Overseas Department of the French Republic) in France
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Hoy domingo 23 de marzo que mejor que sintonizar Rpa y escuchar Un buen día para viajar que permite viajar por todo el mundo con los mejores sabios y temas y de forma gratuita…así entre otros y que nunca falla a su cita mañanera con nosotros estará Alberto Campa con sus recorridos por el mundo, en esta ocasión nos lleva a una isla en el Caribe pero donde el francés es lengua oficial, la paradisiaca y hermosa isla de Martinica y sus maravillas…en nuestros habituales viajes por toda España nos acercamos a la provincia de Soria para conocer la esplendorosa Agreda, mucho arte e historia entre sus calles, plazas y edificios y la gran figura de la Dama Azul, la mítica y mística María de Jesús de Ágreda, todo nos lo contará la técnico de turismo Débora Soriano…que pedazo de viajeros en la sección de Grandes Personajes de la Historia, con unas vidas auténticamente increíbles y donde la palabra aventura se queda pequeña, Elcano, Urdaneta, Loaysa entre otros en una vuelta al mundo maldita por las dificultades que se encontraron en la búsqueda de las islas de las Especias y el regreso a España, nos lo narra con detalle el gran investigador y divulgador Tomas Mazon…y nuestro viaje finaliza en tierras leonesas, para ser preciso en Sabero, donde el historiador y especialista en archivística Héctor González Moro nos contará todo lo sucedido y acaecido entre el 6 y el 11 de octubre de 1934 en esa zona minera leonesa ya que la revolución no solo fue en tierra asturiana…dos grandes horas de viaje y radio en Rpa!!!
Durante a segunda metade do século XX, Paris serviu primeiro de escola de arte e depois como cidade agregadora do pensamento africano, com os maiores vultos culturais senegaleses, americanos, cubanos ou angolanos a passarem pela Cidade da Luz. A exposição "Paris Noir", no Centro Pompidou, conta este período e quer projectar estes artistas pioneiros no futuro. No pós-Segunda Guerra Mundial, numa altura os movimentos das independências estavam em pleno andamento em África, muitos pintores, escultores, mas também filósofos, escritores, poetas e pedagogos africanos ou vindos das Américas instalam-se a Paris, participando nas grandes correntes artísticas como o surrealismo ou o abstracionismo a partir dos anos 40. No entanto, esta passagem não tinha qualquer reflexo nas retrospectivas organizadas até hoje no Centro Pompidou, um museu parisiense dedicado à arte contemporânea.Esta reflexão, levou os curadores do museu a idealizarem a exposição "Paris Noir", aproveitando a ocasião para mostrar 40 obras adquiridas nos últimos anos pelo fundo dedicado ao continente africano no seio desta instituição francesa. Em entrevista à RFI, Eva Barois de Caevel, comissária associada desta exposição, explicou que a palavra noir, ou preto, vai muito para além da definição de uma raça ou de uma geografia, mas que a exposição agrega diferentes artistas que devido às suas origens foram vítimas de racismo ou subvalorizados no mundo da arte."Nesta exposição temos também, por exemplos afro-colombianos e afro-brasileiros, assim como cubanos ou dominicanos. É muito importante porque esta não é uma exposição sobre geografia ou raça. É uma exposição que trata de uma experiência comum compartilhada e estes artistas fazem parte da História. Para encontrarmos estes artistas, muitas vezes é levada a cabo uma investigação aprofundada sobre cada um e, a partir de um, descobrimos um outro e um militante pela resistência, muitas vezes leva-nos a outro militante. E descobrir estes artistas e fazê-los descobrir ao público foi o nosso mote e posso mesmo dizer que descobrimos muitos mais, mas não conseguimos mostrar todos. Às vezes o público até pode achar estranho já que a nível geográfica não ficamos só em África, mas não tem só a ver com ser negro e africano. Por exemplo, estamos a expor aqui um artista indiano, Krishna Reddy, que viveu em Paris vários anos e estava na cidade durante o Maio de 68 e foi vítima de racismo porque era constantemente confundido com um argelino. E as suas obras reflectem isso. E, assim, claro que nesta exposição não nos cingimos só a artistas de países francófonos, mas temos também lusófonos e artista vindos de outras regiões", explicouA história desta exposição começa a ser contada em 1947 quando é fundada a editora Presença Africana, pelo senegalês Alioune Diop, com a consciência negra a sedimentar-se à volta de pensadores como Leópold Sédar Senghor com a participação de Aimé Césaire, político, poeta e escritor da Martinica, e da sua mulher, Suzanne, a participarem na revista Tropiques. Juntam-se a esta efervescência artistas afro-americanos como o escritor James Baldwin ou o pintor Beauford Delaney.É neste clima que se realiza o primeiro congresso de artistas e escritores negros na Sorbonne em 1956. Ao mesmo tempo, Sarah Maldoror, uma jovem francesa com origens na Guadalupe, cria em Paris a primeira companhia de teatro para negros depois de constatar, ainda como actriz, que só lhe davam papéis de empregada de quarto tanto no teatro como no cinema. Foi exactamente no círculo da editora Presença Africana que Sarah Maldoror conheceu Mario de Andrade, escritor e fundador do Movimento Popular de Libertação de Angola, que viria a ser seu marido.Este encontro levou-a a interessar-se pelos diferentes movimentos de libertação nos países lusófonos em África, com Maldoror a realizar algumas das obras cinematográficas mais emblemáticas destes movimentos como Armas para Banta, rodado em 1970 na Guiné-Bissau, ou SAMBIZANGA, rodado em Angola em 1973."A escolha de Sarah Maldoror era óbvia para nós desde o início para figurar nesta exposição. Por um lado, porque Maldoror é uma artista fascinante, mas também por causa de um aspecto realmente importante que é o facto de a história de muitos dos artistas nesta exposição nunca ter sido registada ou cuidada pelas instituições francesas. Foi sim, cuidada pelos próprios artistas ou por pensadores contemporâneos. Sarah Maldoror é uma figura extremamente importante nesse aspecto. Trabalhámos com a sua filha, Anouchka de Andrade e foi a Anouchka quem nos emprestou algumas das obras da exposição. Teremos uma mostra de cinema com os filmes de Sarah Maldoror em Abril e ao longo da exposição vamos mostrando aqui trechos dos seus filmes . Ela tem não só esta faceta de coleccionadora, mas de documentarista e queremos homenageá-la. Conseguimos restaurar os seus filmes e estamos muito interessados em continuar a estudar os seus interesses e como eles entraram no seu cinema. E, claro, o seu compromisso militante , que acho que também será celebrado durante a retrospectiva, com muitos testemunhos, muitos convidados, entre eles artistas. Será um grande evento dentro desta exposição", disse Eva Barois de Caevel.Entre algumas das obras dos fundos de Sarah Maldoror apresentadas nesta exposição, estão dois quadros do pintor angolano Vítor Manuel Teixeira, conhecido como Viteix, que se instalou em Paris em 1973. Viteix vai voltar a Angola em 1976 tentando através da sua arte criar uma união nacional e concluindo alguns anos mais tarde uma tese de doutoramento na Sorbonne sobre este tema.A exposição estende-se até aos anos 2000, com muitos artistas e combates a passarem por Paris como testemunham as obras de Victor Anicet, Basquiat ou o dominicano José Castillo. Mas esta é, sobretudo, uma exposição virada para o futuro, sendo a última a ser apresentada neste museu parisiense antes de grandes obras de reabilitação que deverão durar até 2030. Nesse momento, o desejo de Eva Barois de Caevel é que o Centro Pompidou reabra as suas portas com uma nova visão da cultura e intervenção social."Esta é realmente uma exposição que para nós é um ponto de partida, como uma grande cartografia que serve de primeiro marco e que a partir de 2030 se vai desdobrar em propostas temáticas para o museu. Há muitos assuntos que podemos retirar daqui desde o militantismo, à questão da Argélia ou à questão da tricontinentalidade, todos esses são assuntos que precisam ser abordados em sua totalidade", concluiu a comissária associada.
Aos 24 anos, a cantora francesa Maureen é uma das líderes do shatta, uma versão do dancehall jamaicano produzido na Martinica. Com estilo provocador e a língua afiada, a jovem conquista o público e acaba de lançar seu novo single, “Lass Palé”. Nascida em Fort de France, capital da ilha da Martinica, desde muito jovem Maureen já mirava longe. No início de sua carreira, a cantora chegou a cogitar a possibilidade de se mudar para a Jamaica, tamanha sua paixão pelo dancehall. No entanto, guiada por talentos como as estrelas Rihanna e Shenseea, ela multiplicou as parcerias e sua carreira deslanchou.Em seu novo single, “Lass Palé” - uma gíria que na Martinica significa "pare de falar" - a bad queen aposta em um visual sensual e descomplexado e em uma linguagem provocativa, utilizando códigos já célebres das artistas mulheres do hip hop americano. Para as mulheres que se destacam nesse estilo musical, essa também é uma forma de se impor e de reivindicar sua liberdade de expressão.Ouça o Balada Musical todos os sábados nos programas da RFI e também no Spotify e no Deezer. As playlists mensais da Programação Musical da RFI também podem ser acessadas no YouTube, Deezer e Spotify.
