Podcasts about niassa

  • 20PODCASTS
  • 94EPISODES
  • 18mAVG DURATION
  • 1MONTHLY NEW EPISODE
  • Apr 22, 2025LATEST

POPULARITY

20172018201920202021202220232024


Best podcasts about niassa

Latest podcast episodes about niassa

Ciência
Água pública contaminada em Moçambique já causou mortes, diz relatório

Ciência

Play Episode Listen Later Apr 22, 2025 11:04


Em Moçambique, um recente relatório revela que a água pública apresenta altos níveis de contaminação, pondo em risco a saúde dos cidadãos que a consomem. O problema, de dimensão nacional mas com especial incidência nos municípios de Maputo, Matola e Tete, resultou em vómitos, diarreias, alastramento da cólera e até mesmo em óbitos,  de acordo o Observatório Cidadão para a Saúde.  No relatório, publicado a 8 de Abril de 2025, a organização denuncia as "falhas no tratamento e fiscalização da água para consumo humano", questionando a "responsabilidade do Governo em Moçambique". Para além da recolha de dados laboratoriais, o relatório baseia-se também no testemunho de cidadãos que descrevem a "água turva" a jorrar pelas torneiras e relatam as consequentes doenças.Os riscos para a saúde de quem consome estas águas contaminadas são reais, desde a contracção da diarreia - uma das principais causas da mortalidade infantil em Moçambique, ou da cólera. Nos piores casos, o consumo de águas contaminadas resultou em mortes, esclarece ainda o coordenador do Observatório do Cidadão para a Saúde, António Mathe. O relatório já esteve entre as mãos de decisores políticos e aguarda-se a implementação de novas medidas, tendo em conta que Moçambique é signatário da norma internacional ISO 24500 que define padrões de qualidade de água. RFI: O que está em causa neste relatório? António Mathe: Os nossos testes laboratoriais sobre a qualidade da água mostraram a existência de água imprópria para o consumo, a nível nacional, e tanto na rede pública como na rede privada. Isto contradiz as estatísticas do Governo, que afirmam que o fornecimento de água potável se verifica em 84% das zonas urbanas e 39% ao nível das zonas rurais. Estes dados poderão ser uma ilusão porque continuamos a ter grande parte da população moçambicana sem acesso à água potável.Há situações em que, mesmo a olho nu, é possível perceber que a água que jorra nas torneiras constitui um risco à saúde pública, devido à cor e ao odor da água. Quando avaliamos os problemas reais a nível das regiões onde fizemos esta auscultação, através de inquéritos e testes laboratoriais realizados no Laboratório Nacional de Água, percebemos que os resultados são contrários àquilo que são os dados oficiais do Governo.Esta água públicada mostra sinais de que tipos de contaminação? Em muitas situações vem contaminada com com bactérias fecais, sinais de ferrugem... Que acarretam grandes problemas de saúde pública, principalmente de origem hídrica. Doenças como a cólera, a diarreia. Esta diarreia constitui uma das principais causas da mortalidade infantil em Moçambique e, portanto, constitui um grande desafio. Para além de problemas estomacais, vómitos que são reportados após as comunidades consumirem uma água imprópria.Houve casos que necessitaram hospitalizações?Sim. No ano passado por exempl, houve casos que resultaram em cólera, por exemplo na província de Cabo Delgado. Em Manica morreram três pessoas. Na província de Nampula, uma das províncias mais populosas do país, registaram-se 34 óbitos, e dois óbitos na província de Niassa.Mas verifica-se uma ligação directa entre estas mortes e o consumo de água contaminada?Sim, como se sabe um dos principais determinantes sociais de saúde é justamente o acesso a água potável e o saneamento básico. Dois factores que têm estado em causa nas nossas avaliações, principalmente na zona Norte do país e nas regiões mais populosas.Por outro lado, continuamos a ter mitos e tabus sobre alguns produtos para purificação da água. E grande parte da população moçambicana simplesmente não tem condições para comprar água purificada ou galões, nem água mineral.Como é que fazem os cidadãos que, por falta de recursos, não têm outra opção a não ser beber a água supostamente potável mas contaminada? Alguns explicam que fervem a água antes de a consumir apra eliminar quaisquer vectores de transmissão de doenças? Bom, esta é uma situação que muitas comunidades têm adoptado. Mas é um recurso que é utilizado na ausência do compromisso e da responsabilidade do Governo. Tem que haver uma melhor coordenação com o Ministério das Obras Públicas, responsável pelas infraestruturas, e os municípios. A garantia de saneamento básico vai condicionar as questões de doenças que surgem, principalmente na época chuvosa.Qual é o impacto da época chuvosa na qualidade da água para consumo? Na época chuvosa surgem várias nuances ligadas a doenças de origem hídrica. Em Moçambique a questão da garantia do saneamento básico e acesso a água potável ainda não é uma realidade. Temos regiões como Tete, por exemplo, por causa das indústrias que existem lá, os solos tornam-se sensíveis para a criação de bactérias. Tal como a presença de produtos químicos nos subsolos dessas áreas onde se faz exploração de minérios?Exatamente. Este também é um factor de risco quando falamos em doenças de origem hídrica. A cólera é ainda um grande desafio em Moçambique. A diarreia também continua a ser um grande desafio.E continuamos a ter uma estratégia multissetorial governamental a falhar. Falta coordenação entre os vários sectores do Governo. É preciso que haja uma maior responsabilidade na supervisão da qualidade da água. Porque aumenta o número de casos de cólera, de diarreia, mas também o número de óbitos.Significa que os serviços públicos estão a negligenciar a saúde de milhares dos seus cidadãos? Faltam técnicos qualificados, faltam investimentos, o que seria necessário?Bom, é um conjunto de factores que vão explicar todos, todos essas problemáticas. Por exemplo, a expansão da infraestruturas não é acompanhada de qualidade. E essa falta de qualidade enfraquece as questões ligadas à saúde pública.Enquanto isto acontecer, o sector da saúde vai sentir-se cada vez mais pressionado e despender de recursos que podiam ser utilizados para resolver outros desafios urgentes, como é o caso da desnutrição crónica infantil.Estes testes laboratoriais, uma vez mais, mostraram a falta de compromisso, a negligência das autoridades reguladoras, que continuam a fornecer água sem qualidade. E acima de tudo, assistimos à violação de um direito humano fundamental que é o acesso à água potável.O relatório recorda que as doenças relacionadas com a água não-portável matam mais de 3 milhões de pessoas por ano no mundo...Exactamente. Isso mostra, uma vez mais, que é o momento do nosso Governo levar estas questões muito a sério, porque está a criar situações de óbito a nível do país. E é importante perceber que enquanto isto acontecer no médio e longo prazo, a situação de consumo de água imprópria pode criar outros danos e problemas, outros problemas de saúde. Este relatório chegou às mãos de algum decisor político? Foi feita alguma denúncia junto das autoridades? As autoridades reagiram a estes dados?Os nossos relatórios são lidos e analisados pelo Governo. Inclusive, marcámos um encontro com autoridades governamentais que lidam com a questão do fornecimento de água e colocaram algumas algumas questões sob o ponto de vista da resolução destas destas problemáticas. Porque, na verdade, o que nós queremos fazer é influenciar o Governo no processo decisório e o processo decisório tem que estar directamente ligado à salvaguarda dos direitos humanos. E esta é, no final, a nossa intenção influenciar o governo a tomar boas medidas, boas práticas no contexto da governação.E houve até agora, alguma reacção por parte do Governo, ou seja, de dizerem, por exemplo, que vão tomar medidas para tentar remediar a situação?Nós percebemos que enquanto não formos os "watch dogs" a fazer a nossa advocacia sobre as problemáticas existentes, as autoridades governamentais nunca vão reagir.Portanto, a intervenção da sociedade civil do Observatório foi muito importante, e suscitou a marcação deste encontro para podermos dialogar e mostrar que caminhos estas autoridades podem ou devem seguir para que, de facto, as comunidades tenham água potável, tratada e segura.

Semana em África
Luanda à espera das “negociações directas” entre RDC e M23

Semana em África

Play Episode Listen Later Mar 14, 2025 8:39


Esta semana ficou marcada pelo anúncio das “negociações directas” entre a República Democrática do Congo e o M23 que vão decorrer em Luanda, a 18 de Março. Destaque, também, para a retenção, no aeroporto da capital angolana, do político Venâncio Mondlane e de ex-Presidentes da Colômbia e do Botsuana quando se preparavam para participar numa conferência internacional sobre democracia em Benguela. Oiça aqui o resumo da semana em África. A Presidência angolana anunciou que vai acolher no dia 18 de Março, em Luanda, “negociações directas” entre as autoridades da vizinha República Democrática do Congo e o M23, no âmbito da mediação de Angola do conflito no leste da RDC. A iniciativa foi feita após uma visita do Presidente Félix Tshisekedi, que se encontrou na segunda-feira em Luanda com o seu homólogo angolano, João Lourenço.Entretanto, a SADC decidiu retirar do Leste da RDC a sua força de 1.400 soldados, após vários ataques terem causado duras baixas no contingente que deveria ajudar a manter a paz na região. Para Osvaldo Mboco, especialista em Relações Internacionais ligado à Universidade Técnica de Angola, esta retirada não é surpreendente, já que os combates com o M23 levaram à morte de muitos soldados e que o Ruanda se opunha à presença desta missão na região.Esta quinta-feira, o ex-candidato presidencial de Moçambique, Venâncio Mondlane, e os ex-Presidentes da Colômbia e do Botsuana ficaram retidos no aeroporto 04 de Fevereiro, em Luanda, quando se preparavam para participar numa conferência internacional sobre democracia em Benguela, entre esta sexta-feira e domingo. A UNITA, maior partido da oposição angolana, também participa e condenou o ocorrido. Álvaro Daniel, secretário-geral da UNITA, denunciou “uma tendência velada de sabotar o evento”.A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique aplicou, na terça-feira, a medida de termo de identidade e residência a Venâncio Mondlane, num processo em que o político é acusado de incitação à violência nas manifestações pós-eleitorais, o que o impede de ficar mais de cinco dias fora de casa, devendo avisar as autoridades. À saída da audiência, Mondlane garantiu que vai continuar a actividade política normal e disse que continua sem saber de que crime é acusado. Entretanto, foi noticiado que a Polícia de Moçambique deteve, na quarta-feira, a responsável das finanças de Venâncio Mondlane. Também esta semana, o activista social Wilker Dias, diretor da Plataforma Decide, apresentou uma queixa-crime contra o ex-comandante geral da polícia e o antigo ministro do Interior de Moçambique, responsabilizando-os pelas mortes nos protestos pós-eleitorais. Desde Outubro, pelo menos 353 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, de acordo com a Plataforma Decide.Ainda em Moçambique, no início da semana, o ciclone tropical Jude deixou um rasto de destruição e pelo menos 14 mortos. O ciclone afectou as províncias da Zambézia, Nampula, Niassa e Cabo Delgado, no norte, assim como Tete e Manica, no centro.Em Angola, começou esta segunda-feira, em Luanda, o julgamento dos generais Leopoldino Fragoso do Nascimento "Dino" e Hélder Vieira Dias "Kopelipa", personalidades ligadas ao antigo Presidente José Eduardo dos Santos. Eles são acusados da prática de vários crimes, entre eles tráfico de influências e branqueamento de capitais.Cabo Verde e Angola vão reforçar a cooperação cultural, nomeadamente na tentativa de recuperação do acervo cultural. A informação foi comunicada por Filipe Zau, ministro angolano da Cultura, que esteve no arquipélago esta semana. Outra visita a Cabo Verde foi a de Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil. Do encontro, ficou a proposta de Cabo Verde vir a ser a plataforma de comércio brasileiro na Africa Ocidental. Ainda em Cabo Verde, a presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública, Maria da Luz Lima, anunciou, que desde 28 de Janeiro não existem casos de dengue na capital e que está a ser preparada uma proposta para declarar o fim da epidemia.Por outro lado, esta quinta-feira, a Comissão Europeia anunciou um pacote de investimentos de 4,7 mil milhões de euros para a África do Sul, para projectos que apoiam a transição energética e para a produção local de vacinas. O anúncio foi feito na sessão plenária da cimeira entre a União Europeia e a África do Sul, que decorreu na Cidade do Cabo. A África do Sul é o maior parceiro comercial da UE na África subsaariana e  assume, desde Dezembro e até Novembro, a presidência rotativa do G20, o grupo que reúne as maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana.

LA LLAVE RADIO La Voz de los Sin Voz de Guinea Ecuatorial
 Josina Muthemba Machel   La Heroína PanAfricana, héroina mozambiqueña

LA LLAVE RADIO La Voz de los Sin Voz de Guinea Ecuatorial

Play Episode Listen Later Mar 11, 2025 48:34


         Josina Muthemba Machel La Heroína Pan africana, héroina mozambiqueña  Hoy es miércoles y toca #LALLAVE. Escúchanos en nuestros canales de YouTube y Spotify:  https://youtu.be/MofH1AxgAWUEn el programa de hoy hablaremos del papel de la mujer africana en la liberación y transformación de la sociedad africana  Josina Muthemba Machel "Heroína de la lucha por la liberación nacional mozambiqueña, promovió la emancipación de la mujer africana, convirtiéndose en un icono de la lucha revolucionaria.Esta heroína de la lucha por la liberación nacional mozambiqueña, nació con el nombre de Josina Abiatar Muthemba en el seno de una familia de tradición patriótica y activa en la lucha contra el colonialismo portugués.Promovió la emancipación de la mujer africana, convirtiéndose en una icono. Además luchó en la guerra de la independencia como guerrillera, creó orfanatos y viajó por todo el país concienciando a las mujeres de su papel activo en la guerra.Josina desarrolló un papel fundamental en la lucha armada cuando en 1966 el Comité Central del Partido para la Liberación de Mozambique (FRELIMO) decidió que las mujeres mozambiqueñas tenían que participar de forma activa a la lucha para la liberación. En 1967 empezó el entrenamiento para las mujeres en las provincias de Cabo Delgado y de Niassa, en el norte de Mozambique. Como miembro del Destacamento Femenino fue nombrada Jefa de la Sección de la Mujer en el Departamento de Asuntos Exteriores del FRELIMO."  Cómo siempre con Música:-  NKD Mocambique -   Liloca -   FRELIMO

Ciência
"Terras raras são essenciais para as tecnologias"

Ciência

Play Episode Listen Later Mar 4, 2025 8:46


O Presidente ucraniano afirmou que Ucrânia está pronta para assinar acordo de terras raras com os EUA. A expectativa era de que Volodymyr Zelensky assinasse o acordo na semana passada, quando esteve em Washington. As terras raras ucranianas, essenciais para várias indústrias, encontram-se em áreas controladas pelas forças russas, dificultando a exploração de recursos, explica o geólogo moçambicano e professor na UniLucungo, na Beira, Ubaldo Gemusse. RFI: O que são terras raras e por que é que são tão importantes?Ubaldo Gemusse: As Terras Raras são um conjunto de 16 elementos químicos. Nós aprendemos na química que existem alguns elementos que são considerados raros não pela sua ocorrência, mas pela fraca abundância em determinado território. A Ucrânia e a Rússia têm o privilégio de conter esses recursos geológicos, que são raros e têm uma importância muito vasta nas tecnologias, por exemplo, na fabricação de baterias e em carros eléctricos. São considerados raros pela sua fraca abundância na natureza.Há terras raras em África?Temos em Moçambique, no Zimbábue, na África do Sul, no Congo. Temos muito desse recurso raro, principalmente em Moçambique, por exemplo, no norte e centro do país, como a Zambézia, Nampula, Cabo Delgado e Niassa. Encontramos os elementos de terras raras, encontramos as terras raras nesses locais.Está a falar de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, onde existe um conflito armado desde 2017. Está a falar de terras raras na Ucrânia, ocupadas pela Rússia. Estava a referir também que há terras raras na RDC, onde existe também um conflito há muitos anos. Existe uma associação entre os sítios onde há terras raras e a presença de conflitos?Sim. Começando por Moçambique, no norte, por exemplo, temos uma das maiores ocorrências de grafite, outro recurso importante em África. Em Cabo Delgado, temos em Palma e são dois distritos onde existem grandes concessões para explorar esses recursos. No caso do grafite, ele é um recurso actualmente utilizado em tecnologias ou em nanotecnologias. Isso faz com que as grandes potências procurem esse recurso. Sendo Moçambique um país mais vulnerável, facilmente podemos ser corrompidos e entregar, como se fosse, o ouro ao bandido.O mesmo acontece com a Ucrânia. A Ucrânia também possui outros recursos além do grafite, como o lítio, que é extremamente raro. Sabemos que na Ucrânia há algumas argilas que contêm lítio, e não são muitos os locais que possuem lítio. O lítio actualmente é utilizado na fabricação de baterias. Mas além do lítio e do grafite, sabemos que desses 17 elementos que compõem as terras raras, estão o itérbio, o neodímio, o cério e o samário, encontrados em diversos minerais raros. Concretamente, esses elementos são mais frequentes na Ucrânia, na Rússia e um pouco em Moçambique.É possível extrair minerais raros em zonas de conflito, quais são os maiores desafios geográficos?Sim, é possível. E muitas vezes, a extracção desses recursos é feita a partir de grandes concessões. Por exemplo, a nossa lei em Moçambique, o nosso regulamento mineiro, determina que todo recurso táctico deve ser gerido a partir da concessão mineira. Para se obter uma concessão mineira é necessário ter capacidade financeira. Muitas vezes, os conflitos acontecem próximos ao local de exploração. Existem também alguns aspectos geopolíticos. As grandes potências, ou os financiadores, controlam os depósitos minerais. Quando se tratam de minerais estratégicos, elas controlam esses recursos e subsidiam algum valor à população local, ao governo. No caso de Moçambique, por exemplo, sendo um país pobre, o risco é maior para quem venha explorar. Portanto, o governo e a população saem a perder. Quando existem essas situações, não é muito aconselhável.Há impactos na exploração de recursos naturais sobre o meio ambiente e as populações locais?Há impactos. Geralmente, quando se fala de exploração mineira em Moçambique, primeiro é necessário adquirir o título de concessão mineira. Depois de obter a concessão, só se pode explorar a área se se tiver a licença ambiental. Essa licença exige um processo que começa com a instrução do processo. Nesse caso, a base do processo é fazer uma consulta pública à comunidade, informando as partes interessadas sobre as fases da exploração do recurso, desde a fase de instalação. Se formos pegar a nossa lei em Moçambique, o Decreto 54 sobre o Ambiente, a primeira fase é a licença de instalação, ou provisória, que permite o acesso ao local. Depois, há a licença de exploração ou operação desse recurso. Desde o início até o fim, no processo de legalização ambiental e da exploração mineral, as pessoas vão entender que ali haverá uma exploração. Muitas vezes, as empresas que vêm para explorar trazem grandes investimentos, como milhões de dólares ou euros, por exemplo. Existe uma responsabilidade social que elas têm para com a comunidade local. Algumas cumprem, mas na maior parte das vezes é complicado. Há falta de fiscalização local. No entanto, algumas empresas em Moçambique, por exemplo, têm responsabilidade social. Quando falamos de terras raras, não é apenas uma questão local, mas uma dependência global.Existem países que dominam esse monopólio. Falo, por exemplo, da China. Se fizermos uma pesquisa sobre quem é o maior produtor e exportador, perceberemos que a China lidera, seguida pelos Estados Unidos, pela Rússia e pela União Europeia. Já fiz algumas pesquisas sobre o lítio e, no passado, quando estava a fazer a minha tese, percebi que, por exemplo, nos Estados Unidos, nos anos 80 e 90, já tinham uma noção sobre os depósitos de lítio. Consideravam o lítio um elemento estratégico, mas nunca divulgaram as suas reservas. Sabemos que, por exemplo, em Portugal, há grandes reservas de lítio, e sabemos qual é a quantidade. Mas nos Estados Unidos e na China, essas informações dificilmente são divulgadas. Isso cria uma dependência de informação. O interessante é que, actualmente, a China é a maior produtora e exploradora do mundo.Portanto, a China tem o monopólio?Sim, tem o monopólio. A China dita o preço, o custo e a venda desses recursos a nível global. São esses os aspectos que vemos em relação à dependência desses recursos. Se formos pesquisar as matérias-primas utilizadas nos armamentos, perceberemos que as terras raras são essenciais para a fabricação das tecnologias militares mais recentes. A guerra é essa.Daí a importância e a procura das terras raras?Exactamente. Por exemplo, actualmente enfrentamos problemas com as mudanças climáticas. Alguns países já estão conscientes de que, em poucos anos, os carros movidos a combustíveis fósseis, como o petróleo, vão deixar de circular. A tendência é para carros elétricos. De onde vem essa matéria-prima? Deve haver uma fonte e essa fonte são as terras raras, como o lítio, o neodímio, a grafite, entre outros. Esses são os elementos que estão em alta.

