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Um seminário internacional realizado nesta quinta-feira (13), na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS), na região parisiense, visa trazer debates artísticos, antropológicos e sociais a partir da produção audiovisual contemporânea dos povos indígenas na América Latina. Em paralelo, a associação Autres Brésils organiza a exibição especial Caméra-Flèche, no sábado (15), que irá apresentar quatro curtas inéditos do cinema indígena brasileiro, com a presença dos cineastas Olinda Yawar Tupinambá e Ziel Karapotó. Luiza Ramos, da RFIO seminário internacional “Motyrõ: artes indígenas e cinema na América Latina” contou com a apresentação de projetos de pesquisadores e professores da França e do Reino Unido sobre povos originários da Bolívia, México e Brasil, que abriram os debates sobre o tema nesta quinta-feira, antes da exibição dos filmes.Esse é o primeiro seminário sobre a produção audiovisual indígena que Christian Fischgold, pesquisador e professor na EHESS desde 2023, organiza em conjunto com Jamille Pinheiro Dias, da Universidade de Londres, e a professora Lúcia Sá, da Universidade de Manchester. “Para debater sobre esse tema temos a presença de dois cineastas e artistas indígenas brasileiros que são: a Olinda Tupinambá e o Ziel Karapotó. São dois artistas jovens que participaram da última Bienal de Veneza representando o pavilhão brasileiro, são dois artistas com uma obra que dialoga com diversas questões acerca do colonialismo, de novas linguagens, de questões de gênero, de corpo e então são artistas realmente muito interessantes para falar com a comunidade acadêmica nesse evento”, diz Christian Fischgold. Nova geração de artistas indígenas “em todos os lugares”Olinda Tupinambá, artista, cineasta e jornalista, que faz parte da Rede Katahirine, uma rede audiovisual dirigida por mulheres indígenas, foca seu trabalho em questões ambientais. Ela, que é originária do sul da Bahia, detalhou à RFI a importância da atual visibilidade da produção audiovisual dos povos originários brasileiros, principalmente para indígenas da região Nordeste, que muitas vezes são desvalorizados, segundo ela, por não serem parte do biotipo do indígena amazônico.“Nós, povos indígenas, vivemos por muitos anos sendo vistos com o que as outras pessoas falavam sobre nós. Então existia um certo romantismo, de alguma forma coisa mais caricaturesca do que as pessoas esperam do que é indígena. E eu acho que quando a gente entende a importância dessa ferramenta, que é o audiovisual, a gente usa ela para mostrar quem nós somos e essa diversidade. Ao mesmo tempo, dizer que nós estamos em todos os lugares”, destaca Olinda Tupinambá.Para a jornalista, no Brasil ainda “é difícil para as pessoas entenderem a complexidade do que são os povos indígenas. Então existia sempre um olhar que era um olhar do colonizador sobre a gente. Muitas vezes preconceituoso, de que só existe indígena, por exemplo, na Amazônia. O meu trabalho também vem para descontextualizar e falar: nós somos indígenas do Nordeste e a gente está nesse contexto”, aponta. Olinda vê no audiovisual indígena “uma ferramenta de denúncia”, que se iniciou com a luta pela terra e hoje tem como prioridade a questão ambiental.Olinda Tupinambá apresentará no evento de sábado seu filme 'Ibirapema', feito para uma exposição de arte da Pinacoteca de São Paulo. A obra conta a história de uma mulher indígena que vivia num tempo mítico e ao comer carne humana é transportada para a cidade de São Paulo e tem seus primeiros contatos com a arte ocidental. “Eu costumo dizer que foi um filme divisor de águas na minha carreira de artista porque, de fato, foi a primeira vez que eu começo a trabalhar com essa questão de pesquisa de arte”, conta a documentarista. A sofisticação da arte indígena contemporâneaZiel Karapotó, que teve seu trabalho apresentado na última Bienal de Veneza em 2024, exibirá no sábado seu documentário ficcional ‘Paola', ao lado de sua colega Olinda Tupinambá e outros artistas indígenas convidados. Ele também contou à RFI sobre sua produção artística e suas influências. “Eu sou formado em artes visuais pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mas eu tive a oportunidade de transitar e trabalhar com muitas linguagens. Porque hoje eu tenho consciência que eu já nasci imerso. A gente já nasce cantando, dançando ali [na aldeia], imerso sobre nossas relações culturais, e hoje, eu entendo isso como arte, uma arte potente, uma arte realmente forte”, descreve.Karapotó, que também é artista plástico e realiza performances, comentou ainda sobre as novas ferramentas de artes integradas à produção indígena contemporânea, sobretudo no cinema. Para ele, a arte indígena vai muito além do artesanato tradicional, e faz refletir sobre diversas temáticas sociopolíticas que dizem respeito às comunidades originárias brasileiras. “A gente vem para romper esse lugar e esse entendimento do que é a arte indígena. A arte indígena é sempre colocada em um lugar muito rudimentar, no passado, do início da história da arte brasileira. E a minha geração vem mostrar que a arte indígena é orgânica, é sofisticada e é capaz de usar as novas linguagens e novos códigos a seu favor. Sempre mantendo códigos tradicionais, sua base tradicional e cultural”, sublinha o jovem artista.Intitulada 'Caméra-Flèche: Caminhos do cinema indígena no Brasil', a exibição de quatro curtas ocorre neste sábado, às 18h, no cinema L'Ecran de Saint Denis, que vende ingressos para a sessão que deve seguir com debates na presença dos diretores presentes.No programa: - Rami Rami Kirani - o poder transformador da ayahuasca nas mãos das mulheres Huni Kuin - Minha Câmera, Minha Flecha - a câmera como arma de luta e memória - Paola - uma jornada entre o documentário e a ficção no coração da amizade e das raízes Karapotó - Ibirapema - uma jornada poética entre a mitologia indígena e a modernidade urbana Christian Fischgold adiantou à RFI que um segundo seminário na temática das artes indígenas deve acontecer na EHESS ainda no primeiro semestre de 2025.
Encontros Literários evidenciam persistente atualidade do escritor morto há mais de 100 anos. Conversamos com a guia turística Fernanda Duarte, que promove roteiro pelo Rio de Janeiro da obra machadiana, com o professor Godofredo Neto, titular da Cátedra Machado de Assis do Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ, e com o secretário da Associação de Diplomados da Associação Brasileira de Letras (ABL), Lucas Mariano, sobre esse expoente da literatura mundial.Reportagem: Pedro XavierEdição: Thiago Kropf
Uma aventura épica entre a tradução literária, a "transcriação", a música e a performance. O diretor de teatro Octavio Camargo há 20 anos revisita numa imersão total o texto clássico de Homero, a "Ilíada", ao lado da Cia Iliadahomero, baseada em Curitiba. Em Paris, ele conduziu ao lado de artistas brasileiros uma oficina no Centro Cultural Centquatre (104), em um projeto que explorou o teatro e a tradição experimental, usando técnicas de "transcriação" com ajuda da Inteligência Artificial (IA). O conceito de "transcriação", desenvolvido pelo poeta concretista brasileiro Haroldo de Campos, é uma abordagem inovadora no campo da tradução literária, particularmente em relação à poesia. Inspirado por ideias de Ezra Pound e pelo concretismo brasileiro, Haroldo de Campos propôs uma prática tradutória que vai além da simples transferência de conteúdo entre línguas, enfatizando a recriação do texto original em um novo contexto linguístico e cultural. A transcriação não é apenas uma tradução literal ou fiel ao texto original, mas sim uma recriação que mantém o espírito, a força estética e a função poética do original. Campos considera o tradutor Odorico Mendes, que realizou a primeira tradução da "Ilíada" de Homero para o português ainda no século 19, o "pai da transcriação" no Brasil. A "transcriação" é uma "tecnologia de tradução", onde a função poética se torna mais importante em algum lugar do que a mera transcrição literal de uma frase."Estamos aqui a convite de Cláudia Washington, que trabalha no 104, para conduzir um ateliê de tradução experimental inspirado no trabalho de Odorico Mendes", explica Octavio Camargo. Mendes foi o tradutor pioneiro de Homero para a língua portuguesa, com versões completas da "Ilíada" e da "Odisseia". "Odorico realizou grande parte desse trabalho em Paris, onde viveu por 14 anos, entre 1850 e sua morte em 1864. Suas traduções, marcadas por um estilo único e inovador, chegaram às mãos de Dom Pedro II e foram publicadas postumamente, cerca de dez anos depois", conta.Estranhamento"A tradução do Odorico guarda um estranhamento na língua portuguesa que a gente gostaria de preservar. Então, o uso das ferramentas digitais não é apenas transferir a responsabilidade da tradução para a inteligência artificial, não é utilizar a inteligência artificial como uma ferramenta auxiliar, mas preserva todo o sentido do workshop e do encontro, que passa pela pessoa que fala francês, pelo crivo artístico e também pelo histórico existencial do performer", detalha Camargo.A oficina explora a interseção entre a tradução literária e as novas tecnologias. "Nosso objetivo é investigar como ferramentas digitais, como tradutores automáticos, podem ser usadas para traduzir um poeta tão complexo quanto Odorico Mendes. A ideia não é simplesmente transferir a responsabilidade da tradução para a inteligência artificial, mas utilizá-la como um recurso auxiliar, preservando as particularidades do texto original, como suas inversões sintáticas e construções anacolúticas", afirma o diretor."Tradução da tradução"Camargo destaca que o foco da oficina não é produzir uma tradução literal, mas sim criar uma "tradução da tradução" para o francês, buscando manter o estranhamento característico do texto de Odorico. "O trabalho é pensado como um script para performances na língua francesa, conectando a poética de Odorico ao contexto contemporâneo e ao público local", explica."O Odorico faz uma tradução anacolútica de Homero. O anacoluto é uma figura de linguagem onde você inverte a ordem sintática da frase. Normalmente, a frase escrita em prosa tem sujeito, verbo e complemento, nessa ordem. O anacoluto inverte, e às vezes coloca o complemento antes do sujeito, e às vezes antes do verbo. Às vezes chega a omitir o verbo, como é na vida real", explica Octavio Camargo, que além de diretor de teatro é professor de composição no curso de Composição e Regência da UNESPAR - Escola de Música e Belas Artes do Paraná, possui mestrado em estudos literários pela UFPR e é doutorando em filosofia na Universidade Federal do Paraná em parceria com a EHESS, a Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris.Erra quem acredita que a prosa transcreve a oralidade. A prosa "domestica" a fala, coloca-a dentro de um formato destinado à leitura silenciosa, apenas para o leitor, enquanto a lingua oral é cheia de quebras de convenções da gramática.A proposta também inclui uma abordagem cênica, em diálogo com o trabalho da companhia fundada por Octavio no Brasil, que realizou, em 2016, uma performance integral da "Ilíada" na tradução de Odorico. "Foram 24 horas de espetáculo, fruto de 20 anos de pesquisa. Agora, em Paris, estamos lidando com o canto um da 'Odisseia', que aborda a saga de Telêmaco em busca do pai, Ulisses", detalha.A narrativa, escrita provavelmente no século VIII a.C., continua a ressoar nos dias atuais. "Os épicos de Homero foram, na Grécia antiga, uma espécie de política pública de educação, transmitindo valores éticos e culturais. Hoje, eles nos convidam a refletir sobre dois modelos de existência: o de quem permanece e luta pelos seus, como na 'Ilíada', e o de quem parte, sem o peso da saudade, como na 'Odisseia'. Esses dilemas ainda dialogam com nosso tempo", analisa Octavio.Cláudia Washington, artista visual, performer e colaboradora do Centquatre (104), falou sobre a concepção e a realização da oficina de tradução experimental liderada por Octavio Camargo e sua equipe em Paris. "Conheço o trabalho do Octavio e da companhia há muito tempo, e sempre admirei a profundidade e a inovação que eles trazem. Quando surgiu a oportunidade de conectar esse projeto ao Centquatre, um espaço colaborativo de arte contemporânea, achei que seria o ambiente perfeito para acolher a oficina", explicou Cláudia. "O 104 é um lugar marcado pela diversidade de pessoas e pela abertura à experimentação, o que casou perfeitamente com a proposta de explorar a tradução de Odorico Mendes para o francês."Receptividade do público francêsO convite e a parceria com o Centquatre resultaram em três dias de intensas atividades, com a possibilidade de novos desdobramentos no futuro. "A recepção do público francês foi muito positiva. A oficina atraiu um público jovem, mas também experiente, formado por pessoas interessadas em literatura, música e na cultura brasileira. Essa conexão com o Brasil, especialmente por meio de uma tradução que parte de um texto brasileiro para o francês, despertou grande curiosidade", destacou Cláudia.Além disso, a música, um elemento essencial na identidade cultural do Brasil, foi um dos pontos de destaque. "A música brasileira é amada e amplamente reconhecida na França, o que contribuiu para criar um vínculo ainda mais forte entre o público e a proposta do ateliê", concluiu."Escrita viva"Fernando Alves Pinto, ator e integrante da oficina de tradução experimental, reflete sobre a interação entre cena e texto, destacando como essa relação transforma a experiência teatral. "O texto ganha vida na cena. Quando você lê um texto de forma mecânica, como um computador, ele perde significado. Mas o que Odorico Mendes escreveu tem uma pulsação, quase como um fluxo de pensamento não lógico, não aristotélico. É uma escrita viva, que já traz em si a teatralidade", explica.Para ele, o processo de tradução para o francês é uma oportunidade de revisitar e revitalizar a obra. "Ao transpor o texto para outra língua, somos obrigados a reexaminar tudo. Às vezes penso: será que vamos conseguir fazer algo tão bom quanto Odorico? Claro que não, mas é uma delícia tentar. Esse trabalho de renascer o texto na cena, com nossa interpretação e energia, traz uma vitalidade única", conclui.A oficina no Centquatre contou com a participação de artistas de diferentes áreas, como Chiris Gomes (atriz de teatro, performance e canto), Cláudia Washington (artes visuais e performance), Fernando Alves Pinto (ator de teatro e cinema), a violoncelista Kimdee, e Véronique Bourgoin (performer e fotógrafa). "É um trabalho multidisciplinar que busca atualizar Homero e abrir espaço para novas formas de olhar para o épico", concluiu o diretor Octavio Camargo.Depois de Paris, o diretor brasileiro Octavio Camargo segue viagem para Berlim, onde realiza uma exposição de trabalhos da Oficina de Autonomia, ao lado do artista Brandon LaBelle, com obras de áudio e vídeo que apontam para formas de navegar por regimes dominantes de inteligibilidade, gravadas no Brasil Espanha e Alemanha.