Fluent Fiction - Serbian: Unraveling Kopaonik: A Winter's Tale of Light & Mystery Find the full episode transcript, vocabulary words, and more:fluentfiction.com/sr/episode/2025-02-25-23-34-02-sr Story Transcript:Sr: Копаоник је требао бити тих тог зимског поподнева.En: Kopaonik was supposed to be quiet that winter afternoon.Sr: Пахуље су нежно прекривале земљу, а хладни ваздух је испуњавао околину.En: The snowflakes gently covered the ground, and the cold air filled the surroundings.Sr: У даљини, снег је шуштио под ногама радозналој планинарки Милици, која је одлучила да истражи стари део националног парка.En: In the distance, the snow crunched under the feet of a curious hiker, Milica, who had decided to explore the old part of the national park.Sr: Милица је била пуна узбуђења, док јој је блиставо светло у даљини привукло пажњу.En: Milica was full of excitement when a bright light in the distance caught her attention.Sr: То светло се појавило у деловима парка који обично нису били насељени.En: That light appeared in parts of the park that were usually uninhabited.Sr: "Мора да је нешто занимљиво," помислила је, али није знала да је локални чувар парка, Никола, такође запазио ту појаву.En: "It must be something interesting," she thought, but she didn't know that the local park ranger, Nikola, had also noticed the phenomenon.Sr: Никола је био отпоран на мистерије.En: Nikola was resistant to mysteries.Sr: Његов је посао био да чува парк и брине о безбедности.En: His job was to guard the park and ensure safety.Sr: Мислио је на дивље животиње и могуће уљезе.En: He thought about the wild animals and potential intruders.Sr: "Морам да будем опрезан," рекао је себи, док је гледао како Милица храбро корача ка непознатом.En: "I must be cautious," he said to himself, watching Milica bravely step towards the unknown.Sr: Било је време празника Мартиница.En: It was the time of the holiday Martinica.Sr: Милица је мислила да ће мање људи бити у парку, па је одлучила да истражи сама.En: Milica thought there would be fewer people in the park, so she decided to explore on her own.Sr: Николу је било важно да све буде под контролом, па је одлучио да је прати иза, спреман да реагује ако треба.En: It was important to Nikola that everything was under control, so he decided to follow her from behind, ready to react if needed.Sr: Док су се приближавали извору светла, наишли су на стару, напуштену колибу.En: As they approached the source of the light, they stumbled upon an old, abandoned cabin.Sr: Светло је треперило мистериозно, али када су ушли, открили су да то није ништа друго до стари огледало које хвата месечеву светлост.En: The light flickered mysteriously, but when they entered, they discovered that it was nothing but an old mirror catching the moonlight.Sr: "Није било разлога за бригу," рекао је Никола са осмехом, али унутра су наишли на стари дневник.En: "There was no reason to worry," said Nikola with a smile, but inside, they found an old journal.Sr: Странице су биле исписане неким заборављеним причама о парку.En: The pages were filled with some forgotten stories about the park.Sr: Милица је сатима била обузета читањем.En: Milica was engrossed in reading for hours.Sr: Када је пала ноћ, њих двоје су се вратили безбедно.En: When night fell, the two of them returned safely.Sr: Милица је тада схватила да опрезан приступ може открити нове тајне.En: Milica then realized that a cautious approach could reveal new secrets.Sr: И Никола је научио да је понекада добро дати прилику и неочекиваним, чудесним открићима.En: And Nikola learned that sometimes it's good to give a chance to unexpected, wondrous discoveries.Sr: Снег је и даље тихо падао, а Копаоник је наставио да чува своје тајне, сада додатно богатији за једну испричану причу.En: The snow continued to fall quietly, and Kopaonik continued to keep its secrets, now further enriched by one more told story. Vocabulary Words:crunched: шуштиоcurious: радозналојhiker: планинаркиinhabited: насељениproximity: околинаphenomenon: појаваresistant: отпоранintruders: уљезеcautious: опрезанapproached: приближавалиstumbled: наишлиabandoned: напуштенуflickered: треперилоengrossed: обузетаdiscovery: открићаreveal: откритиwondrous: чудеснимsecrets: тајнеsurroundings: околинаbright: блиставоensure: бринеsafety: безбедностиunexpected: неочекиванимmirror: огледалоmoonlight: месечеву светлостjournal: дневникforgotten: заборављенимstories: причамаenriched: богатијиmentioned: запазио
Baseada em Lyon, no centro-leste da França, Dowdelin é uma verdadeira colcha de retalhos, com um pé na ilha da Martinica, no Caribe. A banda vem ganhando espaço na cena cultural francesa ao propor uma mistura de soul e jazz à música urbana e eletrônica, ao som de letras engajadas e cantadas em crioulo. Transbordando originalidade, o universo de Dowdelin se destaca tanto pela concepção musical quanto pelo ritmo e a melodia. A lasciva voz da cantora martiniquesa Olyvia, sincronizada à percussão de Raphaël Philliber e às influências armênias do produtor David Kiledjian, fazem um convite a uma nova e empoderada dimensão sonora. O terceiro álbum da banda, "Tchenbé!", acaba de sair do forno, com oito dançantes mas introspectivas faixas. Por trás da batida enérgica, as músicas abordam temáticas como depressão, caprichos da vida, mas também resiliência: um eco dos tempos difíceis que a cantora Olyvia viveu e superou durante a gravação do disco. Para sua playlist mensal, a Programação Musical da RFI escolheu a faixa “I Ka Woulé”, em destaque nesta edição do Balada Musical. Aumente o som!Ouça o Balada Musical todos os sábados nos programas da RFI e também no Spotify e no Deezer. As playlists mensais da Programação Musical da RFI podem ser acessadas no YouTube, Deezer e Spotify.
O músico, autor, compositor e antigo Ministro da cultura de Cabo Verde, Mário Lúcio deslocou-se esta semana aos estúdios da RFI antes de participar no festival musical "Au fil des voix", na sala de concerto 360 aqui em Paris, onde vai tocar e cantar neste sábado 1 de Fevereiro a partir das 20H00. Por ocasião deste certame que homenageia este ano alguns países de África Lusófona pelos 50 anos das suas respectivas independências, Mário Lúcio representa Cabo Verde, com o seu novo álbum lançado oficialmente neste 31 de Janeiro.Este novo trabalho que é o seu sétimo álbum em nome próprio, intitula-se "Independance", com "A" para evocar a palavra "dança". Nele, o músico recorda e retoma alguns dos êxitos do pós-independência. Com 10 anos de idade na altura em que o seu país conquistou a liberdade, Mário Lúcio lembra-se nomeadamente do fervilhar musical daquela época e diz que a sua vida mudou completamente com a independência.RFI: Quais são as sonoridades deste novo álbum?Mário Lúcio: Quando nós falamos de independência ou de qualquer acontecimento, nós temos a parte analítica e depois temos uma memória escondida. E é engraçado que isto só me aconteceu há pouco tempo. Qual é a minha memória da independência? Eu tinha dez anos. Para além de analisar, é bom lembrar-me das festas. Mas qual é a memória? É a música. Portanto, há pessoas que têm memória de lugares através dos cheiros e a música, porque em 1975 chegaram a Cabo Verde músicas desconhecidas para nós. Nós somos um arquipélago de uma música muito particular no contexto africano e mundial. Uma mistura de música, de reminiscências de música africana com música europeia. E de repente, chega-nos a música do continente africano. Até lá, eu ia sempre a uma mercearia muito pequenita, lá no Tarrafal. O senhor tinha um gira-discos. O que é que nós ouvíamos? Era Roberto Carlos, Luiz Gonzaga e também ouvíamos muita música norte-americana, James Brown, Otis Redding, Percy Sledge. Era o que nós ouvíamos. É como se nos negassem o acesso à música do continente. África estava efervescente havia algumas décadas. Vários países foram independentes nos anos 60 e digamos que esconder isso evitava o contágio. Mas, de repente, chega a música da Guiné-Bissau -que nós não conhecíamos- na mesma língua. A música da Guiné-Conacri, aquelas guitarras, a música de Angola e a música do Congo, mais a música do Senegal, Gana, Camarões e Nigéria, mas também a música das Antilhas, Martinica, Guadalupe, Haiti. Então, é como se nós tivéssemos também achado a nossa própria identidade. E por casualidade, nós começamos a tocar essas músicas, aprender no violão os primeiros acordes que eu aprendi de uma música de um cantor chamado Prince Nico Mbarga. E a música chamava-se "Aki". Eram dois acordes. E depois fui tocar no grupo Abel Djassi, na cidade da Praia, quando fui lá estudar. E já tocávamos nos bailes nocturnos. Os bailes duravam das 20h00 às 05h00. Tínhamos repertório com 100 músicas. Fazíamos quatro intervalos e basicamente eram essas músicas. Então, depois que eu tomei a minha profissão do músico, depois de exercer outras profissões, sempre com a música, tinha o sonho de um dia recuperar essas memórias. Eu não sabia como é que haviam de vir e eu lembrei-me que era o som ligado à dança. Essas músicas chegaram com as danças. Eu lembrava no Tarrafal, as casas, umas casas muito velhas, cheias de gente, rapazes e meninas, cada um no seu canto, a dançar essas músicas, a tentar descobrir uma forma de dançar. As nossas danças são sempre muito coladas, o homem e a mulher. E esses ritmos não exigiam muito