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A Ficção como História - este é o título e a premissa do livro de Dorothée Boulanger agora publicado em português, depois de uma primeira edição em inglês. A académica francesa analisou mais de 20 romances de autores angolanos como Pepetela, Manuel dos Santos Lima, Ondjaki, José Eduardo Agualusa ou Sousa Jamba, todos publicados no período pós-colonial. O objectivo era tentar perceber o papel da literatura na formação da identidade nacional nos primeiros anos da independência. O trabalho é o resultado de uma investigação durante o doutoramento na Universidade de Oxford, onde continua como professora. O que levou a Dorothée a viver e a trabalhar em Angola e como é que esse período influenciou esta investigação? Eu morei em Angola de 2009 a 2011, na cidade de Lobito. Foi, primeiro, uma oportunidade pessoal e familiar, mas, anteriormente, tinha-me formado em relações internacionais e estudos de género, especializando-me no assunto dos conflitos armados em África e em assuntos de pós-conflito, reconstrução, reconciliação. Por isso, o contexto angolano era muito interessante para mim. A guerra civil parou menos de uma década antes da minha chegada em Lobito. Morar mais de dois anos nessa cidade foi uma oportunidade preciosa para o meu trabalho, porque eu quero pensar a literatura como uma intervenção estética e política num contexto específico. A minha leitura das obras fez-se a partir da situação do país. Deu-me a possibilidade de ver a especificidade do discurso literário angolano e os desafios que a população enfrentava acerca da liberdade de expressão e da memória da guerra.O que faz de Angola especial para que a literatura de ficção seja útil como fonte da história do país?O papel de muitos escritores angolanos durante a guerra anticolonial, a sua participação na luta armada e dentro do MPLA, tornou-os atores políticos importantes e também testemunhas privilegiadas deste período. Por isso, as narrativas que eles fizeram têm um valor histórico. Também gozavam de um grande prestígio social. O primeiro presidente, Agostinho Neto, era chamado presidente-poeta. E a União dos Escritores Angolanos foi a primeira associação criada pelo Estado independente. Dentro do primeiro governo Neto, havia muitos escritores com função de ministros na saúde, como o Uanhenga Xitu, na cultura, como o António Jacinto. Então, realmente, os escritores estavam dentro do aparelho do poder.O que é que os romances de ficção angolanos ensinam sobre Angola que não está nos manuais de história? Uma das contribuições da literatura angolana é de oferecer um discurso angolano sobre a história do país. Um discurso angolano que se distancia do discurso oficial do regime, que fala das tensões dentro do MPLA, do oportunismo das elites pós-coloniais, das purgas. É importante ter vozes angolanas para contar esta história, centrando perspectivas autóctonas e referências culturais e linguísticas angolanas. Os escritores nem sempre concordam na sua maneira de contar ou analisar certos eventos históricos. Ver estes desacordos e estes conflitos é importante para deixar a história aberta e evitar mistificações. A literatura de ficção permite também transmitir de maneira clara, muito pedagógica, trajetórias históricas complexas, influências múltiplas que construíram a sociedade angolana desde o período da escravidão até hoje. A literatura torna-se um arquivo precioso do período revolucionário angolano. Estou pensando nas histórias de infância do Ondjaki, em Luanda, nos anos 1980, quando a cidade e o país eram fechados ao mundo. O romance de Pepetela, "O Planalto e a Estepe", por exemplo, fala das redes revolucionárias dos anos 1960 e 1970, de Cuba à Argélia e à União Soviética. Por outro lado, às vezes, é nos seus silêncios que a literatura angolana nos ensina muito sobre o papel dos intelectuais. A dificuldade, por exemplo, de falar da tentativa de golpe de Estado do 27 de maio de 1977 por parte dos escritores mais próximos do poder, mostra a dificuldade dos intelectuais em pensar também na sua cumplicidade com a violência do Estado.O que é que descobriu que não estava à espera? Tive várias surpresas. Eu acho que a primeira surpresa foi durante a minha primeira leitura dos romances, num contexto em que a população angolana não se sentia à vontade para falar da guerra ou do governo. Pelo contrário, os escritores contavam histórias difíceis, complexas, faziam acusações a propósito do papel das elites, também sobre a herança da escravidão, a falta de integridade ideológica e ética de muitos líderes políticos ou religiosos. Havia esta liberdade de tom dentro da literatura. A segunda surpresa foi realizar, mais tarde, após ler muitos romances, a centralidade das perspectivas masculinas e a falta de substância de muitos personagens femininos, sobretudo com os escritores da geração da independência. Os seus romances eram anticoloniais, anti-racistas, que denunciam a dominação portuguesa e a propaganda do Estado Novo. Por isto, não pensava que adotariam com tamanha facilidade estereotipos sexistas. Ademais, o MPLA tinha um discurso de inclusão das mulheres na luta. Mas era só isso, discurso. Os romances angolanos revelam que a emancipação das mulheres e o privilégio masculino são pontos cegos para estes autores, todos homens. Estou pensando em "Sim Camarada!", de Manuel Rui, ou "Mayombe", de Pepetela, que são obras sexistas. Mas o que é muito interessante é que parece que estes autores depois tentaram corrigir um pouco esta propensão. "Lueji: O Nascimento de um Império", de Pepetela, "Rioseco", de Manuel Rui, tentam celebrar o papel das mulheres nas lutas e nas guerras em Angola. Mas até hoje há muito pouco mulheres escritoras no país, o que sublinha, eu acho, a persistência de uma atmosfera masculina acerca da literatura.Há aqui um modelo para analisar a história de outros países da África lusófona da perspetiva da literatura? Sim, a literatura africana sempre teve essa vontade de responder ao discurso colonial, de contar a história na perspectiva dos africanos e das africanas. Um dos aspectos do discurso colonial era negar a história africana, dizendo que a sua história começou com a chegada dos europeus. Muitos escritores africanos - Yvonne Vera, Ngugi wa Thiong'o, Assia Djebar e muitos outros - escreveram para contar a sua própria história e revelar a violência e a regressão histórica que constituiu a ocupação europeia do continente africano. Isto sendo dito, eu acho que o caso angolano tem as suas especificidades. No contexto do Estado Novo, a censura política, a propaganda portuguesa deram à literatura um papel importante para fazer ressoar o discurso anticolonial e nacionalista. Daqui, os escritores angolanos, que por razões sociais, familiares, tinham laços fortes com o MPLA, participaram fortemente na luta anticolonial, como escritores e como militantes, às vezes como guerreiros. Esta proximidade com a luta e depois com o aparelho de Estado dá este valor histórico à literatura angolana e à sua especificidade. Analisou a literatura pós-colonial, de 1960 a 2010. A literatura angolana, ou africana em geral, é hoje menos ativista politica e socialmente? É uma pergunta interessante, mas é uma pergunta difícil, porque, como eu expliquei, a literatura africana, de forma geral, tem esta dimensão política. Não se reduz a este discurso político, mas tem essas preocupações com o poder, as desigualdades, a dominação histórica. Eu acho que hoje esta dimensão combativa da literatura africana pode encarnar-se em outras lutas de género ou ambientais. Mas, no caso da literatura angolana, acho que é verdade que não encontramos o mesmo dinamismo, a mesma criatividade que há 30 anos. Angola teve uma geração excepcional de escritores desde os anos 60. É indisputável. Hoje em dia, não são tantos, e a luta encarna-se em outras formas de arte, como o hip-hop, por exemplo. A expressão crítica e criativa faz-se através das redes sociais. E temos também que dizer que a negligência do Estado angolano com a educação e a cultura não permitiu um forte desenvolvimento da leitura e da literatura dentro das gerações mais jovens.O livro "A Ficção como História - Resistência e Cumplicidades na Literatura Angolana Pós-Colonial" publicado pela editora Mercado de Letras vai estar à venda em Angola a partir de Março e vai ficar disponível mais tarde em versão digital graças a uma parceria com a editora francesa Africae.
Moçambique vive uma crise que se intensificou desde as eleições gerais de outubro. Esse país lusófono da costa leste do continente africano enfrenta tensões políticas e ideológicas complexas, permeadas por elementos históricos que dividem a nação desde a sua independência, em 1975. Flávio Aguiar, analista políticoEm 9 de outubro realizaram-se eleições gerais em Moçambique, para a presidência da República, a Assembleia Nacional e as dez assembleias provinciais. O Conselho Nacional de Eleições proclamou vencedor o candidato Daniel Chapo, da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e do atual presidente, Felipe Nyusi. A FRELIMO é usualmente apontada como um partido de orientação marxista-leninista. Como já de costume, o principal candidato de oposição, Venâncio Mondlane, do Partido Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) e pela Aliança Democrática, considerado um político pró-Ocidente, não aceitou o resultado e denunciou a ocorrência de fraudes na votação e na apuração. Na sequência, chamou manifestações contra o governo, que vêm ocorrendo desde então, sobretudo na capital, Maputo. Registram-se cotidianamente choques entre a polícia e unidades militares pró-governo e os manifestantes oposicionistas. O número de mortos nestas manifestações sobe a dezenas, bem como o de detidos pela polícia.Os policiais e as unidades militares envolvidas na repressão aos manifestantes são acusados de usarem violência excessiva. Em contrapartida, alegam que, frequentemente, as manifestações degeneram em atos de vandalismo e depredação.A FRELIMO, fundada em 1962 e líder da campanha e da guerra contra o colonialismo português, está no poder desde a independência, em 1975. Contra ela há acusações de autoritarismo crescente, manipulações eleitorais, e de corrupção, provocada por uma aliança de exercício do poder por oligarquias, inclusive familiares, negócios escusos, e tráfico de influência. Dentre os mais de 200 representantes de organizações internacionais, os da União Europeia apoiaram, ainda que de modo moderado, as denúncias de Mondlane, também apoiadas por outros partidos de oposição.Por sua vez, Mondlane é uma personalidade política bastante controversa. Pastor evangélico, recebeu no passado o apoio de remanescentes da RENAMO, Resistência Nacional Moçambicana, fundada em 1977 por apoiadores do colonialismo europeu na África e defensora do apartheid na África do Sul.Todas as suas ligações internacionais são com partidos e políticos de extrema-direita. Elogia Donald Trump e, no Brasil, se diz aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro e do deputado federal Nikolas Ferreira, do Partido Liberal (PL), de extrema-direita. Em Portugal apoia e tem o apoio do partido CHEGA, fundado em 2019 por André Ventura, também de extrema-direita. Simpatizantes desta tendência afirmam que os problemas de Moçambique decorrem de uma processo de independência mal conduzido pelo “abrileiros” (sic), uma referência à Revolução dos Cravos que em 25 de abril de 1974 derrubou a ditadura salazarista, e sua proximidade em relação à FRELIMO marxista.As manifestações contra o governo e a favor de Mondlane têm tido apoio entre jovens, parcela em que a taxa de desemprego é muito alta, sobretudo nas cidades. A FRELIMO conta com um apoio mais firme em regiões rurais e entre veteranos que viveram o estertor do colonialismo português na África.O escritor angolano José Eduardo Agualusa publicou um artigo com críticas veementes a Mondlane. O escritor moçambicano Mia Couto divulgou uma carta aberta pedindo moderação a todas as partes no tratamento da crise moçambicana, recebendo críticas de oposicionistas que a consideraram omissa em relação às denúncias de violência por parte do governo. Os países africanos vizinhos acompanham atentamente a situação, inclusive a África do Sul, porque Maputo tornou-se um porto importante para o escoamento de seus produtos. Idem a União Europeia, cujos países têm muitos investimentos na região. De toda esta crise, duas conclusões prévias se impõem. A primeira é a de que, como o Brasil, Moçambique não é para principiantes. A segunda é a de que, se a FRELIMO pode ter-se tornado um problema, Mondlane, com suas ligações autoritárias, parece longe de ser uma solução.
José Eduardo Agualusa, escritor afro-luso-brasileiro, traz-nos o seu último romance, “Mestre dos Batuques”. “As histórias é que vêm ter comigo”, diz, “escrevo porque quero saber o final das histórias”See omnystudio.com/listener for privacy information.
