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Nos 50 anos da independência de Cabo Verde, a RFI publica uma série de reportagens sobre este tema. Neste primeiro episódio, abordamos as raízes da revolta com algumas das pessoas que lutaram pela libertação nacional, como Pedro Pires, Osvaldo Lopes da Silva, Alcides Évora, Maria Ilídia Évora e Marline Barbosa Almeida, mas também com o historiador António Correia e Silva e o jornalista José Vicente Lopes. Foram mais de cinco séculos de dominação colonial, uma história marcada pelo comércio de pessoas escravizadas, ciclos de fome, secas e emigração forçada. A independência foi a 5 de Julho de 1975, mas a resistência começou muito antes, ainda que tenha sido a Geração Cabral a desencadear a luta de libertação e a conduzir Cabo Verde à independência. No século XIX, a elite letrada já manifestava uma atitude contestatária face ao poder colonial. Intelectuais como Eugénio Tavares, Pedro Cardoso, Luís Loff e, mais tarde, os chamados “claridosos” denunciaram os problemas que afectavam a população e exaltaram a singularidade e a identidade do povo cabo-verdiano. Na década de 1940, uma nova geração de intelectuais, inspirados pelos antecessores, passam a reivindicar o direito à independência. O historiador e sociólogo António Correia e Silva sublinha que a Geração Cabral é fruto de lutas anteriores, que o fantasma das fomes foi determinante para desencadear o movimento de libertação e que, nessa altura, a ideia de “independência se torna politicamente credível”. “Gabriel Mariano vai escrever um grande poema sobre a fome que se chama 'Capitão Ambrósio': 'Bandeira negra, negra bandeira da fome…'. Eu costumo dizer aos meus alunos que bandeira, negra e fome é um triângulo virado para o futuro e que a bandeira negra da fome era, na verdade, uma fome de bandeira, uma fome de independência”, descreve António Correia e Silva. “Essa geração de Amílcar Cabral, o grande salto é que, através de uma aliança pan-africana, aproveitando uma conjuntura pós-guerra, a criação das Nações Unidas e a ideia de autodeterminação que surge naquela altura, a ocorrência de algumas independências de países afro-asiáticos, países grandes como a Indonésia, a Índia, o Egipto, etc, tudo isto provoca a passagem, a violação do interdito, a passagem do intransponível limite que era a independência. Isto é, a independência torna-se pensável, mas mais, torna-se politicamente credível”, acrescenta o historiador. As grandes crises de fome em Cabo Verde entre 1941 e 1942 e entre 1947 e 1948 foram de uma violência brutal, com milhares de mortos. Em 1939, a população estava avaliada em 174 mil pessoas e caiu, em 1950, para 139 mil. Os sobreviventes emigravam em massa para as plantações de São Tomé e Príncipe, onde viviam, trabalhavam e muitos morriam em condições semelhantes às da escravatura. Outros conseguiam emigrar clandestinamente para espaços que não o do Império português. Na memória colectiva há um episódio trágico que não se esquece. Foi a 20 de Fevereiro de 1949, na cidade da Praia e ficou conhecido como o Desastre da Assistência. Centenas de pessoas, que aguardavam pela distribuição de refeições quentes, morreram quando caiu o muro do edifício dos Serviços de Assistência. Estima-se que mais de três mil pessoas se reuniam diariamente nesse espaço para receber a única refeição do dia. Dados oficiais apontavam para 232 vítimas, mas teme-se que o número tenha sido muito superior. Muitas vítimas foram enterradas em valas comuns no Cemitério da Várzea, embrulhadas em lençóis, por falta de caixões. Alcides Évora era uma criança nessa altura, mas lembra-se de ter visto as valas comuns. “Eu comecei a ter uma certa revolta interna desde o início da década de 40. Na altura, eu tinha sete ou oito anos e presenciei a fome de 47. Ainda lembro quando houve o desastre da assistência em que foram transportados, feridos e mortos do local para o Hospital da Praia. Havia tantos mortos. Inclusive muitas casas ficaram fechadas porque não houve nenhum sobrevivente da família que pudesse abrir a porta das suas residências. Da mesma forma, assisti ao enterro na Várzea, na vala comum, em que punham um grupo de cadáveres, depois deitavam o cal e depois punham outra camada de mortos e assim sucessivamente. É algo que ficou gravado na memória. Isto também me fez despertar uma certa revolta interna contra o sistema colonial português”, recorda. Gil Querido Varela também testemunhou a fome de 1947 e viu crianças a morrerem. Por isso, a revolta foi inevitável e quando surgiu a oportunidade aderiu à luta clandestina nas fileiras do PAIGC em Cabo Verde. “Quem já tinha visto a fome de 47 - que eu vi - não ficava sem fazer nada. Vi crianças a morrerem de fome, corpos inflamados de fome. Vi mães com crianças mortas nas costas, não as tiravam para poderem achar esmola. Os colonialistas troçavam do povo, da fome do pobre. Quando veio o PAIGC, entrei rápido. Quem viu aquela fome, era impossível para não lutar. Só quem não tem sentimento”, lembra Gil Querido Varela, que nos leva, num outro episódio ao Campo de Concentração do Tarrafal. A fome também ensombra as memórias de Marline Barbosa Almeida. Foi a partir daí que ela decidiu juntar-se à luta, também na clandestidade. Quis ver a sua terra “livre e independente”. “Nós, que nascemos nos anos 40, 50, vimos aquele período de fome, em que morreram muitas pessoas e o culminar foi o Desastre da Assistência, que matou dezenas, para não dizer centenas de pessoas. Daí cresceu em nós uma certa revolta que não estava classificada politicamente, mas era uma revolta contra a situação de Cabo Verde. Mais tarde, eu, como lia muito - eu devorava livros – fui-me apercebendo das desigualdades, da opressão, do que era necessário para que saíssemos do jugo do colonialismo”, conta Marline Barbosa Almeida, em sua casa, na Praia. No livro “Cabo Verde - Um Corpo que se Recusa a Morrer - 70 anos de fome - 1949-2019”, o jornalista José Vicente Lopes fala sobre o Desastre da Assistência, considerando que a luta de libertação do PAIGC teve como um dos motores a fome que assolava desde sempre o arquipélago. “Este livro fala de um acontecimento que houve em Cabo Verde, que foi o Desastre de Assistência de 1949, e cobre a história de Cabo Verde de 1949 a 2019, numa perspectiva da questão alimentar em Cabo Verde, a história das fomes, o impacto que isto foi tendo nos cabo-verdianos até desembocar inclusive na criação do PAIGC. O PAIGC foi uma reacção à calamidade famélica que foi sucedendo em Cabo Verde desde o século XVI ao século XX porque até 1949, quando se dá o Desastre de Assistência, qualquer seca que acontecesse em Cabo Verde matava no mínimo 10.000, 20.000 pessoas”, sublinha o jornalista, acrescentando que “o espectro da fome não desapareceu porque, apesar de todos os investimentos feitos, apesar de tudo o que se conseguiu fazer, mesmo um bom ano agrícola, um bom ano de chuvas em Cabo Verde, Cabo Verde não consegue produzir mais de 20% das suas necessidades alimentares, logo, 80% tem que ser importado”. As violências coloniais eram de toda a ordem. Maria Ilídia Évora tinha cinco anos quando viu o pai a ser espancado por brancos. A imagem nunca mais a deixou, assim como o medo incontrolável sempre que via alguém de pele branca. Mais tarde, ela viria a integrar um grupo de cabo-verdianos que foi treinado em Cuba para desencadear a guerrilha em Cabo Verde e viria ainda a trabalhar em hospitais durante a guerra na Guiné. “Uma pessoa a bater em alguém que não fez nada, a bater daquela maneira como baterem no meu pai, uma criança não entende. Eu não entendi. Nunca entendi. Até conhecer o Amílcar, para mim, o branco era o diabo. Eu considerava o branco uma coisa muito ruim. Bater em alguém que não fez nada, que só estava lá porque quis conviver com um patrício amigo, não tinha sentido. Porque para a gente, amizade é amizade. Ele não foi fazer nada, ele não tinha nada nas mãos, nem nos pés, nem em nenhum lugar, e acharam que era um inimigo a ser abatido. Essa coisa nunca me saiu da cabeça”, conta-nos na sua casa, no Mindelo. Todas estas circunstâncias alimentaram a coragem dos que acreditaram na luta. Muitos deles, depois de terem passado no Liceu Gil Eanes, em São Vicente, depois na Casa dos Estudantes do Império, em Portugal, acabariam por "dar o salto". Em 1961, dezenas de angolanos, mas também moçambicanos e cabo-verdianos nacionalistas fogem clandestinamente de Portugal e protagonizam uma fuga massiva histórica para França nas barbas do salazarismo. Vários acabaram por ser figuras de destaque nas lutas de libertação nacional e, mais tarde, ocuparam também postos de relevo nos novos Estados. Pedro Pires foi um dos que escolheu seguir Amílcar Cabral, o líder da luta de libertação da Guiné e Cabo Verde. Era o momento de deixar tudo para trás e arriscar por uma causa. “Chegou um momento em que era preciso alguém correr riscos. Não quer dizer que todos iam correr riscos, mas tinha chegado o momento em que aqueles que achassem que podiam correr riscos ou aqueles que achassem que estivessem no dever de correr riscos, no dever da solidariedade e no dever de serviço em favor do seu país, do seu povo, decidiu correr o risco. Mas o risco é inerente a qualquer decisão e aí nós optamos ou ficar parados e não fazer nada ou então agir e correr riscos. Eu acho que tem sempre resultados, com maiores ou menores dificuldades. O facto de corrermos risco, podemos mudar muita coisa. Foi o que aconteceu connosco. Nós éramos um grupo que saiu na mesma altura ou no mesmo dia, éramos cerca de 60 jovens que decidiram correr o risco”, resume o antigo comandante. Osvaldo Lopes da Silva, comandante de artilharia mobilizado na Guiné, também correu o risco e esteve nessa fuga. Ele recorda esse pontapé de saída para a luta de libertação. “Atravessámos a fronteira de autocarro. Foram vários grupos, cada um foi à sua maneira. Depois, estivemos concentrados nas cercanias de San Sebastian. Quando íamos atravessar a fronteira, o elemento na fronteira que devia facilitar a nossa saída, tinha desaparecido. De forma que fomos presos. Estivemos dois dias na prisão central de San Sebastian e, às tantas, de repente, aparece o director da prisão com um discurso todo terceiro-mundista que 'o povo, o governo da Espanha estiveram sempre ao lado daqueles que lutam pela liberdade, pela independência, etc, etc'. Para nós, foi uma grande surpresa e fomos postos em liberdade. E a verdade é que, pelos documentos que reuniram, viram que essa gente não são maltrapilhos quaisquer, são gente com qualificação”, lembra. Muitos dos que estiveram nessa fuga, tinham frequentado e cultivado a reafricanização dos espíritos num dos principais berços da contestação ao colonial fascismo português: a Casa dos Estudantes do Império. Foi criada em 1944, em Lisboa, pelo próprio regime ditatorial para apoiar os jovens “ultramarinos” que fossem estudar para a “metrópole”, e encerrada em 1965. Duas décadas em que foi uma escola de consciencialização política do nacionalismo africano, fosse na sede lisboeta ou nas delegações de Coimbra e no Porto, ajudando à criação dos movimentos de libertação das colónias portuguesas em África. Outro centro de pensamento anticolonial foi o Centro de Estudos Africanos, em cujo grupo fundador esteve o futuro pai das independências da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. Amílcar Cabral foi também vice-presidente da Casa dos Estudantes do Império em 1951. A sua segunda esposa, Ana Maria Cabral, também por lá passou e recorda a importância do local para a contestação. “Fui levada pelos meus irmãos mais velhos e não havia só bailes, havia encontros, havia reuniões sobre a situação dos nossos países, em especial quando os franceses e os ingleses começaram a dar a independência às suas antigas colónias. Seguimos todo o processo dessas independências. Nós todos éramos Lumumba e Nkrumah. Nós seguíamos a luta dos outros povos, dos povos das colónias e não só das colónias em África”, explica Ana Maria Cabral. Muitos dos que passaram pela Casa dos Estudantes do Império vieram a assumir importantes responsabilidades na luta anticolonial e de libertação dos antigos territórios em África, como Amílcar Cabral, Vasco Cabral, Agostinho Neto, Mário Pinto de Andrade, Eduardo Mondlane, Marcelino dos Santos, Joaquim Chissano e Miguel Trovoada. Pedro Pires também conheceu de perto a Casa dos Estudantes do Império. Aquele que foi comandante e destacado dirigente político-militar do PAIGC na luta de libertação, assim como o principal arquitecto do Acordo de Lisboa para a independência, resume que a luta contra a opressão colonial foi desencadeada pelo próprio colonialismo. “É o próprio sistema colonial, que não dava resposta às necessidades e às dificuldades, enfim, às crises por que passava a Cabo Verde, mas também que não se interessava especialmente em encontrar soluções para esses problemas. O percurso histórico de Cabo Verde é trágico, em certa medida, porque os cabo-verdianos tiveram que enfrentar situações extremamente complicadas e difíceis de fome, secas, fugas, ter que buscar por outras vias as soluções e o próprio sistema que não dava resposta às necessidades e às exigências, para não dizer também aos sonhos daqueles que queriam ver o país numa via diferente. Portanto, o colonialismo era um sistema de bloqueio e era indispensável lutar contra ele, a fim de abrir novas perspectivas ao país para realizar os seus objectivos, os seus sonhos, mas também por uma coisa muito simples: para ter uma vida melhor”, considera Pedro Pires. Foi para buscar essa “vida melhor” que estes homens e mulheres abrem o caminho para a luta de libertação, da qual vamos recordar alguns momentos nos próximos episódios. Pode ouvir aqui as entrevistas integrais feitas aos diferentes convidados.