malabarismo. Então, a palavra "independance" reflecte a minha memória da independência. São músicas ligadas à dança. E esse disco é um disco para dançar. Felizmente, toquei muitos anos em baile. É uma coisa que eu gosto de fazer, então é um testemunho, digamos assim, uma homenagem a essa época.RFI: Como é que foi todo esse trabalho de recolher as músicas do seu baú pessoal e reformulá-las?Mário Lúcio: As coisas têm os seus mistérios, não é? Normalmente, todos os meus discos, eu vou ao baú e lá selecciono às vezes 60, 80 músicas. Depois passa para 40, 20. Levo para o estúdio 20 músicas. E de repente gravo 12. Ou saem as 12, ou saem oito ou dez. Este processo não. Eu compus todas as músicas de uma assentada. Passei duas noites, compus todas as músicas, excepto a música "Independance", que eu compus no estúdio. Mas, como havia ali alguma coisa para dizer, há muito tempo que nós estávamos à espera que venha esse tipo de música, esse tipo de ritmo. Então, foi muito rápido. E eu sabia o que que as músicas estavam a dizer. E vieram já com o seu ritmo, seu balanço. As letras todas desceram rapidamente e a única música que eu gravei é um tema que eu fiz que se chama "Minha Bio", que é exactamente a minha biografia, que é uma música muito icónica na minha vida. Eu nunca tinha feito uma música sobre mim ou para mim. Esta sim conta a história do meu nascimento e também é uma música acústica. É mesmo uma pausa dentro do disco.RFI: é também uma espécie de balanço pessoal de uma longa carreira que começou quase praticamente depois da independência.Mário Lúcio: Obrigado por essa pergunta, porque eu não tinha sentido isso ainda. E é verdade. Acho que sim. A minha vida está muito ligada à independência, isto é, até os nove anos de idade não se sabia na minha aldeia, o que era um menino precoce. Então eu sofri muita protecção, sobretudo das mulheres mais velhas. A minha avó e a minha tia-avó. A minha mãe não ligava muito. Ela estava sempre a parir. Então a minha avó tomava conta. E aos dez anos, de repente, eu encontrei um poema no bolso das calças do meu irmão, um poema sobre Amílcar Cabral. Isto mudou a minha vida. E isso me levou à música, porque detectaram-me na rua a recitar poemas. Tinha uma memória fabulosa. E o Estado adoptou-me: "temos que lhe dar uma educação especial, porque isso ainda vai ser gente, não é?" Ainda há poucos dias encontrei o antigo Primeiro-Ministro Pedro Pires e ele ria muito. Ele foi lá à minha casa ao Tarrafal e dizia "realmente somos amigos há 51 anos, não é?" Ele está com 95, mais ou menos isso. E olhamos para trás, disse "Olha aquele encontro". Parece que ele se sente satisfeito e muito orgulhoso disso. Então, na verdade, estes 50 anos de dependência são 50 anos de um percurso da noite para o dia. Nada do que eu estava a fazer, do que estava previsto, depois eu vim a fazer, que era ser um pescador ou um pedreiro lá da zona, com muito poucas condições, como não tiveram o resto dos meus irmãos ou dos meus vizinhos. A independência trouxe isso. Estudei e tive acesso às artes. Tive acesso à universidade, tive acesso, depois, às condições que foram criadas depois da independência para as crianças, para os adolescentes. E também fui recebendo. Fui reciclando e dando também. Hoje, quando olho para trás, do alto dos meus 60 anos, tenho 50 anos de dádiva e de gratidão. Porque, na verdade, logo que eu comecei, com dez anos, eu já era músico na minha aldeia e também no grupo Abel Djassi, lá no Tarrafal, com instrumentos e dávamos concertos. E já aos 15, eu era profissional, a meio termo porque eu era estudante, mas tocava também nos bailes. De modo que isto também, essa pergunta é uma prenda para mim. Vou agora pensar nisso nos próximos dias. Como é que, na verdade, é um balanço junto com a história do meu país.RFI: E relativamente à História do seu país? Quando olha para esses 50 anos de percurso livre para Cabo Verde, como é que olha para todo este caminho já atravessado?Mário Lúcio: Tem dois lados, a independência, como a descolonização, esses reveses do domínio e também do aprisionamento e do cerceamento da liberdade. Esses reveses são sempre positivos, porque o homem nasceu para ser livre e feliz e dentro disso tem as matizes que é ser amado, amar, ser generoso, ter ética. Várias coisas. Mas, na verdade, tem o outro lado. Muitos países africanos pioraram as suas condições para as suas populações depois da independência. Isso é inaceitável. Um povo livre, um povo autónomo e países com muita riqueza, não é aceitável que passem a viver igual ou pior do que antes da independência. Cabo Verde é uma belíssima excepção. Eu não sei as razões. Evidentemente, podemos analisá-las. A formação desse povo é uma formação diferente, a escolaridade. Cabo Verde, em 1975, tinha uma taxa de analfabetismo de 75%. Hoje tem (uma taxa de alfabetização) acima de 98%. E então isso faz com que seja um país que progride todos os dias. Em Cabo Verde, é o progresso, o desenvolvimento humano. O desenvolvimento económico é apenas um índice. Mas o desenvolvimento humano passa por ter escolas. A escolaridade obrigatória e gratuita é boa, como existe em Cabo Verde, ter saúde, nós temos uma saúde básica boa. Em Cabo Verde, ter liberdade, liberdade de expressão e outras liberdades identitárias, respeita-se isso. Em Cabo Verde, os Direitos Humanos são respeitados e é um país onde todo o mundo trabalha. Não está infestado de corrupção e de ditaduras. Eu tenho uma sorte. Hoje a minha bandeira é as últimas eleições autárquicas em Cabo Verde. Portanto, as eleições foram no domingo e na segunda-feira todo mundo foi trabalhar. Nas minhas palestras falo da democracia de Cabo Verde, mas desta vez falo com mais felicidade porque houve uma região da ilha de Santiago, acho que era São Lourenço dos Órgãos, onde o vencedor saiu por um voto. Está a ver em África ou no mundo, ou nos Estados Unidos, algum candidato que vence o outro por um voto e não houve briga, não houve manifestações? Muito bem. Vamos recontar, contar, recontar. E se alguém tiver dúvidas, existem as instâncias próprias. Isso é saudável, de modo que quando se sente a maturidade para um povo ser livre e cuidar dos seus destinos, os resultados são como os resultados que existem em Cabo Verde e vários outros países. Vale a pena. E esse processo de Cabo Verde valeu a pena.RFI: Algum ponto talvez menos positivo, que também mereça a sua atenção? Alguma coisa que talvez possa melhorar em Cabo Verde, a seu ver?Mário Lúcio: O mundo todo! Eu acho que neste momento há uma desumanização da política, há uma desumanização da economia, há uma desumanização do próprio ser humano. E isso tem a ver com várias situações sociais. Quando o ser humano não tem acesso à cultura, é uma parte de si, principalmente a parte invisível, que é a alma da pessoa, que está a ser menosprezada, desvalorizada. Quando a pessoa não tem acesso à educação, está a ser-lhe negada uma das vias do progresso e do desenvolvimento humano. Em relação ao meu país, o que eu acho é que, também por fazermos parte do mundo, julgo que temos correcções a fazer. Essas correcções têm a ver exactamente com colocar a felicidade e a liberdade e o acesso ao progresso humano no centro das políticas e não ir, digamos assim, na moda e com o vento das várias possibilidades que estão a existir, de tornar o ser humano secundário, em que se dá demasiada importância às máquinas e à ganância. Então, acho que o Cabo Verde também está a sofrer disso nesse momento.RFI: Cabo Verde faz parte dos países que são homenageados pelos 50 anos das suas respectivas independências no festival "Au fil des voix" aqui em Paris. Como se sente por representar o seu país neste festival?Mário Lúcio: Eu nunca pensei ser um "representante oficial". Mesmo quando eu estava no governo. Mas na verdade, no outro dia, na minha aldeia, na minha vila, um historiador parou-me na rua para me cumprimentar e disse "que orgulho! Mas saiba uma coisa tu és património do Tarrafal." E eu disse "olha, eu que nasci com espírito livre e nunca quis pertencer a nenhuma agremiação e não ser nada para nada". Mas eu disse "para a minha pequena vila, eu aceito, então sou património". E quando me dizem que eu represento o meu país, tomo como uma leveza. Isto é o meu país. Representas ou sentes-te representado nas minhas acções. Por isso, também faço as minhas acções com a maior qualidade possível. E faço-as num contexto internacional, mundial, para que a sua representação não seja menos do que a sua realidade. Tenho trabalhado para isso.RFI: Está a lançar neste momento o seu novo disco. Como é que vai ser a sua actualidade nos próximos meses?Mário Lúcio: Bom, esse disco vai-me fazer tocar bastante. Como já não tocava em bailes, festivais, quero fazer bailes mesmo. Vai ser uma descoberta para as novas gerações, porque é um disco para se ouvir de pé. É um disco para libertar energias. Então, vamos fazer muitas turnês. Muitos concertos e já começamos. Agora vou a Cabo Verde descansar. Em Março, retomo e por aí adiante. Em Abril, Maio, Junho, Julho, Agosto. Setembro, Outubro, Novembro, já está tudo encaminhado. Hoje, vivo no Tarrafal, onde eu nasci, na minha cabana, e é onde quero estar mais tempo. Então começo a fazer as turnês de forma diferente. Não longas turnês, mas muito compactas, a vir à Europa, ir a outras partes do mundo, trabalhar e logo regressar para o meu mar, o meu sol, o meu povo, a minha terra.RFI: O que é que gosta de ouvir neste momento?Mário Lúcio: Eu sou muito eclético. Mas eu diria que se me dessem para escolher cinco músicas para ouvir permanentemente, escolheria, "Gracias à La Vida" de Violeta Parra, se possível interpretada por Mercedes Sosa. Ouviria também "Imagine" de John Lennon. Ouviria "What a Wonderful World" do Louis Armstrong e ouviria uma das "chaconnes" e "partidas" de Johann Sebastian Bach para violino e para violoncelo. E também ouviria "Sodade" na voz de Cesária Évora.Eis a programação do festival "Au fil des voix": https://www.aufildesvoix.com/