A Mariana trouxe óptimas leituras, boa energia, histórias maravilhosas com escritores que conhece e, quem tem o nome a começar por Mar... vai adorar uma delas. Mais não posso dizer, terão de ouvir e sentir esta... empatia. Livros que a actriz escolheu: Disse-me um adivinho, Tiziano Terzani; Tudo é Rio, Carla Madeira; Travessuras da menina má, Mário Vargas Llosa; Milagrário pessoal, José Eduardo Agualusa. Outras referências: A Natureza da Mordida e Véspera, Carla Madeira; Novas Cartas Portuguesas, “As 3 Marias”; A Desobediente, Patrícia Reis; A tia Júlia e o Escrevedor e Pantaleão e as visitadoras, Mário Vargas Llosa; O elogio da palavra, Lamberto Maffei; Mar Me Quer, Mia Couto; O Senhor Ibrahim e as Flores do Alcorão e Óscar e a Srª cor-de-rosa, Eric-Emmanuel Schmidtt; O autor Eduardo Galeano (e o seu discurso sobre a utopia). Os que escreveu: Mariana num mundo igual; Mariana no caminho da igualdade; Pensamentos de uma mente inquieta. O que ofereci: Os da minha rua, Ondjaki. Os livros aqui: www.wook.pt
No Salón de Embajadores, uma sala dourada da Casa de América, no centro de Madri, gente de toda parte tem se reúne para apreciar concertos musicais em português. O projeto Rua das Pretas, idealizado pelo cantor e compositor brasileiro Pierre Aderne, conquistou um lugar cativo na cena cultural da capital espanhola. Ana Beatriz Farias, correspondente da RFI em MadriOs shows, que começaram em fevereiro e vão até o início de abril, fazem parte de uma residência artística que o grupo está vivenciando na cidade e revelam ao público, entre histórias e canções, o DNA do Rua das Pretas, nasceu na sala da casa de Pierre Aderne, em Lisboa, Portugal, há 12 anos.O que inicialmente era um encontro íntimo e caseiro entre artistas de diferentes nacionalidades, hoje ganha os palcos internacionais levando a música brasileira mundo afora – mas não só ela, como conta Pierre, um fiel defensor do encontro entre os estilos musicais em língua portuguesa.“A gente passou demasiado tempo colocando a bandeira à frente da língua quando a música era cantada em português”, pontua o artista, que também é autor do filme “MPB – Música Portuguesa Brasileira: uma conversa musical entre Portugal, Brasil e Cabo Verde”.Para Pierre, a vida em Lisboa, onde se dedica a promover encontros de artistas lusófonos, trouxe de volta a união dos países que fazem música em português. “E eu estive no meio disso tudo. Com as minhas passagens pelos estados do Brasil, pelos artistas que eu conheci, pelos compositores que me ajudaram a trilhar um caminho como compositor. Pelas outras culturas que eu provoquei, fui provocado. Acho que é uma colcha de retalhos”, descreve.Segundo ele, essa trilha — que gera uma rede composta por cada experiência compartilhada e por cada ideia trocada —, não é, nem de longe, milimetricamente calculada. O que há é menos estratégia e mais intuição: “não é pensado, as coisas vão surgindo à flor da pele”.Metamorfose contínuaUma das características mais marcantes do “Rua das Pretas” é a constante transformação da composição do grupo. Entre os residentes, que se revezam na condução da festa, e os muitos convidados que já estiveram nesta “sala de casa” itinerante, mais de 200 artistas do mundo lusófono passaram pelo Rua das Pretas. Nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, José Eduardo Agualusa e Valter Hugo Mãe estão nesta lista.O percurso que o projeto tem traçado em Madri não foge à regra. A cada encontro, novos convidados sobem ao palco para acrescentar os seus próprios tons ao espetáculo. Num dos shows desta temporada espanhola, a cantora Valéria Lobão teve a oportunidade de cantar, pela primeira vez ao vivo, uma canção que já tinha gravado: “No coração de Mariana”. A faixa tem letra de Pierre Aderne e música de Carlos Fuchs e foi composta em homenagem a Ian Guest, mestre húngaro de diversos artistas brasileiros.Entre histórias e cançõesNo palco, ao perguntar a Valéria com qual música ela queria iniciar sua participação no show, Pierre brincou dizendo que “o repertório é espiritual” e escutou da artista como resposta: “por falar em espiritual, podíamos fazer primeiro aquela música incrível, que você fez depois de uma inspiração”.O anfitrião começou, então, a contar sua história com Ian Guest, que se iniciou ainda na infância – quando este frequentava reuniões de um grupo de teatro da família de Pierre – e culminou numa música escrita como ode a Ian. “Ano passado, eu tive a sensação de perceber a presença do Ian Guest e fiquei a noite inteira pensando nele. Tive a certeza, naquela noite, de que se ele não fosse a Lisboa, eu iria a Tiradentes encontrá-lo”, introduziu Pierre.Ele seguiu relatando que, na ocasião, escreveu uma letra pensando em Ian Guest e, na manhã seguinte, ligou para o parceiro musical Nilson Dourado para contar que queria convidar Ian para o Rua das Pretas e estar perto deles. “E o Nilson disse assim para mim: ‘eu acabei de receber a notícia de que ele faleceu esta noite'”, continuou Pierre Aderne, anunciando na sequência que Valéria Lobão cantaria a música composta na madrugada em questão.Viver esse improviso banhou Valéria de emoção: “Toda a história foi muito emocionante. Eu acho que a plateia também acabou se contagiando. Pela história e pela música, né? A história do Ian e essa música tão bonita do Pierre com o Carlos Fuchs”.Conexão Brasil-Portugal-EspanhaQuem também tem o rosto estampado no álbum de fotografias da residência artística do Rua das Pretas em Madri e já acumula suas próprias histórias com o grupo, é a cantora Maia Balduz. Ela é portuguesa e, depois de fazer várias participações nos shows do grupo, se tornou residente do projeto.Quanto à estrada percorrida junto ao Rua das Pretas, Maia diz que pode aprender bastante. “Tem sido muito bom porque trabalhar com músicos que já estão dentro do círculo há muitos anos é completamente diferente do que com pessoas da minha idade que, embora também sejam muito profissionais e toquem muito bem, não têm a bagagem toda de como nós falamos com o público, como interagimos. Portanto, é aquela bagagem de palco, não é só a bagagem instrumentista ou vocalista. Tem sido uma viagem intensa”.Entre indas e vindas de Lisboa a Madri, a cantora tem representado o fado na equação multifatorial que é o Rua das Pretas. O estilo musical, tipicamente português, é integrado à vida e ao repertório de Maia — e de grande parte dos que vivem em Portugal. Fora do país, no entanto, a força e a emoção do fado costumam surpreender.“As pessoas ficam sempre muito impressionadas quando ouvem fado, porque acham que é uma coisa muito diferente, muito profunda. Mesmo que elas não entendam, no caso dos espanhóis, a letra, elas estão a sentir tudo”, afirma Maia.Falando em sensações que podem atingir a plateia, não é raro ver no público rostos emocionados ao final dos shows. O espetáculo toca de diferentes formas a quem o assiste. A consultora de marketing Mónica Juanas é espanhola e não escondeu o contentamento com o que ouviu: “nos encantou”.O fascínio foi tanto que ela buscou, ao final da apresentação, uma forma de levar a música que havia escutado para casa: “Achamos muito especial, muito emocionante, com um contato muito direto com o público. Inclusive, estávamos procurando uma forma de comprar um disco, porque nós gostamos muito”.Parceria em som e corQuem, assim como Mónica, vai a um dos espetáculos do projeto Rua das Pretas na Casa de América, encontra a arte brasileira também nas cores e formas dos quadros de Gonçalo Ivo. O pintor é responsável pelas obras que compõem o cenário dos shows. A parceria entre Gonçalo e Pierre Aderne é antiga.“Eu fiz todos os cenários do Pierre em Portugal. E são enormes tecidos que confeccionamos, de três metros, dois metros, que eu chamo de bandeiras e que ficaram no Coliseu dos Recreios, em todos os lugares onde ele dá concerto. Eu que faço os cenários e essa é uma associação que tem mais de 12 anos”, relembra Gonçalo.Comentando os tantos encontros que acontecem envolvendo o projeto Rua das Pretas, Pierre Aderne lembra que muitos se dão pela primeira vez em cima de um palco. Faz parte do jogo de cena, de acordo com o que conta ele, que os músicos convidados não cumpram uma rotina rigorosa de ensaios.“Nunca temos tempo para ensaiar. Eu acho que é até uma desculpa. É como se fosse um primeiro date, um primeiro encontro em que você não sabe muito bem o que vai acontecer. Eu acho que esse suspense faz muito bem à música para não ficar igual. A gente pode tocar 20, 200 vezes uma canção e a ideia é que ela vá se modificando como a gente se modifica também”, arremata.PRÓXIMOS SHOWS:Quarta-feira, 20 de março de 2024. Artista convidado: Moacyr Luz.Quarta-feira, 3 de abril de 2024. Artista convidada: Roberta NistraHorário: 19h30Salón Embajadores de Casa de América, acesso pela Plaza de Cibeles, S/N.Mais informações sobre os concertos e a compra de bilhetes no site da Rua das Pretas
No Salón de Embajadores, uma sala dourada da Casa de América, no centro de Madri, gente de toda parte tem se reúne para apreciar concertos musicais em português. O projeto Rua das Pretas, idealizado pelo cantor e compositor brasileiro Pierre Aderne, conquistou um lugar cativo na cena cultural da capital espanhola. Ana Beatriz Farias, correspondente da RFI em MadriOs shows, que começaram em fevereiro e vão até o início de abril, fazem parte de uma residência artística que o grupo está vivenciando na cidade e revelam ao público, entre histórias e canções, o DNA do Rua das Pretas, nasceu na sala da casa de Pierre Aderne, em Lisboa, Portugal, há 12 anos.O que inicialmente era um encontro íntimo e caseiro entre artistas de diferentes nacionalidades, hoje ganha os palcos internacionais levando a música brasileira mundo afora – mas não só ela, como conta Pierre, um fiel defensor do encontro entre os estilos musicais em língua portuguesa.“A gente passou demasiado tempo colocando a bandeira à frente da língua quando a música era cantada em português”, pontua o artista, que também é autor do filme “MPB – Música Portuguesa Brasileira: uma conversa musical entre Portugal, Brasil e Cabo Verde”.Para Pierre, a vida em Lisboa, onde se dedica a promover encontros de artistas lusófonos, trouxe de volta a união dos países que fazem música em português. “E eu estive no meio disso tudo. Com as minhas passagens pelos estados do Brasil, pelos artistas que eu conheci, pelos compositores que me ajudaram a trilhar um caminho como compositor. Pelas outras culturas que eu provoquei, fui provocado. Acho que é uma colcha de retalhos”, descreve.Segundo ele, essa trilha — que gera uma rede composta por cada experiência compartilhada e por cada ideia trocada —, não é, nem de longe, milimetricamente calculada. O que há é menos estratégia e mais intuição: “não é pensado, as coisas vão surgindo à flor da pele”.Metamorfose contínuaUma das características mais marcantes do “Rua das Pretas” é a constante transformação da composição do grupo. Entre os residentes, que se revezam na condução da festa, e os muitos convidados que já estiveram nesta “sala de casa” itinerante, mais de 200 artistas do mundo lusófono passaram pelo Rua das Pretas. Nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, José Eduardo Agualusa e Valter Hugo Mãe estão nesta lista.O percurso que o projeto tem traçado em Madri não foge à regra. A cada encontro, novos convidados sobem ao palco para acrescentar os seus próprios tons ao espetáculo. Num dos shows desta temporada espanhola, a cantora Valéria Lobão teve a oportunidade de cantar, pela primeira vez ao vivo, uma canção que já tinha gravado: “No coração de Mariana”. A faixa tem letra de Pierre Aderne e música de Carlos Fuchs e foi composta em homenagem a Ian Guest, mestre húngaro de diversos artistas brasileiros.Entre histórias e cançõesNo palco, ao perguntar a Valéria com qual música ela queria iniciar sua participação no show, Pierre brincou dizendo que “o repertório é espiritual” e escutou da artista como resposta: “por falar em espiritual, podíamos fazer primeiro aquela música incrível, que você fez depois de uma inspiração”.O anfitrião começou, então, a contar sua história com Ian Guest, que se iniciou ainda na infância – quando este frequentava reuniões de um grupo de teatro da família de Pierre – e culminou numa música escrita como ode a Ian. “Ano passado, eu tive a sensação de perceber a presença do Ian Guest e fiquei a noite inteira pensando nele. Tive a certeza, naquela noite, de que se ele não fosse a Lisboa, eu iria a Tiradentes encontrá-lo”, introduziu Pierre.Ele seguiu relatando que, na ocasião, escreveu uma letra pensando em Ian Guest e, na manhã seguinte, ligou para o parceiro musical Nilson Dourado para contar que queria convidar Ian para o Rua das Pretas e estar perto deles. “E o Nilson disse assim para mim: ‘eu acabei de receber a notícia de que ele faleceu esta noite'”, continuou Pierre Aderne, anunciando na sequência que Valéria Lobão cantaria a música composta na madrugada em questão.Viver esse improviso banhou Valéria de emoção: “Toda a história foi muito emocionante. Eu acho que a plateia também acabou se contagiando. Pela história e pela música, né? A história do Ian e essa música tão bonita do Pierre com o Carlos Fuchs”.Conexão Brasil-Portugal-EspanhaQuem também tem o rosto estampado no álbum de fotografias da residência artística do Rua das Pretas em Madri e já acumula suas próprias histórias com o grupo, é a cantora Maia Balduz. Ela é portuguesa e, depois de fazer várias participações nos shows do grupo, se tornou residente do projeto.Quanto à estrada percorrida junto ao Rua das Pretas, Maia diz que pode aprender bastante. “Tem sido muito bom porque trabalhar com músicos que já estão dentro do círculo há muitos anos é completamente diferente do que com pessoas da minha idade que, embora também sejam muito profissionais e toquem muito bem, não têm a bagagem toda de como nós falamos com o público, como interagimos. Portanto, é aquela bagagem de palco, não é só a bagagem instrumentista ou vocalista. Tem sido uma viagem intensa”.Entre indas e vindas de Lisboa a Madri, a cantora tem representado o fado na equação multifatorial que é o Rua das Pretas. O estilo musical, tipicamente português, é integrado à vida e ao repertório de Maia — e de grande parte dos que vivem em Portugal. Fora do país, no entanto, a força e a emoção do fado costumam surpreender.“As pessoas ficam sempre muito impressionadas quando ouvem fado, porque acham que é uma coisa muito diferente, muito profunda. Mesmo que elas não entendam, no caso dos espanhóis, a letra, elas estão a sentir tudo”, afirma Maia.Falando em sensações que podem atingir a plateia, não é raro ver no público rostos emocionados ao final dos shows. O espetáculo toca de diferentes formas a quem o assiste. A consultora de marketing Mónica Juanas é espanhola e não escondeu o contentamento com o que ouviu: “nos encantou”.O fascínio foi tanto que ela buscou, ao final da apresentação, uma forma de levar a música que havia escutado para casa: “Achamos muito especial, muito emocionante, com um contato muito direto com o público. Inclusive, estávamos procurando uma forma de comprar um disco, porque nós gostamos muito”.Parceria em som e corQuem, assim como Mónica, vai a um dos espetáculos do projeto Rua das Pretas na Casa de América, encontra a arte brasileira também nas cores e formas dos quadros de Gonçalo Ivo. O pintor é responsável pelas obras que compõem o cenário dos shows. A parceria entre Gonçalo e Pierre Aderne é antiga.“Eu fiz todos os cenários do Pierre em Portugal. E são enormes tecidos que confeccionamos, de três metros, dois metros, que eu chamo de bandeiras e que ficaram no Coliseu dos Recreios, em todos os lugares onde ele dá concerto. Eu que faço os cenários e essa é uma associação que tem mais de 12 anos”, relembra Gonçalo.Comentando os tantos encontros que acontecem envolvendo o projeto Rua das Pretas, Pierre Aderne lembra que muitos se dão pela primeira vez em cima de um palco. Faz parte do jogo de cena, de acordo com o que conta ele, que os músicos convidados não cumpram uma rotina rigorosa de ensaios.“Nunca temos tempo para ensaiar. Eu acho que é até uma desculpa. É como se fosse um primeiro date, um primeiro encontro em que você não sabe muito bem o que vai acontecer. Eu acho que esse suspense faz muito bem à música para não ficar igual. A gente pode tocar 20, 200 vezes uma canção e a ideia é que ela vá se modificando como a gente se modifica também”, arremata.PRÓXIMOS SHOWS:Quarta-feira, 20 de março de 2024. Artista convidado: Moacyr Luz.Quarta-feira, 3 de abril de 2024. Artista convidada: Roberta NistraHorário: 19h30Salón Embajadores de Casa de América, acesso pela Plaza de Cibeles, S/N.Mais informações sobre os concertos e a compra de bilhetes no site da Rua das Pretas
"Vidas e mortes de Abel Chivukuvuku" é o título da primeira biografia escrita por José Eduardo Agualusa e é também a biografia de um dos políticos mais influentes de Angola.Entrarmos na biografia de Abel Chivukuvuku, ex-militante da UNITA e fundador da CASA-CE, é como abrirmos a porta para uma melhor compreensão da história de Angola, da Angola de hoje. Durante três anos, José Eduardo Agualusa entrevistou e investigou, para escrever a biografia do homem que sobreviveu a duas quedas de avião, um atentado, uma tentativa de linchamento. O livro foi publicado recentemente em Portugal.Na entrevista que concedeu à RFI, em Lisboa, José Eduardo Agualusa aborda temas como os desafios que enfrentou para a concretização da obra (editada pela Quetzal), as revelações que se encontram no livro, as reacções à publicação e as próximas eleições Angola.