Convidado
Desmantelamento da USAID: "África vai ter que se reinventar em termos de busca de financiamento"

Convidado

Play Episode Listen Later Feb 7, 2025 11:28


A decisão da administração Trump de sair de algumas instituições internacionais como a Organização Mundial da Saúde ou suspender por três meses o apoio fornecido pela sua agência de cooperação, a USAID, com excepção dos programas alimentares, tem estado a gerar um clima de grande incerteza em África, designadamente em Moçambique, país que depende em larga medida do apoio dos Estados Unidos. De acordo com os últimos dados disponíveis, Moçambique foi o país lusófono que mais recebeu a ajuda da USAID em 2023, o envelope tendo ascendido a mais de 664 milhões de Dólares para diversas áreas, apoio humanitário e agricultura em Cabo Delgado, Direitos Humanos, desenvolvimento, orçamento do Estado, e sobretudo o pelouro da saúde.Para evocar as consequências imediatas em Moçambique da decisão de Trump, a RFI falou com dois membros activos da sociedade civil, nomeadamente Ben Hur Cavelane, consultor independente para a área das finanças públicas, que dá conta de uma situação globalmente difícil."A ajuda da USAID para Moçambique é de capital importância. Tanto é que quando houve pronunciamento por parte do governo americano, acabou mexendo com a parte política, mas também com a parte social, porque grande parte da ajuda que Moçambique recebe através dessa Agência de desenvolvimento vai para sectores sociais, como, por exemplo, para o lado da saúde. Uma parte dos programas do sector da saúde são financiados pelos programas da USAID, mas não só. Temos também alguns programas de capacitação institucional e boa governação que também beneficiavam desse tipo de ajuda. Hoje muitos projectos estão parados, grande parte nas províncias que precisam de facto desse tipo de financiamento, falo concretamente das províncias de Cabo Delgado onde temos a situação de insurgência, temos a situação de pessoas que estão deslocadas. Tem a província de Nampula, que também precisa deste tipo de apoio. Temos os centros de refugiados que na sua maioria, têm-se beneficiado da ajuda da agência de desenvolvimento norte-americana e isso tem estado a comprometer aquilo que são os programas das grandes organizações locais, mas também mesmo das organizações que recebem directamente ajuda para implementar alguns programas a nível nacional", refere Ben Hur Cavelane."Na semana em que o governo norte-americano apareceu a fazer o pronunciamento, o que aconteceu é que o próprio governo (moçambicano) apareceu a explicar que iria fazer uma grande ginástica para obter financiamento para investir nesses projectos que já tinham sido aprovados, que era para implementar neste ano de 2025. Eu recordo-me de ter falado com alguns colegas que trabalham num projecto em Cabo Delgado, mas também em Niassa, para o desenvolvimento de algumas instituições, de alguns governos municipais. Estes programas vão parar por causa deste pronunciamento do governo americano. Então eu penso que de alguma forma, não só Moçambique, mas África vai ter que se reinventar em termos de busca de financiamento para implementação de alguns programas que são de carácter importante para aquilo que é o desenvolvimento dos países africanos, em particular para Moçambique", considera ainda este especialista da área das finanças públicas.Capacidade de reinvenção e resiliência, será difícil encontrar sem financiamentos. Na semana passada, a chefe do governo moçambicano, Maria Benvinda Levi, reconheceu que o pelouro da saúde é aquele que poderia ser o mais afectado pela suspensão do apoio americano. “É um grande desafio porque o apoio dos Estados Unidos é um apoio extremamente importante, particularmente nas áreas sociais. Então, nós teremos que ver, com os nossos recursos, como é que podemos redirecionar alguns recursos para essas áreas, para que elas não fiquem sem nenhuma estrutura de desenvolverem as suas actividades”, disse a primeira-ministra.Também nitidamente preocupado está Jorge Matine, director do IPAS, entidade que actua na área da saúde."A primeira das consequências concretas é que para um país como Moçambique, que tem uma grande dependência da ajuda e que dessa dependência da ajuda, os Estados Unidos têm um papel fundamental, por assim dizer, que quase cobre mais de 60% da ajuda para o sector de saúde, em particular em áreas fundamentais como a área de recursos humanos, pagamento de salários do pessoal sanitário, a área de medicamentos para grandes doenças em Moçambique estamos a falar de HIV, tuberculose, também tem fundos para desnutrição, tem fundos também para o planeamento familiar. Então, o impacto é enorme em termos desses serviços. Neste momento estão a oferecer serviços essenciais. Porque na primeira semana, todas as actividades financeiras ficaram congeladas. Depois disso, o governo americano disse que poderiam ser usados fundos só para respostas essenciais, só de medicamentos e tratamentos. Mas não é possível. Para poder dar um medicamento ao paciente, precisa poder fazer consultas laboratoriais, precisa de ter observação médica, precisa, por exemplo, de ter acompanhamento, precisa de internamento. Então, tudo isso é para dizer que só vai fazer o tratamento. É muito difícil prever que esse serviço vai funcionar em pleno. Então, o impacto neste momento é o impacto, por assim dizer, dos serviços essenciais. É um sistema que poderá colapsar se não se fizer nada nos próximos dias", alerta Jorge Matine.Questionado acerca das advertências que têm surgido a nível internacional sobre o risco de muitas pessoas morrerem devido à falta do apoio financiado pelos Estados Unidos, o activista social diz que isto é "uma realidade muito concreta neste momento" em Moçambique. "As organizações ou sistemas de saúde ainda estão a funcionar com reservas de segurança. Normalmente, os países compram medicamentos, fazem uma reserva de dois meses, três meses, mas ninguém neste momento é capaz de dizer o que vai acontecer daqui a dois meses", diz Jorge Matine ao salientar que "Moçambique, neste momento, não tem capacidade para prescindir" da ajuda americana."Moçambique tem mais de 3 milhões de doentes em tratamento. Então, isto tem um impacto enorme. O segundo impacto é que o governo não tem capacidade de, por exemplo, de repor ou substituir os fundos que vinham dos Estados Unidos, como também os outros parceiros, como o Canadá e outros que são parceiros fundamentais, não têm a capacidade, no curto espaço de tempo, de mobilizar fundos adicionais para que possam substituir os fundos do governo americano. Então, nos próximos três meses, o que vai acontecer? Penso que o governo vai tentar fazer, por enquanto, o que é o mais essencial e repor o stock de medicamentos. As prioridades são enormes, então não vai conseguir cobrir todas as prioridades. E neste momento não há nenhum parceiro que pode num curto espaço de tempo mobilizar os recursos essenciais. Sabendo que os Estados Unidos não só financiam a instituições globais como a Organização Mundial de Saúde, mas também financia, por exemplo, o Fundo Global, vamos ter um impacto que tem dimensões, neste momento, incalculáveis", conclui Jorge Matine.No mesmo sentido, Ben Hur Cavelane, considera que os próximos tempos vão ser difíceis em termos de orçamento, tanto para o governo moçambicano como para as próprias organizações da sociedade civil que contam com o apoio directo ou indirecto dos Estados Unidos."Moçambique está a atravessar uma fase bastante complicada, que é de uma crise política em que está a entrar um novo governo. Embora o actual ministro nomeado para a pasta da Saúde seja alguém que já conhece a casa, a verdade, porém, é que sem alguns fundos não tem como avançar. Os cofres do Estado moçambicano também estão quase sem nenhum dinheiro. E vamos entrar para a discussão da aprovação do Orçamento do Estado para este ano de 2025. É preciso ir buscar outras fontes para ver se financiamos o Orçamento do Estado. Grande parte da ajuda do governo norte-americano ia também para a capacitação institucional, que é para o Ministério da Saúde. Também teremos um grande problema dentro do próprio Ministério da Saúde, onde vamos ver uma reinvenção daquilo que é o plano para este ano de 2025. Mas não só. Se esta situação do governo americano prevalecer", refere o consultor para a área das finanças públicas.Recorde-se que praticamente depois de regressar à Casa Branca, o Presidente americano Donald Trump anunciou a intenção de fazer sair o seu país de uma série de instituições internacionais, nomeadamente da Organização Mundial da Saúde, de que os Estados Unidos é o principal financiador público. A administração Trump também anunciou a suspensão da sua agência de apoio e cooperação, a USAID, por um período de três meses.Esta agência que tem sido o maior doador individual do mundo, com um envelope que ascendeu a 72 mil milhões de Dólares em 2023, fornece assistência em cerca de 120 países, em sectores que vão desde a saúde das mulheres em zonas de conflito até ao acesso a água limpa, tratamentos para o HIV/SIDA ou segurança energética, está a ser desmantelada. No sábado passado, foi suprimido o conteúdo da página internet da agência que foi substituída por uma nota informativa mínima indicando apenas que, nesta sexta-feira, o executivo de Trump iria começar formalmente a implementar despedimentos massivos. O objectivo deste plano é fazer passar os actuais 10 mil funcionários desta agência a cerca de 600. De acordo com uma notícia publicada hoje pelo New York Times, 800 programas e contratos administrados pela agência foram igualmente cancelados.Dois sindicatos que representam os funcionários da USAID lançaram uma acção judicial para obter uma ordem de restrição e travar os despedimentos, argumentando que o desmantelamento da USAID não pode ser feito sem a aprovação do Congresso.O Presidente Trump, bem como o responsável pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), o magnata das tecnologias Elon Musk, têm incessantemente criticado a USAID em termos muito duros. Elon Musk chegou a chamar a USAID de "ninho de víboras de marxistas que odeiam a América" e Donald Trump que qualifica os responsáveis dessa entidade de "bando de loucos radicais", disse ainda hoje na sua rede 'Truth Social' que  "a corrupção (na USAID) está em níveis nunca vistos. Temos que acabar com ela".

Habari za UN
Waathirika wa kimbunga Chido: Asante UNHCR kwa kutotusahu lakini mahitaji ni makubwa

Habari za UN

Play Episode Listen Later Jan 10, 2025 2:19


Shirika la Umoja wa Mataifa la kuhudumia wakimbizi UNHCR linaendelea kusambaza msaada wa kibinadamu ili kurejesha matumaini ya waathirika wa kimbunga Chido kilichotokea tarehe 15 Desemba mwaka jana nchini Msumbiji na kuziacha taabani jamii za majimbo ya Cabo Delgado, Nampula na Niassa. Flora Nducha na taarifa zaidi.

Habari za UN
10 JANUARI 2025

Habari za UN

Play Episode Listen Later Jan 10, 2025 9:59


Hii leo jaridani tunaangazia moto wa nyika mjini California Marekani, na waathirika wa kimbunga Chido nchini Msumbiji. Makala tunasikia kijana Paul Siniga kutoka Tanzania na mashinani tunakupeleka nchini Kenya, kulikoni?Shirika la Umoja wa Mataifa la hali ya hewa duniani (WMO) leo hii likiwa limeutangaza mwaka jana 2024 kuwa mwaka uliokuwa na joto zaidi kuwahi kurekodiwa, leo pia WMO imeendelea kusisitiza umuhimu wa tahadhari za mapema kuhusu majanga ya tabianchi ili kuokoa maisha ya watu. WMO imeeleza kwamba tahadhari za mapema zilizotolewa na Idara ya Hali ya Hewa ya Taifa la Marekani  zimesaidia kwa kiasi fulani kuokoa maisha ya watu katika moto wa nyika uliosambaa na kuteketeza maeneo makubwa mji wa Los Angels katika jimbo la California.Shirika la Umoja wa Mataifa la kuhudumia wakimbizi UNHCR linaendelea kusambaza msaada wa kibinadamu ili kurejesha matumaini ya waathirika wa kimbunga Chido kilichotokea tarehe 15 Desemba mwaka jana nchini Msumbiji na kuziacha taabani jamii za majimbo ya Cabo Delgado, Nampula na Niassa.Katika makala Assumpta Massoi wa Idhaa hii ya Kiswahili ya Umoja wa Mataifa anazungumza na kijana Paul Siniga kutoka Tanzania ili kufahamu safari yake hadi kuweza kufika makao makuu ya Umoja wa MAtaifa, New York, Marekani.Na mashinani Nur Bashir kutoka jamii ya wfugaji katika kaunti ya Turkana nchini Kenya ambaye kupitia video ya Shirika la Umoja wa Mataifa la Uhamiaji anaeleza jinsi jamii zake zinavyoathiriwa na mabadiliko ya tabianchi.Mwenyeji wako ni Anold Kayanda, karibu!  

Semana em África
Norte de Moçambique devastado por ciclone Chido

Semana em África

Play Episode Listen Later Dec 20, 2024 7:59


Sejam bem-vindos a mais uma Semana em África. A actualidade desta semana ficou marcada pela passagem do ciclone Chido por Moçambique, que deixou mais de 70 mortos e pelo menos 600 feridos nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa, no norte do país. O ministro moçambicano da Indústria e Comércio, Silvino Moreno garantiu que o executivo está a trabalhar para providenciar ajuda às vítimas, garantindo que o governo conta com a solidariedade internacional. O distrito de Mecúfi, na província de Cabo Delgado, ponto de entrada deste ciclone em Moçambique, ficou irreconhecivel. Hélia Seda, gestora de projectos da ONG Helpo em Mecufi, diz que 100% da população do distrito ficou afectada e que ali falta tudo.No Malawi, as autoridades também dão conta de perto de duas dezenas de vítimas mortais devido à passagem do cilone Chido.Em Angola, o MPLA, partido no poder, reuniu até esta terça-feira o seu Congresso e, posteriormente, o Comité central, apostado no rejuvenescimento dos seus órgãos. Doravante o presidente do partido, e chefe de Estado cessante, João Lourenço, vai poder manter-se na liderança dessa força política.Angola registou também, esta semana, um novo caso de Mpox, na província do Uíge, no norte do país. Este é o primeiro caso fora da capital. As autoridades reforçaram, por isso, um plano de contingência junto à fronteira com a República Democrática do Congo.Na Guiné-Bisau, para o jurista e analista político guineense François Dias, não há dúvidas de que o fim do mandato presidencial de Umaro Sissoco Embalo é 27 de fevereiro próximo. Isto acontece numa altura em que o país vive uma crise política, que se aguzidou pelo facto do Presidente ter decidido dissolver o parlamento no passado mês de dezembro e formar um executivo de iniciativa presidencial.Recorde-se ainda que Umaro Sissoco Embaló decidiu adiar as legislativas que estavam marcadas para 24 de novembro. Entretanto, ainda não anunciou nova data, mas a oposição pede eleições presidenciais.

Revue de presse Afrique
À la Une: après Mayotte, le Mozambique également touché par le passage du cyclone Chido

Revue de presse Afrique

Play Episode Listen Later Dec 18, 2024 3:57


Images de désolation sur le site du quotidien mozambicain Noticias après le passage du cyclone Chido. Toits envolés, arbres déracinés, débris dispersés… Dernier bilan, pointe le journal : « au moins 34 morts, au moins 319 blessés et plus de 34 000 familles touchées. Compte tenu de la gravité du phénomène, des brigades de secours et des officiels se rendront ce mercredi dans les zones touchées par la catastrophe en vue d'évaluer les dégâts et d'apporter tout le soutien nécessaire à la population ».D'après le site de la télévision mozambicaine, TVM, « plus de 400 000 habitants du district d'Eráti, dans la province de Nampula, risquent de souffrir de la faim dans les prochains jours, en raison du passage du cyclone Chido, qui a détruit une partie des excédents agricoles. Alors que la zone est toujours dans l'obscurité, le gouvernement appelle à une surveillance accrue, car il est à craindre que la situation encourage l'entrée de terroristes, affirme TVM, compte tenu de la proximité de ce point avec la province de Cabo Delgado ». Cette province du nord du pays est en effet en proie à une insurrection djihadiste, le groupe Ansar Al-Sunna, affilié à l'État islamique.Appel à la solidarité internationaleLe site panafricain Afrik.com précise que les trois provinces les plus touchées sont  « Cabo Delgado, donc, Nampula et Niassa. Les vents violents ont soufflé jusqu'à 260 km/h. (…) Face à l'ampleur de la catastrophe, les autorités mozambicaines ont lancé un appel à la solidarité internationale. Les besoins sont immenses : abris, nourriture, médicaments, eau potable… La communauté internationale est appelée à se mobiliser pour venir en aide aux populations sinistrées. »Afrik.com qui rappelle aussi « qu'avant de frapper le Mozambique, le cyclone Chido a ravagé l'archipel français de Mayotte. Les autorités redoutent un bilan humain très lourd, évoquant même la possibilité de “plusieurs centaines“, voire de “milliers“ de morts. Chido est le cyclone le plus intense qu'ait connu Mayotte depuis 90 ans ».Indifférence…Mais « contrairement à Mayotte, au centre de toutes les attentions des autorités et des médias français, le Mozambique, pratiquement personne n'en parle ». C'est du moins ce que relève Ledjely en Guinée. « Accueillie avec un certain fatalisme, la catastrophe est même reléguée au second plan par la crise post-électorale, qui a éclaté en octobre dernier avec la contestation de l'élection de Daniel Chapo par Venancio Mondlane. Même si ce dernier a annoncé une pause de quelques jours pour rendre hommage aux victimes de l'ouragan. Aucune communication non plus de la part des instances sous-régionales et panafricaines, déplore encore le site guinéen. Ce sont les organisations humanitaires, dont l'Unicef, ​​qui se mobilisent pour attirer l'attention du monde sur ce qui s'y passe et sur les risques sanitaires qui pourraient en découler. Une indifférence qui n'est pas sans rappeler le manque de mobilisation de nos États face aux enjeux liés au changement climatique, s'agace Ledjely. En effet, alors que des catastrophes comme Chido aujourd'hui et Freddy, l'année dernière, nous rappellent l'urgence de la mobilisation, force est de constater que les États africains traînent les pieds face au changement climatique. Très souvent, c'est la société civile africaine qui est sur ce front ».Maillon faible…Le quotidien Aujourd'hui au Burkina Faso revient sur la situation à Mayotte. « Ce bout d'Afrique frappé par l'ouragan Chido, perdu au milieu de la mer, (…) où les inégalités et les retards de développement sont prégnants ! (…) Mayotte est le maillon faible de ces (lointains) territoires français, estime le quotidien ouagalais, et Chido n'a fait que mettre en exergue l'écart abyssal qui existe entre la vie à Mayotte et en France hexagonale ! (…) Excepté le passeport français de ces Mahorais, dont le tiers vient des Comores, qu'est-ce qui les distingue face à Chido à un bout d'Afrique ? Pas grand-chose, répond Aujourd'hui, et ce qui fait enrager les habitants de cette île, c'est qu'ils se rendent compte qu'ils sont bien Français, sur le papier, mais qu'ils n'ont en réalité rien à voir avec un Français de Paris, Nantes ou Bordeaux ! Chido s'ajoute aux malheurs d'un territoire encombrant pour la France métropolitaine, où les problèmes politiques se greffent à d'autres, économiques, liés au pouvoir d'achat, à la sécurité et à l'immigration ».