O Racismo Religioso se manifesta através de ideias, práticas e comportamentos que revelam uma posição discriminatória não apenas a religiões específicas, mas também em relação aos grupos sociais aos quais essas religiões normalmente são associadas, bem como suas tradições. O professor do Departamento de Estudos Africanos, Afro-Brasileiros e Indígenas (DEABI) da UFOP, Erisvaldo Pereira dos Santos, explica as principais características que definem o racismo religioso, as diferenças em relação ao conceito de intolerância religiosa e como combater essa forma de racismo nos diversos ambientes sociais.Ficha TécnicaProdução: Anahí Santos e Wasington ReisEdição de Texto: Elis Cristina e Patrícia ConscienteEdição de áudio e sonoplastia:
NO CULTURA BRASILEIRA DAS SEXTA FEIRA 11 DE ABRIL: Glauber Braga segue e greve de fome e recebeu Ato Ecumênico na Câmara; Projeto de Anistia na Câmara dos Deputados tem assinatura de parlamentares da base do governo; Jair Bolsonaro é internado no Rio Grande do Norte; Acampamento Terra Livre sofre repressão policial e deputada Célia Xakriabá é ferida; Professores que integram Grupo de Trabalho que atua para o processo de repatriação de crânio de líder da Revolta dos Malês falam detalhes de como ocorreu a descoberta e como está a dialogo entre Harvard e o governo brasileiro. Os convidados desta edição são o historiador pernambucano especializado em história da África e do Islã nas Américas. Realizou pesquisas no norte da Nigéria, Uganda, Ruanda e outros paises africanos sobre mobilização popular, religião e media. É professor contratado do mestrado em museologia da Universidade de Toronto (Canadá) e membro do GT Arakunrin, Bruno Véras e o historiador, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, e co-fundador do site Salvador Escravista. Foi presidente da Associação Brasileira de Estudos Africanos e membro do GT Arakunrin, Carlos da Silva Junior.
Conheça o meu canal no YouTube e assista o História em Dez Minutos! https://www.youtube.com/@profvitorsoares - O país que enfrenta uma das maiores crises humanitárias do mundo. Separe trinta minutos do seu dia e aprenda com o professor Vítor Soares (@profvitorsoares) - Se você quiser ter acesso a episódios exclusivos e quiser ajudar o História em Meia Hora a continuar de pé, clique no link: www.apoia.se/historiaemmeiahora Compre o livro "História em Meia Hora - Grandes Civilizações"! https://a.co/d/47ogz6Q Compre meu primeiro livro-jogo de história do Brasil "O Porão": https://amzn.to/4a4HCO8 Compre nossas camisas, moletons e muito mais coisas com temática História na Lolja! www.lolja.com.br/creators/historia-em-meia-hora/ PIX e contato: historiaemmeiahora@gmail.com Apresentação: Prof. Vítor Soares. Roteiro: Prof. Vítor Soares e Prof. Victor Alexandre (@profvictoralexandre) REFERÊNCIAS USADAS: - GENYI, George A. “A chegada da Primavera Árabe na Argélia e no Sudão: paralelos comparativos e intuitivos”. Revista Brasileira de Estudos Africanos, Porto Alegre, v. 6, n. 12, Jul./Dez. 2021 - JOFFÉ, George. A PRIMAVERA ÁRABE NO NORTE DE ÁFRICA ORIGENS E PERSPECTIVAS DE FUTURO. Relações Internacionais, n. 30, 2011 - Observatório dos Direitos Humanos
Cabo Verde comemora o centenário do nascimento de Amílcar Cabral, figura que liderou a luta pela libertação da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. "Quando conheci Cabral o que me atraiu logo foi o lado político. Nós seguíamos as lutas de todos os povos do mundo. Acompanhámos a libertação de Cuba e precisávamos de gente assim para começar a luta, para mudar o nosso país", conta-nos Ana Maria Cabral, viúva de Amílcar Cabral. RFI: De que forma é que olha para estas celebrações em torno do centenário do nascimento de Amilcar Cabral?Ana Maria Cabral: Foi uma boa iniciativa, mas foi pena não ter oportunidade de mobilizar mais gente, sobretudo jovens. A sala estava muito vazia. Fiquei impressionada, tendo em conta que se realizou no auditório de uma universidade. Claro que as aulas ainda não começaram, mas devíamos ter mobilizado mais alunos, porque foi pena. As intervenções foram muito interessantes. Foi pena realmente a assistência ter sido muito reduzida. Recorda-se do primeiro encontro com Amílcar Cabral?O primeiro encontro foi há muitos anos. Acho que o primeiro encontro terá sido em Lisboa. Havia gente ligada à Casa dos Estudantes do Império, onde eu era muito activa. A Casa dos Estudantes do Império ficava na Rua Actor Vale, 37, onde vivia uma família de São Tomé e Príncipe, se a memória não me falha. Acho que foi nessa casa que eles criaram o Centro de Estudos Africanos, ele, o Agostinho Neto, o Mário de Andrade, já todos falecidos. Mais tarde entrou também o Eduardo Mondlane, de Moçambique, que também já morreu.Organizavam-se bailes, encontros no Natal, porque a maioria não tinha familiares em Portugal e era uma maneira de estarmos juntos. Na Casa dos Estudantes do Império, além das festas, organizavam-se outros actos culturais. Eu conheci o Amílcar numa dessas casas. Um dia disseram que ele era casado com uma portuguesa e eu disse 'ele não quer saber nada da nossa terra'. Foi uma amiga são-tomense que nos apresentou, ela continua a viver em Portugal, chama-se Esperança e também é viúva como eu. Foi ela quem me apresentou o Amílcar Cabral.O que é que a atraiu: o homem ou o político?Quando conheci Cabral o que me atraiu logo foi o lado político, embora fosse um homem extremamente atraente. Nós seguíamos as lutas de todos os povos do mundo. Até acompanhámos a libertação de Cuba e sempre precisamos de gente assim para começar a luta, para mudar o nosso país, libertar os nossos países. Foi interessante.Quais é que foram os maiores desafios de ser esposa de um líder revolucionário?Os desafios foram tantos, tantos, que eu podia ficar um dia inteiro a contá-los. Resumindo: o maior desafio foi acompanhar uma personalidade como ele, com um carácter forte. Além de ter um carácter muito forte, ele era condescendente, aceitava as opiniões de todos, mesmo se ele reparasse que não tínhamos razão. Ele aceitava porque ele aceitava a opinião de toda a gente. Ele dizia que 'todos nós somos úteis para essa nossa luta de libertação' e por isso aceitava a opinião de toda a gente. Lembro-me das reuniões que ele fazia com os mais velhos, com aqueles chefes. A Guiné é um país pequenininho, mas cheio de grupos étnicos, variadíssimos grupos étnicos. Há grupos que são sociedades estratificadas, e ele reunia-se com esses chefes. Uma vez, lembro-me, a propósito das mulheres, ele tinha lançado a ordem de que tínhamos de proteger as nossas mulheres nas áreas já libertadas do colonialismo. Ele insistia que era preciso chamar as mulheres.Integrá-las na luta?Não só integrá-las, havia muitas mulheres. As mulheres foram as primeiras a participar na luta porque elas eram exploradas em casa pelos maridos. Permitia que toda a gente participasse, inclusivamente aqueles que não estivessem de acordo podiam defender os seus ideais, as suas opiniões. Ele aceitou que toda a gente expusesse o seu ponto de vista, mesmo que fossem contrários à opinião dele. Por exemplo, nas áreas libertadas ele e os companheiros dele, se eram cinco membros, três tinham que ser mulheres. Se eram comités pequenos ou de três membros, um tinha de ser uma mulher. Houve muitos protestos da parte dos homens que diziam 'não há mulher para ficar em casa para cozinhar para nós', não sei o quê. Foi muito difícil.Mais tarde, ele e os companheiros dele resolveram criar as milícias, que eram gente que ajudava os combatentes que estavam a participar directamente no combate. Foi também um problema, os homens mais velhos não queriam que a mulher participasse, mas lá se conseguiu. Houve algumas mulheres que se tornaram célebres, como a Carmen Pereira, já falecida, e a Titina Silá, que morreu estupidamente. Ela estava numas áreas libertadas no Norte e como era muito jovem tratava o Cabral como pai. Quando soube da sua morte quis ir a Conacri assistir aos funerais e os portugueses colonialistas acharam que deviam passar por aquele rio, que era um rio cheio de crocodilos. Ela caiu e como não sabia nadar, os companheiros não conseguiram salvá-la e ela terá sido levada e comida pelos crocodilos. Teve uma morte estúpida. A Titina Silá é considerada uma heroína. Todos os anos, depois de 20 de Janeiro, a data em que mataram o Cabral, as pessoas levam as crianças com flores e vão deitar flores a esse rio.O facto de ter vivido ao lado de Amílcar Cabral, de o ter apoiado, como é que vê para o seu contributo na luta de libertação?Eu, como era militante, eu tinha de contribuir, como toda a gente.Mas mais ainda enquanto esposa..Como militante fui professora na Escola Piloto. Depois foram-se criando áreas libertadas e uma das coisas que se fez foi criar pequenas escolas onde a palavra de ordem era 'quem souber ler e escrever tem de ensinar aos outros'. Os combatentes que sabiam escrever e ler, ensinavam. No início, abriram-se pequenas escolas com os meninos sentados no chão e assim começou a alfabetização nas áreas libertadas. Trabalhei na escola piloto como professora com os alunos, tivemos de fazer livros, tivemos de arranjar todo o material para fazer livros. Mais tarde, com o desenvolvimento e com trabalho de Cabral e dos outros, recebemos muito material escolar da parte dos países nórdicos, sobretudo da Suécia, Alemanha, antiga RDC, de Cuba... e às vezes tinha de interromper o meu trabalho porque o Cabral estava cansado de viajar sozinho e pedia que eu o acompanhasse. Fui a muitas conferências, acompanhando o Cabral.