A Fenasamba, entidade que representa mais de 100 ligas municipais e 1000 escolas de samba do Brasil, assinou em Paris um acordo de cooperação com a Federação de Carnaval Tropical de Paris (FCTP). O objetivo é promover o intercâmbio entre as duas entidades para trocas de experiências e fortalecer a cultura do samba e do carnaval. Durante a cerimônia realizada na quinta-feira (12) na Assembleia Nacional Francesa, os presidentes da Fenasamba e da Federação de Carnaval de Paris destacaram a importância de estreitar os laços culturais entre o Brasil e da França.“O Brasil tem construído acordos na América Latina. Já temos acordos firmados com o Panamá, a Colômbia, a Argentina e o Uruguai, que inclusive organizam bons desfiles de escolas de samba, em espaços próprios e sambódromos. Estamos agora construindo uma ação na Europa, a partir da França, que tem a experiência de faz um espetáculo carnavalesco na maior cidade turística do mundo”, diz Kaxitu Campos, presidente da Fenasamba em entrevista à RFI. Segundo ele, o carnaval brasileiro gera um ativo de US$ 2 bilhões e uma importante vitrine para a difusão da cultura brasileira no exterior. “O carnaval é uma atividade econômica importante, é um desenvolvimento para as comunidades mais pobres, com mais dificuldades. Os recursos do carnaval atingem de forma democrática toda uma população”, acrescenta.Durante a assinatura do acordo de cooperação, o presidente da Federação do Carnaval Tropical de Paris, Thierry Lacroix, destacou o histórico do carnaval promovido há 25 anos nas ruas da capital francesa. A festa popular, realizada no meio do ano, exibe tradicionalmente as manifestações populares típicas dos territórios ultramarinos franceses da Guadalupe, Martinica e da Guina Francesa.Segundo Thierry, o carnaval parisiense tem sua própria identidade, mas a intenção é também abrir espaço para manifestações carnavalescas de outros países e particularmente o Brasil.“Estamos cooperando plenamente para que possamos desenvolver e trocar cultura e know-how, e aprender com a Fensamba também. No aspecto econômico, ainda não somos uma potência. Mas aqui também temos figurinistas, costureiras que podem ensinar nossos associados e também poderão ir ao Brasil para fazer cursos de treinamento, e também trocar ideias sobre o carnaval. Sabemos que o Brasil é o carnaval número um do mundo. Aqui ainda estamos nos primeiros passos”, destaca Therry Lacroix.Os primeiros intercâmbios serão realizados já a partir do início de 2025, com o convite da Fenasamba para que uma delegação da FCTP possa ver de perto os desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro e dos blocos de rua durante o carnaval carioca. Muitas outras atividades estão previstas no âmbito da temporada cultural do Ano do Brasil na França, no primeiro semestre do ano, e da França no Brasil, no segundo semestre.“Nós vamos trazer mais de 100 brasileiros das escolas de samba para desfilar no carnaval de Paris e vamos fazer também uma exposição de arte com artistas brasileiros”, afirma Kaxitu. O presidente da Fenasamba também conta com a presença da FCTP no primeiro Encontro Mundial de Culturas Carnavalescas a ser realizado em setembro em Florianópolis.O acordo de cooperação entre a Fenasamba e Federação do Carnaval Tropical de Paris tem o apoio do Ministério da Cultura do Brasil, que enviou a Paris o coordenador do grupo de trabalho do Carnaval do Minc, Yuri Soares Franco, para prestigiar a assinatura do documento que oficializou a parceria."A gente entende o papel importante das relações internacionais para a promoção da cultura brasileira no mundo e para o intercâmbio com outras culturas com as quais temos diálogo. O carnaval é o grande expoente da cultura brasileira, que gera tanto visibilidade quanto empregos, renda, turismo e economia criativa. É importante para a difusão cultural do carnaval tanto no Brasil quanto na França”, afirmou Yuri. Para o presidente da FCTP, a presença de representantes das escolas de samba do Brasil em Paris no ano que vem vai reforçar o interesse crescente pelos desfiles que acontecem na capital francesa e também pelas escolas e clubes que se formam na cidade e atraem diversas comunidades.“Os parisienses adoram samba, basta olhar a diversidade nas escolas de samba e elas são culturalmente diversas, com brasileiras, francesas ou das Antilhas, todas as comunidades amam o samba. Trata-se de compartilhar a cultura, aprender com os outros. Porque há uma coisa que não podemos nos esquecer: o carnaval, seja no Brasil, na Martinica, em Guadalupe ou em Paris, é uma válvula de escape”, finaliza Lacroix.
Até o começo dos anos 2000, os diplomatas brasileiros alocados em Paris dispunham de um privilégio, abolido durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva: trazer consigo para a capital francesa duas empregadas do Brasil. Sem falar francês, isoladas pela distância e sem redes sociais, muitas delas viveram em regimes comparáveis à semi-escravidão. A peça "Ressonâncias: Revoltas Silenciosas", do ator e músico Yure Romão, busca dar visibilidade a essas protagonistas invisibilizadas pelo silêncio. "O projeto começou em 2022, durante um café na casa de uma amiga, a primeira pessoa que conheci aqui em Paris. Por questões de anonimato, já que os diplomatas com quem algumas dessas mulheres trabalharam ainda estão em atividade, vou chamá-la de Maria", conta o diretor do espetáculo, o ator, músico e encenador Yure Romão."Naquele dia, estávamos conversando sobre política. Era o dia da eleição presidencial na França, e a extrema direita estava ganhando força. Eu estava muito contrariado, sem entender como brasileiros vivendo aqui podiam votar na extrema direita no Brasil, ou como franceses optavam por isso", contextualiza. "Maria começou a compartilhar experiências pessoais e de amigas próximas", relembra Romão. "Ela contou que conhecia muitas famílias brasileiras, especialmente de diplomatas, que nos anos 2000 tinham o direito de trazer duas empregadas domésticas ao país onde estavam alocadas", detalha."Eu não sabia disso. Maria explicou que, até 2003, isso era um privilégio concedido, mas que foi cortado no governo Lula, junto com outros benefícios, como auxílio-moradia. Segundo a análise dela, isso gerou um sentimento anti-Lula entre muitos diplomatas", avalia o diretor.Algumas recebiam salários bem inferiores ou nada, e muitas viviam isoladas, longe das famílias, num contexto análogo à escravidão."Essas empregadas domésticas vinham com a promessa de receber um salário de US$ 800 e moradia digna. No entanto, ao chegarem aqui, a realidade era outra", conta."Algumas recebiam salários bem inferiores ou nada, e muitas viviam isoladas, longe das famílias, num contexto análogo à escravidão. Nos anos 2000, a comunicação era difícil — sem celulares ou WhatsApp, elas ficavam ainda mais isoladas", destaca o artista brasileiro, que desenvolve diversas residências com artistas em ex-colônias francesas, como Guadalupe e Martinica."Naquela tarde, Maria me apresentou duas amigas que passaram por essas situações. Elas expressaram o desejo de que suas experiências fossem conhecidas, não só como registro histórico, mas para que filhos, netos e outras gerações soubessem o que viveram", relata Romão.Histórias reaisNo cruzamento da narrativa e da pesquisa documental, com dramaturgia fortemente marcada pela presença da música popular, do Brasil às ex-colônias francesas, o espetáculo resgata histórias reais de empregadas domésticas brasileiras na França, como conta Yure Romão."Decidi então transformar essas histórias em um espetáculo, pois sou diretor e músico, e meu trabalho é centrado no teatro e na música. Paralelamente, começamos a trabalhar em um livro, baseado nas transcrições das entrevistas. Tanto o espetáculo quanto o livro respeitam o anonimato, com cada mulher escolhendo um pseudônimo para garantir segurança e evitar retaliações", conta o diretor.Uma das mulheres contou que dormia na lavanderia, embaixo de uma tábua de passar roupa."As histórias que elas contam revelam realidades dolorosas. Muitas vieram seduzidas pela ideia de ganhar US$ 800 — uma quantia impressionante comparada ao salário mínimo da época no Brasil. Algumas eram trabalhadoras domésticas; outras, como enfermeiras e administradoras, que aceitaram a proposta por parecer mais vantajosa. Mas ao chegarem aqui, enfrentaram promessas não cumpridas: salários retidos, condições precárias de moradia e isolamento", relata o diretor, em entrevista à RFI.Os abusos aconteciam de formas variadas, como relata o diretor do espetáculo. "Uma das mulheres contou que dormia na lavanderia, embaixo de uma tábua de passar roupa. Outras relataram violências físicas e psicológicas, agravadas pela distância da família e pela