Revue de presse Afrique
À la Une: après Mayotte, le Mozambique également touché par le passage du cyclone Chido

Revue de presse Afrique

Play Episode Listen Later Dec 18, 2024 3:57


Images de désolation sur le site du quotidien mozambicain Noticias après le passage du cyclone Chido. Toits envolés, arbres déracinés, débris dispersés… Dernier bilan, pointe le journal : « au moins 34 morts, au moins 319 blessés et plus de 34 000 familles touchées. Compte tenu de la gravité du phénomène, des brigades de secours et des officiels se rendront ce mercredi dans les zones touchées par la catastrophe en vue d'évaluer les dégâts et d'apporter tout le soutien nécessaire à la population ».D'après le site de la télévision mozambicaine, TVM, « plus de 400 000 habitants du district d'Eráti, dans la province de Nampula, risquent de souffrir de la faim dans les prochains jours, en raison du passage du cyclone Chido, qui a détruit une partie des excédents agricoles. Alors que la zone est toujours dans l'obscurité, le gouvernement appelle à une surveillance accrue, car il est à craindre que la situation encourage l'entrée de terroristes, affirme TVM, compte tenu de la proximité de ce point avec la province de Cabo Delgado ». Cette province du nord du pays est en effet en proie à une insurrection djihadiste, le groupe Ansar Al-Sunna, affilié à l'État islamique.Appel à la solidarité internationaleLe site panafricain Afrik.com précise que les trois provinces les plus touchées sont  « Cabo Delgado, donc, Nampula et Niassa. Les vents violents ont soufflé jusqu'à 260 km/h. (…) Face à l'ampleur de la catastrophe, les autorités mozambicaines ont lancé un appel à la solidarité internationale. Les besoins sont immenses : abris, nourriture, médicaments, eau potable… La communauté internationale est appelée à se mobiliser pour venir en aide aux populations sinistrées. »Afrik.com qui rappelle aussi « qu'avant de frapper le Mozambique, le cyclone Chido a ravagé l'archipel français de Mayotte. Les autorités redoutent un bilan humain très lourd, évoquant même la possibilité de “plusieurs centaines“, voire de “milliers“ de morts. Chido est le cyclone le plus intense qu'ait connu Mayotte depuis 90 ans ».Indifférence…Mais « contrairement à Mayotte, au centre de toutes les attentions des autorités et des médias français, le Mozambique, pratiquement personne n'en parle ». C'est du moins ce que relève Ledjely en Guinée. « Accueillie avec un certain fatalisme, la catastrophe est même reléguée au second plan par la crise post-électorale, qui a éclaté en octobre dernier avec la contestation de l'élection de Daniel Chapo par Venancio Mondlane. Même si ce dernier a annoncé une pause de quelques jours pour rendre hommage aux victimes de l'ouragan. Aucune communication non plus de la part des instances sous-régionales et panafricaines, déplore encore le site guinéen. Ce sont les organisations humanitaires, dont l'Unicef, ​​qui se mobilisent pour attirer l'attention du monde sur ce qui s'y passe et sur les risques sanitaires qui pourraient en découler. Une indifférence qui n'est pas sans rappeler le manque de mobilisation de nos États face aux enjeux liés au changement climatique, s'agace Ledjely. En effet, alors que des catastrophes comme Chido aujourd'hui et Freddy, l'année dernière, nous rappellent l'urgence de la mobilisation, force est de constater que les États africains traînent les pieds face au changement climatique. Très souvent, c'est la société civile africaine qui est sur ce front ».Maillon faible…Le quotidien Aujourd'hui au Burkina Faso revient sur la situation à Mayotte. « Ce bout d'Afrique frappé par l'ouragan Chido, perdu au milieu de la mer, (…) où les inégalités et les retards de développement sont prégnants ! (…) Mayotte est le maillon faible de ces (lointains) territoires français, estime le quotidien ouagalais, et Chido n'a fait que mettre en exergue l'écart abyssal qui existe entre la vie à Mayotte et en France hexagonale ! (…) Excepté le passeport français de ces Mahorais, dont le tiers vient des Comores, qu'est-ce qui les distingue face à Chido à un bout d'Afrique ? Pas grand-chose, répond Aujourd'hui, et ce qui fait enrager les habitants de cette île, c'est qu'ils se rendent compte qu'ils sont bien Français, sur le papier, mais qu'ils n'ont en réalité rien à voir avec un Français de Paris, Nantes ou Bordeaux ! Chido s'ajoute aux malheurs d'un territoire encombrant pour la France métropolitaine, où les problèmes politiques se greffent à d'autres, économiques, liés au pouvoir d'achat, à la sécurité et à l'immigration ».

Convidado
Depois da repressão pós-eleitoral, ciclone Chido deixa “moçambicanos de rastos”

Convidado

Play Episode Listen Later Dec 18, 2024 17:18


“Falta tudo em Mecúfi”, o ponto de entrada do ciclone Chido em Moçambique, onde o vento chegou a soprar 260 quilómetros por hora no domingo. Neste distrito da província de Cabo Delgado, falta água, alimentos, telhados, roupa, tudo, testemunha Hélia Seda, gestora de projectos da ONG Helpo em Moçambique. Este é o mais recente ciclone a fustigar um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas no mundo e vem juntar-se à violência que atinge o norte do país desde 2017 e à repressão dos protestos pós-eleitorais nos últimos dois meses. “Os moçambicanos estão de rastos e abandonados à própria sorte”, desabafa Hélia Seda. Até esta quarta-feira, 18 de Dezembro, o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres registava que 45 pessoas morreram na sequência da passagem do ciclone tropical Chido nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula, no norte de Moçambique. Pelo menos 493 pessoas ficaram feridas, uma está desaparecida e um total de 35.689 famílias foram afectadas, o correspondente a 181.554 pessoas.Porém, o número de vítimas mortais poderá ser bem superior, admite Hélia Seda, gestora do projecto da ONG Helpo de fortalecimento dos serviços de saúde e nutrição em Mecúfi e Ancuabe. A responsável contou à RFI que só em Mecúfi haveria, pelo menos, “50 mortos, incluindo crianças e mulheres em idade fértil”. É que Mecúfi parece ser o distrito mais afectado por ter sido o ponto de entrada do ciclone Chido em Moçambique. “Cem por cento da população de Mecúfi está afectada, em diferentes magnitudes, mas 100% está afectada”, precisa a responsável, sublinhando que no distrito vivem 76.000 pessoas.“Mecúfi foi o ponto de entrada do ciclone Chido para a província de Cabo Delgado. Principalmente as habitações mais precárias e construídas a partir de material local encontram-se 100% destruídas; as infra-estruturas governamentais e privadas construídas através de material convencional encontram-se completamente sem tecto, com excepção de duas escolas que têm cinco salas intactas e também uma escola que não está completamente destruída. Em Mecúfi neste momento falta tudo, mas as ajudas alimentares já começaram a chegar”, conta Hélia Seda, recordando que a Helpo já entregou kits de higiene e vai continuar a entregar ajuda de primeira necessidade.Hélia Seda explicou que “72 horas passam após Mecúfi ser atingido por este ciclone, os sítios que tinham sido mapeados para servirem de campos de acomodação encontram-se igualmente devastados”, o que leva a que “quase toda a população” continue nas suas zonas de origem, “expostas ao sol, ao frio” e, eventualmente, às chuvas porque as casas ficaram destruídas e sem tecto.É urgente que as pessoas possam estar abrigadas, reconhece Carlos Almeida, coordenador da Helpo em Moçambique, sublinhando que em Mecúfi, por exemplo, “as casas das pessoas foram praticamente varridas na totalidade” e que em Metuge e Ancuabe a situação também é grave. Por isso, uma das prioridades é conseguirem toldos para proteger as pessoas, mas “a prioridade das prioridades” é distribuir alimentos, algo que a ONG começou a fazer esta quarta-feira.A organização não-governamental para o desenvolvimento, presente em Moçambique desde 2008, lançou uma campanha de recolha de fundos, intitulada "Iniciativa Emergência Ciclone Chido", para ajudar imediatamente as pessoas e que está acessível na sua página e nas suas redes sociais.Outra preocupação é o surgimento de surtos de cólera. “Há sempre surtos de cólera em Moçambique nestas situações pós-ciclone. Aconteceu isso no ciclone Idai e aconteceu no ciclone Kenneth. As pessoas não têm acesso a água potável, não conseguem beber água em condições, não conseguem manter a higiene e a cólera pode aparecer. Ao mesmo tempo, as infraestruturas de saúde, pelo facto de também estarem destruídas, umas totalmente outras parcialmente, faz com que os cuidados de saúde não sejam dignos para estas pessoas. Por isso temos aqui um efeito de bola de neve em que todos estes problemas vão-se acumulando e vai ser um Dezembro muito complicado para as populações de Cabo Delgado e do norte da província de Nampula, que também foi muito afectada. Niassa também sofreu alguma coisa, mas por ser muito no interior, a passagem do ciclone Chido teve um efeito menos devastador”, explica Carlos Almeida.O ciclone é mais um episódio que põe à prova a resiliência dos moçambicanos que, no norte do país, sofrem os ataques de uma insurgência armada desde 2017 e, nos últimos dois meses, enfrentam, por todo o país, a repressão policial aos protestos pós-eleitorais, em que morreram, pelo menos 130 pessoas. “Os moçambicanos estão de rastos e abandonados à própria sorte”, desabafa Hélia Seda.“São catástrofes, são situações políticas, é a própria instabilidade da própria província, são situações climáticas e tudo isso influencia directamente a vida dos moçambicanos. Todos somos chamados a intervir para que aliviemos a situação da população no geral”, comenta a responsável.De facto, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) reconheceu que o ciclone Chido agravou as necessidades das populações no norte de Moçambique, deslocadas pelo terrorismo, e que 190 mil pessoas precisam de “apoio urgente”. No fundo, Cabo Delgado enfrenta “um triplo problema”, acrescenta Carlos Almeida: o ciclone, o terrorismo e o “conturbado período pós-eleitoral”. A tudo isto soma-se um quarto factor que pode levar a que Moçambique seja esquecido nas turbulências mundiais actuais: a diminuição da ajuda internacional.“Com todos estes ingredientes, com o facto de as agências das Nações Unidas estarem a receber menos financiamento para este problema em Moçambique, é que esta crise de terrorismo e dos deslocados pode vir a ser uma crise esquecida porque constantemente a demanda de problemas no resto do mundo, como a questão da Ucrânia, a questão do Médio Oriente, da Palestina e agora da Síria, são tudo problemas que tiram o foco o financiamento das agências das Nações Unidas e também das organizações não governamentais, como é o caso da Helpo, que é uma organização não governamental internacional. No entanto, por estarmos a trabalhar em Moçambique desde 2008, temos já uma implementação local, mas também nos deparamos com esta questão dos fundos que são sempre menores do que as necessidades”, explica.De acordo com as autoridades moçambicanas, a passagem do ciclone Chido causou ainda a destruição total e parcial de 36.207 casas, afectando também 48 unidades hospitalares, 13 casas de culto, 186 postes de energia, 9 sistemas de água e 171 embarcações. O ciclone tropical, que devastou o arquipélago francês Mayotte, entrou no domingo pelo distrito de Mecúfi, na província de Cabo Delgado, com ventos que rondaram os 260 quilómetros por hora.

Ciência
Moçambique: Reposição das infraestruturas de abastecimento de água em situação de emergência

Ciência

Play Episode Listen Later Dec 17, 2024 7:11


Moçambique é um dos países mais gravemente afectado pelas alterações climáticas no mundo, o primeiro em África. Neste momento, o país faz contas às vítimas e aos danos provocados pela passagem do ciclone tropical intenso Chido,que entrou no domingo passado, pelo distrito de Mecúfi “com ventos que rondaram os 260 quilómetros por hora” e chuvas fortes. Neste magazine ciência olhamos para a resposta das autoridades na reposição do abastecimento de água e saneamento em situação de emergência. Moçambique é um dos países mais gravemente afectado pelas alterações climáticas no mundo, o primeiro em África. Ciclicamente, o país enfrenta cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre os meses de Outubro e Abril.Neste momento, Moçambique faz as contas às vítimas e aos danos provocados pela passagem do ciclone tropical intenso Chido, de escala 3 (1 a 5), que se formou a 05 de Dezembro no sudoeste do oceano Indício, entrou no domingo passado,  15 de Dezembro, pelo distrito de Mecúfi, na província de Cabo Delgado, no norte do país, “com ventos que rondaram os 260 quilómetros por hora” e chuvas fortes.Na semana passada, na antevisão do Chido, as autoridades moçambicanas tinham admitido que cerca de 2,5 milhões de pessoas poderiam ser afectadas pelo ciclone nas províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa, no norte, e na Zambézia e Tete, no centro.Em Moçambique, o período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória: oficialmente 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.Já na primeira metade de 2023, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afectaram mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula. Os dados são das autoridades moçambicanas.Precisamente sobre a resposta dada pelas autoridades moçambicanas, em situação de emergência, no abastecimento de água e saneamento, Moçambique levou a cabo uma sessão de esclarecimento, na COP 29, que decorreu de 11 a 22 de Novembro em Baku, no Azerbaijão. Alcino Nhacume, chefe do departamento de Estudos de Projectos da Direcção Nacional de Água e Saneamento do Ministério das Obras Públicas, de Habitação e Recursos Hídricos de Moçambique, explicou a resposta que foi dada pelo país, a nível de abastecimento de água e saneamento, após a passagem do ciclone Freddy. Foi activado o contingente de resposta de emergência inserido nos projectos financiados pelo Banco Mundial. Era necessário responder rapidamente às necessidades, não no sentido de reabilitação, mas de reposição daquilo que foi danificado pelo ciclone.Reposição porque havia a necessidade de colocar novamente à disposição das populações afectadas infraestruturas de abastecimento de água e saneamento, por forma a que não se criassem outros efeitos secundários, como doenças de origem hídricas e outros problemas de saúde pública.

ONU News
Ciclone Chido em Moçambique: aumentam os esforços para salvar vidas

ONU News

Play Episode Listen Later Dec 16, 2024 3:31


Dados preliminares indicam que 15 pessoas morreram, 20 mil famílias foram afetadas e cerca de 6 mil casas ficaram parcialmente destruídas nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula; ONU está no terreno apoiando a resposta, incluindo a avaliação das necessidades e a distribuição de bens essenciais.

ONU News
Unfpa apoia esforços para baixar mortes maternas na província moçambicana do Niassa

ONU News

Play Episode Listen Later Dec 6, 2024 3:55


Nova iniciativa é implementada na área onde mais de metade das meninas entre os 15 e 19 anos engravida ou já tem um filho; área registra uma média aproximada de sete filhos por mulher.

ONU News
Jornal da ONU - 6 de dezembro de 2024

ONU News

Play Episode Listen Later Dec 6, 2024 5:36


Jornal da ONU com Ana Paula Loureiro. Estes são os destaques do dia 06 de dezembro de 2024.Crise na Síria aponta para aumento de casos de deslocamentos e fomeAngola elogia parceria com ONU para alcançar acordo de paz nos Grandes LagosUnfpa apoia esforços para baixar mortes maternas na província moçambicana do Niassa

Convidado
"Há todas as condições para eclodir um conflito armado em Moçambique" - analista

