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Matilde Pereira Parracho é estagiária no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) deu esta segunda-feira, 14 de Abril, uma conferência de imprensa para denunciar "a onda de perseguição, intimidação e tentativa de detenção arbitrária do Presidente da LGDH, Bubacar Turé, pelas forças de segurança" da Guiné-Bissau. O jurista e membro do colectivo de advogados da LGDH, Fodé Mané, descreve a perseguição como uma forma de calar a crítica. RFI: O que é que está a acontecer com Bubacar Touré? Como é que avalia a actual situação dos direitos humanos na Guiné-Bissau.Fodé Mané: Quero confirmar toda a informação que avançaram na introdução [da entrevista] sobre a situação da sua casa, a montagem de um aparato de agentes de segurança no Porto de Bissau e nas principais artérias da cidade, tendo em conta que foram no sábado e não o encontraram. Presumo que ele esteja fora da cidade e eles querem capturá-lo na sua saída. Isso é verdade, mas também está, sem dúvida, relacionado com as declarações feitas por ele sobre a situação da saúde em geral. Porque não falou apenas da hemodiálise. Ele falou sobre a venda de medicamentos, que deveriam ser utilizados gratuitamente para tratar os pacientes. [Bubacar Turé] falou também das cobranças ilícitas nas maternidades, principalmente para a realização de exames em mulheres grávidas. E, por fim, deu ênfase à situação da hemodiálise, porque houve informações de que os técnicos deveriam ter três meses de formação, mas voltaram no fim do mês. Além disso, devido à forma como o centro está a funcionar, em termos de análise prévia e selecção das pessoas que irão fazer a regularização, a estatística produzida deve ser investigada para se estabelecer ou não o nexo de causalidade entre as mortes e a qualidade da formação docente, com o objectivo de esclarecer se as denúncias que surgiram nos órgãos de comunicação são verdadeiras ou não. Assim, ele apelou para que a população confie no processo e que, se for o caso, sejam feitas as correções necessárias, pois ninguém ganha com o mau funcionamento dos serviços.Ao revelar falhas no sistema de saúde, particularmente na hemodiálise, Bubacar Turé foi alvo de repressão. Como é que as organizações trabalham sabendo que existem riscos de repressão?Eles sabem que a Liga dos Direitos Humanos e a Ordem dos Advogados são os últimos redutos dos cidadãos, onde eles recorrem no caso de violações desses direitos. O objectivo é atingir a voz mais crítica, para amedrontar quase toda a sociedade. Para nós, o colectivo de advogados, entendemos que não é apenas a questão da hemodiálise ou da saúde, mas que são questões muito importantes, porque não se pode falar de direito à vida sem saúde. Temos vindo a denunciar a grave situação, e os próprios técnicos de saúde também estão nessa linha, porque acompanhamos a chamada frente comum, que são os sindicatos da educação e da saúde.Neste período, foi decretada uma greve, [com milhares] de técnicos retirados do sistema. Além disso, há cobranças e falta de cuidado, a prepotência do próprio ministro das Finanças em decidir quando alocar os fundos para os hospitais e os diferentes serviços do ministério da Saúde. Eu penso que esta atitude do governo, de perseguir os denunciantes, não é apoiada pela maioria dos técnicos de saúde. A maioria da população não se resume apenas a essas entidades, como a Ordem e as organizações, mas também à comunidade internacional, advogados e a África Ocidental, que já se pronunciaram. A sociedade simplesmente conhece este modus operandi.Bubacar Touré está a ser ameaçado, a ser perseguido nesta altura?Sim, sim. Não temos notícia do seu paradeiro. Sabemos que não foi detido ainda, de acordo com as informações que temos. Mas sabemos que os meios para sua detenção estão a ser reforçados. Não sabemos qual é o limite da ordem que foi dada para as pessoas encarregadas pela busca, mas, segundo conversas com a equipa que está a procurá-lo, disseram que estão a mando do Departamento de Informação e Acção Criminal, devido a uma queixa apresentada pelo ministério da Saúde. Se há uma queixa dessa natureza, a Liga tem uma sede, está aberta e tem um grupo de advogados, por que não se dirige a essa instituição? É um procedimento que eles conhecem muito bem, melhor do que qualquer cidadão comum, e recorrem a esse procedimento quando lhes interessa.Quem está a coordenar as buscas?Não sabemos quem está por trás dessa acção, pois os agentes estão disfarçados. Os familiares disseram que, na sexta-feira, instalaram um posto à frente da casa [do presidente da Liga]. Não entraram, mas, no sábado, como não o encontraram, um grupo de cinco indivíduos armados entrou na casa, vasculhando diferentes áreas à procura de algo. Depois, ontem, domingo, foi o dia da chegada dos barcos que vão para as ilhas. Desconfiaram que ele poderia estar naquele barco. Montaram um aparato muito forte, com cerca de quatro viaturas, além de pessoas à paisana, de polícias. Tentaram interrogar todos os passageiros, para saber onde ele teria ido, na tentativa de intimidar as pessoas.Quais são os riscos enfrentados pelo presidente da Liga, Bubacar Touré? Existem mecanismos de protecção eficazes?Eficazes não, porque existem mecanismos, mas, tendo em conta o passado, pelo que vimos com sindicalistas, com membros da frente popular e com advogados, podemos dizer que não há uma garantia de protecção. Nestes casos, não há uma acção rápida quando se trata do governo. Nós mesmos fizemos a denúncia, informamos algumas agências ligadas directamente aos direitos à saúde, aos direitos humanos e aos direitos das mulheres, para ver se podiam acompanhar a situação e tentar ajudar, pelo menos falando com o governo, desaprovando essa atitude. Mas não tivemos nenhuma resposta da parte deles.Apenas os jornalistas, que têm sido o único meio de comunicação, deram alguma atenção à situação. A disponibilidade de um organismo internacional para acompanhar e proteger os defensores dos direitos humanos é algo concreto. As entidades nacionais eram a Liga e a Ordem dos Advogados, mas, se essas entidades estão na mesma situação, podemos dizer que ninguém na Guiné-Bissau tem segurança garantida. Mesmo as autoridades federais, com o aparato de agentes à sua procura, mostram que também não confiam no seu próprio sistema. Há um clima de medo geral.Esta conferência de hoje da Liga dos Direitos Humanos da Guiné-Bissau mostra resistência e mobilização por parte dos defensores dos direitos humanos e da sociedade civil. De que forma esperam que a comunidade internacional actue para proteger activistas e defensores dos direitos humanos? Já houve alguma resposta até ao momento?Não. Esta conferência tem o objectivo de mostrar a resistência, mas também de dar visibilidade à opinião pública. Há uma disposição de seguir pela via legal, de colaborar com as autoridades caso queiram obter informações. Querem fazer uma investigação séria, como deve ser? Esse é o objectivo desta conferência de imprensa.Embora não possamos generalizar a comunidade internacional, apesar de não haver uma reacção até agora, há a crença de que pode haver ajuda na resolução da situação da Guiné-Bissau. A expectativa é que já tenham sido enviadas informações à Rede Nacional de Defensores de Direitos Humanos, que já contactou seus parceiros a nível da África Ocidental, da Front Line Defenders e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que já têm informações sobre o caso.
Ana Guedes Mesquita é chefe de escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos em Moçambique.
“Falta tudo em Mecúfi”, o ponto de entrada do ciclone Chido em Moçambique, onde o vento chegou a soprar 260 quilómetros por hora no domingo. Neste distrito da província de Cabo Delgado, falta água, alimentos, telhados, roupa, tudo, testemunha Hélia Seda, gestora de projectos da ONG Helpo em Moçambique. Este é o mais recente ciclone a fustigar um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas no mundo e vem juntar-se à violência que atinge o norte do país desde 2017 e à repressão dos protestos pós-eleitorais nos últimos dois meses. “Os moçambicanos estão de rastos e abandonados à própria sorte”, desabafa Hélia Seda. Até esta quarta-feira, 18 de Dezembro, o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres registava que 45 pessoas morreram na sequência da passagem do ciclone tropical Chido nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula, no norte de Moçambique. Pelo menos 493 pessoas ficaram feridas, uma está desaparecida e um total de 35.689 famílias foram afectadas, o correspondente a 181.554 pessoas.Porém, o número de vítimas mortais poderá ser bem superior, admite Hélia Seda, gestora do projecto da ONG Helpo de fortalecimento dos serviços de saúde e nutrição em Mecúfi e Ancuabe. A responsável contou à RFI que só em Mecúfi haveria, pelo menos, “50 mortos, incluindo crianças e mulheres em idade fértil”. É que Mecúfi parece ser o distrito mais afectado por ter sido o ponto de entrada do ciclone Chido em Moçambique. “Cem por cento da população de Mecúfi está afectada, em diferentes magnitudes, mas 100% está afectada”, precisa a responsável, sublinhando que no distrito vivem 76.000 pessoas.“Mecúfi foi o ponto de entrada do ciclone Chido para a província de Cabo Delgado. Principalmente as habitações mais precárias e construídas a partir de material local encontram-se 100% destruídas; as infra-estruturas governamentais e privadas construídas através de material convencional encontram-se completamente sem tecto, com excepção de duas escolas que têm cinco salas intactas e também uma escola que não está completamente destruída. Em Mecúfi neste momento falta tudo, mas as ajudas alimentares já começaram a chegar”, conta Hélia Seda, recordando que a Helpo já entregou kits de higiene e vai continuar a entregar ajuda de primeira necessidade.Hélia Seda explicou que “72 horas passam após Mecúfi ser atingido por este ciclone, os sítios que tinham sido mapeados para servirem de campos de acomodação encontram-se igualmente devastados”, o que leva a que “quase toda a população” continue nas suas zonas de origem, “expostas ao sol, ao frio” e, eventualmente, às chuvas porque as casas ficaram destruídas e sem tecto.É urgente que as pessoas possam estar abrigadas, reconhece Carlos Almeida, coordenador da Helpo em Moçambique, sublinhando que em Mecúfi, por exemplo, “as casas das pessoas foram praticamente varridas na totalidade” e que em Metuge e Ancuabe a situação também é grave. Por isso, uma das prioridades é conseguirem toldos para proteger as pessoas, mas “a prioridade das prioridades” é distribuir alimentos, algo que a ONG começou a fazer esta quarta-feira.A organização não-governamental para o desenvolvimento, presente em Moçambique desde 2008, lançou uma campanha de recolha de fundos, intitulada "Iniciativa Emergência Ciclone Chido", para ajudar imediatamente as pessoas e que está acessível na sua página e nas suas redes sociais.Outra preocupação é o surgimento de surtos de cólera. “Há sempre surtos de cólera em Moçambique nestas situações pós-ciclone. Aconteceu isso no ciclone Idai e aconteceu no ciclone Kenneth. As pessoas não têm acesso a água potável, não conseguem beber água em condições, não conseguem manter a higiene e a cólera pode aparecer. Ao mesmo tempo, as infraestruturas de saúde, pelo facto de também estarem destruídas, umas totalmente outras parcialmente, faz com que os cuidados de saúde não sejam dignos para estas pessoas. Por isso temos aqui um efeito de bola de neve em que todos estes problemas vão-se acumulando e vai ser um Dezembro muito complicado para as populações de Cabo Delgado e do norte da província de Nampula, que também foi muito afectada. Niassa também sofreu alguma coisa, mas por ser muito no interior, a passagem do ciclone Chido teve um efeito menos devastador”, explica Carlos Almeida.O ciclone é mais um episódio que põe à prova a resiliência dos moçambicanos que, no norte do país, sofrem os ataques de uma insurgência armada desde 2017 e, nos últimos dois meses, enfrentam, por todo o país, a repressão policial aos protestos pós-eleitorais, em que morreram, pelo menos 130 pessoas. “Os moçambicanos estão de rastos e abandonados à própria sorte”, desabafa Hélia Seda.“São catástrofes, são situações políticas, é a própria instabilidade da própria província, são situações climáticas e tudo isso influencia directamente a vida dos moçambicanos. Todos somos chamados a intervir para que aliviemos a situação da população no geral”, comenta a responsável.De facto, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) reconheceu que o ciclone Chido agravou as necessidades das populações no norte de Moçambique, deslocadas pelo terrorismo, e que 190 mil pessoas precisam de “apoio urgente”. No fundo, Cabo Delgado enfrenta “um triplo problema”, acrescenta Carlos Almeida: o ciclone, o terrorismo e o “conturbado período pós-eleitoral”. A tudo isto soma-se um quarto factor que pode levar a que Moçambique seja esquecido nas turbulências mundiais actuais: a diminuição da ajuda internacional.“Com todos estes ingredientes, com o facto de as agências das Nações Unidas estarem a receber menos financiamento para este problema em Moçambique, é que esta crise de terrorismo e dos deslocados pode vir a ser uma crise esquecida porque constantemente a demanda de problemas no resto do mundo, como a questão da Ucrânia, a questão do Médio Oriente, da Palestina e agora da Síria, são tudo problemas que tiram o foco o financiamento das agências das Nações Unidas e também das organizações não governamentais, como é o caso da Helpo, que é uma organização não governamental internacional. No entanto, por estarmos a trabalhar em Moçambique desde 2008, temos já uma implementação local, mas também nos deparamos com esta questão dos fundos que são sempre menores do que as necessidades”, explica.De acordo com as autoridades moçambicanas, a passagem do ciclone Chido causou ainda a destruição total e parcial de 36.207 casas, afectando também 48 unidades hospitalares, 13 casas de culto, 186 postes de energia, 9 sistemas de água e 171 embarcações. O ciclone tropical, que devastou o arquipélago francês Mayotte, entrou no domingo pelo distrito de Mecúfi, na província de Cabo Delgado, com ventos que rondaram os 260 quilómetros por hora.