dificuldade de pedir ajuda. O diretor conta ainda que "essas situações ocorriam dentro de um quadro legal, já que havia contratos, mas que na prática eram desrespeitados".Entrelaçamento de dramaturgiasYure Romão detalha o entrelaçamento de dramaturgias que ele teceu, num diálogo com a autora antilhana Françoise Ega, através de seu livro “Cartas a uma negra”, onde ela endereça cartas à escritora brasileira Carolina Maria de Jesus."Ao longo do processo, percebi semelhanças com outras migrações institucionais, como as descritas pela escritora martinicana Françoise Ega, em seu livro Cartas a uma negra. Nele, ela relata a experiência de mulheres das Antilhas Francesas, nos anos 1960, que também vieram para a França com promessas de melhores condições, mas encontraram exploração. A conexão entre essas histórias, separadas por décadas e continentes, revela padrões profundos de desigualdade e abuso", analisa Yure Romão.Visibilidade"O espetáculo busca dar visibilidade a essas mulheres e suas histórias, enquanto o livro serve como registro memorial. Algumas delas decidiram que suas famílias descobrirão o que viveram apenas ao assistir à peça ou ler o livro. Elas desejam que suas histórias não se percam e que sirvam como alerta para que outras mulheres não enfrentem as mesmas dificuldades", ressalta Romão."Não sinto medo de expor essas questões, embora elas revelem um lado sombrio da diplomacia brasileira", diz o diretor. "Estamos protegidos pelo anonimato e pela importância do trabalho. Essas histórias fazem parte da história do Brasil e da diplomacia, e acredito que merecem ser contadas", insiste."Estamos planejando levar o espetáculo ao Brasil em 2025, durante o Ano do Brasil na França. Será uma versão em português, e algumas das mulheres que entrevistei poderão assisti-lo. Espero que o impacto seja tão transformador lá quanto tem sido aqui", afirma Romão."Muitas vezes, quando falamos do projeto, deixamos claro que não se trata de 'dar voz' a essas mulheres. Elas já têm muita voz e falam muito. E isso é maravilhoso. Acho que o nosso papel é mais sobre escutar essas vozes, amplificá-las e fazê-las ressoar", diz a atriz, marionetista e contadora de histórias Ana Laura Nascimento."Enquanto mulher, filha e neta, essa questão me atravessa profundamente. Minha avó foi empregada doméstica, e minha madrinha ainda é, vivendo no interior de Pernambuco", afirma. "Mesmo com a PEC das Domésticas, muita coisa não mudou, especialmente nos interiores. Muitas empregadas domésticas ainda não têm seus direitos reconhecidos. É algo muito próximo para mim, porque tenho pessoas da família que enfrentam essas condições", sintetiza a artista brasileira, que desenvolveu seus estudos e boa parte de sua prática teatral na França."Quando falo, crio ou produzo peças sobre temas difíceis como esse, o que mais me motiva é explorar como essas pessoas conseguiram resistir e continuar. Quero falar sobre o que foi necessário para elas seguirem em frente, mesmo diante de tantas adversidades", destaca Nascimento."Tecnologias de sobrevivência""Vivemos em um país que enfrentou 400 anos de escravidão. Se estamos aqui hoje, é porque criamos tecnologias de sobrevivência, maneiras de seguir vivendo", avalia Nascimento. "Não foi só pela luta, mas também pela celebração, pela criação de subjetividades e de espaços onde antes não havia nada. Foi essa capacidade de criação que nos manteve vivos", aponta."Além disso, ontem, no início do ensaio, falamos sobre como essas histórias nos atravessam e nos emocionam profundamente. Elas nos deixam frágeis, mas também nos impulsionam", sublinha Nascimento. "Trabalhamos com artistas incríveis, com muita técnica, e isso nos permite transformar essa emoção em algo produtivo. Essa emoção se torna adubo, alimentando a nossa técnica e o nosso trabalho", conclui a atriz.Depois da temporada francesa, a peça "Ressonâncias, revoltas silenciosas" deve desembarcar em 2025 no Brasil, dentro do calendário que comemora os 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países.
Il prestito di 35 miliardi di euro dell'UE per l'Ucraina e il coprifuoco a Martinica per contenere le violenze dovute all'aumento del costo della vita
Cerca de 15 milhões de pessoas são esperadas na região parisiense durante a Olimpíada e os Jogos Paralímpicos, que terminam em 8 de setembro. A alta densidade populacional, mesmo temporária, facilita a circulação de várias doenças. É o caso da leptospirose, transmitida pela urina dos ratos. Segundo Pierre Tattevin, presidente da Sociedade Francesa de Infectologia, o risco é alto para quem se aventurar a nadar no rio Sena, já que os roedores estão em toda a parte na capital. Taíssa Stivanin, da RFI em Paris“As autoridades forçaram para poder organizar as competições aquáticas no rio Sena”, alerta o infectologista francês. Não há dados verificados sobre o número de ratos que vivem em Paris, mas, segundo estimativas, há cerca de 1,5 para cada morador.É por essa razão que as contaminações por leptospirose no Sena não estão descartadas, mesmo que a quantidade de coliformes fecais no rio esteja dentro das normas exigidas. “O rato é quem carrega a bactéria da leptospirose. O rio pode até ter ser sido bem higienizado, mas isso não bloqueia a transmissão, que é totalmente possível”, reitera o especialista.A Leptospira, a bactéria que provoca a doença, é encontrada na urina dos ratos e pode contaminar a água, terra e alimentos. Após o contágio, causa sintomas parecidos com os de uma gripe forte: febre alta, dores no corpo e mal-estar. Eles podem demorar entre três dias e três semanas para se manifestar, lembra Pierre Tattevin.“Quem tiver sintomas depois de nadar no rio Sena alguns dias depois deve lembrar de se testar”, diz. "Eles vão depender da quantidade de água ingerida durante o mergulho", explica, citando o rio Sena.Segundo dados da Santé Publique France, a agência sanitária francesa, em 2022 foram diagnosticados cerca de 600 casos de leptospirose no país, mas esse número é provavelmente dez vezes maior, afirma o infectologista francês. "A leptospirose é sensível a praticamente todos os antibióticos. A pessoa pode ter febre, tomar Amoxicilina, ficar boa, e na realidade ter pego a leptospirose sem saber.”Se não for tratada, a doença pode, em alguns casos, provocar uma insuficiência renal grave e levar à morte.De acordo com ele, a tendência é que as contaminações aumentem com o aquecimento global. “É uma bactéria que vive mais em águas quentes. Martinica, Guadalupe e Ilha da Reunião são os territórios franceses onde ela está mais presente. Agora, como a temperatura está subindo na França, vai favorecer a transmissão”, diz.A declaração da doença é obrigatória na França e o teste diagnóstico deve ser feito preferencialmente no hospital, para que o resultado seja obtido instantaneamente. “Não é uma doença grave se for tratada rapidamente. Por isso é importante prestar atenção”, reitera o infectologista.Paris investiu na propaganda em torno da qualidade da água do rio e a própria prefeita de Paris, Anne Hidalgo, deu um mergulho no mês de julho para tranquilizar os mais céticos. Com a chuva, os níveis de poluição no Sena mudam com frequência. Isso faz com que, em alguns dias, ele não seja considerado próprio para banho, como foi o caso nesta segunda (29) e terça-feiras (30).Covid e SífilisEventos como os Jogos Olímpicos, que reúnem milhares de pessoas, também são propícios à propagação do vírus da Covid-19, que continua presente no território francês. "Em termos de risco sanitário, a Covid não é uma grande preocupação. O maior risco é para os atletas, que se ficarem doentes não poderão disputar uma medalha", diz Pierre Tattevin.Segundo ele, isso se explica pela imunidade adquirida pela população ao longo dos anos da pandemia e a evolução do vírus. As infecções agora geram menos casos graves, sem superlotar os hospitais, como foi o caso no início da pandemia, em 2020, e durante algumas ondas da doença.Outro risco apontado pelo infectologista é a propagação de doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis. A Olímpiada, que recebe principalmente um público jovem, que se encontra nas baladas e nos eventos, pode ser um catalisador desse tipo de infecção. Entre 2020 e 2022, houve um aumento de 110% dos casos de sífilis na França, doença que tinha desaparecido em 1990 e recomeçou a circular no país nos anos 2000, segundo um relatório divulgado em 2023 pela Santé Publique France."Uma densidade populacional forte sempre favorece as trocas de micróbios", lembra o presidente da Sociedade Francesa de Infectologia. "Há registros do aumento do número de casos de sífilis em eventos desse tipo."O preservativo, lembra, não é suficiente para proteger contra uma eventual contaminação. "Se há contato com as lesões durante as relações sexuais, mesmo em outras parte do corpo, pode haver o contágio", alerta.E a dengue?Durante a Olimpíada, há ainda patologias como a dengue, o zika , ou o chikungunya, que poderiam se espalhar mais facilmente com a chegada de casos importados. As temperaturas relativamente amenas para o período devem dificultar a reprodução do mosquito Tigre, presente no território francês, segundo o infectologista."Mas o verão continua sendo um período propício para importar doenças tropicais, que podem chegar com viajantes contaminados de regiões como o Brasil, por exemplo", diz.