Neste episódio, Ricardo destaca uma pegadinha que aconteceu Web Summit, onde membros do Yes Man Group enganaram a plateia ao se passarem por um rapper e executivo da Adidas, promovendo absurdos como implantar chips em funcionários para controlar produtividade. Surpreendentemente, a plateia aplaudiu, revelando uma preocupante desconexão da realidade. Ricardo alerta sobre a dificuldade contemporânea de discernir verdade e ética, especialmente em projetos de inteligência artificial. Ele enfatiza a necessidade de ancorar projetos nas realidades éticas da sociedade para evitar um futuro caótico, ressaltando a importância de priorizar os princípios morais sobre ambição nos avanços tecnológicos. Este podcast foi baseado no artigo da coluna do José Eduardo Agualusa no jornal O Globo. Escute o podcast para saber mais.
Uma igreja que ressurgiu após ficar mais de 40 anos soterrada sob a areia. Um ritual do povo Tremembé. Uma crônica de Carlos Drummond de Andrade publicada em 1946 e descoberta num momento decisivo para a autora. As cidades portuguesas que dividem um mesmo nome. Um personagem emprestado de outro escritor, o angolano José Eduardo Agualusa. São elementos que ajudaram Socorro Acioli a encontrar a história que conta em “Oração Para Desaparecer” (Companhia das Letras). Esse é o primeiro romance que Socorro lança desde “A Cabeça do Santo”, livro de 2014 que aos poucos foi conquistando uma quantidade enorme de admiradores. No novo trabalho, do lado de lá do Atlântico nós temos Cida, mulher que busca construir uma nova vida num lugar desconhecido. Do lado de cá temos Joana, ainda viva nas amorosas lembranças de Miguel. “Oração Para Desaparecer” é uma história sobre identidade, religiosidade ou misticismo e, claro, amor. É também uma obra sobre as histórias que nos constituem. Escritora que estudou com Gabriel García Márquez, Socorro costuma ser apontada como uma herdeira brasileira do realismo mágico. Também falamos a respeito disso no papo que vocês ouvem agora. A foto de Socorro usada na arte do podcast foi feita por Igor de Melo. * Aqui o caminho para a newsletter da Página Cinco: https://paginacinco.substack.com/' ** E aqui A Biblioteca no Fim do Túnel: https://www.livrariaarquipelago.com.br/a-biblioteca-no-fim-do-tunel-rodrigo-casarin
37 galerias participaram na edição 2023 da feira de arte contemporânea AKAA, entre elas a Perve e a Movart, com espaços em Lisboa e Luanda. Desde a sua criação em 2015, a galeria Movart apresenta artistas luso-africanos. A galeria luso-angolana esteve presente na feira de arte contemporânea AKAA que decorreu no fim-de-semana passado, em Paris.O trabalho do moçambicano Mário Macilau Circle of Memories é uma série de imagens que retratam a cidade de Maputo com imagens sobrepostas de crianças e mulheres no dia-a-dia. "Também apresentamos trabalhos de São Tomé e Príncipe de René Tavares e de Kwame Sousa", descreveu a directora da galeria, Janire Bilbao.A artista angolana Keyezua teve trabalhos de escultura e fotografia expostos no AKAA. Keyezua criou um trabalho em 2018 sobre a crise migratória e outro projecto sobre deficiência física ou emocional. A artista angolana "fala de emigração porque ela também foi emigrante durante muitos anos nos Países Baixos, vivia na Holanda", conta Janire Bilbao."Fidel Évora é um artista de Cabo Verde e trabalhamos com ele há dois anos. Ele trabalha em serigrafia, faz o trabalho no computador, imprime-o e depois trabalhar por cima", descreve a directora da Movart.A Perve Galeria esteve presente na feira AKAA e apresentou diferentes gerações, entre eles o moçambicano Ernesto Shikhani, o luso-moçambicano João Ayres, o escritor angolano José Eduardo Agualusa, o moçambicano Malangatana Ngwenya, a moçambicana Reinata Sadimba, a luso-moçambicana Teresa Roza d'Oliveira e ainda o escritor angolano Valter Hugo Mãe."Temos artistas de Portugal, Moçambique, Angola, artistas da diáspora ou artistas que nem puderam ter um estatuto diaspórico, artistas feministas", apresenta o director e curador da Perve Galeria.Percorremos o stand C4 da Perve Galeria com Carlos Cabral Nunes que nos descreveu a cronologia dos trabalhos apresentados. O espaço começa "cronologicamente com o trabalho do João Ayres, artista pioneiro, que vai de Portugal para Moçambique. João Ayres torna-se moçambicano, regressa a Portugal depois da independência - porque é branco e nascido em Portugal. Ao voltar para Portugal é considerado um artista africano e em África considerado um artista europeu"."O João Ayres e o Pancho Guedes são responsáveis pela descoberta do Malangatana, quando ele tem 16 anos e desenha a giz no chão. O Pancho dá-lhe um atelier, numa garagem, onde vai trabalhar. No final dos anos 50, o Malagatana realiza a primeira exposição. O Shikhani que era primo do Malagatana lê no jornal que o Malagatana vai fazer a sua primeira exposição e disse 'se ele pode eu também posso fazer'. Começou a ter coragem para mostrar as suas obras", lembra o curador.Autores referenciais para Teresa Roza d'Oliveira, acrescenta o director da Perve Galeria, "a Teresa Roza d'Oliveira foi aluna do João Ayres, foi amiga e colega de percurso do Malangatana, do Shikhan, da Reinata"."A Teresa Roza d'Oliveira e a Reinata são duas feministas que se emanciparam nos anos 70, lutaram pela independência do seu país e são espelho uma da outra. Ambas assumem a sua obra como algo fundamental na sua existência. A Reinata foi expulsa do grupo étnico Macondes por fazer arte, uma vez que o figurativo era permitido apenas aos homens. A vida da Teresa tornou-se impossível em Moçambique, de tal maneira que voltou para Portugal, porque se divorcia e assume a sua homossexualidade, nos anos 70. A vida dela tornou-se muito difícil", conta Carlos Cabral Nunes.Foi ainda possível possível ver uns dos trabalhos que resultam da colaboração artística de José Eduardo Agualusa e Valter Hugo Mãe, dois nomes da cultura lusófona, da literatura, nascidos em Angola, que têm assinado trabalhos na fotografia e artes plásticas. "O Valter Hugo Mãe e o José Eduardo Agualusa são dois artistas na diáspora que não se assumem como artistas porque a vida deles é serem escritores. Eles fizeram 14 trabalhos originais e apresentamos duas fotografias do Agualusa", concluiu o curador.
A jornalista Magda Cruz diz que não quer escrever ficção, mas adora ler. Segundo a própria, "escrevo objectivamente e leio subjectivamente". Tem um podcast quinzenal sobre livros ("Ponto Final, Parágrafo") e um clube de leitura com o mesmo nome. Mais uma boa conversa que vale a pena ouvir. As escolhas da convidada: O quarto do bebé, Anabela Mota Ribeiro; A História de Roma, Joana Bértholo; As intermitências da Morte, José Saramago; Poesia reunida, Maria do Rosário Pedreira. Outras referências: Embalando a minha biblioteca, Alberto Manguel; As Margens e a Escrita, Elena Ferrante; O Acontecimento, Annie Ernaux; O Reino, Gonçalo M. tavares; Um quarto só seu, Virginia Woolf; O Memorial do Convento, José Saramago. Livros que referi: Stoner, John Williams; Infinito num Junco, Irene Vallejo; Manual de sobrevivência, João Tordo; Escrever, Stephen King; Escrever, Marguerite Duras; Coisas que não quero saber, Deborah Levy. O que ofereci: Histórias de livros perdidos, Giorgio Van Straten. O que a Magda me ofereceu: Os vivos e os outros, José Eduardo Agualusa.
O sétimo trabalho da cantora Lura, Multicolor, é lançado esta sexta-feira, com 10 novas faixas onde Lura escreve e interpreta temas que exploram desde a condição da mulher, à auto-descoberta, passando pelo racismo e a tolerância, como disse em entrevista à RFI. Lura vai estar em Paris no dia 02 de Outubro para apresentar este novo trabalho. Neste novo álbum de originais, "Multicolor", Lura fala sobre o que é importante na sua vida, na força das mulheres e na força da auto-confiança e da auto-estima, temáticas patentes em faixas como "Força dji Mujer" ou "Vou-me amar", uma canção escrita pela própria artista."É o disco de uma Lura mais afirmativa, com uma consciência maior do que se passa à minha volta e este disco toca várias temáticas que me preocupam e fazem parte de mim, a questão da identidade, da auto-estima, empatia e importar-se com o outro. E a força da mulher na sociedade", declarou.Outro tema que a cantora luso-cabo-verdiana não teve medo de abordar foi o racismo com a canção "Preta", onde Lura questiona se devido a uma cor de pele diferente se merece morrer, dizendo que o movimento "Black Lives Matter" assim como assassínio do actor Bruno Candé, em Portugal, a levaram a escrever essa letra."Em todo o Mundo, a pele negra tem um percurso de luta pela frente, é um facto. Quero retratar este aspecto porque na altura do desaparecimento de George Floyd ou de Bruno Candé, em Portugal, surgiu-me esta reflexão que vale sempre a pena. Esta temátoca tem a ver com esta fase afirmativa da minha vida em que falo normalmente sobre todos os assuntos incluindo o racismo", indicou.Neste trabalho e descoberta de si própria, Lura não esteve sozinha. O álbum foi produzido pelo músico Agir, com colaborações com Dino de Santiago, José Eduardo Agualusa e também cantora beninense Angelique Kindjo, detentora de um Grammy.O álbum "Multicolor" vai estar disponível em todas a plataformas a partir de 22 de Setembro e Lura vai estar em Paris para um concerto no dia 02 de outubro, no Café de la Danse.
