POPULARITY
Categories
Thursday, July 13th, 2023 In the Hot Notes: the Obama stalker has been detained pending trial; FBI director Christopher Wray testified before the house judiciary; Iowa Republicans pass a new six week abortion ban; lawyers with Supreme Court business paid a Clarence Thomas aide using Venmo; Ray Epps has filed his defamation suit against Fox News; the DOJ jumps into a Florida voting case; inflation falls for the 12th consecutive month to just 3%; Judge Amit Mehta acquits a January 6th rioter on all charges; plus AG and Dana deliver your Good News.Want some sweet Daily Beans Merchhttps://shop.dailybeanspod.com/Check out other MSW Media podcastshttps://mswmedia.com/shows/ Donate to the MSW Media, Blue Wave California Victory Fundhttps://secure.actblue.com/donate/msw-bwc WhistleblowerAid.org/beans Federal workers - feel free to email me at fedoath@pm.me and let me know what you're going to do, or just vent. I'm always here to listen.Share your Good News or Good TroubleMSW Good News and Good Trouble Check out other MSW Media podcastshttps://mswmedia.com/shows/Subscribe for free to MuellerSheWrote on Substackhttps://muellershewrote.substack.comFollow AG and Dana on Social MediaDr. Allison Gill Substack|Muellershewrote, BlueSky|@muellershewrote , Threads|@muellershewrote, TikTok|@muellershewrote, IG|muellershewrote, Twitter|@MuellerSheWrote,Dana GoldbergTwitter|@DGComedy, IG|dgcomedy, facebook|dgcomedy, IG|dgcomedy, danagoldberg.com, BlueSky|@dgcomedyHave some good news; a confession; or a correction to share?Good News & Confessions - The Daily Beanshttps://www.dailybeanspod.com/confessional/ Listener Survey:http://survey.podtrac.com/start-survey.aspx?pubid=BffJOlI7qQcF&ver=shortFollow the Podcast on Apple:The Daily Beans on Apple PodcastsWant to support the show and get it ad-free and early?Supercasthttps://dailybeans.supercast.com/Patreon https://patreon.com/thedailybeansOr subscribe on Apple Podcasts with our affiliate linkThe Daily Beans on Apple Podcasts
Nos 50 anos da independência de Cabo Verde, a RFI publica várias reportagens sobre o tema. Neste sexto episódio, damos voz às mulheres que também escreveram a história da luta de libertação. “A história da luta armada de libertação nacional tem sido escrita fundamentalmente pelos homens”, adverte Josefina Chantre, avisando que “a participação da mulher na luta foi tão importante como a do homem”. Nesta reportagem também falamos com Amélia Araújo, "a voz da luta" na Rádio Libertação, e com Maria Ilídia Évora, Marline Barbosa Almeida e Ana Maria Cabral. Esta é uma história de mulheres que lutaram pela independência de Cabo Verde. Uma delas, Josefina Chantre, diz que “a história da luta armada de libertação nacional tem sido escrita fundamentalmente pelos homens” e lembra que “a participação da mulher na luta foi tão importante como a do homem”. Josefina Chantre foi uma das fundadoras da Organização das Mulheres de Cabo Verde, depois de ter estado numa das muitas frentes de batalha da luta liderada pelo PAIGC: a informação. Trabalhou no jornal “Libertação-Unidade e Luta” e na Rádio Libertação, os órgãos de comunicação oficial do partido. “Cabral dizia que toda a frente de luta era uma frente. A minha frente de luta, a minha arma, era a comunicação social”, resume Josefina Chantre. O Jornal Libertação foi criado em 1960 e a Rádio Libertação começou a emitir em 1967 e era o “canhão de boca” da luta, dizia o líder do partido, Amílcar Cabral. A voz da luta era precisamente a de uma mulher, Amélia Araújo, angolana de origem cabo-verdiana, tão conhecida pelo "Programa do Soldado Português" e pelo programa "Comunicado de Guerra". “Durante a guerra, durante a luta, as mulheres tiveram vários postos. Cabral fazia questão de valorizar as mulheres. Então, nós tínhamos camaradas em posições de relevo”, recorda Amélia Araújo, admitindo que não eram muitas, mas que se destacaram, apontando os exemplos de Dulce Almada e Carmen Pereira. Maria Elídia Évora, conhecida como Tutu, foi a única mulher no grupo de 31 cabo-verdianos que receberam formação político-militar em Cuba para um eventual desembarque em Cabo Verde, cujo objectivo seria desencadear a acção armada no arquipélago. Em Cuba, sentiu-se descriminada pelos camaradas, mas contou com o apoio de Amílcar Cabral quando a tentaram excluir do grupo. O projecto de desembarque acabou por não se concretizar e o grupo foi disperso por várias frentes de batalha na Guiné. A maioria dos companheiros de Tutu foram para o mato lutar com armas. Ela foi tentar salvar vidas nos hospitais de Boké e Koundara, depois foi enviada para a ex-República Democrática Alemã estudar enfermagem e obstetrícia. Dos tempos de Koundara, lembra-se da surpresa inicial quando viu as instalações rudimentares e sem condições do hospital. “Fizemos o que era possível fazer, levámos mais de uma semana a limpar aquele lugar para estar mais ou menos. Não é que fosse um grande sítio para fazer as operações, mas a gente fazia, não tinha outro remédio”, lembra Maria Elídia Évora. O líder da luta, Amílcar Cabral, tinha ideais de emancipação e participação das mulheres. Em 1965, o PAIGC instituiu, na Guiné, a equidade de género no respeitante à esfera familiar, profissional e política. A partir de 1967, as mulheres foram integradas nas milícias populares criadas para a protecção da população civil. Em 1970 foi decidido que, pelo menos, dois em cada cinco dos membros dos comités da Tabanca deveriam ser obrigatoriamente mulheres. Em 1972, as mulheres passaram a integrar os júris dos tribunais populares. Por outro lado, na Escola-Piloto de Conacri vigorava a equidade de género a nível dos comités de gestão e da representação dos estudantes. Porém, Amílcar Cabral era uma voz solitária num mundo de guerra dominado historicamente pelos homens, admite Josefina Chantre. “Cabral nunca fez distinção entre homem e mulher. Eu costumo dizer que Cabral foi um grande visionário porque o que agora se diz da igualdade de género, na altura, ele já tinha pensado nisso porque ao criar os comités de tabanca, ele exigia que de cinco elementos, duas pessoas, pelo menos, tinham que ser mulheres. Por outro lado, ele dizia-nos sempre que a nossa emancipação, a verdadeira emancipação da mulher, teria que ser fruto da própria mulher e que não pensássemos que haveria algum homem que viesse realmente lutar pela nossa emancipação. Inculcava-nos sempre esse espírito e ele sempre respeitou as mulheres, ele sempre deu o devido valor porque a mulher é mãe, a mulher é tudo. Eu acho que somos a metade do céu e Cabral tinha na sua mente a verdadeira noção do valor da mulher a nível global”, acrescenta Josefina Chantre. “Nós até hoje ainda estamos a lutar. A mulher foi duplamente explorada durante o regime colonial português, explorada pelo regime colonial e pelo próprio homem. Nós ainda temos resquícios da nossa origem escravocrata, portanto, ainda temos muito machismo na nossa sociedade. Eu penso que na nossa luta já atingimos várias vitórias, mas os nossos desafios ainda são maiores. Nestes 50 anos, o balanço que eu faço é que a mulher ganhou tudo com a independência, mas ainda temos a tal história do machismo. Temos que trabalhar bastante a mentalidade e a mentalidade das coisas é muito difícil de se mudar”, comenta. Com Amílcar Cabral, o PAIGC foi considerado como um movimento político que fez um esforço de promoção da mulher, mas elas estavam, sobretudo, na retaguarda. Marline Barbosa Almeida é outra resistente que combateu duplamente na sombra, por lutar na clandestinidade em Cabo Verde e por ser mulher. “Eu, como mulher, embora estivéssemos a lutar pela independência, tinha noção de que não valia tanto como os homens naquela altura. Havia sempre aquele recuo em relação às nossas opiniões, principalmente quando metia a igualdade, não nos levavam muito a sério nesse aspecto, mas noutro aspecto procuravam o nosso esforço, o nosso trabalho para que a luta continuasse”, afirma Marline Barbosa Almeida. Ela acrescenta que, aquando do regresso dos cabo-verdianos da Guiné-Bissau, “em conversa com alguns militantes que vieram da luta armada, eles disseram: ‘Nós queremos uma mulher que não nos canse a cabeça'”. No livro “Os Dirigentes do PAIGC, da Fundação à Ruptura [1956-1980]”, Ângela Benoliel Coutinho fala na quase ausência de mulheres na direcção do partido e em “esposas na sombra”. Também no artigo “Militantes Invisíveis: as cabo-verdianas e o movimento independentista (1956-1974)”, ela recorda que, em várias ocasiões, em discursos proferidos para militantes e dirigentes do movimento, Amílcar Cabral mencionou situações em que os homens resistiam à participação activa por parte das mulheres e essa oposição tornava-se ainda mais intensa, apesar de silenciada, quando às mulheres eram atribuídos cargos de responsabilidade. “À medida que se vão fazendo investigações, que têm sido poucas até à data, vai-se descobrindo que as mulheres cabo-verdianas (e aqui abro um parênteses para especificar que me refiro àquelas nascidas em Cabo Verde e que foram educadas lá, mas também a filhas de cabo-verdianos que nasceram noutros territórios, nomeadamente noutros territórios africanos e que se assumiram como cabo-verdianas), vamos descobrindo que estiveram presentes desde a primeira hora e que actuaram desde o início nas diversas frentes. Antes de o PAIGC ter iniciado a frente da guerrilha, actuou a nível diplomático e houve mulheres cabo-verdianas que tiveram uma presença forte nesse âmbito”, explica a investigadora à RFI. Ângela Benoliel Coutinho acrescenta que as mulheres cabo-verdianas também estiveram presentes no sistema de saúde e de educação criado por Amílcar Cabral nas zonas ditas libertadas e que houve comissárias políticas que tinham treino para guerrilha. A historiadora diz, ainda, que tanto as autoridades portuguesas quanto o PAIGC “foram grandemente omitindo a presença e a actuação destas mulheres” e que “essa invisibilização ocorreu já durante o próprio processo”. Ana Maria Cabral cresceu num ambiente familiar de resistência e o seu combate começou bem antes de conhecer Amílcar Cabral, com quem viria a casar. Nascida na Guiné-Bissau, emigra para Angola muito nova porque o pai, médico, tinha sido deslocado para essa ex-colónia. Em Luanda, frequenta a escola portuguesa, onde eram raros os alunos africanos. Depois, foi para Portugal fazer o liceu, foi activista, frequentou a Casa dos Estudantes do Império. Foge de Portugal, foi estudar para a então Checoslováquia, foi vice-presidente da secção daquele país da União Geral dos Estudantes da África Negra. Conacri foi o destino seguinte, onde integrou as fileiras do PAIGC e foi professora na Escola-Piloto, criada para receber os filhos dos combatentes e os órfãos de guerra. Questionada sobre como foi ser companheira de Amílcar Cabral, Ana Maria responde que “não foi fácil” e que hesitou “por causa da diferença de idade e pela responsabilidade de ser companheira de um líder como ele”. Talvez tenham sido resistentes na sombra, mas as mulheres tiveram um papel activo na luta de libertação de Cabo Verde. De notar que nenhuma delas foi ministra durante o regime de partido único do PAIGC, entre 1975 e 1991. Mulheres e homens estiveram na mesma frente de batalha, no entanto, a emancipação da mulher é um combate que persiste até hoje.