O convidado do programa Pânico dessa terça-feira (03) é Dr. Cristiano Nabuco. Dr. Cristiano Nabuco é psicólogo com Doutorado em Psicologia Clínica pela Universidade do Minho - Portugal e Pós-Doutorado pelo Departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Iniciou uma unidade pioneira no país para o atendimento de pacientes Dependentes em Tecnologia, desenvolvendo há quase duas décadas modelos de intervenção em psicoterapia e onde, até a presente data, coordena o referido grupo (PRO-AMITI-IPq/HCFMUSP). É coordenador do curso de Especialização em Dependências Tecnológicas da Universidade de Caxias do Sul; coordenador do curso de Especialização em Terapias Cognitivas da PUC/PR. Atuou como consultor técnico junto ao Governo Federal para o Programa Reconecte e ao Alto Comissariado dos Direitos Humanos - ONU (Projeto Digitalização da Educação). Publicou 15 livros, além de já ter colaborado diretamente na produção de mais de 1 mil matérias para a mídia leiga. Como comentarista, o programa traz Carla Albuquerque. Uma renomada jornalista investigativa, especializada em crimes digitais e segurança cibernética. Com graduação em Comunicação Social pela ECA-USP e pós-graduação em Business of Television pela NYU, ela tem 35 anos de experiência no mercado audiovisual, tendo trabalhado para grandes conglomerados de mídia como VIACOM (EUA), WARNER (EUA) e TV Globo (BR). Há 17 anos, Carla se dedica ao jornalismo investigativo, sendo a criadora de programas icônicos como Investigação Criminal e Operação Policial. Ao longo de sua carreira, tornou-se referência na investigação de crimes envolvendo jovens no ambiente digital, participando de importantes podcasts e congressos penais. Além disso, é uma das principais vozes no combate a ataques a escolas no Brasil, colaborando com a Secretaria de Educação e a Delegacia Geral na criação de um núcleo de banco de dados de crimes digitais. Sua visão estratégica a posiciona como figura central nos debates sobre segurança online e o papel das plataformas digitais.
Até dia 22 de Novembro, os países reunidos na COP29 em Baku, no Azerbaijão, tentam encontrar o financiamento necessário para ajudar os países em desenvolvimento na transição energética e na adaptação às catástrofes climáticas. Actualmente, os Estados extremamente frágeis recebem apenas cerca de 2 dólares por pessoa em financiamento anual para adaptação climática, um valor muito aquém dos 161 dólares por pessoa atribuídos nos Estados não frágeis. Até dia 22 de Novembro, os países reunidos na COP29 em Baku, no Azerbaijão, tentam encontrar o financiamento necessário para ajudar os países em desenvolvimento na transição energética e na adaptação às catástrofes climáticas. Negociações difíceis numa COP marcada por ausências de peso, como a França, Alemanha ou Estados Unidos e com o ocidente a alegar dificuldades orçamentais. Segundo um relatório do ACNUR apresentado esta semana, actualmente, os Estados extremamente frágeis recebem apenas cerca de 2 dólares por pessoa em financiamento anual para adaptação climática, um valor muito aquém dos 161 dólares por pessoa atribuídos nos Estados não frágeis.As alterações climáticas já forçaram milhões de pessoas, em todo o mundo, a abandonarem as suas casas e o aquecimento global do planeta está a agravar as condições já “infernais” enfrentadas por estes deslocados. O alerta é da agência da ONU para os Refugiados e consta do relatório “No Escape: On the Frontlines of Climate, Conflict and Displacement" ("Sem escapatória - Na linha da frente do clima, conflitos e deslocações”, numa tradução livre), apresentado na terça-feira, 12 de Novembro, na COP 29 em Baku.À margem do segmento de alto nível da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) aproveitou para lembrar como o aumento das temperaturas e a multiplicação dos fenómenos meteorológicos extremos impactam a vida dos refugiados e dos deslocados. O ACNUR apela a investimentos mais significativos e eficazes.No documento, a agência das Nações Unidas para os Refugiados sublinha que as alterações climáticas e os conflitos estão interligados, sujeitando as pessoas já em perigo a situações ainda piores, como no Sudão, na Somália ou na Birmânia.“No nosso mundo em aquecimento, a seca, as inundações, o calor mortal e outros fenómenos meteorológicos extremos criam situações de emergência com uma frequência alarmante”, ressalva o chefe do ACNUR, Filippo Grandi, no prefácio do relatório. “As pessoas forçadas a fugir dos seus lares estão na linha da frente desta crise”, acrescenta.O documento indica que 75% dos deslocados vivem em países fortemente ou extremamente expostos aos riscos climáticos e “à medida que a velocidade e a escala das alterações climáticas aceleram, este número só continuará a aumentar”.Dados recentes do Centro de Monitorização de Deslocados Internos referem que os desastres meteorológicos forçaram cerca de 220 milhões de pessoas a fugir dentro dos seus países na última década. O ACNUR lamenta a grave falta de fundos para apoiar os que fogem e as comunidades que os acolhem: “Estamos a ver uma situação que já é infernal a tornar-se ainda mais difícil”.Até 2040, o número de países em todo o mundo expostos a riscos climáticos extremos deverá passar de três para 65, a grande maioria destes países acolhe populações deslocadas. Até 2050, a maioria dos campos e instalações de refugiados deverá enfrentar o dobro dos dias com temperaturas perigosamente elevadas em comparação com hoje, alerta o relatório do ACNUR. Um perigo imediato para a saúde e a vida dos refugiados, mas também para as colheitas e o gado.As alterações climáticas vão também piorar a já difícil situação humanitária na África Austral, onde se situam Angola e Moçambique, avança o mesmo relatório.Isadora Zoni, responsável do ACNUR em Pemba, norte de Moçambique, sublinha que 75% dos deslocados vivem em países forte ou extremamente expostos aos riscos climáticos. Em entrevista à RFI, a responsável da agência da ONU deu conta das linhas gerais do documento agora publicado e traçou uma radiografia do actual estado dos deslocados em Moçambique.RFI: Quais são as linhas gerais deste relatório?Isadora Zoni: Falamos de 120 milhões de pessoas que estão deslocadas à força globalmente, o dobro da última década. 75% dessas pessoas vivem em países com exposição alta a extrema a desastres climáticos. Os desastres climáticos causaram 200 milhões de deslocamentos internos na última década, o que equivale a cerca de 60 mil deslocamentos por dia. Então, quando falamos de clima, estamos a tratar também das pessoas deslocadas, também das pessoas que são forçadas a fugir. Por exemplo, sobre a África: a mudança climática é a maior ameaça hoje ao desenvolvimento no continente africano, ocupando desproporcionalmente os países mais pobres e agravando outros factores e fragilidades. Embora a África contribua minimamente para as emissões globais enfrenta graves impactos climáticos. Essa situação destaca tanto a vulnerabilidade quanto o potencial de resiliência do continente, à medida que se adapta e transita para um desenvolvimento de baixo carbono. O relatório do ACNUR indica que estados extremamente frágeis recebem apenas 2 dólares por pessoa anualmente em financiamento para adaptação, enquanto Estados não frágeis recebem 161 dólares, evidenciando uma disparidade no financiamento climático global. Quando falamos desse tema, a importância para o ACNUR é, realmente, que as pessoas deslocadas, refugiadas ou deslocadas internas, façam parte dessa discussão, sejam parte desses meios e desses espaços políticos, para que discutam também o sistema climático e como isso afecta o dia-a-dia delas. Além dos efeitos evidentes, que são as inundações, as chuvas torrenciais, etc… há outras questões como, por exemplo, a seca, que é um efeito das alterações climáticas e que faz com que as pessoas também se desloquem, além de provocar conflitos.A exemplo disso, no relatório, diz-se que até 2050 a maioria dos campos de refugiados experimentará o dobro dos dias de calor perigoso, acima de 41 graus Celsius, afectando mais de 600 locais globalmente.Quando falamos da questão climática, é claro que talvez ao público é mais evidente aqueles que são os impactos directos, as enchentes, os grandes deslocamentos, mas temos que também penar como é que a questão climática agrava já um cenário bastante duro.Em África, o conflito no Sudão deslocou mais de 11 milhões de pessoas, com o Chade a abrigar 70 mil refugiados sudaneses. Além das dificuldades da resposta humanitária, o Chade é um dos países mais vulneráveis a riscos climáticos.Outros exemplos são as secas e inundações no Quénia, na Somália e na Etiópia. Em 2022, por exemplo, 1,3 milhões de pessoas foram deslocadas na Somália devido à seca. Olhando para o sul de África, vemos em Moçambique secas prolongadas, intensificando a migração rural-urbano, e as pressões climáticas aumentando os riscos de conflitos ao longo do corredor migratório, como em Moçambique e na África do Sul. Infelizmente, o cenário parece estar cada vez mais difícil porque os países que enfrentam riscos climáticos extremos devem aumentar de três para 65 até 2040, muitos dos quais hospedam populações deslocadas. Está baseada em Pemba, em Moçambique, um dos países mais vulnerável às alterações climáticas. Qual é a situação actual? Realmente, Moçambique está entre os 10 países mais vulneráveis às alterações climáticas no mundo e ocupa o primeiro lugar em África. O país sofre cada vez mais com a grande variabilidade climática, estando exposto a ciclones tropicais, inundações e secas. Apenas um ano após o ciclone Gombe, que deslocou 130 mil pessoas, o ciclone Fred atingiu Moçambique, afectando oito das dez províncias do país. Deslocou aproximadamente 184 mil pessoas e deixou 1,1 milhão de pessoas necessitando de assistência humanitária. Mais recentemente, agora em 2024, a tempestade tropical Filipo deslocou 48 mil pessoas e causou extensos danos em infra-estruturas, incluindo estradas, centros de saúde e habitações. O cenário é bastante complicado, porque falamos também de um país que, infelizmente, conta com deslocados devido ao conflito [ataques terroristas no norte]. Em Janeiro de 2024, Moçambique contava com mais de 700 mil deslocados internos devido a conflitos e eventos relacionados com o clima. Os deslocados são particularmente vulneráveis aos choques climáticos, muitas vezes carecendo de recursos e apoio para se adaptar. A população deslocada, especialmente no norte e centro de Moçambique, enfrenta riscos de protecção elevados devido à insegurança alimentar e às limitadas opções de subsistência. Quando falamos, por exemplo, dos impactos [dos fenómenos climáticos], referimo-nos à infra-estrutura precária dos locais de deslocados internos, com estradas e drenagens inadequadas, que expõe os moradores a um risco contínuo. O desmatamento também é um problema significativo, pois os moradores dependem da lenha e de materiais de construção insustentáveis. Isso aumenta a erosão do solo, agravando os riscos de enchentes e danos ambientais.Apesar da insegurança contínua, Moçambique tem um outro movimento, que é o movimento de retorno. É um contexto bastante activo de pessoas que se deslocam e de outras pessoas que tentam regressar, mas que vivem expostas a uma situação bastante imprevisível, tanto climática quanto em relação ao conflito. Traçado este cenário, o que é que se poderia esperar desta COP? Mais financiamento?Eu acho que existe uma expectativa de que haja maior financiamento, maior responsabilidade dos países que poluem para com aqueles que são os mais vulneráveis. Nós também precisamos entender a componente humana que faz parte da questão climática. Muito se fala sobre mercado de carbono, sobre poluidores e poluídos, quanto tempo temos e se temos tempo. Mas devemos voltar a trazer essa questão humana, das pessoas que são afectadas, como as pessoas mais vulneráveis são cada vez mais afectadas? A questão humanitária não se restringe somente ao assistencialismo, mas em como pensar isso de uma perspectiva de desenvolvimento, numa perspectiva de investimento.Eu acho que é uma oportunidade para trazermos essas pessoas para o centro dessa discussão, para que elas possam também estar empoderadas e incluídas, para falarem sobre suas necessidades, prover evidências para que fique claro onde e como as intervenções podem ser feitas, para que exista um impacto real.
O convidado do programa Pânico dessa sexta-feira (27) é Dr. Cristiano Nabuco. Dr. Cristiano Nabuco é psicólogo com doutorado em Psicologia Clínica pela Universidade do Minho - Portugal e pós-doutorado pelo Departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Iniciou uma unidade pioneira no país para o atendimento de pacientes dependentes em tecnologia, desenvolvendo há quase duas décadas modelos de intervenção em psicoterapia e onde, até a presente data, coordena o referido grupo (PRO-AMITI-IPq/HCFMUSP). Nabuco é coordenador do curso de Especialização em Dependências Tecnológicas da Universidade de Caxias do Sul; coordenador do curso de Especialização em Terapias Cognitivas da PUC/PR. Atuou como Consultor Técnico junto ao Governo Federal para o Programa Reconecte e ao Alto Comissariado dos Direitos Humanos | ONU (Projeto Digitalização da Educação). Publicou 15 livros, além de já ter colaborado diretamente na produção de mais de mil matérias para a mídia leiga. Como comentarista, o programa traz Pilhado. Thiago Asmar, o Pilhado, é comentarista e apresentador esportivo. Ele tem um canal no YouTube com seu nome "Pilhado", onde entrevista jogadores de futebol e outros esportistas. Thiago atualmente é apresentador do programa "Bate-Pronto" da Jovem Pan News e Jovem Pan Esportes.
Cerca de 19 mil pessoas foram mortas e mais de 33 mil feridas desde o início da guerra civil no Sudão, em abril de 2023. Os número fazem parte de um relatório atualizado do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, a ACNUR.