A Polícia Militar de São Paulo matou 496 pessoas entre janeiro e setembro deste ano, o maior número desde 2020, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado. Além das estatísticas da letalidade policial crescente, uma sequência de casos nos últimos dias acendeu o alerta sobre a violência em abordagens da PM. Entre os casos de repercussão, estão: a morte de uma criança de quatro anos na Baixada Santista, de um estudante de Medicina baleado em um hotel da capital, o assassinato de um homem negro com tiros nas costas após uma tentativa de roubo em um mercado e, no caso mais recente, o flagrante de policiais atirando um homem de uma ponte na Zona Sul de São Paulo. Neste último episódio, a vítima sobreviveu e 13 policiais foram afastados das ruas após o início das investigações pela Corregedoria da corporação. Em entrevista à Rádio Eldorado, o coronel reformado José Vicente da Silva Filho, que é professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da PM e ex-secretário nacional de Segurança Pública, defendeu que o governador Tarcísio de Freitas “faça urgentemente uma revisão da política de segurança” que tem à frente o secretário Guilherme Derrite. “A polícia tem compromisso com a legalidade e a ética. A política de segurança do governador subiu no telhado”, afirmou.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Ignacy Sachs (1927-2023), intelectual visionário da ecossocioeconomia desde os anos 1970, foi homenageado em Paris pela Fundação Maison des Sciences de l'Homme (FMSH), em várias mesas redondas nesta quarta-feira (13). Pioneiro, ele lançou as bases para o debate tão urgente e atual sobre a necessidade de um novo paradigma de desenvolvimento, enlaçando economia, ecologia, antropologia cultura e ciência política. Nascido na Polônia em 1927, Ignacy Sachs fugiu com sua família do nazismo e viveu no Brasil de 1941 a 1954, onde se formou em economia. Depois se instalou na Índia, onde obteve um doutorado com uma tese sobre modelos do setor público em economias subdesenvolvidas.Em 1968, foi convidado para ensinar na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS), em Paris, onde criou, em 1985, o Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo. Sachs também trabalhou na organização da primeira Conferência de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, em 1972, em Estocolmo, Suécia, quando foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).“Ele trabalhou intensamente no campo da economia do desenvolvimento e contribuiu fortemente para a evolução do conceito, que nasce na economia como simples crescimento econômico, de indicadores como o PIB, o nível de atividade econômico, o tamanho da economia”, explica Emílio Lèbre La Rovere, coordenador do Centro Clima da Coppe UFRJ, e integrante do painel do IPCC que ganhou o Nobel da Paz em 2007. “Depois, tem toda uma contribuição com a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina), Celso Furtado e os estruturalistas – Raul Prebisch -, no sentido de dizer que não era apenas crescimento, mas era também industrialização, modificação da estrutura da economia para um estágio mais avançado que simplesmente produzir bens primários, agrícolas e commodities”, continua La Rovere.Ecodesenvolvimento“Ele incorpora o conceito de ecodesenvolvimento, de desenvolvimento em harmonia com o meio ambiente. Ele foi consultor das Nações Unidas com extensa contribuição na América Latina, na Ásia. Trabalhou muito no Brasil, inclusive até recentemente. Foi consultor do Sebrae, Serviço Brasileiro de Apoio à pequena e média empresa. Essa contribuição, que mais tarde deu lugar a uma tradução em inglês para 'desenvolvimento sustentável' no relatório 'Nosso futuro comum', em 1986, de Gro Brundtland, foi seminal para mostrar a importância de se agregar a dimensão ambiental também na economia”, explicaSérgio Pereira Leite, professor titular da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, do Programa de Pós-graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, conheceu Sachs na década de 1990. Ele ressalta a generosidade intelectual, o desprendimento com pesquisadores de vários países e a compreensão que ele tinha de diversas culturas“Também destaco a capacidade dele de antever uma série de questões, problemas, assuntos que hoje estão à luz do dia e totalmente atuais, especialmente no campo da sociobiodiversidade, digamos assim, do desenvolvimento territorial, das questões relacionadas ao combate à luta contra a pobreza e a desigualdade”, destaca Leite, que também é coordenador do Observatório de Políticas Públicas para a Agricultura e membro da Academia da Agricultura da França.Segurança alimentar“Desde os anos 1970, Sachs produzia análises muito finas, muito complexas também sobre diferentes questões e particularmente sobre ecodesenvolvimento, antevendo uma situação dramática que atravessamos hoje com esses extremos climáticos e as mudanças e os impactos que eles têm acarretado”, acrescenta. “Ele teve uma inspiração muito grande para pessoas que trabalham com o meio rural brasileiro, em especial sobre o processo de emergência da assim chamada agricultura familiar, ou seja, o protagonismo desses atores do campo brasileiro e sua capacidade de direcionar políticas públicas específicas a esse segmento, como, por exemplo, o próprio Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf, mas também aqueles àquelas políticas direcionadas à segurança alimentar e, em particular, a reforma agrária”, explica.Democratização fundiária“Sachs tinha uma percepção muito aguçada desse processo relacionado à democratização fundiária e como ele poderia contribuir para um melhor estilo ou padrão de desenvolvimento nacional, pensando o Brasil que ele conhecia profundamente bem, em diferentes áreas. E é importante mencionar que ele foi um dos entusiastas do processo de políticas de desenvolvimento territorial que o Brasil vai experimentar, sobretudo nos anos 2000, com a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais, o Pronaf e o Programa de Territórios da Cidadania, criado em 2008, para o qual o próprio Sachs atuou como um dos consultores”, relata o pesquisador.“Ele via nessa possibilidade de desenvolvimento territorial que seria mais ou menos uma esfera intermediária entre a municipalidade e a administração dos governos estaduais, uma capacidade de integração de atores de diferentes segmentos, entre eles o próprio setor rural, na dinamização dessas regiões, produzindo uma distribuição melhor desses recursos e dessas riquezas, numa proposta de descentralização, inclusive de adensamento dos demográficos mais regionalizados e um melhor atendimento dos serviços públicos, em especial saúde, educação, transporte, moradia e, no caso rural, uma série de facilidades, desde a eletrificação rural até apoio à própria produção agropecuária, no sentido de estimular a de outras regiões que poderiam vir a conseguir uma situação ou um padrão de vida. Ou naquilo que o Amartya Sen chamou do Índice do Desenvolvimento Humano, muito mais amplo e inclusivo.”A descentralização do processo foi um ponto importante levantado por Sachs, “para que ocorresse de forma mais desconcentrada, inclusive da renda e da riqueza, e gerando novas oportunidades de renda, emprego e também de produção propriamente dita, especialmente aquela ligada aos mercados locais, regionais e que estimulassem a circulação de bens dentro dessas esferas”, explica Pereira Leite.
Reconversa” traz nesta edição uma conversa luminosa com Luiz Eduardo Soares. Ele é escritor, antropólogo e cientista político. É ainda professor da pós-graduação em literatura da UFRJ; titular da Cátedra Patrícia Acioli, vinculada ao Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ, e ex-professor da UERJ, do IUPERJ e da UNICAMP. Foi “visiting scholar” nas universidades Harvard, Columbia, Virginia e Pittsburgh. Publicou 26 livros. Os mais recentes são “Desmilitarizar - Segurança Pública e Direitos Humanos”; “O Brasil e seu Duplo” e “Dentro da Noite Feroz: O Fascismo no Brasil”. É um dos autores do livro “A Elite da Tropa”, que está na raiz dos filmes “Tropa de Elite” e “Tropa de Elite 2”, de José Padilha. Ocupou os cargos de Secretário Nacional de Segurança no primeiro governo Lula. Foi também coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania do Estado do Rio e secretário de Prevenção à Violência de Porto Alegre e Nova Iguaçu. Ele explica o que está essencialmente errado no combate à violência no país e aponta caminhos.