Nos 50 anos da independência de Cabo Verde, a RFI publica uma série de reportagens em torno deste tema. Neste quinto episódio, fomos à procura de algumas memórias sobre Amílcar Cabral, o líder da luta de libertação da Guiné e de Cabo Verde, descrito como estratega, poeta, pensador, visionário e “pai” para muitos. É na fachada de um liceu, na Achada Frente Grande, na cidade da Praia, que se vê um retrato gigante de Amílcar Cabral, com os seus óculos e a sua sumbia, esculpido pelo artista português Vhils. Esta é mais uma homenagem ao ‘homi grandi' [‘grande homem'] que ficou na memória dos seus compatriotas como o pai das nacionalidades cabo-verdiana e bissau-guineense. Líder incontestável da luta pela independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, Amílcar Cabral é uma figura do panafricanismo e uma das personalidades mais importantes da luta anticolonial e do pensamento revolucionário no século XX. É, ainda, considerado como o motor da queda do Império Português e da viragem pós-colonial do mundo contemporâneo. Foi, também, um estratega militar e político e um pensador que continua a ser uma referência nas lutas contemporâneas contra o imperialismo, o racismo e o neocolonialismo. O historiador e sociólogo António Correia e Silva, co-autor dos três volumes da História Geral de Cabo Verde, diz que o revolucionário é, antes de mais, um filho de Cabo Verde e da Guiné-Bissau e que herdou combates de gerações anteriores, sintetizando e canalizando toda a cultura de protesto que se foi cimentando numa história ritmada pela tragédia cíclica das fomes e do colonialismo. “Amílcar Cabral, incontestavelmente, é o homem que, num determinado momento, sintetiza uma cultura de protesto, uma incomodidade cabo-verdiana que está no ar e ele dá-lhe uma direção. É o líder não só que pensa a independência, mas que a operacionaliza e é uma figura que tem um peso individual, o tal poder carismático. É, também, o homem que não só pensa, mas mobiliza, estrutura, gere um processo não só para Cabo Verde e Guiné, mas ele é fundamental na criação de um nacionalismo independentista das colónias portuguesas”, começa por explicar António Correia e Silva. O historiador vai mais longe e considera que as preocupações de Amilcar Cabral “são mais amplas” porque além de militante de uma causa nacionalista, “o seu pensamento busca a emancipação enquanto tal”. “Ele vê para lá da missão do Estado, Amílcar Cabral tem preocupações do que ele chamava o projecto da humanidade e de povos africanos e, no caso concreto, cabo-verdiano e guineense, dentro desse projecto de humanidade. Aliás, ele tem uma expressão extremamente ambiciosa, ambígua e utópica, que diz que mesmo na condição de escravatura e do colonialismo, podemos trazer para a humanidade as especificidades da nossa cultura e enriquecemos o património comum da humanidade. Então, na liberdade e independentes estaríamos plenos para esse projecto de humanidade”, descreve o professor António Correia e Silva. Amílcar Cabral nasceu em Bafatá, na Guiné-Bissau, a 12 de Setembro de 1924, filho de cabo-verdianos. Estuda em Cabo Verde, primeiro em Santiago, depois no Liceu Gil Eanes, em São Vicente. Aluno brilhante, consegue uma bolsa para o ensino superior em Portugal. Em Lisboa concretiza o pensamento nacionalista, particularmente na Casa dos Estudantes do Império, da qual chegou a ser vice-presidente em 1951. Foi cofundador e colaborador do seu boletim Mensagem e criou o Centro de Estudos Africanos com Mário de Andrade e Agostinho Neto. A partir da Casa dos Estudantes do Império, ele e colegas de outras colónias começam a apoiar-se na luta pela independência dos seus países. Ainda nessa altura, ele conhece Maria Helena Rodrigues, ao lado da qual vai iniciar a luta. Formado em engenharia agrónoma, Amílcar Cabral trabalha entre 1952 e 1955 em Pessubé, na Guiné, onde dirige o Posto Agrícola Experimental e faz o recenseamento agrícola de todo o território, com viagens que lhe serão úteis para a luta posterior. A 19 de Setembro de 1956, de acordo com a historiografia oficial do PAIGC, funda o partido do qual é o primeiro Secretário-Geral. Em Dezembro de 1957, participa na fundação do Movimento Anticolonialista (MAC), depois na Frente Revolucionária Africana para a Independência Nacional e na Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas, ao lado de camaradas das outras colónias. A sua primeira conferência de imprensa em que denuncia o colonialismo português é em Março de 1960, mês em que vai para Conacry, onde passa a viver e que passa a ser a sede do partido e da luta. É em Conacri que, mais tarde, instala a Escola-Piloto para os filhos e órfãos de combatentes. Amélia Araujo, a locutora mais conhecida da Radio Libertação e que também trabalhava no secretariado, conheceu-o de perto. “O Amílcar era uma pessoa fora de série. Era uma pessoa extraordinária, que se preocupava com todos nós e que adorava as crianças. Ele dizia: ‘As crianças são a razão da nossa luta e as flores da nossa revolução'. Bonito, não é? Ele dava muita atenção às crianças. Todos os dias, de manhã cedo, ele ia à Escola-Piloto, sentava-se lá com os meninos, contava histórias, ensinava jogos, fazia competições entre rapazes e raparigas, na corrida, por exemplo. A minha filha ganhava sempre!”, conta, com orgulho, Amélia Araújo, ao lado da filha, a cantora Teresa Araújo, numa conversa em casa delas, na cidade da Praia, na ilha de Santiago. A partir de Conacri, Amílcar Cabral implementa todo um sistema de ensino pioneiro nas chamadas zonas libertadas na Guiné-Bissau, assim como hospitais, tribunais, assembleias populares, lojas do povo e são organizadas várias formações no exterior para preparar os futuros quadros dos dois países independentes. Maria Ilídia Évora, “Tutu”, tem retratos de Amílcar Cabral logo à entrada da sua casa, no Mindelo, na ilha de São Vicente. Para ela, "nunca mais África terá um líder assim". Conta que foi ele quem a convenceu a ir para Cuba, em meados dos anos 60, para se preparar para a guerrilha em Cabo Verde, mas a luta armada nunca se fez nas ilhas e Amílcar Cabral decide que Tutu vai fazer uma formação em enfermagem na antiga RDA. “Amílcar era uma pessoa muito humana, uma pessoa muito responsável, uma pessoa muito honesta e uma pessoa amiga. Todas as vezes que a gente se encontrava, ele punha-me ao lado dele para sentar na mesa e a gente falava depois. Ele tinha a atenção de dizer: ‘Vou ter um pequeno espaço para ti para falarmos da tua filha'. Portanto, para além de ser o meu líder, também foi como se fosse um pai. Você está a ver a estima que eu tenho por ele? Ele até está na minha entrada para toda a gente ver que eu sou Amílcar Cabral. Eu apoiei Amílcar Cabral. Foi o melhor líder que nós podíamos ter. Melhor não vai aparecer nunca”, sentencia Tutu. A antiga combatente recorda também que quando a motivação esmorecia, o líder do PAIGC tinha sempre as palavras certas: “Tu sabes porque é que estás aqui, filha. Estamos a lutar. É um comboio que viaja, alguns descem, outros sobem. Mas tu não vais deixar esse comboio porque eu penso que sabes por que é que tu estás cá. Não vieste à toa.” Só depois de frustradas todas as tentativas de diálogo com o poder colonial português, é que se passa da ação diplomática à luta armada em 1963. Amílcar Cabral foi, por isso, um estratega militar e muito mais, descreve o comandante Silvino da Luz. “Amílcar era um ser humano, antes de mais, extremamente humano, extremamente humanista. Mas o Amílcar tinha várias facetas. Amílcar era engenheiro, mas foi um chefe militar, um estratega inconfundível. Amílcar foi simultaneamente poeta e foi um visionário”, afirma Silvino da Luz, sublinhando que “a sua inovação da proclamação do Estado [da Guiné-Bissau] durante a luta foi uma coisa brilhante”. Silvino da Luz diz que seria preciso um livro para descrever Amílcar Cabral, mas vai avançando com mais algumas pistas: “É um teórico, um pensador das ciências sociais e políticas inconfundível. As suas grandes armas, seus grandes textos que ele deixou, por exemplo, 'O Papel da Cultura na Libertação Nacional', 'A arma da teoria', etc, etc, etc, que o tornaram célebre. Ainda hoje é lembrado e festejado e é comemorado nos diversos continentes. Portanto, era um homem de muitas facetas, um homem invulgar, profundamente humano. Ele dizia: ‘Se tivesse de mandar matar alguém dentro dos meus quadros da luta, então eu deixaria nessa mesma altura de ser dirigente e nunca mais seria dirigente desta terra''. Amílcar Cabral era, de facto, um “pensador e um grande líder”, resume a filha Iva Cabral, que também nos abre as portas de sua casa, na Praia, para nos falar do líder africano. “Ele é um grande líder. Conseguia levar as pessoas atrás dele. conseguia formar equipas. Era uma pessoa honestíssima porque ele dizia-me que ‘o problema de África não é a falta de recursos, o problema da África é a falta de honestidade, a elite africana não é honesta'. E é a realidade, diga-se de passagem. Nós traímos os nossos ideais. E ele dizia que o processo revolucionário não é uma ambição que ele tinha para a nossa juventude porque o que nós devemos é ser honestos conosco, honestos com o povo”, lembra a historiadora Iva Cabral. A pedra angular do ideário político de Amílcar Cabral era o princípio da “unidade e luta”, acrescenta. Os militantes da Guiné e Cabo Verde deveriam lutar juntos pela independência e contra o inimigo comum: o colonialismo português. Mas havia ecos de queixas de nacionalistas guineenses que se consideravam preteridos em detrimento de elementos da ala cabo-verdiana na ocupação de escalões superiores da estrutura do partido. Algo que viria a ser usado e instrumentalizado por parte da PIDE/DGS