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Angola saiu no sábado às ruas da capital, Luanda, para protestar contra o aumento do preço dos combustíveis e do táxi. À DW, promotores da manifestação fazem um balanço preocupante. Neste jornal, analisamos ainda o receio de uma nova guerra no Tigray. No futebol, o Chelsea é o novo campeão do mundo. E não perca mais um episódio da sua radionovela, Learning By Ear - Aprender de ouvido
Moçambique assinala neste 25 de Junho de 2025, os 50 anos da sua independência. Por esta ocasião, a RFI propõe-vos um percurso pela história do país e a sua luta pela liberdade. No nono episódio desta digressão, debruçamo-nos sobre o estatuto da mulher durante a luta de libertação, até aos dias de hoje em Moçambique. Quando se fala das mulheres nos tempos da luta é inevitável lembrar a figura de Josina Machel, primeira mulher do Presidente Samora Machel e também heroína da guerra de libertação. Nascida em 1945 em Vilankulos, no sul do país, no seio de uma família que se opõe ao colonialismo, Josina Machel ingressa na resistência em 1964. Envolvida em actividades de formação na Tanzânia, a jovem activista rejeita uma proposta de bolsa de estudos na Suíça para se alistar em finais dos anos 60 no recém-criado destacamento feminino da Frelimo, Josina Machel militando para que as mulheres tenham um papel mais visível na luta de independência. Ela não terá contudo oportunidade de ver o seu país livre. Dois anos depois de casar com Samora Machel com quem tem um filho, ela morre vítima de cancro aos 26 anos no dia 7 de Abril de 1971, uma data que hoje é celebrada como o dia da mulher moçambicana. Símbolo de resistência no seu país, Josina Machel ficou na memória colectiva como a encarnação do destacamento feminino. Óscar Monteiro, membro sénior da Frelimo, recorda as circunstâncias em que ele foi criado em 1966. "No processo político que nós vivemos em Moçambique, houve um momento em que as pessoas pensavam ‘nós temos uma linha política clara, justa, avançada'. E uma das questões muito importantes, era a atitude em relação às mulheres. Era normal, pela tradição que as mulheres fossem consideradas disponíveis como amantes. Quando Samora assume a direção, ainda me recordo de uma frase e se formos procurar esse documento, está lá a frase. Nós tínhamos criado o destacamento feminino em 1966, Samora tinha sido o instrumento disso. Então há uma frase que ele medita nessa altura. E a frase está lá. ‘Não criamos o destacamento feminino para fornecer amantes aos comandantes'. Estava só nesta frase. Já está aqui todo um programa que nós chamamos de emancipação da mulher, mas que é, no fundo, de igualdade de qualidade política da vida. Quer dizer, tu estás a fazer a luta de libertação. Isso não te permite fazer não importa o quê. Tu tens que ser uma pessoa diferente, uma pessoa melhor", explicita o responsável político. As mulheres que combateram foram uma faceta da condição feminina durante os anos de luta. Outros rostos, menos conhecidos e bem menos valorizados, são aqueles das chamadas ‘madrinhas de guerra'. Para dar alento aos soldados portugueses que partiam para a guerra sem saber se haveria regresso, o Estado Novo promoveu a correspondência entre milhares de mulheres e militares. Numerosas relações epistolares acabaram em casamento. Em Portugal, houve muitas. O que não se sabe tanto, é que em Moçambique também houve ‘madrinhas de guerra'. Um jovem antropólogo e fotojornalista moçambicano, Amilton Neves, conheceu-as e retratou as duras condições de vida que conheceram depois da independência. "Comecei a trabalhar sobre as ‘madrinhas de guerra' em 2016. Isso porque já pesquisava e encontrei um discurso do Presidente Samora que dizia que as ‘madrinhas de guerra' são ‘meninas retardadas'. Interessei-me por isso. Porquê as ‘madrinhas de guerra'? Que é isto? Então fui ao Arquivo Histórico, até à Torre do Tombo, em Lisboa, para perceber melhor. Porque as ‘madrinhas de guerra' não começam aqui. Começam em 1916 com a Grande Guerra em Portugal. E descobri que algumas ‘madrinhas de guerra' viviam aqui em Maputo, numa zona só. (…) Então, quem eram as ‘madrinhas de guerra'? Eram miúdas que eram recrutadas para escrever cartas para os militares de forma a incentivá-los e dizer que ‘não te preocupes, quando voltares da guerra, nós vamos casar. O Estado português sempre vai ganhar.' Então, neste exercício de troca de cartas, quando houve a independência, em 1975, as madrinhas de guerra foram perseguidas pelo novo regime. Então eu fui atrás dessas senhoras. Consegui identificá-las. Levou tempo porque elas estavam traumatizadas", refere o jovem fotojornalista. "As motivações dessas mulheres eram de fazer parte da classe alta naquela altura. Porque elas tinham acesso aos bailes, ao centro associativo dos negros, nesse caso, ao Centro associativo dos Mulatos, às festas que davam na Ponta Vermelha. Elas faziam parte da grande sociedade. Não era algo que poderíamos dizer que tinham algo benéfico em termos de remuneração. Acredito que não ", considera o estudioso referindo-se às razões que levaram essas pessoas a tornarem-se ‘madrinhas de guerra' que doravante, diz Amilton Neves, "vivem traumatizadas. Algumas se calhar foram a Portugal porque tinham uma ligação. Casaram. Mas a maioria ficou em Maputo" e sofreram uma "perseguição" que "não foi uma perseguição física, foi mais uma questão psicológica". Hoje em dia, muitas heroínas esquecidas de forma propositada ou não, ficam por conhecer. A activista política e social moçambicana, Quitéria Guirengane, considera que a condição das mulheres tem vindo a regredir em Moçambique. "Quando nós dizemos que há mulheres invisibilizadas pela História, vamos ao Niassa e vemos histórias como da Rainha Achivangila. Mulheres que na altura do tráfico de escravos conseguiram se opor, se posicionar, salvar, resgatar escravos e dizer ‘Ninguém vai escravizar o meu próprio povo'. Mas nós não colocamos nos livros da nossa história essas rainhas. Nós precisamos de ir ao Niassa descobrir que afinal, há mulheres que foram campeãs neste processo de luta. Estas histórias têm que ser resgatadas. Depois começamos a falar da Joana Simeão. Ninguém tem coragem de falar sobre isso. É um tabu até hoje. E você é visto como um leproso se tenta levantar este tipo de assuntos. E não estamos a dizer com isto que vamos esquecer a luta histórica de Eduardo Mondlane, que vamos esquecer a luta histórica de Samora Machel. Não. Eu não sou por uma abordagem de dizer que a história toda está errada. Todo o povo tem a sua história e tem a sua história oficial. Mas esta história oficial tem que se reconciliar, para reconciliar o povo, trazer as mulheres invisibilizadas pela história, mas também trazer todos os outros", diz a activista. Olhando para o desempenho das mulheres durante a luta de libertação, Quitéria Guirengane considera que elas "têm um papel incrível. Tiveram, tem e sempre terão um papel na luta de libertação. Terão um papel sempre activo no ‘peace building', no ‘peace making' no ‘peace keeping'. E é preciso reconhecer desde a mulher que está na comunidade a cozinhar para os guerrilheiros, desde a mulher que está na comunidade a informar os guerrilheiros, à mulher que está na comunidade a ser usada como isca para armadilhas, a mulher que está na comunidade a ser sequestrada, a ser alvo até de violações sexuais. Essas mulheres existem. Mas também aquelas mulheres que não são vítimas, não são sobreviventes, são as protagonistas do processo de libertação. E o protagonismo no processo de libertação, como eu disse, começa pelas rainhas míticas da nossa história, que não são devidamente abordadas. O reconhecimento deriva do facto de que, em momentos em que era tabu assumir um papel forte como mulher, elas quebraram todas essas narrativas e se posicionaram em frente à libertação. Depois passamos para esta fase da luta de libertação, em que se criam os famosos destacamentos femininos em que mulheres escolhem a linha da frente, escolhem a esperança em vez do medo e se posicionam", refere a também militante feminista. Volvidos 50 anos sobre a luta de libertação, apesar de ter formulado naquela época a vontade de fazer evoluir o papel da mulher na sociedade, Quitéria Guirengane considera que "se continua a travar as mesmas lutas". "A mulher ainda tem que reivindicar um espaço. É verdade que nós temos consciência que as liberdades, tal como se ganham, também se perdem. E que nenhum poder é oferecido, que nós temos que lutar. Mas é tão triste que as mulheres tenham sempre que lutar para fazer por merecer e os homens não tenham que fazer a mesma luta. Nós não só temos que lutar para chegar, mas também temos que lutar para manter e muitas das vezes colocadas num cenário de mulheres a lutarem contra mulheres", lamenta a activista. "Quando fazemos uma análise, uma radiografia, vamos perceber que a maior parte dos processos de paz foram dominados por homens. Quando nós tivemos no processo de paz, em 2016, finalmente duas mulheres na mesa, isso foi fruto do barulho que a sociedade civil fez naquela altura. A sociedade civil fez muito barulho e resultou numa inclusão de duas mulheres, uma da parte da Renamo, uma da parte do governo. Na mesa negocial entre uma dezena de homens que fez com que elas fossem apenas 12,58% de todo o aparato negocial do processo da paz. O que é que isto implica? Quando passamos para o processo de DDR, as comissões de negociação de DDR eram masculinas, todas elas homens. A desmilitarização foi entendida como um assunto de homens. A comissão sobre assuntos legais também era de homens, não havia mulheres. Quando nós olhamos para o processo de desmilitarização e ressocialização, nós percebemos que tínhamos 253 mulheres militares a serem desmobilizadas. E nesse processo, notava-se que foi pensado numa perspectiva de homens, não de compreender as especificidades e necessidades particulares", diz. Em jeito de conclusão, a activista muito presente na defesa dos Direitos das mulheres e liberdades cívicas, mostra-se "preocupada com as realidades da mulher com deficiência, da mulher na área de extractivismo, da mulher deslocada de guerra, da mulher deslocada por exploração mineira, da mulher rural, da mulher na agricultura, da mulher no sector informal, da mulher empresária. São realidades diferentes. Então não podemos meter num pacote de ‘one size fits all' e achar que as demandas são iguais. (…) Pior ainda : nos últimos seis meses da tensão social, a vida deixou de ser o nosso maior valor. Mulheres foram mortas, mulheres perderam os seus maridos, seus pais, seus filhos. Têm que acompanhar, levar comida para o hospital ou para as cadeias, sem nenhum apoio. E ninguém pensa nesta reparação. Então voltamos muito atrás. Eu diria que regredimos", afirma Quitéria Guirengane. Podem ouvir os nossos entrevistados na íntegra aqui: Vejam aqui algumas das fotos de Amilton Neves:
Moçambique assinala neste 25 de Junho de 2025, os 50 anos da sua independência. Por esta ocasião, a RFI propõe-vos um percurso pela história do país e a sua luta pela liberdade. No décimo episódio desta digressão, evocamos os campos de reeducação. Ainda antes da independência, durante o período de transição em que Moçambique foi governado por uma autoridade híbrida luso-moçambicana, foram instituídos campos de reeducação, essencialmente na distante província do Niassa. O objectivo declarado desses campos era formar o homem novo, reabilitar pelo trabalho, as franjas da sociedade que eram consideradas mais marginais ou dissidentes. Foi neste âmbito que pessoas consideradas adversárias políticas foram detidas e mortas em circunstâncias que até agora não foram esclarecidas. Isto sucedeu nomeadamente com Uria Simango, Joana Simeão e Adelino Guambe, figuras que tinham sido activas no seio da Frelimo e que foram acusadas de traição por não concordarem com a linha seguida pelo partido. Omar Ribeiro Thomaz, antropólogo ligado à Universidade de Campinas no Brasil que se debruçou de forma detalhada sobre os campos de reeducação, conta em que circunstâncias começou a estudar este aspecto pouco falado da História recente de Moçambique. "Eu comecei a interessar-me porque eu comecei a conhecer pessoas que tinham sido objecto desse tipo de expediente autoritário, por um lado, e por outro lado, porque eu via uma grande ansiedade da população no que diz respeito ao desaparecimento de algumas pessoas que foram pessoas-chave no período tardio colonial moçambicano ou no período de transição do colonialismo para a independência. São figuras como Uria Simango, a Joana Simeão, o Padre Mateus, enfim, são pessoas que sumiram e que havia uma demanda para essas pessoas", começa por relatar o investigador. "Os campos de reeducação são pensados ainda no período de transição. Então, isso é algo que ainda deve ser discutido dentro da própria história portuguesa, porque no período de transição, o Primeiro-ministro era Joaquim Chissano, mas o governador-geral era português. Então, nesse momento, começam expedientes que são os campos de reeducação. Você começa a definir pessoas que deveriam ser objecto de reeducação, ao mesmo tempo em que você começa a ter uma grande discussão em Moçambique sobre quem são os inimigos e esses inimigos, eles têm nome. Então essas são pessoas que de alguma maneira não tiveram a protecção do Estado português. Isso é muito importante. Não conseguiram fugir. São caçadas literalmente, e são enviadas para um julgamento num tribunal popular. Eu estou a falar de personagens como a Joana Simeão, o Padre Mateus, Uria Simango, que são condenados como inimigos, como traidores. Esses são enviados para campos de presos políticos. A Frelimo vai usar uma retórica de que esses indivíduos seriam objecto de um processo de reeducação. Mas o que nós sabemos a partir de relatos orais e de alguns documentos que nós conseguimos encontrar ao longo do tempo, é que essas pessoas foram confinadas em campos de trabalho forçado, de tortura, de imenso sofrimento e que chega num determinado momento que não sabemos exactamente qual é, mas que nós podemos situar mais ou menos ali, por 1977, elas são assassinadas de forma vil", diz o antropólogo. "Quando você tem a Operação Produção, que é a partir de 1983, que é uma operação para você retirar de maneira forçada todos aqueles indivíduos classificados ou acusados de vagabundagem, de serem inimigos da revolução ou de prostituição, no caso das mulheres, são recolhidos e são enviados não só para o Niassa, mas no país inteiro, mas particularmente no Niassa, porque tem um subtexto moral, ou seja, a ideia de que o trabalho seria uma componente moral fundamental para a formação do ‘Homem novo'. Mas havia a ideia também por parte do Samora em particular, mas de muitas pessoas que constituíam a elite da Frente de Libertação de Moçambique, de que o Niassa seria a província mais fértil do país e que poderia se transformar numa espécie de local de produção de alimentos para o país como um todo. Então, isso vai perdurar em Moçambique por um período bastante significativo", refere o universitário. "A primeira grande operação chamada ‘Operação Limpeza' é de Outubro de 1974, que é justamente você limpar a Rua Araújo, que era a rua da prostituição. Mais ou menos 300 mulheres foram acusadas de prostituição e foram enviadas para campos de trabalho agrícola. Boa parte delas morre. E esse tipo de expediente se mantém em Moçambique entre os anos 70 até meados dos anos 80, quando, na verdade, a guerra civil inviabiliza o próprio empreendimento. Porque o campo, no contexto moçambicano, não é um lugar fechado, com muros de onde as pessoas não podem fugir. As pessoas eram jogadas em áreas rurais. Muitas delas não tinham nenhum tipo de experiência rural e não são campos onde o próprio Estado garantisse a chegada de alimentos. Então você gera uma situação de conflito muito pouco estudada ainda. Eu trabalhei numa região específica na província de Inhambane, em que as pessoas eram despejadas e muitas delas não tinham muito o que fazer. Ou você acaba estabelecendo uma relação de troca entre essas pessoas que vêm da cidade e camponeses do local, como é muito bem descrito num romance magnífico do escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho, ‘Campo de Trânsito'. Ou você tem -o que me foi dito por camponeses da região- um medo terrível, porque os reeducandos eram entregues a uma situação de abandono. Então eles acabavam roubando os camponeses, porque eles não tinham outra alternativa. E ao mesmo tempo, nós temos essa guerra que muito tardiamente vai ser definida como guerra civil. E é importante dizer que parte dos que vão alimentar esse exército de oposição à Frelimo, eram pessoas insatisfeitas destes próprios campos de trabalhos forçados", refere Omar Ribeiro Thomaz. O antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano, Primeiro-ministro durante o período de transição e em seguida chefe da diplomacia moçambicana depois da independência, justifica a instauração desses campos. "Reeducar era um princípio que nós tínhamos durante a própria luta de libertação. Se houvesse indisciplina, tínhamos formas de isolar as pessoas. Reeducar é reeducar mesmo, para voltar a reintegrá-los no nosso seio. Não era, como se costuma dizer aí, campos de concentração, etc", diz o antigo dirigente. "Houve pessoas que eram marginais, que era preciso encontrar uma forma de lhes dar uma formação. Isso inclui mesmo pessoas que até estavam nas cadeias. Criaram-se