O edital lançado pelo governo de São Paulo para substituir e ampliar o número de câmeras corporais da Polícia Militar prevê que a gravação poderá ser iniciada e finalizada pelos agentes durante as ocorrências. Atualmente, a captação das imagens ocorre de forma ininterrupta. A Secretaria da Segurança Pública informou que o edital levou em consideração estudos técnicos que apontaram problemas relativos à autonomia da bateria e à capacidade de armazenamento dos equipamentos. O governo paulista anunciou nesta semana que pretende adquirir 12 mil câmeras para substituir as 10,1 mil unidades que estão em uso. Os equipamentos começaram a ser utilizados durante a gestão de João Doria (PSDB), em 2020, e resultaram na redução das mortes cometidas por policiais militares em serviço. O governador Tarcísio de Freitas defendeu que o acionamento remoto das novas câmeras corporais pelo Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) trará mais "governança" às gravações das ocorrências policiais. Segundo ele, apesar das críticas feitas por entidades da sociedade civil, será mais fácil fiscalizar o trabalho dos PMs. Tais argumentos são contestados pelo coronel reformado José Vicente Filho, ex-secretário nacional de Segurança Pública e professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da PM. Em entrevista à Rádio Eldorado, ele considerou “equivocado” e “um retrocesso monumental” o novo modelo anunciado pelo governo paulista. “Havendo oportunidade, o policial não vai querer gravar”, afirmou.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O Presidente turco reconheceu a histórica vitória da oposição nas eleições autárquicas. Segundo Recep Tayyip Erdogan os resultados representam um “ponto de viragem, mas não um fim”, para o seu campo, no poder desde 2002. O Partido Popular Republicano, CHP, social-democrata, mantém as grandes cidades, nomeadamente da capital, Ancara, e da megalópole Istambul, onde Ekrem Imamoglu garantiu um segundo mandato “inesperado”. Os resultados representam "uma viragem na vida política turca", defende Dejanirah Couto historiadora, especialista do Médio Oriente e professora na Escola de Altos Estudos de Paris. RFI: Este é um golpe inesperado para Recep Tayyip Erdogan? Dejanirah Couto: Sim, até certo ponto é porque, embora ele já tenha indicado que não se iria apresentar para um último mandato, aparentemente, o que apesar de tudo é uma espécie de coquetterie porque ele ainda tem a possibilidade de modificar a Constituição e de se apresentar num próximo mandato. Em termos gerais é uma é uma surpresa porque se não pensava que a oposição fosse capaz não só de liderar num certo número de grandes cidades, como acabou de enumerar, mas também de estender a sua influência, o seu voto em regiões que eram tradicionalmente da AKP, portanto o partido do Presidente.Esta é a primeira vez desde que Erdogan chegou ao poder, há vinte e um anos, que o seu partido foi derrotado nas urnas em todo o país?Isto representa realmente uma viragem muito considerável, muito, muito, muito importante porque nas últimas eleições, como se verificou, ele ganhou por uma larga maioria, como era de esperar. Portanto, esta recomposição política num curto espaço de tempo é bastante surpreendente. É claro que ela pode ter razões internas e externas, mas não há dúvida nenhuma que isto vai representar uma viragem na vida política turca. E como a Turquia é ao elemento importante não só da NATO, mas igualmente do ponto de vista regional, este novo voto pode significar uma viragem igualmente do ponto de vista da sua política externa. Vamos ver, portanto, o que sucede.Para a oposição, estes resultados vão mudar alguma coisa?Estes resultados para a oposição vão mudar de dois pontos de vista. Por um lado, vão psicologicamente ter um efeito muito positivo porque nas últimas eleições ganhas por Erdogan, a oposição ficou efectivamente num estado, digamos, de prestação de depressão mesmo, eu diria, sentindo-se incapaz de modificar a dinâmica que o Presidente lançou há 20 anos. Portanto, psicologicamente, isto representa uma vitória muito grande a ser digerida, cuidadosamente, pela oposição, mas tem grandes, grandes efeitos psicológicos. Por outro lado, vai pôr esta mesma oposição diante de um aspecto muito mais prático que é o de saber se eles vão ser capazes e ponho-me aqui um pouco, digamos, na pele dos interessados, se vão ser capazes de gerir toda uma série de zonas ou de manter a sua influência em toda uma série de zonas que tradicionalmente não lhes pertenciam, digamos assim, sociologicamente falando, nem politicamente. Estou a falar aqui de zonas rurais, fora daquelas grandes cidades e fora daquela zona costeira do oeste da Turquia, que é uma zona que tradicionalmente se encontrava nas mãos da oposição. Tudo isto vai significar uma nova vida para a oposição.Os eleitores não votam da mesma forma em eleições presidenciais e autárquicas. No verão passado, os turcos votaram para a imagem do país no plano internacional. Agora votaram para ver questões de proximidade resolvidas?Sim, sem dúvida. Eu penso que aqui o peso deste escrutínio é realmente as questões de proximidade. E, em primeiro lugar, a questão económica. O facto de a inflação se manter muito alta, o facto de efectivamente as contas públicas estarem num estado realmente difícil de compreender, sobretudo depois das múltiplas medidas e de um grande número de ministros da Economia que foram nomeados. O último episódio desta saga económica tem sido o afastamento, por exemplo, dos líderes de direcção do Banco Central da Turquia e da senhora que foi presidente do Banco Central até há relativamente pouco tempo e que foi efectivamente afastada pelo poder. Portanto, estamos aqui realmente, como disse e concordo plenamente, diante de um voto de reacção a uma situação económica que se tem vindo a deteriorar de uma maneira impressionante desde 2010.Hoje quando se chega à Turquia, são realmente impensáveis os tempos em que o euro ou o dólar significavam um pequeno punhado de liras turcas. Quando se olham agora para os índices, uma lira turca são 35 €. Uma coisa verdadeiramente de enlouquecer. Do ponto de vista do balanço económico é altamente negativo. Apesar do Banco Central ter tomado algumas medidas há relativamente pouco tempo, no último ano. O problema é que a Turquia é um país imenso. É um país com uma população muito importante e muito elevada e portanto, estas medidas são assim uma espécie de gotas no oceano que não vêm modificar estruturalmente a questão. O voto de ontem, os resultados são efectivamente para mostrar ao partido e ao Presidente que a questão económica se está a tornar realmente uma questão fundamental. Já o era sem dúvida nenhuma. Está-se a atingir o limite do que os habitantes e as famílias podem suportar em matéria de desgaste económico.O terramoto de 6 de Fevereiro do ano passado pesou neste acto eleitoral?Terrivelmente. Eu acho que não houve ainda uma apreciação internacional porque há um problema mediático. A questão do do grande terramoto emergiu durante aquelas semanas e mesmo nos primeiros meses do ponto de vista internacional, da informação internacional, mas o desgaste também provocado por este terramoto, não somente no Leste, nas zonas atingidas concretamente, mas o terramoto foi também um terramoto social. E é isso que é necessário compreender. É que em todas as províncias da Turquia, em todas as cidades, em Istambul, em Ancara, em Izmir, nas grandes cidades, praticamente toda a população foi afectada durante o último ano ou de maneira directa ou de maneira indirecta, foram altamente afectados pelo terramoto.Eu vou dar apenas dois pequenos exemplos que dão para se ter uma ideia de como é que se vive no interior, qual é a percepção da população sobre essas questões. Por exemplo, as somas que tinham sido indigitados a grande número de instituições públicas, de educação, de formação, essas somas que tinham sido praticamente postas de parte, bloqueadas para esses efeitos foram completamente desviadas para atender justamente aos efeitos do terramoto. Portanto, houve escolas, academias, universidades, liceus que ficaram completamente sem receberem o que deveriam receber porque essas somas foram desviadas.Um outro segundo exemplo que eu queria dar, que é extremamente importante, que é todo o sector da construção. Na Turquia, o sector da construção, que é um sector blindado e altamente comandado e dirigido pelo grupo governamental, tanto a matéria-prima como a mão-de-obra, com todas as direções relativas à construção civil foram completamente distorcidas e revistas, desviadas justamente para a prioridade que foi o terramoto. E isto em zonas que nada têm a ver com o Leste, quer dizer, em zonas da Turquia Central e zonas da Turquia do Oeste, em determinadas zonas até bastante ricas financeiramente falando, como por exemplo a zona de Esmirna ou zona de Antália. Esse sector da construção civil, viu-se completamente ou abandonado ou bloqueado com centenas e milhares de pessoas sem emprego porque, por exemplo, as matérias-primas utilizadas para a construção civil; a areia, o cimento, etc.. foi tudo monopolizado por ordem governamental para as zonas do terramoto, mas depois nas zonas do terramoto, devido a problemas vários de gestão e já nem diria de corrupção, mas de priorização de organização. Acabaram por não ser afectadas de maneira profícua para essas zonas e portanto, isso foi sabendo-se em zonas muito longínquas do terramoto e causando um péssimo efeito na opinião pública.Apesar dos resultados, o poder vai continuar centrado em Ancara, no palácio presidencial. As próximas eleições presidenciais estão marcadas para 2028. Erdogan já disse que não se recandidata, mas esta questão ainda está em aberto. Pode haver mudanças políticas na Turquia depois do escrutínio de ontem?A nível das cúpulas, digamos assim, governamentais, acredito que não. Hoje, nos jornais turcos, houve uma série de declarações em que o Presidente disse 'isto é uma grande vitória da nossa democracia'. Portanto, ele está a tentar confiscar estes resultados em seu proveito, dizendo que finalmente acabou um partido altamente democrático e que, portanto, os resultados em que ele perdeu nestas zonas apenas significam que a democracia turca está bem enraizada, que é forte, etc.Não sei até que ponto este tipo de discurso vai durar, mas penso que realmente vai durar. De qualquer modo, não estou a ver que a nível das decisões centrais haja grandes modificações. Não creio, mas a nível local, a nível das municipalidades, a nível de uma vida regional e local eu penso que vai haver modificações daqui até 2028, até mesmo porque o partido AKP que não vai desmobilizar, eles são extremamente motivados, não vai desmobilizar, mas vai ter que ceder algum terreno desse ponto de vista de gestão local ou da gestão municipal. E, portanto, é aí que há uma espécie de brecha na qual a oposição actual pode realmente entrar e confiscar também o seu proveito. Resta saber se serão capazes de o fazer, porque a vida política na Turquia é extraordinariamente complicada. Estou a falar das instâncias da base porque há um trabalho feito pelo partido do poder durante cerca de 20 anos a nível local e, portanto, essa transferência de poderes e hipoteticamente falando, vai dar lugar a uma série de lutas de influência a nível local. É ainda muito cedo para se poder observar ou dizer que efectivamente vai ter consequências desse ponto de vista.Penso que poderemos dizer que teoricamente se poderá esperar agora uma certa modificação a nível das bases, a nível da população em determinados sectores, mas que o aparelho todo se desloque depois destas eleições, creio que não porque até mesmo as cúpulas vão continuar perfeitamente fiéis, que haja resultados favoráveis ou desfavoráveis ao poder da propaganda do partido do Presidente, que é extraordinariamente importante também. A contar com a acção concreta desses promotores da propaganda do AKP, que, tendo agora perdido influência em muitas zonas que normalmente lhes pertenciam, eles vão certamente também reagir.
Passando a Limpo: Nesta quinta-feira (21) o comunicador Igor Maciel e a bancada do programa conversam com o coronel reformado e professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da PM de São Paulo, José Vicente da Silva Filho, que fala da aprovação do projeto de lei, aprovado pela Câmara dos Deputados que limita a saidinha de presos. O deputado federal Mendonça Filho (União-PE), fala do novo ensino médio que garante o ensino técnico e com carga horária flexível. O colunista Felipe Moura Brasil, fala do escândalo dos móveis do Governo Federal e as notícias internacionais com a jornalista Fabíola Góes.
Mais de 10 anos depois da última visita oficial de um presidente francês ao Brasil, Emmanuel Macron desembarca na próxima terça-feira (26) em Belém, onde será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos três dias de viagem, França e Brasil esperam um impulso das parcerias bilaterais, com a expectativa de assinatura de pelo menos 10 contratos em áreas como energia, tecnologia e segurança. Apesar das afinidades entre os dois líderes, divergências importantes mancharam a reaproximação de ambos os países desde a eleição de Lula. Os quatro anos de mandato de Jair Bolsonaro, na sequência do mandato-tampão de Michel Temer, marcaram um resfriamento inédito desta relação de mais de 200 anos de amizade, alçada ao nível de parceria estratégica desde 2006.Macron, no poder desde 2017, demonstrou interesse limitado pela América Latina no seu conjunto: ele é o único presidente francês a não ter realizado nenhuma visita oficial aos países da região, jejum que agora será rompido no Brasil.“Antes tarde do que nunca. Eu diria que é uma visita necessária, em que ele estará acompanhado de uma delegação de empresas francesas, organizada pelo movimento das empresas da França em parceria com a CNI, afinal tem um aspecto econômico bilateral muito importante nesta viagem: o Brasil é o principal mercado de investimentos diretos da França em países emergentes”, frisa Stéphane Witkowski, presidente do Bale Conseil e respeitado consultor sobre o Brasil ao meio empresarial francês.Se, por um lado, a volta ao poder de Lula em 2023 foi celebrada por Paris, desde então o posicionamento antagônico entre o petista e Macron sobre o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, além de outros temas da geopolítica internacional como a guerra na Ucrânia, não favoreceram uma retomada tão frutuosa quanto a imaginada. Em janeiro, a presidência francesa chegou a anunciar o encerramento das negociações do tratado com o Mercosul – bloqueadas, em grande parte, pela oposição aberta de Paris.Oposição francesa ao acordo com o MercosulWitkowski, que também preside o Conselho de Orientação Estratégica do Instituto de Altos Estudos da América Latina (IHEAL-Paris), afirma que ao contrário do meio agrícola, os industriais franceses não veem a hora de o texto ser ratificado.“Eu tenho a convicção de que os dois presidentes são inteligentes e entendem as preocupações de cada lado. Macron hoje diz que se opõe ao acordo da maneira como ele está colocado, mas quando ele foi eleito, estava totalmente a favor deste tratado”, ressalta. "Do ponto de vista dos interesses da França a longo prazo, o acordo é importante. Muitas empresas querem que ele aconteça, pelas oportunidades que abre em infraestrutura, comércio, energia, indústria – na França como em outros países, como Espanha, Alemanha ou Portugal”, aponta.As recentes manifestações de agricultores europeus contra o acordo somadas à proximidade das eleições parlamentares europeias, em junho, fazem que com que “não tenha clima” para o presidente francês voltar a se pronunciar em favor do texto, reconhece uma fonte da diplomacia brasileira, garantindo que esse imbróglio “não azeda” as relações entre os dois líderes.Embora os franceses estejam entre os maiores empregadores estrangeiros no Brasil, com mais de 1,1 mil empresas francesas instaladas no país, a balança comercial bilateral é baixa e relativamente estável há vários anos. Foram € 8,4 bilhões em 2023, o que coloca o Brasil no 34º lugar na lista de parceiros comerciais da França. No sentido inverso, os franceses são ocupam a 27ª posição entre os fornecedores do Brasil.Potencial na economia verdeAtualmente, os franceses são os quartos maiores investidores estrangeiros diretos no Brasil, de perfil diversificado. O potencial de ampliação é grande, em especial nos setores ligados à economia verde, com conversas sobre projetos de produção de hidrogênio e em energias renováveis, além de gás e até nuclear.A França é um player mundial importante, mas a concorrência internacional é cada vez maior – com destaque para o avanço da China, maior parceira comercial do Brasil, na economia da sustentabilidade. “Faltava um impulso político, e espero que não seja apenas uma visita e seja uma ação mais estruturada, com um programa bilateral ativo, a participação de ministros e instituições – inclusive porque a estratégia chinesa na América Latina deveria ser um argumento suplementar para a França querer fechar o acordo com o Mercosul”, observa Witkowski. “Se ele não for concluído positivamente, os chineses vão ocupar ainda mais esse espaço.”Está no radar a assinatura de um contrato entre a Origem Energia e a gigante francesa Engie, para viabilizar a estocagem subterrânea de gás natural na bacia de Sergipe. Atualmente, o gás é reinjetado no subsolo devido à falta de infraestruturas para escoá-lo.Agenda no BrasilDepois de Belém, sede da COP30 em 2025, Lula acompanhará Macron em visita à base naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, onde são finalizados dois submarinos da Marinha em cooperação técnica com a Naval Group francesa, além de um terceiro a propulsão nuclear. Outros dois submarinos convencionais já foram entregues. Em seguida, o líder francês viaja para São Paulo, onde participa de um fórum empresarial na Fiesp, com cerca de 300 empresários dos dois países, e encerrará a viagem com uma visita de Estado à capital federal. Em Brasília, Macron será recebido com honras por Lula e visitará o Senado.A viagem acontece no ano em que o Brasil exerce a presidência rotativa do G20. Paris apoia as prioridades da agenda brasileira: combate à pobreza e à fome e aumento dos investimentos na transição ecológica. O último presidente francês que esteve no Brasil foi o socialista François Hollande, em dezembro de 2013.