que tudo tinha a ganhar com a divisão entre os dois povos. O comandante Osvaldo Lopes da Silva chegou a confrontar Amílcar Cabral sobre a questão da unidade e a alertar para a necessidade de mostrar que os cabo-verdianos não queriam mandar na Guiné e queriam estar a par da evolução das coisas no que toca à luta pela independência também nas ilhas. “Devia-se vincar - até para sossegar os guineenses - que o cabo-verdiano não queria ir mandar na Guiné, que o cabo-verdiano quer mandar em Cabo Verde e o guineense que mande na Guiné. Vincar, chamar a atenção mesmo para o facto da História não nos aproximar. A História podia ser até um factor de maior separação porque a Guiné esteve durante muito tempo subordinada ao governo de Cabo Verde e isso cria movimentos de rejeição da parte da Guiné. E tínhamos que compreender”, explica o antigo comandante de artilharia. No regresso de uma formação de marinha de guerra no Mar Negro, Osvaldo Lopes da Silva e o grupo de cabo-verdianos que dirigia sentiram a hostilidade de elementos guineenses na Marinha, alguns dos quais estariam envolvidos no futuro complô que levaria à morte de Amílcar Cabral. A 23 de Janeiro de 1973, Amílcar Cabral era assassinado. Ana Maria Cabral, a esposa, estava com ele nessa noite. Diz que “não houve nenhuma justiça” e que “toda a verdade ainda não foi dita”. “Não houve nenhuma justiça. Não houve nenhuma justiça. Já se escreveu muita coisa sobre isso, mas toda a verdade ainda não foi dita. Eu pensei que depois da morte do Spínola, a verdade saísse. Falta esclarecer quem foram realmente - além de Spínola - quem foram todos os intelectuais que trabalharam nisso. Uma vez li uma entrevista de Spínola em que ele dizia, mais ou menos isso: ‘Eu não dei a ordem, eu não disse para matar. Eu não dei ordem para matar.' Mas como é que se vai distribuir armas a alguém e se diz para não utilizar as armas?", questiona Ana Maria Cabral, numa conversa em frente à praia, na capital de Cabo Verde. Até que ponto as divergências em relação à unidade não estiveram na origem do assassínio de Amílcar Cabral, a 23 de Janeiro de 1973? O líder do PAIGC foi assassinado em Conacri, em frente à sua residência, por um grupo que pretendia prender e eliminar os dirigentes do partido, pouco mais de dois anos depois da fracassada Operação Mar Verde, em que o exército português invadiu Conacri para tentar acabar com a direcção do PAIGC (22 de Novembro de 1970). Inocêncio Kany foi o homem que disparou a matar contra Amílcar Cabral, mas os mais próximos apontam a responsabilidade do então governador na Guiné, António de Spinola. O único cabo-verdiano presente nos interrogatórios aos assassinos de Amílcar Cabral foi Alcides Évora, conhecido como “Batcha”. Uma vez, na cantina do secretariado, ele conta ter ouvido Amílcar Cabral dizer que “quem o havia de matar eram os próprios camaradas do PAIGC”. Porém, “ele tinha uma confiança ilimitada nos camaradas”, acrescenta. Sobre os interrogatórios, em que serviu de intérprete, ele recorda que “estavam sempre a dizer mal dos cabo-verdianos e achavam que Cabral estava a beneficiar os cabo-verdianos em detrimento dos guineenses”. “Havia um certo ódio contra Cabral”, lamenta o homem que trabalhou bem perto do líder do PAIGC, no secretariado em Conacri, como nos mostra numa das fotografias em exposição na Fundação Amílcar Cabral. A morte de Amílcar Cabral não impediu que se cumprisse o seu objectivo: libertar a Guiné e Cabo Verde das garras do colonialismo. O comandante Pedro Pires, que depois do 25 de Abril de 1974 liderou a delegação cabo-verdiana nas negociações da independência, recorda que “sem o PAIGC ou sem essa aliança entre Guiné e Cabo Verde, a independência de Cabo Verde seria complicada”. “Isso, em certa medida, permitiu as vitórias ou a vitória final, se quiser dizer isso, na Guiné. A introdução dos artilheiros cabo-verdianos que melhoraram a capacidade da artilharia que era a arma que fustigava mais os quartéis e podia destruir os quartéis. Essa chegada e a introdução dos artilheiros cabo-verdianos foi um factor de mudança favorável à melhoria das capacidades das Forças Armadas do PAIGC”, testemunha Pedro Pires, acrescentando que essa aliança Guiné-Cabo Verde também abriu as portas às negociações para a independência depois da queda do Estado Novo em Portugal. Também a historiadora Ângela Benoliel Coutinho, autora de “Os dirigentes do PAIGC: da fundação à rutura: 1956-1980”, considera, em entrevista por telefone, que a “unidade e luta” foi uma “fórmula brilhante” que resultou na libertação e independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, mas também no fim da ditadura em Portugal. “A aposta em unidade e luta da direcção do PAIGC foi uma aposta brilhante que deu excelentes resultados, que permitiu libertar a Guiné-Bissau e Cabo Verde e que deu um forte contributo para libertar os portugueses da ditadura fascista, visto que desde há décadas tinha havido diversas tentativas de golpes de Estado, todas falhadas contra o regime do Estado Novo em Portugal, e esta tentativa foi bem sucedida”, resume a investigadora. Por sua vez, José Vicente Lopes, jornalista e autor do livro pioneiro sobre a história contemporânea do país “Cabo Verde - Os Bastidores da Luta pela Independência”, considera que o principio de “unidade e luta” foi “uma das utopias de Amílcar Cabral”, simultaneamente uma força e o ponto fraco do PAIGC. “Quando Amílcar falava em unidade, ele falava em várias unidades e querer ver uma população tão heterogénea como a guineense ou mesmo como a cabo-verdiana, chega a ser quase uma espécie de utopia ou então uma unidade imposta a martelo que também não funciona. Aliás, a história vem mostrar isso. A tal unidade pretendida pelo Amílcar era ao mesmo tempo força e, ao mesmo tempo, o ponto fraco do PAIGC ou daquele processo. Daí que foi uma das utopias do Amílcar que não se realizou por razões mais diversas, na medida em que a unidade nunca é feita por decreto, nem por força. Então, logo as coisas tiveram o fim que tiveram e, do meu ponto de vista, isto hoje é passado e não sei até que ponto vale a pena gastar mais tinta com isto”, considera José Vicente Lopes, também ao telefone com a RFI, a partir dos Estados Unidos, onde em Maio foi convidado pela diáspora a falar sobre o livro “Cabo Verde - Um corpo que se recusa a morrer”. A independência de Cabo Verde chegaria mais de dois anos depois da autoproclamada pela Guiné-Bissau, com o PAIGC a negociar com Lisboa os termos da independência cabo-verdiana, na sequência da queda da ditadura portuguesa, a 25 de Abril de 1974. Alguns anos depois, o golpe militar de 14 de Novembro de 1980 na Guiné-Bissau desfez o sonho de Amílcar Cabral de uma união política entre a Guiné-Bissau e Cabo Verde e ditou a cisão do PAIGC e a fundação, em Cabo Verde, do PAICV. Meio século depois, o legado de Amílcar Cabral persiste e o homem que é considerado como um dos maiores líderes africanos de sempre, continua a ser símbolo de resistência, unidade, luta e panafricanismo. Pode ouvir aqui as entrevistas integrais a Ana Maria Cabral e Iva Cabral:
Nos 50 anos da independência de Cabo Verde, a RFI publica e difunde várias reportagens sobre este tema. Neste segundo episódio, falámos com antigos combatentes que se prepararam para a luta armada em Cabo Verde através de formações político-militares na Argélia, em Cuba e na antiga União Soviética. Foi planeado um desembarque no arquipélago, mas Cabo Verde acabaria por chegar à independência sem guerrilha no seu território e os cabo-verdianos foram lutar para as frentes de combate na Guiné e também na clandestinidade. Participaram, ainda, em batalhas políticas, de saúde, de formação e de informação. Nesta reportagem, ouvimos Pedro Pires, Silvino da Luz, Osvaldo Lopes da Silva, Maria Ilídia Évora, Amâncio Lopes e Alcides Évora. A 5 de Julho de 1975, depois de cinco séculos de dominação portuguesa, às 12h40, era oficialmente proclamada a independência de Cabo Verde por Abílio Duarte, presidente da Assembleia Nacional Popular, no Estádio Municipal da Várzea, na Praia. A luta tinha começado há muito e acabaria por ser o PAIGC, Partido Africano da Independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, a consolidar os anseios nacionalistas e a conduzir o arquipélago à independência, quase dois anos depois de a Guiné-Bissau se ter autoproclamado independente. O líder da luta e do partido, Amílcar Cabral, nascido em Bissau e filho de cabo-verdianos, não pôde assistir nem a uma nem a outra por ter sido assassinado em Janeiro de 1973. Considerado como o pai das duas independências, Amílcar Cabral defendeu, desde o princípio, o lema da “unidade e luta”: unir esforços para combater o inimigo comum que era o colonialismo português. No programa, ancorado numa concepção pan-africana de unidade política para o continente, estava a luta pela independência da Guiné e de Cabo Verde e a futura união dos dois Estados, separados por mar alto. Mas ao contrário da Guiné, em Cabo Verde a luta nunca chegou a ser armada, ainda que a intenção tenha estado em cima da mesa. Foi em Julho de 1963, na cidade de Dacar, numa reunião de quadros nacionalistas do PAIGC, que Pedro Pires chegou a dizer não ter cabimento “falar em luta de libertação nacional sem falar em luta armada”. O comandante e destacado dirigente político-militar do PAIGC tinha "dado o salto" em 1961 quando integrou o grupo de dezenas de jovens africanos que abandonou, clandestinamente, Portugal, rumo à luta pela independência. Mais de meio século depois, com 91 anos, o comandante da luta de libertação recebe a RFI no Instituto Pedro Pires para a Liderança, na cidade da Praia, e recorda-nos o contexto em que se decidiu que o