Anabela Mota Ribeiro nasceu em 1971 em Trás-os-Montes. Vive e trabalha em Lisboa. Licenciatura e mestrado em Filosofia pela Universidade Nova de Lisboa. No doutoramento, que frequenta, prossegue o estudo do escritor brasileiro Machado de Assis. Foi visiting research fellow da Brown University em 2019. Publicou os livros O Sonho de um Curioso (2003), com 14 entrevistas, Este Ser e não Ser - Cinco Conversas com Maria de Sousa (2016), Paula Rego por Paula Rego (2016), A Flor Amarela - Ímpeto e Melancolia em Machado de Assis (2017) e Por Saramago (2018) "Os Filhos da Madrugada" (2021 e 2022).Jornalista freelance, colaborou com diversos jornais e revistas. Autora e apresentadora de programas de televisão. Os mais recentes: Curso de Cultura Geral (2017 e 2018, RTP2), e Os Filhos da Madrugada (2021 e 2022) e Calendário do Advento, 28 entrevistas sobre o Natal, em 2022, ambos na RTP3. Enquanto programadora cultural, colabora com instituições de referência. Entre outros projetos, assinou, com José Eduardo Agualusa, a curadoria da Feira do Livro do Porto em 2017, 2018 e 2020. É membro do Conselho Geral da Universidade de Coimbra. Desde 2013 disponibiliza o seu arquivo no site www.anabelamotaribeiro.pt Links:https://anabelamotaribeiro.pt/ https://www.publico.pt/autor/anabela-mota-ribeiro https://www.teatrosaoluiz.pt/espetaculo/estar-em-casa-2a-edicao/ https://www.ccdr-n.pt/noticia/servicos/19-municipios-da-regiao-juntos-no-festival-somos-douro-1194 https://www.rtp.pt/play/p8721/os-filhos-da-madrugada https://www.rtp.pt/play/p10987/calendario-do-advento Episódio gravado a 15.03.2023 Créditos “Põe os teus braços à volta de mim”: Gabriela Schaaf / single editado pela Decca, 1978 http://www.appleton.pt Mecenas Appleton:HCI / Colecção Maria eArmando Cabral /A2P Apoio:Câmara Municipal de Lisboa
O filme “Nayola”, a primeira longa-metragem de animação de José Miguel Ribeiro, retrata o impacto da guerra civil angolana na vida de três mulheres: Lelena (a avó), Nayola (a filha) e Yara (a neta). Inspirada na peça “A Caixa Preta”, de José Eduardo Agualusa e Mia Couto, com argumento de Virgílio Almeida, o filme mostra que "as guerras nunca terminam" e que as lutas por um mundo melhor se podem perder se as vozes se calarem. Em 1995, Nayola deixa a sua bebé Yara com a avó, Lelena, para procurar o marido desaparecido em combate, durante a guerra civil angolana. Em 2011, Yara é uma "rapper" e activista dos direitos humanos perseguida pela polícia. Dois percursos paralelos que crescem em duas linhas temporais que não se conseguem encontrar. Duas vidas que reflectem um país dilacerado pelas guerras do passado que contaminam o presente. "Ninguém volta da guerra", ouve-se no filme "Nayola", uma história que também é de esperança por um futuro melhor enquanto houver vozes comprometidas com um sonho comum.O filme estreou em França simbolicamente a 8 de Março, Dia Internacional dos Direitos da Mulher, vai estrear em Angola a 31 de Março e chega aos cinemas portugueses a 13 de Abril. Depois do circuito dos festivais e de ter conquistado vários prémios, o realizador José Miguel Ribeiro diz que o maior prémio é que os angolanos sintam o filme como deles e começa por descrever como é que a luta pela construção de uma família também reflecte a luta pela construção de um país.RFI: Como é que resume a história do filme “Nayola”?José Miguel Ribeiro, Realizador de “Nayola”: Nayola conta a história de três gerações de mulheres angolanas que resistem e sonham com um país melhor e lutam por um país melhor, bem melhor, e tentam no meio dessa luta conciliar aquilo que é a construção de uma família com a construção de um país.É uma história que se baseia no texto teatral "A Caixa Preta" do angolano José Eduardo Agualusa e do moçambicano Mia Couto. O que é que o levou a querer adaptar esta obra?Quando descobri a obra que me foi mostrada pelo Jorge António, um amigo realizador que vive em Angola há mais de trinta anos, foi ele que mostrou a peça de teatro antes de ela ser publicada. O que me pareceu interessante nessa peça de teatro era essa dimensão humana destas três mulheres e a forma como tocadas pela guerra, uma guerra imensa que foi a guerra da libertação - são 13 anos mais 27 anos de guerra civil - foi um percurso enorme de sofrimento do povo angolano.O que eu gostei na peça de teatro é essa dimensão humana e quando digo humana é porque todas estas três personagens têm as suas qualidades, mas também têm os seus segredos, os seus lados menos positivos e todas elas lutam e mostram-se de uma forma bastante humana. Essa dimensão humana das personagens foi uma das coisas que mais gostei, a forma como eles as escreveram, como nós tentámos depois também trazê-la de uma forma, se calhar, mais simbólica. Acrescentámos a viagem da Nayola ao passado, à procura de marido, que não existia na peça de teatro; introduzimos uma Medusa que é uma 'rapper' que também não existia como 'rapper' na história do Mia Couto e do Agualusa. Houve um trabalho de contaminação também da história de Angola e daquilo que nós fomos acompanhando: o caso do Luaty Beirão e dos 15 activistas que foram presos. Enfim, o filme demorou nove anos e durante esses nove anos o mundo não esteve parado, esteve sempre a mudar e casos como a morte de George Floyd foram casos que me influenciaram nas tomadas de decisões artísticas também.Falou da dimensão humana, mas há também uma dimensão militante muito forte de mulheres. A história anda à volta de três mulheres. Todas elas lutam à sua maneira: uma vai para a guerra; a outra faz rap e é procurada pela polícia porque, como diz um dos personagens "o rap é guerrilha" e o poder estava "com medo das músicas" dela. No quarto da Yara temos um cartaz a dizer "Feminists" e estreou o filme em França a 8 de Março, Dia Internacional dos Direitos da Mulher. Quis mostrar esta força das mulheres? Era necessário?Eu acho que sim. Continua a ser necessário. Infelizmente continuamos num mundo muito machista, onde o espaço das mulheres tem que ser conquistado com luta e com força e são, de facto, as mulheres que têm feito essa luta. Eu acho que é nossa obrigação - também homens - juntar-nos a essa luta e antecipar esse equilíbrio na sociedade porque já não se compreende como é que temos uma sociedade continuamente machista que impõe às mulheres um desgaste todos os dias de energia para conseguirem coisas que os homens já têm há tanto tempo.A música está sempre no filme. Até na guerra civil um dos soldados tem uma guitarra e na Luanda de 2011 do filme a Yara é uma "rapper" perseguida como já foi Luaty Beirão e tantos outros. No filme, conta com as vozes de Bonga e da "rapper" Medusa que dá voz a Yara. A cantiga como arma também guiou o filme?Sim, aliás, a música com que nós fechamos o filme é a música do Bonga 'Mona Ki Ngi Xiça', que foi uma música do primeiro álbum que ele já gravou na Holanda - quando teve de fugir do regime fascista português e refugiar-se na Holanda - e essa música por si só, e também todas as primeiras músicas do Bonga, eram essa manifestação de resistência e de luta. Primeiro, ainda contra o ocupante, o colonisador Portugal e, depois, a Yara, neste momento, é a luta contra a injustiça social que ela identifica no país e pelas quais ela se defende. A luta continua. A democracia e a conquista dos direitos e da justiça num país não é nada que se possa dizer que está conquistado e está garantido. É uma luta permanente, constante e talvez para os europeus é mais visível a de Angola, mas na Europa há muitas lutas também ainda a fazer e há muitas conquistas que se podem perder.Porque é que quis focar-se em Angola? Que memórias de África é que o levaram a querer fazer este filme sobre Angola?Eu cresci com álbuns do meu pai na Guiné-Bissau que foi militar das forças portuguesas na altura da guerra colonial - como muitos portugueses que não tiveram alternativa, era imposta essa permanência e essa luta contra as colónias. Eu cresci a ver álbuns do meu pai em cima de árvores, vestido de militar, com macacos ao lado. Imagens que eu, na minha inocência de criança, achava muito exóticas e muito distantes. Depois fui crescendo, felizmente tivemos o 25 de Abril em Portugal, a chegada da democracia, a independência das colónias, mas infelizmente fui acompanhando a guerra civil, especialmente em Angola e Moçambique, mas em Angola com mais violência e que durou ainda mais tempo.Angola não é propriamente um tema distante de mim, acho que de nenhum português. Mas conhecia muito pouco Angola, confesso, e quando comecei este trabalho tive que reconhecer a minha ignorância e fazer uma longa pesquisa de mais de cinco anos a ler tudo o que apanhava, a ler também altos autores para além do Agualusa, Pepetela, fazer a minha investigação pessoal para depois, já num processo criativo, poder fechar os livros, escutar a minha memória dessa experiência que foi longa e grande e onde aprendi muito.Aprendi essencialmente a sair da minha posição de ocidental porque essa é talvez a grande aprendizagem deste processo criativo de fazer este filme. É que em Portugal e na Europa continuamos muito limitados na capacidade de nos meter no lugar dos africanos. E quando lá estamos e quando começamos a aproximar-nos, aí é que vemos a distância entre aquilo que é o olhar de África sobre a Europa e o olhar da Europa sobre a África. É uma distância enorme.Vamos então ao processo criativo. As máscaras africanas são um padrão central no filme, mas também as cores quentes, os rituais, as pontes entre vivos e mortos. Como é que construiu o universo gráfico de Nayola?As máscaras influenciam a arte na Europa há muito tempo, desde o Picasso, com o Cubismo que teve influência das máscaras; o Modigliani que também utilizou muito as máscaras para um momento da criação da sua obra. Eu estudei essa arte contemporânea e não podia ficar indiferente à capacidade de síntese e à beleza e força gráfica das máscaras. Para mim, as máscaras africanas já me influenciavam nos meus filmes anteriores, antes de eu fazer um filme africano.Quando eu decidi avançar para este projeto, era óbvio que as máscaras tinham que ser centrais na construção dos personagens até porque elas também são referidas na própria peça de teatro do Mia e do Agualusa. Há um momento em que a Yara diz: "Toda a gente devia usar uma máscara que mostrasse aquilo que nós realmente somos". Com base nessa evidência, nessa presença das máscaras na peça, eu fiz uma pesquisa ainda mais profunda e tentei encontrar uma coerência para a utilização das máscaras e, até, do design das personagens que justificasse também porque é que usamos máscaras. Usamos as máscaras para nos proteger ou para nos mostrarmos? É um questionamento que eu faço no filme e desenvolvo, depois, graficamente as personagens.Parece que o desenho e as cores acompanham tempos paralelos. O passado, de Nayola, à procura do marido na guerra e no mato, e o presente, de Yara, em Luanda. Houve essa vontade de marcar graficamente diferentes universos e tempos?Sim, porque, na verdade, o momento presente é o pós-guerra, o passado é a guerra. Se há alguma coisa que a guerra tem é a intensidade. Tudo é intenso. Na guerra não há meio termo. O que se sente, o que se vive, o que se sofre, é tudo intenso e eu tentei graficamente mostrar essa intensidade com a utilização de uma paleta gráfica muito forte, com cores fortes como os amarelos, os laranjas, os vermelhos, os verdes puros, quase puros. Uma textura, também, sem ser muito trabalhada, crua, e um movimento a nível da animação. Usámos o 2D no passado e animação 3D no presente. Uma animação 2D também muito expressiva e muito intensa e, portanto, eu faço esse contraste entre um passado intenso e plasticamente marcante para um presente mais próximo do fotográfico, uma visão fotográfica com uma dimensão também mais real, se quisermos. É desse contraste que se cria a relação entre um país em paz e o país em guerra e como a guerra continua a tocar a paz do país, mesmo depois de já ter acabado. É esse zigue-zague porque o filme é construído com saltos temporais do presente para o passado exactamente para reforçar essa ideia de que o passado continua a influenciar-nos mesmo que já esteja um bocadinho distante.Uma das frases mais pungentes do filme é "Ninguém volta da guerra". Há também outra frase: "Lutam melhor os que têm belos sonhos. As armas também matam sonhos". Que mensagem é que quis deixar com este filme para a Angola de 2023?Eu acho que é para Angola, mas é para o mundo todo também. Eu acho que as lutas, as guerras nunca terminam. Aliás, eu estava agora a ver uma entrevista de uma viagem que fizemos a Angola em que estivemos a mostrar o filme. Estivemos em Luanda, Benguela e Lubango e há uma das pessoas que nós entrevistámos que nos disse de uma forma que eu acho muito directa e muito visível que a guerra continua. A guerra, claro que não tem se calhar essa dimensão de guerra no sentido de uma violência mais bárbara, mas é uma guerra de procura de um país melhor, de um país sonhado, das pessoas se reverem naquilo que é o seu país, de sentirem que estão a construir qualquer coisa que é um sonho comum e isso, para mim, é fundamental não só em Angola como no mundo todo.A guerra, essas batalhas pela justiça, pela paz, pela distribuição equitativa da riqueza, pela tolerância, são guerras todos os dias. A Yara representa isso, representa a nova geração de jovens comprometidos com um mundo melhor que não se consegue se ficarmos todos em casa. Esse mundo só se consegue quando as pessoas saem e mostram aquilo que querem e não se resignam àquilo que é a condição que lhes querem impor. Eu acho que essa luta, no dia em que nós nos calarmos, ela é perdida, portanto, é importante as pessoas ouvirem-se e fazerem-se ouvir.E o José Miguel Ribeiro não pretende calar-se... Teve antestreia em Luanda, em Fevereiro, e chega ao circuito comercial angolano no final de Março. Quando exactamente e como é que tem sido a recepção em Angola?Na semana que estivemos, e que foi uma semana muito intensa, estivemos com os produtores belgas, também nos acompanharam produtores franceses, com o Jorge António que vive lá e o Henrique, a Medusa também andou connosco. A sensação que tive foi que as pessoas primeiro se emocionaram muito e também se riram muito porque a cena do tio e do sobrinho, que afinal descobrem que estão a lutar em lados contrários, é uma cena hilariante no sentido em que as guerras muitas vezes sabemos como as começamos, mas depois já não sabemos bem porque é que elas existem, porque as pessoas às tantas estão todas a lutar do mesmo lado mas lutam umas contra as outras.O que me tocou mais também foi sentir que as pessoas sentiram o filme como um filme angolano. Um filme que é deles, que é a realidade de Angola, são as lutas deles e é a Angola do passado mas também uma Angola do presente e do futuro. E aí foi o que eu tentei também fazer porque a peça de teatro foi escrita pelo Mia Couto e pelo Agualusa algures em 2011 e esta dimensão mais actual trazida pela