En más notas, suspenden vuelos entre Cancún y Cozumel desde este jueves por el huracán Beryl, en información internacional, Islas de Carriacou y Pequeña Martinica, arrasadas por huracán Beryl, en otras cosas, van cuatro casos de gripe aviar en humanos detectados en EU Hosted on Acast. See acast.com/privacy for more information.
Nel giorno in cui il ministro per la Protezione civile, Nello Musumeci, afferma che non basteranno i soldi per ripagare i danni climatici, l'uragano Beryl, ormai forza 5, ha devastato l'isola della Martinica e i Caraibi. Gianumberto Accinelli, entomologo, ci racconta l'epico ritorno – dopo 500 anni – del castoro in Italia, dalle alpi udinesi fino alla discendenza di Speedy. Puoi scriverci a podcast@lifegate.it e trovare le notizie su www.lifegate.itRassegna stampa: La Martinica scava nel fango dopo il passaggio dell'uragano Beryl, dall'inviata Sara Segantin
A França decretou esta quarta-feira, 15 de Maio, estado de emergência na Nova Caledónia até dia 12 de Junho. Depois de cinco dias de tumultos, que tiraram a vida a cinco pessoas, a França está a enviar reforços de segurança para o território francês no Pacífico, que vive uma crise de segurança e identidade política motivada pela reforma eleitoral. O historiador emérito da Universidade de Sciences Po, Michel Cahen, defende que a única forma de resolver a crise é a descolonização. RFI: Como é que interpreta este surto de violência na Nova Caledónia?Michel Cahen: Como historiador vou tentar raciocinar na longa duração, mas uma coisa é muito clara: o que acontece hoje na Nova Caledónia francesa é devido a uma situação colonial. Não se pode raciocinar com universalismo abstracto, dizendo isto é uma parte da França e vamos raciocinar como se fosse Bordéus ou Paris. É uma situação colonial. O que acontece hoje é uma tragédia com perdas humanas, com muita destruição. É uma situação pré-insurrecional porque essa situação é o produto de uma política do actual governo francês. Já há cinco ou seis anos que a situação está a piorar e todas as pessoas que conhecem bem o terreno dizem 'cuidado, cuidado, isto vai explodir'. Não se pode comparar a Nova Caledónia com as Antilhas Francesas, a Martinica, Guadalupe ou a ilha de Reunião no Índico.Porquê?Porque nessas ilhas não havia indígenas. Estou a utilizar essa palavra indígena no sentido antropológico, naturalmente. Não havia indígenas, foram muito rapidamente exterminados e os habitantes eram uma minoria de donos brancos. Hoje em dia, a maioria da população é descendente de escravos, enquanto na Nova Caledónia é um bocadinho comparável com a África continental. Isto é, há um povo indígena, há um povo que nunca aceitou a dominação francesa, desde a conquista da Nova Caledónia, nos meados do século XIX. Os vários povos que hoje se chamam de kanaks sempre resistiram. Houve revoltas, houve repressão feroz, houve uma diminuição da população. Não se pode dizer simplesmente que a ordem deve voltar. O governo francês actualmente está a reagir simplesmente em termos policial e militar. A ordem tem que ser restabelecida. Eu quase estou a ouvir o Salazar, o Caetano, dizendo 'nós podemos conversar com Moçambique, Angola, mas em primeiro lugar, a ordem deve voltar'. Não há outra maneira de resolver uma situação colonial que não seja a descolonização. Essa descolonização tinha sido prevista pelos acordos feitos pelo Michel Rocard e isso foi completamente abandonado hoje. Isso explica todo o desespero de uma geração de jovens. Também não devemos esquecer a situação social e económica que é muito má. É uma revolta anti-colonial.O governo francês parece ter dificuldade em travar esta crise. O executivo reforça a segurança, envia a militares para a Nova Caledónia, mostra força, portanto, Mas tem responsabilidade nesta crise?Não só tem responsabilidade, mas tem uma responsabilidade esmagadora porque as grandes organizações kanaks que são independentistas não são nada radicais, pelo contrário são muito moderadas. Têm um objectivo muito forte que é a independência do país, mas têm sempre dito, ao longe de 20 anos, que defendem o diálogo. Vou dar um exemplo, quando houve a pandemia da Covid-19, houve muitos mortos nos kanaks da Nova Caledónia. Com a Covid-19 e nos costumes, há um período de luto e durante este período de luto as pessoas recolhem-se e não participam em actividades políticas. Nesse momento, o governo teimou em organizar o terceiro referendo. Mais tarde, o governo considerou que essas crenças dos habitantes do país não eram qualquer coisa de relevante e então organizaram o referendo. Os independentistas boicotaram e, obviamente, o resultado foi de maneira esmagadora, "não à independência", mas este não é um referendo aceitável. Nós estamos a pagar o fruto de anos e anos de desprezo para os Kanak.Como é que se explica que desde 2018 a Nova Caledónia tenha tido três referendos pela independência, sendo que nos três o não saiu vitorioso e o último, como disse, em 2021 foi boicotado pelos independentistas. Estes referendos não foram fidedignos, foram manipulados?Tecnicamente não foram manipulados, pelo menos não tenho fontes para dizer isso, mas temos que raciocinar de maneira histórica. O povo Kanak é um povo que foi menorizado desde há décadas. Com a imigração crescente de gente vindo da França. O povo daquela terra foi mais e mais minoritárioO povo Kanak que representa cerca de 40% da população na Nova Caledónia...Hoje sim, mas antigamente era muito mais e com a taxa demográfica, se esperarmos mais alguns anos, provavelmente o povo kanak vai voltar a ser maioritário. A não ser que a França organize mais e mais imigração para a Nova Caledónia. É muito estranho porque em França há muita gente que diz que a ordem deve ser restabelecida. São pessoas que estão a criticar muito a imigração em França, dizendo que a extrema-direita diz que 'o povo francês vai ser submerso por uma vaga de imigrantes'. Mas é exactamente a mesma coisa que aconteceu na Nova Caledónia. A França favoreceu mais e mais a vinda de franceses com salários locais para os franceses quase multiplicado por dois em comparação com a metrópole e o povo Kanak ficou minoritário na sua própria terra. Não se pode raciocinar somente dizendo um ser vivo, um voto. É preciso considerar que há uma situação colonial e essa situação colonial para ser resolvida dever ser descolonizada. O que não quer dizer que todos os franceses que estão lá devem sair. Há muitos franceses que nasceram nessa terra, esses obviamente podem ficar e até há muitos kanaks que estão a favor de trabalhar com caledonianos de origem francesa. Mas em primeiro lugar, deve-se aceitar que é uma situação colonial, que um povo foi historicamente menorizado na sua própria terra e que este povo não pode aceitar um referendo onde uma maioria de pessoas, historicamente imigrantes, os colonizadores franceses, vai votar para o futuro desta terra.Que soluções para sair desta crise? A França está pronta a dar razão aos independentistas da Nova Caledónia?Não sei se é dar razão aos independentistas da Nova Caledónia, mas se o governo francês quer que a paz volte, a primeira coisa, é retirar a lei, não promulgar a lei sobre a revisão do corpo eleitoral. Esta lei cria uma situação de desespero para os kanaks que com a situação demográfica actual, vão continuar a ser minoritários, embora estejam na sua terra, enquanto os outros são historicamente os colonizadores. Se o governo quiser, em vez de enviar centenas e centenas e centenas de militares na Nova Caledónia, é muito simples: retiram e não promulgam o projecto de lei sobre a revisão do corpo eleitoral e a paz volta de imediato. Poderão reorganizar negociações porque não estamos em 1842. Agora deve haver uma colaboração entre os kanaks, que são o povo histórico da terra e os franceses que querem fazer esta terra a sua terra para a vida toda e não só para uma uma posição de funcionário público muito bem pago para alguns anos. Há muitos franceses que vivem lá que estão prontos para negociar. Não se deve empurrar os kanaks e, nomeadamente, uma juventude Kanak muito pobre que está a ver a riqueza dos outros e que sente que tudo isso foi roubado ao povo Kanak. Para que a paz volte, deve-se retirar esta lei. A lei não deve ser promulgada e integrada na Constituição Francesa.A única coisa que propôs o nosso Presidente, Macron, foi atrasar a integração da lei na Constituição. Espero que não haja uma ala radical dos independentistas que decida entrar na luta armada mesmo, como houve em Angola, como houve em Moçambique, como houve na Guiné. A França vai entrar numa nova guerra colonial? Já tivemos a Indochina, já tivemos a Argélia. Espero que não vai acontecer assim, porque a situação é muito grave.
No 301º episódio do podcast Futebol no Mundo você vai ficar por dentro dos assuntos: - Dorival é o novo técnico da seleção; - Liverpool despacha o Arsenal na FA Cup; - Goleada do City, vitória do Newcastle no clássico e Aston Villa vivo na disputa; - Sem grandes zebras na Copa do Rei, mas com muitas histórias; - Estreia de Arda Güler e Vinicius Tobias pelo Real Madrid; - Copa da França tem confronto entre time da Martinica e da Ligue 1; - Novela Mbappé volta a ter capítulos na França; - Primeira rodada da Serie A em 2024 mantém roteiro de 2023; - Porto tropeça, Sporting e Benfica abrem vantagem na volta da Liga Portugal; - Prévia da Copa da África de Nações.
