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Expresso - O mundo a seus pés
Metas da NATO para investimento em defesa são “cegas” e “não atendem ao que é verdadeiramente importante”

Expresso - O mundo a seus pés

Play Episode Listen Later May 5, 2025 39:55


O relatório anual da NATO, divulgado recentemente, revela que, dos 32 Estados-membros da Aliança Atlântica, 22 já cumprem a meta de gastar 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa. Polónia, Estónia e Letónia estão no topo da tabela, seguindo-se Estados Unidos e Lituânia. Portugal está entre a dezena de países incumpridores, que também inclui Espanha, Bélgica, Canadá e Itália. A meta deverá ser revista em alta na cimeira da NATO já no próximo mês. O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem pressionado para que o novo objetivo seja de 5% do PIB. O secretário-geral da Aliança Atlântica, Mark Rutte, tem falado em 3,7%. Diplomatas da NATO acreditam que será possível chegar a um compromisso de cerca de 3% a 3,5%. Ana Santos Pinto, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI) e secretária de Estado da Defesa Nacional entre 2018 e 2019, e Luís Tomé, diretor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Autónoma de Lisboa e investigador do IPRI, são os convidados desta edição. Ambos concordam que as metas definidas pela NATO são “cegas” e fruto de “um compromisso político”, não atendendo ao que é “verdadeiramente importante”. Defendem que “é preciso abandonar a dicotomia falsa de que ou preservamos o modelo social europeu ou investimos mais em defesa”. E concluem: “Precisamos de gastar mais em defesa, mas já gastamos muito, essencialmente gastamos mal.”See omnystudio.com/listener for privacy information.

Convidado
" A China comunista aparece como defensora do liberalismo económico"

Convidado

Play Episode Listen Later Apr 15, 2025 8:19


O Vietname e a China assinaram nesta terça-feira,15 de Abril, 45 acordos de cooperação em áreas como a inteligência artificial, comércio agrícola e cooperação aduaneira, durante uma visita a Hanói do Presidente chinês. Xi Jinping está a realizar um périplo pelo Sudeste Asiático, que o vai levar também à Malásia e ao Camboja, depois da guerra comercial lançada pelo Presidente dos EUA, Donald Trump. Em entrevista à RFI, Luís Tomé, professor catedrático e investigador sénior do Instituto Português de Relações Internacionais, refere que esta deslocação é uma manobra política de Xi Jinping, numa altura em que a China comunista aparece como defensora da globalização e do liberalismo económico. O que pretende o Presidente chinês, Xi Jinping, com este périplo pelo Sudeste Asiático?Em primeiro lugar, ao que se sabe, estamos a falar da primeira saída de Xi Jinpind do país este ano. Aliás, ele estava para fazer uma visita ao Vietname, antes do anúncio das tarifas alfandegárias, depois houve um adiamento, e agora, para além do Vietname, vai também à Malásia, que tem a presidência anual da Associação das Nações do Sudeste Asiático – ASEAN – e ao Camboja.Estamos a falar de vizinhos, mas é evidente que se trata de uma manobra do Presidente Xi Jinping para cultivar laços com o grupo ASEAN, aproveitando o facto de estes países – parceiros dos Estados Unidos – estarem numa posição desconfortável, porque são visados pelas tarifas anunciadas pelo Presidente Trump. O Vietname, por exemplo, tem uma tarifa de 46%, sabendo-se que nos últimos anos as exportações do Vietname para os Estados Unidos aumentaram consideravelmente.Esta visita acontece, como já aqui falou, depois do Presidente Donald Trump ter avançado com taxas alfandegárias contra vários países, nomeadamente a China. O que representa o mercado do Sudeste Asiático para a China?A China é o maior parceiro comercial do conjunto dos dez países que constituem a ASEAN, assim como os países da União Europeia são, igualmente, um parceiro comercial significativo para a República Popular da China. Agora, a questão das tarifas não se coloca apenas do ponto de vista comercial. É evidente que alguns países, por exemplo, europeus ou vizinhos da China, incluindo o Japão, a Coreia do Sul e os países do Sudeste Asiático, têm algum receio de que o gigantismo da China, com a sua capacidade de produção e tecnológica, faça disparar ainda mais a dependência destes países face Pequim. Se porventura, uma das manobras de diversificação das suas exportações, para fazer face às tarifas impostas pelos Estados Unidos, for inundar outros mercados.Essas preocupações existem. Mas agora, uma das mensagens principais de Xi Jinping é a da estabilidade da China, apresentando-a como um país fiável. A China não faz bullying com os seus parceiros, ao contrário dos Estados Unidos. E ainda por cima, a China joga, na narrativa do Presidente Xi Jinping, sempre na lógica do “win-win”, ou seja, nos ganhos mútuos. Portanto, não é a lógica da América.O Presidente chinês defendeu que a guerra das taxas alfandegárias não beneficia ninguém e que o protecionismo não leva a lado nenhum. Trata-se de mais um aviso para Donald Trump?Sim, mas isso é uma verdade “lapalisse”. Isto é, numa guerra de tarifas, é evidente que todos perdem. A questão é saber quem perde mais, sabendo que a China não está a passar propriamente pela melhor fase do seu desenvolvimento económico, desde a saída do Covid. Não é apenas com o comércio que a China se preocupa, e Xi Jinping tem essa noção.Mas é muito interessante como, em contraponto com o protecionismo e unilateralismo dos Estados Unidos, a China -oficialmente comunista- aparece como a grande defensora da globalização e do liberalismo económico. A China quer salvaguardar e tem enviado essas mensagens, não apenas para os países da região, mas também para a União Europeia, a globalização económica, as regras da ordem económica – que os Estados Unidos construíram – e quer salvaguardar a Organização Mundial de Comércio -OMC- que aparentemente a administração Trump também quer destruir.Estamos diante de uma mudança de paradigma?Sim, é a nova centralidade económica da China industrial, tecnológica e comercial, fazendo com que o país queira preservar um sistema que lhe é favorável, enquanto que, do outro lado, a administração Trump entende que esta ordem económica está obsoleta e está a ser usada como arma contra os Estados Unidos. Estou a citar palavras exactas do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio. Portanto, os Estados Unidos querem destruir esta ordem económica e travar a ascensão da China, privando-a da centralidade em tudo o que são tecnologia, minerais críticos e caudais de abastecimento.Depois, há um outro objectivo geopolítico da administração Trump, creio eu, que visa a União Europeia. Donald Trump quer acabar com a União Europeia, quer dividir os países europeus, até porque assim teríamos menos poder negocial.Com esta mudança de paradigma, a Europa pode correr o risco de vir a receber o excesso de oferta chinesa?Se fechassem os olhos, esse risco existiria. Porém, há já alguns anos, vemos que a estratégia da União Europeia, em relação à China, é muito diferente da dos Estados Unidos, sobretudo desde o primeiro mandato de Donald Trump. A estratégia dos Estados Unidos é desacoplamento e agora o que ele está a fazer é de uma forma súbita, com os custos que ele está disposto a suportar, pelo menos para já.A União Europeia tem uma lógica de redução de risco face à China e a certas dependências, em particular, não é  de desacoplamento. Na vertente comercial, a União Europeia é um gigante e, portanto, consegue ombrear de igual para igual seja com os Estados Unidos, seja com a China.Todavia, é evidente que é do interesse da China e da União Europeia – se a administração Trump persistir nesta linha antagónica de tarifas completamente desproporcionais, que não têm nada a ver com reciprocidade, mas com uma tentativa de reduzir o défice externo dos EUA a zero – a União Europeia vai procurar outros parceiros e a China vai fazer o mesmo, ainda de uma forma mais intensa, incluindo a União Europeia. Portanto, os outros grandes blocos e actores económicos como o México, o Canadá, o Grupo ASEAN, a União Europeia e China tenderão a fortalecer laços entre si, como forma também de pressionar Washington a não seguir neste rumo. Ou então, de manterem as linhas que conhecemos até aqui, sem os Estados Unidos estarem no mesmo barco.Pequim e Hanói mantêm relações económicas estreitas. No entanto, são afectadas pelas disputas territoriais que se mantêm no mar da China Meridional, nomeadamente no arquipélago de Paracel, à semelhança de outros países. Estas divergências podem “beliscar” as relações económicas?A China tem sido muito hábil em conseguir manter e desenvolver [laços], criando dependências dos países do Sudeste Asiático, em particular, apesar das disputas territoriais. Aliás, é interessante como esta mesma semana, para lá da visita de Xi Jinping a Hanói, vão ocorrer os trigésimos oitavos exercícios navais conjuntos da China com o Vietname, no Golfo de Tonkin. Mas a questão é que o Vietname, à semelhança de outros países, tem desenvolvido uma diplomacia que se costuma designar de “bambu”. O Vietname procura fazer um equilíbrio, sem cair totalmente para um lado ou para outro, entre a China e os Estados Unidos. Isto é, vai fortalecendo os laços económicos, essencialmente com a China, embora também os venha desenvolvendo com os Estados Unidos, mantendo um bom relacionamento com os Estados Unidos para equilibrar estrategicamente a pressão da China, no Mar do Sul da China.Ora, se o Vietname, de repente, é apanhado, como outros países do Sudeste Asiático, com tarifas tão antagónicas de 46% – uma brutalidade que compromete definitivamente o crescimento económico do Vietname – existe o risco de os Estados Unidos estarem a alienar aliados, como acontece com o Japão, a Coreia do Sul, os países europeus ou as Filipinas, ficando um pouco mais à mercê daquilo que são as pressões chinesas, quer pelo poder de atracção e da influência, quer pelo poder até coercivo da China.

Expresso - O mundo a seus pés
“Não é mera coincidência” a detenção do principal opositor de Erdogan: o que se está a passar na Turquia?

Expresso - O mundo a seus pés

Play Episode Listen Later Mar 31, 2025 22:53


Ekrem Imamoglu, presidente da câmara de Istambul e principal adversário do líder turco, continua preso por acusações de corrupção e suborno, mas a oposição e milhares de manifestantes consideram que a sua detenção tem motivações políticas. Oiça aqui o mais recente episódio do podcast O Mundo A Seus Pés, com José Pedro Teixeira Fernandes, investigador no Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - O mundo a seus pés
Cobiça de Trump pôs “freio à vontade da Gronelândia de ser independente já”

Expresso - O mundo a seus pés

Play Episode Listen Later Mar 17, 2025 35:34


Os gronelandeses escolheram o independentismo moderado em eleições disputadas sob a ameaça americana de tomar a nação insular. Em simultâneo, decorrem negociações com empresa de Musk para levar internet às zonas mais remotas. Filipe Santos Costa, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-NOVA) na área de Estudos de Segurança e Estratégia, considera que “esta pretensão americana até veio colocar um freio à vontade de ser independente já”. A maior ilha do mundo tem uma das menores densidades populacionais do planeta: 56 mil pessoas para mais de dois milhões de quilómetros quadrados. “A Gronelândia precisa de internet por satélite”, mas “não necessariamente da Starlink”. Por isso, o académico aconselha a nação insular a procurar outro fornecedor – de preferência, europeu.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - O mundo a seus pés
Rescaldo das eleições alemãs: economia, imigração e defesa são “os três principais desafios” do futuro Governo central

Expresso - O mundo a seus pés

Play Episode Listen Later Mar 3, 2025 23:25


Os conservadores da CDU e os sociais-democratas da SPD já iniciaram negociações para formarem a grande coligação que vai governar a Alemanha. Oiça aqui o mais recente episódio do podcast O Mundo A Seus Pés com Patrícia Daehnhardt, investigadora no Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa. A União Democrata-Cristã (CDU, centro-direita) e o Partido Social-Democrata (SPD, centro-esquerda) já estão em conversações para formarem o próximo Governo da Alemanha. Apesar de terem vencido as eleições legislativas de dia 23, os conservadores só conseguiram obter 28,6% dos votos e eleger 208 deputados, juntamente com o partido “irmão” na Baviera, a União Social-Cristã (CSU).See omnystudio.com/listener for privacy information.

SuperToast by FABERNOVEL

Uma equipa portuguesa conseguiu um feito inédito a nível mundial: a produção de filetes de robalo cultivados em laboratório a partir de bioimpressão 3D. Os próximos passos incluem testes com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), onde especialistas vão avaliar os filetes impressos.

[Video] SuperToast

Uma equipa portuguesa conseguiu um feito inédito a nível mundial: a produção de filetes de robalo cultivados em laboratório a partir de bioimpressão 3D. Os próximos passos incluem testes com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), onde especialistas vão avaliar os filetes impressos.

Convidado
"Israel emerge como um parceiro privilegiado na administração Trump"

Convidado

Play Episode Listen Later Feb 4, 2025 9:03


O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reúnem-se esta terça-feira, 4 de Fevereiro, em Washington. Em causa está a segunda fase do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza e a sobrevivência do actual executivo de Israel. Sónia Sénica, investigadora integrada do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa, fala da importância desta visita, sublinhando que Israel emerge como um parceiro privilegiado na administração de Donald Trump. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, é o primeiro líder estrangeiro a ser recebido na Casa Branca desde a tomada de posse de Donald Trump. Que mensagem se pretende enviar com este encontro?Demonstra uma mensagem muito clara, em termos de política externa, com Israel a emergir como um parceiro muito relevante e privilegiado para a administração de Donald Trump. Estão em curso dinâmicas de conflitualidade, quer na Europa, quer no Médio Oriente, e Trump já deixou muito claro que em qualquer uma das duas, terá de haver uma resolução — nomeadamente no Médio Oriente — reiterando o apoio a Israel.Obviamente, isso passará por criar uma nova arquitectura de segurança regional, mantendo o reforço da posição de Israel, tentando, com isso, dissuadir e conter aquilo que é a influência, sobretudo, de Teerão. E, nesse sentido, fica aqui muito vincada nesta primeira deslocação de um líder estrangeiro a Washington para se encontrar com Trump. No fundo, essa linha permanente de política externa norte-americana que- comTrump- privilegia muito mais a dimensão bilateral do que propriamente o multilateralismo.Esta cimeira Trump-Netanyahu marca o arranque das conversações com vista à concretização da segunda fase da trégua entre Israel e o Hamas. Esta segunda fase começa bem? Quando se sabe que Israel continua com a operação militar na Cisjordânia…Começar por dizer que este é um cessar-fogo que foi alcançado ao longo de muitos meses de intensas negociações sob mediação internacional, também norte-americana, e com muita dificuldade de se conseguir concertar a posição das duas partes. Ainda assim, foi importante que o efeito Trump conseguisse, no fundo, pressionar [as partes]. Eu creio que, sobretudo para Israel, aceitar as condições do Hamas - relativamente àquilo que são os objectivos e a dificuldade de se avançar com a implementação deste acordo - mostra claramente essa fragilidade.Por outro lado, também mostra, do meu ponto de vista, que é Washington quem está a ditar a cadência dos eventos da parte de Israel. Eu relembro que este acordo — proposta de acordo — foi avançada pelo então Presidente Joe Biden e, obviamente, foi dada a entender que seria um acordo de proposta da liderança de Netanyahu. Rapidamente se percebeu que havia aqui uma estreita articulação entre Israel e Washington para, no fundo, se conseguir esta paragem das hostilidades militares, sobretudo por causa de uma crítica muito grande em termos internacionais.Neste momento, claramente, Netanyahu desloca-se, do meu ponto de vista, a Washington para mostrar que é um país que conta com o apoio dos Estados Unidos. É absolutamente vital para alavancar a credibilidade e o prestígio internacional de Israel - quer na região, quer em termos internacionais - que estava a ser minimizada.Depois, de alguma forma, não há credibilidade da parte de Israel face ao Hamas, no cumprimento do acordo, nem dos seus procedimentos, e por isso é preciso articular novamente com o parceiro norte-americano. Acrescenta-se a contínua pressão, sobretudo interna - das famílias dos reféns - para se alcançar a libertação dos mesmos ou a restituição, entendamos, dos presídios às suas famílias, para encerrar aqui, digamos, um ciclo de trauma colectivo da sociedade israelita.Esta segunda fase prevê a libertação dos restantes reféns, a declaração de uma calma sustentável no território e a retirada total das tropas israelitas da Faixa de Gaza do corredor de Filadélfia, na fronteira com o Egipto. Esta questão do corredor de Filadélfia é uma questão muito sensível para Israel, que já veio dizer que não vai querer abrir mão dela…É sensível e muito ambiciosa. Naturalmente, é exigível pelo Hamas, mas não vai ao encontro daquilo que são as garantias de segurança exigidas por Israel. E, portanto, a dificuldade de conseguir cumprir com as exigências de parte a parte remete, desde logo, para a falta de confiança mútua que várias vezes tem posto em causa a implementação deste acordo. Remete, igualmente, para a necessidade de que os mediadores internacionais, sobretudo os Estados Unidos, se empenhem para que os restantes parceiros - mediadores -consigam obrigar as partes a cumprirem com o estipulado.Todavia, não é garantido, do meu ponto de vista, que se consiga essa segurança de parte a parte para alavancar o cumprimento total deste cessar-fogo. São várias fases, indiciando claramente uma grande fragilidade, sendo que a fase seguinte remete para a necessária implementação da fase anterior. Tudo isto exige aqui um grande traquejo, na dimensão das diligências político-diplomáticas, mas creio que Netanyahu, com esta visita a Washington, quer mostrar força, algo que nesta fase não estava a conseguir projectar. Nomeadamente, para o próprio Hamas. Benjamin Netanyahu, que tinha prometido erradicar o Hamas, mas não o conseguiu fazer, está também muito fragilizado, mesmo no seio da própria coligação. Quais são os interesses de Netanyahu com esta visita?Temos aqui várias questões com esta conflitualidade que têm minado aquilo que é a legitimidade política da liderança de Netanyahu, com dificuldades na própria gestão. Mas há uma coisa que me parece vincada: Netanyahu, ao ceder às exigências de Trump com este cessar-fogo, acabou por, em certa medida, colocar em causa ou perigar a própria preservação na governação de Israel. E, aliás, notou-se pelas diversas fragilidades dentro da coligação governamental e por aquilo que foram algumas saídas de ministros importantes que apoiavam Netanyahu. Obviamente que, nesta fase, só poderá tentar alavancar a dimensão externa para se reforçar também internamente, porque a maneira de afastar as críticas e a falta de legitimidade internamente é, no fundo, projectar essa ideia de força enquanto liderança, conseguindo gerir um difícil dossier, que é, por exemplo, a restituição e a libertação dos reféns que ainda estão nas mãos do Hamas.Relativamente às ambições de Netanyahu, desde o princípio, eu creio que, de alguma forma, a preservação da sua liderança. A desresponsabilização pelo ataque perpetrado pelo Hamas no dia 7 de Outubro, o não conseguir que Israel seja um Estado que garante segurança aos seus cidadãos, é, obviamente, o que está a ser julgado ao longo destes vários meses de conflitualidade e de liderança política de Netanyahu.O que é que procura Donald Trump? No plano diplomático, a normalização das relações, por exemplo, de Israel com a Arábia Saudita?Sim, em certa medida, será também essa normalização que, aliás, já estava em curso. Donald Trump quer muito emergir, foi dito pelo próprio na tomada de posse, com uma liderança pacificadora em termos internacionais. Um Estado com grande poder em termos internacionais, sob a sua liderança, que consegue, por um lado, a protecção do interesse nacional norte-americano, mas, por outro, projectar essa imagem de pacificador em termos internacionais. Ou seja, terminando com as dinâmicas de conflitualidade que põem em causa os próprios interesses norte-americanos e as exigências, em termos do fornecimento de equipamento militar ou o financiamento, de alguns países aliados, até agora, que têm necessitado desse mesmo apoio.Há também uma ambição de Donald Trump querer ser nomeado, por exemplo, para o Prémio Nobel da Paz, com este alcançar da pacificação, quer no Médio Oriente, quer até na própria Ucrânia.Donald Trump, que, de resto, cometeu uma gafe quando falou na transferência de palestinianos de Gaza para o Egipto e para a Jordânia. Na semana passada, o Egipto, Jordânia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e o Qatar divulgaram uma posição conjunta, rejeitando quaisquer planos para transferir populações palestinianas.Eu creio que terá sido uma comunicação pouco cautelosa da parte do Presidente norte-americano que podia pôr em causa a continuidade do cessar-fogo, a eventual retoma de negociações para a criação de dois Estados e o reconhecimento do próprio Estado palestiniano por Israel e em termos internacionais. Este tipo de declaração mina, obviamente, o chamado processo de pacificação - a estabilidade do Médio Oriente - e não é abonatório para a posição de Israel. Porém, também não é abonatório para a posição de Washington, que quer emergir como um pacificador.Obviamente, foi completamente descartada essa possibilidade, sobretudo pelos países de acolhimento - a Jordânia e o Egipto - que não querem continuar a ser países receptores de fluxos migratórios. E, neste caso, até seria uma deslocação forçada por parte dos palestinianos. Esta declaração não vai ao encontro da necessidade da causa palestiniana, nem daquilo que são os países da região que, de alguma forma, acalentam uma nova arquitetura de segurança no Médio Oriente. Uma arquitectura que seja estável e abonatória para qualquer um dos lados.

Fundação (FFMS) e Renascença - Da Capa à Contracapa
Para onde caminha a maior democracia e o mais populoso país do mundo?

Fundação (FFMS) e Renascença - Da Capa à Contracapa

Play Episode Listen Later Dec 3, 2024 46:05


Com 1450 milhões de pessoas, a Índia é o país com maior população do mundo e uma das cinco maiores economias do planeta.  Numa altura em que a China e os EUA polarizam o poder mundial, que estratégia global tem este gigante do Sul da Ásia? Para onde caminha a maior democracia do mundo, que conjuga as desigualdades e as discriminações com um poder económico e tecnológico de ressonância global? E como deve a Europa olhar para a Índia?Para o debate, chamamos Carlos Gaspar, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais e Constantino Xavier, investigador do Centre for Social and Economic Progress (CSEP) em Nova Deli.O Da Capa à Contracapa é uma parceria da Fundação com a Renascença.  

Renascença - Da Capa à Contracapa
Para onde caminha a maior democracia e o mais populoso país do mundo?