Medusa foi também uma intenção de não fazer um filme só a falar do passado mas que fale também do presente e do futuro. Os angolanos reveem-se neste filme, naquilo que são as suas lutas actuais também por um país mais justo, mais equilibrado, mais democrático. Enfim, o país é uma construção, nunca acaba, mas eu fiquei assim muito tocado de os ver falar do filme como se estivessem a falar de um filme angolano. Para mim, é o maior prémio que posso ganhar depois de fazer este filme, é sentir os angolanos a sentirem o filme como um filme deles, que é isso que eu tentei fazer.Quando é que o filme se vai estrear exactamente em Angola?Em Angola é 31 de Março. Em Portugal, sai a 13 de Abril. Em França, vai continuar, estreou na semana passada. Na Holanda, já há uma data de estreia também a 13 de Abril. Na Bélgica, ainda não está anunciada e irá sair também no Brasil. Estes são os países que eu posso confirmar hoje que vão fazer o filme sair em sala.Precisamente, o filme é uma co-produção com a Bélgica, França, Holanda e Portugal. Como é que foi viabilizado financeiramente e quanto é que custou?O filme teve um custo total de três milhões e duzentos mil euros, sabendo que nós em Portugal conseguimos arranjar 46% mais ou menos deste orçamento. Portanto, era preciso arranjar o resto. Um filme de animação com este valor nem sequer é um filme muito caro. Os filmes de longas-metragens rondam os dez milhões de euros na Europa, um preço médio, portanto, nós nem nos ousámos a fazer um filme muito europeu nesse sentido do preço. Agora, fomos criativos, trabalhámos com equipas, com pessoas muito talentosas em todos estes países. A vantagem da co-produção é que é um trabalho colaborativo, sempre, fazer um filme. Se tivermos coprodutores que nos entendem, que estão em sintonia connosco, como foi o caso, a JPL, a S.O.I.L e a il Luster são três produtoras que desenvolvem muito o seu trabalho com uma base muito grande de filmes de autor. Todos nós estávamos em sintonia que é uma obra artística aquilo que nós queremos fazer, não tínhamos ambições de fazer blockbusters e estivemos sempre muito em sintonia. Depois foi preciso distribuir o trabalho, dividir o filme, tentámos manter uma escala pequena na produção em cada país e em vez de concentrarmos em cada país uma parte da execução do filme como se costuma fazer: por exemplo, faz-se a animação num país, depois a intercalação noutro, depois a pintura noutro. Nós tentámos manter em todos os países estas fases, dividindo o filme, uma vez que o filme é um quase road movie, é um filme de percurso, com estilos gráficos também diferentes em vários momentos - temos pintura animada, desenho animado, 3D - fizemos essa divisão mais do princípio ao fim para cada país do que especializar cada país só numa fase da produção. Isso fez com que as equipas trabalhassem de uma forma mais próxima do filme, verem o segmento que é feito nesse país, a verem esse segmento do princípio ao fim a ser construído. Na verdade, trabalhamos muito próximo daquilo que é a forma de trabalhar quando se fazem curtas-metragens.O cinema de animação de autor em Portugal está a dar cartas. Houve o primeiro filme português candidato efectivo aos Óscars ,‘Ice Merchants' de João González, algo que já podia ter acontecido com Regina Pessoa que chegou à short list dos Óscars. Com esta longa, você esteve no festival de animação de Annecy com este filme e já conquistou vários prémios em 2022. Ou seja, o cinema de animação de autor português realmente está a dar cartas, apesar de não ter assim tanto dinheiro? Eu acho que o cinema de animação é curioso porque ele inicia-se com o Abi Feijó num primeiro filme que ele consegue o apoio do Instituto Português do Cinema que, na altura, não tinha concursos só para a animação, portanto, os concursos eram para cinema na generalidade, ele consegue um primeiro apoio e ele e o Fernando Galrito são a geração que luta pelo apoio ao cinema em concursos separados da imagem real.Isso foi uma conquista enorme porque criou uma base financeira para a produção que tem dado resultados ao longo destes últimos anos e, portanto, há gerações de realizadores como o Vasco [Sá] e o David [Doutel], a Laura [Gonçalves] que fizeram um percurso como eu fiz. Eu comecei por trabalhar nos filmes do Abi Feijó, do Zepe e depois um dia comecei a fazer os meus. E a maior parte destes realizadores têm esta escola, que é não só as escolas que existem em Portugal e que ensinam o cinema de animação, mas depois quando entram no mercado de trabalho começam a trabalhar em filmes de outros realizadores até um dia terem a sua oportunidade e começarem o seu percurso como realizador. Essa conquista ao nível das curtas já existe e felizmente, à excepção do ano 2011 em que não houve apoio ao cinema, tem-se mantido regular. Agora, havia aqui o salto a dar para as longas-metragens que felizmente foi dado, há uma longa-metragem apoiada de dois em dois anos no ICA. É provável que nos próximos anos, com os candidatos que estão a propor e com o desenvolvimento do cinema de animação, faça mais sentido que o concurso em vez de ser bianual seja anual. Depois, há aqui um lado que nós não temos tão desenvolvido como a Espanha, que está aí mesmo ao lado, e que é a indústria do cinema de animação. A mim pessoalmente como realizador talvez não me interesse tanto, mas como produtor pode ser um caminho também para criar mais escala de produção, começar a trabalhar também para uma escala onde é possível mais facilmente encontrar mercado e dar oportunidade aos portugueses que são formados nas escolas portuguesas de poderem continuar a trabalhar em Portugal sem terem que emigrar. Porque o que acontece muitas vezes em Portugal é termos formação, temos já algumas escolas em várias zonas do país, mas quando o talento é grande, os animadores acabam a trabalhar para fora. Pronto, isso é uma conversa longa e podemos um dia falar sobre isso, mas parece-me a mim que o cinema de animação, ao nível do filme de autor de curta-metragem, é um cinema que já conquistou quase todos os prémios que existem, só falta mesmo o Óscar. No maior festival de animação de França, que é o festival de Annecy, a Regina Pessoa já ganhou esse festival, enfim, já tivemos realizadores nos maiores festivais do mundo.Agora, para mim, é este o salto que falta dar. As longas, demos o salto nos últimos anos. Saiu a minha longa no ano passado e saiu a longa do Nuno Beato também e irão sair outras em breve, há mais duas longas que estão em produção. Acho que as longas-metragens vão-se começar a afirmar. Para mim, a grande questão aqui está no salto das séries de animação, que Espanha é um país fortíssimo em séries e em França também é muito forte, e nós em Portugal é quase inexistente. Isso prende-se, julgo eu, com dois passos que têm que ser dados. Um que me parece que é o mais importante que é as televisões fazerem investimentos significativos na produção de séries de animação em Portugal, o que não acontece neste momento. O outro é também o ICA, Instituto Português de Cinema, começar a apoiar as séries de animação com valores mais substanciais porque uma série de animação não se faz com 500 mil euros. Uma série são vários episódios, dependendo da duração de cada episódio podem ser várias horas de programação e precisam de financiamentos que rondem os três milhões, no mínimo. Portanto, o custo desta longa é o mínimo de um trabalho de uma série com alguma dimensão. Julgo que é isso que falta em Portugal. Acho que as curtas vão continuar, as longas, espero eu, que se vão instalar e ganhar esse espaço que já estão a conquistar e falta este salto que é o salto da produção de conteúdos de séries.Coproduzido entre Portugal, França, Bélgica e Holanda, "Nayola" esteve em vários festivais em 2022, ano em que conquistou vários prémios, nomeadamente de Melhor Longa Metragem de Animação no Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, no México, no Animest Film Festival, na Roménia, no Manchester Animation Festival, no Reino Unido, no Anilogue International Animation Festival in Budapest & Vienna, na Hungria, no Afrykamera African Film Festival, na Polónia, (onde também conquistou o Prémio do Público). O Prémio do Público também foi para « Nayola » na Mostra de Cinema de São Paulo, no Brasil, assim como no Cinanima – Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho, em Portugal. Houve, ainda, o Prémio BE TV da Melhor Longa Metragem da Seleção Oficial do Festival Internacional do Filme de Animação de Bruxelas (Anima), assim como o Cocomics Best Music e DHL Diversity prize no Bucheon International Animation Festival, na Coreia do Sul. O filme esteve, também, em competição na Selecção Oficial no Festival de Annecy, em França.
Bem-vindos ao podcast Boca de Trapos! O convidado desta semana é José Miguel Ribeiro, realizador do filme de animação Nayola. Esta é uma história baseada num texto para teatro escrito por Mia Couto e José Eduardo Agualusa e vai poder ser vista nos cinemas em Portugal, em Abril. Não percam, tudo sobre esta longa metragem de animação, neste episódio! Com: Mónica Moreira. Novos episódios à segunda-feira. Sigam o Boca de Trapos: Facebook + Instagram Contacto: bocadetrapos@gmail.com Logo, Intro e Outro: Alright Creative Studio. Música "Can't Stop Me", Andrey Sitkov (Humble Big Music Bundle), voz Pedro Barão Dias.
José Eduardo Agualusa diz que o combate à corrupção já foi uma das bandeiras de João Lourenço, um tema que agora desapareceu. O escritor refere ainda a falta do apoio dos militares à presidência.See omnystudio.com/listener for privacy information.
«Chovem amores na rua do Matador» é a nova peça adaptada do conto homónimo de Mia Couto e José Eduardo Agualusa; Conhecidos os nomeados dos Emmys 2022; «Sugar/Tzu» é o novo single dos Black Midi.
Super Bock Super Rock muda de sítio, e fica no Parque das Nações; estreia «Chovem amores na ilha do matador», de Mia Couto e José Eduardo Agualusa; Black Midi com nova música.
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Este é o podcast do Encontro de Leituras, o clube conjunto do PÚBLICO e do jornal brasileiro Folha de S. Paulo, que junta online leitores de língua portuguesa todas as segundas terças-feiras de cada mês.O convidado do 12.º Encontro do Leituras, que aconteceu a 9 de Novembro, foi o escritor angolano José Eduardo Agualusa. Em destaque esteve o seu livro “O Vendedor de Passados”, publicado em Portugal pela Quetzal e no Brasil pela Tusquets Editores.O Encontro de Leituras é moderado pela jornalista Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e por Eduardo Sombini, jornalista da Ilustríssima, o caderno de cultura da Folha de S. Paulo .Siga o podcast do Encontro de Leituras no Spotify, Apple Podcasts, SoundCloud ou outras aplicações para podcasts. Conheça os podcasts do PÚBLICO em publico.pt/podcasts. Para descobrir outros podcasts, subscreva gratuitamente a newsletter Subscrito, com novidades e recomendações para trazer nos ouvidos.Os podcasts do PÚBLICO dão-lhe 10% de desconto numa nova assinatura do seu jornal. Em publico.pt/assinaturas, procure pela pergunta “Tem um código promocional?”, escreva o código POD10 e usufrua das vantagens de ter o PÚBLICO no ouvido. O código é válido para novas assinaturas ou assinaturas expiradas há mais de 90 dias.Produção: Isabel Coutinho e Aline Flor (PÚBLICO) / Música: Bottega Baltazar (Artlist.io)
O escritor fez parte do grupo de cidadãos que desembarcou ontem em Lisboa, no voo de repatriamento vindo de Maputo e tem duras críticas a fazer à (des)organização do aeroporto de Lisboa. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Hoje trouxemos-lhe o autor angolano José Eduardo Agualusa e falámos da sua obra "O Livro dos Camaleões".
O Museu da Língua Portuguesa foi inaugurado, em São Paulo, no Brasil, depois de ter estado fechado quase seis anos devido a incêndio. Na cerimónia de reabertura estiveram presentes apenas dois chefes de Estado, de Portugal e de Cabo verde, e ausente o anfitrião, o Presidente da República do Brasil. Para lá das questões políticas, escritores e linguistas veem com alegria a abertura do museu, como é o caso do escritor angolano José Eduardo Agualusa, e o professor universitário e escritor protuguês, Nuno Júdice, que falarm à RFI
SONS COM VIDA : Todos Temos Interesse Numa História Atraente e Singular- Todas as Histórias Contam!
O meu convidado desta semana é cantor, compositor e multi-instrumentista. Nasceu em Luanda de mãe angolana e pai são-tomense. Chama-se Ericson Fabio dos santos Medeiros, aos 13 anos ganhou a sua primeira guitarra semi profissional e aprendeu a tocar sozinho através de um livro fotocopiado por um tio, com o tempo aperfeiçoou o dom através da prática começando por animar o bar do pai juntamente com um amigo. Atualmente faz parte da lista de amigos CHEGADOS de artistas como: Paulo Flores, José Eduardo Agualusa e Sara Tavares. É conhecido no mundo artístico como Toty Sa'med- conversamos sobre Angola, Luanda, Lisboa do álbum e sobre a vida. Uma história de vida que não podem perder! Sons Com Vida: https://instagram.com/projecto_sonscomvida?utm_medium=copy_link Toty Sa'med Youtube https://bit.ly/3ihkQJu https://instagram.com/totysamed?utm_medium=copy_link --- Support this podcast: https://anchor.fm/cristina-adolfo/support
SONS COM VIDA : Todos Temos Interesse Numa História Atraente e Singular- Todas as Histórias Contam!
O meu convidado desta semana é cantor, compositor e multi-instrumentista. Nasceu em Luanda de mãe angolana e pai são-tomense. Chama-se Ericson Fabio dos santos Medeiros, aos 13 anos ganhou a sua primeira guitarra semi profissional e aprendeu a tocar sozinho através de um livro fotocopiado por um tio, com o tempo aperfeiçoou o dom através da prática começando por animar o bar do pai juntamente com um amigo. Atualmente faz parte da lista de amigos CHEGADOS de artistas como: Paulo Flores, José Eduardo Agualusa e Sara Tavares. É conhecido no mundo artístico como Toty Sa'med- conversamos sobre Angola, Luanda, Lisboa do álbum e sobre a vida. Uma história de vida que não podem perder! Sons Com Vida: https://instagram.com/projecto_sonscomvida?utm_medium=copy_link Toty Sa'med Youtube https://bit.ly/3ihkQJu https://instagram.com/totysamed?utm_medium=copy_link --- Support this podcast: https://anchor.fm/cristina-adolfo/support
José Eduardo Agualusa é um escritor amplamente premiado e traduzido, que escreve porque não sabe o fim da história. Ou seja, escreve livros porque também ele quer saber como acaba a narrativa que iniciou, e esse detalhe é o que o faz considerar que a sua profissão não é um trabalho, mas uma atividade lúdica. […]
Neste segundo bloco do evento de lançamento do livro “Panorama da contribuição do Brasil para a difusão do português”, vamos ouvi r os escritores Vera Duarte (de Cabo Verde) e José Eduardo Agualusa (de Angola); o membro da Academia Brasileira de Letras, senhor Antonio Carlos Secchin; e a diretora do Departamento Cultural e Educacional do Itamaraty, Ministra Paula Alves de Souza.