Os desastres ambientais fazem parte de um conjunto de consequências de atitudes humanas, incentivadas pela lógica do mercado que vê a natureza como objeto a ser explorado. Nos últimos anos observamos os impactos ambientais: os deslizamentos em áreas suburbanas das grandes cidades; a falta de saneamento em lugares mais remotos; a superexploração das terras indígenas; as altas e repentinas mudanças de temperaturas. A omissão do poder público e atividade econômicas que não respeitam o meio ambiente são a base de tudo isso. Participantes Alfredo Vega Pena, Professor/pesquisador em socio-ecologia na Escola de Altos Estudos em Ciencias Sociais, Paris. Diretor cientifico do programa internacional, Global Youth Climate Pact - Pacto Mundial de pelo Clima; Maria Cristina Aureliano, ativista pela agroecologia e direitos humanos e coordenadora Geral do Centro Sabiá. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/foradacurva/message
No "Ponto a Ponto" desta quarta-feira (27), Mônica Bergamo e Pierpaolo Bottini recebem Débora Diniz, pesquisadora do Centro de Altos Estudos em Berlim e professora da Universidade de Brasília. A especialista fala sobre a votação do STF da descriminalização do aborto.
Passando a Limpo: Nesta terça-feira (19), o comunicador Igor Maciel e a bancada do programa conversam com o deputado federal (PSB-PE), Pedro Campos, sobre a minirreforma eleitoral e da participação da comitiva da Presidência da República em Nova Iorque. O coronel reformado e professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da PM de São Paulo, José Vicente da Silva, fala da insegurança que vem crescendo em diversos estados do Brasil, como em Pernambuco. Seis em cada dez brasileiros sentem insegurança ao andar na rua à noite. A correspondente Fabíola Góis destaca as principais notícias internacionais e o colunista Felipe Moura Brasil fala da entrega da Caixa para o Centrão e os recados de Arthur Lira para o governo Lula.
Vamos agora à entrevista do dia, com Denise Campos de Toledo.
Neste Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+, nossos consultores Tito Sá e Guilherme Gomes conversam sobre direitos e representatividade de pessoas LGBTQIAP+ em diferentes frentes governamentais e na sociedade. Para esse bate-papo, convidamos Paulo André Moraes Lima e Fabi Gadelha, ambos ativistas e profissionais que atuam na defesa dos direitos da população não-heteronormativa. Paulo Lima é diplomata e chefe do Setor Consular da embaixada do Brasil no México, formado em cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nosso convidado é membro do Grupo de Ação LGBTQIA+ do Ministério das Relações Exteriores (GAL-MRE) e é secretário executivo do Comitê de Pessoas LGBTQIA+ do Sistema de Promoção da Diversidade e Inclusão do MRE. Também é colunista do site do Instituto Pró- Diversidade. Fabi é Advogada e executiva de relações institucionais e governamentais, especialista em Direito Público, Gestão Executiva Ambiental e Altos Estudos em Defesa (AED). Possui um longo histórico de ativismo na defesa de direitos humanos. Também atuou no poder executivo e legislativo federal, com consultoria política e entidades do terceiro setor. Atualmente é gestora de projetos sociais e consultora independente. Nesta conversa sobre transversalidades e vivências, nossos consultores e convidados falam sobre a atuação profissional enquanto pessoas LGBTs e as ações que ajudam a criar e desenvolver em diferentes frentes. O Brasil, assim como muitos outros países, ainda precisa melhorar em muitos aspectos para garantir os direitos mínimos para a população não-heteronormativa. Possuímos dados alarmantes de violência, exclusão social e profissional, que só podem ser combatidos por meio de ações e instrumentos legais. Por isso, a atuação direta de pessoas LGBTs nas políticas internas e externas são essenciais para uma maior assertividade e comprometimento na melhoria desses índices. Nosso BMJ Entrevista está especial e você é nosso convidado para refletir e entender um pouco mais sobre os desafios diários que a população LBTQUIAP+ enfrenta. Confira nosso bate-papo!
FLORENCE POZNANSKI: PROTESTOS NA FRANÇA AMEAÇAM MACRON? - Programa 20 MinutosO jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman, entrevista nesta quarta-feira (05/04) a dirigente nacional do partido de esquerda francês e membro da França Insubmissa, Florence Poznanski, sobre os protestos contra a Reforma da Previdência na França e a estabilidade do presidente Emmanuel Macron. A França está em chamas. Protestos tomam as ruas das principais cidades nas últimas semanas, com seguidos confrontos contra a polícia. Comandadas pelas centrais sindicais, a principal bandeira dessas mobilizações é a rejeição da reforma previdenciária, que aumenta a idade mínima para aposentadorias de 62 para 64 anos.Essa reforma, rechaçada pela maioria da opinião pública, foi imposta pelo presidente Emmanuel Macron, em despacho da primeira-ministra Elisabeth Borne, invocando o artigo 49.3 da Constituição, que permite o estabelecimento de leis sem aprovação parlamentar.A revolta tem crescido desde então. Para muitos, o próprio presidente, com a popularidade derretendo, poderia ter que assistir a queda da primeira-ministra ou até ver seu mandato colocado em risco. Para conversarmos sobre o que está acontecendo na França, nossa entrevistada será Florence Poznanski. Engenheira civil e cientista política, formada pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, de Paris, ela é dirigente nacional do Partido de Esquerda, na França. Morou no Brasil por quase dez anos, período no qual representou seu partido e aprendeu um português impecável.----Quer contribuir com Opera Mundi via PIX? Nossa chave é apoie@operamundi.com.br (Razão Social: Última Instância Editorial Ltda.). Desde já, agradecemos!Assinatura solidária: http://www.operamundi.com.br/apoio ★ Support this podcast ★
A convidada deste episódio é Raquel Figueiredo Alessandri Teixeira, professora e atual Secretária de Educação do Estado do Rio Grande do Sul. Raquel é Mestre e PHD em Linguística pela Universidade da Califónia em Berkeley (EUA), é Graduada em Letras e Mestre em Letras e Linguística pela Universidade de Brasília, ela também tem pós-doutorado em Língua e Cultura pela escola de Altos Estudos de Paris e especialização em Etnolinguística pela Universidade Federal de Goiás. Ela é integrante do Conselho Consultivo do eduLab 21 - Instituto Ayrton Senna, é membro licenciada do Todos pela Educação e membro da Academia Feminina de Letras de Goiás. Nos últimos 20 anos já foi secretária de Educação, de Ciência e Tecnologia, de Cultura, de Cidadania e Secretária de Esportes em Goiás. Foi, também, conselheira do Conselho Nacional de Educação, deputada federal de Goiás por 8 anos e coordenadora da Escola de Formação de Professores de São Paulo. Neste episódio, Raquel fala sobre sua história na educação, sobre a ressignificação da docência e sobre como o governo, a sociedade civil e as Universidades podem perspectivar uma formação para todos. Saiba mais sobre o Instituto para Inovação em Educação em unisinos.br/institutoinovacao Idioma do episódio: Português
A fraca reação da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) aos ataques à Praça dos Três Poderes por vândalos bolsonaristas sinaliza que o mercado financeiro entendeu a resposta do governo Lula como adequada e o risco de ruptura institucional, limitado. Entretanto, a crise política aberta logo na primeira semana do mandato aumenta ainda mais as pressões sobre a agenda econômica do presidente petista, avaliam analistas ouvidos pela RFI. No dia seguinte às invasões ao Planalto, Supremo Tribunal Federal e o Congresso, a Bovespa fechou em alta de 0,15%. Do ponto de vista externo, os atos criminosos ao coração do poder entram numa continuidade de instabilidade política iniciada em 2013 no país, assinala o consultor francês Stéphane Witkowski, presidente do Instituto de Altos Estudos sobre a América Latina (IDEAL), em Paris, e conhecedor de longa data do ambiente de negócios no Brasil.Para ele, mensagem de união e defesa da democracia dos presidentes dos Três Poderes da República e a condenação unânime dos acontecimentos em Brasília pela comunidade internacional reforçam a confiança do mundo em Lula, já demonstrada na posse do novo presidente.“Eu tenho a convicção de que os meios econômicos e financeiros podem entender perfeitamente que é uma consequência dos últimos atos da presidência Bolsonaro, mas alguns aspectos dessa crise ficarão ainda por alguns anos porque tem uma crise profunda de tendências da sociedade brasileira, nos últimos dez anos. Uma crise institucional, política, mas também democrática do Brasil”, salienta.Ainda mais pressões pelo equilíbrio fiscalEm outras palavras, pior do que estava, não ficou. Daniela Magalhães Prates, economista sênior da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), em Genebra, afirma que as instabilidades políticas sempre afetam as decisões dos agentes econômicos – empresários, consumidores, investidores. Num contexto internacional que está desfavorável para a América Latina, ela considera que o mercado tende a usar esse argumento para pressionar ainda mais o governo. Na mira, está o ajuste fiscal necessário para equilibrar as receitas e poder bancar o excesso de despesas previsto no orçamento deste ano.“A economia internacional vai desacelerar e, com isso, os preços das commodities não vão continuar altos como estavam. Essa situação reduz a margem de manobra para adotar políticas mais expansionistas. O embate com o mercado vai ser um problema”, afirma a economista. “A incerteza política pode ser usada para isso: reduzir a margem na política fiscal e monetária. Dizem que como o governo está enfrentando incerteza política, insegurança institucional, então não é hora de diminuir juros nem de achar que podem gastar.”Witkowski acrescenta ainda a reforma política, que se mostra mais necessária do que nunca. O consultor empresarial ressalta que “esses primeiros meses serão muito decisivos” para o presidente demonstrar liderança e transmitir confiança. “Eu diria que o verdadeiro teste para a comunidade econômica e financeira internacional será a capacidade do governo Lula de passar as reformas econômicas no Congresso e avançar nos principais objetivos econômicos do seu programa, nas próximas semanas”, sublinha o francês.Falhas de segurançaO professor de economia da PUC-SP Antonio Alves dos Santos observa ainda que os ataques em Brasília, com provável colaboração das forças de segurança, evidenciam a fraqueza do governo petista para garantir a segurança – um alvo histórico de críticas ao partido. Os acontecimentos também escancaram o diálogo frágil entre o Planalto e as Forças Armadas – e coloca na berlinda dois ministros do primeiro escalão do governo, o da Justiça, Flávio Dino, e o da Defesa, José Múcio Monteiro.“A leitura que o mercado vai fazer desses dois ministros me parece ser muito mais relevante do que a avaliação que será feita a respeito da atuação do ministro Haddad. Quer dizer, o governo está batendo cabeça na área econômica, mas também na área de segurança”, comenta o professor. “Isso é preocupante, e deve assustar muito os investidores internacionais.”