Renascença - Da Capa à Contracapa

Play Episode Listen Later Dec 3, 2024 46:06


Com 1450 milhões de pessoas, a India é o país com maior população do mundo e uma das 5 maiores economias do planeta. Numa altura em que a China e os EUA polarizam o poder mundial, que estratégia global tem este gigante do Sul da Ásia? Para onde caminha a maior democracia do mundo, num país que conjuga as desigualdades e as discriminações com um poder económico e tecnológico de ressonância global? E como deve a Europa olhar para a Índia? Com Carlos Gaspar, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais e Constantino Xavier, investigador do Centre for Social and Economic Progress (CSEP) em Nova Delhi.

Fundação (FFMS) e Renascença - Da Capa à Contracapa
A América escolheu Trump. E agora?

Fundação (FFMS) e Renascença - Da Capa à Contracapa

Play Episode Listen Later Nov 12, 2024 56:55


Donald Trump regressa à Casa Branca com poder reforçado em termos eleitorais e com maioria republicana no Senado.Por que razão os norte-americanos escolheram Trump em vez de Kamala Harris? O que pode mudar no quadro político americano e o que esperar da administração Trump? E o que esperar da relação da América com o mundo nos próximos anos?Para debater este tema, recebemos Mafalda Pratas, cientista política, doutorada pela Universidade de Harvard e Raquel Vaz-Pinto, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais e professora da Universidade Nova de Lisboa.O Da Capa à Contracapa é uma parceria da Fundação com a Renascença. 

Convidado
Cimeira dos BRICS reúne líderes mundiais à volta de Putin

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 22, 2024 11:44


A cimeira dos BRICS arrancou esta terça-feira, 22 de Outubro, em Kazan, na Rússia. Vladimir Putin procura reforçar alianças estratégicas e mostrar o suposto fracasso das sanções ocidentais decorrentes do conflito na Ucrânia. Pela primeira vez, a cimeira conta com a presença de novos membros: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egipto, Irão e Etiópia. "Estados que têm divergências profundas entre si", sublinha o investigador do Instituto Português de Relações Internacionais, Carlos Gaspar. RFI: Esta é uma cimeira marcada pela ausência de Lula da Silva, que tem tido um papel dúbio, sobretudo quanto à guerra na Ucrânia. Vladimir Putin não esteve presente na cimeira na África do Sul o ano passado por causa de um mandato de captura internacional, e conseguiu fazer com que esta cimeira decorresse este ano na Rússia. O que é que se pode esperar desta cimeira?Carlos Gaspar: O essencial da cimeira é a Rússia poder demonstrar que consegue reunir à volta do Presidente Putin um número importante de dirigentes. Em primeiro lugar, obviamente, o seu principal parceiro, o secretário-geral do Partido Comunista da China, que está presente, mas também o primeiro-ministro indiano Modi, está em Kazan, tal como está o novo Presidente do Irão, o Presidente da África do Sul e Lula está ausente, aparentemente por razões médicas.O Secretário-Geral das Nações Unidas pela primeira vez, foi convidado e é esperado pelo menos, a agência russa indica que está marcada uma reunião entre ele e o Presidente Putin para tratar dos vários conflitos internacionais e a sua presença, obviamente, seria importante nesta cimeira, que é a primeira cimeira dos BRICS alargados. Os BRICS foram constituídos em 2006, por iniciativa da Rússia e da China, com a Índia e o Brasil. Depois, a África do Sul juntou-se ao grupo cinco anos depois, mas em Janeiro deste ano houve um primeiro grande alargamento a outros Estados relevantes do Médio Oriente, da África e da América Latina. O alargamento inicial previa a participação da Argentina, que, entretanto, depois das eleições, desistiu de pertencer aos BRICS. A Arábia Saudita, que ainda não ratificou a sua participação dos BRICS, mas também a Etiópia, o Egipto, o Irão e os Emirados Árabes Unidos. Ainda não é claro a que nível é que estes novos países se vão representar, excepto no caso do Irão, que envia o seu novo Presidente. A Etiópia e o Egipto, estão à beira de um conflito por causa da nova barragem que a Etiópia está a fazer e que vai condicionar os fluxos do rio Nilo e também por causa das suas divergências no Sudão.Esta cimeira é uma cimeira que reúne uma série de Estados que têm divergências muito profundas entre si. Desde logo, a China e a Índia também são um caso evidente e o Irão e a Arábia Saudita são outro. Nesse sentido, é uma colecção de estados  sui generis que aceitam estar numa cimeira e mesmo numa organização comandada pelas principais potências revisionistas: a China e a Rússia, mas mantém a sua liberdade e a sua autonomia em todas as dimensões relevantes da política internacional e têm conflitos importantes entre si, sendo que os BRICS não contribuem ou até agora não contribuíram, tal como a Organização de Cooperação de Xangai também não contribuiu, para resolver os conflitos graves que opõem os seus membros entre si.Como é que esta adesão de novos membros influência a dinâmica de poder entre os blocos ocidentais e oriental? E que implicações é que tem esta expansão no equilíbrio do poder global? Que impacto é que, portanto, pode ter nas relações destes países com os Estados Unidos e com a Europa?Em princípio, não tem nenhum impacto relevante. Os BRICS não formam um bloco. São uma colecção heterogénea de Estados, onde há um centro forte composto pela coligação entre a Rússia, a China e o Irão. Mas os outros Estados; a África do Sul, o Brasil e a Índia são potências intermédias que, de certa maneira, procuram uma equidistância entre as potências revisionistas, a China e a Rússia e os Estados Unidos, por outro lado, com os seus aliados ocidentais. Não tomam partido nem por um lado nem por outro, ou tentam não tomar partido nem por um lado, nem por outro, naquilo que são as principais clivagens internacionais - esse é um padrão de comportamento forte na diplomacia indiana, também do lado do Brasil ou do Egipto, que tem uma longa tradição, provavelmente beneficia o estatuto internacional dessas potências intermédias, do lado da Rússia e da China. O argumento é de que estão a construir uma nova ordem internacional, mas não é nada evidente que os seus parceiros dos BRICS fizessem parte de uma ordem alternativa. à ordem internacional das Nações Unidas.O Kremlin anunciou que o Putin e Guterres têm encontro marcado para depois de amanhã, quinta-feira. O Secretário-Geral das Nações Unidas não vai à Rússia desde 2022 e pergunto-lhe o que é que procura Putin neste encontro? O que é que procura António Guterres e quais é que são as expectativas da comunidade internacional neste encontro agendado para quinta-feira?Teremos de ver primeiro se ele efectivamente se confirma. É verdade que a Rússia e a China, que são os pilares dos BRICS, são dois membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Mas, evidentemente, um encontro entre o Secretário-Geral das Nações Unidas e o Presidente da Rússia, depois do Secretário-Geral das Nações Unidas ter recusado ir à Cimeira da Paz, organizada pela Ucrânia, na Suíça, seria, obviamente, um sinal político forte que diz respeito, evidentemente, apenas à posição do Secretário-Geral das Nações Unidas. Ainda não há uma confirmação definitiva.Qual é que é o papel da China na cooperação com a Rússia? A crescente dependência mútua entre Moscovo e Pequim pode estar a mudar a natureza da liderança dentro dos BRICS.Há uma iniciativa importante da Rússia e da China que querem ter à sua volta estas potências intermédias, mesmo que seja apenas numa cimeira que vale o que vale. É uma demonstração, apesar de tudo, que o isolamento da Rússia, mesmo depois da invasão da Ucrânia, é um isolamento muito relativo e que não inclui uma parte importante das potências intermédias, como a Índia, o Brasil ou a África do Sul - isso é o mais importante.A relação entre a China e a Rússia é uma relação que tem uma forte convergência que se acentuou desde a invasão da Ucrânia pela Rússia e que pode formar, efectivamente, para todos os efeitos, uma coligação das potências revisionistas que contrabalança a posição dos Estados Unidos e dos seus aliados na política internacional e a sua capacidade para chamar à sua volta altos dirigentes destas potências intermédias é um marco importante para a sua reputação internacional, mesmo que não tenha outras consequências.Vladimir Putin vai usar da cimeira, a seu ver, para alegar que as sanções ocidentais contra a Rússia falharam. E até que ponto é que o apoio dos BRICS pode mitigar estes efeitos económicos e diplomáticos das sanções?Insisto mais uma vez, os BRICS não são nem um bloco, nem uma aliança formal, nem um conjunto de Estados que tenham entre si uma parceria estratégica. Todos estes Estados têm as suas próprias políticas e incluindo quanto às sanções, a China tem apoiado a Rússia, designadamente no domínio económico e financeiro, mas não há nenhuma evidência, até agora, de que a China, ao contrário do Irão ou da Coreia do Norte, tenha enviado, tenha vendido armas para a Rússia depois da invasão da Ucrânia em violação das sanções internacionais.Estes Estados não violam as sanções internacionais contra a Rússia. Alguns deles são importantes para, apesar de tudo, comprarem os produtos energéticos da Rússia. É o caso, designadamente da Índia, como é o caso da China. Mas não há, obviamente, uma violação maciça das sanções contra a Rússia. Trata-se de demonstrar que não há um isolamento diplomático da Rússia, apesar de a Rússia ter violado todas as disposições fundamentais da ordem internacional das Nações Unidas quando invadiu a Ucrânia.No plano económico, está também a vontade de encontrar uma alternativa ao dólar. Pergunto-lhe que alternativa pode haver ao dólar e qual é a importância deste plano económico por parte dos BRICS?É sobretudo uma estratégia. Do lado da China, Rússia tem uma economia relativamente menor do volume da economia russa é qualquer coisa comparável a Itália ou a Espanha. Mas a China representa um volume importante e a China tem tentado que as suas relações, as suas trocas económicas com outros países, designadamente com a Rússia, se façam nas suas próprias moedas nacionais e não em dólares. É uma tentativa que a China está a seguir há vários anos, mas que até agora tem resultados relativamente pequenos, uma vez que o dólar continua a ser a moeda de referência em 80% das trocas económicas à escala global.O que é que uma alternativa ao dólar pode criar? Qual é que é o interesse de haver uma alternativa a esta moeda?A China e a Rússia, mas sobretudo a China, quer criar um sistema económico alternativo ao sistema económico, à economia aberta, liderada pelos Estados Unidos, como quer criar uma ordem alternativa à ordem internacional criada pelos Estados Unidos. É um trabalho de décadas e é uma estratégia de longo prazo para demonstrar que há uma alternativa. E, neste domínio, as relações com as potências intermédias são naturalmente importantes, muito embora os resultados até agora na parte financeira sejam muito decepcionantes para agir, de uma vez que a parte do dólar nas trocas económicas internacionais continua a ser dominante.

ONU News
Especialista revela o que aprender de fenômenos extremos como o furacão Milton

ONU News

Play Episode Listen Later Oct 10, 2024 2:30


Climatologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera defende maior integração entre instituições governamentais, setor privado e sociedade civil; Para Vanda Cabrinha ressalta maior frequência, intensidade e menos tempo para resposta das populações ao tipo de eventos. 

Convidado
Israel prossegue bombardeamentos no Líbano e prepara soldados para uma possível "entrada" no país

Convidado

Play Episode Listen Later Sep 25, 2024 10:40


Israel prossegue a campanha de "ataques de grande envergadura" contra a milícia xiita do Hezbollah, no Líbano. Por sua vez, o movimento pró-iraniano afirma ter lançado um míssil perto de Telavive. Morreram mais de 500 pessoas no país do Cedro, e todos os cenários são possíveis neste confronto entre os dois países, levando a questionar sobre a possibilidade de uma incursão terrestre de Israel no Sul do Líbano.  Israel anunciou esta quarta-feira estar a levar novos "ataques de grande envergadura" contra o Hezbollah no Líbano em que pelo menos 51 pessoas morreram, num balanço porventura não definitivo numa altura em que continuam as trocas de tiros transfronteiriços, e depois dos bombardeamentos israelitas terem causado a morte de mais de 500 pessoas durante a semana. Cerca de 90 000 libaneses fugiram das suas casas, de acordo com a ONU, e temem uma intervenção militar terrestre de Israel, reavivando o trauma da  guerra de 2006, quando tanques israelitas invadiram o país do cedro em retaliação a mísseis disparados pelo Hezbollah. Também em Israel tocaram as sirenes de alerta em Telavive, esta quarta-feira, depois de o Hezbollah ter disparado um míssil que visava uma base dos serviços secretos israelitas da Mossad.Para o investigador Carlos Gaspar, do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), estamos perante "uma guerra limitada", que era "previsível desde a guerra em Gaza".  RFI: Continuamos a ouvir falar de "escalada regional", mas será que estamos, já, perante uma guerra?Carlos Gaspar: Com certeza que sim, mas é uma guerra limitada. A viragem israelita foi anunciada e era previsível desde o início da guerra em Gaza, aliás, desde o massacre do Hamas a 7 de Outubro, uma vez que o Hezbollah, logo a seguir, decidiu começar a atacar Israel e tem atacado Israel constantemente desde há quase um ano.O Hezbollah é para Israel uma maior ameaça à sua segurança do que o Hamas, e o ministro da Defesa israelita tinha anunciado, há algumas semanas que a questão de Gaza estava controlada do ponto de vista militar e que as forças armadas israelitas se iam concentrar na fronteira do Norte, onde o Hezbollah tinha forçado a evacuação de uma parte importante da população israelita local. E, efectivamente, há poucos dias começou uma escalada contra o Hezbollah. Primeiro as explosões dos pagers, depois dos walkie-talkies, a seguir o ataque contra um grupo de elite militar do Hezbollah em Beirute e agora os bombardeamentos mais alargados. Estamos em plena escalada. Não é evidente até onde é que irá esta escalada, isto é, se, tal como em 2006, Israel vai fazer avançar as suas forças terrestres para lá da fronteira com o Líbano.RFI: Estes ataques contra o Hezbollah já estariam previstos desde a sequência dos ataques do 7 de Outubro, quando o Hezbollah começou a lançar mísseis no norte de Israel, em apoio ao Hamas palestiniano. Por que é que Israel decide atacar o Hezbollah neste preciso momento, primeiro com as explosões dos pagers e walkie-talkies e agora com bombardeamentos? Carlos Gaspar: A frente em Gaza está aparentemente estabilizada do ponto de vista militar, pelo menos é essa a visão das Forças Armadas israelitas. Trata-se de neutralizar a ameaça permanente que existe contra Israel na sua fronteira norte. Note que essa ameaça não devia existir, uma vez que nos termos da resolução das Nações Unidas que pôs fim à guerra de 2006, devia haver uma faixa entre a fronteira de Israel e o rio Litani no Líbano com uma força das Nações Unidas, que está lá mas não faz nada. O exército libanês está lá e não faz nada. Pelo contrário, está lá a artilharia do Hezbollah que ataca Israel. A França e os Estados Unidos têm-se empenhado ao longo destes últimos meses, desde o massacre de 7 de Outubro, em tentar politicamente e diplomaticamente forçar a retirada do Hezbollah para o outro lado do rio. Mas isso não aconteceu.RFI: Quando Israel começou a atacar a Faixa de Gaza em resposta aos ataques do 7 de Outubro, o objectivo anunciado era "eliminar" o Hamas, um objectivo que não foi atingido, quase um ano depois. O Hezbollah libanês, financiado pelo Irão, tem capacidades militares muito maiores do que o Hamas. Israel pode agora alcançar o objectivo de colocar o Hezbollah fora de controlo e trazer de volta as populações israelita deslocadas ao norte de Israel, para onde a milícia xiita tem lançado mísseis?O objectivo das Forças Armadas Israelitas é neutralizar militarmente o Hamas e neutralizar militarmente a ameaça do Hezbollah na sua fronteira norte. Nesse sentido, não são objectivos simétricos, embora o Hezbollah seja uma milícia armada muito mais importante do ponto de vista das suas capacidades e muito mais importante para o Irão do que o Hamas. O objectivo de Israel é fazer recuar o Hezbollah e anular na fronteira a ameaça dos mísseis. O Hezbollah pode ter entre 100 e 150000 mísseis concentrados na fronteira e é difícil viver com essa ameaça permanentemente.Israel está com certeza a provocar deliberadamente uma escalada da guerra. Com que objectivo? Com o objectivo de fazer recuar o Hezbollah do ponto de vista operacional, fazer recuar o seu dispositivo militar e forçar o Hezbollah a um cessar-fogo. É esse o objectivo de Israel que é diferente do objectivo em relação ao Hamas, em que se tratava de destruir toda a estrutura militar do Hamas.RFI: Alguns observadores dizem que o Hezbollah procura atrair o exército israelita em terreno libanês, porque possui melhores capacidades técnicas de guerrilha e de guerra urbana, do que capacidades para repelir os bombardeamentos provenientes do território israelitas. Existe a possibilidade de Israel avançar com uma incursão terrestre no sul do Líbano?Carlos Gaspar: O exército israelita teve fortes baixas na Guerra de Gaza e não é evidente que esteja preparado para ter ainda mais baixas, na ordem dos milhares de soldados, a partir de uma invasão terrestre do sul do Líbano, onde está o exército das milícias do Hezbollah. Nesse sentido, parece-me que esta escalada é uma escalada limitada. Isto é, a partir dos bombardeamentos, trata-se de forçar o Hezbollah a recuar e aceitar um cessar-fogo, sem haver uma intervenção terrestre. Embora o exército israelita esteja preparado para fazer essa invasão terrestre, com os riscos de aumentar significativamente o número de baixas que já teve em Gaza.RFI: O Iraque, o Egipto e a Jordânia, num comunicado comum publicado esta quarta-feira, afirmaram que Israel está a "empurrar a região para uma guerra aberta". Será que isto pode ser visto como uma ameaça?Carlos Gaspar: De maneira nenhuma. Nem o Egipto, nem a Jordânia, nem o Iraque vão atacar Israel. Vão, obviamente, fazer muitos comunicados mas não fazem absolutamente nada.RFI: E relativamente ao Irão?Carlos Gaspar: Esta é a grande questão, saber se o Irão está preparado para de alguma maneira intervir para proteger o Hezbollah. Da última vez que o Irão tentou fazer isso com o ataque de mísseis contra Israel, aquilo que desencadeou foi uma grande coligação à volta de Israel, incluindo os Estados Unidos, a França, a Grã-Bretanha, a Arábia Saudita, os Emiratos e a Jordânia. Todos estiveram ao lado de Israel para conter a ameaça iraniana, porque a ameaça iraniana é mais importante para todos esses países árabes. E é também por isso que o Egipto, a Jordânia e o Iraque, independentemente dos comunicados que assinarem, não vão fazer nada contra Israel.RFI: Podemos esperar da comunidade internacional e dos diplomatas do mundo inteiro não se fiquem apenas por declarações e apelos à contenção, mas que o traduzam por actos?Carlos Gaspar: A categoria dos diplomatas do mundo inteiro não existe, nem a comunidade internacional. O Presidente norte-americano Joe Biden disse que tinha esperança em evitar uma escalada e, efectivamente, o Presidente Biden tem conseguido evitar uma escalada. Evitou uma escalada tanto na guerra entre a Rússia e a Ucrânia, como tem conseguido evitar a escalada na guerra no Médio Oriente. Por enquanto, aquilo que está em causa são conflitos armados entre Israel e as milícias armadas do Hamas e Israel e as milícias armadas xiitas do Líbano. Isso é um conflito limitado.Ouça a entrevista na íntegra. De notar que esta quarta-feira ao fim do dia, pelas 18 horas em Beirute e Telavive, o chefe do exército israelita, Herzi Halevi, disse aos militares do contingente localizado na fronteira Norte de Israel para se prepararem a uma possível "entrada" no Líbano. 

Resposta Pronta
IPMA: "Quinta feira esperam-se aguaceiros mas é necessário manter a cautela"

Resposta Pronta

Play Episode Listen Later Sep 17, 2024 2:01


Jorge Ponte, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, explica que hoje e amanhã o clima vai se manter quente e com vento, mas quinta-feira há baixa de temperatura e esperam-se aguaceiros para Portugal continental. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Resposta Pronta
"Com a vegetação seca, o perigo de incêndio é extremamente elevado"

Resposta Pronta

Play Episode Listen Later Sep 16, 2024 3:52


Paula Leitão, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, faz um ponto de situação do estado do tempo para os próximos dias em Portugal Continental.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Perguntar Não Ofende
Bernardo Pires de Lima: conseguirá Kamala travar o regresso de Trump?

Perguntar Não Ofende

Play Episode Listen Later Sep 4, 2024 98:01


Faltam dois meses para as eleições presidenciais americanas mais imprevisíveis das últimas décadas. É a terceira vez, num século, que o presidente em exercício não se recandidata a um segundo mandato. Trump foi condenado por 37 crimes, acusado por abuso sexual e está largamente envolvido no ataque ao Capitólio, cujos autores diz perdoar se for Presidente. Um segundo mandato seria marcado pelo revanchismo. E teria tudo para reconfigurar ainda mais o partido republicano, as relações de poder a nível estadual e da própria democracia americana. A vice de Biden, Kamala Harris, avançou pelo terreno minado que lhe foi deixado. Em poucas semanas, com um vigor e energia que poucos esperavam, deu a volta ao guião derrotado e derrotista dos democratas. A outra face desta moeda é que a energia democrata está alicerçada na ausência de uma plataforma política. Uma decisão que parece propositada, talvez temendo o desfecho que teve a campanha programática de Hillary Clinton. Pode uma candidatura centrista e moderada perder para um condenado, pro-russo e que antecipa um “banho de sangue” se não lhe oferecerem a vitória? Pode. Para tentarmos perceber este grande mistério americano recebemos Bernardo Pires de Lima, investigador associado do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa, analista de política internacional da RTP e da Antena 1, e presidente do Conselho de Curadores da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Podcast Internacional - Agência Radioweb
Terremoto atinge Portugal e assusta moradores do país

Podcast Internacional - Agência Radioweb

Play Episode Listen Later Aug 26, 2024 1:30


O tremor de magnitude 5,3 graus na escala de Richter foi registrado em Portugal na madrugada desta segunda. As informações foram confirmadas pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera. O órgão afirmou ainda que o abalo ocorreu as 5h11 e o epicentro seria há menos de 100 km de Lisboa.