Na edição nº 15 (T4) da rúbrica FAZ-TE AO LIVRO, a aluna do Ag. de escolas de Infias, da turma 11ºA, Sara Ferreira sugere o livro A VIDA NO CÉU de José Eduardo Agualusa. 20-1-2021
No sétimo episódio do Clube de Leitura do Vestibular da UEL (Universidade Estadual de Londrina) 2021/2022 as jornalistas Laís Taine e Patricia Maria Alves conversam sobre a obra "Vendedor de Passados", de José Eduardo Agualusa, com a professora do Departamento de Letras da UEL Cláudia Rio Doce. Acesse o chat do Clube de Leitura para participar dos episódios e concorrer ao sorteio de livros pelo link t.me/joinchat/QrI2OhxM3PXu7UOPknmceA.
O novo livro do premiado José Eduardo Agualusa, um dos grandes nomes da literatura em língua portuguesa da atualidade, é uma leitura para você mergulhar de cabeça e se aventurar no mundo dos sonhos.
Carta a 2021 do escritor angolano José Eduardo Agualusa. Fonte: O Globo
O que dizer de 2020, esse ano em que tudo aconteceu.Que montanha russa de emoções. Parece que o estúdio cancelou a série no meio e o roteirista simplesmente saiu jogando os pontos de virada a torto e a direito, sem se preocupar nenhum pouquinho em fazer o enredo soar possível, verossímil. A sensação é a de que vivemos várias temporadas de Grey's Anatomy em um só ano. E para ajudar a gente a fazer uma síntese de tudo o que vivemos juntos, trouxemos convidados que passaram por aqui este ano. Com Denize Ornelas, Padre Julio Lancelotti, Marco Antônio Rocha, Esther Solano, Paulo Lima, o Galo, Fernanda Magnotta, Valéria Tinoco, Maria Lucia Homem, Daniel Becker, Silvia Maria, José Eduardo Agualusa, Dona Jacira e Marcio Ballas!Vem com a gente nesse último programa do ano!_____BRADESCOComo você vai voltar a brilhar em 2021?Estamos com essa dúvida desde que a gente viu o curta Volte a Brilhar, uma animação criada pelo Bradesco, sobre a nossa força e a nossa missão para o ano que vem. Os queridos vagalumes que desde 2018 são responsáveis por transmitir as mensagens de fim de ano do Bradesco voltaram para mais uma aventura, produzida por uma equipe completamente brasileira.O filme que embala a campanha "Volte a Brilhar" é uma animação de qualidade cinematográfica. Muito trabalho, carinho e esperança foram depositados nesse projeto. Só pra vocês terem uma ideia: no primeiro episódio, a equipe levou 40 dias para criar cada detalhezinho da vegetação brasileira. E esse trabalho vale a pena, viu? A animação tá linda, emocionante e super cativante. Dessa vez, Lúcio e Luna, os vagaluminhos companheiros, mostram para o seu Osvaldo, o Vitinho e para toda a vizinhança do bairro que o brilho de cada um, tem a força que faz acontecer. Não precisamos nem dizer o tamanho dos desafios que enfrentamos esse ano. Mas de mãos dadas, enquanto coletivo, tem a energia necessária pra iluminar cada um e cada uma no próximo ano. Não é só uma promessinha de ano novo, que a gente guarda e esquece. É missão!Para assistir o vídeo e conhecer a campanha, é só acessar banco.bradesco/volteabrilhar. Um site completo cheio de experiências incríveis com esses vagalumes tão queridos. E no YouTube do Bradesco, você encontra os 2 vídeos anteriores da campanha, além das versões com audiodescrição. Volte a brilhar em 2021. Vem com a gente!_____SEDANas últimas semanas, a gente trouxe as novidades da linha Seda Cocriações. Uma plataforma criada por Seda, em parceria com mulheres que inspiram, para criar produtos para os mais variados tipos de cabelo. Toda a plataforma foi baseada na proposta de que nossos cabelos são incríveis demais para ficar parados durante nossas trajetórias. E não dá pra falar de trajetórias, sem falar de sonhos.Seda fez uma pesquisa que mostrou que 80% de meninas em situações de vulnerabilidade social têm sonhos, mas não sabem como fazer para tirá-los do papel. E 60% dessas meninas estão frustradas com suas perspectivas de futuro. Isso porque falar de um é falar do outro.Para mostrar como nossos sonhos são incríveis demais para não serem realizados.Primeiro, Seda reuniu histórias de realizações incríveis e mentoras inspiradoras. Depois, se juntou com a Vivi Duarte e o Instituto Plano de Menina para criar uma jornada de desenvolvimento online e gratuita para garotas que querem planejar seus sonhos.Essa jornada conta com vídeo de várias mulheres inspiradoras. Tem a própria Vivi Duarte, Rayza Nicácio, Gabi Oliveira, Gigi Grigio, Nanaths e Luiza Brasil. Sonho que vira plano, vira realidade. Para saber mais sobre o Programa Planejando Meus Sonhos acesse o site seda.com.br, e comece a planejar seus sonhos._____FALE CONOSCO. Email: mamilos@b9.com.br. Facebook: aqui. Twitter: aqui. Instagram: aqui. LinkedIn: aqui. Youtube: aqui_____CONTRIBUA COM O MAMILOSQuem apoia o Mamilos ajuda a manter o podcast no ar e ainda recebe toda semana um apanhado das notícias mais quentes do jeito que só o Mamilos sabe fazer. É só R$9,90 por mês! Corre ler, quem assina tá recomendando pra todo mundo: www.catarse.me/mamilos_____O Mamilos é uma produção do B9Apresentação: Ju Wallauer e Cris BartisCoordenação geral: Carlos Merigo, Ju Wallauer e Cris BartisProdução: Alexandre Potascheff, Beatriz Fiorotto e Helen MenezesApoio à pauta e pesquisa: Jaqueline Costa e grande elencoEdição: Mariana Leão com trilhas de Angie LopezIdentidade visual: Helô D'Angelo Coordenação digital: Agê Barros, Pedro Strazza, Lucas de Brito e Hiago ViníciusAtendimento e Comercialização: Rachel Casmala, Camila Mazza e Telma Zennaro
Confira os destaques do caderno Na Quarentena desta sexta-feira (27/11/20)See omnystudio.com/listener for privacy information.
Neste episódio, Pedro Pacífico conversa com o escritor José Eduardo Agualusa, nascido em Angola, sobre o papel das redes sociais na literatura hoje e sobre se a língua portuguesa ainda é uma barreira para os autores
Reseña de Teoría general del olvido, la novela más famosa del angolés José Eduardo Agualusa.
Afonso Borges conversa com o autor homenageado José Eduardo Agualusa no #Fliaraxá2020, no dia 31 de outubro de 2020.
Inscreva-se em meu canal no Youtube: https://youtube.com/zecalemos Link para adquirir "A Sociedade dos Sonhadores Involuntários" (e outros livros): https://amzn.to/35YeGJL Indicações e resenhas de livros. Conteúdos sobre leitura e escrita. Contato para parcerias: zecalemos98@gmail.com Redes Sociais: Facebook: https://facebook.com/zeca.lemos.5 Instagram: https://instagram.com/zecalemos98
Perto de 200 escritores de Portugal e dos restantes países de língua portuguesa assinaram uma carta aberta em que denunciam o populismo e as manifestações de racismo e xenofobia a que se tem assistido ultimamente em Portugal, designadamente o recente assassinato do actor de origem guineense, Bruno Candê. Nesta carta, autores como Mia Couto, José Eduardo Agualusa, Chico Buarque e muitos outros pedem que a comunicação social e os meios universitários assim como o poder político tomem medidas para combater activamente as expressões de ódio. Entre os subscritores da carta, a RFI falou com a escritora, activista dos Direitos Humanos e antiga Ministra da Educação de Cabo Verde, Vera Duarte mas igualmente com a romancista portuguesa Lídia Jorge. Ambas analisaram a situação vivenciada em Portugal e explicitaram o que é pedido na acarta aberta cujo conteúdo publicamos na íntegra abaixo: Nós, escritores portugueses e de língua portuguesa, estamos, por ofício, cientes do poder da palavra. E do poder da sua omissão também. Conhecemos os custos de dar palco ao que, em circunstâncias normais, não mereceria uma nota de rodapé. Pondo em cena aquilo que não é de cena – aquilo que é, e não só etimologicamente, obsceno. Preferimos correr esse risco face às circunstâncias vividas em Portugal, que consideramos graves e inquietantes, nos domínios do racismo, do populismo, da xenofobia, da homofobia, das emoções induzidas, da confusão destas com ideias e, em geral, de tudo aquilo que de mais repugnante pode emergir de uma sociedade em crise e em estado de medo. Temos de reagir antes que seja tarde. E usar as palavras contra o insidioso ataque à democracia, ao multiculturalismo, à justiça social, à tolerância, à inclusão, à igualdade entre géneros, à liberdade de expressão e ao debate aberto. Exigimos compromissos políticos que detenham a escalada do populismo, da violência, da xenofobia – de todos esses reflexos primitivos, retrógrados, obscurantistas, destrutivos e abjectos. Tais são as nossas grandes riquezas: a diversidade e a tolerância. Como o expressa a língua portuguesa, feita de aglutinação, inclusão e aceitação da diferença. Quem gosta de Portugal jamais diz «Vão!», antes diz «Venham!». É preciso tomar consciência de que as ameaças que ora rastejam propiciam uma quebra irreparável dos valores humanistas, da solidariedade e do mútuo apoio – valores laborais e de igualdade de direitos constitucionais à saúde, à educação, ao emprego, à justiça, à cultura. Cultura e literatura não florescem nestes tempos sufocantes, em que a terrível crise humanitária dos refugiados, nos deploráveis campos às portas da Europa, e a ameaça ecológica e ambiental, à escala planetária, são banalizadas nos noticiários. E ao que vem de trás ainda se junta o que se seguirá à pandemia da covid-19: o alastramento do desemprego e da pobreza, pasto fértil para demagogias, teses anti-imigração, racismos e extremas-direitas. Não podemos olhar para o lado nem continuar calados, sob pena de emudecermos. Por tudo isto, nós, escritores portugueses e de língua portuguesa, assumimos o compromisso de jamais participarmos em eventos, conferências e/ou festivais conotados – seja de que maneira for – com ideias que colidam com os princípios da tolerância e da dignidade humana. A todos os cidadãos portugueses, à sociedade civil, aos professores das escolas e das universidades, apelamos a que se distanciem de projectos e movimentos antidemocráticos e ajudem na consciencialização das novas gerações para a urgência dos valores humanistas e para os riscos das extremas-direitas; aos órgãos de justiça, que investiguem, processem e condenem os interesses económico-financeiros que se servem dos novos populismos para, a coberto da raiva e da intolerância, acentuarem as desigualdades de que sempre se sustentaram; às autoridades policiais e aos seus agentes, que se abstenham de condescender com movimentos e acções promotores da exclusão, da discriminação e da violência; à comunicação social, que assuma com veemência o seu papel de contraditório e de defesa da verdade; aos partidos políticos, que sejam capazes de recuperar os princípios esquecidos no decurso do jogo partidário de vocação eleitoral; ao Presidente da República, à Assembleia da República e ao Governo, que exerçam um escrutínio rigoroso da constitucionalidade e assegurem que o fascismo não passará. Na certeza de que, como sempre nos mostrou a História, quem adormece em democracia acorda em ditadura, os escritores de língua portuguesa: Adélia Carvalho Adriana Lisboa Afonso Borges Afonso Cruz Alexandra Lucas Coelho Alexandre Andrade Alice Vieira Almeida Faria Álvaro Laborinho Lúcio Álvaro Magalhães Amosse Mucavele Ana Bárbara Pedrosa Ana Cristina Silva Ana Luísa Amaral Ana Margarida de Carvalho Ana Marques Ana Pessoa Ana Saldanha Ana Saragoça André de Leones Andréa del Fuego Andrea Zamorano Andreia Azevedo Moreira António Borges Coelho António Cabrita António Ladeira António Mota António Tavares Bernardo Carvalho Carlos Campaniço Carlos Nogueira Carlos Tê Carlos Vale Ferraz Catarina Santiago Costa Catarina Sobral Chico Buarque Chissana M. Magalhães Cláudia Lucas Chéu Conceição Lima Cristina Drios David Machado Diniz Borges Domingos Lobo Eileen A. Barbosa Elsa Caetano Eric Nepomuceno Evandro Affonso Ferreira Fabrício Corsaletti Filinto Elísio Filipa Martins Francisco José Viegas Francisco Resende Fundação José Saramago Gabriela Silva Gonçalo Cadilhe Gregório Duvivier Helder Macedo Helena Vasconcelos Hélia Correia Henrique Manuel Bento Fialho Hugo Gonçalves Inês Pedrosa Isabel Minhós Martins Isabel Olivença Isabel Rio Novo Isabel Zambujal Isabela Figueiredo Itamar Vieira Júnior Jacinto Lucas Pires Jaime Rocha Jamil Chade Joana Bértholo Joana M. Lopes João Cezar de Castro Rocha João de Melo João Paulo Cotrim João Paulo Cuenca João Pedro Porto João Pinto Coelho João Ricardo Pedro João Tordo Joel Neto Jorge Serafim José Anjos José Carlos Vasconcelos José Eduardo Agualusa José Fanha José G. Neres José Jorge Letria (escritor e presidente da SPA) José Luís Peixoto José Manuel Mendes José Mário Silva José Pinto Juca Kfouri Julián Fuks Júlio Machado Vaz Leonor Sampaio Silva Lídia Jorge Lúcia Bettencourt Lucílio Manjate Lucrecia Zappi Luís Almeida Martins Luís Carlos Patraquim Luís Carmelo Luís Corredoura Luís Fernando Veríssimo Luís Quintais Luís Rainha Luísa Costa Gomes Luísa Ducla Soares Luíz Filipe Botelho Luiz Ruffato Madalena B. Neves Madalena San-Bento Manuel Alberto Valente Manuel Jorge Marmelo Manuela Costa Ribeiro Márcia Balsas Margarida Fonseca Santos Margarida Vale de Gato Maria do Rosário Pedreira Maria Manuel Viana Maria Valéria Rezende Mário Cláudio Mário de Carvalho Mário Loff Marta Bernardes Mary del Priore Mia Couto Miguel Real Miguel-Manso Milton Hatoum Mónia Camacho Nara Vidal Nazir Ahmed Can Nélida Piñon Nilma Lacerda Noemi Jaffe Nuno Camarneiro Olga Santos Olinda Beja Ondjaki Onésimo Teotónio Almeida Patrícia Melo Patrícia Portela Patrícia Reis Paula de Sousa Lima Paulo Kellerman Paulo M. Morais Paulo Moura Paulo Scott Pedro Loureiro Pedro Meira Monteiro Pedro Pereira Lopes Pedro Vieira Pepetela Possidónio Cachapa Raquel Varela Renato Filipe Cardoso Ricardo Fonseca Mota Ricardo Ramos Filho Richard Zimler Rita Ferro Rita Taborda Duarte Rodrigo Guedes de Carvalho Rosa Freire D'Aguiar Rui Cardoso Martins Rui de Almeida Paiva Rui Lage Rui Manuel Amaral Rui Zink Ruth Manus Sandro William Junqueira Sérgio Godinho Sérgio Nazar David Sidney Rocha Susana Moreira Marques Tânia Ganho Tatiana Salem Levy Teolinda Gersão Teresa Rita Lopes Tiago Rodrigues Tiago Salazar Tom Farias Valter Hugo Mãe Vanda R. Rodrigues Vera Duarte
José Eduardo Agualusa acaba de lançar um novo romance "Os Vivos e os Outros", escrito antes da pandemia, em que as personagens ficam isoladas. "Não sei se existem coincidências". Ouça aqui. See omnystudio.com/listener for privacy information.