Guiri al Aire, miércoles 29 de noviembre del 2023
En el día de hoy nos acompaña Jean-Sylvain Babin, un jugador martiniqués que empezó a jugar a un mayor nivel a los 17 años, en Francia. Criado en la calle y con una etapa de formación quizás diferente al resto de nuestros invitados, Babin vendrá a España con tan solo 22 años, lugar clave para su exitosa trayectoria deportiva. Convertido en ídolo de dos grandes clubes y aficiones del fútbol español como son Sporting de Gijón y Alcorcón, habiendo cumplido el sueño de todo niño llegando a primera división con el Granada y sintiendo lo que significa jugar Europa League con el Maccabi, nuestro invitado consigue abrirse con nosotros y nos permite DISFRUTAR de una historia ESPECTACULAR. Hemos activado la opción de MIEMBROS, donde podrás: - Acceder a un DISCORD donde podrás hablar con nosotros de los futuros invitados, qué preguntas hacer, a quién invitar, anécdotas exclusivas de nuestros invitados,…. - Acceso anticipado a los capítulos Puedes seguirnos y apoyarnos en: - YOUTUBE: https://www.youtube.com/@offsiders.project/playlists - Instagram: https://www.instagram.com/offsiders.podcast/ - TIK TOK: https://www.tiktok.com/@offsiders_podcast?_t=8aI0IbPe2Fi&_r=1 -TWITTER: https://twitter.com/Offsiders_PRJ - Contacto: podcast.offsiders@gmail.com Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices
La Azul y Blanco Femenina está cerca del descenso a Liga C tras no poder vencer a Martinica. Se jugó la J14, Diriangén no pudo ganar el #ClásicoNica con un Real Estelí con un onceno titular mixto. Hablamos de la victoria de Real Estelí ante CAI en el primer partido de semifinales en Copa Centroamericana.
Chino Deportes: empata la Selecta ante Martinica, análisis y reacciones de nuestros oyentes
Guiri al Aire, miércoles 18 de octubre del 2023
Chino Deportes: la previa del juego de la Selecta ante Martinica. También, los primeros Eliminados del Mundial 2026. Además, desglosamos la veta deportiva del último álbum de Bad Bunny.
Guiri al Aire, martes 17 de octubre del 2023
Chino Deportes: la Selecta perdió en Martinica. Analizamos la derrota y también la previa del juego de mañana.
Guiri al Aire, lunes 16 de octubre del 2023
Hoy en Chino Deportes: Hoy juega La Selecta vs Martinica. 5pm. Debut de De la Barrera.
Guiri al Aire, viernes 13 de octubre del 2023
Chino Deportes: la Selecta define su plantel para enfrentar a Martinica. Un Boca milagroso clasifica a la final de la Champions. El Mágico González se confiesa en Cádiz.
Guiri al Aire, jueves 12 de octubre del 2023
Chino Deportes: detalles sobre la actualizacion de la convocatoria de La Selecta para enfrentarse a Martinica.
Chino Deportes: la Selecta está completa para viajar a Martinica. Hazard se retira del fútbol y la Euro 2028 se jugará en Reino Unido e Irlanda del Norte.
Guiri al Aire, lunes 9 de octubre del 2023
Guiri al Aire, viernes 6 de octubre del 2023
Chino Deportes: la Selecta define su plantel para enfrentar a Martinica. Un Boca milagroso clasifica a la final de la Champions. El Mágico González se confiesa en Cádiz.
Chino Deportes: Hoy se conocerá la primera lista de Rubén de la Barrera para enfrentar a Martinica. Kevin Santamaría será uno de los integrantes, resultados de La Champions y más.
Guiri al Aire, jueves 5 de octubre del 2023
Buenos días desde La Habana, soy Yoani Sánchez y en el "cafecito informativo" de este miércoles 19 de julio de 2023 tocaré estos temas: - ¿Qué ha pasado con el cable de Martinica? - Díaz-Canel firma en silencio la resolución sobre Ucrania - Timan a la Federación Cubana de Béisbol - Arturo Sandoval, Latin Grammy a la Excelencia Gracias por compartir este "cafecito informativo" y te espero para el programa de mañana. Puedes conocer más detalles de estas noticias en el diario https://www.14ymedio.com Los enlaces de hoy: La empresa española Alto Cedro, vinculada al Santander, podrá actuar como banco en Cuba https://www.14ymedio.com/cuba/Alto-Cedro-vinculada-Santander-Cuba_0_3570842887.html El activista cubano Maykel Osorbo se cose la boca como protesta por los malos tratos en la cárcel https://www.14ymedio.com/cuba/activista-Maykel-Osorbo-protesta-tratos_0_3570842891.html "Estamos cansados de programas y medidas. ¿La realidad dónde está?", arremete Esteban Lazo https://www.14ymedio.com/cuba/programas-realidad-arremete-Esteban-Lazo_0_3570842890.html El derecho de soñar y el sueño de tener derechos https://www.14ymedio.com/opinion/derecho-sonar-sueno-tener-derechos_0_3570842886.html El grupo estatal BioCubaFarma reconoce un déficit del 40% de medicamentos en Cuba https://www.14ymedio.com/cuba/BioCubaFarma-reconoce-deficit-medicamentos-Cuba_0_3570842892.html Díaz-Canel firma en silencio la resolución de la cumbre UE-Celac sobre Ucrania https://www.14ymedio.com/internacional/Diaz-Canel-silencio-resolucion-UE-Celac-Ucrania_0_3571442821.html Una empresa italiana tima a la Federación Cubana de Béisbol al mandarle pelotas de mala calidad https://www.14ymedio.com/deportes/Empresa-italiana-tima-Federacion-Cubana-Beisbol-pelotas-mala-calidad_0_3570842889.html Arturo Sandoval, Carmen Linares y Soda Stereo recibirán el Latin Grammy a la Excelencia https://www.14ymedio.com/cultura/Sandoval-Carmen-Linares-Grammy-Excelencia_0_3570842885.html
Costa Rica derrotó a Martinica 6 goles por 4 y avanzó a la siguiente ronda donde tendrá que verse contra México.
El partido de mañana ante la Selección de Martinica, será clave para seguir con vida en el torneo.
Chino Deportes: la derrota de la Selecta ante Martinica y las medallas de bronce salvadoreñas en los Juegos
En esta edición especial reaccionamos EN VIVO al partidazo entre Puerto Rico contra Martinica con el pase a la Copa Oro de por medio. Dale like y share y suscríbete a GW5 Network en Youtube. Únete a nuestro Discord pa' que cocotees con La PaLtía Fan Club. No te olvides darle like a La PaLtía Podcast en Facebook e Instagram y también dale subscribe y campanita a GW5 Network en Youtube para que no te pierdas todos los miércoles a las 10am tu podcast favorito de fútbol, LA PALTÍA PODCAST.
Buenos días desde La Habana, soy Yoani Sánchez y en el "cafecito informativo" de este miércoles 1 de febrero de 2023: - El nuevo ‘parole’ y el éxodo de profesionales - Las muertes por accidentes de tránsito en Cuba subieron un 18% en 2022 - Un nuevo cable entre Cuba y Martinica prevé mejorar la conectividad - Haydée Milanés presenta 'Eternamente Pablo' Gracias por compartir este "cafecito informativo" y te espero para el programa de mañana. Puedes conocer más detalles de estas noticias en el diario https://www.14ymedio.com Los enlaces de hoy: Etecsa prevé activar en abril el nuevo cable entre Cuba y Martinica para mejorar la conectividad https://enterate.link/cienciaytecnologia/Etecsa-activar-Cuba-Martinica-conectividad_0_3470652902.html Encarcelaron a algunos opositores cubanos cuando planeaban una reunión con funcionarios de EE UU https://enterate.link/cuba/Encarcelaron-opositores-funcionarios-EE-UU_0_3470652903.html Las muertes por accidentes de tránsito en Cuba subieron un 18% en 2022 https://enterate.link/cuba/muertes-accidentes-transito-Cuba-subieron_0_3470652901.html Un tribunal brasileño ordena la recontratación de los 1.789 sanitarios cubanos despedidos https://enterate.link/internacional/tribunal-brasileno-ordena-recontratacion-1789_sanitarios-cubanos-despedidos_0_3470052973.html Castigan a una 'mula' por intentar llevar un helicóptero de juguete a Cuba https://enterate.link/cuba/Castigan-intentar-helicoptero-juguete-Cuba_0_3470052974.html Identifican a cuatro de los cubanos fallecidos en el naufragio al norte de Varadero https://enterate.link/cuba/Identifican-cubanos-fallecidos-naufragio-Varadero_0_3470052969.html Los cubanos solo podrán pagar en dólares los servicios consulares de EE UU en La Habana https://enterate.link/cuba/servicios-consulares-EE-UU-Habana_0_3470052968.html Haydée Milanés presenta 'Eternamente Pablo' https://enterate.link/eventos_culturales/musica/Haydee-Milanes-presenta-Eternamente-Pablo_13_3469583008.html
Have you ever witnessed a volcano eruption? It is one of the most terrifying forces of nature – pillars of thick, black smoke usually accompanied by sudden flashes of lightning; followed by the flowing rivers of lava pouring down its flanks… Now, imagine you were caught just several kilometers away from one, with no hope of escape. This is precisely what happened to a town in Martinique in 1902.In this episode, we travel to Saint-Pierre, or more precisely to the location of the Mount Pelée volcano, which was a source of great destruction in April of 1902. Find out just exactly what happened, why the town wasn't evacuated on time, and how a couple of people actually survived miraculously, in the latest episode of the Learn Spanish with Stories podcast! Transcript of this episode is available at: https://podcast.lingomastery.com/listen/1151
¿Qué les pareció este primer episodio del 2023?