Appleton Podcast
Episódio 140 – Novas comissões – Conversa com Sofia Caetano / Quéréla e João Marçal / O Armário

Appleton Podcast

Play Episode Listen Later Aug 15, 2024 25:05


Episódio 10 da temporada especial do Appleton Podcast - FARRA - numa parceria com o MACE, Centro de Arte Oliva e Córtex Frontal. Sofia Caetano nasceu em 1987, em Ponta Delgada – no arquipélago dos Açores. Licenciou-se em Belas Artes - Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Estudou Realização na RESTART e Fotografia no Instituto Português de Fotografia e estagiou como fotojornalista na revista VISÃO. Completou o Master of Fine Arts em Media Art na Emerson College, em Boston, nos E.U.A., onde mais tarde leccionou. O seu trabalho divide-se entre a escrita e realização de cinema, e a investigação/experimentação da relação entre o video, a instalação e a pintura. Investiga comédia, a interação com o espectador e a toxicidade do mundo contemporâneo. Sofia participou em exposições colectivas e a solo em Lisboa, Ponta Delgada, Nazaré, Porto, Las Palmas e Boston. Foi finalista, em 2017, do prémio SONAE Media Art, e expôs no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado. Em 2019 o seu trabalho foi selecionado para o FUSO Anual de Vídeo Arte Internacional de Lisboa, e apresentado no MAAT, em Lisboa. No mesmo ano fez uma digressão pelos E.U.A., apresentando a sua instalação multimédia itinerante a bordo de uma autocaravana, POISON GARDEN by Queen of Discomfort, desde a costa Este americana até à Oeste. Sofia é co-directora da Spectacular House, uma produtora audiovisual, foi curadora da galeria GATE e encontra-se a produzir a sua primeira longa-metragem, O Homem Mais Feliz, uma comédia musical de ficção científica. João Marçal, nascido em 1980, em Coruche, é artista plástico, atualmente a viver e trabalhar em Lisboa. É licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes do Porto e mestre em Práticas Artísticas Contemporâneas pela mesma instituição. Atualmente é bolseiro da FCT e encontra-se a desenvolver a tese de Doutoramento em Belas Artes, especialidade Pintura, naFaculdade de Belas Artes de Lisboa. O seu trabalho artístico desenvolve-se quase exclusivamente no domínio da pintura, recorrendo pontualmente, ao longo dos anos, a diversos meios como: desenho/ilustração, som, escultura, cerâmica, objetos encontrados e pintura mural. Entre 2005 e 2022 desenvolveu um projeto a solo na área da música eletrónica sob o pseudónimo Marçal dos Campos. Links: https://www.sofiacaetano.com/ https://fonsecamacedo.com/artistasposts/sofia-caetano/ https://andafala.org/Artistas/Sofia_Caetano?site=walktalk&Edicao=2021 https://joaomarcal.com/ https://o-armario.a-montra.com/armario.php?artista=joao-marcal https://umbigomagazine.com/pt/blog/2022/10/17/oh-my-dog-joao-marcal-na-galeria-minuta/ https://myspace.com/marcaldoscampos https://farra.pt/portfolio-item/o-armario/ https://farra.pt/portfolio-item/querela/ Episódio gravado a15.07.2024 Créditos introdução efinal:David Maranha - GuitarraManuel Mota - Guitarra http://www.appleton.pt Mecenas Appleton:HCI / Colecção Maria eArmando Cabral / A2P / MyStory Hotels Apoio:Câmara Municipal de Lisboa Financiamento:República Portuguesa - DGArtes

45 Graus
[BEST OF] #146 Raquel Vaz Pinto - Estamos a entrar numa guerra fria entre os EUA e a China?

45 Graus

Play Episode Listen Later Aug 14, 2024 100:55


O 45 Graus está de férias, por isso não há episódios novos. É uma boa altura para re-publicar alguns dos melhores episódios das últimas temporadas (os mais ouvidos e que mais feedback tiveram dos ouvintes). Este, um regresso da Raquel Vaz-Pinto ao podcast, é um belo exemplo disso; e, com este tema, é um episódio que -- feliz ou infelizmente -- vai manter-se actual ainda por muito tempo. A quem não teve oportunidade de ouvir na altura, espero que gostem! Raquel Vaz-Pinto é Investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI) da Universidade Nova de Lisboa e Prof. Auxiliar Convidada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da mesma Universidade, onde lecciona as disciplinas de Estudos Asiáticos e História das Relações Internacionais. Foi consultora do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian de 2020 a 2022 e Presidente da Associação Portuguesa de Ciência Política de 2012 a 2016. Autora de vários artigos e livros entre os quais A Grande Muralha e o Legado de Tiananmen, a China e os Direitos Humanos editado pela Tinta-da-China e Os Portugueses e o Mundo editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.  Os seus interesses de investigação são Política Externa e Estratégia Chinesa; os EUA e o Indo-Pacífico; e Liderança e Estratégia. É analista residente de política internacional da SIC e da TSF. Actualmente, está a terminar um livro, que será publicado pela Tinta-da-china, sobre os desafios colocados pela China às democracias liberais europeias, incluindo a portuguesa. -> Apoie este podcast e faça parte da comunidade de mecenas do 45 Graus em: 45grauspodcast.com -> Inscreva-se aqui nas sessões de setembro e outubro dos workshops de Pensamento Crítico, módulo "Desinformação e Números que Enganam. _______________ Índice (com timestamps): (0:00) Introdução ​(9:47) O que mudou na rivalidade CN-EUA desde o nosso episódio de 2018? | Wolf warrior diplomacy | Os diplomatas chineses mal-comportados | Índia | Quad (30:18) A política externa dos EUA em relação à China começou por ser complacente e tornou-se demasiado agressiva? | Artigo de John Mearsheimer | Estratégia dos G7 em relação à CN: do decoupling ao de-risking | Matérias primas críticas e terras raras (e aqui) (42:10) Já podemos falar de uma Guerra Fria entre EUA e CN? | A Armadilha de Tucídides (Livro: História da Guerra do Peloponeso)| Houve uma crença exagerada no Ocidente nos efeitos da abertura económica? | Como os manuais de economia americanos sobrevalorizam a economia da URSS | Frase atribuída a Deng Xiaoping: «Hide your strength, bide your time» (55:26) Comparação China vs URSS | O papel da ideologia na guerra fria vs na nova ‘ordem chinesa' | Aumento do autoritarismo do regime chinês | Digital Dictators | Cimeira da Ásia Central, sem a Rússia | Nova política externa defendida pelo SPD alemão | A nova ambição da China para o Ártico (1:18:37) O que esperar do futuro -- e o que fazer para evitar uma escalada do conflito? | Tese do ‘peak China' | O problema demográfico da china (e os telefonemas aos recém-casados) | Livro: Leftover Women, de Leta Hong Fincher | Episódio com Hu Jintao no congresso do CCP | European Critical Raw Materials Act | A integração económica é um garante de que não ocorre uma guerra ou é, pelo contrário, uma fonte permanente de tensões? _______________ Obrigado aos mecenas do podcast: Francisco Hermenegildo, Ricardo Evangelista, Henrique Pais João Baltazar, Salvador Cunha, Abilio Silva, Tiago Leite, Carlos Martins, Galaró family, Corto Lemos, Miguel Marques, Nuno Costa, Nuno e Ana, João Ribeiro, Helder Miranda, Pedro Lima Ferreira, Cesar Carpinteiro, Luis Fernambuco, Fernando Nunes, Manuel Canelas, Tiago Gonçalves, Carlos Pires, João Domingues, Hélio Bragança da Silva, Sandra Ferreira , Paulo Encarnação , BFDC, António Mexia Santos, Luís Guido, Bruno Heleno Tomás Costa, João Saro, Daniel Correia, Rita Mateus, António Padilha, Tiago Queiroz, Carmen Camacho, João Nelas, Francisco Fonseca, Rafael Santos, Andreia Esteves, Ana Teresa Mota, ARUNE BHURALAL, Mário Lourenço, RB, Maria Pimentel, Luis, Geoffrey Marcelino, Alberto Alcalde, António Rocha Pinto, Ruben de Bragança, João Vieira dos Santos, David Teixeira Alves, Armindo Martins , Carlos Nobre, Bernardo Vidal Pimentel, António Oliveira, Paulo Barros, Nuno Brites, Lígia Violas, Tiago Sequeira, Zé da Radio, João Morais, André Gamito, Diogo Costa, Pedro Ribeiro, Bernardo Cortez Vasco Sá Pinto, David , Tiago Pires, Mafalda Pratas, Joana Margarida Alves Martins, Luis Marques, João Raimundo, Francisco Arantes, Mariana Barosa, Nuno Gonçalves, Pedro Rebelo, Miguel Palhas, Ricardo Duarte, Duarte , Tomás Félix, Vasco Lima, Francisco Vasconcelos, Telmo , José Oliveira Pratas, Jose Pedroso, João Diogo Silva, Joao Diogo, José Proença, João Crispim, João Pinho , Afonso Martins, Robertt Valente, João Barbosa, Renato Mendes, Maria Francisca Couto, Antonio Albuquerque, Ana Sousa Amorim, Francisco Santos, Lara Luís, Manuel Martins, Macaco Quitado, Paulo Ferreira, Diogo Rombo, Francisco Manuel Reis, Bruno Lamas, Daniel Almeida, Patrícia Esquível , Diogo Silva, Luis Gomes, Cesar Correia, Cristiano Tavares, Pedro Gaspar, Gil Batista Marinho, Maria Oliveira, João Pereira, Rui Vilao, João Ferreira, Wedge, José Losa, Hélder Moreira, André Abrantes, Henrique Vieira, João Farinha, Manuel Botelho da Silva, João Diamantino, Ana Rita Laureano, Pedro L, Nuno Malvar, Joel, Rui Antunes7, Tomás Saraiva, Cloé Leal de Magalhães, Joao Barbosa, paulo matos, Fábio Monteiro, Tiago Stock, Beatriz Bagulho, Pedro Bravo, Antonio Loureiro, Hugo Ramos, Inês Inocêncio, Telmo Gomes, Sérgio Nunes, Tiago Pedroso, Teresa Pimentel, Rita Noronha, miguel farracho, José Fangueiro, Zé, Margarida Correia-Neves, Bruno Pinto Vitorino, João Lopes, Joana Pereirinha, Gonçalo Baptista, Dario Rodrigues, tati lima, Pedro On The Road, Catarina Fonseca, JC Pacheco, Sofia Ferreira, Inês Ribeiro, Miguel Jacinto, Tiago Agostinho, Margarida Costa Almeida, Helena Pinheiro, Rui Martins, Fábio Videira Santos, Tomás Lucena, João Freitas, Ricardo Sousa, RJ, Francisco Seabra Guimarães, Carlos Branco, David Palhota, Carlos Castro, Alexandre Alves, Cláudia Gomes Batista, Ana Leal, Ricardo Trindade, Luís Machado, Andrzej Stuart-Thompson, Diego Goulart, Filipa Portela, Paulo Rafael, Paloma Nunes, Marta Mendonca, Teresa Painho, Duarte Cameirão, Rodrigo Silva, José Alberto Gomes, Joao Gama, Cristina Loureiro, Tiago Gama, Tiago Rodrigues, Miguel Duarte, Ana Cantanhede, Artur Castro Freire, Rui Passos Rocha, Pedro Costa Antunes, Sofia Almeida, Ricardo Andrade Guimarães, Daniel Pais, Miguel Bastos, Luís Santos _______________ Esta conversa foi editada por: Hugo Oliveira  

Ciência
"Alterações climáticas sugerem aumento da frequência dos fenómenos extremos"

Ciência

Play Episode Listen Later Jul 23, 2024 8:22


A Comissão Europeia prepara-se para o verão mais atípico na União Europeia com fenómenos meteorológicos extremos. "Nos últimos treze meses, a temperatura média do globo tem sido sempre superior aos valores médios. Tudo indica que as alterações climáticas estão em curso e os cenários associados a uma situação de alteração climática sugerem o aumento da frequência dos fenómenos extremos", explica a meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, Ângela Lourenço. RFI: Como é que se explicam estes cenários de alterações climáticas que sugerem condições meteorológicas cada vez mais extremas?Ângela Lourenço: O que tem vindo a acontecer, principalmente neste último ano, é que a temperatura média da Terra tem vindo a aumentar e têm sido ultrapassados recordes todos os meses, o que indicia já um cenário em que a alteração do clima pode realmente estar em curso, com a informação de que nos últimos treze meses a temperatura média do globo tem sido sempre superior aos valores médios. São valores que estão a ser ultrapassados, principalmente a temperatura máxima, mas também na temperatura mínima. Face a esta situação, tudo indica que de facto, as alterações climáticas estão em curso e os cenários associados a uma situação de alteração climática sugerem o aumento da frequência dos fenómenos extremos. Quando digo fenómenos extremos, estou a incluir as secas mais prolongadas, tempo quente com episódios de onda de calor mais frequentes nos períodos de verão, mas também estou a falar de ocorrência de precipitação forte. Por exemplo nas situações de verão podem ocorrer, em simultâneo, haver regiões do mundo ou regiões, em particular da Europa, que estão a passar por uma situação de onda de calor, mas outros países, ao mesmo tempo, terem situações de precipitação forte. Estamos a falar de situações extremas; pode ser frio, frio extremo também, isto no Inverno. Este fenómeno extremo é um cenário previsto nas alterações climáticas incluem tanto o calor ou a temperatura elevada, mas também as temperaturas muito baixas que podem ocorrer e precipitação forte, nevões, ciclones tropicais. Tudo isso são de facto condições que neste momento estão em cenário. Nalguns países já se começa a perceber que é uma situação que já está a ocorrer e portanto, nestas condições, é normal não só a Comissão Europeia, como também os Estados-Membros e outros países do mundo começarem a adoptar e a preparar se, a adoptar medidas de mitigação e preparação para essas situações.Como é que explica estas condições extremas num espaço geográfico tão próximo?Isso tem a ver com as situações meteorológicas e os padrões meteorológicos que ocorrem numa determinada situação. É óbvio que, se o tiver condições iniciais que potenciam um fenómeno extremo e, como eu disse, o fenómeno extremo, podemos incluir uma situação de tempo quente, mas simultaneamente uma situação de chuva forte. Se as condições iniciais potenciam fenómenos extremos é óbvio que, onde está previsto que ocorra precipitação, ocorra chuva, essa chuva pode ser muito forte. Onde está previsto que ocorra tempo quente, essas temperaturas poderão ser muito elevadas. Nós temos num espaço vasto, por exemplo, a Europa; podemos ter situações mais a norte, por exemplo, de passagem de superfícies frontais frias e na região mais a sul da Europa temos o anticiclone ou regiões estabilidade que sugerem situações de tempo mais quente. Ora, se as situações iniciais no Sul sugerem tempo quente, no Norte sugerem uma chuva, a passagem de uma superfície frontal fria, o que pode acontecer é, em simultâneo, nos termos a zona mais a norte da Europa, com chuva mais intensa e a zona mais a sul com as temperaturas mais elevadas. O fenómeno meteorológico no fundo, inicialmente teria previsto, fica potenciado para ser mais gravoso.Não esquecer também que estes padrões de que fala, os padrões meteorológicos variam de ano para ano?Exacto. Estes padrões meteorológicos todos nós já passámos por qualquer estação do ano e reconhecemos e identificamos este inverno este ano é mais ameno ou este inverno, este ano mais frio ou este verão é mais húmido ou o verão é mais quente e seco. Todos os anos vamos tendo variações nos padrões meteorológicos que dão origem a um estado do tempo que vai realmente variando de ano para ano. O que acontece é que muitas vezes temos situações que, não sendo necessariamente extremas são situações que fazem parte da variabilidade climática, ou seja, nem todos os anos são iguais. O que nos ajuda a perceber é que a definição de clima vai englobar todas estas estações do ano; verão ou inverno, primavera, etc. Vai englobar e vai se fazer uma estatística, obtendo uma média. Normalmente em meteorologia estas medidas são de 30 anos, o que significa que depois à medida que vai avançando na estação do ano, vamos comparando com a média. E, claro, ela será sempre um bocadinho mais quente que o normal ou um bocadinho mais frio que o normal ou muito próximo do normal. Mas de facto, todos os anos temos estações do ano que são ligeiramente diferentes. O que pode acontecer no futuro. É de facto haver aqui padrões meteorológicos que se podem tornar mais frequentes ou fazer com que, quando nós juntarmos vários anos em conjunto para obter uma nova média, vamos obter um padrão climático diferente.Há um aspecto também que tem que ver com a nossa memória ser mais curta?É verdade porque o ser humano tem limitações de memória e é normal. Muitas vezes já não nos lembramos de quando tínhamos cinco anos ou quando tínhamos dez anos. Como é que tinha sido o outono desse ano, a não ser que tenhamos vivido um episódio particular, mas normalmente vamos esquecendo. O que acontece é que é preciso perceber quão anómalo um determinado ano ou uma determinada estação do ano, seja verão, inverno, primavera, etc. Quão enorme é o afastamento e, portanto, quão diferente ele é da média, porque, de facto, perdemos essa memória e essa memória já não acompanha isso tudo e só nos lembramos, se calhar, dos anos mais recentes e portanto, temos dificuldade em perceber se de facto, há 20 anos atrás ou há 25 anos atrás, se houve um verão semelhante ou não houve um verão semelhante.Estamos a poucos dias do início dos Jogos Olímpicos de Paris. Os organizadores estão preocupados com a segurança dos atletas e do público devido às temperaturas que podem atingir níveis muito altos. Quais é que são as medidas de precaução que podem tomar?Em relação aos atletas e óbvio que são atletas muito especiais, são atletas de alta competição e, portanto, têm medidas  muito específicas. E para cada modalidade, com certeza que existirão medidas de protecção que ainda assim são diferentes. E eu creio que as medidas de protecção são na realidade genéricas para todos os cidadãos. Todas aquelas medidas que preservam a hidratação: hidratar se as pessoas beberem bastante água e estarem à sombra nas horas mais críticas do dia. Não só preservando essa hidratação, mas também a preservar a questão das cautelas das queimaduras solares. Isto são situações que se aplicam a toda a gente, inclusivamente para os atletas, embora, como eu disse, atletas de alta competição depois têm aspectos muito particulares e cada um a ter as suas medidas mais específicas. De facto a hidratação e procurar locais de sombra ou zonas mais frescas, que pode ser inclusivamente no interior de edifícios, como seja, por exemplo, os centros comerciais. Estes são os aspectos mais significativos: procurar a sombra no período do dia mais quente e procurar estar sempre hidratado.

Convidado
Investigadora aponta Michelle Obama como “único nome com força para derrotar Donald Trump”