✅ / @old.players Falando de videogame de um jeito diferente. Hoje iremos falar sobre o polêmico anúncio de ASSASSIN'S CREED SHADOWS, nova entrada da franquia ASSASSIN'S CREED agora se passando no Japão feudal, trazendo dois personagens jogáveis: uma ninja e um samurai. E a polêmica está justamente aí, já que o samurai é Yasuke, um homem preto e que está abalando o fiofó dos racistas. Para esse vídeo, contamos com o conteúdo produzido por @JonathanLVerativemos e a participação do Kauê Metzger Otávio (UFPR), para nos explicar a origem de Yasuke e um pouco de sua vida no Japão. Aqui você encontra os trabalhos acadêmicos do Kauê além de saber mais sobre a história do Japão: Lattes: http://lattes.cnpq.br/6951339459926898 Academia.edu: https://ufpr.academia.edu/KauêMetzger... NEJAP (Núcleo de Estudos Japoneses) Facebook: fb.com/nejap.ufsc Instagram: @nejap_ufsc GEAFRAS (Grupo de Estudos Africanos e Asiáticos) Instagram: @geafras Convite pro nosso discord: / discord ❗️Se inscreva no canal e nos ajude a crescer! Nos suporte, clicando no LIKE se gostou do vídeo❗️
A população do distrito de Macomia, no centro da província de Cabo Delgado, denunciou já no início deste mês de Abril a movimentação de grupos terroristas nas zonas de produção agrícola, criando medo na comunidade e precipitando mesmo a fuga de alguns camponeses. Carlos Almeida, coordenador da Helpo, fala num “clima de apreensão” acrescido pelo facto dos ataques recentes terem ocorrido a cerca de 80km da cidade de Pemba. A população do distrito de Macomia, no centro da província de Cabo Delgado, denunciou já no início deste mês de Abril a movimentação de grupos terroristas nas zonas de produção agrícola, criando medo na comunidade e precipitando mesmo a fuga de alguns camponeses.Depois de alguma aparente acalmia, o ano de 2024 chegou com uma nova onda de ataques na província de Cabo Delgado que há quase sete anos enfrenta uma insurgência armada.Carlos Almeida, coordenador de projectos em Moçambique da ong portuguesa Helpo desde 2010, fala num “clima de apreensão” acrescido pelo facto dos ataques recentes terem ocorrido a cerca de 80km da cidade de Pemba e de se ter constatado “uma movimentação por parte destas forças insurgentes terroristas”, deslocando-se do norte para o sul da província de Cabo Delgado.RFI: Qual é o actual retrato do terreno?Carlos Almeida: A Helpo trabalha em Cabo Delgado desde 2009. Eu sou coordenador nacional da Helpo desde 2010, por isso tenho acompanhado bem as últimas circunstâncias na província.Neste momento sentimos, efectivamente, um clima de apreensão, nomeadamente na cidade de Pemba. As pessoas não vivem com receio nem vivem em terror, mas têm uma grande apreensão pelo facto de ultimamente terem ocorrido ataques nos arredores - a cerca de 80 quilómetros, 100 quilómetros. As pessoas têm a noção que estes ataques são muito localizados em zonas de mata muito densa e que dificilmente podem chegar à cidade. Mas há sempre um receio que alguma coisa possa acontecer.Neste ano de 2024, a principal alteração - e isso mudou muito a percepção que as pessoas estão a ter - é o facto de desde Janeiro ter havido ataques a sul da capital da província, Pemba. Ou seja, há uma movimentação por parte destas forças insurgentes terroristas que vieram fazer alguns ataques mais a sul. Isso deixa sobretudo as pessoas numa grande apreensão. Depois de um período intenso de ataques, registou-se uma acalmia e, agora, uma nova onda de ataques. Isto altera o cenário da região?Estes ataques começaram a 05 de Outubro de 2017, na vila de Mocímboa da Praia e desde então não têm parado. Há ataques que são mais mediáticos do que outros. Por exemplo, agora, mais recentemente, o facto de terem atacado umas aldeias que tinham umas missões católicas e que obrigou a que os missionários fugissem, causou esta onda de maior mediatismo. No entanto, os ataques têm ocorrido de forma contínua, embora sem merecer este destaque na comunicação social.Aquilo que aconteceu, neste ano de 2024, foi pelo facto de ter entrado numa zona mais a sul ter provocado uma grande onda de deslocados nos dois distritos mais a sul, nomeadamente Mecúfi e sobretudo em Chiure.No distrito de Chiure houve um número [de deslocados] que, de repente, ultrapassou os 100.000. Na verdade, este número de deslocados tem vindo a subir e a descer. Já ultrapassou um milhão de deslocados internos, 1.066.000, se não estou em erro. Entretanto tinha vindo a diminuir, porque as pessoas estavam a regressar em massa, sobretudo para a zona de Palma, Mocímboa da Praia e Moeda. Agora estes últimos ataques tiveram essa nota forte pelo facto de serem ataques em zonas onde nunca tinham ocorrido antes. Provocou esta movimentação muito grande de populações, grande parte dela tendo fugido para a província a sul, para Nampula. Houve também outra nota que foi marcante: foi o facto de, pela primeira vez, ter ocorrido um ataque na Estrada Nacional número um, que a estrada que liga Maputo até Pemba, capital da província de Cabo Delgado. Atacaram um camião cisterna. No entanto, no dia seguinte a estrada foi reaberta e os militares estavam a controlar. Voltando à questão dos deslocados, têm estado a receber o apoio necessário? Os ataques em Cabo Delgado começaram em 2017, entretanto, o mundo mudou, há a guerra na Ucrânia e em Gaza. Estas pessoas têm estado a receber ajuda ou o facto de esta situação perdurar no tempo acaba por cair no esquecimento? Este conflito, efectivamente, corre o risco de passar para um conflito esquecido. Há pessoas que estão deslocadas em centros de reassentamento há anos. Algumas delas conseguem refazer as suas vidas no novo local, porque não têm vontade de voltar ao local de origem. Muitas delas - da nossa experiência de trabalho - quando fogem para um sítio onde têm acesso a mais escolaridade para os filhos, não voltam ao local de origem onde viviam, em aldeias onde as escolas secundárias estavam 50, 60 quilómetros e os filhos não tinham possibilidade de estudar. Essa tem sido uma das razões que levam a que as famílias fiquem além, obviamente, da questão da segurança. O Programa Mundial da Alimentação tem estado a receber grandes cortes de financiamento. Não fazem entregas como faziam há uns anos.Quando acontecem estas situações agudas, como foi agora, as instituições governamentais moçambicanas através do INGD têm a possibilidade de dar algum apoio, mas é simplesmente um “penso-rápido” para resolver o problema na hora. Aquilo não vai curar nada. Ninguém consegue sobreviver durante um largo período de tempo com essa ajuda. As pessoas estão muito cansadas desta situação, desta precariedade, quando já se deslocaram para um sítio, ainda têm de se deslocar para outro. Há muitas pessoas que não têm grande escolha.Outra situação que é muito importante, é que aqui, normalmente, metade dos agregados familiares são crianças. Quando há esta movimentação, metade dos números normalmente correspondem a crianças, porque a taxa de natalidade é muito grande e, por isso, os números são sempre muito pesados no que diz respeito ao número de crianças que são vítimas destas situações. E também provavelmente as mulheres? Sim, as mulheres sofrem de uma grande fragilidade. No norte de Moçambique temos, quer por questões religiosas, quer também por questões culturais apesar de serem a força da família - as mulheres são vistas com um papel secundário. Há muitos homens que pura e simplesmente fazem um filho e abandonam. Há muitas mulheres solteiras com crianças. Há sempre relatos de mulheres que estão numa situação de fragilidade porque se não têm uma protecção familiar, facilmente se vêem a braços com situações ainda mais graves, nomeadamente de abuso sexual. Há muitas crianças envolvidas no meio disto tudo. Como é que essas crianças, esses jovens, olham para o futuro? Eles que acabam por nascer ou crescer numa região que supostamente prometia tudo e que neste momento não lhes promete absolutamente nada? A Helpo tem estado muito atenta a esta situação, inclusive eu estou a fazer um mestrado em Estudos Africanos e a minha tese de mestrado tem a ver com isso, com o impacto destas calamidades, entre as quais o terrorismo nos percursos escolares dos jovens de uma aldeia específica, de Mocímboa da Praia onde a Helpo trabalha desde 2011. Aquilo que nós podemos sentir é que se calhar este é o problema - é uma causa e acaba por ser a raiz do problema - os jovens hoje em dia têm muita dificuldade em perceber o real valor da escola. Ou seja, há muitos jovens que não têm acesso à escola e aqueles que têm acesso à escola sentem que, mesmo estudando, mesmo concluindo a escola secundária, não há oportunidades de emprego. Sentem que estudam e que não lhes serve de nada. Aquilo que acontece normalmente é que estes jovens ficam sem esperança, ficam sem objectivos e por isso são, facilmente, aliciados para integrarem estas forças de insurgentes. Porque sabemos que tem sido assim que têm funcionado. Mais do que questões religiosas, é sobretudo a falta de perspectivas de futuro, o facto de estarem muito zangados com aquilo que acontece no país, não terem perspectivas sobretudo na parte da educação.Para quem conhece Cabo Delgado tem cerca de 2.600.000 habitantes. É uma área vasta e é uma província que apenas tem duas cidades, Nampula e Montepuez. Depois o resto são vilas, o que faz com que em muitos dos distritos de Cabo Delgado apenas haja uma ou duas escolas secundárias, ou seja, há pouca distribuição de escolas secundárias. Há pouco Estado na província, porque há muita zona rural. Há muito mato, muita floresta, que são coisas boas, são ricas, mas é difícil conseguir-se emprego. O único emprego que as pessoas conseguem é o de subsistência, que é conseguir ter uma machamba, um campo agrícola, onde vão cultivar para sobreviver e vender alguma coisa. Mas os jovens hoje em dia já ambicionam coisas diferentes, todos os jovens têm acesso às redes sociais, vêem como vivem os jovens em Maputo, vêem como vivem os jovens na Europa e ambicionam coisas diferentes. Por isso, aquilo que antigamente era o passaporte para uma vida melhor - o acesso à educação - neste momento, não garante que esse passaporte permita o elevador social.
O Oriente Médio e o norte da África nunca mais foram os mesmos depois que as flores começaram a desabrochar no coração de quem foi às ruas! Separe trinta minutos do seu dia e aprenda com o professor Vítor Soares (@profvitorsoares) sobre uma das mais imporantes civilizações da nossa história, os Fenícios. Se você quiser ter acesso a episódios exclusivos e quiser ajudar o História em Meia Hora a continuar de pé, clique no link: www.apoia.se/historiaemmeiahora Compre o livro "História em Meia Hora - Grandes Civilizações"! https://www.loja.literatour.com.br/produto/pre-venda-livro-historia-em-meia-hora-grandes-civilizacoesversao-capa-dura/ Compre nossas camisas, moletons e muito mais coisas com temática História na Lolja! www.lolja.com.br/creators/historia-em-meia-hora/ PIX e contato: historiaemmeiahora@gmail.com Apresentação: Prof. Vítor Soares. Roteiro: Prof. Vítor Soares e Prof. Victor Alexandre (@profvictoralexandre) REFERÊNCIAS USADAS: - GENYI, George A. “A chegada da Primavera Árabe na Argélia e no Sudão: paralelos comparativos e intuitivos”. Revista Brasileira de Estudos Africanos, Porto Alegre, v. 6, n. 12, Jul./Dez. 2021, p. 197-219. - JOFFÉ, George. A PRIMAVERA ÁRABE NO NORTE DE ÁFRICA ORIGENS E PERSPECTIVAS DE FUTURO. Relações Internacionais, n. 30, 2011.0 - PENA, Rodolfo F. Alves. “Crise financeira global”. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/crise-financeira-global.htm. - Apoio à pesquisa: João Vitor (@joaovitorferreirabr)
Estreou há dias no festival de cinema de Roterdão o documentário "Mário"sobre a figura do líder de libertação angolano Mário Pinto de Andrade. Realizado pelo americano Billy Woodberry, realizador pertencente ao 'LA Rebellion', movimento de jovens cineastas afro-americanos que tem procurado dar relevo à comunidade negra americana, este filme centra-se essencialmente sobre o percurso político de Mário Pinto de Andrade. Nascido em Agosto de 1928 no norte de Angola, Mário Pinto de Andrade, faz os seus estudos primários e secundários em Luanda, antes de seguir para Lisboa em 1948 para, designadamente filologia clássica. É nestas circunstâncias, na casa dos Estudantes do Império, que vai travar conhecimento com estudantes e intelectuais de outras partes de África lusófona, nomeadamente Amílcar Cabral e Eduardo Mondlane. Com eles participa nas actividades culturais relacionadas com África, tendo sido um dos fundadores, em 1951, do Centro de Estudos Africanos.Em 1954, parte rumo a Paris para estudar a sociologia na Sorbonne. Muito activo tanto política como culturalmente, é em Paris que vai conhecer Léopold Sédar Senghor e Nelson Mandela. é também nessa altura que conhece a sua futura mulher, a cineasta de origem antilhesa Sarah Maldoror, considerada a pioneira do cinema africano.Independentista, envolvido na organização dos encontros dos movimentos de libertação que decorreram durante os anos de luta, primeiro presidente do movimento que contribuiu para fundar, o MPLA, Mário Pinto de Andrade, foi cedo posto de parte da direcção desse partido, palco de divisões internas, bem antes da independência. Mário Pinto de Andrade não deixa contudo o activismo e será, nomeadamente ministro da cultura do primeiro executivo pós-independência da Guiné-Bissau. Antes de morrer em Londres, em 1990, vai igualmente envidar esforços para se alcançar a paz no seu país.É esta história, o percurso de uma figura muito densa, que se conta no filme "Mário", com o testemunho que pessoas que o conheceram de perto, com arquivos e com o fio condutor de uma entrevista concedida nos anos 80 à jornalista portuguesa Diana Andringa.Teresa Gusmão, produtora associada, ligada à produtora portuguesa "divina comédia" que tornou este filme possível, contou à RFI a génese deste projecto."A verdadeira génese é a participação de Billy Woodberry num programa de cinema português com os arquivos do 'Harvard Film Archive', um programa chamado 'Harvard na Gulbenkian' que em 2014 foi produzido pelo produtor deste filme, o Alexandre Santos, e onde os filmes da 'LA Rebellion' foram convidados, nomeadamente o do Billy Woodberry 'Bless Their Little Hearts'. Ele já tinha alguma relação com Portugal, tinha visitado e desde a altura desse movimento, nos anos 80 em que fez este filme, que ele lia sobre as lutas de libertação de Portugal, sobretudo sobre Amílcar Cabral e um poeta angolano chamado Mário Pinto de Andrade. Ele entretanto decidiu encetar em Portugal esse projecto" conta Teresa Gusmão que participou activamente na elaboração do filme.O filme foi construído designadamente com os testemunhos de quem lutou, foi amigo e íntimo de Mário Pinto de Andrade. Henda Ducados, uma das duas filhas de Mário Pinto de Andrade e de Sarah Maldoror, falou do pai neste documentário e disse à RFI o que achou do resultado do filme."Eu achei o filme muito interessante. O filme surpreendeu-me pelo facto de ouvir a história na primeira pessoa, quando é o o próprio Mário que conta a história dos seus pais, alguns acontecimentos históricos, é um filme que para mim é carregado de emoções. A única coisa que lamento um pouco é que é um filme que destaca principalmente a dimensão política. Não destaca suficientemente a dimensão cultural e intelectual", diz Henda Ducados.Questionada sobre este aspecto, Teresa Gusmão explica a opção de o filme se focar sobretudo no perfil político de Mário Pinto de Andrade."Todas as notas que ele tem em relação a todos os documentos ou dos artigos que publicou e que coleccionou, têm o cuidado de ficar organizados por temas por cronologia e com um rigor de interpretação. E ele, ele Mário Pinto de Andrade, privilegia esta questão política" refere a produtora associada.Também presente no filme, o economista guineense Carlos Lopes dá conta da importância que Mário Pinto de Andrade teve na sua vida. Então jovem estudante, Carlos Lopes conheceu-o quando ele se tornou ministro da cultura na Guiné-Bissau, no final dos anos 70, antes do golpe de 1980."Foi a primeira pessoa com quem trabalhei. Eu estava numa situação de não poder continuar mais os estudos na Guiné-Bissau (...) Não havia universidade, eu queria continuar a aprender e, por um conjunto de circunstâncias, o meu pai tinha participado na ajuda à luta de libertação nacional, acabou por ser preso pela PIDE, quando saiu, tinha uns amigos muito próximos na direcção superior do PAIGC que frequentavam a casa (...) e um em particular, o comandante 'Gazela', que disse que me ia apresentar um angolano que era uma figura intelectual e que provavelmente poderia fazer alguma coisa por mim" conta Carlos Lopes ao recordar a época em que Mário Pinto de Andrade, então a residir na Guiné-Bissau, lhe pediu para organizar a sua biblioteca."Fiquei sob a asa dele e foi ele que depois conseguiu uma bolsa para eu ir estudar para a Suíça. Fiquei com essa dívida moral, em dívida também emocional para com ele, mas o mais importante é que ele me ensinou toda a gramática do pan-africanismo, introduziu-me nos métodos de pesquisa e foi através dos ensinamentos de Mário Pinto de Andrade que eu conheci Amílcar Cabral no detalhe, porque ele era o seu biógrafo e também o seu alter-ego, e passei um grande estudioso da obra de Cabral que influencia tudo o que faço até hoje", recorda o economista guineense.É também a dimensão intelectual de Mário Pinto de Andrade que sobressai na memória de Henda Ducados que em 30 anos de vida em Angola, tem trabalhado activamente para que o pai seja lembrado na história do seu país, nomeadamente através da estrutura que fundou com a irmã, Annouchka de Andrade, a Associação dos Amigos de Sarah Maldoror e Mário de Andrade."O legado principal (dos dois) para mim é o amor às belas letras, a humildade, a emancipação cultural. Dizia que tudo passa pela leitura. é isso que tento transmitir à minha filha. O segundo legado também são os arquivos porque, olhando bem, nós temos um acervo fantástico, preservado, estruturado, tanto do lado da Sarah Maldoror, como do lado de Mário Pinto de Andrade, que está disponível obviamente, mas que está a ser utilizado pelas universidades. Temos algo para partilhar", diz Henda Ducados ao evocar as diversas iniciativas que organiza com a associação que coordena juntamente com a irmã, no sentido de dar a conhecer a vida e obra dos pais, Sarah Maldoror e Mário Pinto de Andrade.Ao considerar que a figura do pai e o seu contributo para a história de Angola têm vindo paulatinamente a ser reconhecidos, Henda Ducados constata todavia que ainda "há um grande caminho a percorrer, mesmo se houve bastantes melhorias, uma maior abertura, mas tudo isso é um processo".