O Mamilos de hoje vai prestar sua homenagem ao Africa Day, ou Dia da África. A riqueza do que é produzido no continente africano não caberia em um único programa, por isso fizemos um recorte inspirador para representar esse dia: a literatura.Para isso, trouxemos duas pessoas do nosso continente mãe que nos ajudaram a entender a produção literária local, a vida e costumes em seus países e como essas vivências se entrelaçam com o Brasil: o escritor José Agualusa e a escritora e podcaster Eliana NZualo.=====PERIFA CONNECTIONQuem traz a coluna hoje é a Nina da Hora. Ela é cientista da computação e construção pela PUCRio. Criadora do Computação da Hora, participa do PY Ladies RJ e Tech Lead na Hava Plus. Nina contou sobre uma entrevista que fez para o seu podcast, o Ogunhê, com Dauda Barry, um cientista senegalês, e promove uma reflexão interessante sobre como conhecer essas pessoas inspiradoras ajuda nos processos de construção de identidade. =====BRADESCOTá lembrado do BRAVOZ, mamileiro?O Encontro Bradesco de Vozes Brasileiras tá todo dia 20, desde novembro do ano passado, promovendo encontros lindos entre dois artistas negros pra falar de cultura, ancestralidade e protagonismo do seu próprio negócio como artista.Nesse mês, o BRAVOZ juntou o Jairzinho Oliveira, filho do Jair Rodrigues, e o Antônio Pitanga pra conversar.Eles estão juntos no YouTube, Instagram e IGTV do Bradesco. E, claro, com um episódio todo especial no podcast Negro da Semana do Alê Garcia. É chuva de conhecimento!=====FAROL ACESOEliana NZualo: livro "Meio Sol Amarelo" de Chimamanda Ngozi Adichie, e a artista Lenna BahuleJosé Eduardo Agualusa: os músicos Ruy Mingas e Toty Sa'MedCris Bartis: livro "Quarto de Despejo - Diário de uma favelada" de Carolina Maria de Jesus, TED da Chimamanda Ngozi Adichie "O Perigo da História Única" e a música "Alegria" de Maria Bethânia, do ao vivo Noite LuzidiaJu Wallauer: livro "A Sociedade dos Sonhadores Involuntários" de José Eduardo Agualusa, séries "Sangue e Água" e "Queen Sono" e séries de livros infantis "Diário de um Banana" e "As Aventuras do Capitão Cueca"=====CONTRIBUA COM O MAMILOSQuem apoia o Mamilos ajuda a manter o podcast no ar e ainda recebe toda semana um apanhado das notícias mais quentes do jeito que só o Mamilos sabe fazer. É só R$9,90 por mês! Corre ler, quem assina tá recomendando pra todo mundo.https://www.catarse.me/mamilos=====FALE CONOSCO. Email: mamilos@b9.com.br. Facebook: aqui. Twitter: aqui. Instagram: aqui. LinkedIn: aqui. Youtube: aqui=====O Mamilos é uma produção B9Apresentação: Ju Wallauer e Cris BartisCoordenação geral: Carlos Merigo, Ju Wallauer e Cris BartisProdução: Beatriz FiorottoApoio à pauta e pesquisa: Jaqueline Costa e grande elencoEdição: Alexandre Potascheff com trilhas de Angie LopezIdentidade visual: Bárbara SiewertCoordenação digital: Agê Barros, Pedro Strazza e Lucas de Brito e Hiago ViníciusAtendimento e Comercialização: Rachel Casmala, Camila Mazza e Telma Zennaro
De repente, fomos forçados a parar. Viagens? Melhor não. Aulas? Só se for ensino à distância. Muitas empresas em trabalho remoto. Pensa em uma reunião de um comitê de clima internacional estipulando a seguinte meta para grandes cidades do mundo como Nova York, Pequim e São Paulo: reduzir a poluição do ar em 50% em um mês. Impossível, a gente diria. Mas foi o que aconteceu quando o COVID-19 nos colocou em quarentena.Nesses mais de três meses, algo ao nosso redor anda acontecendo que não é tão ruim assim. Com menos atividade humana, automóveis nas ruas, aviões nos céus e uma certa paralisação geral, o meio-ambiente encontrou um novo caminho para se desenvolver.Dá pra pensar em um futuro pós-isolamento em que podemos nos recuperar economicamente sem voltar a fazer estragos ambientais? Como balancear esses dois tópicos que parecem sempre estar um contra o outro? Pra debater esse tema, unimos a bióloga Nurit Bensusan e o economista especialista em economia dos recursos naturais Juliano Assunção.=====PERIFA CONNECTIONQuem traz a coluna hoje é a Nina da Hora. Ela é cientista da computação e construção pela PUCRio. Criadora do Computação da Hora, participa do PY Ladies RJ e Tech Lead na Hava Plus. Nina reflete hoje sobre o futuro. O nosso, o de quem está ao nosso lado e a desigualdade e violência sistêmicas que dificultam a visão de um futuro melhor.=====BRADESCOO Bradesco também está na conversa sobre sustentabilidade.O banco participa de vários compromissos voluntários, nacionais e internacionais, como:Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)O Pacto GlobalOs Princípios para Responsabilidade BancáriaOs Princípios para Investimento ResponsávelOs Princípios para Sustentabilidade em Seguros,Os Princípios para o Empoderamento Feminino.Todos das Organização das Nações Unidas! E essa gestão toda de sustentabilidade é reconhecida por prêmios e rankings.O compromisso do Bradesco é de que 100% das operações do banco sejam abastecidas por energia de fontes renováveis, até o fim de 2020 e de neutralizar 100% das emissões de gases de efeito estufa, ou equivalentes a carbono, que vêm das operações deles, tudo conforme Inventário de GEE do Bradesco.Eles querem ser o primeiro grande banco brasileiro a realizar esse nível de compensação de carbono!É o Bradesco desafiando o futuro a ser bem melhor!=====CAMBLYMamileiros e mamiletes, bora usar um tempinho pra exercitar e até aprender inglês do zero?Na Cambly você tem aulas a qualquer hora do dia. No tempo que você quiser e com professores nativos, podendo escolher inclusive qual é o seu nível de entendimento do idioma!E se seu problema é falta de tempo, eu vou te dizer o seguinte: tira 10 minutos da sua semana e vai no Cambly.com. 10 minutos!No Cambly, você é quem define o nível da aula e o tema. Por exemplo, gosta de literatura? Procure por isso e um professor pode te ajudar com dicas de livros e vocês podem até conversar sobre histórias. São muitas possibilidades para todos os gostos!Se você cansou de verbo to be, se você cansou de the book is on the table, e quer aprender inglês na prática: temos um cupom EXCLUSIVO, de aula grátis do que você quiser. Não perde tempo! É só clicar aqui!=====FAROL ACESOJu Wallauer: Série "Derry Girls"Cris Bartis: Comprar bonecas negras do site Era Uma Vez o Mundo e filme "O Que Os Homens Falam".Nurit Bensusan: Livro "Desobedecer" e os autores José Eduardo Agualusa, em especial "A Teoria Geral do Esquecimento", e Leonardo Padura, especialmente o livro "Hereges".Juliano Assunção: Série "The Handmaid's Tale"=====CONTRIBUA COM O MAMILOSQuem apoia o Mamilos ajuda a manter o podcast no ar e ainda recebe toda semana um apanhado das notícias mais quentes do jeito que só o Mamilos sabe fazer. É só R$9,90 por mês! Corre ler, quem assina tá recomendando pra todo mundo.https://www.catarse.me/mamilos=====FALE CONOSCO. Email: mamilos@b9.com.br. Facebook: aqui. Twitter: aqui. Instagram: aqui. LinkedIN: aqui. Youtube: aqui=====O Mamilos é uma produção do B9Apresentação: Ju Wallauer e Cris BartisCoordenação geral: Carlos Merigo, Ju Wallauer e Cris BartisProdução: Beatriz FiorottoApoio à pauta e pesquisa: Jaqueline CostaEdição: Alexandre Pottaschef com trilhas de Angie LopezIdentidade visual: Bárbara SiewertCoordenação digital: Agê Barros, Pedro Strazza, Lucas deBrito e Hiago VIniciusAtendimento e comercialização: Rachel Casmala, Camila Mazza e Telma Zennaro
Hoje é o último dia que tens para ver o documentário "Meu Caro Amigo Chico" (2012), da autoria de Joana Barra Vaz, que está disponível online. Trata-se de um streaming gratuito, sem fins lucrativos e a exibição "é cortesia dos autores do filme, da equipa artística e técnica e de todos os que, generosamente, tornaram este filme possível"."Meu Caro Amigo Chico", que está disponível aqui, surge como que uma carta, escrita em forma de documentário, como resposta à canção 'Tanto Mar' de Chico Buarque. Traça-se um retrato de Portugal e do panorama musical que se vive, através das canções e testemunhos de vários músicos portugueses. Este documentário conta com a participação de António Zambujo, Bernardo Barata, Chico Buarque, Couple Coffee, Feromona, Foge Foge Bandido, João Afonso, José de Castro, José Eduardo Agualusa, JP Simões, Manel Cruz, Márcia, Miguel Araújo, Nuno Prata, Nuno Rafael, Os Quais, Peixe, Real Combo Lisbonense, Roda de Choro de Lisboa, Sérgio Costa, Sérgio Godinho, Zelig, entre outros."Era Uma Vez no Espaço" era o seu desenho animado favorito, como nos disse.Joana Barra Vaz é argumentista, realizadora e compositora. Se bem te lembras participou no Festival da Canção da RTP de 2018, a convite de Francisca Cortesão e de Afonso Cabral, com a canção 'Anda Estragar-me os Planos'.
Um programa cheio de emoção! Tem Renata Hardy contando uma história de José Eduardo Agualusa, músicas de Adriana Partimpim, Zeca Baleiro, Mundo Aflora e Arícia Mess. Além dos ouvintes fazendo suas reflexões sobre os sentimentos.
Um programa cheio de emoção! Tem Renata Hardy contando uma história de José Eduardo Agualusa, músicas de Adriana Partimpim, Zeca Baleiro, Mundo Aflora e Arícia Mess. Além dos ouvintes fazendo suas reflexões sobre os sentimentos.
Um programa cheio de invenção e arte! Tem Renata Hardy contando uma história do escritor angolano José Eduardo Agualusa. Músicas de Tom Zé, Arnaldo Antunes, Rita Rameh, Barbatuques e muitas crianças contando suas invenções.
Um programa cheio de invenção e arte! Tem Renata Hardy contando uma história do escritor angolano José Eduardo Agualusa. Músicas de Tom Zé, Arnaldo Antunes, Rita Rameh, Barbatuques e muitas crianças contando suas invenções.