recurso à luta armada “era obrigatório” e como é que ele esteve ligado à preparação da luta em Cabo Verde. “A questão da luta armada, colocámos a seguinte questão: ‘Será obrigatório?' Chegámos à conclusão que era obrigatório. Tinha que se ir nessa direcção por causa daquilo que já tinha acontecido porque não é uma questão de qualquer coisa por acontecer, mas a violência já tinha acontecido em Angola, no Congo Kinshasa, na Argélia, de modo que estávamos obrigados a pensar nessa via. É assim que nós abraçamos o projecto do PAIGC de prepararmo-nos e organizarmos o recurso à violência armada. As tarefas que me foram conferidas no PAIGC estiveram, até 1968, sempre ligadas a Cabo Verde e à preparação da possibilidade da luta armada em Cabo Verde”, conta Pedro Pires [que se tornaria o primeiro primeiro-ministro de Cabo Verde (1975-1991) e, mais tarde, Presidente do país (2001-2011)]. E era assim que, meses depois do anúncio do início das hostilidades pelo PAIGC contra o exército português no território da Guiné, se desenhava a intenção de desencadear também a luta armada em Cabo Verde. A Pedro Pires foi confiado o recrutamento e a preparação política dos combatentes. A ajudá-lo esteve Silvino da Luz que, meses antes, tinha desertado do exército português e sido preso em Kanu, na Nigéria. Aos 86 anos, Silvino da Luz recebe a RFI em sua casa, na cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente e explica-nos por que é que a acção militar em Cabo Verde era necessária. “A grande decisão tomada em 1963, nessa reunião de Dacar, da qual eu saio como um dos responsáveis militares, era a criação de condições para desencadear a luta armada em Cabo Verde porque estávamos absolutamente seguros que os colonialistas, e Salazar em particular, não aceitariam nunca largar as ilhas que já estavam nos radares da NATO que considerava Cabo Verde e Açores como os dois pontos cruciais para a defesa do Ocidente e no Atlântico Médio eram indispensáveis”, explica Silvino da Luz que foi, depois, comandante das Forças Armadas Revolucionarias do Povo (FARP), ministro da Defesa e Segurança (1975-1980) e dos Negócios Estrangeiros (1980-1991) e depois deputado até 1995. Começou a pensar-se num desembarque de elementos do PAIGC no arquipélago e houve preparação de combatentes na Argélia, em Cuba e na antiga União Soviética. O grupo dos militantes nacionalistas, encabeçado por Pedro Pires, preparou-se na clandestinidade total em Cuba, durante dois anos, e é aqui que nascem as Forças Armadas cabo-verdianas, a 15 de Janeiro de 1967, data em que os cabo-verdianos prestam, perante Amílcar Cabral, o juramento de fidelidade à luta de libertação de Cabo Verde. No grupo de Cuba, havia apenas uma mulher, Maria Ilídia Évora, conhecida como Tutu. Aos 89 anos, recebe a RFI em sua casa, no alto de São Nicolau, no Mindelo. À entrada, destacam-se duas fotografias de Amílcar Cabral, mas há ainda muitas fotografias que ela nos mostra dos tempos da formação político-militar em Cuba. Foi em Dacar, onde estava emigrada, que Tutu conheceu Amílcar Cabral e aderiu logo à luta. “Foi ideia de Cabral. Disse que eu tinha de participar. Em Cuba, os treinos eram de tiro, esforço físico, correr, fazer ginástica, fazer marchas, aprender a lidar com a arma, limpar as armas, e escola também. Tinhamos aulas de matemática e várias aulas porque no grupo havia estudantes que tinham fugido da universidade, eles tinham mais conhecimento do que nós e partilhavam os conhecimentos deles com quem tinha menos”, revela, acrescentando que um camarada lhe disse um dia que “muitas vezes os homens queriam desistir, mas tinham vergonha porque tinham uma mulher no grupo”. Também Alcides Évora, conhecido como “Batcha”, esteve no grupo de Cuba. Entrou na luta pela mão do comandante Pedro Pires, depois de ter estado emigrado em França durante pouco mais de um ano. Viajou para a Argélia e, passados uns meses, seguiu para o treino militar em Cuba. É na Fundação Amílcar Cabral, na Praia, que, aos 84 anos, ele recorda essa missão à RFI. “Nós tivemos uma preparação político-militar intensa. Tivemos aulas militares e também havia aulas de política para complementar o nosso curso. A nossa preparação era para desencadear a luta em Cabo Verde, mas não se efectivou o nosso desembarque porque com a morte do Che Guevara na Bolívia, os americanos passaram a controlar todos os barcos que saíam de Cuba. Então, o Fidel mandou chamar o Amílcar e eles depois chegaram à conclusão que realmente não era aconselhável esse desembarque”, afirma Alcides Évora depois de nos fazer a visita guiada às salas da fundação, onde também se vê uma fotografia dele no escritؚório do PAIGC em Conacri. O desembarque estava a ser preparado no maior dos segredos e estava tudo pronto. Amâncio Lopes, hoje com 86 anos, era também um dos membros do grupo. Tinha sido recrutado junto dos emigrantes cabo-verdianos da região francesa de Moselle, onde se encontrava a trabalhar como operário na siderurgia. Amâncio Lopes começou por receber formação em Argel e depois foi para Cuba. “Era um grupo de 31 que foi maioritariamente recrutado na Europa, em Moselle, no seio da emigração. De lá, recebi preparação militar em Argel, depois fomos reunidos em Cuba porque havia dois grupos. Passados os seis meses de instrução, fomos reunidos todos em Cuba. Foram uns dois anos. Era uma preparação inicial e depois recebíamos ajuda para desembarcar em Cabo Verde. Quando já estávamos preparados para desembarcar em Cabo Verde, Cabral fez uma visita e nessa visita fizemos o juramento em 1967”, recorda Amâncio Lopes, quando recebe a RFI na sua casa, na periferia de Mindelo. Ao fim de quase dois anos de treinos e formação político-militar, o grupo de Cuba encontrava-se pronto para a operação de desembarque. Amílcar Cabral desloca-se a Havana para dar instruções e procede-se ao juramento solene da bandeira, a 15 de Janeiro de 1967, mas a morte de Che Guevara na Bolívia, a 8 de Outubro de 1967, é uma das razões que leva à suspensão da operação. Silvino da Luz recorda que estava tudo a postos. “O assunto foi tratado sempre no máximo sigilo, as informações não escapavam. Tínhamos desaparecido do mundo, as pessoas não sabiam, vivíamos em plena clandestinidade em Cuba, lá pelas montanhas interiores da ilha, em acampamentos com bastante segurança. Recebemos preparação militar bastante avançada. Depois, já tínhamos terminado a preparação, Fidel já se tinha despedido de nós, tinha oferecido uma espingarda a cada um de nós, Amílcar já se tinha despedido, mas houve uma série de desastres que aconteceram, como a queda do Che [Guevara] na Bolívia, uma tentativa de infiltração de revolucionários na Venezuela (…) Nós já estávamos no barco à espera da ordem de partida, mas cai o Che, houve essas infelicidades, o cerco à volta de Cuba aumentou, os americanos quase fecharam a ilha e não havia possibilidade de nenhum barco sair sem ser registado. Naturalmente que, para nós, sair era quase que meter a cabeça na boca do lobo”, relembra Silvino da Luz. Também o comandante Pedro Pires admite que “quando se é jovem se pensa em muitas coisas, algumas impossíveis” e o desembarque era uma delas, pelo que se optou por um “adiamento” e por "criar as condições políticas para continuar a luta". “Quando se é jovem, pensa-se em muitas coisas, algumas possíveis e outras impossíveis. Concebemos um projecto, pusemos em marcha a criação das condições para a concretização do projecto, mas verificou-se que era complicado de mais. Uma das características das lutas de libertação e, sobretudo, das guerrilhas, é a problemática da retaguarda estratégica. Em relação a Cabo Verde, em pleno oceano, não há retaguarda estratégica e você vai desenrascar-se por si. É preciso analisar as condições reais de sustentabilidade dessa ideia, se era possível ou não possível. O nosso apoiante mais entusiasta ficava nas Caraíbas, a milhares de quilómetros de distância, não serve de retaguarda, a não ser na preparação, mas o apoio à acção armada ou possivelmente outro apoio pontual era muito difícil. Por outro lado, o que nos fez reflectir bastante sobre isso foi o fracasso do projecto de Che Guevara para a Bolívia”, explica. Adiado o projecto inicial, os cabo-verdianos continuaram a formação e foram para a União Soviética onde receberam formação de artilharia, algo que viria a ser decisivo para a entrada deles na luta armada na Guiné. Amâncio Lopes também foi, mas admite que sentiu “uma certa tristeza” por não ver concretizado o desembarque em Cabo Verde. “Éramos jovens e todos os jovens ao entrarem numa aventura destas querem ver o programa cumprido. Mas o programa tem de ser cumprido sem risco suicida. Em Cuba fizemos preparação política e de guerrilha mas, depois, na União Soviética, já fizemos preparação semi-militar. (…) Os soviéticos foram taxativos: vocês têm um bom grupo, grande grupo, consciente do que quer, mas metê-los em Cabo Verde é suicidar esse grupo. Então, ali avisaram-nos que já não íamos desembarcar em Cabo Verde. Aí ficámos numa certa tristeza porque em Cuba tínhamos a esperança de desembarcar, na União Soviética durante quase um ano também tínhamos essa esperança, mas depois perdemos a esperança de desembarcar em Cabo Verde”, diz Amâncio Lopes. Entretanto, entre 1971 e 1972, houve também um curso de marinha para uma tripulação de cabo-verdianos que deveria vir a constituir a marinha de guerra do PAIGC. O grupo era chefiado por Osvaldo Lopes da Silva que considera que se o projecto tivesse avançado, teria sido decisivo, mas isso não foi possível devido à animosidade que se sentia da parte de alguns militantes guineenses contra os cabo-verdianos. “Da mesma maneira que os cabo-verdianos entraram para a artilharia