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 28, 2024 15:45


Em Moçambique, a situação política continua incerta depois do anúncio na passada quinta-feira dos resultados das eleições gerais de 9 de Outubro, em que Daniel Chapo, candidato presidencial da Frelimo no poder foi dado como vencedor com um pouco mais de 70% dos votos, contra cerca de 20% para Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido extraparlamentar Podemos. Estes resultados foram rejeitados pela oposição que prometeu contestar junto dos órgãos competentes. Ontem, domingo, o Podemos apresentou um recurso junto do Conselho Constitucional, instância judicial que tem a última palavra sobre os resultados eleitorais. Afirmando basear-se em 70% das actas e editais originais, o partido que apoia Venâncio Mondlane diz que ele venceu as presidenciais com um pouco mais de 53% dos votos e que as suas estruturas obtiveram 138 mandatos nas legislativas, contra 91 para a Frelimo.Neste sentido, esta formação reclama uma nova contagem dos votos, à semelhança de outras entidades, nomeadamente o CIP, Centro de Integridade Pública, que no seu mais recente boletim -publicado ontem- diz ter identificado pelo menos 170 mil votos falsos a favor da Frelimo e do seu candidato Daniel Chapo.Paralelamente, apesar de uma relativa acalmia, depois das violências ocorridas durante os dois dias de protestos, quinta e sexta-feira, ONGs tendo contabilizado 11 mortos e cerca de 500 detenções, o fim-de-semana não deixou de ser marcado pelo baleamento de 6 a 7 simpatizantes do Podemos no sábado, no distrito de Mecanhelas, na província do Niassa, no extremo noroeste do país, à margem da comemoração da vitória da Frelimo pelos seus apoiantes.A ocorrência foi noticiada nomeadamente pelo Centro de Integridade Pública, cujo editor Lázaro Mabunda, falou com a RFI sobre as possíveis evoluções políticas dos próximos dias, nomeadamente com a abertura para o diálogo expressada pela Frelimo, o activista começando todavia por referir-se ao que sucedeu em Niassa.RFI: Este fim-de-semana foi marcado, designadamente pelo baleamento de seis a sete militantes do Podemos, um baleamento de que o CIP teve conhecimento e detalhou no seu boletim.Lázaro Mabunda: O que aconteceu é que em todos os distritos, o partido (Frelimo) organizou-se e saiu à rua para celebrar a sua vitória. E em Mecanhelas aconteceu a mesma coisa. Estaria lá, nessas celebrações de cabeça-de-lista para a Assembleia provincial que vai automaticamente ser governadora da província de Niassa. Aconteceu que o Podemos também tinha uma marcha marcada. A marcha do Partido Podemos coincidiu com a concentração da Frelimo para a celebração da sua vitória, e a Frelimo estava concentrada no seu comité distrital. A trajectória da marcha do Podemos passava justamente em frente do Comité Distrital do partido Frelimo. O que acontece é que esses militantes do Podemos traziam pneus, traziam paus, traziam pedras e quando chegaram ali, onde estava o partido Frelimo, queimaram pneus, fizeram fogo ali com os paus que tinham e consta que ali começou-se a atirar algumas pedras. A polícia fez um cordão para proteger os elementos da Frelimo que estavam concentrados. Depois de um tempo, a polícia, para dispersar os membros do partido, começou a disparar para o ar, mas foi uma sequência de tiros disparados mais ou menos um ou dois minutos seguidos. Os membros do Podemos começaram a fugir. A polícia começou a persegui-los. Nesses disparos, a polícia usou balas verdadeiras e atingiu os simpatizantes do Podemos, dois dos quais, segundo a informação que tive, foram evacuados para a cidade de Cuamba, que é a segunda cidade mais importante de Niassa. Parece que pela gravidade, foram transferidos para Nampula.RFI: Consta que durante estes incidentes, também houve jornalistas que estavam a cobrir estes acontecimentos, que viram os seus telefones celulares a serem confiscados.Lázaro Mabunda: Sim, foram confiscados os seus telemóveis e foram ameaçados durante a confiscação dos telemóveis, porque um dos jornalistas estava a recusar-se a entregar o seu telemóvel. O responsável dos Serviços Secretos do Estado ameaçou o jornalista de espancamento. Ele disse claramente 'Se tu não me entregas o telemóvel, vou-lhe dar porrada'. Eles acabaram a entregar os telemóveis, foram levados para o gabinete do director da polícia local. Esteve lá também o representante dos serviços secretos, com o comandante da polícia. Ouviram os jornalistas, obrigaram-nos a apagar as imagens, mas eles recusaram-se. Acabaram cedendo. Devolveram-lhes os telemóveis sem terem apagado as imagens.RFI: Tudo isto ocorre depois do anúncio dos resultados oficiais pela Comissão Nacional de Eleições. Falta ainda a validação ou não do Conselho Constitucional. O CIP, juntamente com outras entidades, emitiu um comunicado pedindo que a CNE publique os editais e faça o necessário para que de facto se esclareça o que aconteceu durante estas eleições, se houve de facto ou não fraude e que o Conselho Constitucional também analise seriamente as contestações que chegaram aos seus gabinetes.Lázaro Mabunda: O que o CIP fez juntamente com outras organizações foi mesmo pedir que o Conselho Constitucional analise devidamente esses processos, porque o processo eleitoral foi bastante fraudulento. A Comissão Nacional de Eleições fez o seu trabalho altamente político, que não foi transparente. Todos os observadores foram claros nisso. Nós já dissemos por várias vezes que foi o processo mais fraudulento da história de Moçambique. A única coisa que a gente fez foi mesmo apelar para que haja, primeiro, se for necessário, uma auditoria ao processo pelo Conselho Constitucional, que actue dentro daquilo que são as suas atribuições, mas olhando a questão da transparência, como também o interesse nacional. A paz acima de tudo. Porque se o processo já começou a ser violento, nós não estamos a imaginar o que será depois da validação dos resultados pelo Conselho Constitucional. Então o Conselho Constitucional tem todos os elementos para decidir pela revogação do processo eleitoral ou a anulação do processo eleitoral. Nós estamos a apelar para que faça esse trabalho, consciente das suas atribuições, da sua responsabilidade pelo país todo, porque está em causa aqui a estabilidade. A estabilidade do país. Estamos a falar de mais ou menos dez mortos e tantos feridos e provavelmente este número não vai parar por aqui. As manifestações vão continuar. O candidato do Podemos já anunciou que vão ser 25 dias de manifestações e nesses 25 dias haverá muita morte, muitas pessoas feridas e o país está praticamente parado. Os comerciantes ou os empresários, neste momento, estão a acumular prejuízos. Só na manifestação do dia 21, o CTA (Sindicato do patronato) falou de milhões de dólares perdidos num dia. Então estamos a imaginar nos dias 25 e 26, quantos milhões foram perdidos e quantos milhões serão perdidos ainda mais, para além de vidas humanas. Então é o país todo que está parado, é a economia do país que está parada. Então tudo isso tem que entrar na equação do processo de tomada de decisão por parte do Conselho Constitucional. Portanto, o Conselho Constitucional, mesmo nas eleições autárquicas do ano passado, tinha todos os elementos para invalidar o processo eleitoral. Mas o Conselho Constitucional é um tribunal político e é controlado fortemente pelo partido Frelimo, tal como a Comissão Nacional de Eleições, os polícias militares, todos. Então, se eles não olharem para esses elementos, é o país que está a atrasar, está a tornar-se mais violento. As mortes desnecessárias vão aumentar. RFI: Evocou precisamente o apelo à manifestação de Venâncio Mondlane. Venâncio Mondlane apelou também à união da oposição. A Renamo parece estar inclinada em, de facto, unir os seus esforços juntamente com Venâncio Mondlane. Julga que isto pode fazer com que alastre ainda mais o movimento de revolta?Lázaro Mabunda: É possível, sim, e há todas as condições. Aliás, a informação que eu tenho é que essas negociações já vêm acontecendo antes da eclosão das manifestações. Refiro-me às negociações entre a Renamo e o Podemos de Venâncio Mondlane. Não sei os termos da negociação, mas provavelmente o próprio Venâncio tenha percebido que a Renamo é uma excelente plataforma para este conflito, empurrar os órgãos eleitorais, ou então o governo ou o partido Frelimo a aceitar uma negociação ou alguma coisa nesse sentido. Aliás, a própria Frelimo, pela primeira vez, disse que está aberta a negociações. Mas porquê a Renamo? Porque a Renamo, neste momento, olhando para o cenário político nacional, há todas as condições para eclodir um conflito armado em Moçambique e para isso a Renamo é a melhor plataforma, porque neste momento duvido que as manifestações nas cidades possam resultar efectivamente. Haverá muito derramamento de sangue até que haja esses resultados, porque o que estamos a notar é que há uma inflexibilidade gritante do partido Frelimo, sobretudo porque têm os militares e a polícia ao seu lado. Então usa esses órgãos de repressão para balear mortalmente. Há ordens para balear mesmo mortalmente. Então esses baleamentos vão enfurecendo cada vez mais as famílias. Mas também à medida que o tempo passa, as pessoas ficam sem o que comer, têm medo de ir ao mercado e depois que saquem os seus bens. Isto vai fazer com que haja pressão não só para a Frelimo, mas também para o próprio Venâncio Mondlane. Então, a união com a Renamo pode ser uma estratégia bem útil, porque se for, por exemplo, a ver um dos elementos do Podemos que foi baleado no dedo, ele foi confrontar um agente dos serviços secretos. Ele foi dizer 'Olha, eu sei que vocês têm um plano para me assassinar, mas nós também vamos usar azagaias. Vamos usar tudo o que é instrumento, porque sabemos onde é que vocês vivem. Vocês têm casa nas nossas zonas. Mate a mim, mas também nós estamos dispostos a lutar, a enfrentar-vos.' E lá naquelas zonas de Mecanhelas tem muitos elementos da Renamo e em toda aquela zona do Niassa. Então, este ambiente de repressão pode empurrar grande parte desses moçambicanos para voltar para o mato. Basta ter alguém que lhes dê armas. Basta haver alguém que diga 'olha, vamos distribuir as armas para tudo iniciar'. E outro elemento importante analisar é o seguinte: é que nalgumas zonas, houve tentativa de assalto a esquadras. Significa que a própria polícia está ciente de que as esquadras são lugares preferenciais de ataque e poderão ser no futuro, porque este nível de repressão, este nível de manipulação eleitoral, enfurece muita gente e há muita gente que já não tem nada para perder. Não tem nada para perder, porque grande parte dessas pessoas são pessoas pobres. Só consegue emprego aqui quem é membro do partido Frelimo. E mesmo esses membros do partido Frelimo, agora já nem são todos que conseguem porque o Estado já não consegue albergar toda a gente. Então o que está a acontecer é que há muito desemprego, há muita frustração, há muitos problemas e as pessoas estão dispostas mesmo a recorrer à força, à violência para confrontar a Frelimo ou tirar a Frelimo do poder. Então, esta predisposição para recorrer à violência pode fazer com que a Renamo seja um actor bastante importante, porque eu tenho a máxima certeza que provavelmente, se isto tivesse acontecido com a Renamo e todos aqueles elementos da Renamo que estão no mato, desmobilizados que não estão a receber absolutamente nada, alguns foram desmobilizados, mas o que eles recebem nem chega a 30 Euros. É uma ninharia para alguém que lutou, sacrificou a sua vida e, depois, tem filhos que não estão a fazer nada, estão desempregados, não conseguem se alimentar. Então este sofrimento todo faz com que estejam predispostos a pegar em armas e lutar. A Renamo já disse que está disposta a contestar os resultados. Agora resta saber se haverá possibilidade de um reencontro, uma reconciliação entre o Ossufo Momade (líder da Renamo) e o próprio Venâncio Mondlane.RFI: Relativamente à mão estendida da Frelimo, este partido disse que está disposto a conversar com Venâncio Mondlane. Venâncio Mondlane, por seu turno, fala em governo de união nacional. Julga que há alguma hipótese de se chegar a um consenso?Lázaro Mabunda: Pode ser. Mas o que não se sabe é se essas hipóteses são operacionalizáveis. O que Venâncio disse, os bispos católicos já tinham avançado como proposta. Eles recomendam que se constitua um governo de unidade nacional, que seria uma espécie de governo de transição, porque o país, neste momento chegou ao extremo que precisa de um processo de pacificação, de reiniciar todos os processos, mudança de instituições, mudança de comportamento das instituições, porque essas instituições são instituições que, durante 32 anos de democracia, não foram capazes de se democratizar por dentro. Foram instituições que continuam a reproduzir práticas de monopartidarismo. Essas instituições não mudaram o seu comportamento. Então, o que está a ser proposto aqui? Um governo de unidade nacional que vai trabalhar durante cinco anos poderá ser muito útil no sentido de construir novas instituições que não sejam partidárias e deixem de ser instituições ao serviço de um determinado partido. Então esta que é a ideia da criação de unidade nacional que começou com os bispos católicos. Depois o Venâncio reforçou esta ideia. 

Ciência
Moçambique: Reserva do Niassa observa um aumento dos animais de 107%

Ciência

Play Episode Listen Later Oct 21, 2024 12:02


Em Moçambique, a Reserva Especial do Niassa é a maior área protegida do país. Conta com cerca de 42 000 km quadrados e a maior população de elefantes do país (cerca de 4 500), mas também leões e leopardos. A 17 de Outubro celebraram-se os 70 anos da Reserva, as comemorações contaram com a presença do chefe de estado moçambicano Filip Nyusi que protagonizou um dos gestos primordiais para a conservação dos chamados "Big Five", elefantes, búfalas, leões, leopardos e rinocerontes, através da colocação de coleiras nestes animais. Veremos, entre outros, porque é que este gesto, em aparência tão simples, é tão essencial para, nomeadamente, lutar contra a caça ilegal ou minimizar os conflitos entre homens e animais.  A colocação dos colares é essencial para a preservação das especies faunísticas. Em entrevista à RFI, Afonso Madope, director da Wildlife Conservation Society Moçambique (WCS), a ONG que gere, com outros actores, a Reserva, lembrou a importância do gesto protagonizado pelo chefe de Estado Filip Nyusi durante a celebração dos 70 anos da Reserva. "Tem sido muito útil" a colocação dos colares, refere Afonso Matope, porque a monitorização dos animais assim tornada possível "ajuda de forma substancial a fazer o controlo de migração do animal ou da espécie, mas também ajuda a prevenir qualquer conflito entre homens e fauna".Quando os animais começam a migrar ou que uma manada se aproxima das aldeias e das áreas de agricultura das populações locais é despachada uma unidade de fiscais, treinados, capacitados, e baseados na Reserva do Niassa, por decisão do governo, que participa na gestão deste espaço.A luta contra a caça furtiva também tem se torna mais eficaz com a colocação destes colares. A aplicação destes colares permite uma melhor fiscalização da caça ilegal. Como explica Afonso Matope, os dados estão agregados numa plataforma universalmente utilizada, que recebe os sinais de migração dos animais e torna-se possível monitorá-lo.Na Reserva do Niassa observa-se um crescimento dos animais, a exemplo dos elefantes, na ordem dos 107%, graças, nomeadamente, à luta contra a caça furtiva. Para tal, a Reserva do Niassa conta com o apoio do exército moçambicano, através da disponibilização pelo governo de uma unidade da intervenção rápida.Por fim, outro factor resultante no aumento da população de elefantes prende-se com uma conjuntura internacional. "O crime de caça furtiva de espécies icónicas como o elefante, o leão, o rinoceronte e o pangolim não é determinado pela abundância ou raridade do animal dentro do território naiconal, mas sim pela demanda do mercado internacional. Então, quando há uma grande procura no mercado internacional, aumenta a caça furtiva e nos últimos tempos tem-se registado uma redução da demanda", analisa o director da WCS Moçambique. Para ouvir ainda a forma como homens e animais partilham o mesmo espaço de vida, na Reserva do Niassa, outros desafios que pesam sobre a protecção da biodiversidade e os mecanismos imaginados pelos gestoers desta área protegida, ouça a entrevista completa aqui:  

Convidado
"João Lourenço quer conseguir aquilo que outros não conseguiram" na RDC

Convidado

Play Episode Listen Later Aug 13, 2024 9:30


O Presidente angolano esteve esta segunda-feira, 12 de Agosto, em Kinshasa, no quadro da mediação de paz e segurança na República Democrática do Congo. O investigador angolano do Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa, Eugénio Costa Almeida, acredita que o cessar-fogo está a ser respeitado pelo M 23 e que o Presidente João Lourenço se quer apresentar como "um paladino que conseguiu aquilo que outros não conseguiram". Na capital congolesa, o Presidente João Lourenço manteve um encontro com o Presidente Félix Tshisekedi. Na véspera, domingo, João Lourenço tinha estado no Ruanda, a assistir à investidura de Paul Kagame para um novo mandato de cinco anos e esteve reunido com o Presidente do Ruanda.RFI: Como é que explicam estes encontros entre João Lourenço, Félix Tshisekedi e Paul Kagame. Esta é uma forma de Angola garantir que o cessar-fogo seja respeitado?Eugénio Costa Almeida: Isto é quase como uma prenda de tomada de posse de Kagame, que João Lourenço teve a fazer, embora os interesses africanos nem sempre se sobreponham aos interesses particulares. João Lourenço está incumbido pela União Africana como mediador do conflito nos Grandes Lagos. E é isso que ele tem estado a fazer, procurar que a situação se dilua em termos de conflitualidade, se certa foram é o seguimento do acordo que entrou em vigor em 4 de Agosto e que parece estar a ser cumprido pelas partes. Parece; inclusivamente; estar a ser cumprido pelo M23 e portanto essa situação faz-nos crer que, provavelmente, talvez as coisas se encaminham. Embora, pessoalmente, tenha muitas e legítimas dúvidas.Essas dúvidas têm sido levantadas desde 4 de Agosto, o dia em que no Congo Democrático vive desde o dia 4 de Agosto um ambiente de cessação de hostilidades, na tensa região do Leste. O acordo foi assinado, em Luanda, entre as delegações ministeriais do Ruanda e da RDC, sob a mediação angolana. Nas negociações não fez parte o grupo rebelde M23, isso pode comprometer o cessar-fogo?Em princípio, e tendo em conta o M23, disse logo que não iria aceitar o acordo porque não foi tido nem achado e pela intensidade de combates que eles fizeram 24 horas antes do acordo entrar em vigor, tendo ocupado inclusivamente cinco localidades, fazia-se temer que era mais um acordo de papel. Todavia, como alguns analistas fizeram referência e de certa forma elementos da ONU, se o M23 cumprir o acordo era a prova inequívoca que estava está a ser patrocinado pelo Ruanda. Portanto, as conspirações e especulações deixo para terceiros, mas costuma-se dizer que não há fumo sem fogo e que as situações parecem indicar nesse sentido, ao que parece. Apesar de tudo, se no ponto de vista militar o conflito parece que entrou na calmaria e o acordo está a ser aceite, internamente na RDC as situações políticas não são as mais saudáveis. Como se sabe, o próprio Tshisekedi acusou, ainda no final da semana passada, Kabila de estar coordenado com Kagame.Esta segunda-feira, a ministra dos Negócios Estrangeiros congolesa disse que Felix Tshisekedi "reiterou a total disponibilidade do governo congolês em participar nas próximas etapas do processo de Luanda, sob os auspícios do mediador João Lourenço". O mesmo tem de acontecer do lado do Ruanda?O próprio Tete António, o ministro das Relações Exteriores de Angola, esteve em conversações com a RDC e com a sua homóloga, Thérèse Kayikwamba, e tudo indica que estão disponíveis. Portanto, o próximo passo que vai ser definido entre as partes ministeriais. Provavelmente, se ele ontem estive a falar com a ministra da RDC, é possível que hoje fale com o seu homólogo de Kigali. Não temos esse conhecimento. É tudo natural e é previsível que isso aconteça, até para definirem calendários.A RDC acusa o Ruanda de apoiar o movimento rebelde M23, para se apoderar dos recursos minerais do Leste do país, enquanto o grupo armado alega estar a defender uma parte ameaçada da população tutsi que vive na província do Kivu do Norte. O que está na origem desta conflito ?O M23 é um movimento rebelde constituído por antigos militares das Forças Armadas da RDC, que se rebeliaram por não estarem a ser cumpridos acordos de 2009. Pararam e depois reacenderam-se em 2021, precisamente na altura em que também recrudesceram os conflitos com o Ruanda. Agora, o M23 defende interesses próprios; são as áreas onde há minério e, recentemente, um relatório da ONU deu a entender que estão a ser canalizados através do Ruanda, oficialmente ou não isso é outra questão. E como há no exterior, em particular o Ocidente, que é o mais interessado nesses produtos, fecham-se os olhos, como a muitas empresas que fecham os olhos relativamente às sanções com a Rússia.Há um facto que deve ser importante e que historicamente as pessoas talvez se esqueçam é que o M23 está numa área onde desde sempre, ainda tempo Leopoldo, ocorreram conflitos entre forças militarizadas de Leopoldo e depois do reino da Bélgica e os povos locais. Esses conflitos nunca foram reconhecidos. Até que ponto o M23 não se está a aproveitar desse facto etno-histórico, isso não me surpreenderia nada.Em que medida, o Uganda também participa neste conflito?Neste momento do Uganda é mais uma questão de sobrevivência face a Paul Kagame. Muita gente olha para Paul Kagame como um grande líder e eu diria que ele é um ditador iluminado e tem uma forças armadas muito bem estruturadas e que estão distribuídas por várias partes da África, como forças de intervenção, com forças de interposição, como forças de apoio à paz ou mesmo, como já disse no caso Moçambique, que reforçou recentemente a presença das forças em Moçambique, em particular Cabo Delgado, mas também Niassa, embora com menos intensidade, pelo facto de - não se pode esquecer - que o Estado Islâmico da África Ocidental está a recrudescer as suas actividades na área. Ainda no sábado fizeram um ataque no nordeste da RDC, o Uganda já teve alguns problemas com isso. Todas essas situações fazem com que Uganda tenha que tenha algum medo de uma eventual subserviência de uma força armada forte, como é o caso de Ruanda. Tendo em conta que o RDC é um mosaico extraordinariamente partido de conflitos, conflitualidades internas é conveniente estar melhor que o meu vizinho, que está mais bem estruturado do que o outro, que apesar de ser um grande jacaré, continua adormecido e não há perspectivas de haver um acordar que me possa temer.Daí que o Uganda esteja nessa situação de já esteve em plena conflitualidade. Basta ver que houve um protocolo no ano de 2019 em que juntaram-se as três partes: RDC, Uganda e Ruanda. A situação estabilizou, agora o Uganda está, não diremos em conflito aberto, mas numa situação de limbo em que está mais próximo do Ruanda do que propriamente da RDC e em caso de conflito, é capaz de apoiar a RDC. O que nós não esperamos que não venha a acontecer e que efectivamente os acordos de paz que João Lourenço está a tentar patrocinar sejam os definitivos, o que honestamente, tenho dúvidas.João Lourenço quer deixar uma herança neste segundo mandato?Se internamente, dentro do país, a imagem do Presidente João Lourenço não parece estar a ser muito boa, ou pelo menos alguma conflitualidade social, interna. Externamente, ele quer se apresentar como um paladino que conseguiu aquilo que outros não conseguiram há muitos anos e também preciso dizer uma coisa: se o meu vizinho estiver bem, eu também estou bem e RDC é um vizinho muito grande que ocupam um muro em vários milhares de quilómetros e a nós convém-nos que o nosso vizinho esteja calmo, que seja mais estável para impedir que a conflitualidade desça até ao nosso território, neste caso até o nosso quintal e aos quintais dos outros.Um dos factores que também penso que pode ajudar a estabilizar e levar à paz, será este ataque, que não foi tão pequeno como, este recente ataque do Estado Islâmico na África Ocidental, porque isso vai fazer com que as partes acabem por se ter reunido para combater uma possível invasão ou uma descida dos islamitas radicais para o sul, ainda que, sabemos, já estejam há muito a operar em territórios muito baixo, nomeadamente, como em Cabo Delgado, a linha férrea de africanos são óptimas passagens de radicalismos e de armas.