os centros de reeducação para esses indivíduos. Também houve o caso das prostitutas, que também se criou um campo para reabilitação porque sabia-se que faziam isto, porque é uma maneira de viver. Isso é claro que foi mal visto por muita gente que não compreendia a nossa visão e que pensavam que eram campos de castigo apenas. Mas eu tive uma boa experiência nesse capítulo porque quando eu era ministro dos Negócios Estrangeiros, convidei um grupo de diplomatas estrangeiros acreditados em Moçambique e fomos visitar o principal campo de reeducação de ex-reclusos. E os diplomatas que estiveram comigo nessa altura disseram me o seguinte ‘Ó senhor ministro, vocês deviam ter chamado isto prisões abertas e nós teríamos compreendido melhor'", declara Joaquim Chissano. Óscar Monteiro, membro sénior da Frelimo, recorda o que guiou inicialmente a instalação dos campos, mas reconhece que houve excessos. "Devo dizer que a escolha do nome é uma escolha infeliz. A reeducação fazia-se ali, dentro de nós, um bocado com esta ideia de que o trabalho regenera", refere o responsável político que ao ser questionado sobre o destino reservado aos dissidentes políticos como Uria Simango ou Joana Simeão, diz que "de facto isso aconteceu e que (os membros da Frelimo) não estão orgulhosos disso". Lutero Simango, líder do partido de oposição Movimento Democrático de Moçambique (MDM), perdeu o pai, Uria Simango, um dos membros-fundadores da Frelimo, mas igualmente a mãe. Ambos foram detidos e em seguida executados, Lutero Simango pedindo esclarecimentos ao poder. "O meu pai foi uma das peças-chaves na criação da Frente de Libertação de Moçambique. Ele nunca foi imposto. Os cargos que ele assumiu dentro da organização foram na base da eleição. Ele e tantos outros foram acusados de serem neocolonialistas. Foram acusados de defender o capitalismo. Foram acusados de defenderem a burguesia nacional. Toda aquela teoria, aqueles rótulos que os comunistas davam a todos aqueles que não concordassem com eles. Mas se olharmos para o Moçambique de hoje, se perguntarmos quem são os donos dos nossos recursos, vai verificar que são os mesmos aqueles que ontem acusavam os nossos pais", diz o responsável político de oposição. Questionado sobre as informações que tem acerca das circunstâncias em que os pais foram mortos, Lutero Simango refere continuar sem saber. "Até hoje ninguém nos disse. E as famílias, o que pedem é que se indique o local em que foram enterrados para que todas as famílias possam prestar a última homenagem. O governo da Frelimo tem a responsabilidade de indicar às famílias e também assumir a culpa, pedindo perdão ao povo moçambicano, porque estas pessoas e tantas outras foram injustamente mortas neste processo", reclama Lutero Simango. Neste processo, Sam Malema Guambe também perdeu e nunca conheceu o pai -Adelino Guambe-, fundador da UDENAMO, uma das organizações independentistas que estiveram na raíz da fundação da Frelimo. "Eu não cheguei a conhecê-lo. Eu de facto nem vi a cara dele. A minha avó nos contava aquela história. A minha mãe não queria tocar mais nesse assunto de Guambe, essa pessoa já não existe, Vamos deixar. Mas a minha avó sempre nos ensinava, nos dizia que nosso pai, as coisas que ele fazia", diz Sam Malema Guambe ao apelar a um diálogo, a "falar para a gente pôr todos mãos à obra, para fazer um Moçambique melhor, porque os nossos pais contribuíram muito para esse país". Inicialmente militante da Frelimo, Joana Simeão, entra em linha de colisão com o partido por discordar do monopartidarismo instaurado depois da independência. Acusada de ser agente da PIDE, será, como Uria Simango e Adelino Guambe, executada em circunstâncias por esclarecer. A filha, Emíade Chilengue, era um bebé. "Eu pessoalmente não tenho nenhuma memória de vivência com a minha mãe, uma vez que na altura dos acontecimentos eu era bebé. Tudo o que eu sei é através de notícias dos órgãos de comunicação social. (…) Por volta dos sete, oito anos, eu constantemente perguntava sobre a minha mãe e eles um dia vieram até mim com um recorte de jornal, creio que sobre a ação que determinou o fuzilamento dela e das outras pessoas que fizeram parte do grupo, e mostraram-me. E foi assim que eu fiquei a saber que a minha mãe já não estava entre os vivos", conta Emíade Chilengue. Ao dizer que também procurou ter mais informações, sem sucesso, a filha de Joana Simeão refere esperar que, no âmbito da celebração dos 50 anos da independência de Moçambique, que haja "alguma explicação para que haja, de facto, uma reconciliação nacional. No meu entender, não podemos, de forma alguma, comemorar 50 anos sem que esses dossiers sejam de alguma forma tratados com a devida atenção e respeito que é merecido". Podem ouvir os nossos entrevistados na íntegra aqui:
Moçambique assinala neste 25 de Junho de 2025, os 50 anos da sua independência. Por esta ocasião, a RFI propõe-vos um percurso pela história do país e a sua luta pela liberdade. No primeiro episódio desta digressão, abordamos a presença portuguesa e em particular a escravatura em Moçambique. Chegados em 1497 num território constituído por diversos reinos e comunidades, os portugueses vão-se fixando no litoral através de acordos com as autoridades locais ou à custa de lutas. Eles constroem fortalezas designadamente em Sofala em 1505 e na ilha de Moçambique dois anos depois e ao cabo de outras conquistas militares, instalam mais tarde uma feitoria em Sena em 1530 e em Quelimane em 1544. Em jogo estão recursos como o ouro mas também a mão-de-obra escrava, conta o historiador e antigo vice-ministro da educação de Moçambique, Luís Covane. “Moçambique, como território com fronteiras próprias é produto da colonização. Antes da chegada dos portugueses e nos finais do século XV, Moçambique era caracterizado pela existência de reinos, chefaturas, sultanatos, várias unidades políticas independentes umas das outras. Até tivemos impérios. A partir do século XV, principalmente a partir do século XVI, estabelecem-se relações comerciais entre Portugal e as diferentes unidades políticas que existiam no território. Primeiro foi o comércio do ouro no interior, principalmente na zona centro. Estava lá um grande império. E depois, com a exigência de produção de matérias-primas como mão-de-obra ultra barata, entramos no ciclo dos escravos. Depois, prosperou também o comércio de marfim”, começa por recordar o universitário. Ao referir que praticamente desde a chegada dos portugueses em Moçambique que se instaura esse regime, o estudioso detalha que “é em meados do século XVIII que se incrementa a captura de mão-de-obra para as plantações do Brasil e 1752 em diante. Chama-se a isso, na periodização da história de Moçambique, como o ciclo de escravos. Mas este ciclo de escravos termina em 1836-42, quando houve uma primeira abolição e uma segunda abolição”. Questionado sobre o número de pessoas que poderão ter sido capturadas para serem forçadas ao trabalho escravo, o historiador esclarece que “não havia registos, mas sabe-se que houve zonas em Moçambique, como o Niassa, de onde saíram muitos escravos. Na zona de Nampula, também saíram muitos.” Ao evocar o derramamento de sangue que as capturas ocasionavam, Luís Covane cita em particular “a introdução maciça de armas de fogo para alguns grupos que se especializaram quase na caça ao homem e as populações que viviam em Moçambique nas suas unidades políticas”. Nesse tempo, no século XVIII até meados do século XIX, quase até finais, o estudioso refere que “foram momentos terríveis. Agora, esse passado que nós às vezes classificamos como período pré-colonial, em que a presença europeia era mais mercantil, não dominavam as populações, politicamente, não havia (colonização). Fazia-se um negócio só com os produtos negociados que chegou a incluir o próprio o homem”. Muito embora não fossem os primeiros a praticar o comércio de escravos naquele território, ele ganhou uma importância substancial com a chegada dos portugueses que “exportaram” essa força de trabalho para colónias francesas, ou ainda o Brasil, refere Benigna Zimba, historiadora ligada à Universidade Eduardo Mondlane em Maputo, que estudou de forma aprofundada o período da escravatura. “Moçambique tem um papel central na história da escravatura na região e no complexo do Oceano Índico. Nós temos, a partir do Norte, a primeira capital que é a ilha de Moçambique. A ilha de Moçambique não produzia escravos. Ali ficavam escravos de passagem, vindos do interior. Nós temos Quelimane, temos Inhambane, nós temos aqui a zona do antigo Lourenço Marques, que hoje é Maputo, nós temos Sofala, nós temos em Cabo Delgado, vários portos pequenos. Estes portos foram tendo a sua importância consoante as oportunidades de exportação, não só para o oceano Indico, mas também para o Norte de África. Em algum momento, um dos grupos que desenvolviam as suas economias locais com base nos escravos, é o grupo do Norte de Moçambique, actual Niassa. Este grupo exportou nos meados da década de 1880 a 1890, cerca de 5000 escravos, caravanas bem escoltadas e chegavam a maior parte aparentemente andando. Saíam escravos de Moçambique. Outros, não só por via marítima, mas para o Quénia. Também havia capturas do Malawi que vinham para Moçambique para poder sair e dos pontos onde iam, eles espalhavam-se. Ficaram conhecidos como os “Moçambiques”, que não eram necessariamente naturais de Moçambique. À medida que ia se desertificando, houve uma decapitação total de população. É por isso que iam cada vez mais para as costas do interior e não para a costa marítima para ir buscar pessoas”, refere a historiadora. Por outro lado, Benigna Zimba explica que havia um tratamento diferenciado para homens e mulheres. “A diferença está mais ligada à função da força de trabalho. Aqueles que compravam escravos, normalmente diziam ‘nós estamos a comprar escravos para levar para as plantações de cana de açúcar ou de cacau', então precisavam de força de trabalho. E também precisavam de reproduzir a população escrava, através de escravas. De tal maneira que nos preços de compra, muitas vezes as mulheres eram mais caras, compradas por dois tecidos, duas cangas, dois panos. E se elas tivessem bebé ou criança, dependendo da idade e da maturidade, sabiam que aqui nós já temos um escravo bebé masculino. Era mais barato. Bebé feminino porque é uma outra fonte de reprodução, era mais caro”, refere a universitaria. “Muitas delas preferiam não resistir à captura para não serem mortas, não serem violadas, não as separarem dos filhos. Havia escravas que eram compradas para ir reproduzir com os escravocratas. Faziam um filho, depois levavam o filho. E a escrava nunca mais via aquela criança. Quando falamos da demografia da escravatura, se formos a ver, o papel da mulher é extremamente importante, porque sem ela não há reprodução de escravos e também não há reprodução do sistema no nível da cúpula e ao nível das bases”, explicita ainda Benigna Zimba. Questionada sobre o trabalho forçado, pratica que veio a seguir à abolição oficial da escravatura, a estudiosa refere que “a escravatura termina naturalmente, na medida em que ela já não responde às demandas dos sistemas coloniais imperialistas. Para o caso de Moçambique, nós temos os famosos sistemas dos prazos, que são uma outra forma de continuação da escravatura. Quem eram os senhores Prazeiros? Eram os senhores e as senhoras Donas Prazeiros, muitas deles, principalmente na região da Zambézia, que sustentaram os sistemas neo escravocratas a partir da continuidade. O escravo é liberto. Aqui em Moçambique não houve muitas cartas de alforria, isto é mais para a África do Sul, Tanzânia, Quénia, para as antigas colónias britânicas. As portuguesas nem tanto. Havia portugueses que nem sabiam o que é que se passava no mundo em termos de não poderem trabalhar com uma base de mão-de-obra escrava. Então a escravatura continua”, detalha ainda Benigna Zimba. Podem ouvir os nossos entrevistados na íntegra aqui:
Moçambique assinala neste 25 de Junho de 2025, os 50 anos da sua independência. Por esta ocasião, a RFI propõe-vos um percurso pela história do país e a sua luta pela liberdade. No terceiro episódio desta digressão, evocamos as circunstâncias em que foi lançada a guerra de libertação de Moçambique. A 16 de Junho de 1960 deu-se um episódio que foi um marco antes do desencadear da luta armada. Naquele dia, foi organizado um encontro em Mueda, no extremo norte do país, entre a administração colonial e a população local que reclamava um preço justo pela sua produção agrícola. Só que no final dessa reunião que teria sido exigida pela MANU, uma organização independentista que viria a integrar a Frelimo, deu-se a detenção de alguns dos representantes do povo e em seguida a execução a tiro de um número até agora indeterminado de pessoas. O historiador Luís Covane recorda as circunstâncias do sucedido. “Primeiro, a injustiça praticada na compra dos produtos agrícolas dos camponeses e entra para primeiro a luta pela melhoria das condições de compra e venda dos seus produtos e a intransigência do outro lado da força”, começa por explicar o historiador recordando que nos “anos 60, os movimentos para a conquista da independência sem violência nos países vizinhos já eram uma realidade. Os ingleses, os franceses, adoptaram um sistema de entrega, ajudaram até a desenhar a bandeira, o hino nacional, a segurança”. “Acontece que Portugal era um país colonizador. Mas na sua própria colónia, também era colonizado. Por exemplo, o sul de Moçambique exportava mão-de-obra. O Governo que viesse nesse assunto de exportação de mão-de-obra não havia de precisar de Portugal”, refere por outro lado o estudioso ao sublinhar paralelamente que “Portugal investiu muito pouco na Educação. Assim, em 1975, o nível de analfabetismo em Moçambique era de 93%. Apesar de Salazar ter feito entendimentos com a Santa Sé em 1940. (...) Para entrar na escola, já para o escalão mais avançado, era preciso ser assimilado. Mas lá no campo, tinha-se 18 anos, já se era objecto de perseguição para o trabalho, não havia espaço, também não havia escolas para isso, não havia escolas secundárias, não tinha como. Uma pessoa sabia ler e escrever e pronto, acabou. Podia ser catequista, no máximo. O investimento que não se fez na educação tornou a situação em Moçambique muito mais delicada.” Dois anos depois do massacre de Mueda, três organizações nacionalistas, a UDENAMO, União Democrática Nacional de Moçambique, a MANU, Mozambique African National Union, e a UNAMI, União Nacional Africana de Moçambique Independente, reúnem-se em Dar-es-Salaam, na Tanzânia, a 25 de Junho de 1962 e fundem-se numa só entidade, a Frelimo, Frente de Libertação de Moçambique. Sob a direcção do seu primeiro presidente, o universitário Eduardo Mondlane, e a vice-presidência do reverendo Uria Simango, a Frelimo tenta negociar a independência com o poder colonial, em vão. A partir de 1964, começa então a acção armada. O antigo Presidente moçambicano, Joaquim Chissano, recorda essa época em que tomaram conhecimento da existência de movimentos independentistas nos países vizinhos de Moçambique e decidiram se inspirar deles. “Nessa altura, nós, já estudantes, que tínhamos deixado Portugal, que estávamos na França, tomamos conhecimento disso juntamente com o Dr. Eduardo Mondlane, que trabalhava nas Nações Unidas. No nosso encontro em Paris decidimos que devíamos trabalhar, a partir daquele momento, para a unificação dos movimentos de libertação, para que houvesse uma luta mais forte. Mesmo a luta diplomática, que foi a coisa que começou, havia de ser mais forte se houvesse um movimento unificado. É assim que surge uma frente. (...) Foram três movimentos que formaram uma frente unida que se chamou a Frente de Libertação de Moçambique. E essa Frente de Libertação de Moçambique continuou a procurar meios para ver se os portugueses haviam de acatar a Resolução das Nações Unidas de 1960 sobre a descolonização. E, finalmente, quando se viu que, de facto, os portugueses não iriam fazer isso, particularmente depois do massacre da Mueda, decidiu-se começar a preparação para uma insurreição armada. E assim houve treinos militares na Argélia, onde foram formados 250 homens, porque também a luta dos argelinos nos inspirou. Então, eles próprios, depois da criação da Organização da Unidade Africana e da criação do Comité de Coordenação das Lutas de Libertação em África, fomos a esses treinos na Argélia e a Argélia é que nos forneceu os primeiros armamentos para desencadear a luta de libertação nacional”, recorda o antigo Chefe de Estado. Ao referir que a causa recebeu apoio nomeadamente da Rússia e da China, Joaquim Chissano sublinha que “a luta foi desencadeada com a ajuda principalmente africana. E mais tarde vieram esses países. A Rússia deu um apoio substancial em termos de armamento. (...)Depois também mandamos pessoas para serem treinadas na China e mais tarde, já em 1965, quando a China fica proeminente na formação político-militar na Tanzânia, mandaram vir instrutores a nosso pedido e a pedido da Tanzânia.” Sobre o arranque da luta em si, o antigo Presidente moçambicano refere que os ataques comeram em quatro frentes em simultâneo. “Nós, em 1964, criámos grupos que enviamos para a Zambézia, enviamos para Niassa, enviamos para Cabo Delgado e enviamos para Tete. Portanto, em quatro províncias simultaneamente. No dia 25 de Setembro (de 1964) desencadeamos a luta