Convidado

Play Episode Listen Later Jul 22, 2024 11:30


A pouco mais de 100 dias das eleições presidenciais nos Estados Unidos, o Presidente Joe Biden abandonou a corrida eleitoral e declarou apoio à vice-presidente, Kamala Harris, para ser a candidata do Partido Democrata. Quem se segue? A investigadora Diana Soller diz que “o único nome com força para derrotar Donald Trump é o de Michelle Obama” e sublinha que a renúncia de Biden “era inevitável” e “peca por tardia”. Este domingo, Joe Biden, o mais velho Presidente da história dos Estados Unidos, com 81 anos, anunciou desistir da sua recandidatura e declarou o apoio à sua vice-presidente, Kamala Harris, para ser a candidata presidencial do Partido Democrata.Diana Soller, Investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais e coautora do livro “Donald Trump: O Método no Caos”, considera que “o único nome com força para derrotar Donald Trump é o de Michelle Obama”, ainda que sublinhe que “até agora” pareça haver uma preferência por Kamala Harris no Partido Democrata. A investigadora diz que a renúncia de Joe Biden não é uma surpresa porque “era inevitável” e “peca por tardia”. Por isso, o partido tem de se recompor em tempo recorde para poder pesar face ao candidato republicano Donald Trump. RFI: A renúncia de Joe Biden era uma decisão inevitável ou acabou por ser surpreendente?Diana Soller, Investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais: “Era uma decisão inevitável. Aliás, é uma decisão que, do meu ponto de vista, peca por tardia. Ou seja, desde o dia 27 de Junho, quando ocorreu o debate entre Joe Biden e Donald Trump, percebeu-se de forma inexpugnável que era preciso um novo candidato democrata, que Joe Biden não tinha capacidade nem para fazer campanha, nem para fazer um novo mandato. E até houve quem perguntasse quem estaria a governar a América nos últimos tempos porque aquilo não aconteceu de um momento para o outro, como é evidente. Portanto, era preciso que Joe Biden renunciasse à sua recandidatura. Não, não tem nada de surpreendente. Houve uma série de pressões, quer relativamente aos senadores, congressistas e governadores que também estão na corrida de 5 de Novembro para que Biden não os representasse porque sentiram que podiam ser prejudicados pela candidatura de Biden. Houve muitas pressões da parte da cúpula do Partido Democrata, nomeadamente os Obama, Nancy Pelosi e outros líderes do Partido Democrata que acharam que Joe Biden não tinha condições para ganhar as eleições. E, finalmente, houve uma grande pressão por parte de um conjunto significativo de doadores que ameaçaram retirar os donativos caso Joe Biden se mantivesse na corrida.”Não é uma surpresa, mas não deixa de ser um sismo político…“Eu acho que a desistência em si não é um sismo político. O sismo político aconteceu precisamente no dia 27 [de Junho]. Agora, evidentemente, que há todo um aparato do Partido Democrata que vai ter que se recompor e que se restabelecer rapidamente. Aparentemente, pelo menos até agora, parece haver uma preferência grande pelo lugar de Joe Biden ser ocupado por Kamala Harris, mas ainda nem disso há a certeza. Há o ‘endorsement', mas ainda não há certeza.”A Convenção Democrata é em Agosto. Até lá vai-se saber quem é o candidato? Apesar de Joe Biden ter apontado Kamala Harris, quem é que se segue? “Nós não sabemos exactamente quem é que se segue. Aquilo que muitos democratas gostariam que acontecesse é Michelle Obama que, apesar de não ter experiência política, parece que faz nas sondagens o melhor resultado possível para os democratas. Há de haver uma parte do partido - que é a parte do partido que Kamala Harris representa, que é a parte mais radical - que vai querer a manutenção de Kamala Harris e há uma parte do partido que gostaria que o seu representante fosse alguém com mais experiência política que Michelle Obama e com uma posição menos radical perante a política que Kamala Harris. Aí aparecem nomes como o do governador da Califórnia, da governadora da Pensilvânia, que são nomes que são mais consensuais nesse aspecto. O problema desses nomes é que são nomes absolutamente desconhecidos para a maioria do público americano.” Quem é que teria força face a Donald Trump a pouco mais de três meses das eleições presidenciais?“O único nome com força é o de Michelle Obama. Mesmo Kamala Harris, que faz relativamente bem nas sondagens, não parece ter força para derrotar Donald Trump. Michelle Obama também não seria evidente que ganharia a Donald Trump, mas parece ser a única candidata ou a única possível candidata que tem essa capacidade, o que é muito má notícia para o Partido Democrata porque quando a única candidata que pode ser eficaz na corrida contra Donald Trump é alguém que tem zero experiência política no seu currículo, a não ser o facto de ter sido casada com o presidente dos Estados Unidos, isso não é uma boa notícia. Não é. É um sinal de que não houve efectivamente uma renovação no Partido Democrata, como aliás, o Partido Republicano está a tentar fazer agora com J.D. Vance. O que houve foi um ‘ticket' Biden-Kamala Harris que pretendia, no fundo, fazer o pleno do Partido Democrata, ou seja, agradar a todas as sensibilidades. Esses ‘tickets' são eficazes, acontecem com alguma frequência em ambos os partidos, mas o problema é se o Presidente falha, ou seja, acaba por se entregar o país a uma sensibilidade política minoritária e que pode não ser positiva e não o é, do meu ponto de vista, para o futuro do Partido Democrata e dos Estados Unidos da América. O que acaba por acontecer é que o Partido Democrata cai na sua própria armadilha de querer agradar a todos, querer não criar fissuras dentro de um partido que por si só já está muito dividido e acaba por criar uma fissura muito maior e muito mais difícil de resolver. Mas isto são as circunstâncias políticas, não é? Não há boas decisões.”Diz que Michelle Obama é a única que teria força face a Donald Trump…“É o que dizem as sondagens.”Mas Joe Biden apontou Kamala Harris, ou seja, ela conta com essa força. Quando é que vamos saber quem será, de facto, a/o candidata/o democrata?“Uma coisa de cada vez. Em primeiro lugar, Joe Biden fez o ‘endorsement' [apoio] da Kamala Harris porque não tinha outra hipótese. Não se pode escolher alguém para vice-presidente - e supostamente escolhe-se para vice-presidente quem nós achamos que é mais competente para o lugar - e depois não fazer um ‘endorsement' dessa figura no momento de retirada. Portanto, Joe Biden não tinha propriamente nenhuma opção. Agora, o ‘endorsement' de Joe Biden neste momento só vale do ponto de vista eleitoral. Joe Biden vai desaparecer do Partido Democrata e, na realidade, nós continuamos sem saber o que é que vai verdadeiramente acontecer. Segundo as regras da democracia americana, nós só vamos ter um líder ou uma líder consagrado na Convenção Democrata. O que é que acontece? Há primárias e são primárias do ‘winner takes it all' ou praticamente todas são primárias do ‘winner takes it all' e Joe Biden ganhou todas as primárias. Portanto, tem cerca de 95%, 96% dos delegados que votaram nele e, por maioria de razão, esses delegados deveriam votar em Kamala Harris que é a pessoa escolhida por Biden. No entanto, as circunstâncias são tão excepcionais que pode haver alguém - e vamos saber isso nos próximos dias - que desafie Kamala Harris, o que não é o mesmo que desafiar Joe Biden, porque, na verdade, as pessoas não votaram nas primárias em Kamala Harris, votaram em Joe Biden. Se houver esse desafio, vai haver uma mini contenda política entre Kamala Harris e quem quer que a desafie que vai resolver-se em Agosto na Convenção Democrata, segundo as regras da democracia americana. Agora, até isso acontecer, há duas hipóteses: ou não há desafio de todo e Kamala Harris começa a fazer campanha como a candidata democrata não entronizada ainda porque vai precisar dessa convenção de Agosto. Ou vai começar uma contenda política nos próximos dias se houver um desafio a Kamala Harris e, aí, até Agosto vamos ter uma mini campanha eleitoral entre democratas para escolher qual é o candidato que vai representar o Partido Democrata nas eleições de Novembro.”Falou em Kamala Harris e falou em Michelle Obama. Ambas são mulheres. Mulheres não brancas. Que é que estas mulheres têm que pese contra Donald Trump, se é que pode realmente pesar contra ele? “Isso é que é a questão. É difícil e não tem a ver com o facto de serem mulheres, tem a ver com o facto de serem candidatas que chegam muito tarde à corrida.”O que quer dizer? Que a eleição já está fechada?“Não. A eleição nunca está fechada até ao dia em que os votos são contados ou que os votos são postos nas urnas. Agora, para sermos completamente realistas, uma candidata ou um candidato que chega quatro meses antes das eleições, quando a campanha eleitoral já decorre há bastante tempo, tem menos condições de ganhar as eleições que um candidato que concorre desde o princípio. Quais são as forças de cada uma delas? Michelle Obama é muito popular entre o eleitorado democrata. Kamala Harris não cometeu nenhum erro excepcional enquanto vice-presidente, apesar de ter sido uma vice-presidente com muito pouca presença na política norte americana. Quer dizer, nenhuma delas tem uma força extraordinária que possa derrotar Donald Trump. Não tem nada no sentido de podermos apontar uma característica que pode pôr Trump em maus lençóis. Até porque o eleitorado nos dias de hoje está muito dividido e não tende a mudar de partido, tende é a não votar num candidato se não gosta dele. Ou seja, os democratas tendem em não ir votar num outro candidato que não seja aquele que eles escolheram. Poderiam tender em não votar em Joe Biden porque ele estava com a saúde muito frágil, não quer isso dizer que passa o voto para Donald Trump e vice-versa.Aquilo que seja quem for tem que fazer é convencer o eleitorado a levantar-se do sofá no dia 5 de Novembro a ir votar. Se Kamala Harris ou Michelle Obama têm essa capacidade, é muito cedo para saber. Agora, evidentemente que partem em desvantagem relativamente a alguém que está a pedir ao seu eleitorado que se levante da cadeira há um ano e tal, não é? Isso é inevitável, são as ironias da história.”

Convidado
NATO: "EUA e Alemanha são contra um compromisso que defina data para a entrada da Ucrânia"

Convidado

Play Episode Listen Later Jul 10, 2024 12:48


Decorre desde esta terça-feira e ainda até amanhã, em Washington, a Cimeira da NATO que marca o 75° aniversário da sua existência. Criada depois da segunda guerra mundial com o objectivo de garantir da defesa do bloco ocidental perante o então bloco soviético, a Aliança Atlântica encontra-se num momento complexo, com os desafios colocados pela guerra na Ucrânia na sequência da sua invasão pela Rússia em Fevereiro de 2022. No âmbito desta cimeira que é, uma vez mais, dominada pelo conflito ucraniano, Kiev recebeu desde já a garantia de que Washington e outros parceiros vão fornecer-lhe sistemas de defesa antiaéreos, conforme vinha pedindo nestas últimas semanas. Num plano mais lato, contudo, Volodymyr Zelensky poderia continuar sem perspectivas claras quanto a uma eventual adesão do seu país à NATO.Para já, Berlim e Washington não pretendem comprometer-se neste aspecto e o contexto de eleições presidenciais incertas nos Estados Unidos também faz com que as perspectivas da presente cimeira sejam pouco encorajadoras para a Ucrânia, do ponto de vista de Carlos Gaspar, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais, em Lisboa.RFI: Considera que uma vez mais a Ucrânia não vai obter garantias quanto a uma possível adesão à NATO?Carlos Gaspar: Para o bem e para o mal, essa é uma certeza que nós temos, porque os Estados Unidos e a Alemanha são contra qualquer tipo de compromisso que defina uma data ou um contexto específico para a entrada da Ucrânia na NATO. Com certeza que haverá e já estão aprovados, de resto, em quadros bilaterais pelos Estados Unidos, armamentos adicionais e apoios adicionais à Ucrânia, também do lado da União Europeia e dos aliados europeus. Mas esses apoios tenderão a diminuir. Não é, como já aconteceu, aliás, ao longo dos 6 primeiros meses deste ano e poderão diminuir muito radicalmente se os norte-americanos elegerem o Presidente errado em Novembro deste ano. Portanto, há que fazer previsões de certa maneira, não apenas materiais, mas também políticas e diplomáticas, para fazer face a essa possibilidade, que é uma possibilidade real.RFI: A sombra de Donald Trump, no fundo, está a pairar sobre a cimeira da NATO?Carlos Gaspar: É uma cimeira de campanha. Claramente é uma cimeira de campanha. Ela segue-se a um debate presidencial entre Donald Trump e Joe Biden, que correu mal ao Presidente dos Estados Unidos e que desencadeou um debate dentro do Partido Democrata em que está em causa quem vai ser, finalmente, na Convenção de Agosto, o candidato presidencial. Neste momento, o candidato presidencial é Joe Biden, mas a sua posição pode ser posta em causa. Está a ser objecto de um debate dentro do seu próprio partido. E, nesse quadro, inevitavelmente, a cimeira da NATO para lá da Ucrânia é uma etapa decisiva na campanha eleitoral norte-americana.RFI: Esta cimeira da NATO é também a primeira em que participam enquanto membros de pleno direito, tanto a Finlândia como a Suécia. Isto, de certa forma, não será também, apesar de tudo, um símbolo forte para a NATO?Carlos Gaspar: Muito forte, muito importante para a NATO. A Suécia é um dos estados neutrais mais antigos da Europa. A Finlândia tinha uma posição de neutralidade imposta durante a Guerra Fria pela União Soviética, mas os dois responderam à invasão da Ucrânia pela Rússia com uma decisão de integrar a Aliança Atlântica, que é muito importante para a NATO e para a defesa europeia e também importante para a União Europeia, na medida em que, neste contexto, há apenas quatro Estados membros da União Europeia que não fazem parte da Aliança Atlântica e isso reforça as relações cada vez mais importantes entre a NATO e a União Europeia, entre os dois pilares da Comunidade Europeia e transatlântica.RFI: Esta cimeira decorre numa altura em que o actual Presidente do Conselho Europeu, Viktor Orban, acaba de efectuar visitas tanto a Kiev como a Moscovo e também a Pequim.Carlos Gaspar: Visitas bilaterais, não visitas como presidente do Conselho Europeu, uma vez que os próprios parceiros europeus vincaram bem que se tratava de visitas bilaterais e que o primeiro-ministro húngaro não tinha qualquer mandato do Conselho Europeu para tomar quaisquer iniciativas junto da Rússia ou da China.RFI: Isto não será, de qualquer das formas, um sinal de que reina alguma confusão, tanto a nível europeu como a nível da NATO, em termos de mensagens que se enviam a Moscovo?Carlos Gaspar: De forma nenhuma. Isto é uma manobra de Moscovo na qual o primeiro-ministro húngaro é um actor consciente e voluntário que visa justamente tentar perturbar a reunião da Aliança Atlântica e pôr em causa os esforços daqueles que defendem a definição de um quadro de entrada da Ucrânia na Aliança Atlântica. Não é a única resposta da Rússia e da China à cimeira de Washington. A China e a Rússia também alargaram a Organização de Cooperação de Xangai à Bielorrússia, que é vizinha da Polónia e que entrou na Organização de Cooperação de Xangai no dia 4 de Julho passado. E neste momento há manobras militares conjuntas da China e da Bielorrússia junto à fronteira da Polónia. Foi a forma de a China e da Rússia, as duas principais potências revisionistas, participaram na cimeira da NATO, para a qual, naturalmente, não foram convidadas. É pena, mas não é uma surpresa que o primeiro-ministro húngaro seja um pião dentro da estratégia da China e da Rússia.RFI: Mencionou precisamente a Organização de Cooperação de Xangai que esteve reunida na semana passada em cimeira. Uma das questões em cima da mesa foi precisamente reforçar a segurança regional. Esta organização, de certa forma, poderia ser uma concorrente da NATO e poderia obrigar a NATO a mudar radicalmente a sua estratégia?Carlos Gaspar: A Organização de Cooperação de Xangai é o contrário da NATO. A NATO é um pilar da ordem internacional. A Organização de Cooperação de Xangai é um perturbador da ordem internacional e não tem nenhuma das funções de garantia de defesa, nem sequer para os seus membros. Os seus membros cooperam vagamente na luta antiterrorista e por aí fora. Mas não há nenhuma cláusula comparável ao artigo quinto ou mesmo ao artigo quatro do Tratado de Washington. E, nesse sentido, não é uma aliança militar, não é uma aliança de defesa, como é a Aliança Atlântica desde 1949.RFI: Paralelamente, tem havido um certo bailado diplomático, tendo havido recentemente um encontro entre Putin e Xi Jinping. Putin também avistou-se com o Primeiro-ministro indiano. Putin está a multiplicar as parcerias. Como é que deve ser interpretado?Carlos Gaspar: Deve ser interpretado como uma tentativa de demonstrar que a Rússia não está isolada diplomaticamente, que está preparada, o que é falso, para negociar seriamente com a Ucrânia uma cessão das hostilidades, de maneira a evitar que haja sinais fortes do lado da cimeira de Washington em relação à Ucrânia, que garantam que a Ucrânia continua a resistir à invasão da Rússia e a sobreviver aos ataques da Rússia de Putin. A visita de Modi é particularmente importante. Há cinco anos que o primeiro-ministro indiano não ia Moscovo para uma visita bilateral e é a primeira visita bilateral que ele faz depois da sua reeleição. O pretexto que o primeiro-ministro usa é retirar os soldados indianos que estavam integrados nas Forças Armadas da Rússia e que foram mobilizados para a Ucrânia. Esses soldados vão ser desmobilizados e voltar à Índia. Mas esse pretexto não chega para explicar por que razão é que o primeiro-ministro Modi está preparado para, mais uma vez, ser um pião na estratégia do Presidente Putin, num momento que para Moscovo é crucial, e em que Moscovo -como Pequim- tem que fazer tudo para pôr em causa a unidade dos aliados. Nem a China nem a Rússia jamais imaginaram que mais de dois anos depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, continuasse a haver uma frente comum dos aliados para defender a Ucrânia, contra os cálculos que foram feitos, quer em Pequim, quer em Moscovo.RFI: Há pouco mencionou o facto de Biden, neste momento, estar a ser avaliado à lupa. Há também outro membro da NATO que também está a ser analisado: é a França, com o poder de Macron, neste momento, a ser abalado por alguma instabilidade interna. Que implicações é que isto pode ter a nível da NATO?Carlos Gaspar: Tem com certeza um impacto, porque existe a possibilidade de um quadro de instabilidade governamental nos próximos anos, mas também tem um impacto limitado, no sentido em que o Presidente da França tem uma posição especial e, pelo menos, essa tradição da Quinta República determina a política externa e a política de defesa da França. Isso seria posto em causa se houvesse um governo da União Nacional (partido de extrema-direita), o que parece excluído na presente conjuntura. De resto, mais nenhuma força põe em causa o "domaine réservé", o domínio reservado, do Presidente da República Francesa em relação à política externa e de defesa. E nesse âmbito, há um quadro de continuidade naquilo que é essencial para os aliados. Seria diferente, certamente, se o resultado das eleições do Domingo passado não tivesse sido aquele que foi.RFI: Além da Ucrânia, o que também está em cima da mesa é o próprio futuro da NATO, uma vez que, como mencionou há pouco, há a sombra do regresso de Trump, que já deu a entender que a sua política seria totalmente diferente em matéria de defesa e, por exemplo, os parceiros europeus teriam que ser mais activos no seio da NATO. Os europeus não deveriam ter já pensado nessa possibilidade?Carlos Gaspar: E pensaram. Neste momento há apenas um pequeno número de membros da NATO que não gasta mais de 2% do seu produto no orçamento de defesa e isso resulta da pressão dos Presidentes norte-americanos Obama, Trump, Biden, para garantir que a Europa tenha uma parte maior na NATO e uma responsabilidade maior na defesa da Europa. E é esse o interesse dos próprios europeus. Esta é uma velhíssima questão no quadro da Aliança Atlântica. É uma velhíssima questão no quadro da construção europeia. Não faz sentido que os países europeus, os países mais ricos do mundo, sejam de tal maneira dependentes dos Estados Unidos no que diz respeito à questão essencial da sua defesa e estratégia. Desse ponto de vista, as pressões de Trump, como as pressões do Presidente Obama antes dele e do Presidente Biden depois dele, são muito bem-vindas por todos aqueles que querem que a Europa tenha uma autonomia estratégica relevante no quadro da Aliança Atlântica. 

Pergunta Simples
O futebol é bom para o marketing? Daniel Sá

Pergunta Simples

Play Episode Listen Later Jun 26, 2024 44:37


Hoje é dia de falar do futebol enquanto máquina de marketing. Já repararam em toda a publicidade espalhada pelos estádios do Europeu de Futebol? E aquelas paredes de fundo carregadas de logótipos dos patrocinadores que aparecem atrás dos jogadores quando falam os jornalistas? Pois é: são os sinais da gigantesca máquina de mostrar anúncios a todos nós. Principalmente aos mais fervorosos dos adeptos. Portugal já recebeu 13 milhões de euros como compensação pela sua participação no europeu. Portugal, a federação portuguesa de futebol, bem entendo. Cada vitória vale 1 milhão. E o vencedor do europeu recebe um total acumulado de mais de 28 milhões de euros. E de onde vem este todo dinheiro? Principalmente da publicidade, do investimento das marcas e dos direitos de transmissão televisiva, radiofónica e imagens afins. Claramente o ‘marketing' gosta do futebol e o futebol gosta do ‘marketing'. Olhemos por momentos para Cristiano Ronaldo. Ele tem quase mil milhões de fãs nas suas redes sociais. E mais do que um jogador Ronaldo é uma celebridade mundial. Portanto, todas as marcas associadas ao jogador recolhem o benefício da gigantesca notoriedade que Ronaldo tem. Basta ver a loucura nos estádios. Com miúdos e graúdos a invadir o campo, durante os jogos, em busca de tirar uma foto com o herói. Voltemos ao ‘marketing'. Quis ouvir Daniel Sá, o diretor do Instituto Português de Marketing, o IPAM. Para saber o que explica esta mútua paixão entre o ‘marketing' e o desporto de alta competição. O futebol, sempre o futebol. Seja o ópio do povo ou uma boa desculpa para uma festa. Foi assim em 2016 com a vitória de Éder e mais 10. Ou na embriaguez coletiva de 2004 quando os gregos decidiram reinar em Lisboa. Talvez essa emoção das massas explique a paixão do ‘marketing' pelo futebol. Conhecem melhor argumento para ajudar a comprar um produto ou serviço que a emoção? Sim, somos todos muito racionais. Mas como nos ensinou Damásio a emoção reina. Chuta Ronaldo! https://vimeo.com/958989523/0a6e625a9f?share=copy

Mais lento do que a luz
Ciência e poesia no centenário de António Manuel Baptista, com Cristina Ovídio

Mais lento do que a luz

Play Episode Listen Later Jun 17, 2024 27:59


António Manuel Baptista faria 100 anos em 2024, sendo esta uma boa ocasião para recordar essa grande figura da cultura nacional. Foi professor catedrático de Física na Academia Militar e no Instituto Português de Oncologia (IPO), tendo sido pioneiro em Portugal na área da Física Médica. Foi também um grande divulgador da ciência, em programas de rádio, televisão e livros, estes saídos principalmente na Gradiva. A sua intervenção pública teve um papel relevante no despertar de vocações para a ciência e no alargamento da cultura científica num tempo em que esta era bastante incipiente no nosso país. Tinha também uma faceta literária, manifesta no seu convívio com grandes nomes da literatura nacional como Alexandre O'Neill e Mário Cesariny. A convidada deste episódio do podcast "Mais Lento do que a Luz", a professora, tradutora, editora e empresária Cristina Ovídio, conheceu de muito perto António Manuel Baptista, pois é uma dos seus quatro filhos. Cristina Ovídio tem uma vasta experiência no mundo editorial, tendo feito traduções para Gradiva e trabalhado nas editoras Oficina do Livro, Planeta e Clube de Autor, nas quais editou muitos autores conhecidos. Recentemente foi moderadora do programa da SIC «Original é a Cultura», com Dulce Maria Cardoso, Rui Vieira Nery e Carlos Fiolhais. Leitora apaixonada, é uma promotora de cultura, designadamente no Clube de Leitura que dinamiza no seu bar Menina e Moça, no Cais do Sodré.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Eurotopia
Especial 25 de Abril: “A entrada de Portugal na CEE significava a consolidação da democracia”

Eurotopia

Play Episode Listen Later Apr 25, 2024 25:02


No dia em que se celebram os 50 anos do 25 de Abril de 1974, discutimos a influência da criação da Comunidade Económica Europeia para um Portugal em ditadura e como a adesão em 1986 moldou o país que temos hoje.Com Nuno Severiano Teixeira, Professor Catedrático na Universidade Nova de Lisboa, onde dirige o Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-NOVA), e moderação Beatriz Capão e Joana Gama Gomes.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - O mundo a seus pés
A “guerra esquecida” do Sudão e a importância da sociedade civil para travar “crescendo de atrocidades”

Expresso - O mundo a seus pés

Play Episode Listen Later Apr 22, 2024 35:54


O conflito no Médio Oriente e a guerra na Ucrânia afastaram dos radares mediáticos um conflito que já leva mais de um ano. Isto apesar de ser “uma tragédia humanitária” e estar a provocar a pior vaga de deslocações e uma das piores crises de fome do planeta. Por ocasião do primeiro aniversário do conflito, assinalado há uma semana, o secretário-geral da ONU sublinhou que, por mais preocupantes que sejam os desenvolvimentos no Médio Oriente, “outras emergências dramáticas de vida ou morte estão a ser empurradas para a sombra”. Para António Guterres, “o mundo está a esquecer-se do povo do Sudão”. Alexandra Magnólia Dias, professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais, alerta que “as iniciativas para a mediação para a paz têm estado congeladas e reféns das lideranças militares”.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Resposta Pronta
IPMA. Temperaturas vão subir

Resposta Pronta

Play Episode Listen Later Apr 8, 2024 2:50


De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a subida deve-se a uma massa de ar quente originada pelo anticiclone dos Açores.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Resposta Pronta
IPMA. Chuva mantém-se nos próximos dias

Resposta Pronta

Play Episode Listen Later Apr 1, 2024 3:50


Já as temperaturas vão aumentar gradualmente ao longo da semana... Mas no fim de semana o Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê que os valores voltem a baixar.See omnystudio.com/listener for privacy information.