Leituras sem Badanas
Livros censurados

Leituras sem Badanas

Play Episode Listen Later Apr 17, 2024 26:27


Livros mencionados: O Monte do Silêncio, Francisco Camacho; Niassa, Francisco Camacho; A Month in the Country, J.L.L. Carr; A Paixão do Jovem Werther, Johann Wolfgang von Goethe; Novas Cartas Portuguesas, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa; Madame Bovary, Gustave Flaubert; Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta; Uma Cana de Pesca para o Meu Avô, Gao Xingjian; Lolita, Vladimir Nabokov. Sigam-nos no instagram: @leiturasembadanas Qualquer dúvida ou ideia: leiturasembadanas@leya.com Edição de som: Tale House

DW em Português para África | Deutsche Welle
12 de Abril de 2024 - Jornal da Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Apr 12, 2024 20:00


Moçambique: RENAMO denuncia que é preciso ter "padrinho" para conseguir ser recenseado. Niassa combate aumento da conjuntivite hemorrágica perto da fronteira com o vizinho Malawi. Médio Oriente: Líderes mundiais desdobram-se em contactos para evitar um conflito armado entre Irão e Israel. Leverkusen tenta a invencibilidade com o título da Bundesliga à vista.

DW em Português para África | Deutsche Welle
21 de Março de 2024 - Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Mar 21, 2024 19:59


Estará a FRELIMO a ter dificuldades para encontrar candidatos às presidenciais deste ano? No Niassa há suspeitas de venda de cartões de eleitores. Sindicatos angolanos denunciam intimidações.

DW em Português para África | Deutsche Welle
6 de Março de 2024 - Jornal da Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Mar 6, 2024 20:00


Biden e Trump podem disputar as eleições presidenciais nos Estados Unidos de América. Macron apela Ocidente para deixar de ser cobarde no apoio à Ucrânia. Especialista diz que se João Lourenço avançar para um terceiro mandato presidencial, sem revisão constitucional, estaria a violar a carta magna de Angola. Moçambique: governo do Niassa está a apertar o cerco ao contrabando e pilhagem de ouro.

Fairy Tale Fix
81: #NotMyIvan: The Darkest Timeline

Fairy Tale Fix

Play Episode Listen Later Feb 6, 2024 83:57


We're back with another of Abbie & Kelsey's favorites – it's random reading time! Abbie continues our journey into the Ivanverse with the worst Ivan yet in What Happened To Ivan by Ruth Manning-Sanders, and Kelsey reads a fun dog-saves-the-day story with RMS's Niassa and the Ogre.

DW em Português para África | Deutsche Welle
26 de Janeiro de 2024 - Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Jan 26, 2024 19:58


Tribunal Internacional de Justiça reconhece risco de genocídio na Faixa de Gaza. Ideia de que "ilhas cabo-verdianas não são africanas" é "discutível", diz analista. Aumentam casos de violência doméstica na província do Niassa.

DW em Português para África | Deutsche Welle
23 de Janeiro de 2023 - Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Jan 23, 2024 19:59


Mudanças estruturais no Governo angolano são positivas, mas problema mantém-se, diz analista. Futuros terminais rodoviários no Niassa geram expetativas na população. Shell anuncia abandono de operações em terra na Nigéria.

DW em Português para África | Deutsche Welle
16 de janeiro de 2024 - Jornal da Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Jan 16, 2024 20:00


Sociedade civil angolana ficou de boca aberta com a afirmação de João Lourenço: "Há liberdade de imprensa em Angola." Em Moçambique, Niassa continua a ser palco de desflorestação ilegal. No CAN 2023, Angola empatou ontem à noite frente à Argélia. E no futebol internacional, a FIFA surpreendeu tudo e todos ao anunciar o melhor jogador do mundo.

Convidado
"Populações que regressaram a Cabo Delgado são as mais pobres"

Convidado

Play Episode Listen Later Jan 4, 2024 8:53


Entre 26 e 28 de Dezembro, os ataques e o medo de ataques por parte de Grupos Armados no distrito de Macomia, na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, desencadearam 434 deslocações. As famílias fogem de suas casa à procura abrigo em distritos vizinhos, alerta a Organização Internacional para as Migrações (OIM) num relatório publicado esta terça-feira, 2 de Janeiro. Na semana passada, a 29 de Dezembro, o auto-proclamado Estado Islâmico reivindicou a morte de nove militares moçambicanos na aldeia de Manhiça, no distrito de Muidumbe. Dois dias depois, 31 de Dezembro, os insurgentes voltaram a reivindicar a autoria de um novo ataque em Cabo Delgado, informando a morte de quatro militares, este foi o terceiro ataque conhecido em menos de um mês. Os ataques não foram confirmados pelas autoridades moçambicanas.Numa altura em que os ataques jihadistas se intensificam no norte de Moçambique, a TotalEnergies planeia retomar o projecto de exploração de gás natural em Cabo Delgado, no primeiro trimestre deste ano. No último ano,  a petrolífera francesa exigia o regresso das populações, garantias de segurança e o acesso rodoviário e portuário para retomar o projecto - suspenso desde Junho de 2022 por motivos de segurança.Está previsto que a missão da SADC em Cabo Delgado saia do país até Julho de 2024, lembra o investigador do Instituto de Estudos de Segurança, Borges Nhamire. "Caso esta missão se retire do país será um revés para os esforços de combate à insurgência a Cabo Delgado. As forças de Moçambique e do Ruanda vão tentar colmatar [esta saída], mas isso representa uma maior vulnerabilidade para as comunidades", descreve o investigador.Nos últimos seis anos, Moçambique deu desenvolveu a sua capacidade de resposta ao conflito; "seja através do seu equipamento ou da sua formação", sublinha o investigador. Borges Nhamire não acredita que Moçambique "tenha capacidades, por si só, de defender o território sob ataque e sob ameaça de ataques em Cabo Delgado. Os ataques expandiram-se para Niassa, para Nampula. A possibilidade dos ataques se expandiram para além de Cabo Delgado não seria de descartar".Segundo o investigador "os cenários que se desenham com a retirada das forças da SADC vai abrir um vazio. Esse vazio vai ter de ser preenchido por forças não só moçambicanas, mas também do Ruanda ou por via da formação militar, sabendo que não se treina hoje para combater amanhã e que é preciso tempo para que se aplique no terreno. Prevêem-se momentos difíceis e vamos ver como é que Moçambique responde. Moçambique só por si não teria capacidade, hoje, de defender aquele território"."O regresso das populações, cerca de metade dos deslocados terão regressados para as suas zonas de origem, não é resultado de estabilidade. Estas pessoas estavam a sofrer mais do que estando nas suas terras, sofriam por falta de comida, por falta de terra para cultivar, por falta de actividades como a pesca para subsistir. As pessoas não decidiram regressar porque a segurança melhorou. Quem regressou a Cabo Delgado foram os mais pobres, as pessoas que têm alguns meios continuam refugiados. Houve uma política do governo no sentido de incentivar as pessoas a regressar para zonas que ainda não estão muito seguras, usando isso como um elemento de demonstração de segurança para atrair as empresas investidoras para que regressem para o terreno, mas a seguranças das pessoas que regressam é muito precária", concluiu.

DW em Português para África | Deutsche Welle
16 de Novembro de 2023 - Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Nov 16, 2023 19:59


Passados 50 anos da independência da Guiné-Bissau, sonhos e conquistas dos que libertaram o país estão a desaparecer. Província do Niassa pretende produzir e fornecer trigo ao mercado moçambicano até novembro de 2024. Madagáscar elege próximo Presidente, em eleições boicotadas pela oposição.

DW em Português para África | Deutsche Welle
10 de Outubro de 2023 - Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Oct 10, 2023 20:00


Faltam poucas horas para o dia D em Moçambique: dia das sextas eleições autárquicas. Na Zambézia, há populares que já estão em alguns postos de votação a vigiarem o local. RENAMO acusa polícia de tentar matar mais um cabeça de lista do partido. À DW, Polícia no Niassa rejeitou a alegada tentativa de assassínio. Israel diz ter restabelecido a segurança junto à fronteira com a Faixa de Gaza.

DW em Português para África | Deutsche Welle
27 de Setembro de 2023 - Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Sep 27, 2023 20:00


Defesa: Angola afasta-se da Rússia e aproxima-se dos EUA. Analistas argumentam que celebrações sobre a saída da França do Níger podem ser prematuras. Niassa: mulheres estão a receber tratamento para fístula obstétrica.

DW em Português para África | Deutsche Welle
6 de Setembro de 2023 - Jornal da Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Sep 6, 2023 19:59


Partidos moçambicanos já estão em pré-campanha no Niassa. Escândalo de corrupção abala futebol em Angola. Golpe de Estado no Níger ameaça interesses da Europa no mercado do urânio.

Ciência
Documentário acompanha descobertas de paleontólogos em Moçambique

Ciência

Play Episode Listen Later Aug 14, 2023 11:40


Moçambique é “uma parte do berço da Humanidade” com extensas florestas fósseis que se mantêm preservadas há mais de 250 milhões de anos. Agora, é a primeira geração de paleontólogos moçambicanos quem está a divulgar esta história, nomeadamente através de um documentário que mostra as suas descobertas, desde uma espécie com 259 milhões de anos à maior floresta fóssil do mundo. O documentário “Projecto PaleoMoz: Moçambique, uma história por descobrir” dá a conhecer a equipa PaleoMoz, as suas ambições e as suas descobertas. A RFI falou com o seu realizador, Sebastian Crocco, e com o paleontólogo e investigador principal do projecto, Ricardo Araújo.“O PaleoMoz é uma iniciativa entre Portugal e Moçambique de investigação, sobretudo focada na paleontologia, no sentido de proteger e valorizar o património paleontológico moçambicano e gerar a primeira geração de paleontólogos moçambicanos”, resume Ricardo Araújo, precisando que o projecto começou em 2009, que dois dos estudantes estão em doutoramento e que há uma rede de “várias dezenas de estudantes ao nível de licenciatura e mestrado que trabalharam connosco”.A equipa tem andado a trabalhar naquela que é “a maior floresta fóssil do mundo”, na província de Tete, e descobriu uma espécie que até hoje só foi revelada em Moçambique, o dicinodonte, que baptizaram como “Niassodon Mfumakasi”, ou seja, “Rainha do Niassa”.“É um dicinodonte que é uma espécie muito ancestral aos mamíferos. Está na linhagem evolutiva dos mamíferos, mas existiu antes de os mamíferos existirem. Os mamíferos surgem há cerca de 220 milhões de anos e este tipo de animais existiu em Moçambique – por isso é que Moçambique é tão importante – há cerca de 259 milhões de anos”, acrescenta o investigador.A viagem a este passado com mais de 250 milhões de anos está cheia de surpresas. Além do dicinodonte do Niassa, a equipa chegou à conclusão que “a maior floresta fóssil do mundo está em Moçambique” na província de Tete.“Isto começou com um trabalho de campo em 2016. Nós já sabíamos que havia lá vestígios de troncos fossilizados – aliás, os primeiros vestígios foram reportados por Livingstone, o famoso explorador em África no final do século XIX e ele próprio já tinha indiciado que existia lá troncos fossilizados que as pessoas utilizavam como tampos de mesas, etc. Nós fomos lá, começámos a tentar perceber a extensão da floresta fóssil e são mais de 100 quilómetros, na província de Tete, de extensão ininterrupta de troncos fossilizados, muitos deles com mais de dois metros de diâmetro, muitos deles com mais de uma dezena de metros de comprimento e alguns em posição original", explica o paleontólogo.As florestas fósseis da província de Tete remontam a 256 milhões de anos e permitem ver como eram as florestas antes da “pior extinção de sempre” de há 252 milhões de anos. Já as florestas fósseis da província do Niassa têm registadas “o início da extinção em massa”, com sequências sedimentares completas que permitem ver as camadas de rochas para além da extinção.“É um cenário desolador. Olhando para as rochas: não tem fósseis; os fósseis estão já todos muito fragmentados, muito partidos; não há qualquer indício de carvão, de matéria vegetal. Realmente, o Niassa tem essa capacidade de, nas rochas, contar-nos a história da maior extinção da vida na Terra”, acrescenta.O investigador alerta que a extinção em massa de há 252 milhões de anos tem pontos em comum com os dias de hoje e deveria servir de aviso: “Há 252 milhões de anos deram-se grandes libertações de dióxido de carbono e metano para a atmosfera e essa libertação desses gases levou eventualmente à extinção em massa. Aquilo que acontece actualmente é exactamente a mesma coisa. Quando pegamos no carro todos os dias e ligamos o motor de combustão ou fazemos qualquer outra actividade que requeira a utilização de combustíveis fósseis. É um alerta que as rochas de Moçambique nos deixam para pensarmos exactamente sobre aquilo que está a decorrer nos dias de hoje”, avisa Ricardo Araújo.O projecto PaleoMoz vai continuar a investigar o terreno e a ambição é que, um dia, as florestas fósseis de Moçambique sejam reconhecidas pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade. O realizador chileno Sebastian Crocco quer, por isso, que o filme seja visto pelo maior número de pessoas para se poder salvaguardar e estudar esse mesmo património.“É um património muito valioso. A maior floresta fóssil do mundo está ali e é uma coisa que eles têm de cuidar. Por isso, é importante que o documentário seja espalhado por Moçambique e pelo mundo para que as pessoas saibam que em Moçambique há muito material e há muita coisa por descobrir”, explica.O documentário “Projecto PaleoMoz: Moçambique, uma história por descobrir” foi galardoado com o “Silver Award” no “International Tourism Film Festival 2022” na África do Sul; esteve na selecção oficial do “Wildlife Vaasa Film Festival”, na Finlândia; foi nomeado para o “Sibersalz Science & Media Awards”, na Alemanha; e recebeu uma menção honrosa no festival “Sci-On!”, nos Estados Unidos.

DW em Português para África | Deutsche Welle
9 de Agosto de 2023 - Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Aug 9, 2023 20:00


Detenção de músico moçambicano por alegada incitação à morte do Presidente gera debate sobre a governação e liberdade de expressão. Gestão eficiente de recursos naturais impulsiona infraestrutura social no Niassa, norte de Moçambique. Líder rebelde nigerino estabelece Conselho de Resistência da República (CRR) para restaurar ordem Constitucional e Presidente deposto.

DW em Português para África | Deutsche Welle
12 de Julho de 2023 – Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Jul 12, 2023 20:00


Manuel Chang, ex-ministro das Finanças de Moçambique, foi esta manhã extraditado para os Estados Unidos. Niassa: Pais e encarregados de educação da cidade de Lichinga estão a construir salas de aulas por iniciativa própria. Terminou hoje a cimeira da NATO com a presença do Presidente da Ucrânia.

DW em Português para África | Deutsche Welle
13 de Junho de 2023 – Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Jun 13, 2023 20:00


Moçambique: Metas do recenseamento eleitoral não foram atingidas, admite CNE no Niassa. Hoje é Dia Mundial da Consciencialização do Albinismo. As dificuldades por que passam muitos cidadãos com albinismo são ainda muitas. Angola: Crise inflacionista e subida do preço da gasolina afetam cidadão mais vulneráveis.

DW em Português para África | Deutsche Welle
29 de Maio de 2023 – Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later May 29, 2023 20:00


Guiné-Bissau: CNE da Guiné-Bissau já credenciou 176 observadores internacionais. Campanha eleitoral para as legislativas de 4 de junho entrou hoje no décimo oitavo dia. Partido da Renovação Social (PRS) afirma que o país está "mal". Moçambique: Niassa beneficiou de dois Gabinetes Distritais de Cooperativismo em 2023.

DW em Português para África | Deutsche Welle
2 de Maio de 2023 – Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later May 2, 2023 20:00


Eleições estão em risco na Guiné-Bissau? Jurista e analista guineense afirma que o risco e real. Moçambique: Província de Niassa perdeu mais de 108 milhões de meticais em atos de corrupção, segundo dados do Gabinete Provincial de Combate à Corrupção, em funcionamento há pouco mais de três meses. Angola: Mais de 80 atos de intolerância política foram praticados contra a UNITA no Cuando Cubango.

Ciência
Número de casos de cólera em Quelimane começa a diminuir após campanha de vacinação

Ciência

Play Episode Listen Later Apr 11, 2023 8:04


Após várias semanas de um surto de cólera que gerou mais de 11 mil casos confirmados na cidade de Quelimane, o número de casos diários começou a diminuir nesta cidade fortemente afectada pelo ciclone Freddy, segundo relatou Cristina Graziani, coordenadora de emergência da organizaçaõ Médicos Sem Fronteiras, que está a actuar na região. Após mais de 11 mil casos confirmados de cólera em Quelimane, o número diário de novos casos está a diminuir graças a uma forte campanha de informação e de vacinação nesta cidade da Zambézia, devastada recentemente pelo ciclone Freddy."Felizmente, podemos dizer que a situação está a melhorar após a campanha de vacinação e muito trabalho nas comunidades, quer seja na promoção de cuidados de saúde, quer seja com o controlo dos casos de cólera nos centro de atendimento da cidade. O número de pacientes está a diminuir e no nosso centro de atendimento, o afluxo de pacientes está a diminuir", afirmou Cristina Graziani, coordenadora de emergência dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), em entrevista à RFI.O surto de cólera em Quelimane foi declarado há cerca de um mês, após a passagem devastadora do ciclone Freddy que causou inundações e destruição de infra-estruturas essenciais desta cidade, nomeadamente o saneamento das águas. Para a redução do números de casos tem contribuído a campanha de vacinação, que abrange cerca de 410 mil pessoas, mas também as campanhas de informação nas rádios locais e a distribuição de folhetos que incita a população a procurar os centros de saúde a partir dos primeiros sintomas, como vómitos e diarreia."A vacinação é um passo muito importante e outro passo importante é a questão da promoção da higiene feita em conjunto pelo MSF e outros parceiros humanitários, juntamente com as autoridades da Saúde, para informar a população do que tem de ser feito em casa para reduzir o risco de contaminação como ferver água, desinfectar, limpar bem, fechar as latrinas, todas as medidas de protecção para limitar o contágio", descreveu Cristina Graziani.Esta responsável da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras disse ainda que a redução de casos se deve ao empenho dos profissionais de saúde moçambicanos e dos funcionários das autoridades locais que mesmo eles próprios tendo sido afectados pelos estragos provocados pelo ciclone Freddy, não deixaram de combater o surto de cólera."Gostaria de agradecer a todos os profissionais de saúde, todos, desde quem trabalha nos centros até à desinfecção, pelo grande compromisso que eu encontrei. São pessoas que trabalham muitas horas, pessoas que perderam as suas casas, que não têm água e que eles estão cansados, mas que trabalham muitas horas com muita seriedade. É um experiência muito forte, tanto na província de Niassa, como agora na Zambézia", indicou.Antes de vir para Quelimane, Cristina Graziani esteve em Niassa onde o surto de cólera também já abrandou. Graziani lembra que desde que os pacientes acorram desde os primeiros sintomas aos centro de saúde e centro de tratamento de cólera, há uma grande possibilidade de cura.Actualmente a cólera está presente em 11 países africanos - Malawí, Moçambique, Somália, Quénia, Etiópia, Zâmbia, Sudão do Sul, Burundi, Tanzânia, Zimbabwe e África do Sul -, atingindo 28 milhões de pessoas, uma situação que preocupa os Médicos Sem Fronteiras."No que diz respeito ao Malawi, há muitos meses que a situação está por resolver e isto é um problema porque as fronteiras são muito permeáveis e há um grande movimento de pessoas e de mercadorias. É um trabalho que envolve mais do que um país e é um trabalho necessário para uma vigilância activa e passiva que resolva o problemas das fronteiras. Esperamos que os governos concordem numa estratégia de monitorização das fronteiras e passagem de pessoas nestas alturas de época chuvosas que trazem sempre doenças diarreicas", concluiu Cristina Graziani.