armada de libertação nacional. Porque também a ‘insurreição geral armada', como o Presidente Mondlane denominou, começou em quatro províncias em simultâneo”, recorda Joaquim Chissano. Óscar Monteiro, membro sénior da Frelimo e antigo representante do partido em Argel, também recorda a época em que, jovem líder estudantil em Portugal, integra as fileiras da Frelimo em 1963. “Eu começo por ser um dirigente estudantil em Portugal. Sou um dirigente da Associação Académica de Coimbra, juntamente com outras pessoas, como Manuel Alegre. É um nome de que me recordo. Éramos colegas de estudo. E éramos colegas no movimento estudantil e, ao mesmo tempo, sendo parte do movimento estudantil, vou migrando para o movimento anticolonial, Na Casa dos Estudantes do Império e mais tarde sou recrutado por Marcelino dos Santos, aproveitando uma viagem de fim de curso em que eu levava um relatório da célula do PAIGC em Coimbra para uma pessoa do PAIGC em Paris. Sou recrutado para organizar os estudantes moçambicanos em Portugal, mas também os estudantes de todas as colónias. Não sou dos primeiros nacionalistas em Portugal, mas sou do grupo que permanece em Portugal depois da grande fuga dos anos 62. Então, esse meu trabalho começa em 63. Em 63, eu recebo essa missão, na qual me empenho, saio de Coimbra para Lisboa. Ainda publicamos boletins, um boletim chamado Anti-Colonial. E acontece que ousamos demais. Começamos a distribuir o Boletim Anticolonial em Moçambique, na Beira e em vários sítios, mas na Beira é que somos apanhados e eu sou avisado por um colega meu que ainda está aqui, o Luís Filipe Pereira, um pedagogo. Ele avisa-me ‘Olha fulano de tal e fulano de tal foram presos.' Foi o sinal para mim de passar a uma outra vida, que é uma vida completamente diferente, que é de me esconder. A gente poderia dizer de uma maneira muito elegante ‘passei à clandestinidade', mas no fundo eu estava simplesmente a fugir. Não estava a fazer clandestinidade. Tinha feito antes, mas nesse momento saí pela porta de trás e pronto, cheguei a Paris utilizando o caminho dos imigrantes. Fui esperando lá. Continuando a manter a relação com os estudantes em Portugal e mais tarde sou chamado para a Argélia por Pascoal Mocumbi, que me tinha visto em Paris e que eu conhecia porque ele era muito amigo do Chissano”, conta Óscar Monteiro. Ao evocar a missão que lhe incumbia em Argel, Óscar Monteiro refere que o seu trabalho consistia em “fazer a propaganda do movimento de libertação em francês. Nós já tínhamos representações no Cairo, tínhamos um departamento de informação que produzia documentos, o ‘Mozambique Revolution', que era uma revista muito apreciada, que depois era impressa mesmo em offset. Mas não tínhamos publicações em francês. Então, coube-nos a nós, na Argélia, já desde o tempo do Pascoal Mocumbi, produzir boletins em francês, traduzir os comunicados de guerra e alimentar a imprensa argelina que nos dava muito acolhimento sobre o desenvolvimento da luta, a abertura da nova frente em Tete, etc e ganhar o apoio também dos diplomatas de vários países, incluindo de países ocidentais que estavam acreditados na Argélia. Falávamos com todos os diplomatas. Prosseguimos esses contactos. O grande trabalho ali era dirigido sobre a França e sobre os países de expressão francesa. Era um tempo de grande actividade política, é preciso dizer. Eram os tempos que precederam o Maio de 68. Enfim, veio um bocado de toda esta mudança. E tínhamos bastante audiência”. A 3 de Fevereiro de 1969, em Dar-es-Salaam onde está sediada a Frelimo, Eduardo Mondlane abre uma encomenda que contém uma bomba. A explosão do engenho é-lhe fatal. Até agora, pouco se sabe acerca desse assassínio sobre o qual Joaquim Chissano, então responsável do pelouro da segurança da Frelimo, acredita que haverá a mão da PIDE, a polícia política do regime fascista de Portugal. “Havia já alguns indícios de que havia movimentos de pessoas enviadas pelo colonialismo, mesmo para a Tanzânia, como foi o caso do Orlando Cristina, que chegou a entrar em Dar-es-Salaam e fazer espionagem. Disse que trabalhou com os sul-africanos em 1964 e continuou. Depois houve o recrutamento, isso já em 1967-68, de pessoas da Frelimo que tentaram criar uma divisão nas linhas tribais, mas que na realidade não eram representativos das tribos que eles representavam, porque a maioria eram ex-combatentes que estavam solidamente a representar a unidade nacional. Foi assim que tivemos uns traidores que depois foram levados pelos portugueses de avião e de helicópteros e entraram a fazer campanha aberta, propaganda e até houve um grupo que chegou a reivindicar a expulsão do nosso presidente, dizendo que ele devia receber uma bolsa de estudos. Quer dizer, a ignorância deles era tal que eles não viram, não souberam que ele era um doutor -duas vezes doutor- e que não era para pensar em bolsa de estudo. Mas pronto, havia um movimento de agitação. Mas a frente era tão sólida que não se quebrou. Por isso, então, foi se fortalecendo à medida que íamos andando para a frente”, conclui Joaquim Chissano. Podem ouvir os nossos entrevistados na íntegra aqui:
Em entrevista à DW, consultor moçambicano considera preocupante o estender do conflito na RDC e a insegurança em Cabo Delgado. Em Moçambique, na provincia do Niassa, são muitas as pessoas que ainda correm do risco da quebra de montanha para sobreviver e sustentar as famílias. Analisamos ainda o silêncio do Hezbollah enquanto o seu aliado, Irão, está em conflito com Israel.
Em Moçambique, 25.000 pessoas foram recentemente obrigadas a sair de regiões que até agora estavam salvaguardadas face aos ataques terroristas em Cabo Delgado, comprovando não só o aumento da violência nesta província, mas o alargamento da acção dos terroristas a novas áreas. Em entrevista à RFI, Isadora Zoni, oficial de comunicação do ACNUR em Pemba, dá conta da situação no terreno e da necessidade de recolher fundos para ajudar 5,2 milhões de pessoas em todo o país. Em Moçambique, 25.000 pessoas foram recentemente obrigadas a sair de regiões que até agora estavam salvaguardadas face aos ataques terroristas em Cabo Delgado, comprovando não só o aumento da violência nesta província, mas o alargamento da acção dos terroristas a novas áreas.De forma a fazer face ao aumento de deslocados, mas também ao aumento das necessidades da população em geral em Moçambique também afectada pelos fenómenos climáticos extremos e meses de instabilidade política, o Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) veio alertar para a falta de meios para suprir as necessidades de quem mais precisa de ajuda no país.Em entrevista à RFI, Isadora Zoni, oficial de comunicação do ACNUR em Pemba, dá conta da situação no terreno e da necessidade de recolher os 43 milhões de dólares necessários para ajudar 5,2 milhões de pessoas em Moçambique."O deslocamento massivo destas 25.000 pessoas nas últimas semanas reflecte uma mudança nos ataques. Até porque, no passado vimos ataques concentrados em grandes áreas de determinados distritos do Norte de Moçambique em Cabo Delgado. E agora o que nós estamos a perceber é que as atividades estão a acontecer também na província vizinha de Niassa e ainda nas áreas do Sul de Cabo Delgado, com ataques também em Nampula. Antes estas populações estavam seguras e que muitas vezes estas eram tidas como áreas de recepção para as pessoas que estavam forçadas a fugir. Então, a realidade é que quando o conflito se espalha para essas outras áreas, isso significa também que pessoas que talvez estivessem deslocadas estão a ser impactadas novamente", declarou a responsável da ONU.Para o ACNUR esta situação "agrava a situação de vulnerabilidade" destas populações, com estes 25 mil novos deslocados a virem de Ancuabe e Montepuez, distritos até agora poupados pela violência no Norte do país. Actualmente, as Nações Unidas pedem uma maior mobilização à comunidade internacional já que dos mais de 40 milhões de dólares para fazer face às necessidades da população em Moçambique, apenas 14,9% dos fundos foram recolhidos. Isto acontece numa altura em que os preços estão a aumentar substancialmente em todo o país."Para além da crise humanitária devido ao terrorismo, dos ciclones que houve e ainda as consequências em relação às protestos pós-eleitorais, nós estamos também a viver uma crise económica silenciosa. Os preços dos alimentos, o preço do pão vem subindo nos últimos meses e podemos ver um aumento de 10 a 20% em coisas que fazem parte da cesta básica das famílias e, por consequência, isso impacta também as necessidades que nós vemos, não somente para as pessoas que estão forçadas a fugir, mas para as pessoas que são mais vulneráveis na sociedade. Então existe a necessidade de abrigo, existe a necessidade de comida, existe a necessidade de protecção", indicou Isadora Zoni.A vulnerabilidade das populações estende-se a todos os aspectos das suas vidas, incluindo documentos. Segundo esta trabalhadora humanitária, 96% dos deslocados em Moçambique não têm documentos consigo o que dificulta depois a entradas das crianças nas zonas de chegada, mas também o reconhecimento dos seus direitos sociais.O ACNUR pede agora que este não seja um conflito esquecido e continua a trabalhar ao lado do Governo moçambicana e das populações para melhorar as condições de vida não só dos deslocados no Norte do país, mas também das pessoas afectadas pelos fenómenos climáticos e pelas consequências da instabilidade política dos últimos meses.
Em Moçambique, um recente relatório revela que a água pública apresenta altos níveis de contaminação, pondo em risco a saúde dos cidadãos que a consomem. O problema, de dimensão nacional mas com especial incidência nos municípios de Maputo, Matola e Tete, resultou em vómitos, diarreias, alastramento da cólera e até mesmo em óbitos, de acordo o Observatório Cidadão para a Saúde. No relatório, publicado a 8 de Abril de 2025, a organização denuncia as "falhas no tratamento e fiscalização da água para consumo humano", questionando a "responsabilidade do Governo em Moçambique". Para além da recolha de dados laboratoriais, o relatório baseia-se também no testemunho de cidadãos que descrevem a "água turva" a jorrar pelas torneiras e relatam as consequentes doenças.Os riscos para a saúde de quem consome estas águas contaminadas são reais, desde a contracção da diarreia - uma das principais causas da mortalidade infantil em Moçambique, ou da cólera. Nos piores casos, o consumo de águas contaminadas resultou em mortes, esclarece ainda o coordenador do Observatório do Cidadão para a Saúde, António Mathe. O relatório já esteve entre as mãos de decisores políticos e aguarda-se a implementação de novas medidas, tendo em conta que Moçambique é signatário da norma internacional ISO 24500 que define padrões de qualidade de água. RFI: O que está em causa neste relatório? António Mathe: Os nossos testes laboratoriais sobre a qualidade da água mostraram a existência de água imprópria para o consumo, a nível nacional, e tanto na rede pública como na rede privada. Isto contradiz as estatísticas do Governo, que afirmam que o fornecimento de água potável se verifica em 84% das zonas urbanas e 39% ao nível das zonas rurais. Estes dados poderão ser uma ilusão porque continuamos a ter grande parte da população moçambicana sem acesso à água potável.Há situações em que, mesmo a olho nu, é possível perceber que a água que jorra nas torneiras constitui um risco à saúde pública, devido à cor e ao odor da água. Quando avaliamos os problemas reais a nível das regiões onde fizemos esta auscultação, através de inquéritos e testes laboratoriais realizados no Laboratório Nacional de Água, percebemos que os resultados são contrários àquilo que são os dados oficiais do Governo.Esta água públicada mostra sinais de que tipos de contaminação? Em muitas situações vem contaminada com com bactérias fecais, sinais de ferrugem... Que acarretam grandes problemas de saúde pública, principalmente de origem hídrica. Doenças como a cólera, a diarreia. Esta diarreia constitui uma das principais causas da mortalidade infantil em Moçambique e, portanto, constitui um grande desafio. Para além de problemas estomacais, vómitos que são reportados após as comunidades consumirem uma água imprópria.Houve casos que necessitaram hospitalizações?Sim. No ano passado por exempl, houve casos que resultaram em cólera, por exemplo na província de Cabo Delgado. Em Manica morreram três pessoas. Na província de Nampula, uma das províncias mais populosas do país, registaram-se 34 óbitos, e dois óbitos na província de Niassa.Mas verifica-se uma ligação directa entre estas mortes e o consumo de água contaminada?Sim, como se sabe um dos principais determinantes sociais de saúde é justamente o acesso a água potável e o saneamento básico. Dois factores que têm estado em causa nas nossas avaliações, principalmente na zona Norte do país e nas regiões mais populosas.Por outro lado, continuamos a ter mitos e tabus sobre alguns produtos para purificação da água. E grande parte da população moçambicana simplesmente não tem condições para comprar água purificada ou galões, nem água mineral.Como é que fazem os cidadãos que, por falta de recursos, não têm outra opção a não ser beber a água supostamente potável mas contaminada? Alguns explicam que fervem a água antes de a consumir apra eliminar quaisquer vectores de transmissão de doenças? Bom, esta é uma situação que muitas comunidades têm adoptado. Mas é um recurso que é utilizado na ausência do compromisso e da responsabilidade do Governo. Tem que haver uma melhor coordenação com o Ministério das Obras Públicas, responsável pelas infraestruturas, e os municípios. A garantia de saneamento básico vai condicionar as questões de doenças que surgem, principalmente na época chuvosa.Qual é o impacto da época chuvosa na qualidade da água para consumo? Na época chuvosa surgem várias nuances ligadas a doenças de origem hídrica. Em Moçambique a questão da garantia do saneamento básico e acesso a água potável ainda não é uma realidade. Temos regiões como Tete, por exemplo, por causa das indústrias que existem lá, os solos tornam-se sensíveis para a criação de bactérias. Tal como a presença de produtos químicos nos subsolos dessas áreas onde se faz exploração de minérios?Exatamente. Este também é um factor de risco quando falamos em doenças de origem hídrica. A cólera é ainda um grande desafio em Moçambique. A diarreia também continua a ser um grande desafio.E continuamos a ter uma estratégia multissetorial governamental a falhar. Falta coordenação entre os vários sectores do Governo. É preciso que haja uma maior responsabilidade na supervisão da qualidade da água. Porque aumenta o número de casos de cólera, de diarreia, mas também o número de óbitos.Significa que os serviços públicos estão a negligenciar a saúde de milhares dos seus cidadãos? Faltam técnicos qualificados, faltam investimentos, o que seria necessário?Bom, é um conjunto de factores que vão explicar todos, todos essas problemáticas. Por exemplo, a expansão da infraestruturas não é acompanhada de qualidade. E essa falta de qualidade enfraquece as questões ligadas à saúde pública.Enquanto isto acontecer, o sector da saúde vai sentir-se cada vez mais pressionado e despender de recursos que podiam ser utilizados para resolver outros desafios urgentes, como é o caso da desnutrição crónica infantil.Estes testes laboratoriais, uma vez mais, mostraram a falta de compromisso, a negligência das autoridades reguladoras, que continuam a fornecer água sem qualidade. E acima de tudo, assistimos à violação de um direito humano fundamental que é o acesso à água potável.O relatório recorda que as doenças relacionadas com a água não-portável matam mais de 3 milhões de pessoas por ano no mundo...Exactamente. Isso mostra, uma vez mais, que é o momento do nosso Governo levar estas questões muito a sério, porque está a criar situações de óbito a nível do país. E é importante perceber que enquanto isto acontecer no médio e longo prazo, a situação de consumo de água imprópria pode criar outros danos e problemas, outros problemas de saúde. Este relatório chegou às mãos de algum decisor político? Foi feita alguma denúncia junto das autoridades? As autoridades reagiram a estes dados?Os nossos relatórios são lidos e analisados pelo Governo. Inclusive, marcámos um encontro com autoridades governamentais que lidam com a questão do fornecimento de água e colocaram algumas algumas questões sob o ponto de vista da resolução destas destas problemáticas. Porque, na verdade, o que nós queremos fazer é influenciar o Governo no processo decisório e o processo decisório tem que estar directamente ligado à salvaguarda dos direitos humanos. E esta é, no final, a nossa intenção influenciar o governo a tomar boas medidas, boas práticas no contexto da governação.E houve até agora, alguma reacção por parte do Governo, ou seja, de dizerem, por exemplo, que vão tomar medidas para tentar remediar a situação?Nós percebemos que enquanto não formos os "watch dogs" a fazer a nossa advocacia sobre as problemáticas existentes, as autoridades governamentais nunca vão reagir.Portanto, a intervenção da sociedade civil do Observatório foi muito importante, e suscitou a marcação deste encontro para podermos dialogar e mostrar que caminhos estas autoridades podem ou devem seguir para que, de facto, as comunidades tenham água potável, tratada e segura.