Magdalena Bialoborska Chambel publicou o livro "Dêxa Puíta Sócó(m)pé. Música em São Tomé e Príncipe: do colonialismo à independência", mostrando a "incrível riqueza" da música são-tomense. Ússua, socopé e dêxa são apenas alguns dos géneros musicais de São Tomé e Príncipe que figuram no novo livro da investigadora Magdalena Bialoborska Chambel chamado "Dêxa Puíta Sócó(m)pé. Música em São Tomé e Príncipe: do colonialismo à independência", que conta através dos diferentes géneros musicais existentes no país os últimos 150 anos deste arquipélago africano.Magdalena Bialoborska Chambel é investigadora do Centro de História da Universidade de Lisboa, especializada em Estudos Africanos, e já levou a cabo projectos não só em São Tomé e Príncipe, mas também Guiné-Bissau ou Cabo Verde.Em entrevista à RFI, esta académica explicou as razões de ter levado a cabo esta investigação e de onde surgiu a ideia para o título deste livro."Sócópé, Dêxa e Puíta são três géneros musicais das ilhas, três dos vários. Dêxa é um género musical da ilha do Príncipe, Puíta veio ou foi criado nas ilhas pelos trabalhadores que vieram de Angola e Sócópé é um género musical dos ilehus da ilha de São Tomé, tocada tanto no Príncipe como em São Tomé. São três géneros musicais, mas também um jogo de palavras. O título foi criado pelo Angelo Torres, autor e realizador são-tomense que quando eu comecei a trabalhar sobr ea música de São Tomé e Príncipe sugeriu este título", explicou a investigadora.O livro abrange a segunda parte do século XIX até aos anos 90 do século XX, acompanhando a história deste país, com a criação as roças de café e cacau em São Tomé e Príncipe e com a consequente chegada dos trabalhadores contratados Angola, Cabo Verde e Moçambique. Esta chegada, por exemplo, "mudou a estrutura social das ilhas e o panorama musical", como explicou a investigadora."A música é um espelho em que se pode ver a sociedade, aquilo que se passa, as mudanças, alterações sociais. A música acompanha todas estas mudanças", afirmou Magdalena Bialoborska Chambel.Para fazer este livro, a investigadora teve de consultar e organizar fontes como livros, biografias, mas também jornais, assim como registos audio e fotografias. Outra fonte preciosa, foi o arquivo da Rádio Bacional de São Tomé e Príncipe composto por várias gravações.Assim, através deste estudo, fica demonstrado que apesar da reduzida dimensão territorial e de habitantes, São Tomé e Peíncipe encerra uma riqueza musical "incrível", com dezenas de grupos musicais e géneros diferentes que convivem no arquipélago."Quando comecei a ir a São Tomé e Príncipe sobre outro projecto conhecia pouco sobre a música do país. Durantes estes anos fui constatando a incrível riqueza deste peqeuno universo, porque estamos a falar de duas ilhas que têm 200 mil habitantes, mas no período descrito no livro, havia cento e pouco mil habitantes, portanto as dezenas de grupos musicais e de géneros musicais. Nós não temos essa noção", declarou.O livro "Dêxa Puíta Sócó(m)pé. Música em São Tomé e Príncipe: do colonialismo à independência" foi apresentado em Lisboa em Abril.
A nossa convidada de hoje é Telma Tvon. Nasceu em Luanda em 1980, e veio para Portugal em 1993. É licenciada em Estudos Africanos e mestre em Serviço Social. Foi aos 16 anos que começou a sua carreira como rapper. Com as MCs Lady, LG e Zau, formou o grupo Backwordz. Em 2001, coordenou a gravação da mixtape RAParigas na voz do soul. Formou o grupo Lweji com a MC e cantora de soul Geny e lançaram o CD Finalmente em 2005. Em 2017, lançou o seu primeiro livro, intitulado Um Preto Muito Português.
Nesta quinta-feira, 23/03/2023, às 19h30, no canal do Youtube @mulheresnacomunicacao, a Associação Mulheres na Comunicação (AMC), promove sua terceira live especial #8M 2023, na qual dialoga com o público sobre temas que tiveram grande comoção nas redes sociais. . O tema da nossa terceira live será “Mulheres Afrodiaspóricas, religiosidades e feminismos”. . Partindo de recortes da história do Brasil, pretendemos exaltar a herança de matriz africana, implicita na religiosidade e relacionada as raízes da população negra, em especial, a trajetória das mulheres negras e sua atuação nos movimentos políticos e culturais em busca de justiça, fomentando assim o feminismo negro. . A apresentação da Live será conduzida pela companheira Maianí Gontijo, que é comunicadora social, especialista em Gestão Cultural, Inovação e Mídias Interativas e MBA em Assessoria de Imprensa na Comunicação Digital, estrategista em comunicação digital, marketing digital e político. E, contará com a participação: . Mestra Letícia Rocha - Mestra em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. Pós-graduada em Neuropsicologia Educacional-Faculdades Santo Agostinho. Pós-graduação em Pensamento Andino e Feminismo Descolo-nial pelo Instituto de Estudios de Culturas Andinas e Grupo Latinoamericano de Estudios y Formación y Acción Feminista. Graduada em Ciências da Religião pela Universidade Estadual de Montes Claros. . Dra. Rosinalda Olaséní Côrrea da Silva Simoni - Graduada em História; Especialista em Gestão do Patrimônio Cultural;Mestra em Arqueologia, Dou-tora em Ciências da Religião, Pós doutora em história. Atualmente cursa o doutorado em História pela Universidade Estadual de São Paulo/UNESP; e pós doutorado em história pela PUC GO. Grupos de Pes-quisa: RELFET- Rede Latino Americana e Caribenha de Pesquisadores sobre Feminismos de Terreiros; Memória social Subjetividade e Cultura, Pontifícia Universidade Católica de Goiás; OBIAH- Grupo de estudos interculturais Decoloniais da Linguagem (UFG);ABPN-Associação Brasileira de Pesquisadores negros, NEGRARQUEO, Coletivo de arqueólogos Negros, Núcleo Interdisciplinar de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros, do(a) Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Coordenadora do GT História da África e africanidades da ANPHU Regional Goiás. Diretora Fundadora da Tekohá Pesquisas Patrimoniais. . Dra. Thais Alves Marinho - Doutora em Sociologia pela Unb. Possui pós-doutorado em História pela UFMG. Professora do Programa de Pós-Graduação em História (em que atua como coordenadora) e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC Goiás, membro cofundadora da Rede Latino-americana e Caribenha de pesquisas sobre Feminismos de Terreiros (RELFET), líder do grupo de pesquisa Memória Social e Subjetividade (CNPQ/PUC Goiás), membro do grupo de pesquisa Cultura, Memória e Desenvolvimento (UNB/CNPQ). . O conteúdo desta live será disponibilizado nos demais canais da AMC - rádio web "Mulheres na Comunicação" (www.mulheresnacomunicacao.com); canal "Mulheres na Comunicação" nas principais plataformas de streaming de áudio; e, também, nas nossas redes sociais no @mulheresnacomunicacao. . Não perca! Assista, participe, curta e compartilhe! . Inscreva-se no nosso canal, assim você receberá prioritariamente nossos novos conteúdos. Ajude-nos a fazer esse conteúdo chegar mais longe e alcançar quem precisa dessas informações. Fortaleça nossa rede de comunicação comunitária e democrática!