Buenos días desde La Habana, soy Yoani Sánchez y en el "cafecito informativo" de este viernes 9 de diciembre de 2022 comentaré estos temas: - Silencio e incomodidad oficial ante el autogolpe de Castillo en Perú - La socia española de la futura ferretería cubana en dólares es una empresa fantasma - Troncos y ramas derribados por el huracán Ian sin recoger en las calles de La Habana - Presentación de los documentales 'En San Isidro' y ️'Mujeres que sueñan un país' Gracias por compartir este "cafecito informativo" y te espero para el programa del lunes. Puedes conocer más detalles de estas noticias en el diario https://www.14ymedio.com Los enlaces de hoy: Silencio de la Cancillería cubana ante el fracaso del autogolpe en Perú https://enterate.link/internacional/Silencio-Cancilleria-fracaso-autogolpe-Peru_0_3437656204.html La socia española de la futura ferretería cubana en dólares es una empresa fantasma https://enterate.link/cuba/espanola-ferreteria-dolares-empresa-fantasma_0_3438256144.html El diseñador cubano Alejo Cañer crea "universos" juntando el sexo y la política https://enterate.link/cultura/disenador-Alejo-Caner-universos-juntando_0_3438256142.html Alexis Romay: Inglés para dictadores https://enterate.link/opinion/Ingles-dictadores_0_3438256141.html Etecsa acuerda con la francesa Orange un cable submarino entre Cuba y Martinica https://enterate.link/cuba/Etecsa-Orange-submarino-Cuba-Martinica_0_3437056269.html Desde la cárcel, el ex presidente peruano Pedro Castillo pide asilo a México https://enterate.link/internacional/presidente-peruano-Pedro-Castillo-Mexico_0_3438256143.html Presentación de los documentales 'En San Isidro' y ️'Mujeres que sueñan un país' https://enterate.link/eventos_culturales/cine/Presentacion-documentales-San-Isidro-Mujeres_13_3437186248.html
Buenos días, soy Yoani Sánchez y en el "cafecito informativo" de este jueves 8 de diciembre de 2022 comentaré estos temas: - Cuando cae la noche en el campo cubano: robo y saqueo - Un motor de la era soviética en una balsa hacia Miami - Los envíos de petróleo venezolano a Cuba caen en noviembre - Hace 32 años del adiós a Reinaldo Arenas Gracias por compartir este "cafecito informativo" y te espero para el programa de mañana. Puedes conocer más detalles de estas noticias en el diario https://www.14ymedio.com Los enlaces de hoy: Etecsa acuerda con Orange un cable submarino entre Cuba y Martinica https://enterate.link/cuba/Etecsa-Orange-submarino-Cuba-Martinica_0_3437056269.html Los cubanos pagan casi el 63% más por sus alimentos que hace un año https://enterate.link/economia/cubanos-pagan-alimentacion-hace-ano_0_3437056267.html Cientos de jóvenes cubanos se dedican al robo en las fincas de Ciego de Ávila https://enterate.link/economia/Cientos-jovenes-dedican-Ciego-Avila_0_3436456325.html Deportarán a 15 cubanos que fueron detenidos en una bodega que usaban 'coyotes' https://enterate.link/internacional/Mexico-deportara-cubanos-detenidos-bodega-usaban-coyotes_0_3437056272.html Llegan 20 cubanos en una balsa con el motor de un camión ruso Kamaz https://enterate.link/internacional/Llegan-20_cubanos-Florida-balsa-impulsada-motor-camion-Kamaz_0_3436456331.html "Solo hay un responsable: Fidel Castro", escribió Reinaldo Arenas un 7 de diciembre https://enterate.link/cultura/Solo-Fidel-Castro-Reinaldo-Arenas_0_3437056270.html
¿Tienes unos minutos? Te contamos la actualidad de Cuba y del resto del mundo en 'Cuba a diario', el podcast noticioso de Diario De Cuba. CUATRO NOTICIAS DEL DÍA: —ETECSA acuerda con la francesa Orange tender un cable de fibra óptica entre Martinica y Cienfuegos https://diariodecuba.com/cuba/1670438137_43905.html —Dina Boluarte, vicepresidenta de Perú, jura como nueva mandataria https://diariodecuba.com/internacional/1670461660_43910.html —Ana Belén Montes, la principal espía del castrismo detenida por EEUU, será liberada en pocas semanas https://diariodecuba.com/cuba/1670434648_43900.html —Cuba acusa a EEUU de "obstaculizar" su presencia en el Clásico de Béisbol ESCÚCHANOS de lunes a viernes, a las 6:30 AM, hora de #Cuba | 12:30 PM, hora de #Madrid. SUSCRÍBETE a nuestro canal de SoundCloud: @ddc-radio-cuba-a-diario SÍGUENOS: • FB: www.facebook.com/DIARIODECUBA • TW: twitter.com/diariodecuba • IG: www.instagram.com/diariodecuba/ • Telegram: t.me/titularesDDC Sigue leyendo hoy la Cuba de mañana: • https://diariodecuba.com/
Pese a sus contenidas dimensiones, Martinica se relaciona con honda intensidad con los cuatro elementos. El agua forma ríos que riegan el frondoso interior de la isla y, en versión salada, bate sus costas atlántica y caribeña. La tierra es compleja, accidentada, montañosa; un alma volcánica que conserva fuego en sus entrañas y en ocasiones se asoma a través de un temido cráter. ¿Y qué decir del purísimo aire martiniqueño? Hoy viajamos hasta este rincón del archipiélago de las Antillas Menores, un reducto de naturaleza y biodiversidad que forma parte de la Unión Europea como departamento francés de ultramar. El geógrafo y antiguo residente Luis Cabrera nos guía desde la capital, Fort-de-France. Conocemos también a locales como el profesor Yann Eliazord y el músico Guy Marc Vadeleux; y a otros residentes como la maestra de origen francoespañol Inés Janvier o la cantante colombiana Lorena Ortegón. Su mirada nos permite acercarnos al paraje de la Montagne Pelée y a destinos en plena selva unidos por caminos como la Trace des Jésuites. Además recordamos la historia de la esclavitud y la lucha por los derechos de la población afrodescendiente, liderada por el escritor Aimé Césaire, padre del movimiento político y literario de la negritud. Sus valores siguen presentes entre la población isleña, que también sabe celebrar la vida con su carnaval y en torno a dos competiciones estivales: la vuelta ciclista de Martinica y la de los veleros que participan en el colorido Tour des Yoles. Escuchar audio
¡Ahora están escuchando a Ritmos Negros! En este episodio, hablo con el bailarín y artista Vitor Veil sobre sus experiencias y conocimiento del Zouk desde su perspectiva como brasileño. La música Zouk proviene del caribe, mayormente en Martinica y Guadalupe pero luego se mezcló con lambada y se popularizó en Brasil por su forma de baile. Por Instagram, también hicimos una serie de videos en inglés sobre el ambiente y la cultura inclusiva detrás del Zouk. Instagram: @vitor.veil @ritmos.negros
Vivien Mattei hoy en sustitución de Gary Gutiérrez, que se encuentra paseando por algún lugar del Imperio. 1er segmento conversamos con el Dr. Arturo Massol Deyá, director de Casa Pueblo sobre encuentros sobre opciones para la administración de la energía eléctrica en Puerto Rico. La llamada crisis energética es en realidad crisis de política publica y administración publica. Mañana sábado, 29 de octubre (2022), encuentro en Casa Pueblo sobre opciones para la administración de la energía, mas de 30 grupos, incluyendo organizaciones de base comunitaria, de alrededor del país con organizaciones de apoyo locales e internacionales. Se discutirán diferentes temas relacionados con la seguridad energética. 1er encuentro para conocerse y reconocer y visibilizar las diversas alternativas. Transmisión a través de Facebook Live desde 10 am. Como funciono proyecto de Adjuntas durante Fiona. La micro red sobrevivió a la tormenta, los servicios continuaron funcionando dentro de las limitaciones de las baterías. Visita Secretaria de Energía de EE UU. - Representante del gobierno federal visito Casa Pueblo y los invitó a participar de diálogos a nivel federal. Encuentro comunitario de la semana pasada - se iniciaron otras conversaciones sobre temas sociales. Se espera mas encuentros de seguimiento. 2da parte - Diogenes Ballester nos presenta a Kelly y Aurelia, periodistas del canal 1 con base en Martinica, de visita en Puerto Rico para cubrir la crisis de energía para la TV francesa. Preparan reportaje para programa noticioso. El sistema eléctrico de energía era publico y fue privatizado. Otras empresas han entrado al mercado. También nos acompañan Ludwig Medina quien su rol de foto periodista documentó los efectos de Fiona en el área sur y la Playa de Ponce. Kelly comento sobre su experiencia haciendo el reportaje en Puerto Rico y su impresión sobre los casos y las personas que ha conocido en el proceso. Al contrastarlo con la experiencia en Martinica les impresionó lo que encontraron en sus andanas por nuestro país.
Continuando con la cobertura de la decimosexta edición del Lusca Film Fest, estaré hablando del filme animado de Martinica llamado Opal.