Quando assumiu o Planalto, em 2019, o presidente Jair Bolsonaro era celebrado por grupos econômicos e financeiros do país por ter colocado à frente do “superministério” da Economia o liberal Paulo Guedes, que prometia colocar as contas públicas em dia e encurtar as garras do Estado. Quatro anos depois, o governo entrega parcialmente as promessas – mas deixa para trás um rastro de desigualdades sociais e serviços públicos fragilizados. O presidente lega ao país um superávit primário (arrecadação menos gastos, à exceção dos juros da dívida) de R$ 23,4 bilhões, um resultado inédito desde 2013. De acordo com dados do Ministério da Economia, a dívida bruta do governo caiu para 74% do PIB (Produto Interno Bruto) e o total de compromissos devido pelo Brasil a organismos financeiros baixou 20% em relação a 2016. Mas, ao contrário do que possa parecer à primeira vista, o balanço final não é de ordem, mas de desordem fiscal, na avaliação de economistas como Ernesto Lozardo, ex-presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). "Entenda ordem fiscal como sendo o custo da dívida menor do que a taxa de crescimento do país. Nós estamos exatamente na situação contrária. A taxa de juros do país cresce a um índice muito elevado, está em 13,75% ao ano, em um país que está crescendo, no máximo, 3%. Isso é inviável”, explica Lozardo. "Portanto, há uma desordem fiscal, e não para atender projetos econômicos e sociais importantes, mas para atender demandas políticas de cada parlamentar e, em troca, o governo ter aprovação das suas emendas, com orçamentos secretos”, aponta. O professor da FGV-SP, defensor da agenda de reformas de Paulo Guedes, ressalta que a atual gestão modernizou a economia brasileira, ao promover privatizações importantes, novos marcos legais para setores como saneamento e gás e inovações como a criação do PIX. Os resultados no combate ao desemprego também são flagrantes, com uma queda de 14% para 8% do índice em quatro anos. Pandemia não explica tudo A seu favor, Bolsonaro sempre terá a pandemia de coronavírus como desculpa por não ter entregue a economia em melhores condições. Críticos, porém, relembram que, no começo do mandato – portanto antes do surgimento da Covid-19 –, o presidente criava polêmicas institucionais e atritos com parceiros comerciais importantes do Brasil, a exemplo da China. As movimentações criaram um clima de incertezas que afugentou investidores e prejudicou o desempenho econômico do país. Na sequência, a promessa de crescimento econômico robusto jamais se concretizou. Dados do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas) indicam que a alta média do PIB nos anos Bolsonaro foi de 1,5%, um dos piores desde os anos 1990. O economista e consultor Raul Velloso, um dos maiores especialistas em contas públicas do país e também adepto do viés liberal, aponta que a queda histórica do nível de investimentos prejudicou o crescimento e a distribuição de renda. "A taxa de investimento público e privado só caiu desde os anos 1980. O privado é uma linha reta, de em torno de 1,1% do PIB, e o público cai nove vezes, de cerca de 5% do PIB a 0,6%, no último ano. É um negócio chocante. Como é que o país vai crescer se o total dá 1,7% do PIB?”, questiona Velloso, ao relatar uma reunião que teve com Guedes sobre o tema. "Se eu coloco no mesmo gráfico essa taxa e a taxa de crescimento econômico, os dois gráficos andam grudados: cai um, cai outro. E agora ainda tem o teto, que quando eles entraram, estava em vigor. O Paulo Guedes nunca conseguiu se posicionar de forma positiva contra o teto. O que ele fez foi ficar correndo atrás”, diz o especialista do Instituto Nacional de Altos Estudos. Legado social desastroso Em nome do respeito ao teto de gastos, o governo promoveu cortes generalizados em serviços públicos, inclusive essenciais como saúde e educação, conforme denuncia a equipe de transição do futuro governo Luiz Inácio Lula da Silva. O país também sentiu o impacto da alta mundial da inflação, em reflexo à retomada acelerada da atividade e à retirada dos estímulos à economia pelos países, com o enfraquecimento da pandemia, e à guerra da Ucrânia. Acusado de demorar a reagir, o governo viu o índice passar de 12%, um recorde desde 2003. Neste contexto, os números da desigualdades e pobreza atingiram os maiores picos desde 2012. Enquanto o número de milionários cresceu, o da pobreza disparou, atingindo 29,4% da população brasileira, segundo o IBGE. "Eu acho que um governo tem que ser medido por aquilo que deixou socialmente – se houve um progresso social ou não. E do ponto de vista de quatro áreas, educação, ciência e tecnologia, saúde e cultura, o Brasil ficou muito atrasado – já era atrasado e ficou ainda muito mais”, avalia Lozardo. "Um país não cresce simplesmente pelo investimento: ele cresce pela produtividade, e produtividade significa ter mão de obra qualificada. Mas nós temos quase metade da população brasileira pobre e 14% faminta”, destaca o professor da FGV. A política monetária restritiva adotada para conter a inflação continuará a ter impacto em 2023: o Boletim Focus, que traz as perspectivas do mercado para a economia, antecipa um crescimento econômico de apenas 0,75%, problemático para um país emergente.
Bianca Pyl e Luís Brasilino conversam com a historiadora Heloisa Starling e o filósofo Newton Bignotto, autores junto com o cientista político Miguel Lago do livro “Linguagem da destruição: a democracia brasileira em crise” (https://bit.ly/3B2P51s), publicado em abril pela Companhia das Letras. A obra investiga a atuação do bolsonarismo e seu plano de poder pautado pela destruição, em especial da democracia, mas de todas as instituições baseadas no espírito da Constituição de 1988. Conversamos sobre o reacionarismo materializado na atual ascensão da extrema direita, os valores e os ideais da base bolsonarista, a utopia regressiva que a move, a noção de “cidadão de bem”, as dimensões de implementação do fascismo, o papel das forças armadas, a perspectivas de golpe e a importância das eleições. Heloisa é historiadora, cientista política e professora titular-livre da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É autora, entre outros, de “Os senhores das Gerais”, “Lembranças do Brasil”, “Brasil: uma biografia”, escrito em parceria com a Lilia Schwarcz, “República e democracia: impasses do Brasil contemporâneo” e “Ser republicano no Brasil colônia”. Newton é professor titular aposentado de Filosofia da UFMG e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Defendeu sua tese de doutorado sobre Maquiavel, na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, em Paris, e é autor, entre outros, de “Golpe de Estado: história de uma ideia” e “O Brasil à procura da democracia: da proclamação da república ao século XXI”. Links: Matheus Leitão, “Órgãos de inteligência suspeitam de ataques no 7 de setembro” (https://bit.ly/3AIwWnU); e Angela Alonso e Paulo Markun, “Ecos de Junho” (https://bit.ly/3cDsW00). Trilha: Paulinho da Viola, “Dança da solidão”; e Chico Buarque e Maria Bethânia, “Notícia de jornal” (Haroldo Barbosa e Luis Reis).
Aprovada há cinco anos, no governo do presidente Michel Temer, a reforma trabalhista está longe de ser um tema pacificado na sociedade. Ataque aos direitos trabalhistas e sua representação sindical? Ou avanço necessário para a maior geração de empregos e aumento da competitividade das empresas brasileiras? O debate extravasa o universo das entidades representativas de empresários e trabalhadores. Não poderia ser diferente, já que o mercado de trabalho – em franca e rápida transformação na esteira da digitalização da economia – e a forma pela qual ele é regulado têm importância central para a distribuição da renda, para as políticas de proteção social e para a eficiência e produtividade da economia. Este webinar avaliou as principais mudanças acarretadas pela reforma trabalhista e discutiu o que deve ser preservado, suprimido ou aprimorado. Conteúdo completo no nosso site: https://bit.ly/3SPTtaG PALESTRANTES - Clemente Ganz Lúcio Sociólogo, consultor sindical e assessor do Fórum das Centrais Sindicais. Técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) desde 1984, onde foi diretor Técnico por 16 anos. Foi membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), do Conselho Superior do Centro de Altos Estudos em Controle e Administração Pública (CECAP/TCU) e do Conselho da Sociedade Civil do BID - Banco interamericano de Desenvolvimento. - Dan Ioschpe Presidente do Conselho de Administração da Iochpe-Maxion, tendo sido anteriormente (1998-2014), presidente da empresa. Preside o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e é membro do Conselho de Administração das empresas WEG, Cosan, Marcopolo e Embraer. Também é membro do Conselho de Administração da ABDI, do Sindipeças e Vice-Presidente da FIESP. Formado em jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, cursou pós-graduação em marketing na ESPM de São Paulo e o MBA na Tuck School, Dartmouth College, nos Estados Unidos. MEDIAÇÃO - Sergio Fausto Cientista político, é diretor geral da Fundação FHC e codiretor do projeto Plataforma Democrática e da coleção "O Estado da Democracia na América Latina".
No episódio do Talking Law and Economics de hoje, tivemos a honra de receber o Professor Jairo Saddi para tratar da falência pela perspectiva da Análise Econômica do Direito! O Prof. Jairo é advogado, árbitro e parecerista em São Paulo. Pós-Doutor pela Universidade de Oxford. Doutor em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da USP. Administrador de Empresas pela FGV-SP. Atualmente é Membro do Conselho de Administração do Banco Votorantim S/A. Membro do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta (TV Cultura). Membro do Conselho do NEASF – Núcleo de Altos Estudos do Sistema Financeiro da Fundação Getúlio Vargas – RJ. É também Diretor Financeiro do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP) (Gestão 2019-2022). Imperdível!! Entrevistadores: Fernando Meneguin e Pedro Caram.