Dados do relatório State Of Tech Diversity: The Black Tech Ecosystem do Kapor Center, mostram que de 2014 a 2021, o número de profissionais pretos em grandes empresas de tecnologia cresceu apenas 1%. Para entender os desafios e progressos da inclusão da população negra na tecnologia, este episódio do N² conversa com o mestre em Informática Aplicada e Co-fundador da OnePercent e do Pox, Fausto Vanin, e com a pós-doutora em Estudos Africanos e assistente de Content/SEO Pleno da On2, Camila Andrade. A mediação é da jornalista Tatiana Py Dutra. Get full access to BrazilJS at www.braziljs.org/subscribe
Edalina Rodrigues Sanches é doutorada em Ciência Política pela Universidade de Lisboa e é actualmente Investigadora Auxiliar no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Os seus interesses de investigação incluem democratização, representação, ligações partidos-cidadãos, comportamento político, e dedicação ao círculo eleitoral, com enfoque em África. A sua tese de doutoramento foi distinguida com o prémio da Associação Portuguesa de Ciência Política em 2016, e deu origem ao livro «Party Systems in Young Democracies: Varieties of institutionalization in Sub-Saharan Africa, publicado pela Routledge. -> Apoie este projecto e faça parte da comunidade de mecenas do 45 Graus em: 45grauspodcast.com _______________ Índice da conversa: (3:35) Início da conversa (6:47) O processo de descolonização do pós II GM. | O que se passou para tantos líderes promissores da independência se terem revelado ditadores? (12:21) A «3ª vaga de democratização»: O que correu mal? | Como evoluiu de lá para cá? Francis Fukuyama e o Fim da História. | O que há de especial nos países africanos mais democráticos? (26:57) Os desafios da democracia em África. Diversidade étnica e comunitarismo. | É preciso “africanizar a democracia”. O caso de sucesso do Botswana (38:13) O tipo de colonização de cada país impactou o sucesso da democratização? A «maldição dos recursos naturais». É possível prever o sucesso da democratização com base em diferentes realidades pré-coloniais? (48:34) Casos de sucesso de democratização no século XXI? Seicheles, Zâmbia, Malawi (acção do Tribunal Constitucional). Mo Ibrahim Index of African Governance (IIAG). | O caso do Rwanda. (57:10) Casos de INsucesso de democratização no século XXI? Guiné Equatorial, Eswatini, Chade, Camarões, Djibuti. | O mundo lusófono: Angola e Moçambique. (1:04:22) Que podemos esperar no futuro da democracia em África? O crescimento dos protestos populares em vários países. Livro recomendado: Marcher, une philosophie, de Frédéric Gros _______________ África é um continente gigante, com 54 países, étnica e culturalmente diverso e com um enorme potencial ainda por desenvolver. Mas é também vítima de uma História… complicada (para usar um eufemismo), com séculos de exploração europeia, primeiro, e colonialismo, depois. O pós II Guerra Mundial trouxe uma nova esperança ao continente, com 30 países a tornarem-se independentes entre 1945 e 1960. As promessas de democracia e liberdade saíram, porém, esfumadas, com muitos países a acabarem dominados por regimes autoritários. No final dos anos 1980, começou uma nova era de optimismo, com a chamada “3ª onda de democratização mundial” (cujo início se convencionou ser o nosso 25 de abril) a ganhar em África um ímpeto especialmente grande, combinando uma conjuntura internacional favorável (com a queda da URSS) com importantes protestos políticos a nível doméstico. Neste período, diversos países conseguiram iniciar processos de liberalização política para sistemas mais democráticos. No entanto, desde então, a verdade é que tem havido poucos ou nenhuns progressos ao nível da democracia em África (sobretudo se excluirmos a Primavera Árabe, no caso dos países acima do Sahara, cujo sucesso, de resto, acabou por ser reduzido). Hoje, menos de 10 de entre os 54 países que compõem o continente, são considerados democracias “liberais”. Se excluirmos países-ilhas, falamos essencialmente do Gana e dos três países mais a sul: África do Sul, Botswana e Namíbia. Ao olhar para o estado da democracia em África há, por isso, várias perguntas a que é preciso responder. O que correu mal no processo de independência, em particular naqueles países que tinham, na altura, líderes independentistas tão promissores? No sentido inverso, o que permitiu os avanços da democracia nos anos 1990? E o que explica os parcos progressos desde então? Por outro lado, que factores comuns podemos identificar num continente tão grande e tão diverso? E, finalmente, o que podemos esperar no futuro da democracia no continente nas próximas décadas? Para responder a estas questões, dificilmente poderia pedir melhor pessoa do que a convidada deste episódio. Foi uma conversa muito elucidativa, sobre uma realidade muito complexa e à qual não damos, porventura, a devida atenção. _______________ Obrigado aos mecenas do podcast: Julie Piccini, Ana Raquel Guimarães Galaró family, José Luís Malaquias, Francisco Hermenegildo, Nuno Costa, Abílio Silva, Salvador Cunha, Bruno Heleno, António llms, Helena Monteiro, BFDC, Pedro Lima Ferreira, Miguel van Uden, João Ribeiro, Nuno e Ana, João Baltazar, Miguel Marques, Corto Lemos, Carlos Martins, Tiago Leite Tomás Costa, Rita Sá Marques, Geoffrey Marcelino, Luis, Maria Pimentel, Rui Amorim, RB, Pedro Frois Costa, Gabriel Sousa, Mário Lourenço, Filipe Bento Caires, Diogo Sampaio Viana, Tiago Taveira, Ricardo Leitão, Pedro B. Ribeiro, João Teixeira, Miguel Bastos, Isabel Moital, Arune Bhuralal, Isabel Oliveira, Ana Teresa Mota, Luís Costa, Francisco Fonseca, João Nelas, Tiago Queiroz, António Padilha, Rita Mateus, Daniel Correia, João Saro João Pereira Amorim, Sérgio Nunes, Telmo Gomes, André Morais, Antonio Loureiro, Beatriz Bagulho, Tiago Stock, Joaquim Manuel Jorge Borges, Gabriel Candal, Joaquim Ribeiro, Fábio Monteiro, João Barbosa, Tiago M Machado, Rita Sousa Pereira, Henrique Pedro, Cloé Leal de Magalhães, Francisco Moura, Rui Antunes7, Joel, Pedro L, João Diamantino, Nuno Lages, João Farinha, Henrique Vieira, André Abrantes, Hélder Moreira, José Losa, João Ferreira, Rui Vilao, Jorge Amorim, João Pereira, Goncalo Murteira Machado Monteiro, Luis Miguel da Silva Barbosa, Bruno Lamas, Carlos Silveira, Maria Francisca Couto, Alexandre Freitas, Afonso Martins, José Proença, Jose Pedroso, Telmo , Francisco Vasconcelos, Duarte , Luis Marques, Joana Margarida Alves Martins, Tiago Parente, Ana Moreira, António Queimadela, David Gil, Daniel Pais, Miguel Jacinto, Luís Santos, Bernardo Pimentel, Gonçalo de Paiva e Pona , Tiago Pedroso, Gonçalo Castro, Inês Inocêncio, Hugo Ramos, Pedro Bravo, António Mendes Silva, paulo matos, Luís Brandão, Tomás Saraiva, Ana Vitória Soares, Mestre88 , Nuno Malvar, Ana Rita Laureano, Manuel Botelho da Silva, Pedro Brito, Wedge, Bruno Amorim Inácio, Manuel Martins, Ana Sousa Amorim, Robertt, Miguel Palhas, Maria Oliveira, Cheila Bhuralal, Filipe Melo, Gil Batista Marinho, Cesar Correia, Salomé Afonso, Diogo Silva, Patrícia Esquível , Inês Patrão, Daniel Almeida, Paulo Ferreira, Macaco Quitado, Pedro Correia, Francisco Santos, Antonio Albuquerque, Renato Mendes, João Barbosa, Margarida Gonçalves, Andrea Grosso, João Pinho , João Crispim, Francisco Aguiar , João Diogo, João Diogo Silva, José Oliveira Pratas, João Moreira, Vasco Lima, Tomás Félix, Pedro Rebelo, Nuno Gonçalves, Pedro , Marta Baptista Coelho, Mariana Barosa, Francisco Arantes, João Raimundo, Mafalda Pratas, Tiago Pires, Luis Quelhas Valente, Vasco Sá Pinto, Jorge Soares, Pedro Miguel Pereira Vieira, Pedro F. Finisterra, Ricardo Santos _______________ Esta conversa foi editada por: Hugo Oliveira _______________ Bio: Edalina Rodrigues Sanches é doutorada em Ciência Política (Universidade de Lisboa) e Investigadora Auxiliar no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Os seus interesses de investigação incluem democratização, protesto popular, desenvolvimento dos partidos e sistemas partidários e representação política, com enfoque em África. A sua investigação tem sido publicada em revistas como Party Politics, African Affairs, Journal of Contemporary African Studies, Parliamentary Affairs, Electoral Studies, entre outras. Publicou recentemente o livro Party Systems in Young Democracies: Varieties of institutionalization in Sub-Saharan Africa (Routledge, 2018) e organizou o livro Popular Protest, Political Opportunities, and Change in Africa (Routledge, 2022). Integra a comissão editorial das revistas Caderno de Estudos Africanos e Análise Social.
Finalmente, chegou o dia. Depois de MESES, conseguimos dar continuidade ao nosso episódio sobre anarquismo, agora abordando um grande "pavor" da política mundial - o COMUNISMO. Sim, o fantasma vermelho está nos rondando. Trouxemos João Coimbra Sousa (@coimbrasousa), advogado, mestre em Direito e doutorando em Estudos Africanos, além de militante comunista do PCB/BA, pra discutir O QUE É e o que NÃO É comunismo. História, teoria, prática, verdades e mitos. Os comunistas vão tomar a sua casa? Os comunistas comem criancinha? Já tivemos governo comunista no Brasil? Qual a diferença entre socialismo e comunismo? Muitas perguntas, que discutimos e respondemos a partir de uma frase bem importante - "o comunismo é tudo aquilo que o capitalismo não é". O assunto principal da semana começa a partir do minuto 15, mais ou menos. Antes disso, a gente faz rapidinho o nosso giro da semana com as notícias sobre política, economia, comportamento e afins. E no final, temos as dicas culturais da semana. Para ouvir, acesse www.imaginasepeganoolho.com.br ou então procure seu feed favorito em https://linktr.ee/imaginasepeganoolho (link tá na bio!) #comunismo #comunista #comunistas #socialismo #socialista #socialistas #marx #karlmarx #marxismo #lenin #leninismo #trotsky #trotskismo #maoismo #mao #maotsetung #ocapital #partidocomunista #partidocomunistabrasileiro #pcb #up #unidadepopular #unidadepopularpelosocialismo
Neste episódio Geovane Resende, Guga Ravidell e Betão conversam com João Coimbra, Advogado Criminalista, Mestre em Direito e Doutorando em Estudos Africanos, Candidato a Vice-Governador - PCB/BA. Conversamos com o João sobre; jogos, Socialismo e Luta de Classes. Confira a seguir: João Coimbra TwitterInstagramBetãoTwitterTwitchGuga RavidelTwitterTwitch Geovane ResendeTwitterLinks Fala Gamer CastTwitterYoutubeInstagramSpotifyDeezerApple PodcastSite WebE-mail – falagamercast@gmail.comApresentação: Geovane Resende e Gustavo RavidellProdução/Edição: Geovane Resende Sonorização e Montagem: Geovane Resende Pauta: Gustavo Ravidell Convidado: João Coimbra e Betão
Bem-vindos ao podcast Boca de Trapos! No episódio desta semana, destaque para a conversa com Cláudia Leal, jornalista da Televisão de Moçambique e uma das caras mais queridas da RTP África. Neste momento dedica-se aos Estudos Africanos e partilha connosco o seu percurso. Há tempo também para algumas sugestões de eventos culturais para os próximos dias. Este é o penúltimo episódio antes da paragem para férias. Com: Mónica Moreira. Novos episódios à segunda-feira. Sigam o Boca de Trapos: Facebook + Instagram Contacto: bocadetrapos@gmail.com Logo, Intro e Outro: Alright Creative Studio. Música "Can't Stop Me", Andrey Sitkov (Humble Big Music Bundle), voz Pedro Barão Dias.
A Revolução de Abril trouxe o fim oficial do império português. Um império que serviu a pilhagem de terras, a expropriação de recursos, a massiva violação sexual e a transformação de corpos negros em mercadoria, criando o maior mercado transatlântico de pessoas escravizadas na história. O processo de descolonização deu-se por terminado sem uma reparação das suas vítimas e um apuramento de responsabilidades. Será possível pagar as dívidas do colonialismo? Como convidados para este debate ao vivo, parte do programa “Mais Um Dia”, do Teatro Municipal São Luiz, tivemos Elísio Macamo, professor catedrático de Estudos Africanos e Sociologia na Universidade de Basileia, Jessica Bruno, doutoranda do programa de pós-colonialismos e cidadania global do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, e Yussef, militante do Movimento Africano de Trabalhadores e Estudantes – RGB e membro do grupo Consciência Negra. Sabe mais em https://fumaca.pt/debate-a-divida-publica-do-colonialismo/ Ajuda-nos a ser o primeiro projeto de jornalismo português totalmente financiado pelas pessoas: https://www.fumaca.pt/contribuir See omnystudio.com/listener for privacy information.
Neste episódio entrevistamos a professora, pesquisadora e doutoranda pela UDESC Tathiana Cassiano, que falou conosco sobre seu trabalho de História das Áfricas a partir da Literatura. Nossa relação com essas histórias tem sido há muito tempo mediada por leituras que nos foram legadas pela historiografia europeia. Para criar um canal direto com o continente africano, local onde repousam muitas de nossas raízes, Tathiana desenvolveu um trabalho sobre a escritora nigeriana Flora Nwapa, em busca de conhecer e analisar as histórias sobre as Áfricas, especialmente das experiências das mulheres da etnia Igbo, do sudeste nigeriano. A partir das pesquisas de Tathiana passamos a conhecer esta autora, suas obras e os impactos que elas tiveram na sociedade nigeriana e, também, em outras partes do mundo, como no Brasil. Ouçam este episódio, leiam literatura africana! Enviem seus comentários e perguntas! Arte da Capa Arte do Episódio: Augusto Carvalho Financiamento Coletivo Ajude nosso projeto! Você pode nos apoiar de diversas formas: PADRIM – só clicar e se cadastrar (bem rápido e prático) https://www.padrim.com.br/fronteirasnotempo PIC PAY [https://app.picpay.com/user/fronteirasnotempo]– Baixe o aplicativo do PicPay: iOS / Android PIX: [chave] fronteirasnotempo@gmail.com Saiba mais da nossa convidada Tathiana Cristina da Silva Anizio Cassiano Currículo Lattes Instagram Twitter e-mail: tathi.leandro@gmail.com Laboratório de Estudos Pós-Coloniais e Decoloniais – AYA – https://ayalaboratorio.com/ Literatura Africana ACHEBE, Chinua. O mundo se despedaça. São Paulo: Cia das Letras, 2009. ACHEBE, Chinua. A flecha de Deus. São Paulo: Cia. Das Letras, 2011. ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Hibisco Roxo. São Paulo: Cia das Letras, 2011. MUKASONGA, Scholastique. A Mulher de Pés Descalços. São Paulo: Ed. Nós, 2017. NWAPA, Flora. Efuru. Londres: Heinemann, 1966. Produção da convidada e indicações bibliográficas sobre o tema abordado Laboratório de Estudos Pós-Coloniais e Decoloniais – AYA – https://ayalaboratorio.com/ Mulheres na História da África – Projeto da Unesco – https://en.unesco.org/womeninafrica/ CASSIANO, Tathiana Cristina. História das Áfricas e Literatura: as mulheres igbos na escrita literária de Flora Nwapa. Revista Transversos. Dossiê: O protagonismo da mulher negra na escrita da história das Áfricas e das Améfricas Ladinas. Rio de Janeiro, nº. 21, 2021. pp. 114-132. Disponível em: . ISSN 2179-7528. DOI: 10.12957/transversos.2021.54915. ACHEBE, C. Morning Yet on Creation Day: essays. New York: Anchor Press and Doubleday, 1976. AMADIUME, I. “Macalester International African Women: Voicing Feminisms and Democratice Futures”. Macalester International, v. 10, 2001, p. 47–68. BALLESTRIN, L. M. de A. “América Latina e o giro decolonial”. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 11, 2013, p. 89–117. CALHEIRO, I.; OLIVEIRA, E. 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Disponível: http://www.deviante.com.br/?p=52045&preview=true Madrinhas e Padrinhos Adilson Lourenço da Silva Filho, Alexsandro de Souza Junior, Aline Lima, Álvaro Vitty, Anderson Paz, André Luís dos Santos, Andre Trapani Costa Possignolo, Barbara Marques, Carolina Pereira Lyon, Ceará, Charles Calisto Souza, Cláudia Bovo, Daniel Rei Coronato, David Viegas Casarin, Elisnei Menezes de Oliveira, Ettore Riter, Flavio Henrique Dias Saldanha, Iara Grisi Souza e Silva, João Carlos Ariedi Filho, José Carlos dos Santos, Lucas Akel, Luciano Abdanur, Manuel Macias, Marcos Sorrilha, Mayara Araujo dos Reis, Willian Spengler e padrinho anônimoSee omnystudio.com/listener for privacy information.