O número de deslocados à força no mundo bateu novo recorde e passou de 117 milhões de pessoas. Os dados foram divulgados nesta quinta em relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.
Senado dos Estados Unidos aprovou o pacote de ajuda militar de 487 bilhões de reais para Israel, Taiwan e Ucrânia. E tem também: - Governo ucraniano suspende serviços consulares para forçar que homens voltem ao país - Milei enfrenta a maior manifestação desde a sua chegada ao poder no fim do ano passado - Maduro permite volta ao país do escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos - Tribunal de Moscou nega recurso do jornalista Evan Gershkovich contra sua prisão preventiva - 1,13% da população espanhola sofreu abusos sexuais, nos últimos 80 anos, por membros do clero ou dentro de instituições católicas - Revolução dos Cravos pôs fim, em 1974, à mais antiga ditadura fascista no mundo Ajude a fazer o 180” através da chave pix 180segundos@hdln.com Siga a gente no Instagram https://www.instagram.com/volta_180_segundos/ e Linkedin https://www.linkedin.com/company/volta-ao-mundo-em-180-segundos/?viewAsMember=true Escute Território Livre. https://open.spotify.com/show/1M8rgHOjCrZw4hvWDyoAjs?si=c24baabfb4a64987 Ouça também Mulheres no Mapa. https://open.spotify.com/episode/09v60Ne3c5z6WhXINVkFNw?si=a883eb369a4244bd E conheça o Esquerda Volver. https://open.spotify.com/episode/2j5xLtwMN45zcPPVTT0p2E?si=1ba178ba64d44bb4 Quer ler nosso boletim na íntegra? Acesse https://180-segundos.headline.com.br/ --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/voltaaomundoem180s/message
O genocídio causado por Israel em ataques contra a Palestina causou reações ao redor do globo. A mais recente, foi a renúncia do ex-diretor do Gabinete de Nova Iorque do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Craig Mokhiber. No episódio de hoje do QG, serão analisados os últimos acontecimentos nos confrontos em Gaza e outros exemplos de genocídios como na Armênia e Ruanda. Roteiristas: Luana Menezes e Paloma Jaci Apresentação: Letícia Laganaro, Lucas Dias e Luana Oaten Edição: Lucas Dias
Neste programa, vamos até Cabo Delgado, no norte de Moçambique, seis anos depois do ataque a Mocímboa da Praia e a poucos dias das eleições autárquicas. Em São Tomé e Príncipe, começou o julgamento do único civil acusado do assalto ao quartel das Forças Armadas de 25 de Novembro do ano passado e na Guiné-Bissau há acordo quanto ao preço do pão. Recorde aqui alguns momentos da semana em África. Esta quinta-feira, fez seis anos que se registou o primeiro ataque, no distrito de Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado, por grupos armados que, desde então, vêm aterrorizando o norte do país. O conflito fez um milhão de deslocados desde 2017, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, e cerca de 4.000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED. O administrador do distrito de Mocímboa da Praia, Sérgio Domingos Cipriano, disse acreditar que as “acções dos terroristas” estão na fase final e que estão criadas condições locais para a votação nas eleições autárquicas de 11 de Outubro. Já o investigador João Feijó, do Observatório do Meio Rural, considera que ha riscos de prolongamento do conflito devido às desigualdades sociais e económicas. Também esta semana, o Estado moçambicano e o Grupo UBS, novo proprietário do banco Credit Suisse, alcançaram um acordo extrajudicial que põe fim a um litígio que durava há pouco mais de quatro anos. Porém, as organizações da sociedade civil denunciaram “opacidade” e pediram aos moçambicanos para estarem atentos ao julgamento em Londres.Em São Tomé e Príncipe, começou esta terça-feira o julgamento do único civil acusado do assalto ao quartel das Forças Armadas do dia 25 de Novembro do ano passado. Também em São Tomé e Príncipe, o Governo rescindiu definitivamente o contrato de concessão portuário ao consórcio ganês Safebond.Na Guiné-Bissau, o governo guinense e a Associação dos Padeiros Tradicionais chegaram, na segunda-feira, a um consenso sobre o preço do pão, que passa agora a custar 150 CFA para o consumidor final.Ainda na Guiné-Bissau, os militares da CPLP estão a realizar, até dia 20 de Outubro, treinos para se prepararem para uma eventual situação de crise. O ministro da Defesa Nacional, Nicolau dos Santos, falou na importância do exercício na carta Felino 2023 para garantir a segurança preventiva.Em Angola, as autoridades repatriaram mais de 3.000 garimpeiros estrangeiros em situação ilegal no primeiro semestre deste ano. Está em curso uma operação de combate ao garimpo ilegal de diamantes e de outros minérios. Neste programa, volte a ouvir a reportagem de Avelino Miguel.No Níger, a retirada das tropas francesas deveria começar esta semana. O anúncio foi feito pelo ministério francês da Defesa na quinta-feira que adiantou que a saída de todos os militares franceses deverá estar concluída até ao final do ano. A semana foi também marcada por três dias de luto no Níger pela morte de, pelo menos, 29 soldados nigerinos num ataque de rebeldes no oeste do país.Na República Democrática do Congo, o médico Denis Mukwege, vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2018, anunciou na segunda-feira, a sua candidatura às eleições presidenciais de 20 de Dezembro, juntando-se à longa lista de opositores que pretendem enfrentar o actual Presidente Félix Tshisekedi.
No rescaldo da série E do podcast KMOL, este episódio bónus é uma compilação de como os dez profissionais de GC entrevistados veem a gestão de conhecimento. Links para as entrevistas na ordem em que os entrevistados são referidos neste episódio: Viviana Garcia, Digital Workplace Coordinator na UEFA Sara Sá Leão, Lead Knowledge Manager na Dynatrace Raquel Balceiro, Profissional Master de Conformidade na Petrobras Adriana Jacinto, Coordenadora da Equipa de Gestão de Conhecimento e Biblioteca no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos Alvaro Gregorio, Head de Inovação do Metrô de São Paulo Rute Viais, Knowledge Culture Manager numa multinacional alemã Victor Alves, Principal Consultant L&D na Equinor Laura Henriques, Responsável pela Gestão de Conhecimento e da Mudança na área de Gestão de Inovação na ANACOM Teresa Nora, Responsável pelas áreas de Gestão do Conhecimento, Formação e Marketing no escritório da Linklaters em Lisboa Thiago Ribeiro, Supervisor de Integração de Gestão do Conhecimento na Amazul Página deste episódio: https://kmol.pt/podcast/2023/09/05/o-que-e-gestao-de-conhecimento/ Podcast KMOL em https://kmol.pt/podcast Sugestões, comentários, questões? Escreva-nos para editor@kmol.pt ou deixe-nos uma mensagem de voz. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/kmol/message
Alto Comissariado de Direitos Humanos alerta para graves violações contra pessoas forçadas a praticar fraudes financeiros e outras ações ilícitas.
Eles não podem representar os seus países de origem, de onde fugiram ou foram expulsos. Tampouco os países onde foram acolhidos. Mas existe uma solução: os atletas olímpicos refugiados disputarão medalhas nos Jogos Paris-2024 sob a bandeira do COI, como aconteceu, pela primeira vez, na Rio-2016. A RFI conversou com uma ciclista afegã, representante do Comitê Olímpico de Refugiados, para compreender a importância de recuperar esse direito, quando a vida já lhes tirou quase toda a esperança. Maria Paula Carvalho, da RFIÉ através de uma fundação que o Comitê Olímpico Internacional (COI) distribui bolsas para pagar as despesas de treinamento dos atletas refugiados. Atualmente, há 53 esportistas no programa, mas esse número deve aumentar com uma nova seleção, a partir do ano que vem. Eles vêm de 12 países diferentes, praticam 13 modalidades esportivas e atualmente vivem em 19 países de acolhimento. "Quando eu conheci a equipe de refugiados, no início não gostei, pois queria participar pelo meu país. Mas depois compreendi o significado da equipe, que é até mais forte do que representar um país, porque nós representamos o mundo e hoje ainda existe o problema da discriminação e a guerra", diz a afegã Masomah Ali Zada, que vive atualmente em Paris."Nós somos todos de diferentes países, de diferentes línguas, culturas, mas estamos sob a mesma bandeira pelo mesmo objetivo de participar dos Jogos e levar uma mensagem de esperança", acrescentou a atleta, em entrevista à RFI. Ela conta que a maioria das histórias do grupo contém capítulos de sofrimento. "Os refugiados são obrigados a deixar o seu país por causa da guerra. Normalmente, nós temos todos os direitos nos países em que somos acolhidos, mas nos faltava a chance de competir, já que como refugiados não podemos representar o nosso país e nem o de acolhimento. Mas a equipe de refugiados nos permite participar dos Jogos Olímpicos, e isso é muito importante. Agora nossos direitos estão completos", comemora.Na última quarta-feira (26), Zada recebeu das mãos do presidente do COI, Thomas Bach, o convite oficial para o Comitê Olímpico de Refugiados participar dos Jogos de Paris. Para se tornar membro da equipe, é preciso estar em um programa reconhecido pelo Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR). "Eu venho do Afeganistão e cheguei à França em 2017", conta. "No Afeganistão, eu jogava vôlei e comecei a treinar ciclismo. Mas lá, infelizmente, a bicicleta é proibida para mulheres e o meu objetivo era popularizar o ciclismo entre as afegãs e ajudá-las a praticar sem ter medo. E por isso eu coloquei a minha vida em perigo, porque havia muita gente contra, que pensa que impor a bicicleta é impor uma outra cultura, impor algo à nossa religião e por isso fui obrigada a vir para a França para viver em segurança. Mas aqui, eu continuo a praticar o ciclismo e participarei dos Jogos com a equipe de refugiados", afirma. Estreia nos Jogos Rio-2016Criada em 2015, a equipe de refugiados do COI entrou em campo pela primeira vez nos Jogos Olímpicos Rio-2016. Fruto dos tempos atuais, a criação do Comitê Olímpico dos Refugiados foi uma necessidade, como explicou à RFI o presidente do COI, Thomas Bach. "Nós criamos a equipe de refugiados nos Jogos Rio-2016 porque nos demos conta que entre esses refugiados, há também atletas que têm o sonho olímpico. Queremos apoiá-los e mostrar ao mundo que esses refugiados são um enriquecimento para a nossa sociedade, através da sua resiliência, perseverança, de seu otimismo, apesar de todos os problemas que enfrentam. Nós queremos dar esperança a todos os refugiados do mundo", diz Bach. Equipe representa mais de 100 milhões de pessoas Desde a Olimpíada no Rio de Janeiro, o número de refugiados aumentou. "Agora são quase 110 milhões de pessoas deslocadas no mundo e a todas essas pessoas nós queremos enviar novamente essa mensagem de esperança, mas também de gratidão por eles enriquecerem a nossa sociedade olímpica", reforça o presidente do COI.Nos Jogos de Tóquio-2020, a equipe olímpica de refugiados era formada por 29 atletas, que competiram em 12 modalidades. A ministra dos Esportes da França, Amélie Oudéa-Castéra, destaca o poder do esporte para a inclusão. "É muito importante. O programa de solidariedade olímpica é extraordinariamente importante aos nossos olhos. Temos nessa futura delegação de refugiados, vários atletas que hoje são acolhidos no nosso país. Nós queremos que para esses refugiados, os Jogos sejam excepcionais e que o esporte seja uma luz em suas vidas e que pelo esporte eles possam expressar coisas que a vida lhes tem, infelizmente, impedido de viver e de esperar", diz. A equipe Olímpica de Atletas Refugiados fez história nos Jogos do Brasil, onde foi liderada no desfile de abertura por Rose Lokonyen, corredora do Sudão do Sul, de 23 anos, à frente de uma equipe de 10 atletas. Rose tinha apenas 8 anos quando fugiu da guerra e encontrou segurança no campo de refugiados de Kakuma, no norte do Quênia. Além dela, esportistas de países como Síria, República Democrática do Congo e Etiópia completavam a equipe que foi ao Brasil. A passagem do grupo suscitou calorosos aplausos no estádio do Maracanã. Até o Papa Francisco e o ex-presidente americano Barack Obama se juntaram a milhões de pessoas em todo o mundo que desejavam sorte para a equipe Olímpica de Atletas Refugiados. Porém, outras urgências ligadas à Rio-2016 acabaram dominando a atenção, analisa Thierry Terret, historiador do desporto e do Olimpismo, entrevistado pela RFI. Para ele, a epidemia do vírus da zika, além de escândalos políticos e de corrupção podem ter apagado o brilho da estreia da equipe de refugiados nos Jogos do Rio. Oito anos depois, Ali Zada estará em Paris para dizer que o esporte é mais forte do que tudo. "Quando eu vejo a equipe Equipe Olímpica de Refugiados, eu penso em todos os refugiados, esse número tem aumentado recentemente, pessoas que fogem da guerra, especialmente do Afeganistão, pois desde a chegada do Talibã, muitas pessoas foram obrigadas a deixar o país, muitas mulheres. E eu penso no sofrimento dessas pessoas que passam um caminho muito difícil para viver em outro país em segurança. Eu fico emocionada e honrada de representar os refugiados do mundo", conclui. A equipe de refugiados formada pelo COI se transformou em um símbolo de paz e determinação, diante de catástrofes humanitárias.