Esta semana ficou marcada pelo anúncio das “negociações directas” entre a República Democrática do Congo e o M23 que vão decorrer em Luanda, a 18 de Março. Destaque, também, para a retenção, no aeroporto da capital angolana, do político Venâncio Mondlane e de ex-Presidentes da Colômbia e do Botsuana quando se preparavam para participar numa conferência internacional sobre democracia em Benguela. Oiça aqui o resumo da semana em África. A Presidência angolana anunciou que vai acolher no dia 18 de Março, em Luanda, “negociações directas” entre as autoridades da vizinha República Democrática do Congo e o M23, no âmbito da mediação de Angola do conflito no leste da RDC. A iniciativa foi feita após uma visita do Presidente Félix Tshisekedi, que se encontrou na segunda-feira em Luanda com o seu homólogo angolano, João Lourenço.Entretanto, a SADC decidiu retirar do Leste da RDC a sua força de 1.400 soldados, após vários ataques terem causado duras baixas no contingente que deveria ajudar a manter a paz na região. Para Osvaldo Mboco, especialista em Relações Internacionais ligado à Universidade Técnica de Angola, esta retirada não é surpreendente, já que os combates com o M23 levaram à morte de muitos soldados e que o Ruanda se opunha à presença desta missão na região.Esta quinta-feira, o ex-candidato presidencial de Moçambique, Venâncio Mondlane, e os ex-Presidentes da Colômbia e do Botsuana ficaram retidos no aeroporto 04 de Fevereiro, em Luanda, quando se preparavam para participar numa conferência internacional sobre democracia em Benguela, entre esta sexta-feira e domingo. A UNITA, maior partido da oposição angolana, também participa e condenou o ocorrido. Álvaro Daniel, secretário-geral da UNITA, denunciou “uma tendência velada de sabotar o evento”.A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique aplicou, na terça-feira, a medida de termo de identidade e residência a Venâncio Mondlane, num processo em que o político é acusado de incitação à violência nas manifestações pós-eleitorais, o que o impede de ficar mais de cinco dias fora de casa, devendo avisar as autoridades. À saída da audiência, Mondlane garantiu que vai continuar a actividade política normal e disse que continua sem saber de que crime é acusado. Entretanto, foi noticiado que a Polícia de Moçambique deteve, na quarta-feira, a responsável das finanças de Venâncio Mondlane. Também esta semana, o activista social Wilker Dias, diretor da Plataforma Decide, apresentou uma queixa-crime contra o ex-comandante geral da polícia e o antigo ministro do Interior de Moçambique, responsabilizando-os pelas mortes nos protestos pós-eleitorais. Desde Outubro, pelo menos 353 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, de acordo com a Plataforma Decide.Ainda em Moçambique, no início da semana, o ciclone tropical Jude deixou um rasto de destruição e pelo menos 14 mortos. O ciclone afectou as províncias da Zambézia, Nampula, Niassa e Cabo Delgado, no norte, assim como Tete e Manica, no centro.Em Angola, começou esta segunda-feira, em Luanda, o julgamento dos generais Leopoldino Fragoso do Nascimento "Dino" e Hélder Vieira Dias "Kopelipa", personalidades ligadas ao antigo Presidente José Eduardo dos Santos. Eles são acusados da prática de vários crimes, entre eles tráfico de influências e branqueamento de capitais.Cabo Verde e Angola vão reforçar a cooperação cultural, nomeadamente na tentativa de recuperação do acervo cultural. A informação foi comunicada por Filipe Zau, ministro angolano da Cultura, que esteve no arquipélago esta semana. Outra visita a Cabo Verde foi a de Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil. Do encontro, ficou a proposta de Cabo Verde vir a ser a plataforma de comércio brasileiro na Africa Ocidental. Ainda em Cabo Verde, a presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública, Maria da Luz Lima, anunciou, que desde 28 de Janeiro não existem casos de dengue na capital e que está a ser preparada uma proposta para declarar o fim da epidemia.Por outro lado, esta quinta-feira, a Comissão Europeia anunciou um pacote de investimentos de 4,7 mil milhões de euros para a África do Sul, para projectos que apoiam a transição energética e para a produção local de vacinas. O anúncio foi feito na sessão plenária da cimeira entre a União Europeia e a África do Sul, que decorreu na Cidade do Cabo. A África do Sul é o maior parceiro comercial da UE na África subsaariana e assume, desde Dezembro e até Novembro, a presidência rotativa do G20, o grupo que reúne as maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana.
Josina Muthemba Machel La Heroína Pan africana, héroina mozambiqueña Hoy es miércoles y toca #LALLAVE. Escúchanos en nuestros canales de YouTube y Spotify: https://youtu.be/MofH1AxgAWUEn el programa de hoy hablaremos del papel de la mujer africana en la liberación y transformación de la sociedad africana Josina Muthemba Machel "Heroína de la lucha por la liberación nacional mozambiqueña, promovió la emancipación de la mujer africana, convirtiéndose en un icono de la lucha revolucionaria.Esta heroína de la lucha por la liberación nacional mozambiqueña, nació con el nombre de Josina Abiatar Muthemba en el seno de una familia de tradición patriótica y activa en la lucha contra el colonialismo portugués.Promovió la emancipación de la mujer africana, convirtiéndose en una icono. Además luchó en la guerra de la independencia como guerrillera, creó orfanatos y viajó por todo el país concienciando a las mujeres de su papel activo en la guerra.Josina desarrolló un papel fundamental en la lucha armada cuando en 1966 el Comité Central del Partido para la Liberación de Mozambique (FRELIMO) decidió que las mujeres mozambiqueñas tenían que participar de forma activa a la lucha para la liberación. En 1967 empezó el entrenamiento para las mujeres en las provincias de Cabo Delgado y de Niassa, en el norte de Mozambique. Como miembro del Destacamento Femenino fue nombrada Jefa de la Sección de la Mujer en el Departamento de Asuntos Exteriores del FRELIMO." Cómo siempre con Música:- NKD Mocambique - Liloca - FRELIMO
O Presidente ucraniano afirmou que Ucrânia está pronta para assinar acordo de terras raras com os EUA. A expectativa era de que Volodymyr Zelensky assinasse o acordo na semana passada, quando esteve em Washington. As terras raras ucranianas, essenciais para várias indústrias, encontram-se em áreas controladas pelas forças russas, dificultando a exploração de recursos, explica o geólogo moçambicano e professor na UniLucungo, na Beira, Ubaldo Gemusse. RFI: O que são terras raras e por que é que são tão importantes?Ubaldo Gemusse: As Terras Raras são um conjunto de 16 elementos químicos. Nós aprendemos na química que existem alguns elementos que são considerados raros não pela sua ocorrência, mas pela fraca abundância em determinado território. A Ucrânia e a Rússia têm o privilégio de conter esses recursos geológicos, que são raros e têm uma importância muito vasta nas tecnologias, por exemplo, na fabricação de baterias e em carros eléctricos. São considerados raros pela sua fraca abundância na natureza.Há terras raras em África?Temos em Moçambique, no Zimbábue, na África do Sul, no Congo. Temos muito desse recurso raro, principalmente em Moçambique, por exemplo, no norte e centro do país, como a Zambézia, Nampula, Cabo Delgado e Niassa. Encontramos os elementos de terras raras, encontramos as terras raras nesses locais.Está a falar de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, onde existe um conflito armado desde 2017. Está a falar de terras raras na Ucrânia, ocupadas pela Rússia. Estava a referir também que há terras raras na RDC, onde existe também um conflito há muitos anos. Existe uma associação entre os sítios onde há terras raras e a presença de conflitos?Sim. Começando por Moçambique, no norte, por exemplo, temos uma das maiores ocorrências de grafite, outro recurso importante em África. Em Cabo Delgado, temos em Palma e são dois distritos onde existem grandes concessões para explorar esses recursos. No caso do grafite, ele é um recurso actualmente utilizado em tecnologias ou em nanotecnologias. Isso faz com que as grandes potências procurem esse recurso. Sendo Moçambique um país mais vulnerável, facilmente podemos ser corrompidos e entregar, como se fosse, o ouro ao bandido.O mesmo acontece com a Ucrânia. A Ucrânia também possui outros recursos além do grafite, como o lítio, que é extremamente raro. Sabemos que na Ucrânia há algumas argilas que contêm lítio, e não são muitos os locais que possuem lítio. O lítio actualmente é utilizado na fabricação de baterias. Mas além do lítio e do grafite, sabemos que desses 17 elementos que compõem as terras raras, estão o itérbio, o neodímio, o cério e o samário, encontrados em diversos minerais raros. Concretamente, esses elementos são mais frequentes na Ucrânia, na Rússia e um pouco em Moçambique.É possível extrair minerais raros em zonas de conflito, quais são os maiores desafios geográficos?Sim, é possível. E muitas vezes, a extracção desses recursos é feita a partir de grandes concessões. Por exemplo, a nossa lei em Moçambique, o nosso regulamento mineiro, determina que todo recurso táctico deve ser gerido a partir da concessão mineira. Para se obter uma concessão mineira é necessário ter capacidade financeira. Muitas vezes, os conflitos acontecem próximos ao local de exploração. Existem também alguns aspectos geopolíticos. As grandes potências, ou os financiadores, controlam os depósitos minerais. Quando se tratam de minerais estratégicos, elas controlam esses recursos e subsidiam algum valor à população local, ao governo. No caso de Moçambique, por exemplo, sendo um país pobre, o risco é maior para quem venha explorar. Portanto, o governo e a população saem a perder. Quando existem essas situações, não é muito aconselhável.Há impactos na exploração de recursos naturais sobre o meio ambiente e as populações locais?Há impactos. Geralmente, quando se fala de exploração mineira em Moçambique, primeiro é necessário adquirir o título de concessão mineira. Depois de obter a concessão, só se pode explorar a área se se tiver a licença ambiental. Essa licença exige um processo que começa com a instrução do processo. Nesse caso, a base do processo é fazer uma consulta pública à comunidade, informando as partes interessadas sobre as fases da exploração do recurso, desde a fase de instalação. Se formos pegar a nossa lei em Moçambique, o Decreto 54 sobre o Ambiente, a primeira fase é a licença de instalação, ou provisória, que permite o acesso ao local. Depois, há a licença de exploração ou operação desse recurso. Desde o início até o fim, no processo de legalização ambiental e da exploração mineral, as pessoas vão entender que ali haverá uma exploração. Muitas vezes, as empresas que vêm para explorar trazem grandes investimentos, como milhões de dólares ou euros, por exemplo. Existe uma responsabilidade social que elas têm para com a comunidade local. Algumas cumprem, mas na maior parte das vezes é complicado. Há falta de fiscalização local. No entanto, algumas empresas em Moçambique, por exemplo, têm responsabilidade social. Quando falamos de terras raras, não é apenas uma questão local, mas uma dependência global.Existem países que dominam esse monopólio. Falo, por exemplo, da China. Se fizermos uma pesquisa sobre quem é o maior produtor e exportador, perceberemos que a China lidera, seguida pelos Estados Unidos, pela Rússia e pela União Europeia. Já fiz algumas pesquisas sobre o lítio e, no passado, quando estava a fazer a minha tese, percebi que, por exemplo, nos Estados Unidos, nos anos 80 e 90, já tinham uma noção sobre os depósitos de lítio. Consideravam o lítio um elemento estratégico, mas nunca divulgaram as suas reservas. Sabemos que, por exemplo, em Portugal, há grandes reservas de lítio, e sabemos qual é a quantidade. Mas nos Estados Unidos e na China, essas informações dificilmente são divulgadas. Isso cria uma dependência de informação. O interessante é que, actualmente, a China é a maior produtora e exploradora do mundo.Portanto, a China tem o monopólio?Sim, tem o monopólio. A China dita o preço, o custo e a venda desses recursos a nível global. São esses os aspectos que vemos em relação à dependência desses recursos. Se formos pesquisar as matérias-primas utilizadas nos armamentos, perceberemos que as terras raras são essenciais para a fabricação das tecnologias militares mais recentes. A guerra é essa.Daí a importância e a procura das terras raras?Exactamente. Por exemplo, actualmente enfrentamos problemas com as mudanças climáticas. Alguns países já estão conscientes de que, em poucos anos, os carros movidos a combustíveis fósseis, como o petróleo, vão deixar de circular. A tendência é para carros elétricos. De onde vem essa matéria-prima? Deve haver uma fonte e essa fonte são as terras raras, como o lítio, o neodímio, a grafite, entre outros. Esses são os elementos que estão em alta.