No dia 24 de janeiro, o congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, foi assassinado na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, por cobrar 200 reais de salário atrasado no quiosque Tropicália, local onde trabalhava.Seu corpo foi achado amarrado em uma escada. O jovem foi espancado até a morte por Fábio Pirineus da Silva, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca e Brendon Alexander Luz da Silva, todos foram presos. O caso repercutiu na mídia e diversos protestos ao redor do Brasil foram feitos, pedindo o fim do racismo e xenofobia, além de #JustiçaParaMoise. Para falar mais sobre o caso, entrevistamos Mariana Corrêa, Doutoranda em Relações Internacionais pelo IRI-USP. Mestra em Estudos Africanos pela Universidade de Lisboa e Bacharela em Relações Internacionais. Com as jornalistas Júlia Aguiar e Lays Vieira. APOIE O JMPrecisamos da sua contribuição para continuar existindo e ampliar nossa cobertura, apoie com qualquer valor no link: https://app.benfeitoria.com/p/apoie-o-jm ou faça um PIX para: sigametamorfose@gmail.com www.jornalmetamorfose.comInstagram: @jornalmetamorfoseTwitter: @ometamorfoseYoutube: Jornal Metamorfose
Neste episódio, recebemos Jouberth Godoy, mestrando em Estudos Africanos pela Universidade de Lisboa, para falar sobre a situação do Congo, de onge fugiu Moïse Kabagambe, cujo assassinato chocou o Brasil; a instabilidade na África Ocidental, que tem sofrido com golpes de Estado nos últimos meses; e a Copa Africana de Nações.
Episódio promovido pelo Núcleo de Estudos Africanos, Afrobrasileiros e Indígenas da Unilab, que integra a programação do 6º Novembro Afro-Brasileiro. Assista também ao episódio 01. Entrevistadas: Profa. Andreia Beatriz Silva Santos (UEFS e SESAB), Doutoranda Carleane Patrícia da Silva Reis (UFSC), Profa. Dra. Luciana Aparecida ELias (UFJ). Entrevistadoras: Profa. Jacqueline da Silva Costa (Unilab), Profa. Lívia Paulia Dias Ribeiro (Unilab) Edição: Lívia Paulia Dias Ribeiro (Unilab), Victor Martins de Souza (Unilab/Hibiscuz). Trilha sonora Música: "O que se cala", Elza Soares, Álbum: Deus É Mulher, 2004. Música: "Lua nha testemunha", Cesária Évora, 1992. Letra Lua nha testemunha Bô ka ta pensâ Nha kretxeu Nen bô ka t'imajiâ O k'lonj di bó m ten sofridu Perguntâ Lua na séu Lua nha kompanhêra Di solidão Lua vagabunda di ispasu Ki ta konxê tud d'nha vida Nha disventura El ê k' ta konta-bu Nha kretxeu Tud k'um ten sofridu Na ausênsia Y na distânsia Bô ka ta pensâ Nha kretxeu Nen bô ka t'imajiâ O k'lonj di bó m ten sofridu Perguntâ Lua na séu Lua nha kompanhêra Di solidão Lua vagabunda di ispasu Ki ta konxê tud d'nha vida Nha disventura El ê k' ta konta-bu Nha kretxeu Tud k'um ten sofridu Na ausênsia Y na distânsia Mundu, bô ten roladu ku mi Num jogu di kabra-séga Sempri ta persigi-m Pa kada volta ki mundu da El ta traze-m un dor Pa m txiga más pa Déuz Mundu, bô ten roladu ku mi Num jogu di kabra-séga Sempri ta persigi-m, Pa kada volta ki mundu da El ta traze-m un dor Pa m txiga más pa Déuz Mundu, bô ten roladu ku mi Num jogu di kabra-séga Sempri ta persigi-m Pa kada volta ki mundu da El ta traze-m un dor Pa m txiga más pa Déuz Mundu, bô ten roladu ku mi Num jogu di kabra-séga Sempri ta persigi-m Pa kada volta ki mundu da El ta traze-m un dor Pa m txiga más pa Déuz
Esse episódio especial, realizado em parceria com o Núcleo de Estudos Africanos, Afro-Brasileiros e Indígenas (Neaabi/Unilab), são discutidas as trajetórias de Mulheres Negras nas ciências exatas, por elas mesmas. Temos dois podcast, organizados pelas professoras Eliane Costa Santos, Maria Cláudia Cardoso Ferreira e Lívia Paulia Dias Ribeiro. O primeiro programa aborda as "trajetórias" e o segundo lança a problematização: "mulheres negras na ciência, invisibilizadas?". Ambos os episódios estão disponíveis também no canal do youtube da Unilab: https://www.youtube.com/watch?v=GK7xzBnFXMg. Produção: Eliane Costa Santos, Maria Cláudia Cardoso Ferreira e Lívia Paulia Dias Ribeiro. Seleção de trilha sonora: Lívia Paulia Dias Ribeiro. Edição: Victor Martins de Souza. Músicas: Música O Que Se Cala Artista Elza Soares Álbum Deus e Mulher Licenciado para o YouTube por Deckdisc (em nome de Deckdisc); LatinAutorPerf e 2 associações de direitos musicais Música Reconvexo Artista Maria Bethânia Álbum Reconvexo Licenciado para o YouTube por UMG (em nome de Universal Music Ltda.); BMI - Broadcast Music Inc., UNIAO BRASILEIRA DE EDITORAS DE MUSICA - UBEM, Harry Fox Agency (Publishing), LatinAutorPerf e 7 associações de direitos musicais
À Conversa com: Prof. João Cunha-Ribeiro Licenciou-se em História na Universidade do Porto em 1980 (Faculdade de Letras). Trabalhou como Arqueólogo dos Serviços Regionais de Arqueologia do extinto Instituto Português do Património Cultural em 1982-83. Entre 1983 e 1996 desempenhou funções docentes na área da Arqueologia Pré-histórica na Faculdade de Letras do Porto, tendo aí prestado provas públicas de Aptidão Pedagógica e capacidade Científica em 1987 com uma tese sobre o Paleolítico de Leiria. Logo em Dezembro de 1994 manifestou-se contra a construção da barragem do Côa, tendo desde o início defendido a preservação das gravuras de cronologia paleolítica lá encontradas, acompanhando o movimento que se manifestou em prol da sua salvaguarda até ao momento em que a construção da barragem foi abandonada. Em 1996 iniciou a lecionação na faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde terminou o seu doutoramento em 1999 com uma tese sobre o Acheulense do Centro de Portugal, continuando desde então a exercer aí funções docentes na área da Arqueologia Paleolítica, lecionando Unidades Curriculares na licenciatura em Arqueologia, História, História de Arte e Estudos Africanos. Entre 2007 e 2011 exerceu funções de subdiretor do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, tendo nesse âmbito acompanhado o processo de construção do Museu do Côa (inaugurado em julho de 2010), coordenando ao mesmo tempo o desenvolvimento do respetivo projeto museológico. Tendo em seguida regressado à atividade docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, não deixou de continuar a estar ligado à gestão do património cultural, através da participação até à atualidade na Seção de Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura, por nomeação da respetiva tutela. Em 2014 integrou por convite o Conselho Científico da Universidade Aberta. Tem desenvolvido e colaborado em numerosos projetos de investigação na área do paleolítico, sendo coordenador do projeto de estudo das ocupações humanas de cronologia pleistocénico no Baixo Vale do Rio Minho desde 2015. Atualmente é Diretor do Mestrado em Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e é Subdiretor da mesma Faculdade, onde leciona várias cadeiras da Licenciatura de Arqueologia (Génese e Evolução da Humanidade e Sociedades de Caçadores Recolectores na Península Ibérica), na Licenciatura de História de Arte (Arte Pré.histórica) e de História (História do Clima). A cadeira de História do Clima é um projeto que dura já há cinco anos e conta com a colaboração de diversos docentes e investigadores de distintas cronologias históricas e áreas do conhecimento. Nela se procura abordar como as mudanças climáticas que ocorreram ao longo da História da Humanidade condicionaram o devir das suas sociedades e como estas enfrentaram e se adaptaram aos desafios a que em distintos momentos foram lhes foram sendo colocados.
A conversa da vez é com o João Coimbra Sousa. Ele é advogado criminalista, mestre em Direito pela @ASU e doutorando em Estudos Africanos na @UFBA Entre em contato por telefonemaspodcast@gmail.com https://apoia.se/telefonemas Este episódio foi possível pelo apoio de: Adriana Felix, Andrea Camurça, Dagmar Pinheiro, Dalva Abrantes, Douglas Vieira, Ismália Santos, Jessica da Mata, Lívia Rossati, Rohmanelli, Sabrina Fernandes, Gabriel Nunes, Mateus Botelho, Tatiane Araujo Russo, Pedro Henrique Duarte, Erick Marlon, Diogo Gregorio Burilio, Kleber Monte, Deyvson Matiy, Rhuan Borborema, Moara Juliana, Vitor Breda, Lucas Monteiro, Augusto Batista, Matheus Fonseca, Anna Martins, Thiago Benicchio, Marcelo Pereira, Guilherme Ruy e Kaio Teixeira
No dia 24 de julho de 2021, durante os protestos contra o governo de Jair Messias Bolsonaro, o movimento organizado Revolução Periférica realizou um ato símbolo: colocar fogo em pneus aos pés da estátua do bandeirante genocida Borba Gato. Apos o ato, três pessoas foram presas: Paulo Galo, sua esposa Gessica Barbosa e Biu. Todas prisões arbitrárias e políticas. O episódio repercutiu no Brasil, e Galo segue preso ainda no dia desse programa: 02 de agosto de 2021.Para falarmos mais sobre esse assunto e discutir o que essas prisões significam, conversamos com João Coimbra, Comunista. Advogado Criminalista. Mestre em Direito pela ASU e Doutorando em Estudos Africanos na .UFBA Com: Victor Hidalgo, Marcos Vinicius Beck, Julia Aguiar, Lays Vieira e João Coimbra.Siga nossas redes sociais e acesse o jornal:Instagram: @jornalmetamorfoseTwitter: @ometamorfosewww.jornalmetamorfose.comAPOIE O JM! Faça uma doação para o jornal, qualquer quantia ajuda na nossa luta diária! Nossa chave do PIX é: sigametamorfose@gmail.com
Márcio Ahimsa é autor do livro “Lobisomem pós-moderno”, em co autoria com o também poeta, Adenildo Lima, lançado em julho de 2012 pela Editora da Gente. É formado em Letras, tem curso de Extensão Universitária pelo CEA, Centro de Estudos Africanos, USP. É contista e possui crônicas e contos publicados pela Câmara Brasileira do Jovem escritor.