O último episódio do podcast KMOL é com a Adriana Jacinto, Coordenadora da Equipa de Gestão de Conhecimento e Biblioteca no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Nesta conversa, a Adriana descreveu os passos que está a dar para a avaliação dos últimos 4 anos do programa de gestão de conhecimento e para a definição da estratégia para o quadriénio que se segue. Falou-nos, por exemplo, do reaproveitamento do conhecimento, da utilização das lições aprendidas para alimentar o ciclo produtivo da organização, e de como recorrem ao storytelling para a partilha de experiências com uma elevada carga emotiva e grandemente dependentes do contexto em que foram vivenciadas. Entrevista gravada dia 14 junho 2023. Página deste episódio: https://kmol.pt/podcast/2023/07/26/10-adriana-jacinto/ Podcast KMOL em https://kmol.pt/podcast Sugestões, comentários, questões? Escreva-nos para editor@kmol.pt ou deixe-nos uma mensagem de voz. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/kmol/message
No Aeroporto Internacional de Guarulhos, um grupo de 200 afegãos passou dias acampado esperando acolhimento – o Ministério da Justiça resolveu abrigá-los em hotéis provisoriamente. Do outro lado do Oceano Atlântico acumulam-se naufrágios de embarcações com imigrantes da África e do Oriente Médio rumo à Europa – o número de mortos já passa de mil só em 2023. Resultado de guerras, fome, problemas climáticos e perseguições étnicas, religiosas e de identidade. Neste cenário, o mundo registra o maior número de refugiados da história. Para explicar as razões do fluxo inédito de pessoas entre países, Natuza Nery conversa com Luiz Fernando Godinho, porta-voz do Alto-Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) para a América do Sul. - Godinho justifica a crescente procura pelo Brasil como destino de refúgio por “sua liderança regional consolidada e sua legislação muito avançada”. “O país tem imagem de aberto e onde pessoas podem encontrar a proteção que necessitam”, afirma; - Ele também comenta o crescimento no número global de refugiados – os principais motivos são guerras, conflitos e perseguições; insegurança alimentar e mudanças climáticas também são relevantes. “Crises que se sobrepõem umas às outras”, diz; - O porta-voz da Acnur analisa as possíveis soluções para garantir segurança jurídica e mesmo física para que as pessoas possam chegar a seus destinos. “Muitas dessas pessoas são vítimas de crimes organizados de tráfico de pessoas”, alerta; - Godinho esclarece que a decisão de deixar um país é uma “situação extrema que ninguém quer passar” e que a maioria das pessoas gostaria de voltar para suas casas. Mas, segundo ele, são necessárias "várias condições para que as pessoas possam retornar”, pondera.
Lula (PT; foto) afirmou agora há pouco em coletiva na noite desta terça-feira (30) que eleições fraudadas que mantiveram Nicolás Maduro e seus aliados no poder provam a existência de democracia na Venezuela. O petista havia sido questionado sobre sua declaração de que denúncias sobre violação de direitos humanos no país caribenho seriam uma “narrativa”. “Não é possível que não tenha um mínimo de democracia na Venezuela”, afirmou o presidente citando resultados eleitorais de Maduro e de seu antecessor, Hugo Chávez. Entidades independentes, como a Freedom House, e mesmo a Organização dos Estados Americanos, maior ente internacional do continente, e a União Europeia denunciam fraude em eleições na Venezuela desde 2018, pelo menos. Lula também afirmou que “quem vai ajudar a Venezuela é a própria Venezuela”, apesar do regime oprimir seu próprio povo com perseguição política e tortura. O presidente também distorceu os fatos ao afirmar que o Alto Comissariado do Direitos Humanos da ONU, então sob a tutela da chilena Michelle Bachelet, apenas recomendou a criação de escritórios para apurar possíveis violações na Venezuela. Entretanto, o petista omite o fato de que a própria missão independente do Alto Comissariado publicou informe em 2020 apontando 223 casos e denuncias de execuções extrajudiciais, tortura e falta de equidade judicial. Link do cupom de desconto na assinatura de o Antagonista+ e Crusoé: https://assine.oantagonista.com/?cupom=QUERO60OFF Precisa de ajuda? 4858-5813, São Paulo 4003-8846, demais localidades O horário de atendimento é das 9h00 às 18h00, de segunda a sexta-feira, exceto feriados. Você pode entrar em contato conosco pelo e-mail: assinante@oantagonista.com Inscreva-se e receba a newsletter: https://bit.ly/2Gl9AdL Confira mais notícias em nosso site: https://oantagonista.uol.com.br/ https://crusoe.uol.com.br/ Acompanhe nossas redes sociais: https://www.fb.com/oantagonista https://www.twitter.com/o_antagonista https://www.instagram.com/o_antagonista https://www.tiktok.com/@oantagonista_oficial No Youtube deixe seu like e se inscreva no canal: https://www.youtube.com/c/OAntagonista
Após a revolução de 1974, chegaram a Portugal milhares de portugueses. Vinham das antigas colónias de África. Alguns tinham nascido em Portugal, outros tantos apenas conheciam a ‘metrópole' como o lugar de férias ou da família. Ficaram para sempre com o rótulo de ‘retornados'; e a carga negativa do nome espelhou a forma pouco humana como foram recebidos em Portugal. O episódio final desta ‘trilogia', que teve o sociólogo Pedro Góis como ‘dupla' de Ana Markl, é um retrato deste acolhimento e do pouco que ainda se fala, escreve e documenta sobre o assunto. É uma memória, um trauma coletivo que deixou marcas nas muitas pessoas que passaram a ser cidadãos de lugar nenhum, mas que tanto de bom trouxeram ao nosso país. Para ouvir com atenção e ficar a refletir na pergunta: como teria sido se, em vez de retornados, os tivéssemos considerado refugiados? REFERÊNCIAS E LINKS ÚTEISRetornados:Portugal e o regresso dos colonos de Angola e Moçambiquehttps://setentaequatro.pt/entrevista/elsa-peralta-os-retornados-brancos-viveram-o-paraiso-emafrica-mas-nao-passou-de-uma“RETORNADOS ou OS RESTOS DO IMPÉRIO”Integração de imigrantes em Portugal: https://www.publico.pt/2023/02/23/opiniao/opiniao/reconstruir-sistema-imigracao-portugalreforcar-politicas-alterar-praticas-2040067Daré, G. O. (2022). Direitos de cidadania dos imigrantes em Portugal. REMHU: RevistaInterdisciplinar da Mobilidade Humana, 29, 179-192. https://doi.org/10.1590/1980-85852503880006311https://www.scielo.br/j/remhu/a/qhrzr93pmy7QtfPDDDqkkGd/ Oliveira, Catarina Reis. Indicadores de Integração de Imigrantes 2022: Relatório Estatístico Anual. Observatório das Migrações, ACM, IP, 2022.Alto Comissariado para as MigraçõesLivros:O retorno, Dulce Maria CardosoA gorda, Isabela FigueiredoBIOSANA MARKLAna Markl nasceu em Lisboa, em 1979, com uma total inaptidão para tomar decisões, pelo que se foi deixando levar pelas letras; licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas porque gostava de ler e escrever, mas acabou por se formar em Jornalismo pelo CENJOR. Começou por trabalhar no jornal Blitz para pôr a render a sua melomania, mas extravasou a música e acabou por escrever sobre cultura e sociedade para publicações tão díspares como a Time Out, o Expresso ou mesmo a Playboy. Manteve o pé na imprensa, mas um dia atreveu-se a fazer televisão. Ajudou a fundar o Canal Q em 2010, onde foi guionista e apresentadora. Finalmente trocou a televisão pela rádio, um velho amor que ainda não consumara. Trabalha desde 2015 na Antena 3 como locutora e autora. PEDRO GÓISPedro Góis, doutorado, mestre e licenciado em Sociologia pela Universidade de Coimbra. È actualmente Professor Associado na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Investigador Sénior do Centro de Estudos Soci
Mais de 80 milhões de pessoas em todo mundo foram obrigadas a deixar suas casas por causa de guerras, conflitos e perseguições. Os dados são do ACNUR, Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados . O Brasil abrigou mais de 60 mil pessoas, a maioria delas da Venezuela. Sobre esse assunto, a jornalista Carla Benevides, da TV Senado, conversou com a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) que apresentou um relatório com a conclusão deste ano dos trabalhos da Comissão Mista de Migrações Internacionais e Refugiados (CMMIR). Acompanhe a entrevista.
Brincar é um direito de todas as crianças, definido pelo Alto Comissariado das Nações Unidas. Neste episódio do podcast Querida Pediatra vamos perceber todos os benefícios de brincar: interação, comunicação, envolvimento emocional, negociação e desenvolvimento de empatia. Preparámos um verdadeiro menu de atividades por idade para que possa “treinar” com os seus filhos e vê-los crescer e desenvolver-se no palco ou na primeira fila!See omnystudio.com/listener for privacy information.
Mais de 800 milhões de pessoas passam fome hoje no mundo. A situação é ainda mais dramática entre a população refugiada. Com o objetivo de potencializar a distribuição de alimentos em diversos países, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) lançou a campanha #ComidaPraViagem . Em entrevista ao Conexão Senado, Samantha Federici, chefe do escritório de parcerias com o setor privado do ACNUR Brasil, fala sobre a campanha, que permite facilitar o engajamento público no combate à fome, a partir do apoio financeiro e alimentos, e explica como cada cidadão pode participar.
De acordo com o mais recente balanço do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, divulgado na passada segunda-feira, quase 5.600 civis ucranianos morreram e quase 7.900 ficaram feridos como resultado da invasão russa.
Números foram apurados pela organização Save The Children. Entre 24 de fevereiro e 10 de agosto, “pelo menos” 942 crianças sofreram o impacto da guerra, com 356 mortos e 586 feridos nesta faixa etária, de acordo com dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Esta semana, as atenções estiveram centradas no norte de Moçambique que voltou a ser palco de novos ataques. Durante uma visita de trabalho à província de Cabo Delgado, o chefe de Estado Filipe Nyusi pediu ao exército para continuar a lutar contra os terroristas. A nova vaga de ataques está a semear o terror e a fuga massiva da população, o Instituto Nacional de Gestão de Risco de Desastres, em Cabo Delgado, confirmou a chegada de novos deslocados à cidade de Pemba. Esta sexta-feira, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, em Moçambique, admitiu que a insegurança está a impedir a assistência humanitária aos deslocados dos recentes ataques no sul da província de Cabo Delgado. Em Angola, o ministro da Agricultura e Pescas, António Francisco de Assis, admitiu que a escassez de cereais, acentuada pela invasão russa da Ucrânia, pode vir a ter um forte impacto na vida dos angolanos. A guerra na Ucrânia está também a afectar a economia cabo-verdiana, esta semana, o vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, afirmou que o país precisa de cerca de 80 milhões de euros para fazer face à situação de emergência, resultante da crise alimentar e energética. Em São Tomé, os sindicatos aceitaram a proposta do executivo que estabelece o complemento salarial que aumenta o rendimento dos trabalhadores para cerca de 100 euros, 2500 dobras, mas mantêm o pré-aviso de greve da próxima semana.
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns esteve reunida, nesta quarta-feira (01), com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos na América do Sul. O grupo fez apelo formal à ONU para que dê a devida atenção ao homicídio de Genivaldo de Jesus Santos durante abordagem da Polícia Rodoviária Federal, em Sergipe. Assim como para a morte de 23 pessoas na comunidade de Vila Cruzeiro, em ação da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal, no Rio de Janeiro.
Por cá, o noticiário agita-se em torno da recente polémica de refugiados ucranianos que foram recebidos na Câmara de Setúbal por um dirigente associativo ligado ao regime de Putin. A autarquia, liderada pela CDU, já declinou futuras colaborações. O SEF respondeu no dia seguinte à notícia, dizendo que não iria colaborar mais com aquela associação, enquanto houvesse dúvidas, e o Alto Comissariado das Migrações levou seis dias a comentar o sucedido para dizer que não tem como averiguar o que são associações pró-Putin ou não.
O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) informou na segunda-feira (02) que pelo menos 3.153 civis morreram e mais 3 mil ficaram feridos desde o início da invasão russa na Ucrânia.
Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) divulgou nesta quarta-feira (13) que pelo menos 1.892 civis foram mortos e 2.558 ficaram feridos desde que a guerra da Ucrânia começou, em fevereiro.
A edição de hoje do Programa Bem Viver (9) discute as ações internacionais de amparo e socorro para a população que está na Ucrânia durante a guerra, a partir de uma entrevista com o representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados no Brasil (Acnur), Luiz Fernando Godinho. Já são dois milhões de pessoas […] O post Programa Bem Viver discute situação dos refugiados da Ucrância apareceu primeiro em Rádio Brasil de Fato.