e modificaram o quadro da guerra, Cabral pensou: ‘Vamos criar uma unidade com cabo-verdianos, aproveitar os cabo-verdianos que havia, concentrá-los na marinha para ter uma marinha de guerra. Eu estive à frente desse grupo. Esse grupo se tivesse entrado em acção seria para interceptar as ligações entre a metrópole e Cabo Verde e a Guiné e as outras colónias. Seria uma arma letal. Da mesma maneira que a entrada dos mísseis anti-aéreos imobilizou completamente a aviação, a entrada dos cabo-verdianos na marinha com as lanchas torpedeiras teria posto em causa a ligação com a metrópole. Podíamos mesmo entrar em combate em território da Guiné e afundar as unidades que os portugueses tinham que não estavam ao nível do armamento que nós tínhamos”, explica. Então porque não se avançou? A resposta de Osvaldo Lopes da Silva é imediata: “As unidades estavam ali, as lanchas torpedeiras, simplesmente não havia pessoal qualificado. Nós é que devíamos trazer essa qualificação. Quando esse meu grupo regressa em 1972, o ambiente na marinha estava completamente degradado. O PAIGC tinha uma marinha e é nessa marinha que foi organizado todo o complô que veio dar lugar à morte de Cabral.” A análise retrospectiva é feita em sua casa, no bairro do Plateau, na Praia, onde nos mostra, aos 88 anos, muitas das fotografias dos tempos da luta, quando também foi comandante das FARP, e imagens de depois da independência, quando foi ministro da Economia e Finanças (1975-1986) e ministro dos Transportes, Comércio e Turismo (1986-1990). Houve, ainda, outras tentativas de aproximação de guerrilheiros a Cabo Verde. O historiador José Augusto Pereira, no livro “O PAIGC perante o dilema cabo-verdiano [1959-1974]”, recorda que a URSS, em 1970, cedeu ao PAIGC um navio de pesca de longo alcance, o 28 de Setembro, que reunia todo o equipamento necessário ao transporte e desembarque de homens e armamento. A luta armada no arquipélago não estava esquecida e no final de 1972 foram enviados a Cuba dois militantes provenientes de Lisboa que deveriam ser preparados para desencadear, em Cabo Verde, ações de guerrilha urbana. Um deles era Érico Veríssimo Ramos, estudante de arquitectura em Lisboa e militante do PAIGC na clandestinidade, que sai de Portugal em Dezembro de 1972 em direcção a Cuba. “Em Dezembro de 1972, saio de Portugal com um passaporte português, vou para Cuba receber preparação para regressar para a luta. Não estava ainda devidamente estruturada essa participação para depois dessa formação. Fui eu e mais um outro colega e mais um elemento que veio da luta da Guiné-Conacri. Quando Amílcar Cabral foi assassinado, nós estávamos em Cuba e, logo a seguir, tivemos de regressar”, conta. De facto, o assassínio de Amílcar Cabral a 20 de Janeiro de 1973 levou à saída da ilha dos activistas por ordem das autoridades de Havana. Entretanto, combatentes cabo-verdianos tinham integrado as estruturas militares da luta armada na Guiné, mas sem abandonarem a ideia de um lançamento futuro da luta armada em Cabo Verde. Porém, isso acabaria por não acontecer. Apesar de a luta armada não se ter concretizado em Cabo Verde, a luta política na clandestinidade continuou nas ilhas e a PIDE apertou bem o cerco aos militantes. Muitos foram parar ao Tarrafal e a outras prisões do “Império”, onde também houve resistência. Os cabo-verdianos destacaram-se na luta armada na Guiné, mas também noutras frentes de batalha como a propaganda, a educação, a saúde, a diplomacia e muito mais. Sobre alguns desses temas falaremos noutros episódios desta série. Pode também ouvir aqui as entrevistas integrais feitas aos nossos convidados.
Barbara Gawryluk. „Tutu“. Skaito aktorė Kristina Švenčionytė.
Barbara Gawryluk. „Tutu“. Skaito aktorė Kristina Švenčionytė.
Barbara Gawryluk. „Tutu“. Skaito aktorė Kristina Švenčionytė.
NPP should consider Dr. Adutwum as running mate for Dr. Bawumia; he's the best ticket to woo middle-class voters.- Eugene Osei Tutu, the fact checker.
How do you balance fraud protection with customer experience when every security measure potentially adds friction to your users' journey?Join hosts Chuck Moxley and Nick Paladino as they talk with Tutu Adenle, a fraud prevention and customer experience expert who has navigated complex challenges at companies like Twitter, American Express, and Eventbrite. Tutu shares eye-opening insights about the sophisticated ways bad actors exploit marketplaces, from testing stolen credit cards to account takeovers, and explains why customers are now grateful for fraud alerts rather than annoyed by them.Tutu also reveals how she tackled content moderation on a global scale at Twitter, where moderating human behavior required understanding cultural nuances across different countries and regions. She discusses the delicate balance of implementing fraud detection tools that protect customers while maintaining a smooth user experience, and explains why building frictionless experiences requires understanding human behavior and constantly monitoring customer service data to know when you've gone too far.Main Takeaways from this episode:Embrace protective friction — Well-placed fraud prevention measures actually build customer loyalty when customers understand they're being protected, as evidenced by positive reactions to banking fraud alerts.Map friction strategically — Place fraud detection at critical points in the customer journey rather than throughout the entire experience, understanding where security is essential versus where it impedes legitimate users.Monitor customer service data religiously — Contact center volume and categories are your best early warning system for when friction has crossed from protective to frustrating, since customers will always tell you when something isn't working.Want more tips and strategies to create frictionless user experiences? Subscribe to our newsletter!https://www.thefrictionlessexperience.com/frictionless/Download the Black Friday/Cyber Monday eBook: http://bluetriangle.com/ebook- Tutu's LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/tutu-adenle/ Chuck's LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/chuckmoxley/Nick's LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/npaladino/Chapters: (00:00) Introduction(03:00) From Physics to Customer Experience(05:00) Fraud in Digital Marketplaces(09:00) When Friction Builds Loyalty(11:00) How to Recover from Fraud Incidents(14:00) Finding the Right Balance with Multiple Fraud Tools(17:00) Strategic Friction Placement in Customer Journeys(19:00) Content Moderation Across Global Cultures(22:00) Regional Differences in Platform Safety(24:00) Proactive Content Detection(26:00) What Companies Get Wrong About Frictionless Experiences(30:00) Knowing When You've Gone Too Far(34:00) The Complexity of Building Frictionless Experiences(34:25) Conclusion
O Mundo Digital não é um problema em si, entretanto se não soubermos lidar com os desafios impostos por ele, podemos sofrer duras consequências. As instruções de Deus em Sua palavra, são prova do Seu amor por nós. Os limites estabelecidos por Ele para vida de todo filho de Deus, nos ensinam a como utilizar dos benefícios dos avanços da tecnologia sem nos corromper, ou remindo nosso tempo.
Laura is an award-winning Actual Play performer, known for her work with Queen's Court Games on a range of incredible shows, including The All-Night Society and Harlem Hellfighters Never Die. We sat down for some top-tier weird vampirism in a game of Elegy, a solo vampire RPG inspired by Ironsworn.ELEGY: https://miraclem.itch.io/elegyLAURA TUTU: https://lauratutu.com/THE ALL-NIGHT SOCIETY: https://www.queenscourt.games/theallnightsocietyHARLEM HELLFIGHTERS NEVER DIE: https://www.youtube.com/playlist?list=PLhwM3P_fX7HHEBYY8htzEmsRb62rq3EMeALL MY FANTASY CHILDREN: http://www.allmyfantasychildren.com/PARTY OF ONE DISCORD: https://discordapp.com/invite/SxpQKmKSUPPORT JEFF ON PATREON: www.patreon.com/jeffstormerFOLLOW JEFF ON TWITCH: www.twitch.tv/gmjeffstormerTHEME SONG: Mega Ran feat. D&D Sluggers, “Infinite Lives,” RandomBeats LLC, www.megaran.comSupport this podcast at — https://redcircle.com/party-of-one-podcast/donationsAdvertising Inquiries: https://redcircle.com/brands
The Summer movie season is upon us and your entertainment options are flooding in. We start with "From the World of John Wick: Ballerina" in which Ana De Armas plays an assassin trained in the traditions of the Ruska Roma organization who sets out to seek revenge after her father's death. Is it any good? Does Keanu Reeves show up? Bill Bregoli saw it and he'll let you know. Then we've got "The Life of Chuck" which is based on a Stephen King novella and goes backwards in time. Not weird enough for you? How about the stage musical Neil Rosen saw called "Maby Happy Ending." Neil Rosen raves about it. Neil also raves about "The Four Seasons" series on Netflix though Bill McCuddy disagrees. The two of them do rave about the documentary "Ron Delsner Presents." Neil and Bill M talk about the summer movies they're looking forward to this year. Bill Bregoli on the other hand has been out watching them and will fill you in "Karate Kid: Legends" and "The Fountain of Youth." There's more too, so listen in.
In dieser Episode stellt Audiotraveller Henry Barchet die Karibikinsel Curaçao vor, die seit 1634 ein Teil des Königreichs der Niederlande ist. 01:30 Ein Rundgang durch Willemstad 05:47 Die Strände Curaçaos 11:45 Die Sklavenrevolte von Tula 16:10 Hotels mit Geschichte 20:27 Kulinarik – Fisch, Tutu und Blue Curaçao Weitere Informationen unter https://www.curacao.com/de/ Hinweis: Die Episode wurde in Zusammenarbeit mit dem Curaçao Tourist Board produziert.
