inquetações no campo social e da saúde. O programa é apresentado pela jornalista Mayra de Lassalette. Hora UTC: 1630 - Duração: 60 min

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ASF: Anemia falciforme afecta cerca de 20% dos angolanos - anemia adquirida vem logo a seguir - janeiro 15, 2021

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Play Episode Listen Later Jan 15, 2021 59:59


Angola Fala Só, é transmitido às sextas-feiras às 17h30 (hora angolana). Todas as semanas, angolanos de Cabinda ao Cunene conversam com todo o país e com um convidado especial sobre os seus anseios e inquetações. Inscreva-se para participar enviando o seu número de telefone, nome e província para o nosso telemóvel em Luanda - 932 34 86 98 Horário: Sex Hora UTC: 1630 Duração: 60 min

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Angola Saúde em Foco 13 Nov: "Resistência antimicrobiana é um problema de saúde pública", Nádia Camate - novembro 13, 2020

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Play Episode Listen Later Nov 13, 2020 59:59


Angola Fala Só, é transmitido às sextas-feiras às 17h30 (hora angolana). Todas as semanas, angolanos de Cabinda ao Cunene conversam com todo o país e com um convidado especial sobre os seus anseios e inquetações. Inscreva-se para participar enviando o seu número de telefone, nome e província para o nosso telemóvel em Luanda - 932 34 86 98 Horário: Sex Hora UTC: 1630 Duração: 60 min

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AFS 6 Nov - "Ponto chave da saúde mental é a prevenção, não o medicamento", Cirilo Mendes - novembro 06, 2020

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Play Episode Listen Later Nov 6, 2020 59:59


Angola Fala Só, é transmitido às sextas-feiras às 17h30 (hora angolana). Todas as semanas, angolanos de Cabinda ao Cunene conversam com todo o país e com um convidado especial sobre os seus anseios e inquetações. Inscreva-se para participar enviando o seu número de telefone, nome e província para o nosso telemóvel em Luanda - 932 34 86 98 Horário: Sex Hora UTC: 1630 Duração: 60 min

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AFS 23 Out “Os meus filhos não vão à escola” – dr. Adriano Manuel - outubro 23, 2020

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Play Episode Listen Later Oct 23, 2020 59:57


Angola Fala Só, é transmitido às sextas-feiras às 17h30 (hora angolana). Todas as semanas, angolanos de Cabinda ao Cunene conversam com todo o país e com um convidado especial sobre os seus anseios e inquetações. Inscreva-se para participar enviando o seu número de telefone, nome e província para o nosso telemóvel em Luanda - 932 34 86 98 Horário: Sex Hora UTC: 1630 Duração: 60 min

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AFS 16 de Out 2020 – Sector da saúde em Angola “pouco ou nada mudou”, diz o médico Benedito Quinta - outubro 16, 2020

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Play Episode Listen Later Oct 16, 2020 59:59


Angola Fala Só, é transmitido às sextas-feiras às 17h30 (hora angolana). Todas as semanas, angolanos de Cabinda ao Cunene conversam com todo o país e com um convidado especial sobre os seus anseios e inquetações. Inscreva-se para participar enviando o seu número de telefone, nome e província para o nosso telemóvel em Luanda - 932 34 86 98 Horário: Sex Hora UTC: 1630 Duração: 60 min

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AFS 9 de Out 2020 Expectativas de 2017 "viraram pesadelo e frustração para muita gente", Elias Isaac - outubro 09, 2020

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Play Episode Listen Later Oct 9, 2020 59:58


Angola Fala Só, é transmitido às sextas-feiras às 17h30 (hora angolana). Todas as semanas, angolanos de Cabinda ao Cunene conversam com todo o país e com um convidado especial sobre os seus anseios e inquetações. Inscreva-se para participar enviando o seu número de telefone, nome e província para o nosso telemóvel em Luanda - 932 34 86 98 Horário: Sex Hora UTC: 1630 Duração: 60 min

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AFS 2 Out 2020 “A corrupção e o MPLA andam juntos” – Navita Ngolo - outubro 02, 2020

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Play Episode Listen Later Oct 2, 2020 59:59


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Black Talk
Black Talk #024 - Resistência e Consciência

Black Talk

Play Episode Listen Later Sep 28, 2020 92:33


Marisol kadiegi foi a 24ª entrevistada do Black Talk. Jornalista formada pelo Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB), pós-graduada em História Cultural, Identidade, Tradição e Fronteiras pela Faculdade de História da Universidade de Brasília (UnB) e pós-graduanda em Fotografia como Suporte para a Imaginação, Marisol foi Realizadora da Televisão Pública de Angola e hoje é Documentarista, roteirista, jornalista cultural e produtora de eventos. Mãe da DJ Odara Kadiegi (DJ) e do estudante de Direito Pedro Akil, roteirizou os documentários: "Entre o Rasto e o Rosto na Alma dos Khoisans do Cunene" (2011), "Zungueira, a força que nunca cansa" (2008), "Xinguilamento, a força dos ancestrais" (2008), "Carnaval da Vitória, 30 anos de Liberdade" (2007) e co-dirigiu "Valeu" (2014) e "Nós Somos: Trajetória de uma Nação" (2016). É mãe da DJ Odara Kadiegi (DJ) e do estudante de Direito Pedro Akil.

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AFS 11 Set 2020 – “É preciso maior abertura e mais transparência” – Elísio Magalhães - setembro 11, 2020

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Play Episode Listen Later Sep 11, 2020 60:00


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AFS 4 set – Caso dos 900 milhões de Carlos São Vicente “atesta a pilhagem de Angola” – Rafael Marques - setembro 04, 2020

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Play Episode Listen Later Sep 4, 2020 59:59


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AFS 28 Ago – “É preciso que a actuação das forças de segurança seja baseada na legalidade e lei” - OMUNGA - agosto 28, 2020

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Play Episode Listen Later Aug 28, 2020 59:59


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AFS 21 Ago: “Covid tem costas largas e serve de desculpas para tudo” - agosto 21, 2020

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Play Episode Listen Later Aug 21, 2020 60:00


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14 de Ago 2020 AFS –Todos gostam do #2022vaisgostar - agosto 14, 2020

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Play Episode Listen Later Aug 14, 2020 60:00


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AFS 7 agosto 2020: "Ninguém rasgou o estatuto especial para Cabinda" - agosto 07, 2020

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Play Episode Listen Later Aug 7, 2020 59:57


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AFS 31 julho 2020: "Aconselho os cabindas a não vacilar", Raúl Tati - julho 31, 2020

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Play Episode Listen Later Jul 31, 2020 59:59


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AFS 24 de Jul "As instituições em Angola têm um histórico - por isso há cepticismo," Vladmir Santos - julho 24, 2020

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Play Episode Listen Later Jul 24, 2020 59:59


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AFS 17 Jul Empreendedores têm que acabar com mentalidade de depêndencia do governo – Soraya Santos e Edilson Pires - julho 17, 2020

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Play Episode Listen Later Jul 17, 2020 59:59


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AFS 10 de Jul Angola Fala Só – MPLA e UNITA deviam ser extintos - Pick Ngudiakage - julho 10, 2020

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Play Episode Listen Later Jul 10, 2020 59:59


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