Último dia de campanha para a segunda volta das eleições legislativas francesas, que vai decorrer no próximo domingo. Em jogo está a manutenção, ou perda, da maioria do Presidente Emmanuel Macron na Assembleia Nacional nos próximos cinco anos. Os resultados nacionais da primeira volta colocaram lado a lado a coligação “Ensemble” do presidente Macron e a esquerda unida na coligação Nova União Popular Ecologista e Social, liderada por Jean-Luc-Mélenchon. De acordo com as últimas sondagens, o partido presidencial obtém entre 265 e 300 assentos na Assembleia Nacional, contra 180 a 210 para a união das esquerdas. Além disso, o partido de extrema-direita União Nacional de Marine Le Pen deverá conseguir eleger 20 a 30 candidatos, o que lhe vai permitir constituir um grupo parlamentar. A maioria absoluta na Assembleia Nacional Francesa é obtida com 289 lugares. Para Dejanirah Couto, investigadora da Escola Prática dos Altos Estudos de Paris, este sufrágio vai alterar o xadrez político francês na Assembleia Nacional e ditar um segundo mandato difícil, de negociação permanente para Emmanuel Macron. Todavia, a segunda volta das legislativas, na visão da investigadora, à semelhança da primeira volta, deve ficar marcada por uma forte abstenção. "Infelizmente creio que o que vamos poder esperar desta segunda volta das legislativas é, como no seguimento da primeira volta, uma taxa de abstenção muito elevada. Talvez ligeiramente menos elevada do que na primeira volta, porque, como sabemos, a taxa foi efectivamente enorme. Vão existir alguns reagrupamentos políticos, entre os diversos partidos para fazer, barreira à extrema-direita, na medida em que a direita clássica está, mais ou menos, eliminada. Temo que a taxa de abstenção ainda assim seja bastante elevada, porque o eleitorado está bastante desmotivado. Por conseguinte, creio que é isso que vamos verificar nas eleições do domingo". Mas o facto de na primeira volta os resultados terem colocado ‘taco a taco' a esquerda unida e as forças políticas à volta do Presidente, não faz com que possa haver o contrário, ou seja, mais mobilização para esta segunda volta? "Parece-me que a sua análise é bastante correcta teoricamente, porque o problema central é que estas eleições (voltando atrás às presidenciais) foram já levadas a cabo num clima de grande desinvestimento da sociedade civil em relação ao que estava em jogo. Quer dizer, a continuidade de um mandato político sem grandes rupturas ou praticamente sem ruptura do ponto de vista institucional e com pequenas rupturas do ponto de vista das reformas que podem ser levadas a cabo. Mas, realmente, desde as presidenciais o clima geral é de bastante desinvestimento. Eu temo que essa espécie de sobressalto que deveria ocorrer para evitar uma polarização e um impacto que vai obrigar à Assembleia a um jogo muito mais subtil ou muito mais sofisticado, conforme as opiniões que tivermos, para levar a cabo um certo número de reformas no novo mandato do Presidente. Temo que esta situação se prolongue e que isso leve a que o Presidente não consiga efectivamente ter a maioria presidencial". É necessário relembrar aqui que as tendências que temos, são tendências nacionais, na verdade este xadrez político, as peças que compõem este xadrez, decidem-se nos círculos eleitorais distritais que podem, ou não, reflectir esta tendência nacional. "Sem dúvida. Há aqui um problema de xadrez eleitoral a nível local. Até que ponto é que este panorama vai ser radicalmente modificado, eu sou um pouco céptica. Dito isto, penso que se vai assistir a uma recomposição interessante na Assembleia Nacional. A extrema-direita de Marine Le Pen vai, sem dúvida, aumentar seu número de deputados e constituir o seu próprio grupo parlamentar dentro da Assembleia". Esta perda quase garantida da maioria absoluta do presidente Macron, significa o quê? É um cartão vermelho da sociedade às políticas do presidente? "Eu acho que o cartão vermelho da sociedade civil, não está bem na questão da não-obtenção da maioria, está na taxa de abstenção. A taxa de abstenção tem vindo a aumentar ao longo do tempo. O que é que isto vai significar em termos do exercício presidencial? Penso que Macron vai ser obrigado a estabelecer um maior número de alianças. Sobretudo, vejo este cartão mais como um cartão vermelho não da sociedade por si, mas um cartão vermelho dos partidos políticos, dos corpos institucionais, dos corpos políticos que estão a avisar efectivamente o presidente que se entra numa fase em que as reformas que não foram levadas a cabo no primeiro mandato, têm que ser absolutamente levadas a cabo neste segundo mandato". Mesmo que o presidente Macron, com a sua coligação “Ensemble”, consiga esta maioria absoluta, que para já está afastada das tendências, ele próprio, nos próximos cinco anos, continua a ter que negociar porque não concorre sozinho a estas eleições. Vai com o movimento do ex-primeiro-ministro Edouard Philippe e, também, com o Modem de François Bayrou. Mesmo que tenha uma maioria absoluta, a tarefa de Emmanuel Macron é complexa. "Completamente. Quer dizer ele vai entrar numa nova dinâmica política que não foi necessária nas eleições precedentes. Aqui o novo mandato, penso, vai ser marcado por uma negociação contínua e por coligações, por vezes, um pouco complicadas e que escaparão mesmo uma parte do seu eleitorado mais fiel. Ele não vai estar em posição de levar a sua política a cabo a 100% sem entrar nessa dinâmica de negociação. Portanto, este segundo mandato vai ser marcado por negociação contínua e vai ser muito laborioso. Isto reserva grandes surpresas. A dinâmica vai ser a de negociação perpétua. Está aqui também uma série de recomposições a nível regional e a nível local que vão mostrar que as necessidades de negociação e de possíveis coligações vão ter lugar". A possibilidade de Jean-Luc Mélenchon chegar a primeiro-ministro está completamente fora de questão? "Penso que sim! Jean-Luc Mélenchon, como todos sabemos, é um excelente tribuno, é um orador de extraordinária classe capaz de convencer. Mélenchon é adepto do discurso contínuo. E portanto há todo um segmento da direita clássica política que se reconfigurou e que está agora bastante enfraquecida mas que não deixa de votar, apesar disso. Se Mélenchon se tornasse primeiro-ministro seria verdadeiramente uma catástrofe para o centro. Portanto, não creio que essa hipótese, que foi levantada, em termos políticos possa ter qualquer viabilidade. Quer dizer, seria um golpe de póquer absolutamente extraordinário da parte de Emmanuel Macron, mas que iria criar uma grande confusão política sobretudo para os segmentos da direita clássica e obviamente também para o partido de Marine Le Pen, porque isso seria ainda aumentar muitíssimo mais a fractura política entre o partido presidente e todas as outras forças eleitorais que não são forçosamente simpatizantes de Mélenchon".
No #RodaViva, a jornalista Vera Magalhães recebe o cientista político e professor Paulo Sérgio Pinheiro. Paulo Sérgio Pinheiro foi ministro da Secretaria de Estado de Direitos Humanos do governo Fernando Henrique Cardoso, e participou de diversas comissões de Direitos Humanos da ONU, para países como o Timor Leste, Burundi, Togo e Mianmar. Atualmente, preside a Comissão Independente Internacional de Investigação da ONU para a Síria, com sede em Genebra. Foi um dos fundadores da Comissão Arns de Direitos Humanos e também integrou a Comissão da Verdade, que apurou os crimes da ditadura militar no Brasil. Doutor em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris e licenciado pela Universidade de Vincennes, ele foi professor titular na Universidade de São Paulo. Também lecionou nas universidades de Brown, nos Estados Unidos, Oxford, na Inglaterra, e na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, em Paris.
O Primeiro-ministro indiano Narendra Modi iniciou esta segunda-feira um périplo europeu de 3 dias cuja ementa abrange discussões em torno da guerra na Ucrânia, da protecção do meio ambiente e igualmente da cooperação económica. Neste sentido, a primeira etapa desta digressão que decorre hoje em Berlim, é eminentemente económica com encontros com o chefe do executivo alemão e com representantes do sector empresarial, a Alemanha sendo o principal parceiro europeu da Índia. Na segunda etapa da sua deslocação, Modi estará a amanhã na Dinamarca onde vai participar na segunda cimeira Índia-países escandinavos, um encontro virado para questões ambientais. Apesar de uma crescente sensibilização à problemática do aquecimento climático e à necessidade de uma transição para uma economia mais sustentável, a Índia é, juntamente com a China, um dos países que continua a suportar a sua política energética sobre a exploração do carvão. No seu último dia de visita, o chefe do governo indiano deverá passar por Paris onde será o primeiro estadista estrangeiro a ser recebido por Emmanuel Macron desde a sua reeleição há uma semana. Estes três dias de visita acontecem num contexto internacional extremamente perturbado pela guerra na Ucrânia, com a Índia a adoptar uma posição de neutralidade a nível as instâncias internacionais. Esta visita acontece igualmente num contexto em que a Índia, confrontada com dificuldades económicas e sociais, procura reforçar os elos com os países da União Europeia, como não deixa de evidenciar Djenirah Couto, investigadora da Escola Prática dos Altos Estudos de Paris. RFI: O que está em jogo para Narendra Modi na sua primeira etapa em Berlim? Djenirah Couto: Para Modi, esta visita é extremamente importante porque já há cerca de dois anos que Modi e o seu governo enfrentam um certo número de manifestações e de acções muito duras do ponto de vista da política interna da Índia, a nível dos agricultores. Os agricultores levaram a cabo uma "guerra" dura de resistência contra o governo durante mais de um ano e ganharam sobre diversos pontos. A situação económica na Índia é extremamente complicada, não devido à epidemia, mas devido precisamente às medidas extremamente ditatoriais tomadas pelo governo de Modi em relação à gestão económica e à gestão agrícola de diversas províncias e de Estados da própria Índia. Portanto, a contestação interna leva também a uma crise económica indiana e eu penso que Modi vem ver o seu principal interlocutor, a Alemanha, pedir algum apoio e alguma ajuda a diversos níveis. RFI: A segunda etapa desta visita passa amanhã pela Dinamarca onde Narendra Modi vai marcar presença na segunda cimeira Índia-países escandinavos. Na ementa desse encontro há vários assuntos: a retoma económica pós-pandémica, as mudanças climáticas, a inovação e a tecnologia, assim como as energias renováveis. Esta agenda combina pouco com o facto de a Índia ser um dos países que continua a basear a sua política energética no carvão. Djenirah Couto: Exactamente. Mas aqui a presença de Modi na Dinamarca é por assim dizer unicamente simbólica, para mostrar que a Índia se interessa por esses problemas, que a Índia não quer estar ausente da tribuna internacional em que se estão a tomar -embora de maneira dispersa- medidas concretas para resolver a questão do desequilíbrio climático. Aqui a presença do Modi é puramente simbólica porque a política da Índia em relação ao clima tem sido particularmente negativa. é claro que podemos também ser um pouco advogados do Diabo em relação a esta política governamental indiana, porque a Índia com a população que tem, com os problemas estruturais que tem, com a burocracia que tem ao nível de cada Estado, o país não tem grandes meios actualmente para lutar contra o problema do desequilíbrio climático e inclusivamente de implantar novas políticas energéticas a uma escala muito grande. Isto não quer dizer que não tenham sido tomadas iniciativas na Índia ultimamente. Por exemplo, em diversos Estados, foram criadas verdadeiras reservas e quintas para o estabelecimento e criação de painéis solares, para implantar uma energia renovável através desses painéis solares. Algumas iniciativas têm sido tomadas ao nível da poluição extraordinária nas grandes cidades como Nova Deli e sobretudo Mumbai, mas evidentemente há na Índia um problema de escala. é um problema ligado à demografia que não tem sido verdadeiramente controlada nos últimos 30 anos e portanto a Índia não tem actualmente meios concretos para uma política de modificações e de melhoramento a nível da implantação das energias renováveis como países de pequenas dimensões e com pequena população o podem fazer. O problema é muito, muito, complicado, mas quero reafirmar que iniciativas têm sido tomadas na Índia, porque há uma sensibilização sobretudo nas camadas mais jovens e urbanas da população sobre o problema dos recursos. Por exemplo, pense-se na mobilização que tem sido feita na Índia a propósito da escassez da água e do problema da utilização e do emprego da água nos grandes centros urbanos e nas grandes cidades. Dizer que a população não está a ser sensibilizada à questão da necessidade de medidas para uma transição mais ecológica, nos centros urbanas e nas camadas mais jovens há lá quem o está. A questão é que o aparelho do Estado tem uma inércia muito grande e, além disso, a política governamental do partido no poder não foi de maneira nenhuma virada para as questões climáticas como sendo uma questão prioritária. RFI: Precisamente relativamente à questão do ambiente que é um dos pratos-fortes desta visita, tem havido bastantes escândalos a nível ambiental na Índia, nomeadamente na forma como são fabricados os medicamentos naquele país. A Índia é um dos principais produtores de medicamentos a nível mundial, muitos dos genéricos que consumimos na Europa são fabricados na Índia, mas em condições terríveis para o ambiente, com poluição da água. Djenirah Couto: Sem dúvida. Um dos grandes problemas da Índia é o das condições de produção. A mão-de-obra é abundante e barata mas muitas vezes não qualificada ou não suficientemente qualificada. Por exemplo, isso também é visível no caso da produção de alguns medicamentos, não todos como é evidente, mas tem havido alguns locais, algumas empresas em que têm-se vindo a acumular escândalos porque, precisamente, é impossível continuar a consumir medicamentos que são realmente produtos nos quais o consumidor tem que ter toda a confiança e têm sido produzidos em condições extremamente deficientes porque o problema é a falta de fiscalização. Aqui é algo que o governo indiano tem que efectivamente mudar as suas políticas e agir num clima de reformas. RFI: Mas será que tem havido pressão por parte dos países ocidentais e nomeadamente dos países europeus com os quais a Índia está em contacto? Djenirah Couto: Estamos a falar da produção de medicamentos. é um sector em que reina muito pouca transparência. Portanto, eu penso que começa a haver alguma inquietação e alguma responsabilização das unidades ou dos laboratórios ocidentais que tiveram conhecimento do modo como esses medicamentos são produzidos. Mas, pelo menos até agora, não tenho visto nenhuns ecos de uma responsabilização ou de um alerta da parte dos europeus ou dos ocidentais de um modo geral em relação ao impacto ambiental na Índia dessas condições de produção extremamente deficientes. RFI: A terceira etapa da visita de Narendra Modi à Europa decorre em Paris. O que está em jogo nessa etapa? Djenirah Couto: Eu penso que é como na questão da Dinamarca, é uma questão de presença simbólica Índia. Na Índia, há um problema de imagem e, portanto, o governo indiano que tem sido conotado com posições radicais do ponto de vista político, tem tratado de melhorar essa imagem. Penso que essa viagem a Paris é mais na base do prestígio e na base de poder mostrar que a Índia continua a ser um actor no conjunto das nações importantes. Nada melhor do que a França, com um Presidente muito recentemente reeleito, para mostrar e para afirmar essa constância dessa presença da Índia. Esta visita é mais de prestígio diplomático do que propriamente de resultados concretos, embora evidentemente possa haver outras transacções menos públicas, tais como venda de armamento, tais como programas de trocas mútuas com a França que continua a ser considerada do ponto de vista técnico como um interlocutor muito fiável para a Índia. RFI: E precisamente acerca da questão dos aviões 'Rafale', a Índia compra esses aviões caça à França, mas o primeiro fornecedor de armamento à Índia é a Rússia. Djenirah Couto: Sem dúvida, mas precisamente, agora que a Rússia está situada numa posição muito marginalizada, é muito possível que o governo indiano que tem uma política de rearmamento muito forte porque pretende sempre continuar a assegurar a sua hegemonia no oceano Indico, lembre-se todas as compras da Índia em matéria de submarinos, não só de 'Rafale' mas também de navios, de rearmamento das suas frotas para continuar a assegurar o seu poder estratégico naquela região, é possível que essas compras atinjam também outros sectores, como o sector aeronáutico, e que o governo indiano se volte de novo e cada vez mais para a França. Um último exemplo que queria dar e que creio útil evocar é a participação francesa nas obras do metro de Mumbai e em muitas outras empresas de grande importância da Índia do ponto de vista da arquitectura. Essa contribuição francesa é sempre muito bem vista pela qualidade técnica. RFI: Esta visita tem também por objectivo situar-se como alternativa relativamente ao bloco 'Rússia-China', uma vez que a Índia é o principal rival da China a nível regional. Djenirah Couto: Com certeza. Concordo plenamente com essa análise. Penso que há aqui nesta viagem também, globalmente, uma tentativa de reposicionamento da Índia em relação à Europa e de modo geral a todo o ocidente, para mostrar que não está totalmente solidária com aquele grupo 'Rússia-China', até mesmo porque há um conflito quase secular entre a China e a Índia. Alguns não se lembrarão da situação de guerra e dos problemas de fronteira que são importantes. Portanto, há aqui sem dúvida, uma tentativa de mostrar que a Índia não rompe completamente com a dinâmica das suas trocas privilegiadas com a China ou com a Rússia mas que há um limite. A mensagem é 'o nosso alinhamento não é a 100% com a China e com a Rússia.'