#TUTU- Featuring Shanese, Whitney, De-Va'Je, CScott
¡Bienvenido, bienvenida a Queridx Yo! El podcast donde hablamos de salud mental sin filtros y sin juicios.En este episodio, nos acompaña Ana Victoria, conocida en redes sociales como Tutu, una mujer que ha encontrado en la música, el diseño y la conexión un espacio de expresión; una mente creativa que transforma tanto espacios como emociones. Hablaremos sobre cómo el arte, la fiesta y el entorno en el que vivimos pueden ser una vía de expresión emocional, equilibrio y bienestar mental sin dejar de ser auténticos. Exploremos cómo enfrentar los retos de la salud mental, la influencia de la música para sanar, la autenticidad y el equilibrio entre adrenalina de las fiestas y nuestro autocuidado.Te invitamos a escuchar su historia, reflexionar con nosotrxs y recordar que todxs estamos en este camino de autoconocimiento y bienestar.Más sobre Tutu.Si algo de lo que hablamos hoy te movió, te hizo pensar o te tocó, quiero recordarte que está bien buscar ayuda. No tienes que hacerlo todo solo, y siempre hay un espacio donde puedes encontrar apoyo.Si te resonó lo que dijimos, no olvides seguirnos para estar al tanto de los próximos episodios en Instagram, Facebook o desde la plataforma de escucha.Website: https://www.queridxyo.com/Instagram: @queridx_yo_ | @_hola_soy_anneFacebook: @queridx_yo_Whatsapp: +52 614 405 0005¡Nos escuchamos en el próximo episodio!#SaludMental #Autoconocimiento #Bienestar #CambioPositivo #Música #Diseño #Autenticidad #Equilibrio #Psicología #QueridxYo
In this Fragrance Friday episode of Skin Anarchy, host Dr. Ekta sits down with Daniela Carrasco, founder of the luxury fragrance house Linen Tutu. With a background in clinical aromatherapy and independent perfumery training, Daniela shares how scent became her way of translating time, emotion, and memory into artistic expression. Each fragrance in her debut collection is inspired by a specific hour and emotional state—blending storytelling with olfactory design.Daniela discusses how Linen Tutu bridges simplicity and softness, science and sentiment. From the energizing Up @ 1 to the reflective Afterthought @ 7, every scent is crafted to evoke a moment in time—anchoring the wearer in presence. Dr. Ekta reflects on her own emotional response to Afterthought, a scent born during the pandemic and designed to embody gratitude, grief, and stillness.The conversation also dives into Daniela's approach to sustainability and creativity through constraint. She explains the challenges and rewards of working with bio-based botanicals and why emotional resonance matters more than trend-chasing. With Linen Tutu, fragrance becomes more than a product—it's a personal ritual, a quiet invitation to slow down and reconnect.For those intrigued by niche fragrance, emotional wellness, or the future of scent design, this episode is an intimate, thoughtful exploration of the power of perfume to shape how we experience time and memory.Listen now to discover the artistry behind Linen Tutu and the scent story you didn't know you needed.CHAPTERS:(0:00) Meeting Daniella Carrasco, Founder of Linen Tutu(1:28) Daniella's Background and Entry into Perfumery (2:04) Aromatherapy and Its Impact on Daniella's Craft (6:09) Fragrance as Both Art and Science (11:16) The Concept Behind Linen Tutu's Name (13:23) The Inspiration Behind Linen Tutu's Fragrances (19:24) Designing with the Human Relationship to Time (25:27) Challenges in Formulating with Botanicals To learn more about Linen Tutu, visit their website and social media.Don't forget to subscribe to Skin Anarchy on Apple Podcasts, Spotify, or your preferred platform. Reach out to us through email with any questions.Sign up for our newsletter!Shop all our episodes and products mentioned through our ShopMy Shelf! Hosted on Acast. See acast.com/privacy for more information.
I'm reading and talking about Ted Gioia's "Immersive Humanities Course," 52 weeks of World Classics.This week's reading was the Egyptian Book of the Dead. Somehow I did not get Ted's recommended translation by Susan Hollis. Instead, I had the gigantic and very, very beautiful reproduction of the complete Papyrus of Ani. This edition had a huge influence on my week "in" Egypt.The Book of the Dead isn't really one book; at the time of its writing (around 1300 BC) it was common to have a papyrus scroll of spells and directions placed in the coffin with the deceased. In this case, the priest Ani had died and this is his scroll. There have been many such scrolls, and pieces of scrolls, found in various tombs across Egypt. Each section of the scroll contains a text that has, for modern purposes, been called a chapter. Many scrolls have many “chapters” in common, but so far no scroll has all of them. On top of that, the chapters can be in any order. The chapters (are they prayers? Spells? Opinions seem split.) are, for the most part, pretty obscure. We spend some time reading excerpts, just to get a sense of them. There really isn't a description of how a person might become “spiritualized” or “pure.” Everything is instruction for the dead in the afterlife.Here are a few more thoughts about this reading. It might seem a little random, but this reading felt a little random, too:Until the Rosetta Stone was found in 1820, the text was completely unknown. The guess was that it was a book of wisdom similar to our Bible. That's actually completely wrong—none of it is oriented toward the living. The text is all about the god Osiris, who was murdered, mourned and buried. Later myths tell of Osiris' resurrection. The vignettes are personalized, in this case for the priest Ani (and his wife Tutu).Burials apparently re-enacted the death of Osiris in ritual form, delivering the deceased to the point of the weighing of the heart. There are prayers to open the deceased's mouth, ears, and eyes in the afterlife, because all of these would be necessary to live there. There is debate whether the myth created the ritual, or did the burial ritual arise first, with the myth developing around it later to explain the actions? It's interesting to me that we can't know based on what the Egyptians left behind.Judgment in the afterlife is the literal weighing of the deceased's heart against a feather! (I would definitely not pass.) The feather is called a ma'at, and is “Truth” or “Rightful Order.” If you are found to have a light heart, you can pass to the good afterlife, the Field of Reeds.The heart is the single most important part of a person, living or dead. It's the engine of the body and the seat of both emotions and intelligence. In the afterlife it was very important not to lose your heart, even though it was now outside of your body thanks to the mummification process.The Egyptians saw death as the confrontation with nonexistence and irrationality. The goal of weight your heart was to travel as an akh, in the sun and in order. The Book of the Dead is a guide to thwart the chaos of the universe, and even the gods had to contend with that disorder.Words, images and reality were a unity in Egyptian thought. The images in the scrolls function as text, and all of it is real. In drawing or writing things, they take on reality. In fact, this was why defacing the name of a king would be regarded as a capital crime; it was no better than assaulting or murdering the king himself.Many gods are represented by animal faces or body parts. Interestingly, this wasn't meant to...
Think you need business experience to start your side hustle? Think again. Liz Birchard, creator of Tutu's Tortilla Chips, grew her brand into 70 stores and over a quarter million in revenue - all while working full-time. In this episode: Liz's biggest challenge starting out Her biggest challenge today (and how she's handling it) What she would do differently if she were starting over Plus: guess what I have in common with ZZ Top's lead singer? Get inspired to start before you feel ready. Fear is normal. Regret is worse. Do you like what you're hearing? Consider giving it a caffeinated thumbs up. We'd really appreciate it! Need a little (and sometimes big) push to start and stay focused to grow your side hustle? Dive into my online Masterclass: How To Turn Your Thoughts Into Wanted Things. For the full show notes head on over to the home of Side Hustle Hero. https://www.sidehustlehero.com/145 Connect with Liz & Tutu's Tortilla Chips: Tutu's Website Instagram Facebook Connect with Joan: Instagram Facebook About Joan Be on the show! Tell us about your side hustle success story!
Neste feriado de Tiradentes, que tal uma comida típica de Minas Gerais? A receita de hoje do nosso chef Flávio Trombino é o tutu à mineira. Bom apetite!See omnystudio.com/listener for privacy information.
On today's show, Matt and James recap the great career of Julio Jones, discuss the news that Sean McVay wants to put more Tutu Atwell in our lives and then they break down the chart of Iowa State's Jaylin Noel. Whether it's the biggest stars in the league or new rookies bursting on the scene, you won't get better wideout information anywhere else. Along the way, they'll break down the biggest stories in the NFL and offer up a few big-picture fantasy football thoughts. Follow the guys on Twitter @JamesDKoh and @MattHarmon_BYB. Follow Reception Perception @RecepPerception. Download and Subscribe to the Reception Perception Show anywhere you get your podcasts. Watch segments of the show on YouTube at Matt Harmon!! To learn more about listener data and our privacy practices visit: https://www.audacyinc.com/privacy-policy Learn more about your ad choices. Visit https://podcastchoices.com/adchoices
Ashley RETURNS after her grad school hiatus with three life-changing announcements:
In this week's story, teller Wyl Villacres explores the dissonance he felt when young love clashed with harsh reality on a teenage trip abroad.
Nouveau mini format pour RMNY ! A chaque lettre, une référence à New York et nous poursuivons avec la lettre T comme Southstreet.Retrouvez tous les liens des réseaux sociaux et des plateformes du podcast ici : https://linktr.ee/racontemoinewyorkHébergé par Ausha. Visitez ausha.co/politique-de-confidentialite pour plus d'informations.