A decisão da administração Trump de sair de algumas instituições internacionais como a Organização Mundial da Saúde ou suspender por três meses o apoio fornecido pela sua agência de cooperação, a USAID, com excepção dos programas alimentares, tem estado a gerar um clima de grande incerteza em África, designadamente em Moçambique, país que depende em larga medida do apoio dos Estados Unidos. De acordo com os últimos dados disponíveis, Moçambique foi o país lusófono que mais recebeu a ajuda da USAID em 2023, o envelope tendo ascendido a mais de 664 milhões de Dólares para diversas áreas, apoio humanitário e agricultura em Cabo Delgado, Direitos Humanos, desenvolvimento, orçamento do Estado, e sobretudo o pelouro da saúde.Para evocar as consequências imediatas em Moçambique da decisão de Trump, a RFI falou com dois membros activos da sociedade civil, nomeadamente Ben Hur Cavelane, consultor independente para a área das finanças públicas, que dá conta de uma situação globalmente difícil."A ajuda da USAID para Moçambique é de capital importância. Tanto é que quando houve pronunciamento por parte do governo americano, acabou mexendo com a parte política, mas também com a parte social, porque grande parte da ajuda que Moçambique recebe através dessa Agência de desenvolvimento vai para sectores sociais, como, por exemplo, para o lado da saúde. Uma parte dos programas do sector da saúde são financiados pelos programas da USAID, mas não só. Temos também alguns programas de capacitação institucional e boa governação que também beneficiavam desse tipo de ajuda. Hoje muitos projectos estão parados, grande parte nas províncias que precisam de facto desse tipo de financiamento, falo concretamente das províncias de Cabo Delgado onde temos a situação de insurgência, temos a situação de pessoas que estão deslocadas. Tem a província de Nampula, que também precisa deste tipo de apoio. Temos os centros de refugiados que na sua maioria, têm-se beneficiado da ajuda da agência de desenvolvimento norte-americana e isso tem estado a comprometer aquilo que são os programas das grandes organizações locais, mas também mesmo das organizações que recebem directamente ajuda para implementar alguns programas a nível nacional", refere Ben Hur Cavelane."Na semana em que o governo norte-americano apareceu a fazer o pronunciamento, o que aconteceu é que o próprio governo (moçambicano) apareceu a explicar que iria fazer uma grande ginástica para obter financiamento para investir nesses projectos que já tinham sido aprovados, que era para implementar neste ano de 2025. Eu recordo-me de ter falado com alguns colegas que trabalham num projecto em Cabo Delgado, mas também em Niassa, para o desenvolvimento de algumas instituições, de alguns governos municipais. Estes programas vão parar por causa deste pronunciamento do governo americano. Então eu penso que de alguma forma, não só Moçambique, mas África vai ter que se reinventar em termos de busca de financiamento para implementação de alguns programas que são de carácter importante para aquilo que é o desenvolvimento dos países africanos, em particular para Moçambique", considera ainda este especialista da área das finanças públicas.Capacidade de reinvenção e resiliência, será difícil encontrar sem financiamentos. Na semana passada, a chefe do governo moçambicano, Maria Benvinda Levi, reconheceu que o pelouro da saúde é aquele que poderia ser o mais afectado pela suspensão do apoio americano. “É um grande desafio porque o apoio dos Estados Unidos é um apoio extremamente importante, particularmente nas áreas sociais. Então, nós teremos que ver, com os nossos recursos, como é que podemos redirecionar alguns recursos para essas áreas, para que elas não fiquem sem nenhuma estrutura de desenvolverem as suas actividades”, disse a primeira-ministra.Também nitidamente preocupado está Jorge Matine, director do IPAS, entidade que actua na área da saúde."A primeira das consequências concretas é que para um país como Moçambique, que tem uma grande dependência da ajuda e que dessa dependência da ajuda, os Estados Unidos têm um papel fundamental, por assim dizer, que quase cobre mais de 60% da ajuda para o sector de saúde, em particular em áreas fundamentais como a área de recursos humanos, pagamento de salários do pessoal sanitário, a área de medicamentos para grandes doenças em Moçambique estamos a falar de HIV, tuberculose, também tem fundos para desnutrição, tem fundos também para o planeamento familiar. Então, o impacto é enorme em termos desses serviços. Neste momento estão a oferecer serviços essenciais. Porque na primeira semana, todas as actividades financeiras ficaram congeladas. Depois disso, o governo americano disse que poderiam ser usados fundos só para respostas essenciais, só de medicamentos e tratamentos. Mas não é possível. Para poder dar um medicamento ao paciente, precisa poder fazer consultas laboratoriais, precisa de ter observação médica, precisa, por exemplo, de ter acompanhamento, precisa de internamento. Então, tudo isso é para dizer que só vai fazer o tratamento. É muito difícil prever que esse serviço vai funcionar em pleno. Então, o impacto neste momento é o impacto, por assim dizer, dos serviços essenciais. É um sistema que poderá colapsar se não se fizer nada nos próximos dias", alerta Jorge Matine.Questionado acerca das advertências que têm surgido a nível internacional sobre o risco de muitas pessoas morrerem devido à falta do apoio financiado pelos Estados Unidos, o activista social diz que isto é "uma realidade muito concreta neste momento" em Moçambique. "As organizações ou sistemas de saúde ainda estão a funcionar com reservas de segurança. Normalmente, os países compram medicamentos, fazem uma reserva de dois meses, três meses, mas ninguém neste momento é capaz de dizer o que vai acontecer daqui a dois meses", diz Jorge Matine ao salientar que "Moçambique, neste momento, não tem capacidade para prescindir" da ajuda americana."Moçambique tem mais de 3 milhões de doentes em tratamento. Então, isto tem um impacto enorme. O segundo impacto é que o governo não tem capacidade de, por exemplo, de repor ou substituir os fundos que vinham dos Estados Unidos, como também os outros parceiros, como o Canadá e outros que são parceiros fundamentais, não têm a capacidade, no curto espaço de tempo, de mobilizar fundos adicionais para que possam substituir os fundos do governo americano. Então, nos próximos três meses, o que vai acontecer? Penso que o governo vai tentar fazer, por enquanto, o que é o mais essencial e repor o stock de medicamentos. As prioridades são enormes, então não vai conseguir cobrir todas as prioridades. E neste momento não há nenhum parceiro que pode num curto espaço de tempo mobilizar os recursos essenciais. Sabendo que os Estados Unidos não só financiam a instituições globais como a Organização Mundial de Saúde, mas também financia, por exemplo, o Fundo Global, vamos ter um impacto que tem dimensões, neste momento, incalculáveis", conclui Jorge Matine.No mesmo sentido, Ben Hur Cavelane, considera que os próximos tempos vão ser difíceis em termos de orçamento, tanto para o governo moçambicano como para as próprias organizações da sociedade civil que contam com o apoio directo ou indirecto dos Estados Unidos."Moçambique está a atravessar uma fase bastante complicada, que é de uma crise política em que está a entrar um novo governo. Embora o actual ministro nomeado para a pasta da Saúde seja alguém que já conhece a casa, a verdade, porém, é que sem alguns fundos não tem como avançar. Os cofres do Estado moçambicano também estão quase sem nenhum dinheiro. E vamos entrar para a discussão da aprovação do Orçamento do Estado para este ano de 2025. É preciso ir buscar outras fontes para ver se financiamos o Orçamento do Estado. Grande parte da ajuda do governo norte-americano ia também para a capacitação institucional, que é para o Ministério da Saúde. Também teremos um grande problema dentro do próprio Ministério da Saúde, onde vamos ver uma reinvenção daquilo que é o plano para este ano de 2025. Mas não só. Se esta situação do governo americano prevalecer", refere o consultor para a área das finanças públicas.Recorde-se que praticamente depois de regressar à Casa Branca, o Presidente americano Donald Trump anunciou a intenção de fazer sair o seu país de uma série de instituições internacionais, nomeadamente da Organização Mundial da Saúde, de que os Estados Unidos é o principal financiador público. A administração Trump também anunciou a suspensão da sua agência de apoio e cooperação, a USAID, por um período de três meses.Esta agência que tem sido o maior doador individual do mundo, com um envelope que ascendeu a 72 mil milhões de Dólares em 2023, fornece assistência em cerca de 120 países, em sectores que vão desde a saúde das mulheres em zonas de conflito até ao acesso a água limpa, tratamentos para o HIV/SIDA ou segurança energética, está a ser desmantelada. No sábado passado, foi suprimido o conteúdo da página internet da agência que foi substituída por uma nota informativa mínima indicando apenas que, nesta sexta-feira, o executivo de Trump iria começar formalmente a implementar despedimentos massivos. O objectivo deste plano é fazer passar os actuais 10 mil funcionários desta agência a cerca de 600. De acordo com uma notícia publicada hoje pelo New York Times, 800 programas e contratos administrados pela agência foram igualmente cancelados.Dois sindicatos que representam os funcionários da USAID lançaram uma acção judicial para obter uma ordem de restrição e travar os despedimentos, argumentando que o desmantelamento da USAID não pode ser feito sem a aprovação do Congresso.O Presidente Trump, bem como o responsável pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), o magnata das tecnologias Elon Musk, têm incessantemente criticado a USAID em termos muito duros. Elon Musk chegou a chamar a USAID de "ninho de víboras de marxistas que odeiam a América" e Donald Trump que qualifica os responsáveis dessa entidade de "bando de loucos radicais", disse ainda hoje na sua rede 'Truth Social' que "a corrupção (na USAID) está em níveis nunca vistos. Temos que acabar com ela".
Shirika la Umoja wa Mataifa la kuhudumia wakimbizi UNHCR linaendelea kusambaza msaada wa kibinadamu ili kurejesha matumaini ya waathirika wa kimbunga Chido kilichotokea tarehe 15 Desemba mwaka jana nchini Msumbiji na kuziacha taabani jamii za majimbo ya Cabo Delgado, Nampula na Niassa. Flora Nducha na taarifa zaidi.
Hii leo jaridani tunaangazia moto wa nyika mjini California Marekani, na waathirika wa kimbunga Chido nchini Msumbiji. Makala tunasikia kijana Paul Siniga kutoka Tanzania na mashinani tunakupeleka nchini Kenya, kulikoni?Shirika la Umoja wa Mataifa la hali ya hewa duniani (WMO) leo hii likiwa limeutangaza mwaka jana 2024 kuwa mwaka uliokuwa na joto zaidi kuwahi kurekodiwa, leo pia WMO imeendelea kusisitiza umuhimu wa tahadhari za mapema kuhusu majanga ya tabianchi ili kuokoa maisha ya watu. WMO imeeleza kwamba tahadhari za mapema zilizotolewa na Idara ya Hali ya Hewa ya Taifa la Marekani zimesaidia kwa kiasi fulani kuokoa maisha ya watu katika moto wa nyika uliosambaa na kuteketeza maeneo makubwa mji wa Los Angels katika jimbo la California.Shirika la Umoja wa Mataifa la kuhudumia wakimbizi UNHCR linaendelea kusambaza msaada wa kibinadamu ili kurejesha matumaini ya waathirika wa kimbunga Chido kilichotokea tarehe 15 Desemba mwaka jana nchini Msumbiji na kuziacha taabani jamii za majimbo ya Cabo Delgado, Nampula na Niassa.Katika makala Assumpta Massoi wa Idhaa hii ya Kiswahili ya Umoja wa Mataifa anazungumza na kijana Paul Siniga kutoka Tanzania ili kufahamu safari yake hadi kuweza kufika makao makuu ya Umoja wa MAtaifa, New York, Marekani.Na mashinani Nur Bashir kutoka jamii ya wfugaji katika kaunti ya Turkana nchini Kenya ambaye kupitia video ya Shirika la Umoja wa Mataifa la Uhamiaji anaeleza jinsi jamii zake zinavyoathiriwa na mabadiliko ya tabianchi.Mwenyeji wako ni Anold Kayanda, karibu!
Sejam bem-vindos a mais uma Semana em África. A actualidade desta semana ficou marcada pela passagem do ciclone Chido por Moçambique, que deixou mais de 70 mortos e pelo menos 600 feridos nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa, no norte do país. O ministro moçambicano da Indústria e Comércio, Silvino Moreno garantiu que o executivo está a trabalhar para providenciar ajuda às vítimas, garantindo que o governo conta com a solidariedade internacional. O distrito de Mecúfi, na província de Cabo Delgado, ponto de entrada deste ciclone em Moçambique, ficou irreconhecivel. Hélia Seda, gestora de projectos da ONG Helpo em Mecufi, diz que 100% da população do distrito ficou afectada e que ali falta tudo.No Malawi, as autoridades também dão conta de perto de duas dezenas de vítimas mortais devido à passagem do cilone Chido.Em Angola, o MPLA, partido no poder, reuniu até esta terça-feira o seu Congresso e, posteriormente, o Comité central, apostado no rejuvenescimento dos seus órgãos. Doravante o presidente do partido, e chefe de Estado cessante, João Lourenço, vai poder manter-se na liderança dessa força política.Angola registou também, esta semana, um novo caso de Mpox, na província do Uíge, no norte do país. Este é o primeiro caso fora da capital. As autoridades reforçaram, por isso, um plano de contingência junto à fronteira com a República Democrática do Congo.Na Guiné-Bisau, para o jurista e analista político guineense François Dias, não há dúvidas de que o fim do mandato presidencial de Umaro Sissoco Embalo é 27 de fevereiro próximo. Isto acontece numa altura em que o país vive uma crise política, que se aguzidou pelo facto do Presidente ter decidido dissolver o parlamento no passado mês de dezembro e formar um executivo de iniciativa presidencial.Recorde-se ainda que Umaro Sissoco Embaló decidiu adiar as legislativas que estavam marcadas para 24 de novembro. Entretanto, ainda não anunciou nova data, mas a oposição pede eleições presidenciais.
Images de désolation sur le site du quotidien mozambicain Noticias après le passage du cyclone Chido. Toits envolés, arbres déracinés, débris dispersés… Dernier bilan, pointe le journal : « au moins 34 morts, au moins 319 blessés et plus de 34 000 familles touchées. Compte tenu de la gravité du phénomène, des brigades de secours et des officiels se rendront ce mercredi dans les zones touchées par la catastrophe en vue d'évaluer les dégâts et d'apporter tout le soutien nécessaire à la population ».D'après le site de la télévision mozambicaine, TVM, « plus de 400 000 habitants du district d'Eráti, dans la province de Nampula, risquent de souffrir de la faim dans les prochains jours, en raison du passage du cyclone Chido, qui a détruit une partie des excédents agricoles. Alors que la zone est toujours dans l'obscurité, le gouvernement appelle à une surveillance accrue, car il est à craindre que la situation encourage l'entrée de terroristes, affirme TVM, compte tenu de la proximité de ce point avec la province de Cabo Delgado ». Cette province du nord du pays est en effet en proie à une insurrection djihadiste, le groupe Ansar Al-Sunna, affilié à l'État islamique.Appel à la solidarité internationaleLe site panafricain Afrik.com précise que les trois provinces les plus touchées sont « Cabo Delgado, donc, Nampula et Niassa. Les vents violents ont soufflé jusqu'à 260 km/h. (…) Face à l'ampleur de la catastrophe, les autorités mozambicaines ont lancé un appel à la solidarité internationale. Les besoins sont immenses : abris, nourriture, médicaments, eau potable… La communauté internationale est appelée à se mobiliser pour venir en aide aux populations sinistrées. »Afrik.com qui rappelle aussi « qu'avant de frapper le Mozambique, le cyclone Chido a ravagé l'archipel français de Mayotte. Les autorités redoutent un bilan humain très lourd, évoquant même la possibilité de “plusieurs centaines“, voire de “milliers“ de morts. Chido est le cyclone le plus intense qu'ait connu Mayotte depuis 90 ans ».Indifférence…Mais « contrairement à Mayotte, au centre de toutes les attentions des autorités et des médias français, le Mozambique, pratiquement personne n'en parle ». C'est du moins ce que relève Ledjely en Guinée. « Accueillie avec un certain fatalisme, la catastrophe est même reléguée au second plan par la crise post-électorale, qui a éclaté en octobre dernier avec la contestation de l'élection de Daniel Chapo par Venancio Mondlane. Même si ce dernier a annoncé une pause de quelques jours pour rendre hommage aux victimes de l'ouragan. Aucune communication non plus de la part des instances sous-régionales et panafricaines, déplore encore le site guinéen. Ce sont les organisations humanitaires, dont l'Unicef, qui se mobilisent pour attirer l'attention du monde sur ce qui s'y passe et sur les risques sanitaires qui pourraient en découler. Une indifférence qui n'est pas sans rappeler le manque de mobilisation de nos États face aux enjeux liés au changement climatique, s'agace Ledjely. En effet, alors que des catastrophes comme Chido aujourd'hui et Freddy, l'année dernière, nous rappellent l'urgence de la mobilisation, force est de constater que les États africains traînent les pieds face au changement climatique. Très souvent, c'est la société civile africaine qui est sur ce front ».Maillon faible…Le quotidien Aujourd'hui au Burkina Faso revient sur la situation à Mayotte. « Ce bout d'Afrique frappé par l'ouragan Chido, perdu au milieu de la mer, (…) où les inégalités et les retards de développement sont prégnants ! (…) Mayotte est le maillon faible de ces (lointains) territoires français, estime le quotidien ouagalais, et Chido n'a fait que mettre en exergue l'écart abyssal qui existe entre la vie à Mayotte et en France hexagonale ! (…) Excepté le passeport français de ces Mahorais, dont le tiers vient des Comores, qu'est-ce qui les distingue face à Chido à un bout d'Afrique ? Pas grand-chose, répond Aujourd'hui, et ce qui fait enrager les habitants de cette île, c'est qu'ils se rendent compte qu'ils sont bien Français, sur le papier, mais qu'ils n'ont en réalité rien à voir avec un Français de Paris, Nantes ou Bordeaux ! Chido s'ajoute aux malheurs d'un territoire encombrant pour la France métropolitaine, où les problèmes politiques se greffent à d'autres, économiques, liés au pouvoir d'achat, à la sécurité et à l'immigration ».