No Roda Viva, a jornalista Vera Magalhães recebe a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. Considerada uma das jovens autoras de maior destaque na literatura africana, Chimamanda Ngozi Adichie é mestre em Escrita Criativa pela Universidade Johns Hopkins de Baltimore e mestre de Artes em Estudos Africanos pela Universidade Yale. Ela é autora dos romances 'Purple Hibiscus', de 2003, e 'Half of a Yellow Sun', de 2006, além da coletânea de poemas 'Decisions' e da peça 'For Love of Biafra' #RodaViva
O Conteúdo Concreto desta semana aborda um tema muito significativo para a diversidade e à garantia dos plenos direitos de existência - Transição Capilar: Marcas de Afirmação Identitária da Mulher Negra. O host do programa, Kleber Pereira, conversa com Thayná Trindade - psicóloga, mestranda em Políticas Públicas pela Uerj; Lorena Fafá - Jornalista e fundadora do "Instituto Cachear e Cachear Vitória" e Rosângela Malachias - professora no Departamento de Ciências e Fundamentos da Educação (Uerj) e docente no Centro de Estudos Africanos da USP. Em um primeiro momento, as convidadas conversam sobre a padronização da estética branca e as presentes implicações desse processo histórico. Abordando, inclusive, os conceitos de desfragmentação da identidade negra, bem como o não reconhecimento do grupo. Além disso, abordam a quebra de estereótipos e a aceitação das marcas pessoais, associadas ao processo de valorização individual e a potência da transição capilar. (T6-Ep.02 - 03/05).
A agricultura representa 32% do Produto Interno Bruto (PIB) africano. Um continente que alberga 79% das terras aráveis não cultivadas e onde 69% da população trabalha na agricultura. Para debater os desafios e oportunidades do Agro-negócio a Escola de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade de Cabo Verde, em parceria com o Centro de Estudos Africanos para Desenvolvimento e Inovação, organizou o 1º Fórum Virtual do Agro-negócio nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, sob lema "Pensar o Agro-negócio nos PALOP, o Presente e o Futuro". A participar neste fórum esteve Jaime Boles Gomes, presidente da Associação Nacional dos Agricultores da Guiné Bissau, que denunciou a falta de acesso ao crédito para financiar a actividade no seu país. Abel da Silva Bom Jesus agricultor de São Tomé e Príncipe também foi um dos oradores. Um exemplo de motivação que conta com mais de vinte anos de experiência no sector. O maior produtor de ananás do país sublinhou o desinvestimento feito no sector pelo governo do seu país.
A discriminação racial afeta a saúde mental de suas vítimas e esses efeitos se estendem por toda sociedade. Sobre esse tema, conversamos com Clélia Prestes. Ela é doutora em psicologia social pela Universidade de São Paulo (Usp) e psicóloga do Instituto AMMA Psique e Negritude, que desde 1995 busca identificar, elaborar e desconstruir o racismo e seus efeitos psicossociais. Clélia foi pesquisadora visitante no Departamento de Estudos Africanos e Afro-Diaspóricos da Universidade do Texas, em Austin, com a tese “Estratégias de promoção da saúde de mulheres negras: interseccionalidade e bem viver”. No Podcast da Semana, ela reflete sobre a importância do ativismo na saúde mental de pessoas que sofrem discriminação, de racismo e mulheres negras, e dos efeitos negativos dessa prática na sociedade como um todo. Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic Edição de som: Maurício Abbade
Único pesquisador brasileiro do Institute for Security Studies, Gustavo de Carvalho, 37 anos, vive há 12 anos na África do Sul. Ele diz que, ao contrário do que talvez possa parecer, o trabalho do especialista em missões de paz no continente africano não é perigoso – e afirma que os brasileiros deveriam aprender mais sobre a África para poderem ir além dos estereótipos. O pesquisador, nascido e criado em Brasília, já esteve em 27 países do continente e diz que se sente mais seguro em Pretória do que em algumas capitais brasileiras. Carvalho lembra que não há conflitos armados onde ele vive – há, sim, violência urbana, como a que todos os brasileiros das grandes centros também experimentam. “Estatisticamente, cidades sul-africanas são tão violentas quanto cidades brasileiras. Não entendo como brasileiros, às vezes, ficam com essa paranoia com a África do Sul. Vivemos uma realidade muito parecida”, observa. Mas nem todos os parentes e amigos dele se convenceram disso ainda. Gustavo já perdeu a conta de quantas vezes o perguntaram, em tom de espanto, “o que ele está fazendo na África”. O pesquisador pisou no continente pela primeira vez em 2007 para fazer um estágio de oito meses em uma organização internacional, em apoio à União Africana. Dos 10 conflitos mais preocupantes do mundo, três estão na África Pós-graduado em Estudos Africanos pela universidade de Oxford, em 2008 ele viveu cerca de 2 meses em Burundi para uma pesquisa sobre o papel das Nações Unidas e da União Africana no país. As notícias sobre conflitos dentro da capital causavam preocupação na família. “Eu falava: mãe, a possibilidade de algo acontecer comigo aqui é, talvez, menor do que eu ser vítima de violência nas ruas de uma cidade brasileira”, contou. “Falta de conhecimento gera medo.” É fato que há conflitos em andamento no continente causando mortes e fazendo milhares de pessoas se tornarem refugiadas nos próprios países ou nos vizinhos, assim como em outras partes do planeta. O ACLED, projeto que monitora conflitos armados pelo mundo, divulgou no início do mês uma lista com os 10 conflitos considerados mais preocupantes em 2021. Na relação, aparecem três no continente africano: os que ocorrem no Sahel, em Moçambique e na Etiópia, país onde fica a sede da União Africana e para o qual o pesquisador viajava com frequência até antes da pandemia. O brasileiro acaba de começar a cursar doutorado em Administração na Universidade da Cidade do Cabo. Ele disse que normalmente causa espanto alguém destacar, no Brasil, estudos nas universidades africanas – resultado do grande desconhecimento sobre o continente, na visão do pesquisador. “Se no dia a dia já não conhecemos muito o continente, obviamente se você falar que uma universidade no Egito ou da África do Sul esteja entre as 200 melhores do mundo, sempre será uma surpresa”, disse. Combate à Covid-19 A pandemia mudou bastante a rotina de Carvalho nos últimos meses. Os seminários que organiza agora são virtuais, assim como as inúmeras reuniões com pessoas de diferentes partes do continente. Enquanto trabalha de casa, o brasileiro não vê a hora de poder se vacinar contra o novo coronavírus. Na avaliação dele, governos africanos tomaram medidas necessárias e na hora certa. “Tivemos o lockdown muito cedo, o que de certa forma conseguiu segurar um pouco a situação, até que o sistema de saúde pudesse comportar o maior número de casos. Mas o sistema de saúde aqui nunca entrou em colapso”, ressalta, destacando como exemplos a África do Sul e a Etiópia. Carvalho defende ser necessário incluir mais conteúdo sobre o continente africano na educação básica no Brasil. “O entendimento que a gente tem do continente é extremamente limitado, às vezes até estereotipado. Essa falta de conhecimento que se tem no Brasil é, para mim, uma ignorância da nossa própria história”, salienta. Ele destaca que em Moçambique e em Angola, principalmente, as pessoas são muito bem informadas sobre o noticiário brasileiro. “O continente africano vê o Brasil de uma forma muito positiva. É até vergonhoso o pouco que a gente sabe sobre o continente”, conclui. E o distanciamento entre o Brasil e a África se acentua cada vez mais, nota o pesquisador. Ele lembra que, nos anos 2000, a mudança de postura da diplomacia brasileira em relação aos africanos gerou grande expectativa. “Foi uma época em que o Brasil começou a expandir muito suas relações governamentais com o continente. Embaixadas foram abertas, existia um processo de cooperação técnica com países africanos", relembra. "Na época, ter o Brasil como um líder gerou muitas expectativas, que foram frustradas, e não só pela mudança de direcionamento de foco de política externa brasileira. Quando essa interação não se prolonga, ou não é tão sustentada como se espera, gera uma frustração”, sublinha. Mas Carvalho considera que o Brasil não poderá ignorar a África por muito mais tempo, principalmente se quiser conquistar uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, em 2022. “Mais de 50% das questões discutidas e boa parte das resoluções do Conselho de Segurança são sobre a África. Se for, e quando for eleito, vai ter que trabalhar com uma grande quantidade de temas africanos”, diz. Um dos grandes desejos do pesquisador é ver ainda o Brasil reproduzir no continente africano o que fez no Haiti, país caribenho onde a missão de paz brasileira atuou por 13 anos para restaurar a ordem. “Na África, o Brasil pode entender um pouco mais da sua capacidade como ator em desenvolvimento e as suas respostas dentro das Nações Unidas e outros organismos internacionais”, afirma. A experiência de vida e profissional do pesquisador o faz concluir que, além das estreitas ligações históricas, o Brasil e o continente africano estão mais próximos do que muitos brasileiros pensam. “A gente tende a olhar muito para os países desenvolvidos, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, e a gente olha muito pouco para o lado, para quem está numa situação semelhante à nossa”, analisa.
Luta de Classe e Socialismo em África A entrevista desta quarta-feira (16/12), no Radiojornal Tambor, que será transmitido via Facebook e canal do YouTube (AgenciaTambor), às 11h, será com Noleto Chaves Noleto é economista, graduando em Licenciatura em Estudos Africanos pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e funcionário público estadual. Nessa entrevista, ele falará sobre o seu trabalho de Conclusão de Curso em Licenciatura em Estudos Africanos na UFMA, onde aborda o conceito de Luta de Classes e Socialismo em África na Visão de Kwame Nkrumah, um líder ganês e fala sobre sua importância no processo de Libertação do continente africano e sua influência no movimento da negritude e do pan-africanismo. Confira o Jornal Tambor às 11h no Facebook : https://www.facebook.com/agenciatamborradioweb/ Ouça também o TamborCast: agora você pode ouvir as entrevistas pelo: https://open.spotify.com/show/1HtbNu0vfMd8mFrQ4qRoYb #AgenciaTambor #JornalTambor #UseMascaras #NoletoChaves
A conversa da vez é com o João Coimbra Sousa. Ele é advogado criminalista, mestre em Direito pela @ASU e doutorando em Estudos Africanos na @UFBA. Sua experiência no direito e sua visão crítica expressa no artigo "Não pode haver paz no capitalismo racial", publicado pela Jacobin, são os nortes do nosso papo Ouça e participe Seja um apoiador do Telefonemas: https://apoia.se/telefonemas Entre em contato pelo endereço telefonemaspodcast@gmail.com Este episódio foi possível pelo apoio de: Adriana Felix, Andrea Camurça, Dagmar Pinheiro, Dalva Abrantes, Douglas Vieira, Ismália Santos, Jessica da Mata, Lívia Rossati, Rohmanelli e Sabrina Fernandes
Livro fala sobre migração camponesa e trabalho escravo contemporâneo A entrevista desta terça-feira (17/11), no Radiojornal Tambor, que será transmitido via Facebook (AgenciaTambor), às 11h, será com Sávio José Dias Rodrigues. Ele é geógrafo (UFMA) e Doutor em Geografia (UFC). Professor da Licenciatura em Estudos Africanos e Afro-brasileiros e do Mestrado em Geografia (UFMA). Nessa entrevista, ele falará sobre o lançamento do seu livro "Quem não tem é escravo de quem tem: migração camponesa e trabalho escravo contemporâneo", que acontecerá dia 19/11, às 16h, durante a semana internacional interdisciplinar em estudos africanos e afro-brasileiros que nesse ano tem o tema "Cinema africano e da diáspora". Confira o Jornal Tambor às 11h no Facebook : https://www.facebook.com/agenciatamborradioweb/ #AgenciaTambor #JornalTambor #UseMascaras #TrabalhoEscavoÉCrime
2020, um ano de convulsões políticas, sanitárias, culturais, sociais. Nos Estados Unidos, às vésperas de uma eleição, os braços ainda se erguem e as bocas ainda gritam que vidas negras importam. Enquanto o Black Lives Matter caminha pelas ruas de lá, aqui no Brasil as cidades se preparam para escolher seus representantes. Entre as pessoas nas manifestações, símbolos conhecidos se destacam. Entre os Homens-Aranha no meio do povo , os bonecos infláveis com o símbolo do Superman e as caveiras do Justiceiro no braço de milicianos, como os super-heróis da imaginação se materializam na rua de verdade? No HQ Sem Roteiro Podcast dessa semana conversamos com Davi Ferreira e Márcio Moreira, doutorandos no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (PPGCOM-UFC), além do estreante João Coimbra Sousa, advogado criminalista, mestre pela Arizona State University e doutorando em Estudos Africanos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Um papo sobre leis, ficções, violências, representações e esperanças. Aperta o play que tá imperdível! Links interessantes: Twitter de João Coimbra Sousa; Redes sociais de Márcio Moreira: Twitter e Instagram; Redes sociais de Davi Ferreira: Twitter e Instagram; Site da Netuno Press; Redes sociais da Oficina de Quadrinhos da UFC: Facebook, Instagram e site. Músicas nesse programa: Legalize Me - Prophets of Rage (link pro Spotify) JU$T - Run The Jewels feat. Zack de la Rocha feat. Pharell Williams (link pro Spotify)
O Me Indica Um Quadrinho de hoje traz a indicação do João Coimbra Sousa, advogado criminalista e doutorando em Estudos Africanos pela Universidade Federal da Bahia. Ele fala sobre o arco Conheça Wakanda e Morra! do Pantera Negra, lançado pela Marvel nos EUA e recentemente pela Salvat aqui no Brasil.Twitter de João Coimbra Sousa.Gosta do Me Indica Um Quadrinho? Pois contribua com o HQ Sem Roteiro Podcast no site do Padrim ou no Catarse.