FALA COM ELA
FALA COM ELA com Manuel Falcão

FALA COM ELA

Play Episode Listen Later Mar 8, 2024 45:32


Fundou vários jornais, dirigiu a RTP, o Instituto Português de Cinema e foi administrador da EGEAC. Hoje, sonha com a edição de um livro de fotografias suas e é com cultura e boas conversas que passa os seus melhores dias.

Expresso - O mundo a seus pés
A política externa e de defesa não aparece nos programas eleitorais para 10 de março, e isso é preocupante

Expresso - O mundo a seus pés

Play Episode Listen Later Mar 4, 2024 42:14


Nem com duas guerras na vizinhança e a recente pandemia os partidos que concorrem às legislativas portuguesas deram importância à política externa e de defesa nos seus programas eleitorais. Nos debates e na campanha em curso não se encontra reflexo do estado do planeta. Os assuntos internacionais parecem ausentes das prioridades dos partidos portugueses. Ouça O Mundo A Seus Pés, podcast da secção de internacional do Expresso, que esta semana contou com a moderação de Pedro Cordeiro, comentário de Hélder Gomes e participação da investigadora Diana Soller, do Instituto Português de Relações Internacionais. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - O mundo a seus pés
Qual o significado da vitória de William Lai em Taiwan para a “escuridão acrescida” da China e de Hong Kong?

Expresso - O mundo a seus pés

Play Episode Listen Later Jan 22, 2024 42:30


Enquanto os habitantes de Taiwan vão em breve dar posse a William Lai, um homem que nunca escondeu a sua desconfiança em relação à China, em Macau e Hong Kong a notícia desta vitória não teve sequer destaque na maioria da imprensa. O que torna estes territórios tão diferentes e como vai a China reagir às eleições em Taiwan? Uma conversa com a autora e investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais Raquel Vaz Pinto e com o advogado Jorge Menezes, residente em Macau. Oiça o podcast O Mundo a Seus PésSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Convidado
Investigadora alerta que “Irão é o agente desestabilizador” no Médio Oriente

Convidado

Play Episode Listen Later Jan 18, 2024 13:39


O alastramento do conflito armado pelo Médio Oriente é uma realidade e não se limita ao Hamas e ao exército israelita que continuam em guerra na Faixa de Gaza. O Paquistão atacou alvos “terroristas” no Irão, depois de Teerão ter atingido alvos na Síria, no Iraque e no Paquistão. Os Estados Unidos realizaram o quarto bombardeamento de posições hutis no Iémen. A investigadora Diana Soller sublinha que o Irão é “o agente desestabilizador de todas estas guerras no Médio Oriente”.  RFI: O que representa, para a região, o ataque paquistanês ao Irão?Diana Soller, Investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais: "O que eu penso é que o Irão é, acima de tudo, o agente desestabilizador de todas estas guerras no Médio Oriente. Todas estas guerras porque estamos a perceber que existe uma série de frentes abertas. Começou pela guerra Israel-Hamas - o Hamas que é uma ‘proxy' do Irão – mas, neste momento, temos o Hezbollah no Líbano a ameaçar Israel com uma nova frente de guerra; temos os hutis a bloquear o Mar Vermelho; temos as milícias do Iraque e da Síria, também apoiadas pelo Irão a tentarem desestabilizar as forças americanas que estão na região;  agora temos esta nova frente com o Paquistão. Relembrar que o Paquistão é sunita e o Irão - e as suas ‘proxys', todas menos o Hamas - são xiitas e é, digamos assim, uma desculpa para este ataque.Eu diria que o Irão sabe que é muito difícil infligir uma derrota militar a Israel, mesmo que Israel seja atacado por todos os lados. Mas sabe que Israel tem uma grande fragilidade, aliás, que é uma dupla fragilidade: por um lado, que Israel tem este complexo de que está sozinho ou praticamente sozinho na região e, portanto, tem que se defender de todos os inimigos que possa vir a ter porque está em causa a sua sobrevivência como Estado; ao mesmo tempo, sendo uma democracia, é exigido a Israel um conjunto de padrões de comportamento internacional mesmo em guerra, que não são exigidos a grupos terroristas ou mesmo a Estados não democráticos. Uma vez que o Irão não pode vencer Israel militarmente através das suas ‘proxys', o que está a fazer, do meu ponto de vista, é tentar isolar Israel ao ponto de que o próprio Israel se torne um Estado pária internacional e que deixe de ter apoio internacional, nomeadamente apoio militar."Qual é o reverso da medalha? Que o conflito na Faixa de Gaza, por exemplo, se prolongue ainda mais?"Não me parece que o conflito na Faixa de Gaza se vá prolongar, muito pelo contrário. Por dois motivos: primeiro porque as próprias forças israelitas já deram a entender várias vezes que, pelo menos, a norte de Gaza já estão a passar à terceira fase da operação, ou seja, já estão relativamente satisfeitos com a destruição que causaram ao Hamas e, portanto, aqueles bombardeamentos e aqueles fogos de artilharia tão pesados que vimos até aqui, estão cada vez mais a desaparecer e pensa-se que o mesmo irá acontecer, aos poucos, no centro e no sul de Gaza. Portanto, não me parece que faça sentido pensar que a guerra vá alastrar-se, muito pelo contrário."Mas já há um alastramento do conflito pelo Médio Oriente."Isso é uma coisa diferente. Uma coisa é as operações em Gaza que me parece que a tendência é esmorecerem e até acabarem não dentro de muito tempo. A terceira fase que Israel promete é uma fase mais complicada no sentido em que, provavelmente, o que vai acontecer é Israel ir atrás das lideranças político-militares do Hamas, onde quer que elas estejam. Aliás, já vimos com al-Arouri, em Beirute. Isso sim, isso vai criar a possibilidade de outras forças ‘proxys' do Irão de expandirem a guerra.Agora, uma coisa é a guerra de Gaza e outra coisa é a expansão dessa guerra - parte pode ser atribuída a Israel no sentido que a operação de terminar ou de exterminar ou de eliminar a capacidade do Hamas de fazer ataques terroristas pode levar a actos que recebam retaliação de outros países. Agora, por exemplo, a questão dos hutis não me parece que tenha grandemente a ver directamente com Israel."Os hutis dizem que os ataques se realizam em solidariedade com o povo palestiniano por causa da guerra na Faixa de Gaza…"Bom, então assim, cada vez que que algum país entrasse em guerra, depois todos os outros grupos irregulares ou outros países podiam entrar em solidariedade. Quer dizer, essa figura não existe no direito internacional."Então, para si, quem está por trás disto é o Irão?"Não é para mim, acho que é perfeitamente evidente que quem está por trás disto é o Irão. O que é que o Paquistão tem a ver com a guerra entre Israel e o Hamas? Quer dizer, no fundo, o que nós estamos a ver é uma desestabilização de um único pião que é o Irão, que é o único que tem ligações a todos estes conflitos, não é? Portanto, nós só não vemos se não quisermos e se quisermos apenas olhar para a campanha de comunicação Irão/Hamas que foi montada desde o início do conflito.Agora, eu não subscrevo essa posição. Eu acredito que Israel tem, de facto, responsabilidades, não tem o direito de disparar sobre tudo o que mexe, mas está numa situação muito complicada porque está a actuar numa zona densamente populacional onde não existe possibilidade - isto é uma coisa completamente nova nos conflitos – de os palestinianos fugirem para lado nenhum. Quer dizer, nós nunca vimos isto, não há nenhuma guerra que não tenha refugiados de guerra. Mesmo guerras contra o terrorismo, as pessoas podiam fugir. Aqui não podem.Há aqui todo um contexto muito mais complexo nesta guerra do que a simplificação que os agentes do Hamas e do Irão queriam que nós víssemos que é: Israel é uma máquina de guerra que mata civis porque, enfim, sabe-se lá, não há uma justificação, mas dá-se a entender que é por crueldade, por vingança. Quer dizer, as coisas não são bem assim e é importante nós analisarmos as coisas, as várias perspectivas dos vários actores.Nós temos um actor desestabilizador que é o Irão que está relacionado com todos os conflitos que estão a despontar à volta do Médio Oriente e, no fundo, estamos com os nossos olhos postos em Israel, como se nada mais estivesse a acontecer e a repetir acriticamente aquilo que o Hamas relata. E eu não acho que isso seja propriamente a verdade dos factos, digamos assim."A entrada do Paquistão em mais uma frente, que consequências pode ter nos próximos tempos?"É uma nova frente, é um novo risco que prova a minha tese - que, aliás, já tem um bastante tempo - que, na verdade, o que nós temos aqui é um processo estruturado e aberto aos poucos - porque não acontece tudo ao mesmo tempo- de desestabilização do Médio Oriente a um ponto em que uma de duas hipóteses tem que acontecer: ou tem que haver uma intervenção internacional para tentar travar este conflito ou então acaba por haver um escalar de tal forma grande que aquela região se torna inexpugnável, impossível de travar. E eu penso que é isso que esses agentes de desestabilização andam à procura."Esta quarta-feira à noite, os Estados Unidos realizaram o quarto bombardeamento de posições dos hutis no Iémen. A situação continua, de facto, a escalar?"Sim, sem dúvida nenhuma. O que é que se passa com os hutis? Os hutis – que são uma ‘proxy' do Irão - estão a bloquear um veio de navegabilidade porque passa no Estreito de Ormuz e no Estreito de Aden, que é absolutamente fundamental para o comércio Internacional. Estamos a falar de 15% do comércio internacional que passava naquele estreito e que deixou de poder passar e que faz uma rota três a quatro vezes maior porque tem de passar todo o continente africano em vez de cruzar o Médio Oriente através do canal do Suez.A liberdade de navegação é considerada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido como um bem comum internacional. Ora, e tendo em conta que os hutis estão, de alguma maneira, a quebrar esta fonte de liberdade de navegação, prejudicando muitos países do mundo - aliás, prejudicando no fundo a economia global porque 15% do comércio global passava por ali e inevitavelmente, todos esses produtos, o transporte tornando-se mais caro, os produtos em si também se vão tornar mais caros.Os Estados Unidos entenderam que era preciso acabar com este entrave à navegabilidade e daí os ataques norte-americanos, até porque os Estados Unidos, em boa verdade, têm sido muito cautelosos relativamente ao uso da sua força militar na região que foi para lá imediatamente quando começou o conflito, provavelmente porque havia previsão de que outros actores se iam envolver no conflito com grande rapidez. E, por exemplo, não se têm envolvido militarmente com as milícias da Síria ou com as milícias do Iraque, que têm tentado bombardear e atacar posições americanas no Médio Oriente. Portanto, penso que relativamente aos hutis será um caso isolado que é justificado quer pela resolução das Nações Unidas, quer pelo bem da livre navegabilidade em si, mas não deixa evidentemente de contribuir, até pela proximidade geográfica, para um momento muito delicado no conflito Israel-Hamas."Como é que vê os próximos tempos? Esta escalada vai continuar ou há alguma possibilidade de acalmia?"Eu vejo os próximos tempos exactamente como têm sido até agora. Há uma situação muito delicada entre o Hezbollah e Israel que poderá abrir uma nova frente de guerra. Acho que estamos todos convencidos disso. Eu não sei ainda que tipo de estragos este quarto ataque dos Estados Unidos aos hutis criou, mas por aquilo que se sabia ontem, na melhor das hipóteses, 30% da capacidade dos hutis tinha sido destruída e os hutis continuam a operar no Mar Vermelho da mesma forma, portanto, é natural que os ataques norte-americanos continuem até aos hutis desistirem. A entrada do Paquistão neste problema regional também não é uma boa notícia. Portanto, é de prever que a desestabilização se mantenha ou até aumente um bocadinho. Vamos esperar que os actores democráticos, que não estão propriamente profundamente empenhados nessa desestabilização, tenham mais sucesso do que as forças desestabilizadoras porque senão podemos ter um problema a mais longo prazo."

Resposta Pronta
"Depressão Irene poderá ser a mais intensa"

Resposta Pronta

Play Episode Listen Later Jan 16, 2024 2:06


O país está sob alerta amarelo para a Depressão Irene. Jorge Pontes, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, prevê ser uma das tempestades mais fortes dos últimos tempos.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Conversas com CEO
Ep. 71 - João Moreira Rato

Conversas com CEO

Play Episode Listen Later Jan 10, 2024 44:07


João Moreira Rato é o convidado de Conversas com CEO.O presidente do Instituto Português de Corporate Governance reflete sobre o melhor caminho para incentivar a sustentabilidade, considerando que a opção pela regulação é fundamentalmente determinada pela falta de coragem dos políticos de usarem os impostos, ou seja os preços, para levarem a comportamentos mais sustentáveis. E por isso se desresponsabilizam e fazem cair a responsabilidade nas empresas e no setor financeiro.

Convidado
“Trata-se de uma perda importante para o Hamas”

Convidado

Play Episode Listen Later Jan 3, 2024 8:24


A ONU apelou esta quarta-feira, 3 de Janeiro, à "máxima contenção" de todas as partes, depois de o Hamas ter confirmado a morte do número dois do grupo militante, Saleh al-Arouri, num ataque em Beirute, no Líbano. Em entrevista à RFI, José Pedro Teixeira Fernandes, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais, considera que esta morte representa uma baixa pesada para o Hamas. O primeiro-ministro do Governo da Autoridade Nacional Palestiniana, Mohamed Shtayeh, condenou "o assassínio" e acusou implicitamente Israel, apesar das autoridades não terem reivindicado a autoria do ataque. Em entrevista à RFI, José Pedro Teixeira Fernandes, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais, considera que esta morte representa uma baixa pesada para o Hamas.RFI: O que representa para o Hamas a morte do número dois do grupo militante, Saleh al-Arouri?José Pedro Teixeira Fernandes, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais: Penso que se trata de uma perda importante, até pelo grau que esta morte tem na hierarquia do Hamas. Há todo um lado simbólico, mas também operacional. A presença do Hamas no Líbano não era um acaso e estava, certamente, ligada à criação de relações com o Hezbollah, em conexão com o Irão.Embora não tenha participado numa guerra generalizada com Israel, o Hezbollah tem feito algumas ações militares na fronteira norte, ocupando uma parte do exército israelita e, de alguma forma, criando um cenário estratégico complexo para Israel. A estratégia do Hamas, desde o início, foi sempre a de abrir mais do que uma frente. Certamente, estava nos cálculos do ataque de 7 de Outubro uma retaliação forte de Israel, provavelmente também estaria nos cálculos o levantamento generalizado dos palestinianos, nomeadamente na Cisjordânia. O Hamas também esperaria – o que até agora não aconteceu- que o Hezbollah entrasse [neste conflito] com uma outra dimensão na guerra com Israel, fixando o exército israelita numa frente norte.O primeiro-ministro do Governo da Autoridade Nacional Palestiniana, Mohamed Shtayeh, condenou "o assassínio" do número dois do movimento Hamas e alertou para as repercussões que podem surgir deste acto. O exército israelita já veio dizer que está preparado para “qualquer cenário”. Há o risco de uma escalada regional deste conflito?O que podemos dizer da parte destes intervenientes regionais, nomeadamente de grupos como Hezbollah- que tem ligações óbvias com o Irão- é que tem havido uma certa prudência, com acções fronteiriças, mas sem se envolverem num conflito generalizado.Neste atentado, mais uma vez, Israel não assume abertamente que foi o autor, mas não nega que esteve na origem desta eliminação, mantendo sempre esta ambiguidade. Parece bastante evidente que tenha sido uma acção dos serviços secretos israelitas. Porém, existe aqui uma particularidade e até um problema. Ou seja, este ataque não ocorre no sul do Líbano, na zona fronteiriça, ocorre em Beirute, num lugar que até seria controlado pelo Hezbollah. Isto expõe uma vulnerabilidade do Líbano e do território controlado pelo Hezbollah às investidas do exército israelita.Israel já veio descartar a hipótese de se ter tratado de um ataque contra o Estado Libanês. Esta declaração pode acalmar as reacções da parte do Hezbollah? Não duvido que, em geral, Israel não queira atacar o Estado libanês. Mas, ao mesmo tempo, atacar o Hezbollah implica atacar o Líbano. O Hezbollah detém o poder em grande parte do território libanês, nomeadamente na parte que faz fronteira com Israel, conseguindo agregar e mobilizar as populações xiitas e construir um dinamismo político-militar.O secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, deverá pronunciar um discurso esta quarta-feira, 3 de Janeiro. O Hezbollah poderá entrar neste conflito, ou ficará sempre dependente da “luz verde” do Irão, país que assegura o financiamento e o armamento do grupo? Até agora, o Hezbollah tem sido bastante prudente- apesar da retórica política e das acções militares que vai fazendo regularmente na zona fronteiriça- e tem mostrado que não se quer envolver demasiado no conflito. É preciso não esquecer que para o Hezbollah um envolvimento mais generalizado teria custos significativos, colocaria todo o Líbano em guerra e deixando o Hezbollah, internamente, numa situação mais complicada. Não me parece que a generalidade da população, por muita simpatia que tenha com os palestinianos e com a questão que se vive em Gaza, queira entrar numa guerra.Há ainda a questão que nos leva ao Irão e à Síria. Isto porque o Hezbollah tem sido, até agora, uma peça muito importante na estratégia do Irão no apoio ao regime de Bashar Al- Assad, levantando aqui uma questão que passa pelo enfraquecimento militar do Hezbollah. Depois há ainda o problema do Hezbollah se estar a envolver numa guerra que não é directa -mas sim um conflito de Israel com o Hamas e os palestinianos- e sem perspectiva de ganhos.Todavia, Israel parece que há muito tempo equaciona as possibilidades de abrir uma segunda frente no conflito, fazendo uma limpeza no sul do Líbano, como tem feito em Gaza. Isto leva-nos à questão mais crítica: o Hezbollah não pode deixar de ter uma reacção- para não mostrar fraqueza- mas, ao mesmo tempo, sabe que o risco de uma guerra com Israel é muito grande.Esta subida de tensão acontece depois dos Estados Unidos decidirem retirar o porta-aviões Gerald Ford que se encontrava no mediterrâneo oriental desde outubro. Poderá haver aqui alguma relação? Esse é um dado curioso porque, em termos políticos, vimos que havia aqui um tipo de negociação. Não sabemos se irá dar resultado, com questão dos reféns detidos pelo Hamas a serem prejudicados fortemente. Agora temos essa questão, quando tem sido pública a pressão que os Estados Unidos fazem sobre Israel para não se envolver numa segunda frente de guerra, mais generalizada no sul do Líbano, com o Hezbollah.Esta retirada é uma coincidência, houve aqui uma oportunidade que os serviços secretos não quiseram deixar passar? Ou existe aqui uma vontade de abrir uma segunda frente de guerra e, eventualmente, levar os Estados Unidos a envolverem-se nela? Porque, provavelmente, se o conflito se alastrar parece-me difícil que os americanos fiquem como um observador distante.A força das Nações Unidas no Líbano apela às partes para trabalharem num cessar-fogo. Considera que uma trégua será possível? Uma trégua seria desejável, mas parece-me muito difícil que o Hezbollah não vá ter algum tipo de resposta. Até para mostrar que se mantém como uma força credível. No entanto, isto não significa que o conflito se vá generalizar.  O que me parece mais provável é que todo este atrito, que já está militar e com trocas de bombardeamentos, de um lado e de outro, vai aumentar.