“Falta tudo em Mecúfi”, o ponto de entrada do ciclone Chido em Moçambique, onde o vento chegou a soprar 260 quilómetros por hora no domingo. Neste distrito da província de Cabo Delgado, falta água, alimentos, telhados, roupa, tudo, testemunha Hélia Seda, gestora de projectos da ONG Helpo em Moçambique. Este é o mais recente ciclone a fustigar um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas no mundo e vem juntar-se à violência que atinge o norte do país desde 2017 e à repressão dos protestos pós-eleitorais nos últimos dois meses. “Os moçambicanos estão de rastos e abandonados à própria sorte”, desabafa Hélia Seda. Até esta quarta-feira, 18 de Dezembro, o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres registava que 45 pessoas morreram na sequência da passagem do ciclone tropical Chido nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula, no norte de Moçambique. Pelo menos 493 pessoas ficaram feridas, uma está desaparecida e um total de 35.689 famílias foram afectadas, o correspondente a 181.554 pessoas.Porém, o número de vítimas mortais poderá ser bem superior, admite Hélia Seda, gestora do projecto da ONG Helpo de fortalecimento dos serviços de saúde e nutrição em Mecúfi e Ancuabe. A responsável contou à RFI que só em Mecúfi haveria, pelo menos, “50 mortos, incluindo crianças e mulheres em idade fértil”. É que Mecúfi parece ser o distrito mais afectado por ter sido o ponto de entrada do ciclone Chido em Moçambique. “Cem por cento da população de Mecúfi está afectada, em diferentes magnitudes, mas 100% está afectada”, precisa a responsável, sublinhando que no distrito vivem 76.000 pessoas.“Mecúfi foi o ponto de entrada do ciclone Chido para a província de Cabo Delgado. Principalmente as habitações mais precárias e construídas a partir de material local encontram-se 100% destruídas; as infra-estruturas governamentais e privadas construídas através de material convencional encontram-se completamente sem tecto, com excepção de duas escolas que têm cinco salas intactas e também uma escola que não está completamente destruída. Em Mecúfi neste momento falta tudo, mas as ajudas alimentares já começaram a chegar”, conta Hélia Seda, recordando que a Helpo já entregou kits de higiene e vai continuar a entregar ajuda de primeira necessidade.Hélia Seda explicou que “72 horas passam após Mecúfi ser atingido por este ciclone, os sítios que tinham sido mapeados para servirem de campos de acomodação encontram-se igualmente devastados”, o que leva a que “quase toda a população” continue nas suas zonas de origem, “expostas ao sol, ao frio” e, eventualmente, às chuvas porque as casas ficaram destruídas e sem tecto.É urgente que as pessoas possam estar abrigadas, reconhece Carlos Almeida, coordenador da Helpo em Moçambique, sublinhando que em Mecúfi, por exemplo, “as casas das pessoas foram praticamente varridas na totalidade” e que em Metuge e Ancuabe a situação também é grave. Por isso, uma das prioridades é conseguirem toldos para proteger as pessoas, mas “a prioridade das prioridades” é distribuir alimentos, algo que a ONG começou a fazer esta quarta-feira.A organização não-governamental para o desenvolvimento, presente em Moçambique desde 2008, lançou uma campanha de recolha de fundos, intitulada "Iniciativa Emergência Ciclone Chido", para ajudar imediatamente as pessoas e que está acessível na sua página e nas suas redes sociais.Outra preocupação é o surgimento de surtos de cólera. “Há sempre surtos de cólera em Moçambique nestas situações pós-ciclone. Aconteceu isso no ciclone Idai e aconteceu no ciclone Kenneth. As pessoas não têm acesso a água potável, não conseguem beber água em condições, não conseguem manter a higiene e a cólera pode aparecer. Ao mesmo tempo, as infraestruturas de saúde, pelo facto de também estarem destruídas, umas totalmente outras parcialmente, faz com que os cuidados de saúde não sejam dignos para estas pessoas. Por isso temos aqui um efeito de bola de neve em que todos estes problemas vão-se acumulando e vai ser um Dezembro muito complicado para as populações de Cabo Delgado e do norte da província de Nampula, que também foi muito afectada. Niassa também sofreu alguma coisa, mas por ser muito no interior, a passagem do ciclone Chido teve um efeito menos devastador”, explica Carlos Almeida.O ciclone é mais um episódio que põe à prova a resiliência dos moçambicanos que, no norte do país, sofrem os ataques de uma insurgência armada desde 2017 e, nos últimos dois meses, enfrentam, por todo o país, a repressão policial aos protestos pós-eleitorais, em que morreram, pelo menos 130 pessoas. “Os moçambicanos estão de rastos e abandonados à própria sorte”, desabafa Hélia Seda.“São catástrofes, são situações políticas, é a própria instabilidade da própria província, são situações climáticas e tudo isso influencia directamente a vida dos moçambicanos. Todos somos chamados a intervir para que aliviemos a situação da população no geral”, comenta a responsável.De facto, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) reconheceu que o ciclone Chido agravou as necessidades das populações no norte de Moçambique, deslocadas pelo terrorismo, e que 190 mil pessoas precisam de “apoio urgente”. No fundo, Cabo Delgado enfrenta “um triplo problema”, acrescenta Carlos Almeida: o ciclone, o terrorismo e o “conturbado período pós-eleitoral”. A tudo isto soma-se um quarto factor que pode levar a que Moçambique seja esquecido nas turbulências mundiais actuais: a diminuição da ajuda internacional.“Com todos estes ingredientes, com o facto de as agências das Nações Unidas estarem a receber menos financiamento para este problema em Moçambique, é que esta crise de terrorismo e dos deslocados pode vir a ser uma crise esquecida porque constantemente a demanda de problemas no resto do mundo, como a questão da Ucrânia, a questão do Médio Oriente, da Palestina e agora da Síria, são tudo problemas que tiram o foco o financiamento das agências das Nações Unidas e também das organizações não governamentais, como é o caso da Helpo, que é uma organização não governamental internacional. No entanto, por estarmos a trabalhar em Moçambique desde 2008, temos já uma implementação local, mas também nos deparamos com esta questão dos fundos que são sempre menores do que as necessidades”, explica.De acordo com as autoridades moçambicanas, a passagem do ciclone Chido causou ainda a destruição total e parcial de 36.207 casas, afectando também 48 unidades hospitalares, 13 casas de culto, 186 postes de energia, 9 sistemas de água e 171 embarcações. O ciclone tropical, que devastou o arquipélago francês Mayotte, entrou no domingo pelo distrito de Mecúfi, na província de Cabo Delgado, com ventos que rondaram os 260 quilómetros por hora.
Images de désolation sur le site du quotidien mozambicain Noticias après le passage du cyclone Chido. Toits envolés, arbres déracinés, débris dispersés… Dernier bilan, pointe le journal : « au moins 34 morts, au moins 319 blessés et plus de 34 000 familles touchées. Compte tenu de la gravité du phénomène, des brigades de secours et des officiels se rendront ce mercredi dans les zones touchées par la catastrophe en vue d'évaluer les dégâts et d'apporter tout le soutien nécessaire à la population ».D'après le site de la télévision mozambicaine, TVM, « plus de 400 000 habitants du district d'Eráti, dans la province de Nampula, risquent de souffrir de la faim dans les prochains jours, en raison du passage du cyclone Chido, qui a détruit une partie des excédents agricoles. Alors que la zone est toujours dans l'obscurité, le gouvernement appelle à une surveillance accrue, car il est à craindre que la situation encourage l'entrée de terroristes, affirme TVM, compte tenu de la proximité de ce point avec la province de Cabo Delgado ». Cette province du nord du pays est en effet en proie à une insurrection djihadiste, le groupe Ansar Al-Sunna, affilié à l'État islamique.Appel à la solidarité internationaleLe site panafricain Afrik.com précise que les trois provinces les plus touchées sont « Cabo Delgado, donc, Nampula et Niassa. Les vents violents ont soufflé jusqu'à 260 km/h. (…) Face à l'ampleur de la catastrophe, les autorités mozambicaines ont lancé un appel à la solidarité internationale. Les besoins sont immenses : abris, nourriture, médicaments, eau potable… La communauté internationale est appelée à se mobiliser pour venir en aide aux populations sinistrées. »Afrik.com qui rappelle aussi « qu'avant de frapper le Mozambique, le cyclone Chido a ravagé l'archipel français de Mayotte. Les autorités redoutent un bilan humain très lourd, évoquant même la possibilité de “plusieurs centaines“, voire de “milliers“ de morts. Chido est le cyclone le plus intense qu'ait connu Mayotte depuis 90 ans ».Indifférence…Mais « contrairement à Mayotte, au centre de toutes les attentions des autorités et des médias français, le Mozambique, pratiquement personne n'en parle ». C'est du moins ce que relève Ledjely en Guinée. « Accueillie avec un certain fatalisme, la catastrophe est même reléguée au second plan par la crise post-électorale, qui a éclaté en octobre dernier avec la contestation de l'élection de Daniel Chapo par Venancio Mondlane. Même si ce dernier a annoncé une pause de quelques jours pour rendre hommage aux victimes de l'ouragan. Aucune communication non plus de la part des instances sous-régionales et panafricaines, déplore encore le site guinéen. Ce sont les organisations humanitaires, dont l'Unicef, qui se mobilisent pour attirer l'attention du monde sur ce qui s'y passe et sur les risques sanitaires qui pourraient en découler. Une indifférence qui n'est pas sans rappeler le manque de mobilisation de nos États face aux enjeux liés au changement climatique, s'agace Ledjely. En effet, alors que des catastrophes comme Chido aujourd'hui et Freddy, l'année dernière, nous rappellent l'urgence de la mobilisation, force est de constater que les États africains traînent les pieds face au changement climatique. Très souvent, c'est la société civile africaine qui est sur ce front ».Maillon faible…Le quotidien Aujourd'hui au Burkina Faso revient sur la situation à Mayotte. « Ce bout d'Afrique frappé par l'ouragan Chido, perdu au milieu de la mer, (…) où les inégalités et les retards de développement sont prégnants ! (…) Mayotte est le maillon faible de ces (lointains) territoires français, estime le quotidien ouagalais, et Chido n'a fait que mettre en exergue l'écart abyssal qui existe entre la vie à Mayotte et en France hexagonale ! (…) Excepté le passeport français de ces Mahorais, dont le tiers vient des Comores, qu'est-ce qui les distingue face à Chido à un bout d'Afrique ? Pas grand-chose, répond Aujourd'hui, et ce qui fait enrager les habitants de cette île, c'est qu'ils se rendent compte qu'ils sont bien Français, sur le papier, mais qu'ils n'ont en réalité rien à voir avec un Français de Paris, Nantes ou Bordeaux ! Chido s'ajoute aux malheurs d'un territoire encombrant pour la France métropolitaine, où les problèmes politiques se greffent à d'autres, économiques, liés au pouvoir d'achat, à la sécurité et à l'immigration ».
Moçambique é um dos países mais gravemente afectado pelas alterações climáticas no mundo, o primeiro em África. Neste momento, o país faz contas às vítimas e aos danos provocados pela passagem do ciclone tropical intenso Chido,que entrou no domingo passado, pelo distrito de Mecúfi “com ventos que rondaram os 260 quilómetros por hora” e chuvas fortes. Neste magazine ciência olhamos para a resposta das autoridades na reposição do abastecimento de água e saneamento em situação de emergência. Moçambique é um dos países mais gravemente afectado pelas alterações climáticas no mundo, o primeiro em África. Ciclicamente, o país enfrenta cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre os meses de Outubro e Abril.Neste momento, Moçambique faz as contas às vítimas e aos danos provocados pela passagem do ciclone tropical intenso Chido, de escala 3 (1 a 5), que se formou a 05 de Dezembro no sudoeste do oceano Indício, entrou no domingo passado, 15 de Dezembro, pelo distrito de Mecúfi, na província de Cabo Delgado, no norte do país, “com ventos que rondaram os 260 quilómetros por hora” e chuvas fortes.Na semana passada, na antevisão do Chido, as autoridades moçambicanas tinham admitido que cerca de 2,5 milhões de pessoas poderiam ser afectadas pelo ciclone nas províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa, no norte, e na Zambézia e Tete, no centro.Em Moçambique, o período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória: oficialmente 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.Já na primeira metade de 2023, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afectaram mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula. Os dados são das autoridades moçambicanas.Precisamente sobre a resposta dada pelas autoridades moçambicanas, em situação de emergência, no abastecimento de água e saneamento, Moçambique levou a cabo uma sessão de esclarecimento, na COP 29, que decorreu de 11 a 22 de Novembro em Baku, no Azerbaijão. Alcino Nhacume, chefe do departamento de Estudos de Projectos da Direcção Nacional de Água e Saneamento do Ministério das Obras Públicas, de Habitação e Recursos Hídricos de Moçambique, explicou a resposta que foi dada pelo país, a nível de abastecimento de água e saneamento, após a passagem do ciclone Freddy. Foi activado o contingente de resposta de emergência inserido nos projectos financiados pelo Banco Mundial. Era necessário responder rapidamente às necessidades, não no sentido de reabilitação, mas de reposição daquilo que foi danificado pelo ciclone.Reposição porque havia a necessidade de colocar novamente à disposição das populações afectadas infraestruturas de abastecimento de água e saneamento, por forma a que não se criassem outros efeitos secundários, como doenças de origem hídricas e outros problemas de saúde pública.
Dados preliminares indicam que 15 pessoas morreram, 20 mil famílias foram afetadas e cerca de 6 mil casas ficaram parcialmente destruídas nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula; ONU está no terreno apoiando a resposta, incluindo a avaliação das necessidades e a distribuição de bens essenciais.
Nova iniciativa é implementada na área onde mais de metade das meninas entre os 15 e 19 anos engravida ou já tem um filho; área registra uma média aproximada de sete filhos por mulher.