A quatro dias das eleições presidenciais, Emmanuel Macron e Marine Le Pen protagonizaram um frente-a-frente considerado decisivo para esta corrida aos Eliseu. Durante quase três horas, o presidente-candidato da República em Marcha e a candidata da União Nacional falaram sobre poder de compra, Ucrânia-Rússia, União Europeia, reforma das pensões, constituição, laicidade ou ecologia. À esquerda do ecrã, Emmanuel Macron muitas vezes de olhar fixo na adversária, cotovelos na mesa e queixo apoiado nas mãos, como se fosse um professor a avaliar a sua aluna, dando ares de arrogância, como o acusam alguns analistas... à direita Marine Le Pen, mais controlada que em 2017, por vezes hesitante nas respostas essencialmente no início do debate que nervosamente começou antes do tempo. Para analisar o frente a frente presidencial, tenho comigo em linha Dejanirah Couto, investigadora da Escola Prática dos Altos Estudos de Paris a quem pergunto qual dos candidatos venceu o debate? "Parece-me que é claro que foi o presidente [Emmanuel Macron] que ganhou o debate. É evidente que foi ele quem dominou o debate porque foi extremamente preciso do ponto de vista dos pormenores técnicos. Mostrou perfeitamente que dominava a matéria e os dossiers de uma maneira muito muito exacta. A sua adversária [Marine Le Pen] embrulhou-se completamente em diversas ocasiões, confundindo inclusivamente artigos da Constituição. Portanto, de uma maneira geral penso que ele dominou claramente o debate, apesar de ela ter adoptado uma postura muito diferente da de há cinco anos". Estava ontem Marine Le Pen mais bem preparada aqui há cinco anos. Ela que ontem estava muito mais na defensiva, muito menos no ataque. Será que também aqui este controlo era para conseguir moderar a linguagem? "Sem dúvida. Eu penso que ela foi enquadrada num trabalho de coaching formidável, muito melhor preparada do anteriormente. Mas isso teve também um efeito contraprodutivo, porque a obrigou a adoptar um perfil baixo, ou seja, uma postura algo retraída que efectivamente para o espectador comum poderia parecer como um certo controlo; uma certa calma no debate, mas o problema é que esta postura a levou a entrar numa série generalizações e de repetições. Ela entrou em contradição com diversos aspectos do seu próprio programa e colocou-se numa posição de vítima e de representante dos franceses". Marine Le Pen várias vezes disse que era representante dos franceses, tanto a nível do poder de compra, como a nível de segurança, por exemplo. Ela disse que era a porta-voz dos franceses. "A porta-voz dos franceses pobres. Ela estava a referir-se indirectamente àquela franja da população que nós conhecemos como os coletes amarelos. Uma classe que não é completamente pobre, mas que se encontra nas camadas baixas da população, pelo seu poder de compra. O problema é que quando se tratou de dar proposições concretas para a defesa desses franceses de que ela falou, ela foi incapaz de ser concreta". A questão do poder, era uma das bandeiras de campanha de Marine Le Pen e foi isso que, de alguma forma, a conseguiu trazer até esta segunda volta das presidenciais. “Todas as camadas da população são sensíveis a esta questão. Nos dois tipos de proposição aquilo que me pareceu objectivamente muito claro é que a proposição de Marine Le Pen, de uma diminuição geral dos [impostos] é irrealista e, no contexto actual, totalmente impossível de realizar. Aquilo que o presidente propôs, que é proceder por categorias, por nichos, por diversos grupos levando em conta determinadas categorias sociais, sobretudo nas camadas mais carenciadas da população no contexto actual, parece-me mais viável. Eu diria que dentro das duas proposições a do presidente, que também tem os seus inconvenientes, tem a capacidade de poder ser realizada de uma maneira pontual. Realmente, o projecto de uma baixa total [da imposição] tal como a candidata Marine Le Pen avançou, no momento económico actual é completamente impossível". Apesar de mais moderados, os dois candidatos interromperam-se e afrontaram-se sobre diversas temáticas. Uma delas, era inevitável, foi a invasão russa da Ucrânia. Macron utilizou esse momento para apontar o dedo a Marine Le Pen por depender do poder russo, por causa do empréstimo que o partido dela tem junto de um banco russo. Marine Le Pen defendeu-se ao dizer que representa “um partido pobre e que não é uma vergonha”. Estava ela mais preparada para este ataque do que aquilo que se poderia esperar? “Não, a resposta dela não esteve verdadeiramente à altura daquilo que Macron pediu. E foi finalmente Macron que apontou com o dedo, de que a preferência pelo banco russo escondia qualquer outro aspecto, uma certa afinidade. Creio que ela não conseguiu, pela sua resposta, responder exactamente ao mesmo nível da interpelação do presidente". A questão do clima, da ecologia, que é uma questão que é cara aos eleitores de Jean-Luc Mélenchon, que foi o terceiro mais votado na primeira volta das presidenciais e cujos votos são essenciais para definir o vencedor desta segunda volta. A ideia que fica é que nem Macron, nem Le Pen souberam capitalizar o tema. Apenas os chavões de Macron a acusar a adversária de “céptica do clima” e ela a acusar o presidente-candidato de “hipócrita do clima''. Mesmo as próprias organizações ambientais dizem que foi muito pouco. "O problema é que sobre a questão climática, penso que tanto Marine Le Pen, como o presidente Macron ainda estão numa espécie de névoa sobre as estratégias e as tácticas a adoptar em termos climático. A questão ainda está muito reduzida a uma retórica climática, como eu costumo chamar-lhe. Quero dizer uma retórica da necessidade de fazer, de iniciar, mas os passos concretos ainda estão em grande desfasamento em relação a essa retórica sobre o problema climático". Emmanuel Macron defendeu o balanço do seu mandato, em termos de segurança, com a criação de postos de trabalho para polícias e para guardas, mais meios judiciais, mais magistrados, a diminuição da delinquência e uma luta eficaz contra o terrorismo. De um lado completamente oposto, Marine Le Pen diz que a situação do país é “má”. Falou em “barbárie” e em "selvajaria''. Fala do problema da imigração “anárquica e massiva” que contribui para o aumento e para o agravamento da insegurança da França. “Eu penso que nenhum dos candidatos teve meios para pôr o dedo na ferida. O problema da insegurança em França foi extremamente ultra-explorado e inflacionado. O que sucede em um certo número de metrópoles, não é exactamente o que se passa numa grande parte da França. Há aqui o inflacionar da temática da violência que existe sem dúvida nenhuma, mas que também tem sido um dos “grandes cavalos de batalha” da extrema-direita e mesmo de alguma direita clássica. Como proceder? É apenas uma questão de repressão e, nesse caso, aquilo que o presidente propõe, ou seja, o aumento das forças policiais, quadrilhar as áreas mais sensíveis em que há problemas, por exemplo, de narcotráfico, etc. É essa a solução? Ou então como propõe Marine Le Pen, um referente geral em que não se vê bem o que é que esse referente poderia trazer de melhoria a esta situação. É uma questão sociológica, não apenas uma questão de uma invasão migratória ou da não adaptação de novos migrantes de outras culturas a um contexto europeu e francês, neste caso preciso. Haveria aqui a fazer um trabalho de fundo sobre todas as questões sociológicas, político-sociológicas e económico-sociológicas que levam a este tipo de situação de insegurança, nomeadamente urbana. Penso que no debate de ontem, nenhum dos candidatos podia concretamente avançar para esse tipo de reflexão". A laicidade também foi uma das questões que opôs e que arrancou algum tipo de acusações entre os dois candidatos presidenciais. Marine Le Pen diz que quer lutar contra a “ideologia islâmica”. Emmanuel Macron criticou aquilo que a adversária disse e acabou por conseguir capitalizar esta questão. "No programa [da União Nacional] reina uma enorme confusão entre a questão do islão como religião e como prática religiosa e a questão da ideologia islamista. Eu creio que ela não desejava entrar no debate a propósito da laicidade porque a questão do véu polarizou eleitores e camadas da população, porque é associado com a questão do estatuto das mulheres nas sociedades muçulmanas e nas sociedades europeias. O que eu quero aqui dizer é que há uma amálgama entre ideologia, prática religiosa e religião propriamente dita. Estou convencida que ela própria, ideologicamente falando, não está preparada para compreender essas distinções entre a prática religiosa e em seguida a criação de uma ideologia particular com nessas práticas religiosas e a adulteração da prática religiosa". Peço-lhe apenas um olhar sobre a postura de neste debate de Emmanuel Macron, muitas vezes de olhos fixos na adversária, agressivo com alguns laivos de arrogância. Esta postura não pode jogar contra o presidente? "Concretamente não creio que seja uma postura de arrogância. Houve ali no debate de ontem um certo número de circunstâncias, entre as quais o facto de terem sido dados números e aspectos aparentemente factuais, mas que eram muito alternativos. Isso fez com que essa postura possa parecer arrogância. Por outras palavras, penso que ele perdeu, de vez em quando, um pouco a paciência, aliás via-se no olhar dele em diversos momentos uma certa incredulidade".
Na edição desta semana do podcast “Supremo na semana”, o professor Alexandre Freire, secretário de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação do STF, falou sobre a criação da repercussão geral, o filtro qualitativo e quantitativo que seleciona os temas de relevância constitucional, social e econômica, a serem julgados pela Corte, e seus benefícios para o cidadão brasileiro. Segundo Freire, a sistemática dá celeridade e confiabilidade às decisões do STF. O episódio também traz um resumo das principais decisões do STF na semana, apresentado pela advogada Thais Faria, consultora da Rádio Justiça.