Na Guiné-Bissau, o executivo decidiu prolongar por mais quinze dias, a contar deste domingo, o estado de alerta em vigor no âmbito do combate à covid-19. Continua por exemplo a ser obrigatório o uso de máscara na via pública e nos locais fechados, mas por outro lado, é doravante possível participar em eventos culturais e políticos como comícios e reuniões, desde que sejam respeitadas as distâncias de segurança de um mínimo de um metro entre cada participante devidamente protegido com máscara. O país registou desde o começo da pandemia mais de 8 mil casos e cerca de 170 óbitos, as autoridades sanitárias estimando que a taxa de prevalência está situada em um pouco mais de 6%. Em entrevista recentemente concedida em Bissau à RFI, Plácido Cardoso, secretário do Alto-Comissariado para a covid-19 evocou o objectivo de se chegar aos 70% da população adulta com o quadro vacinal completo até ao final do ano, deu conta dos meios de tratamento e também de diagnóstico de que a população guineense dispõe actualmente. «A gestão clínica tem sido melhorada com a formação e equipamento dos diferentes centros de isolamento. Isso é um aspecto importante que vai em direcção ao nosso propósito de fazer da pandemia um meio de reforço do Sistema Nacional de Saúde» refere este responsável que por outro lado garante que «a disponibilização de oxigénio» para os casos mais graves «é maior do que em outros momentos» e que «quase todos os centros de tratamento têm à disposição botijas de oxigénio». Questionado sobre as consequências dos bloqueios que têm ocorrido no sector da saúde, Plácido Cardoso reconhece que «efectivamente tem tido um importante impacto na resposta à covid na Guiné-Bissau. Algumas vezes, tem faltado um ou outro técnico importante na assistência mas, têm-se desenvolvido intervenções alternativas para suprir essas faltas» com «médicos existentes no próprio país», este responsável recordando contudo que o país teve «assistência técnica recrutada por iniciativa da OMS» e que «em algum momento, houve o apoio das equipas médicas cubanas». No tocante às operações de vacinação, Plácido Cardoso refere que até ao final do ano passado se tinha chegado a uma taxa de imunização de 49% da população adulta, a meta sendo de chegar aos 70% até ao final de 2022. Este responsável não deixa contudo de reconhecer que algumas metas não foram atingidas, «porque o processo de vacinação começou um pouco tarde. Tivemos dificuldades não só na disponibilização das vacinas mas também na mobilização dos técnicos de saúde para essa actividade. Esperemos que as coisas se normalizem e que possamos atingir e ultrapassar as metas», conclui Plácido Cardoso.
A Torre Eiffel, símbolo da França no mundo, foi iluminada com as cores da bandeira da Ucrânia, a partir desta sexta-feira (25), em sinal de apoio à população do país do leste europeu após a ofensiva militar lançada por Moscou. A bandeira ucraniana também foi hasteada em várias prefeituras francesas e algumas cidades já se preparam para acolher refugiados. Como o Portão de Brandemburgo, em Berlim, ou o arco do Parque do Cinquentenário, em Bruxelas, a Torre Eiffel passa a se vestir durante a noite de azul e amarelo, as cores da bandeira da Ucrânia. O monumento parisiense, um dos mais visitados do mundo, mudou sua iluminação a pedido da prefeita da cidade, Anne Hidalgo, em “sinal de apoio à população ucraniana”, indicou a empresa Sete, que administra a torre. Durante o dia, várias prefeituras da França hastearam bandeiras da Ucrânia em suas fachadas. Foi o caso em Marselha, a segunda cidade do país, ou ainda Bordeaux, Toulouse, Lyon, Nancy e Lille. Manifestações populares estão previstas no fim de semana em sinal de solidariedade aos ucranianos. Protestos já foram registrados em Paris na quinta-feira (24), onde centenas de pessoas se reuniram diante da embaixada da Rússia. Cerca de 3 mil pessoas também se concentraram, no início da noite, na Place de la République, no centro da capital, empunhando bandeiras da Ucrânia e aos gritos de “Putin terrorista” e “solidariedade ao povo ucraniano”. Possível êxodo ucraniano Os franceses também já começam a se mobilizar para acolher os possíveis refugiados ucranianos. Na cidade de Lyon, terceira maior do pais, o prefeito Gregory Doucet, declarou nesta sexta-feira (25) que se prepara para acolher aqueles que deixarem a Ucrânia. A associação France Terre d'asile também se disse pronta para contribuir. “Estivemos presentes para acolher os afegãos [após a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão, no ano passado] e também estaremos presentes para os ucranianos”, declarou Delphine Rouilleault, representante da associação. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os refugiados, mais de 100 mil pessoas já abandonaram suas casas na Ucrânia desde o início dos bombardeios russos. Os Estados Unidos estimam que o número de refugiados saindo da Ucrânia pode chegar a 5 milhões. Além da França, outros países europeus se mostraram abertos a receber os refugiados. Polônia, Eslováquia, Romênia e até a Hungria, conhecida por sua política anti-imigração, anunciaram estar dispostos a acolher refugiados vindos da Ucrânia.
Sabia que, em todo o mundo, a cada 2 segundos uma pessoa é forçada a deslocar-se como resultado de um conflito ou perseguição? Este é um dos dados em destaque na mais recente conversa do podcast Igualmente que vem procurar desmistificar mitos e preconceitos relativamente a refugiados. Ao Rui Maria Pêgo, juntaram-se Sara Pimenta, Responsável do Programa de Empregabilidade para Refugiados da IKEA Portugal, Marta Gonçalves, Jornalista do Expresso, Tânia Marques do Alto Comissariado para as Migrações e Diaby da Associação de Refugiados de Portugal para debater esta temática e incentivar à criação de uma sociedade mais consciente e inclusiva.
A pesquisa foi desenvolvida pela Casa do Brasil de Lisboa e financiado pelo Alto Comissariado para as Migrações. O relatório aponta que 75,4% dos participantes foram vítimas de discursos de ódio.
A informação está no relatório “Discurso de Ódio e Imigração em Portugal”, baseado no questionário virtual respondido por 122 imigrantes residentes em todas as regiões do país. Desenvolvido pela Casa do Brasil de Lisboa e financiado pelo Alto Comissariado para as Migrações, por meio do Programa de Apoio ao Associativismo Imigrante (PAAI), o documento (Projeto #MigraMyths - Desmistificando a Imigração) foi lançado em Lisboa, nesta sexta-feira (28), numa sessão online. Fábia Belém, correspondente da RFI em Lisboa O relatório aponta que 75,4% dos participantes foram vítimas de discursos de ódio baseados em preconceitos e estereótipos sobre imigração ou por serem imigrantes em Portugal. “Isso afeta diretamente a vida das pessoas, em relação à saúde mental, trabalho, de relações pessoais, sociais”, sublinha Ana Paula Costa, autora do relatório e integrante da direção da Casa do Brasil de Lisboa. O documento revela, ainda, que a maioria das pessoas que responderam ao questionário é formada por brasileiros (66%), seguidos por outros imigrantes que se identificaram com uma ou com dupla nacionalidade: Brasil/Portugal (8,2%), Argentina (2,5%), Itália (2,5%), Chile (1,6%), Espanha (1,6%), Colômbia (0,8%), Cabo Verde (0,8%), Gâmbia (0,8%), Paquistão (0,8%), Moçambique (0,8%), Brasil/França (0,8%), Itália/Brasil (0,8%). Houve também portugueses (12,0%) que responderam ao questionário, porque “existem muitos portugueses ciganos, que sofrem discurso de ódio por serem portugueses ciganos. Existem muitos portugueses de origem africana. São portugueses, mas que sofrem discurso de ódio e sofrem xenofobia e preconceito por serem negros”, destaca Costa. No tocante à escolaridade, 91,8% dos participantes afirmaram ter ensino superior completo, 4,9% ensino superior incompleto e 3,3% disseram ter ensino médio completo. Quanto ao gênero, entre as pessoas que afirmaram terem sido vítimas de discursos de ódio, a maioria se identificou como do sexo feminino (58,2%). Xenofobia no dia a dia Pelos dados recolhidos, a maioria (73,7%) dos imigrantes que responderam ao questionário afirmou já ter sofrido algum episódio de xenofobia em Portugal. Já o ódio racial juntamente com a xenofobia (9,5%) aparecem em seguida, e o ódio racial sozinho (6,3%) ocupa o terceiro lugar. Ana Paula Costa realça que há imigrantes que “sofrem” todos os dias “até quase como uma penalização por terem feito essa escolha de migrar, e sofrem as consequências da xenofobia no dia a dia”. Redes sociais - terreno fértil para o discurso de ódio Quanto aos locais onde os imigrantes sofreram discursos de ódio, os serviços privados, como comércio e bancos aparecem no topo da lista (27,5%), seguidos de escolas e universidades (26,3%), de repartições e serviços públicos (22,5%), do ambiente de trabalho (17,5%) e da rua (17,5%). No entanto, quando perguntados quais locais onde mais perceberam a existência de discursos de ódio, os participantes apontaram as redes sociais, como Facebook, Instagram, Twitter e outras (32,4%), seguidas de serviços públicos (20,9%), instituições de ensino (19,6%), comércio, bancos e outros serviços privados (13,5%), televisão, rádio, jornais e outros (11,8%), além do ambiente de trabalho, da rua (1,8%). Ao comentar o terreno fértil que os discursos de ódio encontram na internet, a autora do relatório chama a atenção para os discursos de extrema direita ou de direita radical, que mobilizam, por meio das redes sociais e fora delas, “inimigos específicos” para, segundo Ana Paula, poder atacar. “Por exemplo, quando as pessoas vêem um líder político ou uma pessoa influente atacar uma comunidade específica ou atacar a comunidade imigrante, elas podem se sentir autorizadas a atacar no seu dia a dia, na sua própria rede social”, salienta. A maioria das vítimas não denuncia Os dados também mostram que, dos imigrantes que responderam às perguntas do questionário, a maioria (86,4%) não denunciou às autoridades competentes os casos de discursos de ódio dos quais foram vítimas. A autora do relatório ressalta que o silêncio pode estar relacionado a alguns fatores, como o medo por estarem em situação irregular e acham que caso busquem a polícia serão expulsos do país, o que “não acontece”, afirma. Por outro lado, explica Ana Paula Costa, as pessoas desconfiam das instituições “acham que, se denunciarem, não vai acontecer nada. E, de fato, muitas vezes não acontece”. Ela também chama a atenção para o fato de não existir uma legislação específica para punição do discurso de ódio. “Não é um problema só de Portugal. Isso é um problema de vários países da Europa”. Onde denunciar casos de discursos de ódio em Portugal De acordo com Costa, as denúncias podem ser levadas diretamente à Polícia de Segurança Pública, à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR), como também a associações que podem oferecer informações e apoio as vítimas, como a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) e a Casa do Brasil de Lisboa. Para combater o discurso de ódio, o relatório, por fim, propõe a implementação de políticas públicas. “Uma das necessidades, por exemplo, é criar uma legislação que seja eficaz e que funcione, e que combata o discurso de ódio. Por outro lado, fortalecer essas instituições que são responsáveis pelas denúncias, por receber essas denúncias. Isso é muito importante, isso é política pública.”
Decisão atende a um pedido do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
Como qualificar um regime ditatorial que coloca minorias étnicas em campos de concentração e chega ao ponto de extrair órgãos desses prisioneiros? Isto vem acontecendo na China, de acordo com uma nota publicada pelo Escritório do Alto Comissariado para Direitos Humanos da ONU. No Brasil, o Rio de Janeiro continua sendo palco de ações violentas de traficantes de drogas e milicianos. E como estão as pesquisas de intenção de voto para presidente em 2022? Há espaço para uma terceira via? --------------------------------------------------------------------------- Tenha acesso a conteúdos exclusivos! Assine: bit.ly/2t5mxEe Escolha seu app favorito e receba uma seleção com as principais notícias do dia ou da semana no seu celular: leia.gp/2MTnyrS Acompanhe a editoria Ideias nas redes sociais: Facebook: www.facebook.com/ideiasgazetadopovo/ Twitter: twitter.com/ideias_gp Canal no Telegram: t.me/ideiasgazetadopovo
A atualidade ficou marcada por novos ataques em Cabo Delgado. Existem testemunhos de várias pessoas que estão a fugir de Palma, conforme nos deu conta Margarida Loureiro, Chefe do Alto Comissariado da ONU para os refugiados em Cabo Delgado. A Renamo, principal partido da oposição, já reagiu aos ataques. "As situações criminosas de Cabo Delgado tornam a vida das nossas populações cada vez mais difíceis. Estamos a identificar estratégias militares capazes de meter o inimigo à defensiva", defendeu Mariano Nhongo, líder da Renamo. Estes ataques acontecem numa altura em que foi anunciado que uma força militar conjunta da SADC vai ser enviada para combater o terrorismo. A novidade foi tornada pública no final da cimeira dos chefes de estado e de governo dos países das comunidades de desenvolvimento da África Austral que teve lugar em Maputo. Ainda a realçar, Moçambique comemorou esta sexta-feira, 46 anos de independência. Em Angola, o presidente João Lourenço viajou até Nova Iorque para participar numa reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas sobre a crise político militar da República Centro Africana e pediu o fim do embargo de armas ao Governo da RCA. O Ministério Angolano da Indústria e Comércio organiza desde esta sexta-feira e até hoje o 1º Congresso Internacional da Mandioca. O governo pretende desenvolver a cultura deste tubérculo em Angola. Na Guiné-Bissau, o ex-presidente do Tribunal Supremo de Justiça está impedido de sair do país, suspeito de má gestão. Paulo Sanhá foi ouvido pelo Ministério Público que lhe aplicou as medidas de coação. Ainda na Guiné-Bissau, deu-se esta semana o início da exportação do principal produto estratégico, a castanha de cajú. Em São Tomé e Príncipe, o parlamento tem estado auscultar diversos segmentos da sociedade para aprovar uma lei que endureça a penalização do consumo exagerado de álcool. Por sua vez, em Cabo Verde, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, manifestou-se satisfeito com a decisão do governo alemão em baixar a classificação de Covid-19, de área de alta incidência para risco baixo. Na Etiópia, mais de 38 milhões de pessoas foram chamados às urnas na segunda-feira no âmbito das eleições legislativas e regionais que funcionam como teste para o primeiro-ministro Abiy Ahmed. Uma parte dos distritos do pais não participou nas eleições, nomeadamente, Tigré, devido à insegurança no pais.