Episode 14: Grammy-Award Winning Multi-Instrumentalist, Producer, Composer, and Music Icon, Marcus Miller►Marcus Miller website: https://www.marcusmiller.com►Key Moments:0:00 - Introductions1:49: John's “Fat Time” car accident story3:21: Producing Miles Davis' Tutu, Siesta, and Amandla and more…19:40: The bass clarinet23:20: Miles Davis mentorship33:55: The recording of Grover Washington Jr.'s “Just the Two of Us”38:30: The recording of Donald Fagen's “The Nightfly”42:10: Luther Vandross48:30: Scoring for films55:55: The acoustic bass56:55: Wynton Kelly57:18: Funk and Fusion, and “you gotta learn jazz”1:01:47: The Jazz Cruises and communicating with audiences. 1:07:42: “What are you excited about now?” ►Follow John Daversa Online:Instagram: https://www.instagram.com/johndaversa/Facebook: https://www.facebook.com/JohnDaversaMusic/YouTube: https://www.youtube.com/johndaversamusicWebsite: http://www.johndaversa.com ►CreditsHost and Producer: John DaversaVideo Capture: Max NierlichAudio Capture: Jake SondermanVideo and Audio Editing: Yang YangGraphic Design: Izzi GuzmanRecorded in Coral Gables, FL, March 4, 2024►Music"The John Daversa Podcast""Moonlight Muse""Junk Wagon"All compositions composed and arranged by John DaversaDaversafications Publications (ASCAP) #marcusmiller #electricbass #filmscore #johndaversa #johndaversapodcast #jazzpodcast #jazzeducator #amandla #thenightfly “justthetwoofus #milesdavisSupport the show►CreditsHost and Producer: John DaversaVideo: Max Nierlich Audio: Dudley MerriamAdditional Audio: Jake SondermanVideo and Audio Editing: Yang YangIzzi Guzman: Graphic DesignRecorded in Miami, FL►Music"The John Daversa Podcast""Moonlight Muse""Junk Wagon" All compositions composed and arranged by John DaversaDaversafications Publications (ASCAP)
What if everything you thought about sisterhood, womanhood, and motherhood was only HALF the story? Dive into this raw, emotional, and unfiltered podcast where real women spill the tea on the joys, struggles, and sacrifices that define their lives. From "mom guilt" to balancing marriage and career, this convo will hit you in the feels and leave you rethinking EVERYTHING! In This Episode:Join Lilian, Lauria, Terez, Tutu, and AK as they unpack the messy, beautiful truths of womanhood. Expect deep personal stories, fiery debates, and life-changing insights you won't find anywhere else. Whether you're a mom, a sister, or just navigating life, this is for YOU! Key Takeaways:Sisterhood isn't just proximity—it's intention. Moms carry an emotional load dads can't fully understand. Balance isn't 50/50—it's about trust and teamwork.What's YOUR take on sisterhood, womanhood, or motherhood? Drop a comment below—we're reading EVERYTHING! #Sisterhood #Womanhood #Motherhood #PodcastVibes #realtalk
In this episode, we're breaking down the Rams' latest moves—starting with Tutu Atwell's new deal. What does it mean for the wide receiver room, and could the Rams still make a blockbuster move for Davante Adams? We dive into the possibilities and what the offense could look like next season. Plus, Jonah Jackson is headed to the Bears, but who really won that trade? And the big rumor—Joey Bosa to the Rams? We're unpacking what that would mean for LA's defense and how it could reshape their pass rush. All that and more in this jam-packed episodes 1:00 Tutu Atwell 8:50 Davante Adams 10:3- Cooper Kupp 14:00 Blake Corum and skill positions of need 17:30 Tyler Dragon's mock draft 19:50 Jonah Jackson 23:30 Joey Bosa 26:20 Matthew Stafford 29:15 Do the Rams draft a QB? 32:30 Sean McVay
In this episode, we're breaking down the Rams' latest moves—starting with Tutu Atwell's new deal. What does it mean for the wide receiver room, and could the Rams still make a blockbuster move for Davante Adams? We dive into the possibilities and what the offense could look like next season. Plus, Jonah Jackson is headed to the Bears, but who really won that trade? And the big rumor—Joey Bosa to the Rams? We're unpacking what that would mean for LA's defense and how it could reshape their pass rush. All that and more in this jam-packed episodes 1:00 Tutu Atwell 8:50 Davante Adams 10:3- Cooper Kupp 14:00 Blake Corum and skill positions of need 17:30 Tyler Dragon's mock draft 19:50 Jonah Jackson 23:30 Joey Bosa 26:20 Matthew Stafford 29:15 Do the Rams draft a QB? 32:30 Sean McVay
This week, John is joined by Darcy Fagerwold & Tim Staump, co-founders of Elev8 Arts Foundation, a non-profit that aims to provide all children with access to classes in the arts. Darcy, the owner of Expressions Dance & Movement Center, and Tim, the owner of Staump School of Music, invite you to join them at their Tutu Fun Run Fundraiser in tandem with the City of Santee's "Discover Your CommUNITY" eventTutu Fun RunMarch 15th at 10am Town Center Community Park East$22/adult and $11/childTo learn more,Tutu Fun Run Sign up!Elev8 Arts WebsiteExpressions Dance & Movement WebsiteStaump School of Music WebsiteTo contact John Olsen,619-855-1151John@TheSanteeGuy.comJohnOlsen.comJohn Olsen RE Facebook Santee Update Facebook
Ever sniffed gasoline and smiled? We're spilling the tea on weird smells we secretly love, PLUS out take on Joy Reid's MSNBC exit and a $2.1 BILLION HBCU crisis you NEED to know about! Hit play NOW—this convo is too wild to miss!Welcome to the Palm Wine Central Podcast! In this episode, your fave hosts dive into a rollercoaster of topics that'll keep you hooked: - Weird Smells We Can't Resist: From petrichor to burning wood , we confess our quirky scent obsessions—do YOU agree? - Black History Month Vibes: Celebrating legends like Claudette Colvin and Dr. Michele Colbert's mRNA game-changer! - Women in STEM Struggles: Terez and Tutu get real about breaking barriers in male-dominated fields—empowerment alert! - Joy Reid's Show Cancellation: What REALLY went down at MSNBC? We unpack the drama with sadness, skepticism, and hope. - HBCU Funding Fiasco: Tennessee State could lose it all by May 2025—$2.1B owed! Why this matters to us ALL. - Sports & Pastors' Tea: Stephen A. Smith's hot takes, pastors' wealth vibes, and a vocab flex with “ephemeral”! This ep is a wild ride of laughs, deep talks, and jaw-dropping revelations. Stick around ‘til the end for a safety reminder that hits home. Drop YOUR fave weird smell in the comments, let's see who's the quirkiest! Subscribe for more unfiltered convos every week! #PalmWineCentral #BlackExcellence #podcastvibes
In this conversation, Cody and Ben discuss various topics ranging from personal experiences with jury duty to travel plans, particularly focusing on Cody's upcoming trip to Japan. They delve into the preparations for the trip, including gear essentials, weather expectations, and the cultural immersion that awaits. The conversation also touches on the relaunch of Cody's newsletter, managing anxiety related to travel, and budgeting for international trips. Additionally, they highlight the importance of rest and recovery in daily life and conclude with a feature on an artist of the week, Caterina Mrenes, showcasing her photography.LINKSYokota ShinjiSho HoshinoMark DavisAlone Atop Mt. Fuji - A Pop-Up NewsletterCaterina MrenesMusic and Landscape Photography by Tim Parkin (Nature Vision Magazine Issue 6)SUPPORT THE SHOWJoin Our PatreonJoin The DiscussionSave 10% on your Nature Photographers Network membership Use offer code CODY10 athttps://fas.st/t/DPn6af1cCONNECT WITH BENWebsite: www.benhorne.com Instagram: @benhorne YouTube: Ben HorneCONNECT WITH CODYWebsite: www.codyschultz.com MUSICThe Introvert by Michael Kobrin (licensed through Pixabay)-- -- -- -- -- -- -- --This post may contain affiliate links. If you use these links to buy something, I may earn a commission. Thanks.
No Homens de Prata desta semana, Cuca conversa com Ricardo Tunchel, também conhecido como Tutu, é mais do que um empreendedor de sucesso. Sua jornada começou nos dias de infância, vendendo pedrinhas e já demonstrando um espírito empreendedor. Hoje, como CEO da PSIM Consultório Financeiro, com mais de 10 anos de experiência em planejamento financeiro, sua influência na economia é inegável.
Why did a white man storm out of a Black History Month sermon? Dive into fiery debates about idolizing celebrities, Africa's youngest coup leader, and why brown eggs might save your breakfast! ✨ AK, Tutu & Terez clash over: • Nigeria's “scandalous” meat practices
As we continue a new series for 2025 on people who lived out their faith, colleagues in ministry Natalie, Sarah, and Steve explore the life and legacy of Archbishop Desmond Tutu. From his life experience during and after the apartheid era in South Africa to his deep faith and accessible but profound theology, there is a great deal that the contemporary American church can learn from Tutu's witness today. In this conversation we'll explore the nature of the Truth and Reconcilation Commission in South Africa, the concept of "ubuntu" in Tutu's theology, and the claim that "God has a dream." We'll also explore Tutu's fruitful partnership and friendship with the Dalai Lama and his witness as a voice for nonviolent response to tyrannical regimes. Lots of good places to learn and be inspired, on this week's Crazy Faith Talk!
Cops find a monkey in a tutu on the side of the road in Missouri; It's another edition of Tan Mom, or Britney! Bradley got Tan Mom's memoir, and it sounds oddly similar to Britney; Boobs on Tubes-what are we watching? What are YOU watching on TV or at the movies? Stormer has our favorite game to end the show: The Five Second Rule! Learn more about your ad choices. Visit podcastchoices.com/adchoices
Cops find a monkey in a tutu on the side of the road in Missouri; It's another edition of Tan Mom, or Britney! Bradley got Tan Mom's memoir, and it sounds oddly similar to Britney; Boobs on Tubes-what are we watching? What are YOU watching on TV or at the movies? Stormer has our favorite game to end the show: The Five Second Rule! Learn more about your ad choices. Visit podcastchoices.com/adchoicesSee Privacy Policy at https://art19.com/privacy and California Privacy Notice at https://art19.com/privacy#do-not-sell-my-info.