Debate da Super Manhã: Apesar de a sensação de insegurança não ter abandonado os brasileiros, dados apontam que o número de assassinatos caiu 7% no país, no ano passado, com cerca de quarenta e uma mil mortes violentas. Foi o menor quantitativo desde 2007, ano em que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública passou a coletar as informações. Em Pernambuco, a queda foi de 10%. Mesmo assim, o estado continuou ocupando o terceiro lugar nacional em registro de homicídios, com 3.370 mortes violentas. O levantamento é do Monitor da Violência, mantido pelo G1, com base em dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal. No debate desta segunda-feira, o comunicador Wagner Gomes conversa com especialistas sobre os fatores que podem ter influenciado para esses resultados, analisando o cenário da segurança pública. Participam do debate o Secretário de Defesa Social de Pernambuco, Humberto Freire, o Coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo, ex-secretário nacional de segurança, ex-consultor do Banco Mundial e professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da Polícia Militar, José Vicente da Silva Filho, e o Doutor em Sociologia, professor e pesquisador do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco, além de coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas de Segurança da U-F-P-E (NEPS/UFPE), José Luiz Ratton.
Do Brasil para a Inglaterra, passando pela Suíça. A musicista Erica Smetak, de 23 anos, que é de Salvador e estudou em Genebra, na Escola de Altos Estudos de Música, foi aprovada em audição da Orquestra Filarmônia de Londres, uma das mais importantes do mundo. Em conversa com a RFI, a oboísta explicou como foi o processo seletivo. Valéria Maniero, correspondente da RFI na Suíça Erica contou que o teste para integrar a Orquestra Filarmônia em Londres foi por vídeo. A Covid-19 atrapalhou um pouco o processo, mas não impediu que a baiana fosse selecionada. "Eu aceitaram o meu dossiê, o meu pedido. Mas viram que eu morava na Suíça e que, por conta da Covid, não poderia estar lá na prova. Então, eles falaram que aceitariam uma candidatura por vídeo com os determinados trechos de orquestra que estavam pedindo para a vaga de corne inglês", diz. Quinze dias depois, Erica recebeu uma resposta positiva da orquestra. "Eles me aceitaram para fazer um 'trial', que é como se fosse um tempo probatório na orquestra. Você toca com eles, faz alguns concertos, ensaios e programas com eles. Depois, eles decidem se você tem um contrato prolongado definitivo, com uma duração maior”, explica. Por enquanto, a oboísta ainda não sabe como será o contrato, quanto tempo vai durar e quando começará, mas Erica não esconde a felicidade com a conquista. “Significa o início de uma longa caminhada na vida profissional, que está só começando”, afirma. Na Bahia, onde tudo começou Erica ingressou no mundo da música aos quatro anos, quando entrou no curso de iniciação musical para crianças na Universidade Federal da Bahia. Aos oito, já integrava o Neojiba - projeto que promove a inserção social por meio da música - onde ela começou tocando flauta doce e depois flauta transversal. “Eu fiquei um ano na flauta transversal até que eu mudei para o oboé - aí que foi o início do meu instrumento. Depois de três meses, eu estava na orquestra 2 de Julho, que é a orquestra principal do projeto, onde toquei durante oito anos", relembra. Aos 17, Erica viajou à Suíça para realizar a prova da Escola de Altos Estudos de Música de Genebra. "Fui aprovada, mas não tinha bolsa, não tinha nada. Felizmente, eu consegui uma bolsa de excelência aqui na Suíça, da Fundação Hans Wilsdorf”, conta. Atualmente a jovem faz um estágio com a Orquestra do Teatro de Solothurn/Bienne, na Suíça, com a qual tem contrato até junho. Principal conselho: disciplina O principal conselho de Erica para quem quer seguir carreira na música é ter disciplina. "A gente não chega a lugar nenhum sem disciplina. E cada derrota é um passo mais próximo da nossa vitória, se nós não desistirmos." A jovem encara todas as suas experiências como um aprendizado. "No grande plano, até o que parece negativo é só uma parte do caminho, é só algo pequeno que estamos passando naquele momento para nos ajudar a chegar onde almejamos”, diz a musicista.
O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, 68 anos, afirmou em entrevista ao Poder360 que desconhece legislação no mundo que permita o locaute, uma espécie de greve de empresas. Juruna, como é conhecido, classifica a proposta estudada pelo governo Bolsonaro como “maluquice”.No começo de dezembro, foi noticiado que o Grupo de Altos Estudos do Trabalho incluiu entre as sugestões levadas ao Ministério do Trabalho e da Previdência a liberação do locaute.“Você gostaria de viver dando o direito ao patrão de paralisar o governo ou a prestação de serviço numa cidade? Para ele fazer pressão sobre o governo local, estadual ou federal para exigir as suas reivindicações? Isso é um contrassenso de legislação. Não conheço uma legislação no mundo que garanta isso”, afirma Juruna.
Nesta edição do Jornal da CUT, citamos algumas das mais de 330 alterações em direitos trabalhistas que o governo Bolsonaro pretende por em prática. Não bastasse a reforma Trabalhista de 2017, Bolsonaro quer 'flexibilizar' ainda as relações de trabalho, o que necessariamente significa mais ataques aos direitos dos trabalhadores As possíveis mudanças constam de um estudo encomendado ao Grupo de Altos Estudos do Trabalho (GAET), composto por ministros, desembargadores e juízes da justiça do trabalho, procuradores, economistas, pesquisadores, além de advogados especialistas em relações do trabalho - a grande maioria ligada ao setor patronal.
A Câmara dos Deputados aprovou em segundo turno, na noite desta terça-feira (17), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 125/11, chamada de "minirreforma eleitoral". O texto prevê o retorno de coligações partidárias em eleições para deputados federais, estaduais e vereadores já a partir do ano que vem. O placar do segundo turno foi 347 deputados favoráveis e 135 votos contrários. A formação de coligações permite a união de partidos em um único bloco para a disputa das eleições proporcionais. No CBN Cotidiano, o cientista político João Gualberto Vasconcellos, professor emérito da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e doutor em Sociologia pela Escola de Altos Estudos em Ciência Política de Paris, avaliou que o sistema não respeita na totalidade a escolha dos eleitores.
Você sabia que a Conscienciologia vai muito além do estudo da Projeção Consciente? Conheça o Neociências, uma live que recebe professores convidados de outras Instituições Conscienciocêntricas (atualmente existem 24 instituições) com diferentes especialidades conscienciológicas. Em nosso décimo programa contaremos com a presença de 2 professores e pesquisadores do CEAEC (Centro de Altos Estudos da Conscienciologia ) que estarão compartilhando conosco seus trabalhos dentro desta instituição e suas vivências projetivas que foram importantes para suas autopesquisas. Profª. Nilse Oliveira e a Profª. Isabela Collares serão nossas convidadas representando o CEAEC e a Profª.Beatriz Vogel e a Profª. Enilda Lara serão nossas anfitriãs deste programa que está com muitas informações importantes para todos que querem estudar mais a respeito da Conscienciologia. Live transmitida em 28/06/2021
Se você gosta de se conectar consigo e com a natureza, não pode perder de conhecer esse incrível campus do CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA CONSCIÊNCIA! Dono de um dos jardins mais bonitosde Foz do Iguaçu, em meio a um bairro muito charmoso, o CEAEC é um espaço com uma energia incrível e aberto à visitação, cujo propósito é fomentar a ampliação do saber e a produção de conhecimento. Possui diversos laboratórios de auto-pesquisa, mais de 300 tipos de coleções e um acervo de mais de 100 mil livros disponíveis para leituras no local. Que lugar maravilhoso! Então, se possível, sinta essa experiência de passear pelos seus lindos gramados, admirar a natureza, se autoconhecer e ser muito bem recebido pelos voluntários dessa organização! --- Send in a voice message: https://anchor.fm/souguia/message
Terceiro painel da a Conferência Internacional Amanhãs Desejáveis, promovida pelo Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ, discute mudanças climáticas, biodiversidade e governança ambiental. A programação, nesta terça, dia 11 de maio, inclui palestras dos pesquisadores Jean Philippe Pierron, da Université de Lyon, Patrick Viveret, do Institut des Futurs Souhaitables, e Tor Benjaminsen, da University of Life Sciences. Saiba mais ouvindo as entrevistas da professora Marta Irving, do Programa de Pós-Graduação em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social e do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento da UFRJ, e do professor Andrew Macrae, do Instituto de Microbiologia e coordenador de relações internacionais do Centro de Ciências da Saúde da UFRJ. Reportagem: Caroline Nunes.Edição: Thiago Kropf.
Olá, ouvinte! No episódio de hoje, falaremos sobre o tema “Escola da Escolha Pública – contribuições ao Brasil contemporâneo” Para conhecermos um pouco mais desse tema, trouxemos o Professor Claudio Shikida, Doutor em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Professor do mestrado e do doutorado em Economia Aplicada da Universidade Federal de Pelotas. Atualmente, o Professor Shikida é coordenador-geral de pesquisas na Diretoria de Altos Estudos da ENAP (Escola Nacional de Administração Pública). Vale a pena conferir! APRESENTAÇÃO: Amanda Flávio de Oliveira, Fernanda Oppermann.
O jornal britânico Financial Times revelou no passado fim-de-semana que responsáveis do Irão e da Arábia Saudita mantiveram um encontro secreto em Bagdade no começo deste mês no intuito de explorar pistas para diminuir a tensão vigente entre ambos. De relações cortadas desde 2016, os dois rivais regionais enfrentam-se em vários terrenos, nomeadamente no Iémen onde há mais de 6 anos que Riade apoia o governo face aos rebeldes Hutis por sua vez apoiados por Teerão. Este encontro que decorreu numa altura em que o Irão tem estado por outro lado a tentar ressuscitar com os Estados Unidos o acordo nuclear assinado em 2015, aconteceu também numa altura em que o seu inimigo histórico, Israel, acaba de normalizar as suas relações com alguns países do golfo, isolando um pouco mais Teerão. Foi sobre este contexto de um Médio Oriente em plena mutação que conversamos com Djenirah Couto, historiadora e especialista do Médio Oriente ligada à Escola Prática de Altos Estudos em Ciências Sociais aqui em Paris, para quem estes primeiros contactos entre o Irão e a Arábia Saudita serviram essencialmente para medir forças no terreno político.
Em 22 de outubro de 2020, o GT 7 - Estudos Críticos em Ciência da Informação do 8º Encontro da Ulepicc-Brasil realizou a mesa “Economia Política da Desinformação”, com as apresentações de Daniella Pizarro (Udesc) e Bianca Rihan (Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ). A mediação foi de Marco Schneider (Ibict) e Alfredo Dib Abdul Nour (UESC). A Ulepicc-Brasil realizou o evento na modalidade virtual de 12 a 23 de outubro, com o apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), a partir do seu Departamento de Letras e Artes (DLA) e da TV UESC. O debate completo da mesa de abertura pode ser assistido em: https://www.youtube.com/watch?v=XkvGv-ccV2w
A reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Denise Pires de Carvalho, a coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura, Tatiana Roque, a diretora do Colégio Brasileiro de Altos Estudos, Ana Célia Castro, e o diretor da Editora UFRJ, Marcelo Jacques de Moraes, entre outros professores e pesquisadores, participam de diversas mesas da FLIP, até sexta. Saiba mais sobre a programação.Reportagem: Anelize Kosinski.Edição: Vinícius Piedade.
A Fundação Alexandre de Gusmão publicou o livro O Itamaraty e a Força Expedicionária Brasileira (FEB): o legado da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial como ativo de política externa, do conselheiro Aurimar Jacobino de Barros Nunes. Originalmente apresentada no Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco, a obra aborda a importância da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial e o legado histórico da FEB ao examinar aspectos historiográficos, políticos, diplomáticos e culturais. Trata-se, também, de uma merecida homenagem do Itamaraty aos heróis da Força Expedicionária Brasileira. O envolvimento brasileiro na guerra constituiu uma causa justa a ser recordada e celebrada pelo Brasil e por todas as suas nações amigas. O livro está disponível para download gratuito na biblioteca digital da FUNAG.
Por meio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF), o Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) realizou nesta terça-feira, 13, o Webinar “Reflexões sobre Júri Contemporâneo”. A temática foi abordada por um dos maiores processualistas penal do Brasil e professor-fundador da Escola de Altos Estudos em Ciências Criminais, procurador de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), Edilson Mougenot Bonfim.