Um estudo apresentado pelo Alto-Comissariado para as Migrações, datado de 2017, calcula que existam cerca de 40 mil indivíduos ciganos em Portugal. As tradições da comunidade estão ainda muito presentes em Portugal. Para que consigam preservar uma cultura tão antiga é necessário que a consigam equilibrar com a conduta da sociedade maioritária, sem esquecer a defesa dos valores que a caracterizam. Neste P24 ouvimos um excerto do Repórter 360 sobre a comunidade cigana.
Notícias e informações sobre as ações da ACNUR no mundo.
Um estudo apresentado pelo Alto-Comissariado para as Migrações em 2017 calcula que existem cerca de 40 mil pessoas ciganas em Portugal. As tradições da comunidade estão ainda muito presentes. Para que consigam preservar uma cultura tão antiga, é necessário que a consigam equilibrar com a conduta da sociedade maioritária, sem esquecer a defesa dos valores que a caracterizam.Neste episódio do Repórter 360, produzido pela ESCS FM, a rádio da Escola Superior da Comunicação Social, em parceria com o PÚBLICO, João Pedro Morais, Mário Costa e Raquel Aguiar falaram com alguns membros de comunidades ciganas que nos traçam o caminho feito ao longo das últimas décadas e o caminho que se segue no futuro.O programa Repórter 360 faz parte da rede de podcasts associados do PÚBLICO, entre os quais estão Histórias de Portugal, 45 Graus e O Fred e a Inês falam de coisas.Subscreve o Repórter 360 no Spotify, na Apple Podcasts ou noutras aplicações para podcast.
Moçambique: Alto Comissariado da ONU para os Refugiados – ACNUR - está no terreno em Cabo Delgado e queixa-se de falta de fundos. Prossegue o julgamento por difamação do edil de Quelimane, Manuel de Araújo. Angola: Histórico partido angolano Frente Nacional para a Liberação de Angola – FNLA - prepara congresso, no meio de uma crise interna que dura há vinte anos.
Cerca de 65% dos projetos para criação de negócios acompanhados pelo Alto Comissariado para as Migrações (ACM), de janeiro a dezembro do ano passado, foram feitos por brasileiros, sendo a grande maioria deles (em torno de 75%) por mulheres. Fábia Belém, de Lisboa Além de revelar que as mulheres passaram a ser o público que mais concretiza os seus planos de negócio em Portugal, o Alto Comissariado para as Migrações também chama atenção para a tendência de crescente digitalização dos projetos de empreendedorismo. A brasileira Carol Palombini conhece bem esse modelo de empreendimento. “Eu faço coisas presenciais também, mas a base toda [do meu trabalho] é virtual”, explica a carioca. Segundo ela, “quem quer mobilidade, investir num negócio digital é interessante”. Quando morava no Rio de Janeiro, Carol tinha uma consultoria estratégica em gestão de pessoas e coaching de executivos e líderes. Em agosto de 2018, ela se mudou para Portugal e chegou com a ideia de continuar com o trabalho que fazia no Brasil. “Nesse sentido, Portugal se torna estratégico porque eu consigo ter um custo de vida mais baixo. Então, consigo ter preços bem competitivos, e atender a Europa como um todo porque a minha consultoria eu posso fazer online; já faço online desde 2017”, explica. Diferenças culturais No começo, fazendo o trabalho remoto, Palombini continuou a atender os clientes que já tinha no Brasil. Em julho do ano passado, ela formalizou a empresa em Portugal e expandiu o que fazia, dando consultoria a pessoas de outras nacionalidades, como portugueses, cabo-verdianos, suíços, ingleses e irlandeses. “Estou conseguindo fazer uma consultoria bem internacional. É uma coisa muito interessante, inclusive, trabalhar com essas diferenças culturais”, ressalta. Carol Palombini reconheceu que muitos dos conhecimentos que tinha não poderiam ser aplicados fora do Brasil e entendeu que era preciso adequar a consultoria aos novos clientes. “E as adaptações são, obviamente, culturais. Então, você querer entender a cultura do outro e se colocar nessa posição de questionar ‘como isso é na sua cultura? Faz sentido isso pra você assim?’”, sublinha a consultora e coach brasileira. Aprender a empreender Ex-estudante de Direito, Franciane Amoedo chegou a Portugal em dezembro de 2016. Veio sem planos para empreender, mas não demorou muito para mudar de ideia. “Eu não vim pra Portugal para empreender, mas Portugal me fez empreender e aprender a empreender também. Eu tinha que fazer qualquer coisa, tendo acabado de ter um filho”, lembra. Franciane começou revendendo enxovais para berço que ela importava da Polônia. Quando as clientes começaram a buscar peças personalizadas, a carioca aprendeu a costurar e, mais tarde, passou a vender só enxovais sob medida que ela mesma produzia: kit berço, almofada de amamentação, trocadores, rede de bebê, “toda essa parte têxtil para o quarto de criança, eu produzo”. Ser grande Aberta em 2019, a loja virtual passou a dar lucro, e a máquina de costura doméstica foi substituída por uma industrial. Nos melhores meses, como janeiro, por exemplo, Amoedo faz até dez vendas. O valor de um enxoval pode variar entre 89 euros (R$ 580 reais) e 250 euros (cerca de R$ 1.650). Quem compra são brasileiras e portuguesas residentes em terras lusas, mas a empreendedora já se prepara para ampliar o negócio para outros países da União Europeia. Para fazer crescer o empreendimento, Franciane já se inscreveu em programas para “ter investimentos”. Nos planos, estão montar um ateliê ou uma fábrica e contratar mães que perderam seus empregos, a fim de que os produtos mantenham a ideia original “de mãe pra mãe”, explica. “A meta agora é expandir, é ser grande”, avisa Amoedo. Alto Comissariado para as Migrações O Alto Comissariado para as Migrações (ACM) é um instituto público português, que atua na execução das políticas públicas relacionadas às migrações. Por meio do seu Gabinete de Apoio ao Empreendedor Migrante (GAEM), conseguiu acompanhar mais de 1 mil projetos entre 2015 e 2020. Atrás dos brasileiros, que formam a maioria (65%) no que diz respeito ao número de projetos acompanhados pelo ACM ao longo do ano passado, estão colombianos (12%), luso-venezuelanos (9%), portugueses (9%), e imigrantes da Argentina (3%), de Bangladesh (3%), do Chile (3%) e do Nepal (3%).
Anabela Mota Ribeiro traz-nos Os Filhos da Madrugada. Entrevistas a homens e mulheres, nascidos e criados em democracia. Diferentes sensibilidades políticas. De diferentes áreas de trabalho e geografias. Um retrato concreto, particular do quotidiano do Portugal que hoje somos, 47 anos depois da revolução. Entrevista com José Reis. Nasceu em 1977 e tem raízes cabo-verdianas. Durante anos a sua vida foi dedicada ao kickboxing. Trabalha na Alto Comissariado para as Migrações. As palavras pulmão-músculo-coração deste atleta são: reinserção, integração, combate ao racismo e à discriminação. É jurista e fez uma pós-graduação em criminologia. Tem trabalhado na promoção da integração de crianças e jovens de bairros carenciados, em particular através do desporto.
Neste episódio, os Peritos Criminais Eduardo Lima Silva e Cleber Muller entrevistaram Sami Abder Rahim Jbara El Jundi, Perito Criminal do Instituto-Geral de Perícias, do Rio Grande do Sul (IGP-RS) e ex-Perito Médico Legista do IGP-RS; Médico; Especialista em Clínica Médica e Medicina Legal e Perícia Médica; Certificado em Dor-Algiologia Médica, com Pós-Graduação em Tratamento da Dor e Medicina Paliativa pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),; Pós-Graduado em Toxicologia Forense pela FEEVALE e University of Florida (USA); Mestre em Medicina Forense pela Universitat de Valencia (Espanha); e Especialista em Direito Médico. Professor de Criminalística, Medicina Legal e Psicopatologia Criminal e Professor do Programa de Pós-Graduação em Direito Penal e Política Criminal da Faculdade de Direito da UFRGS; Professor convidado do Master em Medicina Forense da Universitat de Valencia. Atualmente também é Patologista Forense do Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU. Membro do Conselho Editorial da Revista Perspectivas da Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas (ABMLPM); Revisor da Revista Bioética do Conselho Federal de Medicina (CFM); e Presidente da Academia de Valoración del Daño Corporal del Mercosur, já tendo atuado como Perito Independente do Comitê Estadual de Combate à Tortura do RS, da Procuradoria de Defesa dos Direitos do Cidadão do MPF-RS, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República e do Programa de Apoio aos Direitos Humanos da União Europeia na América Latina. Na conversa, foram incluídos temas como a trajetória profissional como Médico Legista e Perito Criminal; a atuação no Peru no Caso da Queda de Torcedor no Fosso do Estádio Monumental de Lima e participação no julgamento; a exumação do ex-Presidente João Goulart, o Jango; o Caso Yoki e a defesa de Elize Matsunaga; dicas de livros de Medicina Legal e eventos internacionais de Ciências Forenses; e a experiência recente de 7 meses no Congo, como Patologista Forense do Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU . Curte aí e também aproveite as inovações que trouxemos esse ano. No canal Unboxing CSI - https://www.youtube.com/channel/UCK_8DYfDx6lbSAH28I0-X7w - e na página ForensiCast - https://www.facebook.com/ForensiCast-Podcast-da-Per%C3%ADcia-Brasileira- 106331421061367 - você assiste a gravação na íntegra do podcast em vídeo. foram incluídos temas como a carreira como Perito Criminal e como Gestor; o modelo de Autonomia da Perícia no Estado do Pará; o uso da tecnologia no combate a Crimes Ambientais; Satélites, Drones e Inteligência Artificial; e Isotopometria Forense. Curte aí e também aproveite as inovações que trouxemos esse ano. No canal Unboxing CSI - https://www.youtube.com/channel/UCK_8DYfDx6lbSAH28I0-X7w - e na página ForensiCast - https://www.facebook.com/ForensiCast-Podcast-da-Per%C3%ADcia-Brasileira- 106331421061367 - você assiste a gravação na íntegra do podcast em vídeo. foram incluídos temas como a carreira como Perito Criminal e como Gestor; o modelo de Autonomia da Perícia no Estado do Pará; o uso da tecnologia no combate a Crimes Ambientais; Satélites, Drones e Inteligência Artificial; e Isotopometria Forense. Curte aí e também aproveite as inovações que trouxemos esse ano. No canal Unboxing CSI - https://www.youtube.com/channel/UCK_8DYfDx6lbSAH28I0-X7w - e na página ForensiCast - https://www.facebook.com/ForensiCast-Podcast-da-Per%C3%ADcia-Brasileira- 106331421061367 - você assiste a gravação na íntegra do podcast em vídeo.
João Alberto Silveira Freitas foi morto por dois seguranças privados de uma empresa terceirizada que atende a uma loja do Carrefour, em Porto Alegre. Uma história terrível, mas não inédita. São muitos os casos de violência por agentes privados de segurança, a serviço de grandes corporações de áreas como mercados e bancos, sobretudo contra cidadãos negros. O que se repete também é a lógica de poucas e brandas punições aos agressores. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Sheila de Carvalho, advogada da Uneafro Brasil, coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP e fellow do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, e André Zanetic, cientista político especialista em dados e estatística do programa Fazendo Justiça. André explica a gênese da indústria da segurança privada na ditadura militar, detalha os limites da atuação de policiais no setor e informa os números do mercado de segurança clandestina no Brasil. Sheila analisa a relação entre a violência dos agentes e a raça das vítimas e o impacto destes eventos na imagem e no lucro das empresas. Ela indica o que pode ser feito para que casos como este não se repitam, mas sentencia: "quanto tempo vai levar para termos um próximo Beto, provavelmente, não muito."