Explicit Aloha Podcast Episode 191 “Big Back Big Back” 0:00 New Year's Resolution!!! 1:30 Tutu's 80thbday 2:07 Forgot to talk about the Eddie @landon_mcnamara @davewassel @nathan_florence @billykemper @chaddahcheese @olukai @theeddieaikau 7:54 Sonic vs Mufasa 10:39 New Year's Eve Tragedy In Hawaii 14:12 A Hui Hou 2024 & 41
BMitch put on a tutu after the Commanders 11th of the season
Hour 1: 1. Commanders Clinch A Playoff Spot 2. BMitch Wears The Tutu 3. The Commanders Turned It Around In The 2nd Half
Originally published December 6, 2023.As Shaka Santa and Tutu Mele take their yearly seats in front of Honolulu Hale, sculptor Alex Ching reveals the process of getting the icons ready for the holidays.Send us a textSupport the showWHAT SCHOOL YOU WENT? is available anywhere you get your podcasts.Follow us on: YouTube Instagram TikTok Facebook
Who would have thought a passion for Disney could lead to the bright lights of Wheel of Fortune? Join us as we chat with our dear friend and coach, Tom Stokes, who recently spun the wheel during the magical Disney Week. From the nerve-wracking auditions to the thrilling moment of stepping onto the set, Tom offers a candid glimpse into the game show world. Listen in to hear about the anticipation, the surprises, and that all-important decision between a Lightning McQueen or Spider-Man sweater!Get ready for some behind-the-scenes fun as Tom shares his experience of mingling with Ryan Seacrest and Vanna White and what it truly takes to be a contestant on one of America's favorite game shows. We'll uncover the logistics of getting to Los Angeles, the intricacies of wardrobe selection, and the little-known hurdles that come with the territory. Tom's stories are filled with humor and unexpected twists, perfect for anyone who's ever dreamed of game show glory.As we wrap up this episode, discover the complex world of game show winnings and the lesser-known side of prize redemption and taxes. Tom opens up about the camaraderie with fellow contestants, the allure of viral fame, and those unforgettable moments of shared joy and laughter. Whether you're a game show enthusiast or just in it for the stories, this episode promises to bring nostalgia, excitement, and a touch of Disney magic.The Muscle Mouse Tom's Instagram The Tutu Guys Tom and Adam's InstagramStoked Metabolic Coaching Toms Coaching Site Rise and Run LinksRise and Run Podcast Facebook PageRise and Run Podcast InstagramRise and Run Podcast Website and ShopRise and Run PatreonPassport to RunRunningwithalysha Alysha's Run Coaching (Mention Rise And Run and get $10 off)Rise and Run Podcast Cruise Interest Form with Magic Bound Travel Send us a textSupport the showRise and Run Podcast is supported by our audience. When you make a purchase through one of our affiliate links, we may earn a commission. As an Amazon Associate we earn from qualifying purchases.Sponsor LinksMagic Bound Travel Stoked Metabolic CoachingRise and Run Podcast Cruise Interest Form with Magic Bound Travel Affiliate LinksRise and Run Amazon Affiliate Web Page Kawaiian Pizza ApparelGoGuarded
This week we talk about terrible politics, bad weather and Spotify Wrapped! Join us for book club; this month we're reading You're A Mean One, Matthew Prince by Timothy Janovsky. Find it on our book shop at https://bookshop.org/shop/wearedoingfine Send in your thoughts, questions and recommendations to wearedoingfine@gmail.com. TikTok: @wearedoingfine Instagram: @wearedoingfine
We grow up with an idealistic , romanticized view of ballerinas, but Lo is taking you backstage with Lucy Ashe to spill some tea. Lucy Ashe trained at The Royal Ballet School for 8 years. She has a diploma in Dance Teaching with the British Ballet Organization. She is a former professional dancer and best selling author who has taken the literary world by storm with her unsettling thriller Clara $ Olivia: The Dance Of The Dolls, a clever glimpse into the world of ballet. Her newest novel "The Sleeping Beauties" was just released. Lo speaks to her about the creative process, writer's block and the up's and down's of industry rejection turning into success. She speaks candidly with Lo about the difficulties she experienced with her mental health and body image living life as a dancer. She is insightful, vulnerable, honest and remains grounded which makes for a great convo that will take you into a world Lo is so curious about. From tutu's to Dance Mom's and The Nutcracker...you won't be disappointed with this one boo! Stay Connected to The Lo Life! Facebook: Join the Coven: The Lo Life FB Group Instagram: @thelolifepodcast Your host: @stylelvr TikTok: @thelolifepodcast This Week's Guest: Lucy Ashe We have deals and steals for our kings and kweens- All thanks to our sponsors Lumen: If you want to stay on track with your health this holiday season, go to lumen.me/LoLIfe to get 15% off your Lumen. Manscaped: Get a smooth shave and a fresh line up with the chairman pro today. Get 20% and free shipping with code LoLifePlease rate, follow and leave a review to keep this hot mess express going strong. Uncommon Goods: Looking for nique, cute and CHIC holiday gifts? Go to Uncommon Goods. Lo is obsessed. Get 15% off your next gift using code LoLife at checkout Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices
Send us a textIn this conversation, Chelsey Holm emphasizes the importance of rejecting the need for permission in various aspects of life. She discusses how seeking validation from others can silence one's true voice and hinder authentic self-expression. By embracing one's identity and purpose, individuals can live abundantly and impact others positively. The conversation explores themes of self-doubt, the power of presence in worship, and the necessity of inner work to achieve lasting fulfillment and eternal impact.Claim your 1:1 Voxer Coaching Breakthrough Seat here! https://buy.stripe.com/00g4glgDj25egBq6pc My Signature Course: Speed + Stability playbook https://chelsey.coach/ssp Support the showChelsey Holm | Embodiment Coach for High Achieving Women "I help you go from suppression to expression, from overwhelm to ease, and from burnout to a deeper sense of yourself so you work from overflow, abundance, and clarity that feels good."1:1 Voxer Intensive Coaching Seats OPEN NOW!3 months, private voxer coaching, 3 Zoom sessions included, plus voicescan and strengths assessmentSave 10% pay in fullPayment Plan2x certified Coach (John Maxwell Leadership, Kristen Boss SSLS)10+ years experienceNASM-certified in Personal Training and Nutrition100's of clients with REAL natural solutions for their health (especially energy, sleep, digestion, skin/hair/nails, focus, and more!)Mom of 5, Army wifeAccess more from Chelsey- https://chelsey.coach/hello Ready Set Wellness: https://us.shaklee.com/site/chelseynoel/Nutrition/Ready-Set-Wellness/Ready-Set-Wellness-Bundle/p/89599
Season 4 is a rap, but we have a couple of bonus shows and holiday ones we will release, including this one! When a game goes wrong, what happens? Something not good that's what! ** Music by AlesiaDavina from Pixabay
In this episode of the Remote CEO Show, I had the pleasure to interview, Milton Tutu. Milton is an accomplished marketing professional with over a decade years of experience in African fintech and e-commerce startups. As the CMO of Selar, he has driven the company's growth, reaching over 1,000,000 users across 15 African countries, grossing over $142K in subscription revenue, and facilitating over $3M in payments to creators. Milton has worked with various organizations and has been a keynote speaker at national and international platforms. He is a successful author and brand ambassador for Youthspark Pan African. With his expertise as a certified NLP Practitioner and Results & Peak Performance Consultant, Milton excels in leading teams to achieve exceptional results in the corporate world.
Apresentação:Rafa Costa: instagram.com/rafacostaeditorMarcelo Porto: instagram.com/porto.softConvidadas:Tutu Mesquita: instagram.com/mlmesquitaDeinha Lopes: instagram.com/deinhaPriscilla Paduano:instagram.com/pripaduanoArtes:Daniel Brito: instagram.com/dbritoVideografismos:Rodrigo Rocha: instagram.com/editorfcxbrSala VIPhttps://apoia.se/saladeedicaoSeja você também um apoiador do Sala VIP, ganhe benefícios exclusivos e faça parte do nosso grupo do Telegram!Canal do Telegramhttps://t.me/saladeedicaoSiga o canal do Sala de Edição e fique por dentro das promoções, descontos dos patrocinadores, pesquisas e novidades sobre o podcast.Canais:www.saladeedicao.com.brinstagram.com/saladeedicaoyoutube.com/@saladeedicaoTelegram: t.me/saladeedicao
Next episode is the 200th, therefore this is the 199th. I raid the 66 pages of ideas for episodes I have been keeping for nearly a decade, and present to you 199 that I have not yet made into podcasts (except for this one). Find the episode's transcript, plus more information about the topics therein, at theallusionist.org/199ideas. NEWSLUSIONIST: The new Allusionist live show Souvenirs is on tour in the UK right now! Rush to theallusionist.org/events for tickets and dates. And if you fancy concocting a quiz question for the imminent 200th episode, go to theallusionist.org/quiz to submit it; your deadline is 6 September 2024. To help fund this independent podcast, take yourself to theallusionist.org/donate and become a member of the Allusioverse. You get regular livestreams with me and my collection of reference books, inside scoops into the making of this show, watchalong parties eg the new season of Taskmaster featuring my brother Andy, and the company of your fellow Allusionauts in our delightful Discord community. This episode was produced by me, Helen Zaltzman, with music and editorial assistance from Martin Austwick of palebirdmusic.com. Find @allusionistshow on Instagram, Facebook, Threads, Bluesky, TikTok, YouTube etc. Our ad partner is Multitude. If you want me to talk about your product or thing on the show, sponsor an episode: contact Multitude at multitude.productions/ads. This episode is sponsored by: • Home Chef, meal kits that fit your needs. For a limited time, Home Chef is offering Allusionist listeners eighteen free meals, plus free shipping on your first box, and free dessert for life, at HomeChef.com/allusionist.• Squarespace, your one-stop shop for building and running your online empire/new home for your cryptic puzzle that takes months to solve. Go to squarespace.com/allusionist for a free 2-week trial, and get 10 percent off your first purchase of a website or domain with the code allusionist. • Bombas, whose mission is to make the comfiest clothing essentials, and match every item sold with an equal item donated. Go to bombas.com/allusionist to get 20% off your first purchase. • LinkedIn Ads convert your B2B audience into high quality leads. Get $100 credit on your next campaign at linkedin.com/allusionist.Support the show: http://patreon.com/allusionistSee omnystudio.com/listener for privacy information.
Ever wondered what it takes to balance strength training and running while preparing for a Run Disney event? Join us in this exciting episode of the Rise and Run podcast as we catch up with Coach Tom Stokes, who shares his expertise on the Stoke Summer Challenge, metabolic training, and essential tips for runners. From Chrissy's heartwarming call about making friendship bracelets for the 101 Dalmatians meetup to Tracy's impressive run in Narragansett, Rhode Island, this episode is packed with inspiring stories that celebrate the running community's spirit and achievements.Take a nostalgic trip with us as we reveal our guilty pleasure songs and media. John takes us back to the 80s with old hip-hop and freestyle tracks, while Greg surprises us with his love for NSYNC's remix of "Girlfriend" featuring Nelly. We also share a laugh over 80s hits like "Wake Me Up Before You Go-Go" and "Take On Me," and end on a festive note with Wham!'s "Last Christmas." Who knew our musical tastes could be so varied and entertaining?Our conversation shifts to the logistics and excitement of Princess Registration Day, where we discuss individual race plans and the popularity of the I-4 Challenge. Coach Tom returns to share his journey from a fun-loving "Tutu guy" to a beloved community coach, highlighting the success of the eight-week transformation challenge. We also explore the benefits of strength training for runners, balancing training routines, and how to integrate metabolic training and nutrition for optimal performance. Whether you're a seasoned runner or just starting out, this episode offers valuable insights and a celebration of the camaraderie within the running community.The Muscle Mouse Tom's Instagram The Tutu Guys Tom and Adam's InstagramStoked Metabolic Coaching Toms Coaching SiteTeam #runDIsney Race Availability Alerts #Run Dopey's PlaylistRise and Run LinksRise and Run Podcast Facebook PageRise and Run Podcast InstagramRise and Run Podcast Website and ShopRise and Run PatreonPassport to RunRunningwithalysha Alysha's Run Coaching (Mention Rise And Run and get $10 off)Rise aSend us a Text Message.Support the Show.Rise and Run Podcast is supported by our audience. When you make a purchase through one of our affiliate links, we may earn a commission. As an Amazon Associate we earn from qualifying purchases.Sponsor LinksMagic Bound Travel Stoked Metabolic CoachingRise and Run Podcast Cruise Interest Form with Magic Bound Travel Affiliate LinksRise and Run Amazon Affiliate Web Page Kawaiian Pizza ApparelGoGuarded