Aphasia Access Conversations
Episode #112: Aphasia 3D: In conversation with Dr. Assunção (Maria) Matos and Paula Valente

Aphasia Access Conversations

Play Episode Listen Later Nov 22, 2023 52:50


Welcome to the Aphasia Access Conversations Podcast. I'm Jerry Hoepner. I'm a professor at the University of Wisconsin – Eau Claire and co-facilitator of the Chippewa Valley Aphasia Camp, Blugold Brain Injury Group, Mayo Brain Injury Group, and Thursday Night Poets.  I'm also a member of the Aphasia Access Podcast Working Group. Aphasia Access strives to provide members with information, inspiration, and ideas that support their aphasia care through a variety of educational materials and resources. I'm today's host for an episode that will feature Paula Valente and Dr. Assunção (Maria) Matos from the Portuguese Institute of Aphasia (IPA). In this episode, we'll be discussing Paula and Maria's role in building three dimensional social, LPAA in Portugal from the ground up. Biosketch: Paula Valente is a Speech and Language Therapist, social entrepreneur and responsible for the creation of IPA. She realized that there are important gaps in the therapeutic interventions that are offered to the person with aphasia in Portugal. With the support of partners in Portugal and in another countries, and with a team consisting of a speech therapist, a psychologist, a social worker and volunteers, Paula is convinced that the path will not be easy, but it's possible.   Dr. Assunção (Maria) Matos is a Lecturer at the University of Aveiro in Portugal. Her work is grounded in the WHO-ICF model and social, LPAA approaches to aphasia rehabilitation. As one of Paula's teachers, she influenced the development of the IPA and is a crucial partner in the innovative programming that they offer. Take aways: Shift to Social Approach: SLPs in Portugal moved from a medical model to a social approach in aphasia intervention, realizing the limitations of traditional speech therapy alone. Comprehensive Support Program: EPA in Portugal offers a wide range of services, including therapy, psychology, and caregiver support, aiming to enhance the lives of people with aphasia and their families. Limited Services in Portugal: EPA is the sole organization providing such extensive aphasia support in Portugal, serving the entire country, with an emphasis on online services to reach distant regions. Professional Training Focus: Assunção Matos emphasizes holistic training for speech-language pathology students, preparing them for diverse practice settings by exposing them to various intervention approaches. Fundraising Challenges: EPA faces fundraising challenges in Portugal due to limited access to funds and philanthropic support. To sustain their services, they generate revenue through clinical services, therapy programs, online courses, and book sales. They also have associates who contribute annually. Despite challenges, they are working to demonstrate the effectiveness of their approach to gain government support for sustainable funding.   Interview Transcript: Jerry Hoepner: Well, it is my privilege today to have a conversation with Paula and Maria. So, we're going to just begin talking about the programming that they've started within Portugal. And I'm just really excited to have this conversation. I think this is a unique conversation for aphasia access. Because we're really get to talk about the process of building a program within a country from the ground up from scratch. So, I think we're used to stepping into this process partway through and again. This will be a really fun conversation. So welcome, Maria and Paula. And yeah, welcome to Aphasia Access. Assunção Matos: Okay, thank you. Thank you, Jerry, for the great opportunity of being here with you, sharing our experiences and our dreams. It's an honor to be here with you. Honestly, thank you.   Paula Valente: I make my [unintelligible]. It's the same. Thank you very much. Jerry Hoepner: Absolutely. I have to say I was really privileged to have some conversations with Maria and Paula at the IARC Convention in Philadelphia last spring. So got the opportunity to meet there. And obviously really interested in learning more about your work and programming that you started in Portugal. So. we were talking just before this podcast about your name, and then you call it the EPA or the I.P.A. I was saying that in a in English we'd probably call that the Portuguese Institute of Aphasia. But I'll let you explain the name a little bit from the Portuguese standpoint. Assunção Matos: So, IPA is Instituto Português da Afasia the so it's exactly what you were saying in in in English. I.P.A. is known as EPA all over all over the country and it was decided to call the association like this? It was actually it was Paula's decision. Paulo, do you want to say something about it? Paula Valente: No, we just at a name to our legal name is another one, because in when we did the registration of the organization, we had to choose another name. So, our name is Afasia. It's like, if IPA. Afasia Epaphazia. So, our organization of the legal name is Epaphazia. But the trademark Is Instituto to Portuguese Epaphazia. That was the Portuguese Institute of Fascia. When we choose this name it was a little bit scary, remember, as soon, so I don't know if because we were afraid to do. To tell people this is a big thing we are a Institute is an institute is a reference is something that sounds like very credible. And we want to do that. But at the time it was the beginning, and we were like, I hope this will work. So was like, okay, let's do. Let's do, Let's do this with this big name, impressive name. And what's also a strategic name to show the people that we were doing something with something good, something with good basis and good principles, and the with and impact to the person the people with the afasia. So, we were a little bit afraid at the beginning, but with the responsibility we were taking. But I think it was the right choice. Jerry Hoepner: Yeah, I agree. I think it's a great name and thank you for filling in a little bit of that background. In full disclosure. There's no way I could pronounce the Portuguese version of that name. So really happy to have you do that? But yeah, this really speaks to that kind of building from, you know, from the ground up from scratch. Paula, I'm interested in a little bit more on that. How did the EPA or the EPA come about? Paula Valente: Okay. So, I was. I've been a speech therapist since 2008, and I did my practice with a Assunção. She was my teacher in the hospital and maybe she can tell a little bit. She influenced me at the time because when I finish that practice internship, I was convinced that my mission, my life mission, and my professional vocation was to work with people with aphasia in a socio model or in more psychosocial model, because she taught me that in the hospital. So, from there I study about that, I did my master in that field like my master. I'm sorry about my English, so try to understand me, please. My master was about partner training aphasia partner training, communication training. And from there I was convinced that I had to do more to help people with the Aphasia to live better, besides the aphasia I was working at the same time in hospital context, public one. And I was also working in a private clinic with patients with a phase. So, I saw the difference of get to work in more functional and communicative way with the people, with the, with the person, with the patient and his family, and in a medical model. So, I was seeing the differences I was studying, and I thought no, I would love to help the people with the aphasia to in Portugal, because I was also understanding better the public services to this, this to these persons to person with aphasia, and I started to feel that I could do more. Something started to make me dream about a common community program or center and at the time I had to I did the A social internship course, Intensive program training program that give tools that I needed to start making my dream a reality. So, at the time after I did that social entrepreneurship course, I said goodbye to my jobs and I started a pilot project. The name of Pilot project was Aphasia 3D. Because at the time I thought already to work in 3 dimensions, person with aphasia, family and friends and community. So, to achieve a better life with the aphasia I needed to working that 3 levels. So, the pilot project was aphasia 3D was the name but when he I did my pilot project I called was from Zoom at the time she was my teacher, but also she gave me orientation in my thesis master thesis a project and I call, and I talk. I talk with her. We had a conversation about these, and she was a big supporter. So, she at the big since the beginning, she told me. Paula, I am with you and I will help you. I will be on your side. Let's go. So, she was very, very important. Since the beginning, since everything I don't know. So, add in the final of that. Here the pilot project began and we started to invite some people with the aphasia, some family members, some friends of mine to be the social organization. I don't know. How do you say in America. But we, when we, we have to have a group of founders to register our organization to founder organization, we have just say, let me see. I think it's the Board of the Association. Yes, it's like we have the board. We have a structure and we invited people to do that with us. And then, born the organization the ONG EPA institute together the maybe I can now talk more about what we do but maybe someone can explain better how she influenced me to do that, because is also our passion. Assunção Matos: Well, first of all, first of all, I think I need to do a clarification. My name is Maria. I'm also Assunção, so when Paula is talking about this and some, I'm the same person to say and all other people from other countries, what can I say? I started as an speaking language therapist in the nineties and my first job as an SLP was in a cerebral palsy center with children and their families and indicators and in this kind of center we were very already at the time we were very focused in intervention, on communication. So, it was really common to work with the children, with their family members with the augmentative and alternative communication systems, low high technology. So, this was very common for this population already. So when I changed my job 2 years later, and I went to a central hospital with people with aphasia, my idea of working as an SLP was, you know, focused in communication, and not just in speech or language but thinking about people with the aphasia at the time. The medical model of intervention was the strongest one in hospitals in Portugal, maybe around the world. I'm not sure so when I started working with my patients, I thought I have to do more. This is not enough, so I was not happy about what I was doing, because after months and months of therapy my clients, they were just looking the same. They were not improving their functionality, or they were not doing their lives, as I thought they could do if I did something different. So, I start looking. I went to congresses. I went to the International Society. How many different alternative conferences by the time in the Netherlands, and I started looking, for no one uses AAC with the people with the aphasia So I started also looking for papers, and then I could find Linda Worrall, Aura Kagan, Audrey Holland and I started dreaming. So, policies, EPA is my dream, and I used to say that Paula did what I wanted to do, and I was not able to do because I couldn't just quit my job As she did so, I started at the same time I started teaching in the SLP course and in 2000 the ICF appeared. I'm trying to jump, not to be too boring and everything made sense to me. So, I started looking for different ways of working even at the hospital, and I started bringing the family, bringing the family members to the hospital. I started them trying to train my patients with the total communication approaches. I tried to do my best, because it's not easy in a medical context, you know, to change minds and to change in. That's why, Paula, she's saying she came to me as a student. I was doing this this kind of job. I was trying to apply what I've learned from AAC and children with cerebral palsy, and I was doing some experiences with my patients And also suddenly I met some people in in the Isaac Conference that I told you about few minutes ago and I got involved in a multinational project where we were trying to develop a specific software for people with aphasia to communicate better with a portable AAC device, I can say I'm very proud to be involved in in that project. And so that's how I started. That's how I started. Jerry Hoepner:  That's fantastic. It's just been fun listening to your story kind of a microcosm of things that have happened in other countries, I think, in terms of moving from the sense of the medical model isn't meeting the needs of the people that we're serving. I heard, you know, just a little bit of some of my conversations and everyone's conversations with Audrey over the years so we shift from a very medical behavioral approach to one that is more of a social functional approach. I can just hear those same threads kind of being woven into your stories. And just really, really interesting, I mean. Assunção Matos: Sorry. Sorry, sorry, Jerry. It's just to say that in Portugal no one was then I know no one was working in this swaying, in a more social approach. And Internet wasn't like it is today. So it was really hard to get access to the papers. But I also remember buying the book beyond the fascia from the connect in London and I got in love about connect. Yes, I still have it here also. And I decided, I said to my husband, I have to go to London, and I decided to go to the connect and see how they were working, and do the training the trainers course that they were that they were well, I was trying. It was hard, but I was trying to do it in a different way, because I could see my patients after months and months of therapy linguistic therapy it wasn't enough, and I felt I have to do something else. Jerry Hoepner: So insightful. And I think so many people have come to that conclusion about social approaches and the life participation approach. That Doing those impairment-based pieces alone is just not enough right? Not that they don't have a place, but alone. They're not enough. I think it's really great. I was thinking about Paula's thesis on communication partner training, and how that must just sprung out of all of these discussions, and certainly just central to a life participation approach. The other thread that I kind of heard from both of you is this idea of the dream that you started to have to create something to fill this gap? Maria, I like the way that you said that? You know you started dreaming, and Paula made that dream happen. Paula Valente: Maria knows that I am the crazy, 2 of us is necessary courage conditions of obviously, because as the sun sounds said I was married. But I didn't have children yet. So, at the time I thought, Okay, it's now or never, because soon I will have my family, and it will be very difficult for me to do this kind of choices to quit my jobs. Goodbye, my jobs! No, so it's now, and never. My husband was still in love with me so at the time was easy to convince him that I wanted to do that. I quit my job at that time. For the beginning of EPA. I was doing voluntary work. I did all without receiving anything, so that was not easy. Choice but it was necessary. A little bit of courage and a little bit of  craziness like I was. We were doing something that's in Portugal. We don't. We didn't have a big organization behind us or supporting us. So, in terms of giving us the structure or the security to do something. So, It was like doing a house from the 0 from the ground, so didn't have any money at all. So, everything was started from the 0, and it was a little bit scary. And III admit that I was a little bit crazy, but I think and persistence, because the difficulties were, and they are so almost 9 years later it years later, 8 years later, we are here but this is a big adventure, and he in still is Jerry Hoepner: Courage, persistence, a little bit of risk taking I'm not going to say that you were crazy, but those are things that help you move it along, and I can see now why you so connected with Maura Silverman and the Triangle of Aphasia Project.   Paula Valente: Yes, she was the biggest, when I started. I also. II remember very well to be on the aphasia, because the book, because when I started, my internship gave me the book to read, and I was like I come from the school with a medical model mindset, like language and speech, and she gave me the beyond the feature read this. And let's think about this in your internship. So, when I started to, okay, let's think about these programs. This center I went to connect also was my first experience with the center personal experience. And then I contact there numerous centers around the world, mainly in America, of course, but also some here in Europe and Australia to learn from them, to learn from the programs, to learn about the programs, about the social, the about the business model, how they sustain their activities, how they communicate with the community, how they articulate with another organization. So I did a lot of contacts, and I talk with many people and Maura was one of the most the most easiest person. I don't know how to say that sorry was very available, and she talked and she wrote a letter of support. She was incredible, so that was very important to me at the beginning to start to organize the structure of our programs. I can explain how we work at the moment. what we do at the moment. But I want to say also that many things have changed through the years. We learn a lot with experience, with the errors, with the feedback. That person, either. Persons with aphasia and their families told us so. We learn every year we did changes about the protocols, about the instruments about the programs, about the number of persons that we involve, the number of Anyway, many, many changes were done. And I think we will. We will do that kind of adaptations along the way, because they are very important to achieve our goal better. Okay? So, we have to listen to be aware of the impact, the results. The feedback is very important to getting better. Okay? So, what we do now is, I think our better version of the programs but I think maybe in 2 years we will be doing things differently. Jerry Hoepner: That makes sense and I think you approach this whole process in the right way by connecting to those people. And you know everything you said about Maura rings true, right that she's available, and she is excited to get me going and to share my knowledge. So why, so I would love to hear about what you're doing right now. I think you said 9 years it's been so...   Paula Valente: We, 1916 was the founding year. I started the pilot project in 2015. So, I quick myself therebefore. So, it's almost 10 years in this adventure. It's all. But the organization is only 8 years. So, when our main objective with our association, our mission is to improve the quality of life of people with the aphasia and their families so to do, that we have to we organize our working 3 targets out all the targets. Population. Okay, audiences. Okay, we work with people we work with. And for people with aphasia themselves we work with and for family members and friends and we have we have to work to the community to a more inclusive and community communication accessible community. Okay, so we have activities actions in the these 3 main, groups. Okay, for these 3 main groups for the people with aphasia and the families we have. Hmm, 2  responses. Okay, we have resources and information we wanted to give them the more resources, more information about the aphasia, about how to leave with the aphasia, how to recover the path that the different teams that are important to them to learn more about what aphasia is  And now to leave with the aphasia So we work a lot to offer to Japanese to offer resources and information in our websites in our social networks, with lives in the Facebook, with conversations online, with the workshops, with events, to talk about aphasia, to inform, etcetera. So, we work a lot to give them resources and information free for free. Okay, that's when before EPA, It was very difficult to them to find anything in Portuguese. Okay? In the Internet, or in another ways, in books or in La leaflets, leaflets. Okay? So, they didn't have many choices, many options. So now they have. If they go to our website, to our YouTube channel, to our net, Facebook, page, Instagram, they have videos. They have aphasia friendly videos. They have informational videos. They have testimonials. They have documentaries. They have many things in English that we put legend, subtitles. So, we work a lot in this field of information and resources. Okay at the same time for people with aphasia and families, we develop programs. Okay, you call programs in America and we in Portugal, we don't call that programs but we called like therapies. Okay, it's more the term for us. Your programs for us. We call therapies. We develop different therapies to give responses to the aphasia, the necessities, communication, necessities, and the goals of people with aphasia ask us for help. More concrete, more rehabilitation help. So, at the beginning we were doing only group programs. Okay, with many different types of groups. Okay? But at some point, we saw that was not for some people that was not sufficient because they needed help to communicate better, to develop resources for themselves, to adapt better to aphasia to work some psychology, psychological problems or family problems. So, the group conversational groups, communication pho, functional communication groups, they were good, but they were not, some of them to respond to their particular needs. Okay? And we started to do individual sessions with them also. So at the moment we have like a program, a response to them. So, it's like a service. Okay? That when people with aphasia ask for our help to live with aphasia, to have speech therapy. They want to. They ask us for a specialist. So, they see if a specialist team, so they ask us to help them. So, the first thing we do is an assessment, and the that assessment includes not only the language, the impact of aphasia on the language domain, but also in the participation activities like psychological states, family members, networks social network so we have, we do a global holistic assessment and then we have a reunion. We have a session that we call decision reunion. In that decision reunion we discussed with the person with aphasia in an aphasia friendly way. So, with communication, support to conversation, communication and we show the results. We explain what the evaluation show us and we discuss in in with them their main goals and then we make together a plan and that plan is not only to do things in EPA is not that focus. So, the plan is out. What I can do at the moment to feel better, to achieve my goals. Okay, something, some things they can do with our support. But other things they can do outside. So, we also give them another options. We talk with another professionals or organizations, and we help them to make decisions and go through the process. So, if they want to do something with us, we have only three objectives in the center of the process. So, everything they do they do to achieve the objectives that were clarified in that discussion in that conversation initially and then we start doing. They can do with, not with us individual and group sessions of speech, therapy, psychology, neuro psychology, communication training. All of these approaches are personalized. They follow the pace of the evolution of the person and their needs. And we also and they are all very different. So, some of them do only individual start from start doing only individual sessions. Then they go to the groups. Some of them do only groups, some of them do groups and individual. It depends on their path, their situation, their goals, and the in the continuum of care. So, where they are okay, so with the family members is the same. They are very involved since the beginning, so we will offer to them individual or group sessions that go that will help them in their needs. So, from the beginning and along the way we are always talking with them and give them what they need. So we have also caregiver groups and communication training groups and communication training individual sessions everything to promote adaptation to aphasia, to improve the relationships, the well-being, the success of interactions. We promote also meetings with people with the aphasia, and there, another with them. Sorry. We promote. Provide also meetings with another family members and in in group sessions it makes sense. Sorry about my English. Jerry Hoepner: Totally makes sense, Paula. Well, you have a just a breadth of services that you offer, and I know those have evolved kind of over the years, but very collaborative, very person centered. It seems like, you've really thought this through. You've obviously brought upon a lot of resources to do that. A couple of things I wanted to know. One is you mentioned those video resources and other resources. We'll make sure that those are available on the show notes, so people can connect and check those out even if like. I watch some of them and just to get a little taste of what they look for obviously, I don't switch Portuguese, but just valuable just to have those resources. The other thing I'm wondering about is what's the area that you serve. I mean because it seems like you may be one of the only collaborative social programs in your area. Paula Valente: Yes, we at the moment. If you want to say something, please interrupt at the moment we serve. All the country we are. We are not a big country, but unfortunately, people with aphasia in Portugal they don't have many choices, and after the rehabilitation centers or the care the main public centers that in the acute phase they go, they get, they go there, and then they go home. When they go home, the choices to continue the rehabilitation are very few. And we in Portugal we are the only organization that are doing this work, and specifically with aphasia. We people with aphasia. So, we receive calls from all over the country and, but we are in Portugal and that is the second main city in Portugal. So, we have Lisbon. That is the capital, and then we have Porto is another big city, but in North and we are in Portugal. So, we can't see everyone in Portugal, mainly the people that live near us but with COVID we started to do many teletherapy and now we have almost 50 people with aphasia doing online services. So, at the moment, we have also online groups and individual online sessions and consultation sessions that are like a specialty consultation that we do to that families that only want some someone who helps them to decide things to understand what to do next, and that help us help them to decide what to do. So, we do a lot of consultation sessions that are more periodic and we go through. We. We've talked to them through the year to see how things are going. and to give them more information about what they should expect from the rehabilitation, from the therapist, from the communication, and give them psycho education, but also orientate them. We do a lot of that kind of in-service. Okay. So now, we have many people in our presential activities in our center. But we are the only organization in Portugal. So many people from other cities are asking for help and we are trying to go to Lisbon to create some groups and some enlistment. But Lisbon. But it's something that takes time. Okay, so it's another something that will take some time to happen. And this year as soon sound, Maria will start a group also in the university. So, it's something this kind of different points of presential group. Presential groups. I think, will be the next step to give other options to the, to the persons with aphasia in Portugal.   Jerry Hoepner: Wow! What an incredible breadth of services, and literally in in terms of area. I can't imagine serving all of the people with the face that in State of Wisconsin, which is probably smaller than Portugal. So that is that's really incredible. And wow! What a service! And I want to shift gears a little bit and talk about training professionals and students, because I feel like that might be an important step for having a broader network of people that concern people with a phage throughout Portugal. Maria, are you willing to talk a little bit about some of the trainings that you've done with professionals and your connection with the university and training students? Assunção Matos: Yeah, yeah, I can only tell you about my experience. There are other schools SLP, from my perspective. What I tried to teach my students is a bit of every type of approaches, because in one side, I know that when they go to their practices, they will find some places where the medical model is still very active, so I have to prepare them in order to know how to work with people with the phase in a more linguistic approach. But at the same time, I try to tell them about social approaches and about live participation approach. And II it's not easy, because I don't have much time to do it. But I try, you know, I'm a really big fan of the ICF so I try to prepare them to know how to work according to the ICF and how to work in the different domains the ICF suggests at the same time. We have established the Protocol with the IPA at our university, the University of Avairo. So, my final students, some of them those who want to work and wishes to do their practices in the field. Some of them are going to the EPA for 16 weeks and they do their practices there, and also during that that the time they have to develop an investigation project. So, most times I try to see with Paula we share the needs of the IPA, and we try, you know, to go and to work with the students and try to do some investigation that has an impact for the EPA and for the colleagues who work there. And this is this is great work. At the same time, just to finish me and Paula, we have been doing the SCA. The supportive conversation with adults in Canada and since then, we are doing lots of lots of workshops with the health professionals in many different hospitals. I'm also trying to do some investigation about it, because we don't have it in Porto. Well, so I tried to involve my master students and we are, you know, working together, trying to change minds trying to change the settings in order to people with the face you to leave better from the beginning, when they wake up in the hospital. If they have their health professionals prepared to communicate better with them. We read it from other countries, and which really believe it. So, we are trying also to make some changes and I've started also last year. Doing some SCA work with the other students from other courses. In my university we have nursing students. We have physiotherapists. And we have radiology students. So, at the beginning of the of the year we are doing some online courses to prepare them before going to their practical settings and communicate with the people, with aphasia, or with other communication disorders. So, this is my experience. This is what we are trying to do. Jerry Hoepner: Such important work I can't imagine. I've had so many kind thought leaders and researchers and clinicians that have guided me in this process, and that it wait so much of that groundwork out. So, I just can't imagine building that from the start. And what you're doing is so important. Assunção Matos: This year we are planning to start group therapy with people with the face, you know, because I am at the moment I am 100% at university. So I left my hospital and I really miss my patients and I miss, you know, to do the to be an SLP in practice And because there are not many groups in the country, as Paulo was saying. So, we are trying to organize group therapy for people with aphasia, maybe to do also some work with their family members and the idea is to do the group therapy and trying to do some investigation at the same at the same time. Now it's better going to be the challenge for this year for me. Paula Valente: I just want to say that at the beginning we were offering some workshops and training for the professional health professionals about aphasia, about how to communicate, and other topics that are important from for them to manage better the person with the aphasia since the beginning and we started to see that the health professionals. They don't have time to do training and they don't have money they don't have. They don't want to invest in this kind of training. They want training, but they want that accessible for them so it but the accessible means free without costs and preference in their setting. So, we have to go there to give them the training, because if they have to go some an another place, they don't go. So, where LPA was finding these things and was okay, what we can do. So, one of our works was to find funding programs to fund 2 projects that are, that the main objective is train, the health professionals to communicate. And so along these lines, we did a lot of free training in settings like hospitals and rehabilitation centers, and main mainly financed by those kind of funds. Assunção Matos: Let me just highlight that we are not doing this training alone. So, we are involving people with aphasia in the training. So, we, me and Paulo, we explore the more theoretical parts and then we have people with the aphasia, with us who are the trainers in, you know, in in practice. And II also would like to highlight that this is something that we have tried from the beginning to involve people with the phase in their family members. our Vice President is a woman with the aphasia we have some family members that belong to the Board of EPA. And we from the beginning. The idea was, as Paula already said, work with them and for them and I think this is something that is really is really important. And it's very, you know, for us it's very good. It makes us feel very good about it. Jerry Hoepner: Totally agree. And I mean, it is really impressive that the amount of work that we've been certainly important work. And I get the feeling that the 2 of you probably don't sleep a whole lot. You're certainly doing a lot. I don't know a lot of good things, and you're doing them the right way. So maybe I can shift gears one more time. To talk a little bit about the business end of things. cause that's a part of building from the ground up.  Would either, if you like to start talking about your model. Paula Valente: Yes, since the beginning we wanted to be a social entrepreneurship project. So, what is that? We want to solve a social problem that the public services weren't solving. So, we have innovative responses, services, resources but we also have business model near underneath that because we wanted to. We thought, and I think I'm sorry about my English. I can't I my English day. II feel like I have a aphasia because it's like II know everything. I know what I can. I won't say, but I can say it. I don't speak English every day, so I'm sorry I'm not in the academic field, so I don't have many, many opportunities to train my name, my English, what I am saying our goal is to be sustainable and I personally believe and I think that the EPA boards are completely aligned with this is that the solutions that EPA offers to people with aphasia are not only our responsibility to sustain, to provide is something that is a responsibility from all is responsibility. Okay, I, Paul, sound the board. All this, the people involved that we have the responsibility to, because we started that. So, we have the responsibility to provide the organization, and guarantee that all is working. But in the end, the solution doesn't depend only on EPA, we need the community to achieve our goal. We need the people and their families to achieve our goal. So, everyone as responsibility in this this is, I don't have anyone with aphasia in my family. I could have aphasia someday but  is not only my responsibility to bring this to the community, or somebody that has aphasia is our responsibility, because in the end some of us really have aphasia. My family member, my neighbor, also is our responsibility. So, when we started this organization, the social organization. We want it to be sustainable. But we don't want it to be depending on funding on the States because many of our social organization in Portugal. They have the tradition of being funded by the States. They are. They have a lot of funding that comes from the States and that is a problem, because states they don't have many money to owe it. So, they don't do the better job because they don't have money sometimes. Sorry about my English. So, we thought, if you want to do better than the State, we don't,  If they have a responsibility. We want them to participate, but they don't have the only responsibility we have the wrong responsibility. But the piece, the person with the aphasia and their families that are beneficiating from our services. From these services. From this organization they also have to compensate. And as organization, we have to be aware that to be accessible to all okay, we have to be open to different kinds of participation. So, people with aphasia will compensate will pay for some services in different ways, in different measures and that was the difficulty we had to the term to at the beginning. We have to think about how to do that. So, at the moment, we have different recipes.   Jerry Hoepner: If we put maybe multiple different funders sounds like that are contributing. Is that what you mean? Paula Valente: So, we go get money from different our services, clinical services, our programs group programs, okay and individual programs. So, people with aphasia pay for part of it. If go do fundraising to pay another part and our and our objective, our goal is the community, the municipalities and the state pay another part. So, we don't have to lose our sleep. Doing fundraising is very difficult in Portugal, I think, from what I learned from other centers, our reality is different in Portugal. We don't have many we don't have access to fundings and programs and investments. And the philanthropic minds is not something very easy in Portugal, very available. So, we do fundraising in Portugal and do fundraising to help people with the aphasia. What is aphasia? What is that? So that is very, very, very, very, very difficult. So, we need to involve people with aphasia. So, they pay for their services for our services. They pay for our therapies, but they don't pay for resources. They don't pay for information. They don't pay for workshops for some of if events that we do that are open and they are invited to come. But therapy with therapists that we have to pay. They have to pay also we have services. We sell courses some of online courses. We did. In our websites, you can see mainly in Portuguese. But we have online courses with very good programs, very good professionals, international colleagues that help us to do the courses. They are another source of income, not a big one, but they help. We did a translation of some communication books from Aphasia Institute, and then we sell them to give us also some in income. So, we have members of our association and pay a contribution. Yes, like every year they pay a contribution. So, we have, some associates that do pay an annual contribution. We do a lot of fundraising and we try to develop more services to, not to people with the aphasia, but professionals that give us income to sustain the organization. So, it's a hard work. But it's in the beginning, because we, it's difficult to involve the municipalities and the States. In these solutions we have to prove that they are better, or they have major impact in in the lives of the persons with the aphasia, but also in their pockets the state pocket, because we have to prove that our support, our kind of approaches make more difference and the people with the aphasia that stay in the State. The public services consume more resources during more time And they don't go. They don't achieve their goals in the end so we are now trying to show the Government our model of work may for the in the future they maybe support some incorporate some of these approaches in their public services. So, it's another way to support. Jerry Hoepner: Yeah, that's it. I was going to say, yeah, that's a lot of work to do. I mean, you're providing all of the services you're providing a lot of the fundraising and providing a lot of education to students and professionals throughout the country at no charge in many cases. So certainly, this is a grassroots ground up kind of work. it has been a really fun conversation. And I think we did continue this conversation for hours. It sounds like, but unfortunately, we have to close it up at some point. I just want to see if there's any last thoughts that you want to share with our listeners. Assunção Matos: I just want to say that it looks like it is a lot of work but I really believe in what I'm doing. I still dream Paula is doing one of my dreams, but I still dream that in the future, if I have aphasia, I will find one of my students doing the best job with me. This is my, this is my dream. That's why I believe so much in what I'm doing in And I'm always trying, you know, to move on into and to do different things and best things because I really don't want to face the difficulties people with the aphasia yet face in Portugal, because it's different to have aphasia in Portugal, or to have aphasia in Australia, for instance and I want to do my best job so I can enjoy it in the future.   Paula Valente: I just want to say it's really worth working on a live participation approach, because it really makes all the difference in the people. It's an adventure but it's worth it. And I hope that this conversation inspired other colleagues to do the same, or to continue doing the same. Jerry Hoepner: Absolutely. I think that's a great way to end. Thank you both so much. You've been just great to have this conversation with. Really enjoyed it, and I know that our listeners were will enjoy it like you said. I hope this inspires someone else to take on this kind of work. So, thank you so much.   Assunção Matos: Thank you, Jerry. It was a pleasure. Paula Valente: It was a pleasure. Thank you for the opportunity. Jerry Hoepner: You're welcome.   Jerry Hoepner: On behalf of Aphasia Access, thank you for listening to this episode of the Aphasia Access Conversations Podcast. For more information on Aphasia Access and to access our growing library of materials go to www.aphasiaaccess.org. If you have an idea for a future podcast series or topic, email us at info@aphasiaaccess.org. Thanks again for your ongoing support of Aphasia Access.   Resources: Online courses with national and international lecturers: https://ipafasia.pt/formacao/ Mobile application for communication support and functional and social interactions:  https://ipafasia.pt/aplicacao-movel-da-afasia/ Info-graphic videos: https://ipafasia.pt/videos-informativos/