DW em Português para África | Deutsche Welle
20 de Março de 2023 - Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Mar 20, 2023 19:58


Jovem moçambicano que perdeu olho vítima da repressão policial no último sábado promete continuar a lutar. Degradação das estradas pode atrasar a chegada de material de recenseamento eleitoral à Cabo Delgado e Niassa. Sobrelotação das cadeias preocupa a sociedade angola.

TSF - Sinais - Podcast
Ode à cebola do Niassa

TSF - Sinais - Podcast

Play Episode Listen Later Mar 17, 2023


Edição de 17 Março 2023

cebola niassa
DW em Português para África | Deutsche Welle
17 de Março de 2023 - Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Mar 17, 2023 19:58


Tribunal Penal Internacional emite mandado de captura contra Presidente russo, Vladimir Putin. Mudanças climáticas terão cada vez mais impacto em Moçambique, alerta organização Justiça Ambiental. Despacho de acusação do Ministério Público são-tomense sobre a alegada tentativa de golpe de Estado peca por tardio, diz Liga dos Direitos Humanos de São Tomé e Príncipe.

DW em Português para África | Deutsche Welle
22 de Fevereiro de 2023 - Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Feb 22, 2023 19:52


Moçambique: Oposição alega desvios e corrupção no Instituto Nacional de Gestão de Riscos de Desastres (INGD) pela fraca resposta às vítimas das catástrofes. À DW, INGD desvaloriza críticas e diz que "assunto do Banco Mundial" já foi resolvido. Os relatos de pessoas atingidas pelas cheias na província moçambicana de Niassa. Guiné-Bissau: O que dizem os partidos sobre o processo eleitoral?

DW em Português para África | Deutsche Welle
16 de Janeiro de 2023 - Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Jan 16, 2023 20:00


Na Guiné-Bissau, o PAIGC entregou hoje ao Supremo Tribunal de Justiça o pedido para anotar as resoluções do seu último congresso ordinário, que reelegeu Domingos Simões Pereira à frente do partido. Em Angola, foi hoje aprovada na generalidade, a proposta do Orçamento Geral do Estado para 2023. A FNLA e o PRS abstiveram-se da votação.

DW em Português para África | Deutsche Welle
27 de Outubro de 2022 - Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Oct 27, 2022 19:58


"Faltou sensibilidade" a Umaro Sissoco Embaló em Moscovo e em Kiev, diz analista. Na província angolana do Bengo, profissionais de saúde contestam falta de pagamento de subsídios. Em Moçambique, província do Niassa regista alto índice de desnutrição infantil.

DW em Português para África | Deutsche Welle
21 de Outubro de 2022 - Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Oct 21, 2022 20:00


UNITA não está a "falar a uma só voz", diz analista. Moçambique ainda não tem estratégia de combate à corrupção na administração pública. Descoberta no Malawi vala comum com 29 corpos.

DW em Português para África | Deutsche Welle
7 de Setembro de 2022 - Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Sep 7, 2022 19:59


Freira italiana assassinada na diocese de Nacala, Moçambique. Angola aguarda pronunciamento de Tribunal Constitucional sobre eleições gerais.Niassa pede centro de atendimento integrado para vítimas de violência.

DW em Português para África | Deutsche Welle
5 de Setembro de 2022 - Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Sep 5, 2022 19:59


Tribunal Constitucional angolano chumba recurso da UNITA. Adalberto Costa Júnior ameaça recorrer a tribunais internacionais. Na Guiné-Bissau, Presidente Umaro Sissoco Embaló garante que não impediu líder do PAIGC de sair do país. Projeto "Ela pertence à escola" alerta para "urgência" da educação em Moçambique.

Convidado
Cabo Delgado um ano depois da chegada das tropas estrangeiras

Convidado

Play Episode Listen Later Jul 29, 2022 11:26


Fez este mês um ano que chegaram as tropas ruandesas a Cabo Delgado, no norte de Moçambique, sendo seguidas algumas semanas depois pelas forças regionais da SADC para apoiar os militares moçambicanos no combate ao terrorismo. Segundo dados oficiais, desde o começo dos ataques em 2017, a violência provocou cerca de 4 mil mortos e 800 mil deslocados internos. Para além do impacto humano, a violência levou à paralisação de algumas actividades económicas, nomeadamente a construção da plataforma do grupo francês Total para a liquefacção de gás na zona de Palma, onde em Março de 2021 se deu um dos principais ataques perpetrados pelos jihadistas em cabo delgado. A violência gerou mais pobreza que gerou, por sua vez, mais violência. Este é o ciclo vicioso descrito por João Feijó, investigador e coordenador do Conselho Técnico do Observatório do Meio Rural em Maputo, que segue de perto a situação de Cabo Delgado. João Feijó refere que com a chegada das tropas estrangeiras há melhorias sensíveis desde há um ano mas considera, ainda assim, que não há mudanças significativas no cenário vivenciado no extremo norte do país. RFI: Qual é avaliação global que faz da situação prevalecente neste momento em Cabo Delgado? João Feijó: Não há assim mudanças significativas no cenário. O que acontece é que desde a intervenção ruandesa, o grupo insurgente mudou de estratégia, escondeu-se nas matas mais a sul de Macomia de deixou de fazer ataques de grande envergadura como aqueles que houve em Palma ou em Mocímboa da Praia (no extremo norte). Dividiram-se em pequenos grupos e começaram a atacar mais alvos dispersos, visando populações isoladas. Foram atacar mais a sul, tentaram abrir uma frente no Niassa, não conseguiram. Agora, mais recentemente, entraram por Ancuabe (a cerca de 100 km a oeste de Pemba, capital provincial), onde nunca tinha havido ataques, conseguiram descer para Chiúre (mais a sul na província) e efectuaram um ataque simbólico em Nampula (na província limítrofe com o mesmo nome) e regressaram. Portanto, já não têm a capacidade que tiveram há um ano atrás, sobretudo quando quando atacaram Palma. Dispersam-se e atacam em pequenas unidades. Houve algumas operações ofensivas da parte do governo moçambicano juntamente com as tropas aliadas que foram noticiadas na televisão, nomeadamente quando tomaram a base de Catupa (a norte da zona natural das Quirimbas), uma base onde estavam supostamente os líderes a insurgência, foram apresentadas algumas pessoas presas, algum material apreendido, mas não sabemos como é que se procedeu, se realmente foi ocupação ou se já tinham abandonado a base. Não se sabe se houve baixas ou não. Portanto, a verdade é que a situação não muda, é uma guerra de de guerrilha. Eles continuam dispersos nas matas a atacar aldeias isoladas com menos frequência do que faziam, mas sem criarem condições estruturais de segurança para as pessoas poderem regressar. RFI: Ainda recentemente, a SADC fez uma avaliação positiva da presença das suas tropas em Moçambique. De modo geral, a presença dessas tropas e a presença das tropas ruandesas poderá ter produzido uma melhoria nem que seja ínfima na situação em Cabo Delgado? João Feijó: Não há dúvida de que a situação está melhor do que estava em Abril de 2021. Hoje a população de Palma está mais segura, regressa-se a Mocímboa da Praia, mesmo à vila sede, ainda que muito timidamente. Na zona oeste de Mocímboa da Praia, nomeadamente em Diaca, já começam também a regressar pessoas, na vila sede de Macomia, também regressam pessoas. Já há condições de assistência alimentar às populações que estão nessas zonas, há condições de assistência humanitária, de saúde. Então, há melhorias, já é possível ocupar e administrar territórios que dantes eram inalcançáveis. É preciso ver que em Abril do ano passado, grande parte do território não era sequer administrado e ocupado pelas forças moçambicanas. Hoje a situação continua ainda longe do desejável porque os funcionários públicos não têm ainda condições para regressarem em muitas áreas. Continua a não haver escolas a funcionar, continua sem haver serviços públicos, continua a haver sobretudo a presença de militares. O Estado faz-se sentir sobretudo pela presença do exército. É um Estado militar, com muitas tropas moçambicanas e estrangeiras. A situação de segurança melhorou mas está longe ainda ser aquela que vai proporcionar um regresso massivo das populações e, depois, investimento em condições para o desenvolvimento daquela população. É uma guerra de guerrilha, é uma guerra de paciência. Aquelas matas são densas, há muitas zonas para as pessoas se esconderem e há aldeias isoladas no meio das matas densas que criam as condições ideais para uma guerra de guerrilha porque os guerrilheiros vão lá, atacam, queimam, destroem, pilham, roubam, raptam e vão reforçando as suas fileiras com jovens adolescentes raptados, raptam mulheres para depois tornarem-se guerrilheiras e levam mantimentos. Portanto, reproduz-se todo o ciclo vicioso da violência, não recupera economicamente, não diminui a pobreza, pelo contrário. Aumenta a violência e aumenta a possibilidade de recrutamento de pessoas inclusivamente de forma voluntária, porque não têm outra alternativa para conseguir comida ou porque querem vingar-se de situações de injustiça e de exclusão social profunda que se vive ali. RFI: Pode-se falar de deslocação da violência em Cabo Delgado? João Feijó: Sim, sem dúvida. Perante uma confrontação perante um inimigo mais poderoso, em vez de o enfrentar, a táctica do guerrilheiro consiste em dividir-se em grupos e ir atacar na retaguarda, onde o inimigo não tem capacidade de se defender. Então é nestas aldeias isoladas mais a sul que são apanhadas de surpresa onde este grupo consegue encontrar um sítio onde se pode reorganizar, encontrar logística para se alimentar, raptar outras pessoas e confundir o adversário. Ancuabe (que foi atacada no passado mês de Junho) foi mediático por vários motivos, porque tem lá várias empresas de exploração de recursos naturais, de pedras preciosas, de grafite. Dá acesso particularmente a Montepuez Ruby Mining que é uma empresa multinacional que extrai rubis. Portanto, é uma empresa que simbolicamente tem um peso muito importante ali na província porque há um conflito antigo entre essa empresa e os garimpeiros. Essa empresa é um dos grandes contribuintes fiscais em Cabo Delgado. Então, eles (os insurgentes) estão ali à porta do distrito de Montepuez, estão à porta das minas de Namanhumbire, que são zonas com matas densas, zonas onde os insurgentes poderão ter condições para se esconderem e até capitalizarem sobre o descontentamento dos jovens locais impedidos de fazerem garimpo, mobilizando até jovens para a actividade de garimpo para financiar a guerrilha. Há aqui todo um conjunto de preocupações porque é também uma zona socialmente tensa, com conflitos que já vêm de média duração e que estão longe de estarem resolvidos. Depois, fica naquele eixo Pemba-Montepuez onde há uma estrada nacional que segue até ao Niassa. Portanto, é um corredor que é muito utilizado pela população de Pemba e que afecta profundamente a população da capital (provincial) e é em torno do pânico que os insurgentes jogam, provocando ataques espectaculares. Aliás nem são assim tão espectaculares, são, 6, 7, 8 pessoas que queimam uma aldeia, dão uns tiros, vão decapitar uma pessoa, pedem à esposa para levar a cabeça do marido até à aldeia seguinte para informar 'nós já estamos aqui' e depois há pessoas que na aldeia seguinte vão filmar e vão circular pelas redes sociais. Essas imagens vão depois sair na imprensa e vão provocar este pânico. é este pânico e esta comoção social que os insurgentes exploram. RFI: Tem havido apelos das autoridades moçambicanas para que as populações regressem às suas zonas de origem e tem havido também apelos contraditórios, a dizer que talvez ainda não seja altura de regressar a casa. Há pouco, evocou precisamente o regresso de algumas populações. Há condições neste momento para isso? João Feijó: Em algumas zonas, as pessoas estão a regressar, não propriamente as 'zonas baixas', mas a zona de Muidumbe que fica ali no planalto de Mueda (no extremo norte da província). Mesmo na 'zona baixa', há algumas pessoas que estão a regressar. Muita gente regressou à costa de Quissanga (a um pouco mais de 100 km a norte de Pemba), também para Bilibiza, bem como em Macomia (sensivelmente na mesma zona). Mas depois, temos pessoas que perante ataques estão a fugir. Há movimentos contraditórios de população. Algumas pessoas regressam, outras pessoas estão a fugir. Há pessoas que regressaram a Mocímboa da Praia, a 50 km da vila-sede que foram atacadas e agora estão deslocadas na vila-sede de Mocímboa da Praia. Há movimentos circulares, uns deixam uma parte da família, outros arriscam-se a regressar e vão plantar mandioca ou outras coisas e tentar multiplicar os rendimentos num contexto de redução do apoio do Programa Alimentar Mundial. RFI: O ministério da Defesa de Moçambique tem apontado dificuldades no combate ao terrorismo e nomeadamente na identificação de quem financia os terroristas. João Feijó: De facto tem, ou pelo menos não tem havido evidências claras. Não se sabe se são eles próprios que se financiam através do roubo. Grande parte dos ataques de cometem, é com armas ligeiras, nem todos têm armas de fogo. Muitos atacam com catanas, pelo menos, os últimos relatos falam disso mesmo. Por outro lado, grande parte das armas que eles usam, há evidências de que eram armas roubadas às Forças Armadas. Não está muito claro qual é o nível de ligação internacional deste grupo em relação ao Estado Islâmico. É verdade que o grupo Estado Islâmico tem reivindicado estes ataques. Não se sabe ao certo que tipo de apoio é que eles fornecem. Então, há esta incógnita.

DW em Português para África | Deutsche Welle
1 de Junho de 2022 – Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Jun 1, 2022 19:55


Guineenses continuam em expetativa para conhecer os novos membros do Governo que vão conduzir o país às eleições legislativas. Angola: UNITA espera "resultado histórico" nas eleições de agosto. Em Moçambique, um ex-comandante da Polícia na província do Niassa é acusado de cobranças ilícitas e de ser o suposto cabecilha de criminosos à mão armada.

DW em Português para África | Deutsche Welle
23 de Março de 2022 - Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Mar 23, 2022 20:00


A China poderá mediar um acordo de paz entre Moscovo e Kiev? A posição de Pequim em relação ao conflito Rússia-Ucrânia continua incerta. Na província moçambicana do Niassa, comunidades acusam governo de passar cheques sem cobertura. No Benim ataques na região norte deixam o país em alerta.

DW em Português para África | Deutsche Welle
15 de Março de 2022 - Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Mar 15, 2022 20:00


ONG moçambicana diz que insurgentes perderam capacidade de recrutamento em Cabo Delgado. Polícia moçambicana descarta ação terrorista após ataque armado na província do Niassa. Líderes da Alemanha e Turquia reforçam pedido de cessar-fogo na Ucrânia.

DW em Português para África | Deutsche Welle
24 de Fevereiro de 2022 - Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Feb 24, 2022 20:00


Rússia invade a Ucrânia e a comunidade internacional condena o ato. As autoridades dos países africanos de Língua Portuguesa estão preocupadas com as aflições dos seus cidadãos residentes na Ucrânia. O MPLA recusa debater a greve dos professores universitários no Parlamento. Avança a reconstrução das zonas afetadas pelo terrorismo, em Cabo Delgado e Niassa.

DW em Português para África | Deutsche Welle
23 de Fevereiro de 2022 - Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Feb 23, 2022 20:00


Ministério Público aplica a Domingos Simões Pereira "obrigação de permanência" no país. Em Moçambique, famílias do Niassa dizem que ajuda do governo não chega para reconstruir as suas casas, após os ataques terroristas. União Europeia e Estados Unidos anunciam sanções contra Moscovo.

DW em Português para África | Deutsche Welle
27 de Janeiro de 2022 - Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Jan 27, 2022 19:59


Em Moçambique, sociedade civil critica a cobrança de portagens na estrada circular de Maputo. Filipe Nyusi apela a vigilância da população na visita ao distrito de Mecula, no Niassa, alvo de ataques terroristas. Golpes de Estado na África Ocidental levantam críticas sobre a atuação da CEDEAO.

Ciência
Moçambique: Escolas excluem crianças com deficiência

Ciência

Play Episode Listen Later Jan 4, 2022 7:50


O director executivo da Associação Amigos da Criança Boa Esperança em Moçambique, Victor Maulana, alerta para o facto da maior parte das escolas da província do Niassa não estarem preparadas para receber crianças com necessidades especiais. O responsável associativo aponta o dedo às autoridades, reconhecendo que a falta de profissionais qualificados e a existência de barreiras físicas impede a província de alcançar a inclusão educativa destas crianças. “ Algumas escolas têm o exemplo, mas não têm a acessibilidade adequada. Eu, como pessoa com deficiência, sinto que a rampa não facilita o movimento das pessoas que se querem movimentar sozinhas e chegar à sala de aula. A própria sala de aula não está preparada para pessoas com deficiência”, refere. Victor Maulana defende que outro desafio passa pelo recrutamento de profissionais qualificados para lidar com as necessidades especiais dos alunos. “Em Moçambique, quase na totalidade, não existem professores qualificados, salvo na Beira, onde está sediada a ACAMO-Associação dos Cegos e Amblíopes de Moçambique- depois as outras províncias não têm as mínimas condições”, esclarece.  O Director executivo da Associação Amigos da Criança Boa Esperança aponta o dedo às autoridades, admitindo que não há vontade política para melhorar as condições de acesso à educação destas crianças. “A falta de vontade política pode estar na origem desta situação. Porque dizer que não há recursos seria mentir. Há muitos financiadores que apoiam o sector da educação, nomeadamente as pessoas com deficiência, mas a aplicação desses fundos não está a ser a mais adequada”, garante. O responsável associativo considera que é urgente que as autoridades mobilizem os recursos necessários para formação de quadros especializados e para equipar os estabelecimentos de ensino.  De acordo com os dados recolhidos pelas autoridades em 2020, duas em cada três crianças com deficiência estão fora do ensino escolar. Para contrariar esta realidade, o Ministério moçambicano da Educação e Desenvolvimento Humano lançou, em Dezembro, a Estratégia da Educação Inclusiva e Desenvolvimento da Criança com Deficiência 2020-2029, que pretende a reestruturação do sistema educativo como um todo. A iniciativa do governo preconiza que os direitos educativos de todos os alunos deve ser assumida no campo de acção das grandes directrizes educativas e intersectoriais.

DW em Português para África | Deutsche Welle
3 de Janeiro de 2022 - Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Jan 3, 2022 20:00


Moçambique: Milhares de crianças com necessidades especiais não têm acesso à escola no Niassa. Primeiro-ministro sudanês demite-se do cargo em plena tensão no país. Somália começa o ano com o velho problema do terrorismo e a crescente crise política. Incêndio na Assembleia Nacional sul-africana. Confere mais uma episódio do Learning By Ear.

DW em Português para África | Deutsche Welle
28 de Dezembro de 2021 - Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Dec 28, 2021 19:59


Apesar da presença do exército, população sente-se insegura na província moçambicana do Niassa perante crescente insurgência. Em Angola, ONG Omunga questiona transparência da gestão do programa Reserva Estratégica Alimentar. E um ano depois de entrar em vigor, olhamos para os efeitos práticos do acordo de livre comércio africano.

DW em Português para África | Deutsche Welle
20 de Dezembro de 2021 – Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Dec 20, 2021 20:00


Filipe Nyusi anuncia a manutenção das medidas do decreto anterior sobre a prevenção da Covid19 no país. Manuel de Araujo defende que o país tornou-se num terreno fértil para os terroristas. Em Luanda: enfermeiros primários em greve para exigir melhores condições sociais e de trabalho.