Jornal da ONU com Ana Paula Loureiro. Estes são os destaques do dia 06 de dezembro de 2024.Crise na Síria aponta para aumento de casos de deslocamentos e fomeAngola elogia parceria com ONU para alcançar acordo de paz nos Grandes LagosUnfpa apoia esforços para baixar mortes maternas na província moçambicana do Niassa
Em Moçambique, a situação política continua incerta depois do anúncio na passada quinta-feira dos resultados das eleições gerais de 9 de Outubro, em que Daniel Chapo, candidato presidencial da Frelimo no poder foi dado como vencedor com um pouco mais de 70% dos votos, contra cerca de 20% para Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido extraparlamentar Podemos. Estes resultados foram rejeitados pela oposição que prometeu contestar junto dos órgãos competentes. Ontem, domingo, o Podemos apresentou um recurso junto do Conselho Constitucional, instância judicial que tem a última palavra sobre os resultados eleitorais. Afirmando basear-se em 70% das actas e editais originais, o partido que apoia Venâncio Mondlane diz que ele venceu as presidenciais com um pouco mais de 53% dos votos e que as suas estruturas obtiveram 138 mandatos nas legislativas, contra 91 para a Frelimo.Neste sentido, esta formação reclama uma nova contagem dos votos, à semelhança de outras entidades, nomeadamente o CIP, Centro de Integridade Pública, que no seu mais recente boletim -publicado ontem- diz ter identificado pelo menos 170 mil votos falsos a favor da Frelimo e do seu candidato Daniel Chapo.Paralelamente, apesar de uma relativa acalmia, depois das violências ocorridas durante os dois dias de protestos, quinta e sexta-feira, ONGs tendo contabilizado 11 mortos e cerca de 500 detenções, o fim-de-semana não deixou de ser marcado pelo baleamento de 6 a 7 simpatizantes do Podemos no sábado, no distrito de Mecanhelas, na província do Niassa, no extremo noroeste do país, à margem da comemoração da vitória da Frelimo pelos seus apoiantes.A ocorrência foi noticiada nomeadamente pelo Centro de Integridade Pública, cujo editor Lázaro Mabunda, falou com a RFI sobre as possíveis evoluções políticas dos próximos dias, nomeadamente com a abertura para o diálogo expressada pela Frelimo, o activista começando todavia por referir-se ao que sucedeu em Niassa.RFI: Este fim-de-semana foi marcado, designadamente pelo baleamento de seis a sete militantes do Podemos, um baleamento de que o CIP teve conhecimento e detalhou no seu boletim.Lázaro Mabunda: O que aconteceu é que em todos os distritos, o partido (Frelimo) organizou-se e saiu à rua para celebrar a sua vitória. E em Mecanhelas aconteceu a mesma coisa. Estaria lá, nessas celebrações de cabeça-de-lista para a Assembleia provincial que vai automaticamente ser governadora da província de Niassa. Aconteceu que o Podemos também tinha uma marcha marcada. A marcha do Partido Podemos coincidiu com a concentração da Frelimo para a celebração da sua vitória, e a Frelimo estava concentrada no seu comité distrital. A trajectória da marcha do Podemos passava justamente em frente do Comité Distrital do partido Frelimo. O que acontece é que esses militantes do Podemos traziam pneus, traziam paus, traziam pedras e quando chegaram ali, onde estava o partido Frelimo, queimaram pneus, fizeram fogo ali com os paus que tinham e consta que ali começou-se a atirar algumas pedras. A polícia fez um cordão para proteger os elementos da Frelimo que estavam concentrados. Depois de um tempo, a polícia, para dispersar os membros do partido, começou a disparar para o ar, mas foi uma sequência de tiros disparados mais ou menos um ou dois minutos seguidos. Os membros do Podemos começaram a fugir. A polícia começou a persegui-los. Nesses disparos, a polícia usou balas verdadeiras e atingiu os simpatizantes do Podemos, dois dos quais, segundo a informação que tive, foram evacuados para a cidade de Cuamba, que é a segunda cidade mais importante de Niassa. Parece que pela gravidade, foram transferidos para Nampula.RFI: Consta que durante estes incidentes, também houve jornalistas que estavam a cobrir estes acontecimentos, que viram os seus telefones celulares a serem confiscados.Lázaro Mabunda: Sim, foram confiscados os seus telemóveis e foram ameaçados durante a confiscação dos telemóveis, porque um dos jornalistas estava a recusar-se a entregar o seu telemóvel. O responsável dos Serviços Secretos do Estado ameaçou o jornalista de espancamento. Ele disse claramente 'Se tu não me entregas o telemóvel, vou-lhe dar porrada'. Eles acabaram a entregar os telemóveis, foram levados para o gabinete do director da polícia local. Esteve lá também o representante dos serviços secretos, com o comandante da polícia. Ouviram os jornalistas, obrigaram-nos a apagar as imagens, mas eles recusaram-se. Acabaram cedendo. Devolveram-lhes os telemóveis sem terem apagado as imagens.RFI: Tudo isto ocorre depois do anúncio dos resultados oficiais pela Comissão Nacional de Eleições. Falta ainda a validação ou não do Conselho Constitucional. O CIP, juntamente com outras entidades, emitiu um comunicado pedindo que a CNE publique os editais e faça o necessário para que de facto se esclareça o que aconteceu durante estas eleições, se houve de facto ou não fraude e que o Conselho Constitucional também analise seriamente as contestações que chegaram aos seus gabinetes.Lázaro Mabunda: O que o CIP fez juntamente com outras organizações foi mesmo pedir que o Conselho Constitucional analise devidamente esses processos, porque o processo eleitoral foi bastante fraudulento. A Comissão Nacional de Eleições fez o seu trabalho altamente político, que não foi transparente. Todos os observadores foram claros nisso. Nós já dissemos por várias vezes que foi o processo mais fraudulento da história de Moçambique. A única coisa que a gente fez foi mesmo apelar para que haja, primeiro, se for necessário, uma auditoria ao processo pelo Conselho Constitucional, que actue dentro daquilo que são as suas atribuições, mas olhando a questão da transparência, como também o interesse nacional. A paz acima de tudo. Porque se o processo já começou a ser violento, nós não estamos a imaginar o que será depois da validação dos resultados pelo Conselho Constitucional. Então o Conselho Constitucional tem todos os elementos para decidir pela revogação do processo eleitoral ou a anulação do processo eleitoral. Nós estamos a apelar para que faça esse trabalho, consciente das suas atribuições, da sua responsabilidade pelo país todo, porque está em causa aqui a estabilidade. A estabilidade do país. Estamos a falar de mais ou menos dez mortos e tantos feridos e provavelmente este número não vai parar por aqui. As manifestações vão continuar. O candidato do Podemos já anunciou que vão ser 25 dias de manifestações e nesses 25 dias haverá muita morte, muitas pessoas feridas e o país está praticamente parado. Os comerciantes ou os empresários, neste momento, estão a acumular prejuízos. Só na manifestação do dia 21, o CTA (Sindicato do patronato) falou de milhões de dólares perdidos num dia. Então estamos a imaginar nos dias 25 e 26, quantos milhões foram perdidos e quantos milhões serão perdidos ainda mais, para além de vidas humanas. Então é o país todo que está parado, é a economia do país que está parada. Então tudo isso tem que entrar na equação do processo de tomada de decisão por parte do Conselho Constitucional. Portanto, o Conselho Constitucional, mesmo nas eleições autárquicas do ano passado, tinha todos os elementos para invalidar o processo eleitoral. Mas o Conselho Constitucional é um tribunal político e é controlado fortemente pelo partido Frelimo, tal como a Comissão Nacional de Eleições, os polícias militares, todos. Então, se eles não olharem para esses elementos, é o país que está a atrasar, está a tornar-se mais violento. As mortes desnecessárias vão aumentar. RFI: Evocou precisamente o apelo à manifestação de Venâncio Mondlane. Venâncio Mondlane apelou também à união da oposição. A Renamo parece estar inclinada em, de facto, unir os seus esforços juntamente com Venâncio Mondlane. Julga que isto pode fazer com que alastre ainda mais o movimento de revolta?Lázaro Mabunda: É possível, sim, e há todas as condições. Aliás, a informação que eu tenho é que essas negociações já vêm acontecendo antes da eclosão das manifestações. Refiro-me às negociações entre a Renamo e o Podemos de Venâncio Mondlane. Não sei os termos da negociação, mas provavelmente o próprio Venâncio tenha percebido que a Renamo é uma excelente plataforma para este conflito, empurrar os órgãos eleitorais, ou então o governo ou o partido Frelimo a aceitar uma negociação ou alguma coisa nesse sentido. Aliás, a própria Frelimo, pela primeira vez, disse que está aberta a negociações. Mas porquê a Renamo? Porque a Renamo, neste momento, olhando para o cenário político nacional, há todas as condições para eclodir um conflito armado em Moçambique e para isso a Renamo é a melhor plataforma, porque neste momento duvido que as manifestações nas cidades possam resultar efectivamente. Haverá muito derramamento de sangue até que haja esses resultados, porque o que estamos a notar é que há uma inflexibilidade gritante do partido Frelimo, sobretudo porque têm os militares e a polícia ao seu lado. Então usa esses órgãos de repressão para balear mortalmente. Há ordens para balear mesmo mortalmente. Então esses baleamentos vão enfurecendo cada vez mais as famílias. Mas também à medida que o tempo passa, as pessoas ficam sem o que comer, têm medo de ir ao mercado e depois que saquem os seus bens. Isto vai fazer com que haja pressão não só para a Frelimo, mas também para o próprio Venâncio Mondlane. Então, a união com a Renamo pode ser uma estratégia bem útil, porque se for, por exemplo, a ver um dos elementos do Podemos que foi baleado no dedo, ele foi confrontar um agente dos serviços secretos. Ele foi dizer 'Olha, eu sei que vocês têm um plano para me assassinar, mas nós também vamos usar azagaias. Vamos usar tudo o que é instrumento, porque sabemos onde é que vocês vivem. Vocês têm casa nas nossas zonas. Mate a mim, mas também nós estamos dispostos a lutar, a enfrentar-vos.' E lá naquelas zonas de Mecanhelas tem muitos elementos da Renamo e em toda aquela zona do Niassa. Então, este ambiente de repressão pode empurrar grande parte desses moçambicanos para voltar para o mato. Basta ter alguém que lhes dê armas. Basta haver alguém que diga 'olha, vamos distribuir as armas para tudo iniciar'. E outro elemento importante analisar é o seguinte: é que nalgumas zonas, houve tentativa de assalto a esquadras. Significa que a própria polícia está ciente de que as esquadras são lugares preferenciais de ataque e poderão ser no futuro, porque este nível de repressão, este nível de manipulação eleitoral, enfurece muita gente e há muita gente que já não tem nada para perder. Não tem nada para perder, porque grande parte dessas pessoas são pessoas pobres. Só consegue emprego aqui quem é membro do partido Frelimo. E mesmo esses membros do partido Frelimo, agora já nem são todos que conseguem porque o Estado já não consegue albergar toda a gente. Então o que está a acontecer é que há muito desemprego, há muita frustração, há muitos problemas e as pessoas estão dispostas mesmo a recorrer à força, à violência para confrontar a Frelimo ou tirar a Frelimo do poder. Então, esta predisposição para recorrer à violência pode fazer com que a Renamo seja um actor bastante importante, porque eu tenho a máxima certeza que provavelmente, se isto tivesse acontecido com a Renamo e todos aqueles elementos da Renamo que estão no mato, desmobilizados que não estão a receber absolutamente nada, alguns foram desmobilizados, mas o que eles recebem nem chega a 30 Euros. É uma ninharia para alguém que lutou, sacrificou a sua vida e, depois, tem filhos que não estão a fazer nada, estão desempregados, não conseguem se alimentar. Então este sofrimento todo faz com que estejam predispostos a pegar em armas e lutar. A Renamo já disse que está disposta a contestar os resultados. Agora resta saber se haverá possibilidade de um reencontro, uma reconciliação entre o Ossufo Momade (líder da Renamo) e o próprio Venâncio Mondlane.RFI: Relativamente à mão estendida da Frelimo, este partido disse que está disposto a conversar com Venâncio Mondlane. Venâncio Mondlane, por seu turno, fala em governo de união nacional. Julga que há alguma hipótese de se chegar a um consenso?Lázaro Mabunda: Pode ser. Mas o que não se sabe é se essas hipóteses são operacionalizáveis. O que Venâncio disse, os bispos católicos já tinham avançado como proposta. Eles recomendam que se constitua um governo de unidade nacional, que seria uma espécie de governo de transição, porque o país, neste momento chegou ao extremo que precisa de um processo de pacificação, de reiniciar todos os processos, mudança de instituições, mudança de comportamento das instituições, porque essas instituições são instituições que, durante 32 anos de democracia, não foram capazes de se democratizar por dentro. Foram instituições que continuam a reproduzir práticas de monopartidarismo. Essas instituições não mudaram o seu comportamento. Então, o que está a ser proposto aqui? Um governo de unidade nacional que vai trabalhar durante cinco anos poderá ser muito útil no sentido de construir novas instituições que não sejam partidárias e deixem de ser instituições ao serviço de um determinado partido. Então esta que é a ideia da criação de unidade nacional que começou com os bispos católicos. Depois o Venâncio reforçou esta ideia.