Um grupo de mulheres brasileiras residentes em Portugal resolveu dar voz a centenas de outras conterrâneas que também vivem no país. No projeto “Brasileiras não se calam”, as vítimas relatam situações de assédio e xenofobia que já enfrentaram e querem ajudar a acabar com os estereótipos que ainda recaem sobre a mulher brasileira no exterior. Caroline Ribeiro, correspondente em Lisboa Era um jantar em família para celebrar o aniversário da sogra. Alice* estendia a mão sobre a mesa para pegar a salada quando sentiu alguém segurar o braço dela. “O tio do meu marido simplesmente morde meu braço, com tanta força que eu cheguei a ficar com o braço roxo. Ele vira pra mim e diz: ‘és boa!’. Fiquei sem reação, travei. Muita gente pergunta ‘e o marido?’. Ele não estava perto nessa hora", conta Alice à RFI Brasil. "Como é que uma pessoa me morde com força e o que a faz pensar que ela podia fazer isso comigo, se nunca dei intimidade?” O depoimento é apenas um entre centenas que já estão publicados nos perfis nas redes sociais do projeto “Brasileiras não se calam”. Em pouco mais de um mês de existência, a iniciativa já conta com mais de 21 mil seguidores no Instagram e vem sendo destaque na imprensa portuguesa. A ideia nasceu depois de situações explícitas de discriminação contra a mulher brasileira em rede nacional. Durante uma conversa em grupo no programa Big Brother Portugal, sobre mulheres em geral, uma confinada soltou: “a brasileira já nasce com a perna aberta, é assim a vida”. Antes disso, uma outra confinada já tinha se referido diretamente ao comportamento da participante do Brasil, Ana Catharina, com o mesmo tipo de comentário: “como é possível depois de dois dias abrir as pernas?”. “Depois desse caso, a gente realmente achou que era uma coisa que tinha que ser falada, porque acaba sendo muito normalizado pela população, a ponto de uma pessoa se sentir confortável para falar esse tipo de coisa em um programa, sabendo que iam ter outras pessoas escutando. Não pode continuar do jeito que está, principalmente em Portugal, que tem uma comunidade tão grande de brasileiros”, diz Maria*, uma das criadoras do projeto. “Isso sempre incomodou, só que a gente foi normalizando, porque a gente vai para um país estrangeiro, muitas vezes não quer nenhum tipo de envolvimento com a justiça, tenta minimizar, dizer que é besteira, e não temos espaço para comentar nem com as amigas”, complementa Maria. Foi o medo de denunciar formalmente que fez com que Paula* deixasse de lado a agressão física que sofreu junto com outras amigas. A jovem estava no miradouro de Santa Catarina, um famoso ponto turístico de Lisboa, quando o grupo começou a ser incomodado por um homem. “Um cara vinha passando e falando um monte de besteira, olhando para minha amiga, ‘nossa, que gostosa’. Aí eu falei para os nossos amigos, que estavam em pé, ‘gente, fica mais pra cá, que esse cara tá passando aqui toda hora incomodando a gente’. Aí esse cara ouviu. Ele veio numa raiva pra cima de mim falando ‘sou eu que mando nessa porra, te dou um soco agora’. Aí eu disse: ‘estou falando com meus amigos, que você está incomodando’. Ele ficou mais ofendido ainda e me deu um chute. Fiquei com um machucado em que sinto dor até hoje”, conta Paula à RFI Brasil. Depois de muita confusão, o grupo da jovem conseguiu dispersar o do agressor, que deixou o local. “A gente ficou sem saber o que fazer, porque ele ameaçou nossos amigos e a gente não quis ir na delegacia com medo do que pudesse acontecer. Mas depois vi um carro de polícia e fui, muito nervosa, falar o que aconteceu. Disseram que não podiam fazer nada, porque o cara não estava mais lá.” No entanto, o medo de denunciar pode estar, aos poucos, sendo superado. Dados da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial, braço do Alto Comissariado para as Migrações do governo português, mostram que houve aumento de 26% no número de denúncias feitas em 2019, em comparação com 2018 – uma tendência que vem se mantendo pelos últimos seis anos. Ainda de acordo com a Comissão, 17% dos denunciantes dizem terem sido discriminados por serem de nacionalidade brasileira. É o terceiro fator no ranking, atrás apenas das vítimas de etnia cigana e das de pele negra. No caso específico das mulheres brasileiras, tanto as criadoras do projeto quanto as vítimas que compartilham os depoimentos acreditam que os estereótipos, para além dos que recaem em geral sobre a comunidade imigrante do Brasil, estão longe de ser extintos. “Pelo contrário, eu acho que, de uns tempos pra cá, as coisas estão só aumentando. Desde quando você precisa de um atendimento médico, até um sorriso que você dá para uma criança em um supermercado. Inconscientemente estou criando uma barreira, me anulando, para não passar por esse tipo de situação. Quando preciso procurar um médico, já fico ansiosa”, conta Alice. No ano passado, ela precisou operar um dos joelhos. No momento da preparação, ouviu do anestesista algo que não estava relacionado ao procedimento: “você vai ter que ficar três meses sem sexo”. “O que faz uma pessoa tomar esse tipo de liberdade?”, questiona Alice. Residente em Portugal há 11 anos, ela conta que só hoje, depois de começar a fazer terapia, tem conseguido “falar sem chorar” sobre as situações que já enfrentou. “Quando você vai percebendo que aquilo está no seu cotidiano, você entra em choque e não consegue reagir. Foram inúmeras situações ao longo desses anos que eu passei. São feridas abertas na minha vida, e através do perfil foi a primeira vez que eu senti que eu tenho voz.” Depois de receber tantos relatos, que começaram a chegar até de fora de Portugal, os perfis do “Brasileiras não se calam” evoluíram para um site completo, com campo para compartilhamento de depoimentos e ofertas de ajuda. O objetivo é criar uma rede de apoio em diversos setores para brasileiras expatriadas. “No começo, como a página era voltada para as denúncias, surgiu a questão do apoio jurídico. Depois a gente foi vendo também que tinham muitas mulheres fragilizadas, com ansiedade, crise de pânico, depressão, e aí veio a questão do apoio psicológico também. Muitas que acabaram perdendo o emprego por causa de assédio, ou até nem conseguiram por causa do sotaque, e essa foi outra demanda que nós vimos. Então vamos tentar divulgar essas profissionais”, conta a fundadora Maria. *Os nomes foram alterados para preservar as identidades das entrevistadas. Desde o início do projeto, os perfis “Brasileiras não se calam” recebem, diariamente, comentários discriminatórios, alguns ameaçadores, que estão sendo encaminhados para a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) e denunciados às próprias redes sociais
“#Migramithys” é o nome do projeto lançado há cerca de um mês pela Casa do Brasil de Lisboa, associação sem fins lucrativos que se dedica à integração dos migrantes de todas as nacionalidades que chegam a Portugal. A iniciativa é financiada pelo Programa de Apoio ao Associativismo Imigrante, que é gerido pelo Alto Comissariado para as Migrações. A ideia é combater fake news, mitos e estereótipos relacionados à imigração. Correspondente da RFI em Lisboa Segundo Ana Paula Costa, que faz parte da direção da Casa do Brasil de Lisboa e é uma das responsáveis pelo projeto, “o estereótipo da mulher brasileira aqui em Portugal está muito vinculado e construído a partir da sexualização do corpo da mulher”. Ela também ressalta que esse estereótipo está associado “a impressões e ainda a rótulos baseados na colonização e na imagem que o Brasil exportou da mulher brasileira aqui em Portugal”. “É muito importante a gente também falar de como os estereótipos contribuem para a construção dessas fake news, que são disseminadas no contexto das redes sociais e da internet de forma geral”, sublinha a capixaba Ana Paula, que mora há quase quatro anos em terras lusas e faz doutorado em Ciência Política na Universidade Nova de Lisboa. Campanha nas redes sociais A primeira etapa do #Migramyths consiste numa campanha de sensibilização nas redes sociais, usando evidências e informações de fontes confiáveis no combate às fake news, aos mitos e estereótipos relacionados à imigração. Para isso, este mês, o projeto vai intensificar o emprego de um material diverso: cartazes, vídeos, depoimentos de imigrantes, contribuições positivas da imigração e divulgação de histórias de vida das pessoas imigrantes em Portugal. “Tudo vai ser disseminado online a partir do Instagram e do Facebook do Migramith. É importante que nos apropriemos dessas redes para podermos propagar informações que são verdadeiras, que são reais”, destaca Ana Paula Costa. Tertúlias Até outubro, a Casa do Brasil de Lisboa dará início à segunda etapa do projeto, por meio de um ciclo de tertúlias - reuniões que, dependendo da situação da pandemia de Covid - 19, poderão ser presenciais ou virtuais. O propósito é debater os assuntos relacionados à imigração, inclusive com a divulgação de estudos, trabalhos acadêmicos e pesquisas científicas. “E temos expectativa que o projeto, sim, contribua para que as pessoas migrantes possam ter igualdade de oportunidades, possam conseguir se estabelecer de forma digna e não passar por nenhum tipo de preconceito, de xenofobia”, salienta Costa. Contribuições positivas da imigração Para João Peixoto, professor catedrático no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa e investigador no Centro de Investigação em Sociologia Econômica e das Organizações da mesma instituição, “há muitas populações europeias receosas da imigração, que admitem que há demasiados estrangeiros na Europa, e há outras mais receptivas”. “Eu acho que o fato de vivermos numa situação de grande incerteza, de crises econômicas, agora de pandemia ajuda a explicar a divisão”, avalia. O professor João Peixoto tem se dedicado aos estudos das migrações internacionais - uma das suas principais áreas de investigação. Ele explica que, ao avaliar as diferentes dimensões da imigração estrangeira para Portugal e, em particular, da brasileira, encontra contribuições positivas. “Estamos certamente a falar de alguma coisa que tem resolvido problemas, tem contribuído para a modernização da economia e da sociedade portuguesa, tem contribuído também para o rejuvenescimento da população portuguesa, que está muito envelhecida. A imigração tem tido um contributo claramente positivo para a sociedade e para a economia portuguesa”. De acordo com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, há 590.348 imigrantes vivendo legalmente em Portugal. Os brasileiros representam quase 25,6% desse número. Ou seja, pouco mais de 150 mil.
A agenda das Nações Unidas tem incorporado as epistemologias do Sul na luta antirracista ? Conversamos com Sheila de Carvalho, coordenadora de Direitos Humanos no Instituto Ethos e Coordenadora do Núcleo de Violência Institutitucional da Comissão de Direitos humanos OAB, sobre o modo como o movimento de direitos humanos precisa se repensar a partir do Sul Global, incorporando a narrativa das pessoas diretamente afetadas por violações de direitos e construindo de modo coletivo suas ações. Sheila, que participou em 2019 do Fellowship Programme for people of African descent no Alto Comissariado para Direitos Humanos da ONU, também refletiu sobre as dificuldades para atuação efetiva no combate à tortura e ao racismo institucional na interface com as empresas privadas. Nesse episódio, discutimos texto "8 Ways People of Color are Tokenized in Nonprofits", que dialoga diretamente com temas abordados na entrevista, como a instrumentalização das pessoas não brancas no ambiente de trabalho. Referências do episódio: Helen Kim Hu. "8 Ways People of Color are Tokenized in Nonprofits" - http://bit.ly/3blRDsB Jody Williams. Mulheres, armas, paz e segurança - http://bit.ly/tdh13armas Maya Angelou. "Eu sei por que o pássaro canta na gaiola" Ailton Krenak, "Ideias para adiar o fim do mundo"Créditos:Realização: Luísa Luz de Souza, Raquel da Cruz Lima e Surrailly Fernandes YoussefVinheta: Marcos de Sá Nascimento (composição, piano e acordeon), Wladimir Catunda (bateria)Edição: Nativa Multimidia - https://nativamultimidia.com.brFoto da vitrine: Olabi MakerspaceAgradecimentos:Jefferson NascimentoLambda3
Presidente do Chile é processado por crimes contra a humanidade após violência em protestos Manifestações deixaram 20 mortos e milhares de feridos. Há relatos de homicídios, torturas, restrições ilegítimas e abuso sexual. Sebastián Piñera diz que 'não tem nada a esconder'. Um tribunal chileno acolheu uma ação movida contra o presidente Sebastián Piñera por responsabilidade em supostos crimes contra a humanidade que ocorreram durante os protestos no Chile. As manifestações deixaram 20 mortos – cinco deles por ação direta de agentes de Estado. A ação foi movida contra o presidente pela "responsabilidade que lhe cabe, como autor, como chefe de Estado e de todos os que resultem responsáveis como autores, encobridores e/ou cúmplices de crime contra a humanidade", destacou o documento apresentado em um tribunal em Santiago por advogados representando organizações de direitos humanos. "Admite-se a tramitação da ação interposta; remete-se ao Ministério Público", para que se inicie uma investigação, indicou a resolução do juiz Patricio Álvarez, que iniciará agora a tramitação da ação judicial. A ação afirma que a Polícia e os militares cometeram pelo menos nove delitos – entre eles homicídios, torturas, restrições ilegítimas e abuso sexual – desde sexta-feira, 18 de outubro, quando o surto social começou e o presidente Piñera estabeleceu o estado de emergência, no qual entregou o controle da segurança de Santiago e outras cidades ao exército. Os protestos deixaram 20 mortos, cinco deles por ação direta de agentes do Estado. O Instituto Nacional de Direitos Humanos contabilizaram até esta quarta-feira 1.778 feridos e cerca de 5 mil detidos. Piñera: 'não há nada a esconder' Do lado do governo, o presidente Sebastián Piñera garantiu que não há "nada a esconder" diante das queixas de excessos na repressão policial que se multiplicaram nessas semanas. "Estabelecemos total transparência nos dados (sobre a violência policial), porque não temos nada a esconder." O Ministério Público informou que 14 policiais serão acusados de "tortura" contra duas pessoas, uma delas menor de idade, durante o estado de emergência decretado por Sebastián Piñera e em vigor nos primeiros nove dias de protestos. O presidente disse que, com a mesma contundência, serão punidos os manifestantes que causaram distúrbios violentos, saquearam e danificaram mais de 70 estações de metrô no meio dos protestos, e que isso será feito com "qualquer excesso que tenha sido cometido" no uso da força. O Instituto Nacional de Direitos Humanos (NHRI) entrou com 181 ações legais por homicídio, tortura e violência sexual supostamente cometidas por policiais e militares. Enquanto isso, a Faculdade de Medicina informou que foram registradas mais de cem lesões oculares em manifestantes pelo uso de balas de borracha. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) anunciou que fará uma visita ao país, juntando-se à missão do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que já está no Chile. Nesta quarta, várias organizações internacionais, incluindo a Organização Mundial contra a Tortura, chegaram ao país para investigar as denúncias de excessos na repressão aos protestos. Source: G1 --- Send in a voice message: https://anchor.fm/learnportugueseonline/message Support this podcast: https://anchor.fm/learnportugueseonline/support
ONG voltará a resgatar migrantes no mar Meditarrâneo ONG voltará a resgatar migrantes no mar Mediterrâneo do Interior e das Relações Exteriores de 15 países europeus em Paris para discutir como receber migrantes. A ONG SOS Mediterranée, em colaboração com Médicos Sem Fronteiras (MSF), retornou ao mar sete meses após a imobilização de seu navio Aquarius para socorrer os migrantes no Mediterrâneo, apesar da recusa dos portos europeus de aceitar navios humanitários. O navio Ocean Viking, com bandeira norueguesa, dirige-se desde 18 de julho "para o Mediterrâneo para liderar uma nova campanha de salvamento no Mediterrâneo central" - a rota marítima migratória mais mortífera -, anunciou a ONG em um comunicado. "O navio vai patrulhar o Mediterrâneo central, de onde vem o maior número de pedidos de ajuda, mas sem nunca entrar nas águas territoriais líbias", informou Frédéric Penard, diretor de operações da SOS Mediterranée. "Nossa presença no mar é para salvar vidas. Esperamos que os Estados nos entendam e se juntem a nós, porque não há outra solução", afirmou. Para ele, dizer que são as embarcações de salvamento que incitam as travessias é falso. "Mesmo sem os navios, as saídas continuam." Pelo menos 426 pessoas morreram tentando atravessar o Mar Mediterrâneo desde o início do ano, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM). O último naufrágio ao largo da costa da Tunísia causou 60 mortes. Depois de quase três anos no mar, o Aquarius, que resgatou 30 mil migrantes, teve que cessar suas atividades em dezembro de 2018, depois de ter sido privado de sua bandeira de Gibraltar e depois do Panamá. O Ocean Viking, de 69 metros de comprimento, foi construído em 1986 para a assistência a plataformas de petróleo. Mais de trinta pessoas estão a bordo. A capacidade de recepção não foi especificada. Cada dia no mar custa 14 mil euros, segundo a ONG, que pede doações. A nova campanha começará quase um mês após a detenção do Sea Watch 3, barco fretado pela ONG alemã Sea Watch, e de sua capitã Carola Rackete na Sicília, um aviso das autoridades italianas às embarcações humanitárias. A Itália denuncia que não há "partilha dos encargos" na União Europeia (UE), que a deixa sozinha na linha de frente da recepção dos migrantes. "Chega das decisões tomadas apenas em Paris e Berlim. A Itália não está mais disposta a aceitar todos os migrantes que chegam à Europa", declarou neste domingo (21) o ministro do Interior italiano, Matteo Salvini. A Europa parece incapaz de chegar a um acordo. Uma nova reunião de ministros do Interior e das Relações Exteriores de 15 países europeus está programada para segunda-feira (22) em Paris. Source: G1 --- Send in a voice message: https://anchor.fm/learnportugueseonline/message Support this podcast: https://anchor.fm/learnportugueseonline/support
Entrevista com Timóteo Macedo, realizada para a série "Aquilo é a Europa", onde podem ouvir-se excertos da conversa. Timóteo é fundador e presidente da Associação Solidariedade Imigrante (ou Solim), integrante do Conselho para as Migrações, tutelado pelo Alto Comissariado para as Migrações – o ACM e membro do Bloco de Esquerda. Desde a criação da União Europeia, enquanto as fronteiras internas caíam, uma Fortaleza externa foi-se erguendo. Na série "Aquilo é a Europa", falamos sobre os muros que a Europa construiu para que imigrantes e refugiados ficassem de fora. Ouve na tua aplicação de podcasts ou em https://fumaca.pt/category/series/aquilo-e-a-europa/ Support the show.