Um artigo científico sobre o sector agrário em Cabo Verde revela que as políticas de investimento e a adopção da Política Agrícola Comum da CEDEAO têm tido um impacto positivo no país. O estudo ressalva que o desenvolvimento na produção agrícola não colmatou as necessidades internas e que Cabo Verde continua a depender fortemente da importação alimentar. Um artigo científico sobre o sector agrário em Cabo Verde, no âmbito dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável, revela que as políticas de investimento e a adopção da Política Agrícola Comum da CEDEAO têm um impacto positivo no país. Confirmando que foram alcançados progressos na redução da pobreza e na melhoria da segurança alimentar em Cabo Verde, o estudo lembra que o desenvolvimento na produção agrícola não colmatou as necessidades internas e que o país continua a depender fortemente da importação alimentar. O principal autor do artigo publicado na "Sustainability" é o investigador cabo-verdiano Danilson Mascarenhas Varela, membro do Centro de Estudos Africanos para Desenvolvimento e Inovação, que é nosso convidado nesta edição de Ciência. O artigo “Mechanisms Implemented for the Sustainable Development ofAgriculture: An Overview of Cabo Verde Performance” enquadra-se no projecto “CV AGROBIODIVERSITY - climatic changes and plantgenetic resources: the overlooked potential of Cabo Verde's endemic flora” financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e Aga Khan Development Network. O projecto foi coordenado por Maria Manuel Romeiras, do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, em parceria com investigadores de universidades e diferentes institutos de Portugal e Cabo Verde, entre os quais Danilson Mascarenhas Varela.
Lúcia Bayan, doutoranda em Estudos Africanos, dedica-se há mais de uma década ao estudo das sociedades e do sistema político da etnia felupe na Guiné-Bissau. Esta é uma entrevista sobre a história de uma aldeia em risco de ser engolida pelo mar. Support the show.
O Radiojornal Tambor, desta sexta-feira (28/02), vai debater sobre o Assédio Sexual nas Universidades. Jaquileude Araújo Martins e Jamile Mondego estudantes do curso de Estudos Africanos e Afro-brasileiros da Universidade Federal do Maranhão serão as entrevistadas. Confira o Jornal Tambor às 11h no site: agenciatambor.net.br Acompanhe o Radiojornal Tambor também pelo Facebook: https://www.facebook.com/agenciatamborradioweb/ TamborCast: agora você pode ouvir as entrevistas pelo: https://open.spotify.com/show/0PD5nMSGqkAvRAGAoIPJyg?si=Hg6NkpjdT4mVRSiFyBJ5gQ #AgenciaTambor #JornalTambor #DedoDeProsa #AssedioSexualÉCrime
Os entrevistados desta segunda-feira (09/12), no Radiojornal Tambor, serão Alex Rabelo e Igor Ribeiro. Alex é graduando em licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-brasileiros (UFMA), é integrante do movimento Jovens em Ação e morador da comunidade quilombola Santa Maria de Guaxenduba, Icatu-MA. Igor Ribeiro é estudante, integrante do movimento Jovens em Ação e da União das Comunidades Quilombolas do Município de Icatu (UCQMI), é morador da comunidade da Mata em Icatu-MA. Nessa entrevista eles falarão sobre o 1° SARAU AFRO DO J.A (Jovens em Ação), que tem como objetivo arrecadar fundos para a manutenção do PROJETO JOVENS EM AÇÃO. Esse evento acontecerá na Praia de Santa Maria ( bar das coleguinhas) - Icatu-MA, dia 14 de dezembro, ás 15 h. Confira o Jornal Tambor às 11h no site: agenciatambor.net.br Acompanhe o Radiojornal Tambor também pelo Facebook: https://www.facebook.com/agenciatamborradioweb/ TamborCast: agora você pode ouvir as entrevistas pelo: https://open.spotify.com/show/0PD5nMSGqkAvRAGAoIPJyg?si=Hg6NkpjdT4mVRSiFyBJ5gQ #AgenciaTambor #JornalTambor #DedoDeProsa #SarauAfro #JovensEmAçao
Asinalam-se esta segunda-feira (27/05) 42 anos sobre a oficialmente designada "intentona" de 27 de maio de 1977 em Angola, que causou entre 30 e 80 mil mortos e milhares de presos, com em pano de fundo o "fraccionismo" de que o então Presidente Agostinho Neto acusou os líderes do MPLA Nito Alves e José Van Dunen, expulsos do CC do partido a 21 de Maio e pouco depois uzilados. Desconhecem-se ainda as verdadeiras razões da chacina que antecedeu e se seguiu ao 27 de Maio de 1977, de golpe de Estado a intentona, passadno por acerto de contas entre facções e líderes do MPLA liderado por Agostinho Neto. Para Fundação 27 de Maio criada por sobreviventes tratou-se de um "genocídio" , mas até há pouco era tabú em Angola falar do 27 de Maio, apesar de José Eduardo dos Santos, na altura ministro do Plano, ter sido nomeado por Agostinho Neto para coordenadar uma comissão de inquéritro, cujos resultados nunca foram desvendados. No passado mês de Abril o Presidente Joao Lourenço criou uma comissão para homenagear as vítimas dos conflitos políticos em Angola desde 11 de novembro de 1975 - data da independência - até 4 de Abril de 2002 - fim da guerra civil - e evocou um monumento em homenagem aos mesmos e em Genebra o ministro da Justiça e Direitos Humanos Francisco Queirós reiterou estes propósitos. Para falar sobre isto conversamos com Rui Tukayana um dos fundadores da Associação M27, criada em 2018 em Portugal sobretudo pororfãos de vítimas do 27 de Maio de 1977, caso do seu pai Rui Coelho, que foi fuzilado e era naaltura chefe de gabinete do então primeiro-ministro Lopo do Nascimento. Rui Tukayana começa por referir que não esquecer é importante, mas os familiares das vítimas querem os respectivos certificados de óbito, saber onde foram enterrados, a restituição dos seus restos mortais para um funeral condigno, um monumento em sua homenagem e sobretudo perceber o porquê desta chacina. Luanda também assinalou 27 de Maio de 1977 com uma mesa redonda Por outro lado, o sociólogo angolano Nelson Pestana "Bonavena", director do Centro de Estudos Africanos da Universidade Católica de Angola, sublinhou esta segunda-feira (27/05) durante uma mesa redonda sobre o 27 de Maio de 1977 ocorrido esta segunda-feira, que "só haverá reconciliação entre os angolanos, se for feita justiça e reparação em relação à memória das vítimas". Com a colaboração da Neidy Ribeiro.
"Que significa descolonizar, em face da atualização das feridas constituídas historicamente pelo processo de instauração da colonialidade como força ordenadora do mundo? Que significa descolonizar, quando o rolo compressor da necropolítica existe em nosso encalço e os nossos fantasmas nunca descansam face à reprodução de morte como expetativa de vida de comunidades inteiras? Que significa descolonizar, quando as nossas memórias são sistematicamente apagadas como forma de garantir que os nossos futuros nunca cheguem? Esta roda de conversa partirá destas e de outras questões, interarticulando as questões levantadas pelas obras incluídas no arquivo com a atualidade das lutas por uma justiça descolonial e pela abolição de estruturas racistas em Portugal e no mundo." Esta foi a proposta de discussão da palestra com Jota Mombaça e Joacine Katar Moreira, realizada na Galeria Av. da Índia, a 30 de setembro. A palestra fez parte de uma programação de três dias chamada Ocupação Jota Mombaça. Biografias Jota Mombaça (1991), artista nascida e criada no Nordeste do Brasil, identifica-se como sendo uma bicha não binária, que escreve, performa e faz estudos académicos em torno das relações entre monstruosidade e humanidade, estudos kuir, giros descoloniais, interseccionalidade política, justiça anti-colonial, redistribuição da violência, ficção visionária e tensões entre ética, estética, arte e política nas produções de conhecimentos do sul-do-sul globalizado. Joacine Katar Moreira (1982), nascida na Guiné-Bissau, é feminista e activista negra, doutorada em Estudos Africanos e Investigadora do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE, licenciada em História Moderna e Contemporânea - vertente de Gestão e Animação de Bens Culturais e um mestre em Estudos do Desenvolvimento. É presidente e fundadora do INMUNE - Instituto da Mulher Negra em Portugal, que reúne 27 mulheres de diversas áreas e que lutam contra a invisibilização e o silenciamento de mulheres, jovens e meninas negras na História e no tempo presente.
Depois das eleições legislativas de 2015, 230 deputados ocuparam os seus lugares na Assembleia da República . Apenas um desses deputados e deputadas era negro. . Hélder Amaral, do CDS-PP, contava por cerca de 0,43% do número total de deputados que representam pouco mais de 10 milhões de habitantes. Será que em Portugal temos apenas 0.43% de negros e negras? Há quem diga que não, que estupidez, que o número é até maior do que 10%. Outros diriam que sim, que é capaz de estar 0,43% perto da verdade. Ora, a verdade é que não se sabe. Não se sabe ao pesquisar no Google, nem ao procurar por documentos oficiais do Governo. Isto acontece porque, ao contrário de países como o Brasil, os Estados Unidos da América, o Chipre, o Reino Unido, a Irlanda, a Hungria, a Jamaica, o Senegal, o México, a Austrália, a Croácia, a República Checa (entre outros), Portugal não recolhe dados relativos a categorias étnico-raciais quando produz censos ou outros inquéritos oficiais. O debate sobre esta matéria tem pelo menos dois lados: o lado de quem acha que perguntar qual a raça ou etnia com que cada pessoa se identifica é, em si, perpetuar o racismo; e o lado de quem acredita que apenas quando se tiver dados e estatísticas credíveis sobre o assunto se consegue atuar eficazmente com políticas anti-racistas, como é o caso de Mojana Vargas com quem hoje falamos As estatísticas que hoje Portugal deixa de fora são obviamente desconfortáveis. Na prática, podem resultar na conclusão de que o país é factualmente racista, e que o Estado acaba por institucionalizar o racismo com as suas políticas. Será que as pessoas negras em Portugal ganham menos de salário que as brancas? A cor da pele conta para a nota? Estarão as pessoas de etnia cigana a serem discriminadas nas ofertas de emprego? Será que a pobreza afeta mais a uma etnia? Conversámos com a Mojana, doutoranda em Estudos Africanos no ISCTE-IUL e co-organizadora da conferência “Activisms in Africa” sobre Racismo Institucional e sobre como as estatísticas que Portugal não recolhe resultam nas políticas que Portugal não toma. Ouve aqui este episódio. Até já, Ricardo Ribeiro e Maria Almeida. Support the show.
Mojana Vargas é docente no curso de Relações Internacionais Universidade Federal da Paraíba, no Brasil, e, de momento, encontra-se a fazer um doutoramento em Estudos Africanos no ISCTE-IUL, em Lisboa. Está a organizar em conjunto com uma equipa de investigadores uma conferência com o tema Activisms in Africa [Ativismos em África]. Vamos saber mais sobre esta conferência.
Margarida Paredes é autora do livro Combater duas vezes – Mulheres na luta armada em Angola , lançado esta semana, em Lisboa, na livraria Buchholz. Neste livro temos acesso a entrevistas a mulheres que fizeram parte da luta armada em Angola de todos os movimentos envolvidos. A investigadora e professora na Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil, é natural do Penedo da Saudade, em Coimbra. No entanto, em 1974, abandonou o curso universitário na Bélgica para lutar pela independência de Angola ao lado do MPLA, movimento a que aderiu em 1973. Passou por Brazzaville e foi uma das primeiras militantes vindas do Congo a entrar em Luanda após o 25 de Abril de 1974.Depois da independência abandonou o exército angolano para trabalhar no Conselho Nacional de Cultura com o poeta António Jacinto. Aí desenvolveu projetos na área dos espetáculos e artes plásticas, trabalhando com «crianças-soldado» e órfãos de guerra. Regressou a Portugal em 1981.Licenciada em Estudos Africanos pela Faculdade de Letras de Lisboa, obteve o grau de Doutora em Antropologia pelo ISCTE-IUL com o tema «Mulheres na Luta Armada em Angola». No pós-doutoramento, trabalhou o tema «Mulheres Afrodescendentes da Polícia Militar em Salvador». É investigadora e professora na Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil. Desenvolve uma linha de pesquisa sobre Masculinidades Femininas no Campo Militar.
“Eu acho importante refletirmos sobre a necessidade de usarmos este “afro” antes de usarmos a palavra lisboeta. Não podem os descendentes de africanos serem apenas lisboetas?”, questiona Joacine Katar, a nossa convidada. Joacnie Katar, mulher, africana de origem guineense, feminista a viver em Lisboa desde a sua infância, é investigadora associada no Centro de Estudos Internacionais do ISCTE, licenciada em história Moderna e Contemporânea pelo ISCTE e mestre em Estudos Africanos. No seu doutoramento trabalha questões de género e o seu impacto no desenvolvimento político da Guiné-Bissau.