Radar USA
Tiago Moreira de Sá e a influência dos EUA na consolidação da democracia

Radar USA

Play Episode Listen Later Oct 27, 2023 49:15


Neste episódio 28 do Radar USA temos o privilégio de ter como convidado o Tiago Moreira de Sá!Deputado à Assembleia da República pelo PSD, Doutor em História das Relações Internacionais pelo ISCTE-IU, Professor Associado na Universidade Nova de Lisboa e Investigador Integrado no Instituto Português de Relações Internacionais, Tiago Moreira de Sá é autor de vários livros sobre os EUA, não só sobre a sua política interna como também sobre a história das relações entre Estados Unidos e Portugal.Aqui ficam alguns títulos que publicou: “Donald Trump: O Método no Caos” (em co-autoria com Diana Soller); “Relações Portugal-EUA (1776-2015)”; “Política Externa Portuguesa”; “Os Estados Unidos e a Descolonização de Angola”; “Os Estados Unidos da América e a Democracia Portuguesa”; “Carlucci vs. Kissinger. Os EUA e a Revolução Portuguesa” (em co-autoria com Bernardino Gomes, já falecido); “Os Americanos na Revolução Portuguesa”. No Parlamento é coordenador do Grupo Parlamentar do PSD na Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e faz parte também da Comissão de Assuntos Europeus. A guerra russa da Ucrânia, a situação explosiva no Médio Oriente, os dilemas europeus e a aproximação da eleição presidencial norte-americana são outros temas abordado neste episódio a não perder!

N'A Caravana
N'A Caravana com Mãe Guru #204 Ser nómada, perder tudo num assalto e verdade

N'A Caravana

Play Episode Listen Later Aug 28, 2023 61:27


Nasceu no Porto, e desde cedo que se expressou através das artes. Formou-se no Instituto Português de Naturologia. Uma grande introspecção levou-a a um questionamento de tudo o que lhe fora ensinado até então. Rumou ao Brasil onde viveu uma história de amor e depois de desamor, uma nova vida mas também daí nasceu uma filha maravilhosa. Apaixonou-se por outra forma de estar bem diferente da que tinha antes esta cheia de de aromas, cores e texturas. Já a entrevistei noutras alturas e chegou a hora de enfiar na Caravana a Maria Couto e o seu projeto: MãeGuruPodem seguir a Maria Couto: https://www.instagram.com/maria.maeguru/Produção e Agenciamento: Draft Media https://www.draftmediaagency.comMerchandising N'A Caravana: https://loja.ritaferroalvim.com/Obrigada a todos meus patronos por me permitirem fazer o que gosto e beneficiarem e acreditarem nos meus projetos. Um agradecimento especial aos patronos Premium: Rossana Oliveira, Mónica Albuquerque, Raquel Garcia, Sofia Salgueiro, Sofia Custódio, Patrícia Francisco, Priscilla, Maria Granel, Margarida Marques, Ana Moura, Rita Teixeira, Ana Reboredo, Rita Cabral, Tânia Nunes, Rita Nobre Luz, Leila Mateus, Bernardo Alvim, Joana Gordalina Figueiredo, Mónica Albuquerque, Rita Pais, Silvia, Raquel Garcia, Mariana Neves, Madalena Beirão, Rita Dantas, Ana Rita Barreiros, Maria Castel-Branco, Filipa Côrte-Real, Margarida Miguel Gomes, Rita Mendes, Rita Fijan Fung, Luísa Serpa Pimentel, Rita P, Mónica Canhoto, Daniela Teixeira, Maria Gaia, Sara Fraga, Cláudia Fonseca, Olga Sakellarides, Rafaela Matos, Ana Ramos, Isabel Duarte, Joana Sotelino, Ana Telles da Silva, Carolina Tomé, Patrícia Dias, Raquel Pirraca, Luisa Almeida, Filipa Roldão, Inês Cancela, Carina Oliveira, Maria Correia de Sá.

45 Graus
#146 Raquel Vaz Pinto - Estamos a entrar numa guerra fria entre os EUA e a China?

45 Graus

Play Episode Listen Later May 31, 2023 100:55


Raquel Vaz-Pinto é Investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI) da Universidade Nova de Lisboa e Prof. Auxiliar Convidada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da mesma Universidade, onde lecciona as disciplinas de Estudos Asiáticos e História das Relações Internacionais. Foi consultora do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian de 2020 a 2022 e Presidente da Associação Portuguesa de Ciência Política de 2012 a 2016. Autora de vários artigos e livros entre os quais A Grande Muralha e o Legado de Tiananmen, a China e os Direitos Humanos editado pela Tinta-da-China e Os Portugueses e o Mundo editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.  Os seus interesses de investigação são Política Externa e Estratégia Chinesa; os EUA e o Indo-Pacífico; e Liderança e Estratégia. É analista residente de política internacional da SIC e da TSF. Actualmente, está a terminar um livro, que será publicado pela Tinta-da-china, sobre os desafios colocados pela China às democracias liberais europeias, incluindo a portuguesa. ->Workshop de Pensamento Crítico: sessões de Lisboa, Porto e online esgotadas! Inscreva-se aqui para ser avisado(a) de futuras edições. -> Apoie este podcast e faça parte da comunidade de mecenas do 45 Graus em: 45grauspodcast.com _______________ Índice (com timestamps): ​(9:47) O que mudou na rivalidade CN-EUA desde o nosso episódio de 2018? | Wolf warrior diplomacy | Os diplomatas chineses mal-comportados | Índia | Quad (30:18) A política externa dos EUA em relação à China começou por ser complacente e tornou-se demasiado agressiva? | Artigo de John Mearsheimer | Estratégia dos G7 em relação à CN: do decoupling ao de-risking | Matérias primas críticas e terras raras (e aqui) (42:10) Já podemos falar de uma Guerra Fria entre EUA e CN? | A Armadilha de Tucídides (Livro: História da Guerra do Peloponeso)| Houve uma crença exagerada no Ocidente nos efeitos da abertura económica? | Como os manuais de economia americanos sobrevalorizam a economia da URSS | Frase atribuída a Deng Xiaoping: «Hide your strength, bide your time» (55:26) Comparação China vs URSS | O papel da ideologia na guerra fria vs na nova ‘ordem chinesa' | Aumento do autoritarismo do regime chinês | Digital Dictators | Cimeira da Ásia Central, sem a Rússia | Nova política externa defendida pelo SPD alemão | A nova ambição da China para o Ártico (1:18:37) O que esperar do futuro -- e o que fazer para evitar uma escalada do conflito? | Tese do ‘peak China' | O problema demográfico da china (e os telefonemas aos recém-casados) | Livro: Leftover Women, de Leta Hong Fincher | Episódio com Hu Jintao no congresso do CCP | European Critical Raw Materials Act | A integração económica é um garante de que não ocorre uma guerra ou é, pelo contrário, uma fonte permanente de tensões? _______________ Pode parecer estranho o que vou dizer -- tendo em conta que a política internacional parece estar  dominada pela Guerra da Ucrânia desde fevereiro do ano passado -- mas a verdade é que, muito provavelmente, não será este o tema central das Relações Internacionais da nossa época.  O tema que vai marcar, muito provavelmente, as próximas décadas é outro: a rivalidade entre os Estados Unidos e a China, que se vai instalando à medida que esta vai ascendendo na ordem internacional e disputando a ordem unipolar até aqui dominada pelos norte-americanos. Há mesmo quem ache que já estamos a viver uma nova Guerra Fria entre as duas potências. Esta ideia não será novidade para os mais atentos a estas lides, e sobretudo não o é para quem ouviu o episódio #38 do 45 Graus, publicado em 2018, cuja convidada foi Raquel Vaz Pinto. O tema geral desse episódio foi a China e um dos tópicos que discutimos foi, precisamente, até que ponto a rivalidade entre Pequim e Washington iria marcar as próximas décadas. Ora, se já na altura, há quase 5 anos, isso era uma probabilidade forte, hoje é quase uma certeza. Ao mesmo tempo, passou-se entretanto muita coisa na relação entre os dois países, desenvolvimentos esses que nos vieram dar uma ideia mais clara (embora ainda repleta de incógnitas) sobre a forma que esta rivalidade poderá tomar nos próximos anos. Além disso, ao longo destes anos, fui recebendo muitos elogios ao episódio -- não só pela relevância do tema (que justificava mais do que um episódio), mas, sobretudo, pela convidada. A Raquel não só sabe muito, como é uma excelente comunicadora.  Por isso, decidi convidá-la para regressar ao 45 Graus para discutir este tema: com mais profundidade do que na 1ª conversa e tirando partido da informação adicional que hoje temos. E ela teve a gentileza de aceitar. Raquel Vaz-Pinto é Investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI) da Universidade Nova de Lisboa e Prof. Auxiliar Convidada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da mesma Universidade, onde lecciona as disciplinas de Estudos Asiáticos e História das Relações Internacionais. Foi consultora do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian de 2020 a 2022 e Presidente da Associação Portuguesa de Ciência Política de 2012 a 2016. Autora de vários artigos e livros entre os quais A Grande Muralha e o Legado de Tiananmen, a China e os Direitos Humanos editado pela Tinta-da-China e Os Portugueses e o Mundo editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.  Os seus interesses de investigação são Política Externa e Estratégia Chinesa; os EUA e o Indo-Pacífico; e Liderança e Estratégia. É analista residente de política internacional da SIC e da TSF. Actualmente, a terminar um livro, que será publicado pela Tinta-da-china, sobre os desafios colocados pela China às democracias liberais europeias, incluindo a portuguesa. Quando gravámos a nossa conversa em 2018, estas tensões entre os EUA e a China estavam ainda, de certa forma, no início. Donald Trump tinha tomado posse apenas no início do ano anterior, pondo em prática uma mudança radical na postura americana em relação à China, impondo tarifas a uma série de bens chineses. Essa medida gerou uma réplica do lado chinês, dando início a uma guerra comercial entre os dois países.  Mas, desde então, já muita tinta correu. A guerra comercial -- mesmo já com a Administração Biden -- acentuou-se e estendeu-se a outras áreas, e os dois países têm acumulado várias divergências na arena internacional, nomeadamente em relação à Guerra da Ucrânia, na qual a China tem adoptado uma postura no mínimo ambivalente. teoricamente neutra mas, na prática, próxima da Russia. Ao mesmo tempo, a retórica belicosa que Trump tinha inaugurado do lado norte-americano tem sido mais do que correspondida do lado chinês, com líderes políticos e diplomatas a adoptarem um discurso cada vez mais assertivo (e, em alguns casos, mesmo agressivo). Estas disputas comerciais e divergências geopolíticas são, no entanto, segundo muitos analistas, apenas as causas próximas do aumento da conflitualidade entre CN e EUA. A causa última – o factor fundamental por trás desta mudança – reside, para muitos, na denominada ‘Armadilha de Tucídides', de que falámos também no episódio de 2018.  A ‘armadilha' tem este nome porque foi postulada pela primeira vez pelo historiador ateniense Tucídides, na sua História da Guerra do Peloponeso, que opôs Atenas a Esparta. Segundo ele, a guerra entre os dois era inevitável, uma vez que Atenas estava a crescer e ganhar poder, o que fazia aumentar a sua ambição, enquanto essa situação gerava em Esparta, o poder incumbente uma forte ansiedade.  Esta ideia tem sido amplamente discutida nos últimos tempos, a propósito da rivalidade CN-EUA, por académicos e analistas, tanto do lado norte-americano como também do chinês. Um dos mais conhecidos é Graham Allison, que popularizou o conceito no seu livro: Destined for War: Can America and China Escape Thucydides's Trap? , Segundo os proponentes da “Armadilha”, sempre que uma potência emergente ameaça substituir uma potência hegemónica existe uma tendência inexorável para a guerra entre as duas. Aplicada à relação entre a China e os EUA, isto implica que à medida que o poder económico e militar da primeira se vai aproximando do dos EUA, isso cria-lhe, inevitavelmente, um sentimento de auto-importância crescente e de direito a ter um papel mais activo na política global. Ao mesmo tempo, cria nos Estados Unidos, a potência incumbente, medo, insegurança e uma determinação de defender o status quo a todo o custo .  Esta visão da Armadilha de Tucídides enquanto espécie de “lei das relações internacionais” atinge o seu pináculo em académicos da chamada escola ultra-realista das RI. O maior exemplo -- de quem falamos no episódio -- é talvez John Mearsheimer (de quem também falei no episódio sobre a Guerra da Ucrânia, com Lívia Franco).  Para Mearsheimer, esta armadilha é de tal modo uma inevitabilidade, que afirma que o governo norte-americano deveria ter antecipado o perigo do crescimento económico acelerado da China e, simplesmente, tentado impedi-lo.  Ancorados nesta ideia, há, assim, um número crescente de analistas e oficiais -- tanto nos Estados Unidos como na China -- que discutem hoje, abertamente, a possibilidade de um conflito entre os dois países, seja ele uma guerra directa (de maior ou menor escala) ou uma guerra fria, como a com a URSS, sem conflitos directos mas com as charadas “guerras por procuração”.  No entanto, como a Raquel chama a atenção, as RI são demasiado complexas para podermos tomar esta armadilha como lei de forma simplista. Há factores que contribuem para este desenlace, mas outros há que não e, sobretudo, persistem ainda muitas incógnitas sobre o que pode acontecer.  Espero que gostem! _______________ Obrigado aos mecenas do podcast: Francisco Hermenegildo, Ricardo Evangelista, Henrique Pais João Baltazar, Salvador Cunha, Abilio Silva, Tiago Leite, Carlos Martins, Galaró family, Corto Lemos, Miguel Marques, Nuno Costa, Nuno e Ana, João Ribeiro, Helder Miranda, Pedro Lima Ferreira, Cesar Carpinteiro, Luis Fernambuco, Fernando Nunes, Manuel Canelas, Tiago Gonçalves, Carlos Pires, João Domingues, Hélio Bragança da Silva, Sandra Ferreira , Paulo Encarnação , BFDC, António Mexia Santos, Luís Guido, Bruno Heleno Tomás Costa, João Saro, Daniel Correia, Rita Mateus, António Padilha, Tiago Queiroz, Carmen Camacho, João Nelas, Francisco Fonseca, Rafael Santos, Andreia Esteves, Ana Teresa Mota, ARUNE BHURALAL, Mário Lourenço, RB, Maria Pimentel, Luis, Geoffrey Marcelino, Alberto Alcalde, António Rocha Pinto, Ruben de Bragança, João Vieira dos Santos, David Teixeira Alves, Armindo Martins , Carlos Nobre, Bernardo Vidal Pimentel, António Oliveira, Paulo Barros, Nuno Brites, Lígia Violas, Tiago Sequeira, Zé da Radio, João Morais, André Gamito, Diogo Costa, Pedro Ribeiro, Bernardo Cortez Vasco Sá Pinto, David , Tiago Pires, Mafalda Pratas, Joana Margarida Alves Martins, Luis Marques, João Raimundo, Francisco Arantes, Mariana Barosa, Nuno Gonçalves, Pedro Rebelo, Miguel Palhas, Ricardo Duarte, Duarte , Tomás Félix, Vasco Lima, Francisco Vasconcelos, Telmo , José Oliveira Pratas, Jose Pedroso, João Diogo Silva, Joao Diogo, José Proença, João Crispim, João Pinho , Afonso Martins, Robertt Valente, João Barbosa, Renato Mendes, Maria Francisca Couto, Antonio Albuquerque, Ana Sousa Amorim, Francisco Santos, Lara Luís, Manuel Martins, Macaco Quitado, Paulo Ferreira, Diogo Rombo, Francisco Manuel Reis, Bruno Lamas, Daniel Almeida, Patrícia Esquível , Diogo Silva, Luis Gomes, Cesar Correia, Cristiano Tavares, Pedro Gaspar, Gil Batista Marinho, Maria Oliveira, João Pereira, Rui Vilao, João Ferreira, Wedge, José Losa, Hélder Moreira, André Abrantes, Henrique Vieira, João Farinha, Manuel Botelho da Silva, João Diamantino, Ana Rita Laureano, Pedro L, Nuno Malvar, Joel, Rui Antunes7, Tomás Saraiva, Cloé Leal de Magalhães, Joao Barbosa, paulo matos, Fábio Monteiro, Tiago Stock, Beatriz Bagulho, Pedro Bravo, Antonio Loureiro, Hugo Ramos, Inês Inocêncio, Telmo Gomes, Sérgio Nunes, Tiago Pedroso, Teresa Pimentel, Rita Noronha, miguel farracho, José Fangueiro, Zé, Margarida Correia-Neves, Bruno Pinto Vitorino, João Lopes, Joana Pereirinha, Gonçalo Baptista, Dario Rodrigues, tati lima, Pedro On The Road, Catarina Fonseca, JC Pacheco, Sofia Ferreira, Inês Ribeiro, Miguel Jacinto, Tiago Agostinho, Margarida Costa Almeida, Helena Pinheiro, Rui Martins, Fábio Videira Santos, Tomás Lucena, João Freitas, Ricardo Sousa, RJ, Francisco Seabra Guimarães, Carlos Branco, David Palhota, Carlos Castro, Alexandre Alves, Cláudia Gomes Batista, Ana Leal, Ricardo Trindade, Luís Machado, Andrzej Stuart-Thompson, Diego Goulart, Filipa Portela, Paulo Rafael, Paloma Nunes, Marta Mendonca, Teresa Painho, Duarte Cameirão, Rodrigo Silva, José Alberto Gomes, Joao Gama, Cristina Loureiro, Tiago Gama, Tiago Rodrigues, Miguel Duarte, Ana Cantanhede, Artur Castro Freire, Rui Passos Rocha, Pedro Costa Antunes, Sofia Almeida, Ricardo Andrade Guimarães, Daniel Pais, Miguel Bastos, Luís Santos _______________ Esta conversa foi editada por: Hugo Oliveira