Pere Comellas Casanova é professor de Estudos Portugueses na Universidade de Barcelona. Traduziu várias obras literárias para o catalão e para o espanhol, especialmente de literaturas africanas em língua portuguesa, autores como Germano Almeida, José Eduardo Agualusa, Mia Couto e Paulina Chiziane. No ano 2005, ganhou o V Prémio Giovanni Pontiero pela tradução para o catalão de Chiquinho, do autor cabo-verdiano Baltasar Lopes. É autor do livro Contra l'imperialisme lingüístic (2006). O autor nos oferece a leitura em catalão do conto "Ruído de pássaros", de A via crucis do corpo. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/marilia-librandi/message
Es ist eine fantastische und doch ganz und gar wahre Geschichte: Am Vorabend der angolanischen Revolution mauert sich Ludovica, nachdem sie einen Einbrecher in Notwehr erschossen und auf der Dachterrasse begraben hat, für dreißig Jahre in ihrer Wohnung in einem Hochhaus in Luanda ein. Sie lebt von Gemüse, gefangenen Tauben und von einer Hühnerzucht, die sie auf der Dachterrasse wie durch Zauber beginnt, und bekritzelt die Wände in ihrer ausgedehnten Wohnung mit Tagebuchnotaten und Gedichten. Allmählich setzt sich aus Stimmen, Radioschnipseln und flüchtigen Eindrücken zusammen, was im Land geschieht. In den Jahrzehnten, die Ludovica verborgen verbringt, kreuzen sich die Wege von Opfern und Tätern, den Beteiligten an der Revolution, ihren Profiteuren und Feinden. Bis sie alle eines Tages erneut vor der Mauer in dem wieder glanzvollen Apartmenthaus stehen. José Eduardo Agualusa hat mit seinem wunderbaren, dicht und spannend gewobenen Roman, der das Fantastische der Wirklichkeit und eine Art höhere Gerechtigkeit beschwört, unvergessliche Szenen geschaffen, tragisch, komisch, grotesk. Dieser Roman feiert die Kunst des Erzählens selbst. Eine Rezension von Michi Strausfeld Den Text der Rezension finden Sie hier.
A segunda parte de “Eliete”, de Dulce Maria Cardoso, um novo livro de poesia de Matilde Campilho e o mais recente lançamento de José Eduardo Agualusa são algumas das propostas para o novo ano literário
Cremilda Medina é uma das vozes que tem vindo a salientar-se na onda de novas cantoras cabo-verdianas, numa geração a que pertencem também Elida Almeida, Kadi ou Ceuzany. Nascida na ilha de São Vicente, em 18 de Março de 1991, gravou em Cabo Verde, Estados Unidos e Portugal o seu primeiro álbum, Folclore, lançado em Cabo Verde em 2017 e em Portugal no início de 2018. Com uma voz que alia juvenilidade a um grão do tempo que ainda não teve, como se nela ressoassem ecos de cantares antigos, gravou mornas, mas também coladeiras e até um fado, Sou criola, com letra de José Eduardo Agualusa. Sonho dum criola (de Morgadinho), Doce guerra (Antero Simas), Um sonho cordode (Paulino Vieira), Divôrce um’ ca ta sená (Manuel D’Novas), Mata morte e Falta di força (ambos de Ti Goi) são alguns dos temas gravados. Num momento que prepara novo disco e em que a UNESCO vota a morna para Património Imaterial da Humanidade, Cremilda Medina esteve no Auditório do PÚBLICO para cantar e falar do seu trabalho – e da morna – com o jornalista Nuno Pacheco. O concerto foi gravado a 12 de Dezembro.
Enquanto a construção de muros é exaltada na atualidade, a literatura trabalha pela construção de pontes para novos e diferentes mundos. José Eduardo Agualusa explica que os livros são responsáveis pela aproximação com o outro e pelo conhecimento do outro, e que a melhor forma de evitar guerras é construindo bibliotecas. Fonte: https://youtu.be/L9adZckstYg
Cu Diana Iașciurjinschi, în ultimul episod, despre emoții, mere în halat, călătorii spre buricul pământului și uituci, pornind de la cartea lui José Eduardo Agualusa, „Teoria generală a uitării” (traducere de Simina Popa, Polirom, 2018).
José Eduardo Agualusa je výraznou osobnosťou súčasnej angolskej literárnej scény a po portugalsky písanej literatúry. V pestrej mozaike príbehov čitateľom približuje dejiny Angoly prostredníctvom Ludo, ženy, ktorá sa v predvečer nezávislosti Angoly vracia do svojho bytu. Medzi múrmi starého domu prežije tridsať rokov, živí sa zeleninou a holubmi, spáli nábytok, aby sa zohriala. Okolitý svet však neustále prevniká do jej úkrytu, raz ako hlasy z rádia či rozhovory z vedľajšieho bytu, inokedy pri pohľade z okna na prenasledovaného muža alebo tajomný odkaz priviazaný k vtáčej nohe. Všeobecná teória zabúdania je podmanivý román, ktorý ľahko vtiahne do víru pohnutých ľudských osudov v čase radikálnej spoločensko-politickej zmeny. číta: Boris Farkaš
O sexto episódio do Põe na Estante vai à Angola por meio das páginas de O Vendedor de Passados, de José Eduardo Agualusa. Félix Ventura é um vendedor de passados. Ele confecciona árvores genealógicas para uma nova elite angolana que vai se formando depois da guerra civil no país, encerrada definitivamente em 2002. Aqueles que olham para trás e não enxergam tanta glória, ou aqueles que olham e se lembram que deixaram um rastro de sangue ou sujeira procuram o negro albino Félix para reconstruir sua trajetória. Com um passado de luxo em mãos, documentado, eles seguem o rumo. Quem nos conta esta história é um narrador que, por fisiologia, consegue se espremer em qualquer canto e que, por isso, sabe detalhes que ninguém mais saberia. O Vendedor de Passados é um romance de 2004 e é sobre ele que a apresentadora Gabriela Mayer conversa com os jornalistas Laís Duarte e Vitor Tavares. IG: @poenaestante E-mail: poenaestante@gmail.com Arte: Renan Sukevicius Trilha: Getz me to Brazil, Doug Maxwell
Angola im Umbruch. Die Eliten verstrickt in Korruption. Die alten Kämpfer desillusioniert. Aber Jugendliche kämpfen für eine bessere Welt. José Eduardo erzählt in seinem neuen Roman "Die Gesellschaft der unfreiwilligen Träumer" von der Kraft der Utopie und dem Mut der Jugend. Lesung mit Martin Umbach. Cornelia Zetzsche im Gespräch mit José Eduardo Agualusa
Mesa "Escrever o sentimento do mundo" com José Eduardo Agualusa, Conceição Evaristo e Leila Ferreira
Mesa Ficção em África, Brasil com Valter Hugo Mãe, José Eduardo Agualusa e Cristovão Tezza
Mesa de debates "Democracia: realidade e ficção" com Sergio Abranches, Heloisa Starling e José Eduardo Agualusa no Fliaraxá 2019
Ein Journalist träumt von einer schönen Frau, ein ehemaliger Geheimdienstmann träumt selbst nicht mehr, taucht dafür aber in den Träumen anderer auf. Und ganz Angola träumt vom Rücktritt des Diktators. José Eduardo Agualusa führt diese Träume in einem großartigen Roman zusammen. Rezension von Eva Karnofsky C.H. Beck Verlag Aus dem Portugiesischen von Michael Kegler ISBN 978-3-406-73374-1 304 Seiten 22,70 Euro
Edição de 02 de Julho 2018 - "O Paraíso e Outros Infernos", de José Eduardo Agualusa
A General Theory of Oblivion is written by an Angolan writer José Eduardo Agualusa. It tells the story of a Portuguese woman called Ludo who bricked herself in during the aftermath of Angola's independence from Portugal.
On the evening of Thursday, 22 June, literary award winners José Eduardo Agualusa and Daniel Hahn gave a reading, followed by a Q&A session, introduced and moderated by Sinéad Crowley, in Dublin City Library & Archive, Pearse Street. Author José Eduardo Agualusa and translator Daniel Hahn were announced as winners of the 2017 International DUBLIN Literary Award for Agulusa's novel A General Theory of Oblivion at a ceremony in Dublin’s Mansion House on Wednesday, 21 June 2017.
Simulacro eleitoral. É assim que Sedrick de Carvalho define o ato eleitoral que acontecerá em Agosto de 2017 em Angola. As eleições presidenciais, agendadas para o dia 23, marcarão o final da presidência de José Eduardo dos Santos, 38 anos depois de ter sido empossado pela primeira vez em 1979. Pelo MPLA, partido que está atualmente no poder, concorrerá João Lourenço, atual Ministro da Defesa e vice-presidente do partido. Mas o que vai mudar em Angola? A repressão - física e judicial - existe desde há muito. Em Portugal, foi notícia o processo “15+2” que levou à prisão de 17 jovens, acusados de tentativa de golpe de estado, porque liam e discutiam um livro. Debatiam diferentes soluções para transitar de um sistema autoritário para uma democracia reforçada. Falavam da Primavera Árabe e das ideologias de desobediência civil não violenta. António Luvualu de Carvalho, embaixador Angolano Itinerante para as questões políticas, classificou o tal livro que liam, “Da Ditadura à Democracia”, de Gene Sharp, como subversivo, enquanto debatia com José Eduardo Agualusa, escritor angolano, na RTP: -Este livro é altamente subversivo. - dizia Luvualu de Carvalho -Eu concordo consigo, é um livro altamente subversivo mas em regimes totalitários. Não é subversivo em Democracias. Este livro não leva ao derrube de Democracias. - respondeu José Eduardo Agualusa. Sedrick de Carvalho é um dos 15+2. Foi acusado em 2015 de crime de “atos preparatórios de rebelião”. Esteve preso durante um ano. Dois anos depois, a repressão continua. Segundo o estudo lançado pelo Domingos da Cruz este ano, 1 em cada 3 professores angolanos acredita poder ser perseguido ou morto. Jornalistas são condicionados - Rafael Marques do Maka Angola foi acusado de “crime de injúria e ultraje a orgão de soberania” depois de revelar alegadas práticas corruptas desempenhadas pelo Procurador Geral da República. Os canais da SIC foram retirados das plataformas televisivas angolanas DSTV e Zap depois da SIC ter lançado uma série de reportagens sobre a desigualdade, a pobreza, a corrupção e as condições desumanas em que crianças vivem no país. Ativistas e manifestantes continuam a ser reprimidos fisicamente e até presos - como foi o caso de David Saley, Paulo Mabiala, António Mabiala, Mário André, Nzunzi Zacarias Mabiala, Waldemar Aguinaldo e Adão Bunga, presos durante uma manifestação e condenados a 45 dias de prisão no passado Maio. Quando falta pouco mais de 1 mês para que os angolanos sejam chamados a votar, começamos a cobrir as eleições angolanas no É Apenas Fumaça. Durante as próximas semanas, teremos várias entrevistas focadas neste tema, procurando aprofundar este assunto antes e depois do dia 23. Hoje conversamos com o Sedrick de Carvalho, jornalista e ativista angolano pela democracia em Angola. Falámos sobre o que se tem passado durante o processo de preparação para as eleições e sobre que expectativas tem ele em relação ao futuro do país. Ouve aqui o novo episódio com o Sedrick de Carvalho sobre as eleições Angolanas. Support the show.
Edição de 16 de Junho 2017 - A Sociedade dos Sonhadores Involuntários, de José Eduardo Agualusa
O escritor angolano José Eduardo Agualusa, o timorense Luís Cardoso e o editor João Rodrigues, da Sextante, editora que está a completar 10 anos, são os convidados do Ensaio Geral da Renascença, que esta semana foi gravado na Feira do Livro de Lisboa. Para Luís Cardoso, cuja língua materna é o Tétum, "a Língua Portuguesa funciona como um pérola".
José Eduardo Agualusa é um dos mais reconhecidos autores contemporâneos de língua portuguesa e nosso convidado desta semana. Nascido na cidade do Huambo, Angola, em 1960, chegou a estudar Agronomia, mas depressa se dedicou em exclusivo ao mundo das letras. Foi colaborador do jornal "Público" desde a primeira hora e manteve sempre um pé no jornalismo, como cronista. Publicou cerca de 30 livros, nos mais variados géneros: romance, novela, contos, crónicas, teatro, literatura infantil. A tradução para inglês do seu romance "Teoria Geral do Esquecimento" chegou, este ano, à shortlist do Prémio Man Booker International. É ainda um dos curadores do festival literário FOLIO, em Óbidos, que começa na próxima quinta-feira, dia 22 de Setembro, e se prolonga até 2 de Outubro. Trouxe-nos: Ficções - Jorge Luís Borges Na Patagónia - Bruce Chatwin Os Maias - Eça de Queirós
In this brief episode Angolan-Portuguese writer José Eduardo Agualusa shares his vision of the future of Europe. He expresses a desire for greater participation of citizens, in particular, young citizens, in EU decision-making as well as the role of literature in the "conscientization" of citizens. He talks about how new immigration is enriching European culture and describes Portugal's unique history in integrating diverse cultures, making it a role model for the rest of Europe. The interview is in Portuguese - a treat for our Portuguese listeners. Please forgive the background noise towards the end of the conversation (~11:30). (Date of interview: April 12, 2016)
Hoje não vamos ter uma entrevista como é habitual, vamos antes fazer fotografias sonoras do que foi a concentração pela libertação dos presos políticos em Angola. Desde o dia 20 de junho foram colocados em prisão preventiva, 15 jovens ativistas, suspeitos de estarem a preparar em Luanda um atentado contra o Presidente e outros membros dos órgãos de soberania. Na ocasião, a informação foi dada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola à agência noticiosa Lusa. Esta quarta-feira, dia 29 de julho, a solidariedade para com os ativistas angolanos fez-se notar também em Lisboa com uma concentração no Largo de S. domingos no Rossio. Testemunhos de Aline Frazão, José Eduardo Agualusa, Kiluanji Kia Henda, Selma Uamusse, entre outros cidadãos solidários.