DW em Português para África | Deutsche Welle
16 de Dezembro de 2021 - Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Dec 16, 2021 20:00


Presidente de Moçambique apela calma à população face aos ataques armandos na província do Niassa. Sociedade civil angolana diz que João Lourenço insultou famílias que passam fome no Sul de Angola, quando diz que a fome é relativa. Falta de promoção provoca a greve dos guardas prisionais na Guiné-Bissau.

DW em Português para África | Deutsche Welle
14 de Dezembro de 2021 - Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Dec 14, 2021 19:48


Em Angola, partidos políticos e sociedade civil condenam força policial excessiva na marcha da UNITA em Benguela. Ataques na província moçambicana de Niassa aterrorizam população e prejudicam transportadores. Covid-19: África do Sul trabalha no desenvolvimento de vacinas que utilizam a tecnologia mRNA.

DW em Português para África | Deutsche Welle
13 de Dezembro de 2021 - Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Dec 13, 2021 19:58


Em Angola, "João Lourenço não vai tolerar manifestações em ano de campanha eleitoral", diz ativista. Organização angolana conclui que mais de 100 pessoas morreram no incidente de Cafunfo. Insurgentes estão a sofrer baixas na província moçambicana de Cabo Delgado, garante Chefe de Estado.

A Minha Guerra
António Nobre - Duas cruzes de guerra

A Minha Guerra

Play Episode Listen Later Dec 9, 2021 7:39


Embarcou para a guerra sem medo e na zona do Niassa foi ferido com gravidade três vezes. E viu morrer muitos da sua idade. Pela bravura com que se bateu, António Nobre recebeu duas Cruzes de Guerra. Texto de Marta Martins Silva, com narração de Rita F. Batista e coordenação de Catarina Cruz e Fernanda Cachão. Apoio à produção de Bruá

DW em Português para África | Deutsche Welle
8 de Dezembro de 2021 - Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Dec 8, 2021 20:00


Em Moçambique, aumenta violência contra mulheres deslocadas em Cabo Delgado. População do Niassa teme alastramento do conflito de Cabo Delgado. Líderes africanos debatem paz e segurança no continente.

DW em Português para África | Deutsche Welle
2 de Dezembro de 2021 - Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Dec 2, 2021 20:00


Províncias do centro e sul de Moçambique seguem sob ameaças dos insurgentes. Greve dos motoristas em Cabinda ganha contornos preocupantes. Arranca em Angola o XIII Congresso da UNITA.

DW em Português para África | Deutsche Welle
2 de Dezembro de 2021 - Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Dec 2, 2021 19:59


Em Angola, Isaías Samakuva pede união na abertura do congresso da UNITA. Em Moçambique, habitantes do Niassa temem novos ataques de insurgentes. Tribunal de Contas da Guiné-Bissau começa a julgar as contas de várias empresas públicas do país.

DW em Português para África | Deutsche Welle
30 de Novembro de 2021 - Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Nov 30, 2021 19:59


Cabo Delgado: "Pulverização" da insurgência pode originar "sobremilitarização". Angola: Engenho explosivo mata seis crianças no Cuando Cubango, apesar de progressos na desminagem apontados pelo Governo. Maputo: Passageiros e "chapeiros" criticam aumento do preço dos transportes.

A Minha Guerra
Amadeu Silva - Trauma para a vida

A Minha Guerra

Play Episode Listen Later Nov 29, 2021 6:46


Pertencia à companhia 1558 que por causa do bloqueio inglês foi obrigada a desviar para a região do Ile, na Zambézia, antes de chegar à zona do Niassa, em Moçambique. Amadeu Silva viu logo nos primeiros dias os efeitos mortais das emboscadas do inimigo. Texto de Marta Martins Silva, com narração de Rita F. Batista e coordenação de Catarina Cruz e Fernanda Cachão. Apoio à produção de Bruá

DW em Português para África | Deutsche Welle
27 de Agosto de 2021 - Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Aug 27, 2021 20:00


Teófilo Nhangumele nega devolver o dinheiro que recebeu da Privinvest, ao estado moçambicano. Alemanha e África buscam mecanismos para reforçar a cooperação económica. No Niassa em Moçambique, ambientalistas criam mecanismo para garantir a proteção dos recursos florestais. Em Malanje aumenta o número de jovens toxico dependentes.

DW em Português para África | Deutsche Welle
19 de Julho de 2021 - Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Jul 19, 2021 20:00


Eleições em STP: Carlos Vila Nova e Posser da Costa disputam segunda volta das presidenciais. Moçambique: Jovem foi baleado na província do Niassa por não usar mascara de proteção contra a Covid-19. Angola: Partidos políticos impugnaram o concurso público para o cargo de presidente da Comissão Provincial Eleitoral do Kwanza-Sul.

DW em Português para África | Deutsche Welle
16 de Julho de 2021- Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Jul 16, 2021 20:00


Fim do cartão de eleitor pode excluir muitos angolanos das eleições de 2022. Em Moçambique, ajuda chega aos deslocados de Cabo Delgado no Niassa. Última visita de Angela Merkel aos EUA como chanceler da Alemanha marcada por elogios e divergências.

Ciência
Ciência - Troncos fossilizados com mais de 259 milhões de anos em Moçambique

Ciência

Play Episode Listen Later Jul 13, 2021 12:34


Uma equipa de investigadores descobriu, em Moçambique, troncos de árvore fossilizados com mais de 259 milhões de anos. A descoberta foi divulgada na revista 'Journal of African Earth Sciences', isto após cerca de 3 anos de investigação. O artigo publicado foi escrito por três cientistas: o moçambicano Nelson Nhamutole, a sul-africana Marion Bamford e o português Ricardo Araújo. Nelson Nhamutole, cientista moçambicano, fez parte dessa equipa de investigadores que fez a descoberta em 2018. À RFI, Nelson Nhamutole explicou o que representa esta descoberta e como foi possível chegar a este resultado. Nelson Nhamutole, cientista moçambicano, detém um mestrado realizado numa universidade na África do Sul, instituição onde vai realizar agora o seu doutoramento. Recorde-se que os fósseis foram recolhidos no âmbito de uma investigação realizada em 2018 junto ao Lago Niassa, na província do Niassa, e estudados em laboratórios em Moçambique e na Africa do Sul. Os troncos encontrados são de um género que já era conhecido no hemisfério Norte e em certos períodos, mas não no período Pérmico, há mais de 259 milhões de anos. Nessa altura, os dinossauros ainda não existiam. E o ponto final neste Magazine Ciência. 

Convidado
Convidado - Governador de Cabo Delgado: “Todo o trabalho que está a ser feito é pela protecção da população”

Convidado

Play Episode Listen Later May 19, 2021 9:52


Cabo Delgado, no norte de Moçambique, é palco há três anos e meio de ataques com um balanço humano oficial de mais de 2500 mortos e 700 mil deslocados, ao qual se junta também um impacto negativo a nível do tecido empresarial local que colocava muita esperança na chegada da petrolífera francesa Total na região, um projecto actualmente à espera de um contexto mais favorável para ser retomado. Em entrevista à RFI, o governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo evoca precisamente este aspecto. Ao mostrar-se confiante na eventualidade da Total retomar as suas actividades “a curto prazo”, o governador da província considera que “não há desenvolvimento sem segurança e não há segurança sem desenvolvimento”. Questionado sobre o trabalho encetado há um pouco mais de um ano com o lançamento da ADIN, Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte de Moçambique, uma entidade que abrange Nampula, Niassa e Cabo Delgado, Valige Tauabo refere que esta entidade “foi criando primeiro um levantamento à realidade de cada província” na óptica de definir uma estratégia, este sendo “um processo que deve ainda ser trabalhado”. Sobre os ataques e a sua origem, o governador de Cabo Delgado declara que “não se sabe qual é a motivação dos que estão a fazer isso” mas garante que as autoridades moçambicanas“estão a fazer tudo para compreender o que está a acontecer”.

Convidado
Convidado - “O ataque em Palma não pode ser visto como algo isolado”

Convidado

Play Episode Listen Later Mar 29, 2021


O ataque jihadista à vila de Palma, no norte de Moçambique, “vem mudar algo de substancial na maneira como a insurgência tem estado a evoluir no terreno”, alerta o investigador moçambicano Salvador Forquilha, avisando que “o ataque em Palma não pode ser visto como algo isolado”.  Além disso, a ofensiva é directamente “uma ameaça aos investimentos na zona” e dá visibilidade internacional aos grupos insurgentes que actuam na região. Além de ser directamente “uma ameaça aos investimentos na zona” e de dar visibilidade internacional aos grupos insurgentes, “o ataque em Palma não pode ser visto como algo isolado”, alerta o investigador moçambicano Salvador Forquilha. É que, para o especialista, este ataque “vem mudar algo de substancial na maneira como a insurgência tem estado a evoluir no terreno e na maneira como se olha para o próprio fenómeno”. Foi só neste domingo - vários dias depois do início do ataque à vila de Palma na quarta-feira - que o ministério da Defesa de Moçambique admitiu a morte de dezenas de civis, incluindo sete pessoas que tentavam fugir do hotel onde estavam refugiadas cerca de 200 outras. Porém, os relatos do terreno são escassos, muito mais alarmistas e há um número incalculável de desaparecidos.  Esta segunda-feira, o autointitulado Estado Islâmico reivindicou o ataque. O investigador moçambicano Salvador Forquilha não ficou surpreendido com a comunicação tardia do governo, sublinha que “desde o início o governo procurou recusar a ideia de que se estava perante uma insurreição de carácter jihadista”. Além disso, o especialista alerta que este ataque tem impacto ao nível da visibilidade internacional dos insurgentes e avisa que Moçambique tem estado “a correr atrás do prejuízo”. Salvador Forquilha é investigador no Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) em Maputo, coordenador do programa de pesquisa “Estado, violência, desafios e desenvolvimento no norte de Moçambique” e co-autor das publicações “Radicalização Islâmica no norte de Moçambique: O Caso de Mocímboa da Praia” e “Afinal não é só Cabo Delgado! Dinâmicas da Insurgência em Nampula e Niassa”.    RFI: "O ministério da Defesa só admitiu a existência de dezenas de mortes este domingo. Porquê tão tarde já que o ataque começou na quarta-feira?" Salvador Forquilha, Investigador IESE: "Desde o início, o governo praticamente procurou recusar, procurou afastar a ideia de que se estava perante uma insurreição de carácter jihadista. Só que à medida que o tempo foi passando e o fenómeno se foi complicando, foi aí que o governo acabou por reconhecer. Relativamente a Palma, o governo quer dar uma determinada imagem sobre a situação, é perfeitamente compreensível, e muitas vezes a imagem que o governo pretende dar está muito distante do que realmente está a acontecer no terreno." RFI: "O que significa esta tomada de Palma pelos jihadistas?" Salvador Forquilha: "O primeiro significado é de ameaça aos investimentos na zona porque sem uma segurança aceitável não é possível prosseguir com os investimentos. Agora, prefiro olhar para o fenómeno num contexto um pouco mais alargado da evolução da própria insurgência nos últimos três, quatro anos. Há aqui uma evolução significativa e, se calhar, o ataque a Palma vem mudar algo de substancial na maneira como a insurgência tem estado a evoluir no terreno e, por outro lado, na maneira como se olha para o próprio fenómeno." RFI: "Este ataque pode abrir portas para a propagação do Estado Islâmico em Moçambique?" Salvador Forquilha: "Não só o ataque em si, por isso eu estava a insistir em que é importante procurar enquadrar num contexto um pouco mais alargado da evolução do próprio fenómeno no terreno. O ataque em Palma não pode ser visto como algo isolado. É evidente que o impacto é muito grande, sobretudo do ponto de vista da visibilidade do grupo a nível internacional, mas francamente falando não pode ser tido como um acontecimento isolado nem surpresa. É verdade que ao longo dos últimos três meses, fundamentalmente de Janeiro a esta parte, houve uma relativa acalmia, mas sabemos, em outros contextos - na Somália, Sahel - sabe-se que estes grupos muitas vezes têm estes momentos de uma relativa acalmia e, muitas vezes, são momentos também de reorganização do próprio grupo, de reforço do próprio grupo e depois vem à carga. Foi um pouco o que aconteceu. Não me parece que seja um acto isolado. A mim o que me parece é que deve ter sido um ataque preparado no mínimo detalhe há muito mais tempo e não foi uma coisa de uma semana. Os poucos relatos que nos chegam do terreno dão conta de muitos jihadistas dissimulados em cidadãos simples, em deslocados, etc, e contendo consigo armas desmontadas nas suas mochilas. Houve aqui uma preparação no detalhe que, de facto, nos remete para uma ideia de um grupo muito mais estruturado, organizado e com intenções muito mais claras do ponto de vista do avanço no terreno." RFI: "Como se explica que, há poucos dias, as autoridades tenham dito que em breve a população poderia voltar a Mocímboa da Praia e agora temos este novo ataque no norte do país?" Salvador Forquilha: "O governo procura dar uma certa imagem do que se está a passar. Há uma gestão política dos acontecimentos por parte do governo e é compreensível. Mas entre o discurso e a realidade que se vive no terreno há uma grande distância. Francamente falando, ainda que não tivesse havido o ataque de Palma, não penso que houvesse condições reunidas para que as populações regressassem às suas zonas de origem." RFI: "Cerca de 1800 pessoas chegaram a Pemba por barco, este domingo.  Não há receios de infiltrados jihadistas no grupo que tentem atacar Pemba?" Salvador Forquilha: "É evidente que receios existem. Aliás, há relatos que as pessoas que chegam a Pemba, de barco, são revistadas pelas unidades das forças de defesa e segurança. Faz todo o sentido e vale a pena tomar essas precauções todas porque o perigo está à vista, é evidente. Agora, se isso efetivamente vai-se traduzir numa ameaça real para Pemba e outros locais onde se encontram deslocados, não sei. Mas sim, tem que haver medidas e precaução em relação a este fenómeno." RFI: "Esta é uma guerra por acesso a recursos, a gás, é uma guerra religiosa ou sócio-económica (até porque estamos a falar de jovens desfavorecidos numa zona muito pobre)?" Salvador Forquilha: "Nós, no IESE, temos estado a trabalhar no assunto há mais de três anos, praticamente desde o início. Nas nossas discussões internas, temos sempre procurado sublinhar que é importante evitar explicações monocausais, ou seja, dizer unicamente que é por causa de recursos, é por causa das desigualdades, é por causa da dimensão religiosa, etc. Muito provavelmente é por causa de tudo isso. No terreno encontramos diferentes dimensões. Há uma dimensão religiosa que é bem presente. Há relatos que nos chegam de Palma que dizem que eles estavam a gritar Allahu Akbar. Não se pode minimizar isto. Há uma dimensão religiosa importante, há um processo de radicalização mesmo que o termo seja complicado. Existe sobretudo em algumas regiões de Cabo Delgado – e também Niassa e Nampula. É um fenómenos que tem vindo a crescer nos últimos anos, bem antes dos primeiros ataques. Por outro lado, é evidente que o “boom” dos recursos naturais joga um papel muito importante no imaginário das pessoas, sobretudo quando as pessoas ouvem todos os dias que há milhões e biliões de dólares em causa. Tudo isso joga um papel muito importante na maneira como as pessoas imaginam a situação, a sua própria condição  de exclusão, de pobreza, etc." RFI: "Como é que a comunidade internacional deve reagir, tendo em conta que esta ameaça pode continuar a propagar-se e não se limitar a Moçambique?" Salvador Forquilha: "A comunidade internacional tem um papel importante a desempenhar, sem dúvida, mas em primeiro lugar é o próprio Estado moçambicano e não me parece que a comunidade internacional possa fazer qualquer coisa que seja sem que o próprio Estado moçambicano dê indicações nesse sentido e, sobretudo, tenha vontade para que a comunidade internacional intervenha. Agora, o que é um facto é que nós estamos – passo a expressão – a correr atrás do prejuízo. A acção enérgica deveria ter sido há muito mais tempo relativamente a este fenómeno e o Estado moçambicano levou muito tempo, primeiro para reconhecer que se estava perante uma ameaça de grande dimensão e, em segundo lugar, para ser consequente com este reconhecimento. Hoje a situação complicou-se, toda a acção parece mais paliativa que concretamente uma acção que possa trazer resultados a médio e longo prazo. Por outro lado, tem havido muito pouco investimento relativamente à pesquisa e investigação. Para mim, isso é preocupante porque não se pode lutar contra um fenómeno desta natureza quando não se conhecem as dinâmicas e o desenvolvimento do próprio fenómeno a nível local.”  

DW em Português para África | Deutsche Welle
18 de Março de 2021- Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Mar 18, 2021 19:53


Moçambique: ADIN prima pela ausência, considera analista. Sociedade civil e Governo discutem soluções para acabar com a violação de direitos humanos em Cabo Delgado. Em Angola: Parlamento aprova a proposta de revisão constitucional.

DW em Português para África | Deutsche Welle
10 de Março de 2021 - Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Mar 10, 2021 19:54


Covid-19 leva à descida das trocas comerciais entre China e África. Reportagem em Cabo Delgado: Metuge a braços com surtos de cólera nos campos de deslocados. Entrevista com Tio Yado: O humorista do Niassa que faz sucesso além-fronteiras.

NoticiAudio
NoticiAudio Changana 08.01.2021

NoticiAudio

Play Episode Listen Later Jan 9, 2021 10:32


Varhandziwa vayingisete, hoyo hoyo ka xiyenge xinwani xa Magungo ya NoticiAudio. A tilhoko maka ta xiyenge lexi: ▪️Vahlamuki va hlasela Palma, va sindzisa a nkomponi ya Total akuva yi susa vatirhi va yona; ▪️Comandante wa maphoyisa, a basopisa a nghozi yaku vudumeli bza vahlamuki bzi phalala kuya fika a Niassa; ▪️Ku tivisiwa vukona bza mavabzi ya cólera; ▪️Ku gweviwa ka khale ka murhangeli wa município ya Massinga, ku bzala svisolo a Nyembana; ▪️Mariano Nyongo a huwelela aku yimisiwa ka vuhlaseli, lana a vilelaka mabulu kun'we ni mfumu. Akuva wu yingela a mahungo ya NoticiAudio, hikola ka xitirhu Podcast ka fone ya wena, deketa kola (https://podcasts.google.com/?feed=aHR0cHM6Ly9hbmNob3IuZm0vcy83ODBmYTUwL3BvZGNhc3QvcnNz&ved=0CAAQ4aUDahcKEwj41vCu0_HoAhUAAAAAHQAAAAAQAQ). Riya a ndleve ka swititxi swa hina ka Telegram (https://t.me/noticiaudioxs) kunwe ni WhatsApp (https://chat.whatsapp.com/KG2AGHwIr3BA6Zrx2O5FZw), wuva wu veka a Like ka Pagina la NoticiAudio ka Facebook (https://www.facebook.com/NoticiAudio/) leswaku wuta kota aku yamukela a mahungo manwani viki ni viki. Leia o script em Português aqui (https://telegra.ph/NoticiAudio-8-Janeiro-2021-01-07) Riya a ndleve ka xiyenge xi landzaka!