Quem disse que não tem podcast no Carnaval? E o tema não podia ser melhor, com Matheus de Carvalho Hernandez (UFGD) dando uma aula sobre Direitos Humanos, Sistema ONU, e todos os meandros e disputas políticas envolvendo o tema. Matheus é especialista no ACNUDH, Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos, nos conta a história e os dilemas do órgão, assim como dos Direitos Humanos em tempos de Trump. Ouve lá, e boa Quarta-Feira de Cinzas! The post Matheus Hernandez fala de ONU e Direitos Humanos appeared first on Chutando a Escada.
O 'Estadão Notícias' desta terça-feira, 13, analisa a crise humanitária causada pela entrada massiva de imigrantes e refugiados venezuelanos no Brasil pela fronteira em Roraima. Para falar sobre o assunto, o programa convida o oficial de informação pública do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Luiz Fernando Godinho. Ele aprova a intenção do governo federal de direcionar parte dos venezuelanos que estão em Roraima para outros estados brasileiros. Na entrevista, o porta-voz da ACNUR também trata da intolerância de brasileiros - e até de imigrantes - com os refugiados venezuelanos, que continuam chegando ao Brasil.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Quem disse que não tem podcast no Carnaval? E o tema não podia ser melhor, com Matheus de Carvalho Hernandez (UFGD) dando uma aula sobre Direitos Humanos, Sistema ONU, e todos os meandros e disputas políticas envolvendo o tema. Matheus é especialista no ACNUDH, Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos, nos conta a história e os dilemas do órgão, assim como dos Direitos Humanos em tempos de Trump. Ouve lá, e boa Quarta-Feira de Cinzas! The post Matheus Hernandez fala de ONU e Direitos Humanos appeared first on Chutando a Escada.
O ano de 2015 foi marcado pela expansão do terror do grupo Estado Islâmico, com atentados sem precedentes na França e pelo mundo, e pela grave crise migratória na Europa, a maior desde a Segunda Guerra Mundial. Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, o número de refugiados e deslocados no mundo bateu recorde, ultrapasando 60 milhões de pessoas. Outros destaques de 2015 foram as mudanças climáticas, as novas forças políticas na América do Sul e a tensão racial nos Estados Unidos. Boa leitura! 2015. Ano marcado pela expansão do terror do grupo Estado Islâmico. Paris, 7 de janeiro. Os irmãos Kouachi invadem o jornal satírico Charlie Hebdo e abrem fogo. Doze mortos. Na fuga, um policial é executado friamente. Nos dois dias seguintes, outro jihadista mata uma policial e outras quatro pessoas no supermercado judaico Hyper Casher. Em uma hashtag, “Je suis Charlie”, a solidariedade do mundo com a França. O presidente François Hollande pede união contra a barbárie. O governo francês evitou outros atentados, mas não o da sexta-feira 13 de novembro. 130 mortos. Vítimas de uma série de ataques coordenados, nunca visto antes na Cidade Luz. Uma bomba explodiu perto do Stade de France durante o jogo entre França e Alemanha. Bares e restaurantes de dois bairros boêmios foram alvos de ataques de homens armados. E o massacre na casa de shows Bataclan, durante o show de um grupo de heavy metal. Oitenta mortos, a maioria na faixa dos 30 anos. A França decreta estado de emergência. Proíbe manifestações públicas. Com a ajuda da Bélgica, caça os envolvidos. Em uma ação em Saint-Denis, periferia de Paris, elimina o suposto cérebro dos atentados: Abdelhamid Abbaoud. São muitos os jovens atraídos pela organização terrorista que em 2015 espalhou o horror e reivindicou ações em muitos outros países. Mais atentados pelo mundo Copenhague: um centro cultural que debatia sobre o islamismo e a liberdade de expressão foi atacado, além de uma sinagoga. Dois mortos. Dias depois, em Washington, 60 países discutiram meios de combater o jihadismo, que continuou a usar cenas chocantes como arma de propaganda. Também em fevereiro, o vídeo de um piloto jordaniano queimado vivo chocou o mundo. Em agosto, decapitação do ex-diretor de antiguidades da cidade síria de Palmira, destruída pelos ultrarradicais. A organização terrorista estendeu seus tentáculos também na África, aproveitando até o caos na Líbia. O continente é terreno fértil para o extremismo islâmico. Em julho, no Quênia, os ultrarradicais do Al Chabad sequestraram estudantes e mataram 147 pessoas no ataque à universidade de Ganissa. Na Nigéria, o Boko Haram espalhou terror e multiplicou ataques contra civis. Mas foram os ataques reivindicados pelo grupo Estado Islâmico dominaram o noticiário. Em junho na praia de Sussa, Tunísia, um jihadista com sua kalachinikov matou 39 pessoas, a maioria turistas britânicos.Entre outubro e novembro, as ações terroristas se multiplicaram. Em novembro, o Estado Islâmico reivindicou os ataques que mataram 43 pessoas no Líbano, e a queda do avião russo no deserto egípcio com 224 pessoas a bordo. Intervenção militar na Síria Alvo do terrorismo, a Rússia intensificou sua polêmica intervenção militar na Síria. Moscou e uma coalização internacional bombardeiam os redutos jihadistas na Síria e no Iraque, mas a falta de consenso sobre o futuro do presidente Bashar al-Assad empurra a guerra civil no país para seu quinto ano. A fuga de guerras levou milhares de sírios, afegãos, iraquianos e moradores de muitos países africanos a buscar o eldorado europeu. Com eles, a maior tragédia humanitária da Europa desde a Segunda Guerra Mundial, uma crise migratória sem precedentes. Primeiro, pelo Mar Mediterrâneo. Mas em embarcações improvisadas, milhares não chegaram ao destino sonhado... Grécia, Turquia, várias rotas marítimas testadas, sempre acompanhadas de tragédias. A foto do corpo do menino curdo Aylan, de três anos, no litoral da Turquia, simbolizou a impotência das autoridades diante do desespero dos migrantes. Os partidos de extrema-direita crescem em toda a Europa. Na França, a Frente Nacional cresceu e, por pouco, não venceu nas eleições regionais de dezembro. Diversas correntes políticas medem forçam na União Europeia. Em abril, a Grã-Bretanha reelegeu com folga o conservador David Cameron. Já a Grécia renovou o mandato do primeiro-ministro Alexis Tsipras, da esquerda radical Syriza. O país balançou, mas ficou na zona do euro, que em 2015 integrou a Lituânia, décimo nono do grupo. Na economia, a Europa deu sinais tímidos de recuperação. Já a China está com a mão no freio de seu crescimento enquanto os Estados Unidos, acelera sua influência. Em 5 de outubro assinou a criação da maior área de livre comércio do mundo. Tensão racial nos EUA O que o americano Barack Obama ainda não conseguiu foi mudar a legislação sobre o porte de armas. Até o início de dezembro, 352 tiroteiros, mais de 460 mortos. Em San Bernardino, um casal muçulmano abriu fogo contra um centro de assistência social. Em junho, a Igreja da comunidade negra de Charleston foi alvo de ataque. A tensão racial resiste. Morte de jovens negros por policias brancos em Charleston e Baltimore deram origem a protestos violentos. Por outro lado, os Estados Unidos protagonizaram um momento histórico de paz. Reaproximou-se de Cuba. Obama e o cubano Raúl Castro reataram relações diplomáticas rompidas há mais de 50 anos entre Washington e Havana. Embaixadas foram reabertas. Em 11 de abril, o presidente democrata decreta o fim da guerra fria. Com Cuba, a Cúpula das Américas em junho, no Panamá, foi histórica. Articular da aproximação entre os dois países, o Papa Francisco visitou Cuba e os Estados Unidos Em sua peregrinação pelo mundo, o carismático Francisco celebrou missa para 6 milhões de fiéis nas Filipinas, pregou a paz entre muçulmanos e cristãos na África e orou pelos pobres no Equador, Bolívia e Paraguai, em nova visita a uma América do Sul pontuada por crises e mudanças. Política na América do Sul Tabaré Vasques substituiu José Mujica no Uruguai. Maurício Macri pôs fim aos 12 anos de Kircherismo na Argentina, e o populismo chavista na Venezuela levou um duro golpe, ao perder as eleições legislativas de dezembro. Boas notícias vieram da Colômbia. Em setembro, governo e a guerrilha das Farc selaram um compromisso histórico para um acordo de paz definitivo. A paz com que sonham os colombianos se distanciou de israelenses e palestinos. Uma série de ataques com facas de palestinos contra cidadãos e soldados israelenses mostra que o conflito está vivo. A ONU hasteou a bandeira palestina em sua sede, marco simbólico. A grande preocupação de Israel este ano: o histórico acordo das grandes potências com o Irã sobre o programa nuclear, depois de 12 anos de negociações. No Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, Eduardo Cunha, aceitou o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O processo acusa a líder brasileira de desrespeito à lei orçamentária e à lei de improbidade administrativa, além de lançar suspeitas de envolvimento de Dilma em atos de corrupção na Petrobras. Água em Marte Boas notícias vieram do espaço. Em setembro, a Nasa anunciou ter encontrado água líquida em Marte. No ano de 2015, o mundo perdeu muitas celebridades: o cineasta português Manoel de Oliveira, aos 106 anos, o ator e o rei do blues, BB King, aos 89 anos Por outro lado, os britânicos comemoraram um recorde da Rainha Elisabeth II de longevidade no cargo. Em vários países, conquistas sociais. A Irlanda aprovou em referendo o casamento gay, a Corte Suprema dos Estados Unidos autorizou a união homossexual em todo o território americano. E, na Arábia Saudita, pela primeira vez, as mulheres votaram e foram candidatas nas eleições para conselhos municipais. Tragédias e catástrofes Ninguém esquecerá que o ano foi marcado também por tragédias. Provocadas pelo homem, com o acidente em fevereiro com o avião da companhia alemã Germanwings. O piloto Andreas Lubitz jogou o Boeing contra os Alpes franceses, matando 250 pessoas. Um tumulto na tradicional festa do sacrifício em Meca, terminou com um recorde de 1.500 fiéis mortos, a maioria pisoteados. Outras catástrofes vieram da natureza. Inundações históricas do deserto do Atacama, no Chile, em março. No mês seguinte, a série de terremotos que arrasou parte do Nepal, deixando 8 mil mortos. E, o ano mais quente da história, segundo a Organização meteorológica mundial, terminou com uma perspectiva otimista para o futuro do planeta. Reunidos em Paris, na COP 21, 195 países se comprometeram com metas para limitar o aquecimento global. Se as promessas serão cumpridas, o tempo dirá. Mas como dizem os líderes mundiais, os problemas não foram resolvidos, mas 2015 deixou sinais de uma profunda mudanças para o futuro das novas gerações.