45 Graus
#144 João Zilhão - Uma revolução no nosso entendimento dos Neandertais (e de nós próprios)

45 Graus

Play Episode Listen Later May 3, 2023 78:52


(A 2ª parte da conversa sobre nutrição com Vítor Hugo Teixeira e Pedro Carvalho sai no episódio #145.) João Zilhão é arqueólogo, actualmente Investigador Coordenador na Universidade de Lisboa. Anteriormente, foi professor em várias universidades, incluindo a de Bristol e de Barcelona. Em 1996, foi nomeado pelo governo português para coordenar a criação do Parque Arqueológico do Vale do Côa e, em 1997, tornou-se Diretor do Instituto Português de Arqueologia. É conhecido por suas pesquisas sobre a arte rupestre paleolítica e por descobertas importantes, como os mais antigos restos de humanos anatomicamente modernos da Europa, encontrados na Roménia.  -> Apoie este projecto e faça parte da comunidade de mecenas do 45 Graus em: 45grauspodcast.com _______________ Índice (com timestamps): (4:46) Qual é, verdadeiramente, a relação entre sapiens e neandertais? | o problema de faltarem fosseis ‘no meio' | Richard Dawkins e a tirania da mente descontinua | Aborígenes da Tasmânia | América nunca esteve isolada? (um, dois, três) | Criança do Lapedo | Artigo de Trenton Holliday sobre o tempo necessário para a formação de uma espécie diferente (36:52) A importância da História para entender as ideias que se formaram sobre os Neandertais (frenologia) | Os Neandertais eram menos inteligentes? | Capa da revista Science | Porque predominam em nós os genes Neandertais? (56:26) Quando os geneticistas se juntaram ao jogo. (Svante Pääbo) ADN mitocondrial (1:06:36) Temos mais antepassados neandertais XX ou XY? | Houve confrontos entre sapiens e neandertais? (1:14:06) Grandes descobertas que podemos esperar no futuro? Enigmáticos vestígios Neandertais na gruta de Bruniquel, em França Filme recomendado: The Neanderthal Man (1953) _______________ O modo como olhamos para os Neandertais é das áreas da ciência em que as coisas mais mudaram ao longo das últimas décadas. Até há não muito tempo (e é essa ainda a imagem que persiste em muito do imaginário popular), acreditava-se que os neandertais eram, basicamente, hominídeos primitivos e abrutalhados, uns antepassados remotos da nossa espécie, ainda com um intelecto mais próximo dos animais do que do da nossa cognição avançada. Nas últimas décadas, várias descobertas arqueológicas (e a própria mudança mais ‘cultural' no modo como olhamos para a diversidade humana) têm vindo a mostrar que esse entendimento estava errado, de pelo menos duas formas. Primeiro, sabemos hoje que os Neandertais não são nossos antepassados, mas sim nossos primos: coexistiram com os humanos que vieram de África, e cuja morfologia se parece mais com a nossa. Segundo, e relacionado com isto, os Neandertais estavam longe de ser estúpidos, como até ali se pensava, e há cada vez mais vestígios arqueológicos, como arte rupestre, a mostrar que tinham cultura e eram capazes de pensamento simbólico. Mas talvez tenhamos de levar esta revisão do nosso entendimento sobre os Neandertais ainda mais longe. É isso que propõe o convidado deste episódio. João Zilhão é arqueólogo e um dos principais investigadores mundiais na área da paleoarquologia. Actualmente, é investigador coordenador na Universidade de Lisboa e foi anteriormente professor em várias universidades, incluindo Bristol e Barcelona. Em 1996, foi nomeado pelo governo português para coordenar a criação do Parque Arqueológico do Vale do Côa (onde estão as famosas gravuras) e, em 1997, tornou-se o primeiro Diretor do Instituto Português de Arqueologia.  O convidado propõe, então, uma interpretação ainda mais radical da nossa relação com o Neandertais. Primeiro, argumenta que quanto mais evidência arqueológica encontramos mais percebemos que os Neandertais não eram assim tão diferentes da população de sapiens da que veio de África, e, por isso, não os podemos verdadeiramente considerar uma espécie diferente. Segundo, diz que se olharmos sem preconceitos para os vestígios neandertais que nos chegaram, não há nenhuma razão para supor que fossem menos sofisticados cognitivamente do que os sapiens vindos de África. E, por isso, faz também sentido que tenha havido cruzamentos. É verdade que os genes que prevalecem no nosso genoma (entre 96 a 98%) são os dos sapiens vindos de África, mas isso, segundo o João, é meramente resultado da discrepância de números entre as duas populações. Esta tese do convidado é provocadora e está longe de ser consensual no meio da paleoarqueologia (a ver vamos o que as próximas descobertas trazem). Mas os argumentos em que ele a sustenta são, na minha opinião, um exemplo prático de pensamento crítico aplicado à Ciência e, também, já agora, dos deméritos da hiper-especialização que já abordei noutros episódios. _______________ Obrigado aos mecenas do podcast: Carla Caçote, Ana Rita Nogueira, Henrique Pais, Francisco Hermenegildo Diogo Ramos, Bruno Heleno, João Almeida Coelho, Henrique Valente, Catarina Pechincha, Paulo Encarnação , Sandra Ferreira , Hélio Bragança da Silva, João Domingues, Carlos Pires, Tiago Goncalves, Manuel Canelas, Fernando Nunes, Luis Fernambuco, Cesar Carpinteiro, Helder Miranda, João Ribeiro, Nuno e Ana, Miguel Marques, Corto Lemos, Galaró family, Carlos Martins, Tiago Leite, Abilio Silva, João Baltazar, BFDC, António Mexia Santos, Pedro Gaspar, Ivo Loureiro, Rita Carvalho Rodrigo Antunes, Pedro Lemos Silva, Andre Soares, Rui Caetano Garcês, Inês Águas, João Morais, Zé da Radio, Tiago Sequeira, Lígia Violas, Nuno Brites, Paulo Barros, Bernardo Vidal Pimentel, Carlos Nobre, Armindo Martins , João Vieira dos Santos, Ruben de Bragança, António Rocha Pinto, Alberto Alcalde, Joao Alves, Geoffrey Marcelino, Luis, Maria Pimentel, RB, Mário Lourenço, ARUNE BHURALAL, Ana Teresa Mota, Andreia Esteves, Rafael Santos, Francisco Fonseca, João Nelas, Carmen Camacho, Tiago Queiroz, António Padilha, Rita Mateus, Daniel Correia, Joao Saro, Tomás Costa, Bernardo Cortez Ana Padilha, Alexandre Pinto, Luís Viegas, Josué Amoroso, Miguel Santos, Nuno Germano, Rui Rodrigues, Luís Caldeira, Bruno Maia, afonsori 00, Luis, Pedro Manuel da Eira Coelho, Nuno Barbosa Morais, Margarida Pontes, Cristiana Campos, Elsa Caetano, Márcia Filipa Alves Serra, Miguel Duarte, Tiago Rodrigues, Cristina Loureiro, Joao Gama, José Alberto Gomes, Rodrigo Silva, Duarte Cameirão, Teresa Painho, Marta Mendonca, Paloma Nunes, Paulo Rafael, Filipa Portela, Diego Goulart, Andrzej Stuart-Thompson, Mariana Portela , Luís Machado, Ricardo Trindade, Ana Leal, Cláudia Gomes Batista, Alexandre Alves, Carlos Castro, David Palhota, Carlos Branco, Francisco Seabra Guimarães, RJ, Ricardo Sousa, Tomás Lucena, Fábio Videira Santos, Rui, Helena Pinheiro, Margarida Costa Almeida, Tiago Agostinho, Miguel Jacinto, Inês Ribeiro, Sofia Ferreira, JC Pacheco, Catarina Fonseca, Pedro On The Road, tati lima, Gonçalo Baptista, Joana Pereirinha, João Lopes, Bruno Pinto Vitorino, Zé, miguel farracho, Rita Noronha, Teresa Pimentel, Tiago Pedroso, Sérgio Nunes, Telmo Gomes, Inês Inocêncio, Hugo Ramos, Antonio Loureiro, Pedro Bravo, Beatriz Bagulho, Tiago Stock, Fábio Monteiro, paulo matos, Joao Barbosa, Cloé Leal de Magalhães, Tomás Saraiva, Rui Antunes, Nuno Malvar, Pedro L, Ana Rita Laureano, João Diamantino, João Farinha, Henrique Vieira, André Abrantes, Hélder Moreira, José Losa, João Ferreira, Rui Vilao, João Pereira, Maria Oliveira, Pedro Gaspar, Cristiano Tavares, Cesar Correia, Luis Gomes, Patrícia Esquível , Daniel Almeida, Bruno Lamas, Francisco Manuel Reis, Diogo Rombo, Paulo Ferreira, Macaco Quitado, Manuel Martins, Lara Luís, Francisco Santos, Ana Sousa Amorim, Antonio Albuquerque, Maria Francisca Couto, Renato Mendes, João Barbosa, Robertt Valente, Afonso Martins, João Pinho , João Crispim, Joao Diogo, Jose Pedroso, José Oliveira Pratas, Telmo , Vasco Lima, Tomás Félix, Duarte , Ricardo Duarte, Miguel Palhas, Pedro Rebelo, Nuno Gonçalves, Mariana Barosa, Francisco Arantes, João Raimundo, Luis Marques, Joana Margarida Alves Martins, Tiago Pires, David , Salvador Cunha, Vasco Sá Pinto, Ana Cantanhede, Artur Castro Freire, Rui Passos Rocha, Pedro Costa Antunes, Sofia Almeida, Ricardo Andrade Guimarães, Daniel Pais, Miguel Bastos, Luís Santos, Ricardo Migueis, Margarida Santos, João Ribeiro, Paolo Dal Maso, Nuno Costa _______________ Esta conversa foi editada por: Hugo Oliveira _______________ Bio: João Zilhão (Lisboa, 1957) é, desde 1 de Setembro de 2022, Investigador Coordenador na Universidade de Lisboa. Antes da actual nomeação, foi ICREA Research Professor na Universidade de Barcelona (2011-2022) e Professor of Palaeolithic Arqchaeology na Universidade de Bristol (2005- 2010). Anteriormente, leccionou na Universidade de Lisboa e, temporariamente, nas Universidades de Bordéus I, Paris I e Toulouse Le Mirail. Em Janeiro de 1996, foi nomeado pelo governo português para organizar a criação do Parque Arqueológico do Vale do Côa, coordenar a investigação científica realizada para estabelecer a cronologia da arte rupestre paleolítica do vale, e preparar a candiatura do sítio a Património Mundial (estatuto que viria a ser alcançado em Dezembro de 1998). Ainda em regime de comissão de serviço no Ministério, assumiu de seguida, em Maio de 1997, as funções de Director do Instituto Português de Arqueologia (IPA), direcção-geral então criada para supervisar a atividade arqueológica no país, funções que exerceu até regressar à vida académica a tempo inteiro, em Maio de 2002. Em 1998, dirigiu a escavação de salvamento da sepultura infantil de Lagar Velho (Portugal), datada do Paleolítico Superior inicial e, em 2004-2005, a investigação arqueológica da Peştera cu Oase (Roménia), onde foram encontrados os mais antigos restos de humanos anatomicamente modernos da Europa. Foi o Conference Organiser do Congresso Anual da Associação Europeia de Arqueólogos, realizado em Lisboa no ano 2000, e foi membro da Comissão Executiva dessa associação entre 2003 e 2006. Em 2003, foi galardoado com um Humboldt Foundation Research Award (instituição anfitriã: Universidade de Colónia) em reconhecimento dos seus "êxitos académicos (no ensino e na investigação)". Em 2005, foi galardoado com o Prémio Europa da Sociedade Pré-Histórica de  Londres, em reconhecimento pelo seu "contributo significativo e duradouro para o estudo da Pré- História europeia". Em 2012, o seu perfil de investigador foi publicado na revista "Science"  (https://doi.org/10.1126/science.337.6095.642).

N'A Caravana
N'A Caravana com Joana Gentil Martins #181 Apressa-te a falar, herança do avô e autoestima

N'A Caravana

Play Episode Listen Later Mar 20, 2023 48:01


É psicóloga clínica, licenciada pela Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa, com prémio de melhor aluna da licenciatura, mestre em Psicologia Aplicada pela Universidade do Minho e especializada em terapias cognitivo- -comportamentais com adultos. É membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses e formadora certificada.Trisneta do professor Francisco Gentil, fundador do Instituto Português de Oncologia (IPO), e neta de António Gentil Martins, médico cirurgião pioneiro na separação de gémeos siameses em Portugal e antigo bastonário da Ordem dos Médicos.Vem de uma família que eu encontrava muitas vezes e passava férias com alguns membros no Alvor, em que o valor de ajudar o próximo esteve sempre em primeiro lugar.Acredita que a dedicação, a forma como tratamos o outro, a ética e o estudo constante de cada caso são as características principais de um bom profissional.Decidiu começar a divulgar informações fidedignas e úteis sobre saúde mental de forma prática através da sua página de Instagram, pois acredita que a saúde mental deve ser acessível a todos. Encara a psicologia não apenas como uma profissão, mas sobretudo como uma missão.Tenho a honra de levar esta semana a bordo Joana Gentil Martins. Podem seguir a Joana Gentil: https://www.instagram.com/joanagentilmartins_psicologia/Produção e Agenciamento: Draft Media https://www.draftmediaagency.comMerchandising N'A Caravana: https://loja.ritaferroalvim.com/Obrigada a todos meus patronos por me permitirem fazer o que gosto e beneficiarem e acreditarem nos meus projetos. Um agradecimento especial aos patronos Premium: Rossana Oliveira, Mónica Albuquerque, Raquel Garcia, Sofia Salgueiro, Sofia Custódio, Patrícia Francisco, Priscilla, Maria Granel, Margarida Marques, Ana Moura, Rita Teixeira, Ana Reboredo, Rita Cabral, Tânia Nunes, Rita Nobre Luz, Leila Mateus, Bernardo Alvim, Joana Gordalina Figueiredo, Mónica Albuquerque, Rita Pais, Silvia, Raquel Garcia, Mariana Neves, Madalena Beirão, Rita Dantas, Ana Rita Barreiros, Maria Castel-Branco, Filipa Côrte-Real, Margarida Miguel Gomes, Rita Mendes, Rita Fijan Fung, Luísa Serpa Pimentel, Rita P, Mónica Canhoto, Daniela Teixeira, Maria Gaia, Sara Fraga, Cláudia Fonseca, Olga Sakellarides, Rafaela Matos, Ana Ramos, Isabel Duarte, Joana Sotelino, Ana Telles da Silva, Carolina Tomé, Patrícia Dias, Raquel Pirraca, Luisa Almeida, Filipa Roldão, Inês Cancela, Carina Oliveira, Maria Correia de Sá.

+Liberdade
Spes Libertatis com Raquel Vaz Pinto, politóloga

+Liberdade

Play Episode Listen Later Mar 3, 2023 32:46


Ricardo Luz entrevista Raquel Vaz Pinto, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL e ex-presidente da Associação Portuguesa de Ciência Política. Ver no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=NsKHKIxuL24

Fumaça
Desassossego | Susana Sousa Almeida sobre depressão (Extra)

Fumaça

Play Episode Listen Later Feb 23, 2023 50:04


Neste episódio extra da série Desassossego, ouves um excerto da entrevista com Susana Sousa Almeida sobre depressões, reabilitação psicossocial e acesso aos cuidados de saúde mental. A psiquiatra explica como a interrupção do tratamento – seja de forma mais ou menos intencional – tem impactos profundos no prolongamento ou reincidência da doença. Por um lado, "o abandono do tratamento é quase a condição para a depressão ficar cronificada". E "se os doentes e os seus médicos ficarem vagamente satisfeitos com remissões parciais [da depressão], nós estamos mesmo mal”. Esta entrevista foi gravada em março de 2021. Podes ouvi-la enquadrada na série ao episódio 7 e episódio 8. ConvidadaSusana Sousa Almeida é psiquiatra, assistente hospitalar graduada no Serviço de Psico-Oncologia do Instituto Português de Oncologia (IPO), no Porto. Especializou-se em psiquiatria no South London and Maudsley NHS Foundation Trust, associado do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King's College, em Londres. Completou cinco anos de psicoterapias integradas no internato inglês – cognitivo-comportamental, sistémicas, motivacional e dinâmicas breves. Integra atualmente a direção do Colégio da Especialidade de Psiquiatria da Ordem dos Médicos. CréditosEntrevista: Margarida David CardosoImagem: Joana BatistaSom: Bernardo AfonsoAjuda-nos a ser a primeira redação profissional de jornalismo em Portugal totalmente financiado pelas pessoas: https://fumaca.pt/contribuir/?utm_source=podcast+appSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Expresso da Manhã
Guerra por um balão? Há quem diga que é inevitável, mas é por uma ilha

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Feb 6, 2023 14:13


O balão, da meteorologia para Pequim e de espionagem para Washington, foi só mais um episódio a lembrar que as relações entre as duas superpotências são muito tensas. Deu palco aos falcões norte-americanos, que já falam de uma guerra inevitável como consequência de uma invasão de Taiwan pela China. Para percebermos se há alguma inevitabilidade neste conflito entre Estado Unidos e China, conversamos com Raquel Vaz Pinto, doutorada em Ciência Política, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Expresso da Manhã
Pequim e Washington, as capitais da guerra e paz

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Dec 23, 2022 14:29


A paz na Ucrânia chegará em 2023? Chegará tão mais depressa, quanto maior for o empenho da China e dos Estados Unidos para que ela aconteça. Rússia e Ucrânia dependem em absoluto dos seus aliados para fazer a guerra e atingir a paz, mas o caminho para lá chegar ainda não foi aberto. Putin joga com a paciência chinesa e com o tempo que pode abrir brechas na união do Ocidente. Neste episódio, conversamos com Raquel Vaz Pinto, doutorada em Ciência Política, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Expresso da Manhã
A China num teatro de sombras com o Ocidente

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Nov 16, 2022 14:21


Na cimeira do G20, Xi Jinping encontrou-se com Joe Biden e com outros líderes ocidentais, aliados dos Estados Unidos. Os encontros são um bom presságio, mas entre os analistas é consensual que é preciso mais algum tempo para saber se estamos perante um verdadeiro desanuviamento. Neste episódio, conversamos com Raquel Vaz Pinto, doutorada em Ciência Política, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Expresso da Manhã
O poder Xi Jinping e os comunistas chineses

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Oct 17, 2022 16:06


Xi Jinping parte para um inédito terceiro mandato à frente do Partido Comunista Chinês e isso significa que quem manda na China é ele, mas vamos ter de esperar ainda algum tempo para perceber se fica ainda mais poderoso ou se os seus camaradas vão diluir esse poder, regressando a uma governação mais colectiva. Taiwan continua a ser a pedra no sapato de Pequim. Neste episódio, conversamos com Raquel Vaz-Pinto, doutorada em Ciência Política, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais.See omnystudio.com/listener for privacy information.

P24
Mariupol foi “isco para impedir avanços russos”

P24

Play Episode Listen Later May 18, 2022 8:48


Cumprida a “missão de combate”, Kiev ordenou a rendição dos militares que defendiam Mariupol. Durante onze semanas, a fábrica Azovstal foi um “isco” para as tropas russas e permitiu à Ucrânia reorganizar-se, pedir ajuda e acumular reservas. Neste P24 ouvimos o investigador do Instituto Português de Relações Internacionais, Pedro Ponte e Sousa, sobre o papel decisivo de Mariupol no curso da guerra.

Expresso - Expresso da Manhã
Estará a China tentada a aproveitar o momento?

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Mar 15, 2022 15:48


Taiwan é vista por Pequim como fazendo parte integrante da China e a retórica agressiva de Xi Jinping, ameaçando com a reunificação, nem que seja pela força, tem subido de tom nos últimos dois anos. As autoridades da ilha temem que a China esteja tentada a avançar, se sentir fraqueza no ocidente. Os chineses fazem questão de dizer que “Taiwan não é a Ucrânia”. Neste episódio, conversamos com Raquel Vaz Pinto, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais. See omnystudio.com/listener for privacy information.