NoticiAudio
NoticiAudio Chisena 08.01.2021

NoticiAudio

Play Episode Listen Later Jan 9, 2021 15:17


Avessere dzaniko pa nphanguazathu pano pa NoticiÁudio. Kwache, tomany kuziva mwanchyguagua. ▪️Mamphanga adhachyta uvyavya pa chyssa chá Palma kwakuty adhakakamyssa tchapo ya Total mbybulussa aphatyhabhassa. ▪️Kumanante wa apulycha nchygau chá Niassa atchendjeza kuty chygau tchenetchyre, chyryn'mynenuwa pakufuna kuchytuwa uvyavya na mamphanga. ▪️Utonguy wadza pakuwecha mbylonga kuty kwaguwa nthenda ya nhokazakwenda ndystryto ya Montepuez. ▪️Kutonguwa kuwa nkadhamu wakale wa nzynda wa Massinga July kudzessa uvyavya nchygau chá Inhambane. ▪️Mariano Nhongo alonga kuty uvyavya wadzykhymyssuwa mbafuna kuty akhalepantsy na utonguy towera kuty adzesse ufulu na ntendere. Avessere lembessany mu Podcast (https://podnews.net/podcast/1441010747/episode-links), pontho mungakwanysse kudva mphangua zybhodzibhodzi Telegram (https://t.me/noticiaudiocs), WhatsApp (https://chat.whatsapp.com/J3apBSY4WdF6gT4DHLZJ5t) pontho nkaty mwa NoticiÁudio pá Facebook (https://www.facebook.com/NoticiAudio/), towera mutambyre mphangua zybhodzibhodzi sumana zonssene. Leia o script em Português aqui (https://telegra.ph/NoticiAudio-8-Janeiro-2021-01-07) Salani tchete Mbumuvhessera Mphangua!

NoticiAudio
NoticiAudio Kimuane 08.01.2021

NoticiAudio

Play Episode Listen Later Jan 9, 2021 9:18


Salama jamah mussikiliza noticiAudio. Karibuni habar za lelo kamba ezi: ▪️Watchaputo wali kutendeka vita mu Próvincia Cabo Delgado, wenguila Palma na walazimisha empresa total iwalavye wakazi. ▪️Comandante wa kazi za mapulicia mu próvincia ya Niassa beleza acamba iwapo tahazari kuhussu kwenguezeka ka uchaputhu Ku fica kule. ▪️Provincia ya Cabo Delgado: Ufalume utangaza uluere was cólera wa cólera muito distrito ya Montepuez. ▪️Hukumu ya kiyongozi wa mida ingali ikitikinissa próvincia ya Inhambane. ▪️Mariano Nhongo keleza kwimissa bunduqui ili apakanile na serikali. Landikisse uzuji wa Podcast (https://podcasts.google.com/?feed=aHR0cHM6Ly9hbmNob3IuZm0vcy83ODBmYTUwL3BvZGNhc3QvcnNz) ema ukurassa wa Telegram (https://t.me/noticiaudiokw) na WhatsApp (https://chat.whatsapp.com/Im9QVJsgk7LGijoGZE5dMq) pamodja na ukurassa wa Facebook (https://www.facebook.com/NoticiAudio/) wa NoticiAudio ili uphathe habazi za mana za inty ya Moçambiqui, kwa Kila sumana. Leia o script em Português aqui (https://telegra.ph/NoticiAudio-8-Janeiro-2021-01-07) Assante Sana, mphaka nafassi Nhenguine!

Business Drive
Alphabet's Loon and South Africa's Vodacom To Expand Rural Internet In Mozambique

Business Drive

Play Episode Listen Later May 14, 2020 1:50


Loon, a unit of Google’s owner Alphabet Inc, which uses high-altitude balloons to provide mobile internet to remote areas, has signed a deal with Vodacom to expand the South African mobile operator’s network in Mozambique. Vodacom said using the Loon solution, it will expand mobile network access to Cabo Delgado and Niassa. Vodacom Group Chief Executive, Shameel Joosub in a statement said it is more pertinent in the face of the COVID-19 pandemic, where more Mozambicans will now have access to healthcare information through the Loon partnership. and aviation regulators to obtain the necessary approvals. Loon CEO Alastair Westgarth said this was the first step to a larger partnership that would allow it to serve tens of millions of Vodacom subscribers throughout Africa. --- This episode is sponsored by · Afrolit Podcast: Hosted by Ekua PM, Afrolit shares the stories of multi-faceted Africans one episode at a time. https://open.spotify.com/show/2nJxiiYRyfMQlDEXXpzlZS?si=mmgODX3NQ-yfQvR0JRH-WA Support this podcast: https://anchor.fm/newscast-africa/support

NoticiAudio
NoticiAudio Portugues 28.02.202

NoticiAudio

Play Episode Listen Later Feb 28, 2020 6:25


Caros ouvintes, sejam bem-vindos a mais uma edição do NoticiAudio. Os destaques desta edição: ▪️Tribunal recusa fornecer histórico de conversas entre os assassinos de Anastácio Matavel ▪️Sobe para 93 o número de mortos na presente época chuvosa ▪️Organizações condenam ameaça contra jornalistas que reportam sobre ataques de Cabo Delgado ▪️Homens armados matam três pessoas em Cabo Delgado ▪️Província de Niassa em alerta depois de ataques armados a moda Cabo Delgado ▪️Cerca de 50 mil trabalhadores poderão não produzir algodão em Cabo Delgado a partir da próxima campanha agrícola Leia o script na íntegra aqui Subscreva ao Podcast aqui, ou fique ligado aos nossos canais no Telegram e WhatsApp, e a nossa página do NoticiAudio no Facebook, para receber mais notícias semanalmente! Fique atento à próxima edição!!!!

NoticiAudio
NoticiAudio Kimwwani 21.02.2020

NoticiAudio

Play Episode Listen Later Feb 21, 2020 8:10


Salama jamah mussikiliza noticiAudio. Karibuni habar za lelo kamba ezi: ▪️Tribunal ikatala kulavya ushahidi kuhussu mua uthendiwe mbele ya kulaiwa Anastácio Matavel. ▪️Wenguezaka wanu para 93 wafwile ncaty ya nvula. ▪️Makundi Sá ali akifalume ankulalamika kussussiwa kutwaliwe ka wandishi wa habar wali kweleza kuhussu matokeyo a província ya Cabo Delgado ▪️Wanu wali na bunduqui wawolaya wanu watatu muito provincia ya Cabo Delgado. ▪️Província ya Niassa ingali ncaty ya ntihani, wanu sawedjiwanikana wali na bunduqui watenda uchaputhu camba vikuna cabo delgado. ▪️Kiassi tcha wakazi wakutimu alfu 50 wakudja kutowa kulavya mazawo a pamba mu provincia ya Cabo Delgado kwanza mpango wa kulima wa tuka. Landikisse uzuji wa Podcast ema ukurassa wa Telegram na WhatsApp pamodja na ukurassa wa Facebook wa NoticiAudio ili uphathe habazi za mana za inty ya Moçambique, kwa Kila sumana. Assante Sana, mphaka nafassi Nhenguine

NoticiAudio
NoticiAudio Xisena 21.02.2020

NoticiAudio

Play Episode Listen Later Feb 21, 2020 12:07


Avessere dzaniko pa nphanguazathu pano pa NoticiÁudio. Kwache, tomany kuziva mwanchyguagua. ▪️Numba ynatonga missero nchygau chá Gaza, yakhonda kupereka mafala adhachedzwa na hale adhapha, Anastácio Matavel. ▪️Wakwyra ntengo wakukwana makumavemba na atatu, anthu akulowa ndzydzy tu wa kuvhumba Kwa madzy. ▪️Pygawyko pyakukhonda kukhala pyautonguy pyry na khangassy pantyma, pontho pya pwaza kuthussua kunachytuwa akwatyamphangua analemba na thangue ya uvyavya waku Cabo Delgado. ▪️Amuna na mfhuty manja apha anthu akukwana atatu nchygau chá Cabo Delgado. ▪️Nchygau chá Niassa anthu kuenekule aly bhagabhagala na thangue ya kwenekule kudhachytyka uvyavya wakuty ndy sawasawa na unachytyka ku Cabo Delgado. ▪️Alymy akupyryngana madzanamachanu anaty assye kulyma thonge pamaka unafunakudza, nchygau chá Cabo Delgado. Avessere lembessany Podcast, pontho mungakwanysse kudva mphangua zybhodzibhodzi Telegram, WhatsApp pontho nkaty mwa NoticiÁudio pá Facebook, towera mutambyre mphangua zybhodzibhodzi sumana zonssene. Naypyo tanty salany nkaty mwa mphanguazathu, zynango mphangua zydhykhyreny pá Ntsico ya mchychanu ynafunakudza, taendha!

NoticiAudio
NoticiAudio Portugues 21.02.2020

NoticiAudio

Play Episode Listen Later Feb 21, 2020 7:04


Caros ouvintes, sejam bem-vindos a mais uma edição do NoticiAudio. Os destaques desta edição: ▪️Tribunal recusa fornecer histórico de conversas entre os assassinos de Anastácio Matavel ▪️Sobe para 93 o número de mortos na presente época chuvosa ▪️Organizações condenam ameaça contra jornalistas que reportam sobre ataques de Cabo Delgado ▪️Homens armados matam três pessoas em Cabo Delgado ▪️Província de Niassa em alerta depois de ataques armados a moda Cabo Delgado ▪️Cerca de 50 mil trabalhadores poderão não produzir algodão em Cabo Delgado a partir da próxima campanha agrícola Leia o script na íntegra aqui Subscreva ao Podcast aqui, ou fique ligado aos nossos canais no Telegram e WhatsApp, e a nossa página do NoticiAudio no Facebook, para receber mais notícias semanalmente! Fique atento à próxima edição!!!!

Ciência
Ciência - Moçambique à descoberta dos seus animais pré-históricos

Ciência

Play Episode Listen Later Jan 21, 2020 8:56


Imagine um animal da dimensão de um porco mas com um bico de papagaio e múltiplas fiadas de dentes na boca. Agora imagine que este bicho pré-histórico tem 259 milhões de anos, não tem nada a ver com porcos, papagaios ou dinossauros, mas é um dos ancestrais comuns dos mamíferos e viveu na província do Niassa, em Moçambique. Neste programa, vamos à descoberta dos dicinodontes moçambicanos com a ajuda do paleontólogo Ricardo Araújo. Um projecto moçambicano descobriu, na mesma bacia e com a mesma idade, duas espécies do mesmo tipo de dicinodontes, ou seja, de um animal pré-histórico que viveu há 259 milhões de anos na actual provícia do Niassa. Uma delas foi a segunda ocorrência mundial, depois de ter sido descoberta na Tanzânia. A descoberta é dos investigadores do projecto PaleoMoz, uma cooperação entre o Museu Nacional de Geologia e a Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique, com o Instituto Superior Técnico, em Portugal. Ricardo Araújo, investigador principal do PaleoMoz, explica o impacto e em que consistem estas descobertas. Para "descobrir" neste programa de ciência.

Levando Anclas
Mozambique y Namibia.5 veranos en moto. Familia a vela.Shipibos de Perú.

Levando Anclas

Play Episode Listen Later Jan 12, 2020 111:09


Adrian Lamas ha residido cinco años en Mozambique. Hacia excursiones al lago Niassa. También visito Namibia. Ricardo Fite recuerda cinco veranos en motto recorriendo Siberia, la carretera del Pamir e Irán. Ariel Formacio, Tamara Castro y sus dos niños navegan por las costas de Sudámerica y el Mediterraneo. Recibimos a nativos shipibos de la selva de Perú....

RealTalk with Pasha B Podcast
We Talkin Poly!

RealTalk with Pasha B Podcast

Play Episode Listen Later Oct 15, 2019 89:38


On this episode, Pasha B and Sheneka discuss non-monogamous relationships and the different relationships that fall under that umbrella. Hopefully this episode will dispel rumors , provide insight, and clarify misconceptions about the lifestyle. Our special guest for this show are Niassa and Bryan. If you are looking to display your talent or be a special guest on RealTalk with Pasha B, email info@ordinarypeoplemedia.com.

NoticiAudio
NoticiAudio Lomwe 17.09.2019

NoticiAudio

Play Episode Listen Later Sep 17, 2019 11:57


Anamwiwaho kalani onwiriyana Noticiaudio, Boletim a sophatxua naphanhihaka ananloko o Moçambique Sophatxua iha inarempha vamoha ni Boletim alotxaka mukalelo wa politico o centro yaintegridade publica Mwa sophatxua iha nnapatxera ni mukalelo wa campanha amuthanle, namuthanle ola onahala wereya mweri woutubro. Vano mukuma wanawili nokalano mithonhero: ▪️ Governo a Nyusi kamanle oliva mankau awipithihiwa a EMATUM ▪️ Ipoma só Niassa ni Wampula innoneiha opatxera wopiwawo akaphitxi ▪️ Embaixador akalai o Moçambique onaphanheya aphariwe o Rússia nthowa nowatxelatxo ni inanvira iyaka kumi awaleliwe Mwakwela oniwiriyana mwirepiheni Podcast vava ni kalani oniwiriyana Telegram ni WhatsApp ni mutxapunheni Noticiaudio mu Facebook wi mwakele sophatxua SA esumana , hiyano nnakotela vava kalani owiriyana sophatxua samuholo

NoticiAudio
NoticiAudio Xisena 17.09.2019

NoticiAudio

Play Episode Listen Later Sep 17, 2019 14:13


Apurtany khopeny, tadza na mphangua pano pá NoticiAudio, yanachytaife ndibhassa yakumwaza mphangua, zinaphykwa na majornal a kukhonda kukhala a Utonguy kuly ana a nkaty mwa dzykoyno ya Moçambique. Paphyndhy yakutoma nkaty mwa mphanguazathu zynalonga na thangue ya massankho, tyssazyphyka nchyphatano na Centro ya Integridade Pública. Paphyndhy yakutoma, tynaty tykupacireny mphangua zynalonga na thangue ya uvyavya wa massankho anafuna kuchytyka pá nthanda ya Malandalupya makauno. Paphyndhy yachywiry, tynaty tykupacireny mphangua zykuzykulu zynalonga kuty: ▪️ Utonguy wa Filipe Nyusi, wazywuy kutzykhymissa nkhabe kulypa mangaua anchydhykodhykho a tchapo ya EMATUM. ▪️ Mamphanga akuty mpaka nachyno nkhabe dzywyka, atoma kuchyta uvyavya, kulyza n'fhuty mpygauo pya Nampula pabhodzy na Niassa. ▪️ Ntawyryry wakole wa dzykoyno ya Moçambique kudzyko ya Rússia, Akhomeruwa nkaydhy mwa pyaka pyakukwana khumy na thangue ya kudhya dhynhero mwa bhure. Avessere lembessany Podcast, pontho mungakwanysse kudva mphangua zybhodzibhodzi Telegram, WhatsApp pontho nkaty mwa NoticiÁudio pá Facebook, towera mutambyre mphangua zybhodzibhodzi sumana zonssene. Naypyo tanty salany nkaty mwa mphanguazathu, zynango mphangua zydhykhyreny pá Ntsico ya mchychanu ynafunakudza, taendha.

NoticiAudio
NoticiAudio Changana 17.09.2019

NoticiAudio

Play Episode Listen Later Sep 17, 2019 9:53


Vayinsete hoyo hoyo ka NoticiAudio, mukwepha wa mahungo ya wumatifumy ka vana va Moçambique - wu bendzuliweke hi ntirisano ni mukwepha wu yelanaka ni fambo wa politica wa Centro de Integridade Publica. Ka xiyenge lexi hita sungula hi maka ya mphalwa wa hlawula mani wu kongomaka a hlawula mani wa Hlangula hinga Outubro. Ka xiyenge xa vumbiry yini tihloko maka lety: ▪️ Fumo wa Nyusi a wu nhimanga aku hakela a xikwenete xa handle ka nawu xa EMATUM ▪️ Ku vonakile a wudumely la vanhu vaku hloma hi swibamo a swifundzankulo Niassa kunwe na Nampula ▪️ Khale ka mukombekise wa Moçambique a tikwene la Russia a tsemeliwe a khotso la khume (10) wa malembe hikola ka wuhereki. Riya a ndleve ka swititxi swa hina ka Telegram kunwe ni WhatsApp, wuva wu veka a Like ka Pagina la NoticiAudio ka Facebook leswaku wuta kota aku yamukela a mahungo manwani viki ni viki. Riya a ndleve ka xiyenge xi landzaka!!

NoticiAudio
NoticiAudio Xisena 03.09.2019

NoticiAudio

Play Episode Listen Later Sep 3, 2019 6:06


Avessere dzaniko pa nphanguazathu pano pa NoticiÁudio. Kwache, tomany kuziva mwanchyguagua: ▪️ FMO assafuna kuty ntonguy wa dzykoyno, Filipe Nyusi ateweze fhukwe ya ykulu ya ntemo nkaty mwa dzyko, pontho kuty adzikhimisse bhassa ya kwendha mbhavhana na ale adha pereka dhynhero ya mangaua yanchydhykhodhykho ya EMATUM. ▪️ Eliza Magauo nditsanga ynafuuna kukula na anthu adhalemberua mwakukhondha kukhala mwa ndymomwene nchygauo chá Gaza. ▪️ Apulicha a nkaty mwa dzykoyno nchygauo chá Niassa, adhalyza n'fhuty kulizira anthu akachyta uvyavya kwenekule. Vhany mphangua zathu mu, Telegram na mu Whatsapp pontho, munga chyte 'like' mu Facebook pa NoticiAudio towera mutambyre mphangua sumana zonssene.

NoticiAudio
NoticiAudio Kimwani 03.09.2019

NoticiAudio

Play Episode Listen Later Sep 3, 2019 5:07


Salama jamah mussikiliza noticiAudio. Karibuni habar za lelo kamba ezi: ▪️ Kundi likussanha Makundi sali a silikali lankumuabila Felipe Nhussi aishimu Sharia ya inty ya Moçambique na aludissile nhuma namuna sissababisha kutwaliwa madjukumu a EMATUM. ▪️ Elisa Magaua ndi miyani issaka kukula pamodja na wanu alfu 300 wandikiwe bila ruhussa mu provincia ya Gaza. ▪️ Mapulicia wa wathawanha futy wanu wakitenda mandamano provincia ya Niassa. Canal Telegram Grupo Whatsapp E taya halama ya kwadjibissa mu ukurassa wa Facebook ili uzidi kupata habar nhingui Kila sumana.

Agenda 2030
Feliciano dos Santos, presidente da Estamos, fala sobre o trabalho comunitário que ele e a associação desenvolvem no Niassa.

Agenda 2030

Play Episode Listen Later May 21, 2018 8:05


Creative Content
The Niassa Episode - 41 - [Season 2] - 2:27:17, 4.39 PM

Creative Content

Play Episode Listen Later Feb 27, 2017 111:29


HOTSEAThaas, Eastside Que & The Rant Ninja link for another dope episode featuring Niassa ( @niassahourglassfitness on Instagram.) Tune In! Follow Us on Instagram @haastagram @est1359 @hahmaen @leopoldjacobs1983 @therantninja @niassahourglassfitness Shoutout to our sponsors Leopold Jacobs 1983, EST 1359 & Notoriously Fly Views expressed here are my own & do not reflect those of any employer or its clients. Creative ideas expressed by all contributors belong to them and not the Blog owner. --- This episode is sponsored by · Anchor: The easiest way to make a podcast. https://anchor.fm/app Support this podcast: https://anchor.fm/hotseat-haas/support

Rádio AfroLis
Entrevista - Documentario Behind The Lines - FRELIMO

Rádio AfroLis

Play Episode Listen Later Dec 5, 2016 9:59


"Behind the Lines é um dos mais emblemáticos filmes da luta armada da FRELIMO contra o colonialismo português em Moçambique. Foi filmado em 1970, no Niassa, quando a região foi alvo da ofensiva “Nó Górdio”, apresentando entrevistas com combatentes e quadros da FRELIMO, e procurando ilustrar a organização da vida civil nas áreas libertadas." Na sessão de apresentação de 2 de dezembro de 2016, no espaço Hangar, falámos com Margaret Dickinson, a realizadora do documentário. A entrevista esta em inglês mas deixamos aqui a transcrição para quem preferir ler em português.