Em Moçambique, a Reserva Especial do Niassa é a maior área protegida do país. Conta com cerca de 42 000 km quadrados e a maior população de elefantes do país (cerca de 4 500), mas também leões e leopardos. A 17 de Outubro celebraram-se os 70 anos da Reserva, as comemorações contaram com a presença do chefe de estado moçambicano Filip Nyusi que protagonizou um dos gestos primordiais para a conservação dos chamados "Big Five", elefantes, búfalas, leões, leopardos e rinocerontes, através da colocação de coleiras nestes animais. Veremos, entre outros, porque é que este gesto, em aparência tão simples, é tão essencial para, nomeadamente, lutar contra a caça ilegal ou minimizar os conflitos entre homens e animais. A colocação dos colares é essencial para a preservação das especies faunísticas. Em entrevista à RFI, Afonso Madope, director da Wildlife Conservation Society Moçambique (WCS), a ONG que gere, com outros actores, a Reserva, lembrou a importância do gesto protagonizado pelo chefe de Estado Filip Nyusi durante a celebração dos 70 anos da Reserva. "Tem sido muito útil" a colocação dos colares, refere Afonso Matope, porque a monitorização dos animais assim tornada possível "ajuda de forma substancial a fazer o controlo de migração do animal ou da espécie, mas também ajuda a prevenir qualquer conflito entre homens e fauna".Quando os animais começam a migrar ou que uma manada se aproxima das aldeias e das áreas de agricultura das populações locais é despachada uma unidade de fiscais, treinados, capacitados, e baseados na Reserva do Niassa, por decisão do governo, que participa na gestão deste espaço.A luta contra a caça furtiva também tem se torna mais eficaz com a colocação destes colares. A aplicação destes colares permite uma melhor fiscalização da caça ilegal. Como explica Afonso Matope, os dados estão agregados numa plataforma universalmente utilizada, que recebe os sinais de migração dos animais e torna-se possível monitorá-lo.Na Reserva do Niassa observa-se um crescimento dos animais, a exemplo dos elefantes, na ordem dos 107%, graças, nomeadamente, à luta contra a caça furtiva. Para tal, a Reserva do Niassa conta com o apoio do exército moçambicano, através da disponibilização pelo governo de uma unidade da intervenção rápida.Por fim, outro factor resultante no aumento da população de elefantes prende-se com uma conjuntura internacional. "O crime de caça furtiva de espécies icónicas como o elefante, o leão, o rinoceronte e o pangolim não é determinado pela abundância ou raridade do animal dentro do território naiconal, mas sim pela demanda do mercado internacional. Então, quando há uma grande procura no mercado internacional, aumenta a caça furtiva e nos últimos tempos tem-se registado uma redução da demanda", analisa o director da WCS Moçambique. Para ouvir ainda a forma como homens e animais partilham o mesmo espaço de vida, na Reserva do Niassa, outros desafios que pesam sobre a protecção da biodiversidade e os mecanismos imaginados pelos gestoers desta área protegida, ouça a entrevista completa aqui:
O Presidente angolano esteve esta segunda-feira, 12 de Agosto, em Kinshasa, no quadro da mediação de paz e segurança na República Democrática do Congo. O investigador angolano do Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa, Eugénio Costa Almeida, acredita que o cessar-fogo está a ser respeitado pelo M 23 e que o Presidente João Lourenço se quer apresentar como "um paladino que conseguiu aquilo que outros não conseguiram". Na capital congolesa, o Presidente João Lourenço manteve um encontro com o Presidente Félix Tshisekedi. Na véspera, domingo, João Lourenço tinha estado no Ruanda, a assistir à investidura de Paul Kagame para um novo mandato de cinco anos e esteve reunido com o Presidente do Ruanda.RFI: Como é que explicam estes encontros entre João Lourenço, Félix Tshisekedi e Paul Kagame. Esta é uma forma de Angola garantir que o cessar-fogo seja respeitado?Eugénio Costa Almeida: Isto é quase como uma prenda de tomada de posse de Kagame, que João Lourenço teve a fazer, embora os interesses africanos nem sempre se sobreponham aos interesses particulares. João Lourenço está incumbido pela União Africana como mediador do conflito nos Grandes Lagos. E é isso que ele tem estado a fazer, procurar que a situação se dilua em termos de conflitualidade, se certa foram é o seguimento do acordo que entrou em vigor em 4 de Agosto e que parece estar a ser cumprido pelas partes. Parece; inclusivamente; estar a ser cumprido pelo M23 e portanto essa situação faz-nos crer que, provavelmente, talvez as coisas se encaminham. Embora, pessoalmente, tenha muitas e legítimas dúvidas.Essas dúvidas têm sido levantadas desde 4 de Agosto, o dia em que no Congo Democrático vive desde o dia 4 de Agosto um ambiente de cessação de hostilidades, na tensa região do Leste. O acordo foi assinado, em Luanda, entre as delegações ministeriais do Ruanda e da RDC, sob a mediação angolana. Nas negociações não fez parte o grupo rebelde M23, isso pode comprometer o cessar-fogo?Em princípio, e tendo em conta o M23, disse logo que não iria aceitar o acordo porque não foi tido nem achado e pela intensidade de combates que eles fizeram 24 horas antes do acordo entrar em vigor, tendo ocupado inclusivamente cinco localidades, fazia-se temer que era mais um acordo de papel. Todavia, como alguns analistas fizeram referência e de certa forma elementos da ONU, se o M23 cumprir o acordo era a prova inequívoca que estava está a ser patrocinado pelo Ruanda. Portanto, as conspirações e especulações deixo para terceiros, mas costuma-se dizer que não há fumo sem fogo e que as situações parecem indicar nesse sentido, ao que parece. Apesar de tudo, se no ponto de vista militar o conflito parece que entrou na calmaria e o acordo está a ser aceite, internamente na RDC as situações políticas não são as mais saudáveis. Como se sabe, o próprio Tshisekedi acusou, ainda no final da semana passada, Kabila de estar coordenado com Kagame.Esta segunda-feira, a ministra dos Negócios Estrangeiros congolesa disse que Felix Tshisekedi "reiterou a total disponibilidade do governo congolês em participar nas próximas etapas do processo de Luanda, sob os auspícios do mediador João Lourenço". O mesmo tem de acontecer do lado do Ruanda?O próprio Tete António, o ministro das Relações Exteriores de Angola, esteve em conversações com a RDC e com a sua homóloga, Thérèse Kayikwamba, e tudo indica que estão disponíveis. Portanto, o próximo passo que vai ser definido entre as partes ministeriais. Provavelmente, se ele ontem estive a falar com a ministra da RDC, é possível que hoje fale com o seu homólogo de Kigali. Não temos esse conhecimento. É tudo natural e é previsível que isso aconteça, até para definirem calendários.A RDC acusa o Ruanda de apoiar o movimento rebelde M23, para se apoderar dos recursos minerais do Leste do país, enquanto o grupo armado alega estar a defender uma parte ameaçada da população tutsi que vive na província do Kivu do Norte. O que está na origem desta conflito ?O M23 é um movimento rebelde constituído por antigos militares das Forças Armadas da RDC, que se rebeliaram por não estarem a ser cumpridos acordos de 2009. Pararam e depois reacenderam-se em 2021, precisamente na altura em que também recrudesceram os conflitos com o Ruanda. Agora, o M23 defende interesses próprios; são as áreas onde há minério e, recentemente, um relatório da ONU deu a entender que estão a ser canalizados através do Ruanda, oficialmente ou não isso é outra questão. E como há no exterior, em particular o Ocidente, que é o mais interessado nesses produtos, fecham-se os olhos, como a muitas empresas que fecham os olhos relativamente às sanções com a Rússia.Há um facto que deve ser importante e que historicamente as pessoas talvez se esqueçam é que o M23 está numa área onde desde sempre, ainda tempo Leopoldo, ocorreram conflitos entre forças militarizadas de Leopoldo e depois do reino da Bélgica e os povos locais. Esses conflitos nunca foram reconhecidos. Até que ponto o M23 não se está a aproveitar desse facto etno-histórico, isso não me surpreenderia nada.Em que medida, o Uganda também participa neste conflito?Neste momento do Uganda é mais uma questão de sobrevivência face a Paul Kagame. Muita gente olha para Paul Kagame como um grande líder e eu diria que ele é um ditador iluminado e tem uma forças armadas muito bem estruturadas e que estão distribuídas por várias partes da África, como forças de intervenção, com forças de interposição, como forças de apoio à paz ou mesmo, como já disse no caso Moçambique, que reforçou recentemente a presença das forças em Moçambique, em particular Cabo Delgado, mas também Niassa, embora com menos intensidade, pelo facto de - não se pode esquecer - que o Estado Islâmico da África Ocidental está a recrudescer as suas actividades na área. Ainda no sábado fizeram um ataque no nordeste da RDC, o Uganda já teve alguns problemas com isso. Todas essas situações fazem com que Uganda tenha que tenha algum medo de uma eventual subserviência de uma força armada forte, como é o caso de Ruanda. Tendo em conta que o RDC é um mosaico extraordinariamente partido de conflitos, conflitualidades internas é conveniente estar melhor que o meu vizinho, que está mais bem estruturado do que o outro, que apesar de ser um grande jacaré, continua adormecido e não há perspectivas de haver um acordar que me possa temer.Daí que o Uganda esteja nessa situação de já esteve em plena conflitualidade. Basta ver que houve um protocolo no ano de 2019 em que juntaram-se as três partes: RDC, Uganda e Ruanda. A situação estabilizou, agora o Uganda está, não diremos em conflito aberto, mas numa situação de limbo em que está mais próximo do Ruanda do que propriamente da RDC e em caso de conflito, é capaz de apoiar a RDC. O que nós não esperamos que não venha a acontecer e que efectivamente os acordos de paz que João Lourenço está a tentar patrocinar sejam os definitivos, o que honestamente, tenho dúvidas.João Lourenço quer deixar uma herança neste segundo mandato?Se internamente, dentro do país, a imagem do Presidente João Lourenço não parece estar a ser muito boa, ou pelo menos alguma conflitualidade social, interna. Externamente, ele quer se apresentar como um paladino que conseguiu aquilo que outros não conseguiram há muitos anos e também preciso dizer uma coisa: se o meu vizinho estiver bem, eu também estou bem e RDC é um vizinho muito grande que ocupam um muro em vários milhares de quilómetros e a nós convém-nos que o nosso vizinho esteja calmo, que seja mais estável para impedir que a conflitualidade desça até ao nosso território, neste caso até o nosso quintal e aos quintais dos outros.Um dos factores que também penso que pode ajudar a estabilizar e levar à paz, será este ataque, que não foi tão pequeno como, este recente ataque do Estado Islâmico na África Ocidental, porque isso vai fazer com que as partes acabem por se ter reunido para combater uma possível invasão ou uma descida dos islamitas radicais para o sul, ainda que, sabemos, já estejam há muito a operar em territórios muito baixo, nomeadamente, como em Cabo Delgado, a linha férrea de africanos são óptimas passagens de radicalismos e de armas.
Moçambique: RENAMO denuncia que é preciso ter "padrinho" para conseguir ser recenseado. Niassa combate aumento da conjuntivite hemorrágica perto da fronteira com o vizinho Malawi. Médio Oriente: Líderes mundiais desdobram-se em contactos para evitar um conflito armado entre Irão e Israel. Leverkusen tenta a invencibilidade com o título da Bundesliga à vista.
Estará a FRELIMO a ter dificuldades para encontrar candidatos às presidenciais deste ano? No Niassa há suspeitas de venda de cartões de eleitores. Sindicatos angolanos denunciam intimidações.
Biden e Trump podem disputar as eleições presidenciais nos Estados Unidos de América. Macron apela Ocidente para deixar de ser cobarde no apoio à Ucrânia. Especialista diz que se João Lourenço avançar para um terceiro mandato presidencial, sem revisão constitucional, estaria a violar a carta magna de Angola. Moçambique: governo do Niassa está a apertar o cerco ao contrabando e pilhagem de ouro.
We're back with another of Abbie & Kelsey's favorites – it's random reading time! Abbie continues our journey into the Ivanverse with the worst Ivan yet in What Happened To Ivan by Ruth Manning-Sanders, and Kelsey reads a fun dog-saves-the-day story with RMS's Niassa and the Ogre.
Tribunal Internacional de Justiça reconhece risco de genocídio na Faixa de Gaza. Ideia de que "ilhas cabo-verdianas não são africanas" é "discutível", diz analista. Aumentam casos de violência doméstica na província do Niassa.
Mudanças estruturais no Governo angolano são positivas, mas problema mantém-se, diz analista. Futuros terminais rodoviários no Niassa geram expetativas na população. Shell anuncia abandono de operações em terra na Nigéria.
Sociedade civil angolana ficou de boca aberta com a afirmação de João Lourenço: "Há liberdade de imprensa em Angola." Em Moçambique, Niassa continua a ser palco de desflorestação ilegal. No CAN 2023, Angola empatou ontem à noite frente à Argélia. E no futebol internacional, a FIFA surpreendeu tudo e todos ao anunciar o melhor jogador do mundo.
Passados 50 anos da independência da Guiné-Bissau, sonhos e conquistas dos que libertaram o país estão a desaparecer. Província do Niassa pretende produzir e fornecer trigo ao mercado moçambicano até novembro de 2024. Madagáscar elege próximo Presidente, em eleições boicotadas pela oposição.
Faltam poucas horas para o dia D em Moçambique: dia das sextas eleições autárquicas. Na Zambézia, há populares que já estão em alguns postos de votação a vigiarem o local. RENAMO acusa polícia de tentar matar mais um cabeça de lista do partido. À DW, Polícia no Niassa rejeitou a alegada tentativa de assassínio. Israel diz ter restabelecido a segurança junto à fronteira com a Faixa de Gaza.
Defesa: Angola afasta-se da Rússia e aproxima-se dos EUA. Analistas argumentam que celebrações sobre a saída da França do Níger podem ser prematuras. Niassa: mulheres estão a receber tratamento para fístula obstétrica.
Partidos moçambicanos já estão em pré-campanha no Niassa. Escândalo de corrupção abala futebol em Angola. Golpe de Estado no Níger ameaça interesses da Europa no mercado do urânio.
Detenção de músico moçambicano por alegada incitação à morte do Presidente gera debate sobre a governação e liberdade de expressão. Gestão eficiente de recursos naturais impulsiona infraestrutura social no Niassa, norte de Moçambique. Líder rebelde nigerino estabelece Conselho de Resistência da República (CRR) para restaurar ordem Constitucional e Presidente deposto.
Manuel Chang, ex-ministro das Finanças de Moçambique, foi esta manhã extraditado para os Estados Unidos. Niassa: Pais e encarregados de educação da cidade de Lichinga estão a construir salas de aulas por iniciativa própria. Terminou hoje a cimeira da NATO com a presença do Presidente da Ucrânia.
Moçambique: Metas do recenseamento eleitoral não foram atingidas, admite CNE no Niassa. Hoje é Dia Mundial da Consciencialização do Albinismo. As dificuldades por que passam muitos cidadãos com albinismo são ainda muitas. Angola: Crise inflacionista e subida do preço da gasolina afetam cidadão mais vulneráveis.
Guiné-Bissau: CNE da Guiné-Bissau já credenciou 176 observadores internacionais. Campanha eleitoral para as legislativas de 4 de junho entrou hoje no décimo oitavo dia. Partido da Renovação Social (PRS) afirma que o país está "mal". Moçambique: Niassa beneficiou de dois Gabinetes Distritais de Cooperativismo em 2023.
Eleições estão em risco na Guiné-Bissau? Jurista e analista guineense afirma que o risco e real. Moçambique: Província de Niassa perdeu mais de 108 milhões de meticais em atos de corrupção, segundo dados do Gabinete Provincial de Combate à Corrupção, em funcionamento há pouco mais de três meses. Angola: Mais de 80 atos de intolerância política foram praticados contra a UNITA no Cuando Cubango.
Jovem moçambicano que perdeu olho vítima da repressão policial no último sábado promete continuar a lutar. Degradação das estradas pode atrasar a chegada de material de recenseamento eleitoral à Cabo Delgado e Niassa. Sobrelotação das cadeias preocupa a sociedade angola.
Tribunal Penal Internacional emite mandado de captura contra Presidente russo, Vladimir Putin. Mudanças climáticas terão cada vez mais impacto em Moçambique, alerta organização Justiça Ambiental. Despacho de acusação do Ministério Público são-tomense sobre a alegada tentativa de golpe de Estado peca por tardio, diz Liga dos Direitos Humanos de São Tomé e Príncipe.
Moçambique: Oposição alega desvios e corrupção no Instituto Nacional de Gestão de Riscos de Desastres (INGD) pela fraca resposta às vítimas das catástrofes. À DW, INGD desvaloriza críticas e diz que "assunto do Banco Mundial" já foi resolvido. Os relatos de pessoas atingidas pelas cheias na província moçambicana de Niassa. Guiné-Bissau: O que dizem os partidos sobre o processo eleitoral?
Na Guiné-Bissau, o PAIGC entregou hoje ao Supremo Tribunal de Justiça o pedido para anotar as resoluções do seu último congresso ordinário, que reelegeu Domingos Simões Pereira à frente do partido. Em Angola, foi hoje aprovada na generalidade, a proposta do Orçamento Geral do Estado para 2023. A FNLA e o PRS abstiveram-se da votação.
"Faltou sensibilidade" a Umaro Sissoco Embaló em Moscovo e em Kiev, diz analista. Na província angolana do Bengo, profissionais de saúde contestam falta de pagamento de subsídios. Em Moçambique, província do Niassa regista alto índice de desnutrição infantil.
UNITA não está a "falar a uma só voz", diz analista. Moçambique ainda não tem estratégia de combate à corrupção na administração pública. Descoberta no Malawi vala comum com 29 corpos.
Freira italiana assassinada na diocese de Nacala, Moçambique. Angola aguarda pronunciamento de Tribunal Constitucional sobre eleições gerais.Niassa pede centro de atendimento integrado para vítimas de violência.
Tribunal Constitucional angolano chumba recurso da UNITA. Adalberto Costa Júnior ameaça recorrer a tribunais internacionais. Na Guiné-Bissau, Presidente Umaro Sissoco Embaló garante que não impediu líder do PAIGC de sair do país. Projeto "Ela pertence à escola" alerta para "urgência" da educação em Moçambique.